Tratamento PrimárioO tratamento primário consiste na remoção <strong>do</strong>s sóli<strong>do</strong>s em suspensão através da suadeposição por acção da gravidade. Este tratamento é normalmente efectua<strong>do</strong> em decanta<strong>do</strong>resonde a velocidade transmitida ao efluente é controlada de forma a permitir a deposição da matériasólida no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s órgãos para posterior remoção. O flui<strong>do</strong> é sujeito a <strong>do</strong>is processos distintos masindissociáveis, coagulação e floculação. Na coagulação ocorre destabilização de coloides, através daeliminação da dupla camada eléctrica, de mo<strong>do</strong> a permitir a floculação, ou seja, o transporte echoque entre coloides promoven<strong>do</strong> a agregação de partículas de maiores dimensões, chama<strong>do</strong>sflocos, que através <strong>do</strong> ganho de densidade precipitam. Para promover a decantação o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>decanta<strong>do</strong>r tem um perfil cónico.A acumulação de matéria com maior densidade no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r primário obriga àaplicação de um equipamento específico denomina<strong>do</strong>, ponte raspa<strong>do</strong>ra de fun<strong>do</strong> (Figura 7). Oraspa<strong>do</strong>r de fun<strong>do</strong> tem como função remover por arrastamento o material que precipita. Adesignação de ponte raspa<strong>do</strong>ra de tracção central ou tracção periferia depende da aplicação <strong>do</strong>motorotor, este poderá ser aplica<strong>do</strong> no centro <strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r ou na periferia.Figura 7 - Exemplo de decanta<strong>do</strong>r primário [4]Tratamento SecundárioO tratamento secundário é um processo biológico, realiza<strong>do</strong> por bactérias (aeróbias eanaeróbias), responsáveis pela degradação <strong>do</strong>s compostos orgânicos. Contrastan<strong>do</strong> com osantecedentes, o tratamento secundário tem à sua disposição várias tecnologias que funcionamsobre princípios semelhantes, destacan<strong>do</strong>-se os sistemas aeróbios intensivos, quer por biomassa(microrganismos) suspensa (lamas activadas), quer por biomassa fixa (leitos percola<strong>do</strong>res e discosbiológicos), e os sistemas aquáticos por biomassa suspensa (lagunagem) (Azeve<strong>do</strong>, 2010).Lamas ActivadasNo sistema de lamas activadas o efluente <strong>do</strong> tratamento preliminar é encaminha<strong>do</strong> <strong>do</strong>decanta<strong>do</strong>r primário para o tanque de arejamento, geralmente com recirculação permanente. No11
tanque de arejamento é injecta<strong>do</strong> oxigénio no líqui<strong>do</strong> (processo de arejamento) para permitir ocrescimento <strong>do</strong>s microrganismos levan<strong>do</strong> ao consumo da matéria orgânica e <strong>do</strong>s nutrientes conti<strong>do</strong>sna água. A adição de oxigénio é também importante como meio de remoção de alguns poluentescomo o Ferro, Manganês e Dióxi<strong>do</strong> de carbono, assim como na oxidação química, eliminan<strong>do</strong>compostos orgânicos que resistem aos processos biológicos. Serve também como meio de repor osníveis de oxigénio na água residual antes de rejeitá-la para o meio receptor. O efluente é entãoconduzi<strong>do</strong> para o decanta<strong>do</strong>r secundário e a partir daí parte <strong>do</strong> efluente é descarrega<strong>do</strong> numa linhade água e outra parte constitui a recirculação ao tanque de arejamento. A eficiência <strong>do</strong> tratamento éoptimizada no caso da recirculação de lamas para o tanque de arejamento ser efectuada <strong>do</strong> fun<strong>do</strong><strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r secundário, pois a matéria orgânica encontra-se concentrada e, assim, aumenta aconcentração de biomassa no tanque de arejamento, possibilitan<strong>do</strong> aos microrganismos uma novaoportunidade para degradarem a matéria orgânica (Azeve<strong>do</strong>, 2010).Leitos Percola<strong>do</strong>resNo sistema de leitos percola<strong>do</strong>res, após o tratamento preliminar e primário, o efluente entranum distribui<strong>do</strong>r rotativo e vai criar no leito um filme biológico constituí<strong>do</strong> por um aglomera<strong>do</strong> debactérias que fazem a decomposição da matéria orgânica. Quan<strong>do</strong> o efluente é escoa<strong>do</strong> pode serfeita a recirculação em torno <strong>do</strong> leito percola<strong>do</strong>r ou a descarga no meio receptor. É realizada arecirculação <strong>do</strong> efluente trata<strong>do</strong> <strong>do</strong> decanta<strong>do</strong>r secundário ao leito percola<strong>do</strong>r para aumentar aeficiência <strong>do</strong> sistema, impedir a criação de cheiros ou a morte <strong>do</strong> filme biológico.Discos BiológicosOs biodiscos ou discos biológicos são a evolução natural <strong>do</strong>s leitos percola<strong>do</strong>res. Trata-se deum sistema que recorre também a processos biológicos aeróbios de degradação da matériaorgânica, em filme fixo, à semelhança <strong>do</strong>s leitos percola<strong>do</strong>res. O filme está preso ao disco mas paraaumentar a área de contacto, juntam-se vários discos em paralelo de reduzida espessura, comrugosidade, para permitir uma maior aderência <strong>do</strong>s microrganismos. Os discos mergulhamparcialmente num canal com água residual, enquanto giram, o que garante que os microrganismosestão alternadamente em contacto com o ar e com matéria orgânica (Azeve<strong>do</strong>, 2010).LagunagemA lagunagem é, de to<strong>do</strong>s os processos, o que mais se aproxima da simulação das condiçõesnaturais. A água residual atravessa uma série de lagoas (anaeróbias, facultativas e de maturação –remoção de organismos patogénicos), onde os processos são idênticos aos que se dão nos meiosaeróbios e anaeróbios. As lagoas arejadas são uma técnica intermédia que conjuga características dalagunagem e das lamas activadas. No entanto, a técnica de lagunagem não é muito utilizada, o quetalvez se explique pelo facto de necessitar de grandes áreas e de estar muito dependente dascondições naturais, para além da emissão de o<strong>do</strong>res. Como vantagens há a referir a simplicidade eeconomia da construção e manutenção da unidade (Azeve<strong>do</strong>, 2010).Leitos de MacrofitasO presente tipo de tratamento de águas residuais, faz uso da flora para depuração <strong>do</strong>afluente. Os Leitos de Macrófitas subdividem-se em diferentes tipos de acor<strong>do</strong> com as espécies deplantas a utilizar, ou seja, Macrófitas aquáticas flutuantes, submersas ou emergentes.12