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Branco sobre Branco – uma poética<strong>da</strong> sinceri<strong>da</strong>de 1Guilherme ZarvosHISTÓRICOO Centro de Experimentação Poética, CEP 20.000, é um projeto coletivo.Está tendo, em seus 17 anos (1990/2007), vários curadores e ideólogos.Dentre os principais: Chacal, Guilherme Zarvos, Michel Melamed, TavinhoPaes, Guilherme Levi, Ericson Pires, Viviane Mosé, Carlos Emílio CorrêaLima,Bruno Levinson, Domingos Guimarães, Vitor Paiva, Botika, TarsoAugusto, Rod Britto e o grupo Boato. A necessi<strong>da</strong>de de escrever sobre ummovimento recente, que ajudei a fun<strong>da</strong>r e do qual sou um dos curadores,tem diversas origens.Vai minha visão.amigos com uma cabeça artística e, numa ponte entre o Baixo Gávea e SantaTeresa, apresentá-los a outros tantos para que mostrem mutuamente seusúltimos trabalhos? Ou seria um palco aberto ao novo, disponível a baixocusto à população carioca para criar e conhecer o fermento <strong>da</strong>s inquietaçõeslíteromusicais? Essas duas vocações se fundem no Teatro Sérgio Porto numaatmosfera em que o estranho e o novo são bem-vindos e em que se podeafinar a rebeldia do espírito diante <strong>da</strong> injustiça e <strong>da</strong> feiúra, mas também emque se mantém um clima de ação entre amigos e talvez até um certo ar defamília (...) Dá ao público carioca a oportuni<strong>da</strong>de de ver o que é feito porqueo artista quer criar e transforma em prazer a sua angústia e não porque algumprodutor percebeu o marketing de alguma coisa. 5Era uma vez o sol de junho em Berlim, nudez 2 faz felici<strong>da</strong>de, 1989, o muroparecia que não ia desmilingüir-se. A cara dos sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Alemanha Orientalna fronteira era bastante agressiva. Conversei com políticos do SPD, comjovens em Berlim Oriental e em Cracóvia, com a juventude que entupiaigrejas, e ninguém previa tamanha rapidez de mu<strong>da</strong>nças. Recebi um flyer– nesse tempo só quem filipetava com força eram os políticos e seuscompanheiro(a)s, ou cabos eleitorais, ou o pessoal do teatro. Esqueci-me<strong>da</strong>s publici<strong>da</strong>des do precário, do “compro ouro” e “trago sua garota devolta”, porém tudo era diferente de receber um panfleto num bairro baratoe com gente feliz, Kreuzberg, na ilha 3 chama<strong>da</strong> Berlim, e chegar lá, numaespelunca qualquer, e ouvir o som dos recém punks, dos “novos aristocratas”aos “alternativos” 4 , tocando e trocando para/com dezenas ou mais de duascentenas de jovens que sabiam porque estavam ali. Festa e ação política.Naquela época, Moderna, não estavam tão difundidos esses happenningscomo “Produtos Nômades”.[O CEP] É um endereço em que o prazer disputa uma forte vocação educacionalsem que se possa nem se queira saber qual é sua motivação principal. Seria reunirEstava tentando um doutorado em Ciências Políticas. Na Universi<strong>da</strong>deLivre de Berlim. Quem não quisesse servir o Exército na Alemanha Ocidental,e tivesse menos de 18 anos, era ir morar na ilha e viver. Tinha uma rapazia<strong>da</strong>bizarra. Já contei no meu primeiro livro de ficção, O Beijo na poeira. Podiaexercer uma identi<strong>da</strong>de mais livre do que a máscara que satisfeito detonavano Brasil: a de político e heterossexual “liberal” ligado a um partido,preferencialmente no poder executivo. Simplificando, num país menostacanho que o Brasil na aceitação dos costumes individuais, com umacultura européia forte e sem custo alto, já que se podia viver com menosde mil dólares por mês e a Universi<strong>da</strong>de era grátis, eu somaria outrossonhos: ser doutor, ser escritor e ser viado.Mas a sau<strong>da</strong>de do Brasil, do Baixo Gávea, <strong>da</strong> política, me impediramde ficar. Era a primeira eleição direta para presidente e Brizola poderiaganhar. A transformação acelera<strong>da</strong> possível. Dentro do respeito àConstituição. Esperava. Educação e salário mínimo melhores edistribuição de ren<strong>da</strong>. Na<strong>da</strong> que não se pudesse fazer no Brasil – país emque as elites não gostam do povo 6 . A possibili<strong>da</strong>de de ser homossexualsem rancor não me prenderia lá.12 ~ ~ 6.2 | 2007

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