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Dossiê Experimentações Urbanaspelas intervenções urbanas do artista conceitual belga Francis Alÿs (1959).Quando abor<strong>da</strong>mos a obra de Alÿs, a questão <strong>da</strong> experiência multicultural <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de está vincula<strong>da</strong> à <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de como cenário do encontro antropológico.O artista é um arquiteto formado na Bélgica que, após o grande terremotode 1985, mudou-se para o México, onde se instalou e logo começou arealizar experimentos com intervenções artísticas conceituais na ci<strong>da</strong>de,sempre em colaboração direta com artistas mexicanos locais. Para ele, ocentro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de se transformou em campo de trabalho para uma descobertasocial e cultural que, por meio <strong>da</strong> intervenção, torna-se um tipo de instalaçãoaberta, um evento artístico e um modo de repensar as concepções urbanas.A rua se converte no local de confluência e possibili<strong>da</strong>des revigorantes,um espaço onde a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> popular colide e interage com aprática do fazer artístico. Desde 1991, os “paseos” têm sido o foco <strong>da</strong>prática artística de Alÿs, e as ruas urbanas, sobretudo no centro <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>dedo México, são seu contexto principal. Seus trabalhos em fotografia,pintura, vídeo, desenho e outras mídias mistas são o resultado dessascaminha<strong>da</strong>s. Muitas vezes, Alÿs inventa pretextos para definir uma certarota, um padrão ou um comportamento específico. Em outras ocasiões,ele leva consigo um objeto ou se submete a um projeto idiossincráticoque determina sua ação na ci<strong>da</strong>de. O artista, então, registra o caminho eo resultado do passeio, coleta objetos e artefatos e armazena imagens,os quais serão usados depois em pinturas e desenhos. Sua primeiraexperiência foi The Collector (1991-2), em que ele vagava pelas ruas <strong>da</strong>Ci<strong>da</strong>de do México puxando um pequeno “cachorro” de metal por umacoleira, com ro<strong>da</strong>s magnéticas que coletavam detritos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de em seurastro. Em segui<strong>da</strong>, ele realizou uma experiência similar na parte históricade Havana, Cuba, dessa vez percorrendo o centro histórico <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de comsapatos magnéticos e obtendo resultados semelhantes. Em Paradox ofPraxis (1997), o artista puxava um grande bloco de gelo por horas pelasruas abaixo, até que ele se reduzia a um rastro de umi<strong>da</strong>de na terra.Intervenções similares foram realiza<strong>da</strong>s fora do México, em The Leak(1995), por exemplo, um projeto em que o artista andou pelas ruas deGhent com uma lata de tinta fura<strong>da</strong>, deixando uma trilha até o espaço <strong>da</strong>galeria, onde finalmente pendurou a lata vazia na parede. Em 1998, elecruzou Estocolmo com um fio descosturando seu suéter, e no projetoNarcotourism (1996) 1 ele gravou sete dias de an<strong>da</strong>nças por Copenhague,ca<strong>da</strong> dia sob influência de uma droga diferente. Esses e vários outrospasseios foram executados em diversas circunstâncias, com diferentescontextos políticos como, por exemplo, em Los Angeles, onde to<strong>da</strong>s asmanhãs, durante sua exposição, ele tirava uma <strong>da</strong>s pinturas <strong>da</strong> parede ecaminhava com ela pelo centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, onde ocorreram as manifestaçõescontra o assassinato de Rodney King, e colocava a pintura de volta nagaleria ao fim do dia. Alÿs, obviamente, faz uma bem-humora<strong>da</strong> reencenação<strong>da</strong> figura do flâneur, inventa<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de por CharlesBaudelaire e posteriormente projeta<strong>da</strong> como figura heurística em nossacompreensão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de moderna por Walter Benjamin e Michel de Certeau.Reencenar o personagem do flâneur nas megaci<strong>da</strong>des contemporâneaspode parecer uma atitude quixotesca ou mesmo um lamento melancólico<strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> autonomia individual e <strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong>de de restaurar umarelação afetiva entre os moradores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e o espaço urbano, mas é, aomesmo tempo, uma jorna<strong>da</strong> de descoberta em que o vagar sem objetivonos recor<strong>da</strong> as experiências psico-geográficas situacionistas francesas, emque as relações entre o corpo do artista e a paisagem <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de são leva<strong>da</strong>sao limite na encenação do vagar aleatório sem começo nem fim, semmapas e sem rotas pré-estabeleci<strong>da</strong>s, apenas o impulso – le dérive – docorpo se expondo às atrações urbanas no mais informal ou mesmo maismiserável nível. Alÿs não recusa o alcance e a curiosi<strong>da</strong>de do estrangeiro,do turista, do gringo, do forasteiro e do voyeur curioso sobre o ladoinvisível <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ruas. É o que ocorre, por exemplo, no show de slidesAmbulantes (1992-2002), que retrata a presença dos trabalhadores~ 6.2 | 2007~ 25

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