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IdolatriaJ. C. <strong>Ryle</strong>


Idolatria19º Capítulo do livro “Nós desatados”, versão de 1878, escrito porJohn Charles <strong>Ryle</strong>Clérigo e Bispo da Igreja da Inglaterra"Fujam da idolatria" (1Co 10.14).À primeira vista pode parecer que o texto que encabeça esta página nãoseja necessário na Inglaterra. Numa época de educação e inteligênciacomo a nossa, quase pod<strong>em</strong>os chegar à conclusão de que é perda det<strong>em</strong>po dizer a um inglês que "fuja da idolatria".Atrevo-me a dizer que pensar assim seria um grande erro. Creio queviv<strong>em</strong>os num t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que a questão da idolatria encontra-se b<strong>em</strong>perto de nós, ao nosso redor e mesmo entre nós. Em poucas palavras, osegundo mandamento está sendo transgredido.S<strong>em</strong> mais preâmbulos, proponho que consider<strong>em</strong>os os seguintes quatropontos:I. Definição de idolatria. O que é?II. A causa da idolatria. De onde provém?III. A forma que a idolatria adota na Igreja visível de Cristo. Onde está?IV. A abolição definitiva da idolatria. O que acabará com ela?Creio que a questão está cercada de dificuldades. Nossa sorte estálançada numa época <strong>em</strong> que a Verdade está constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> perigode ser sacrificada no altar de uma suposta tolerância, de um supostoamor, de uma suposta paz. Contudo, estou certo de que a verdade sobrea idolatria é a mesma <strong>em</strong> todas as épocas, <strong>em</strong> todos os t<strong>em</strong>pos.I. Permitam-me, <strong>em</strong> primeiro lugar, oferecer uma definição de idolatria, <strong>em</strong>ostrar-lhes o que a idolatria é.Compreender isso é da maior importância. Nessa questão há muitasindefinições e confusões, como sói acontecer <strong>em</strong> assuntos religiosos. O3


cristão que não deseja errar continuamente <strong>em</strong> sua jornada espiritualprecisa ter uma rota b<strong>em</strong> sinalizada <strong>em</strong> sua mente, com definiçõesclaras.Afirmo, portanto, que a idolatria é a adoração <strong>em</strong> que a honra que somenteDeus merece e somente a Ele deve ser rendida é entregue a Suas criaturas ou ainvenções de Suas criaturas.A idolatria t<strong>em</strong> várias faces. Pode adotar uma infinidade de formassegundo o grau de ignorância ou de conhecimento. Pode serobviamente absurda e ridícula ou pode aproximar-se bastante daVerdade e admitir as defesas mais apaixonadas. Mas, seja na adoração aum deus hindu ou na adoração à hóstia na basílica de São Pedro <strong>em</strong>Roma, o princípio da idolatria é o mesmo. Em ambos os casos, a honraque somente Deus merece é tirada d'Ele e entregue a algo que não éDeus. E onde quer que isso aconteça, seja num t<strong>em</strong>plo pagão ou <strong>em</strong>igrejas que professam ser cristãs, acontece um ato de idolatria.Não é preciso que um hom<strong>em</strong> rejeite formalmente a Deus e a Cristopara ser um idólatra. Longe disso. É perfeitamente compatível professarreverência ao Deus da Bíblia e ao mesmo t<strong>em</strong>po praticar a idolatria. Osfilhos de Israel nunca pensaram <strong>em</strong> renunciar a Deus quandopersuadiram Aarão para que fizesse um bezerro de ouro. "Estes são teusdeuses [Elohim] que te tiraram da terra do Egito", disseram. E a festa <strong>em</strong>honra ao bezerro foi chamada de "festa dedicada a Yahweh" (Ex 32.4,5).Jeroboão, por ex<strong>em</strong>plo, jamais pretendeu pedir às dez tribos queabandonass<strong>em</strong> sua lealdade ao Deus de Davi e Salomão. Quandoergueu os bezerros de ouro <strong>em</strong> Dã e Betel, disse: "Vocês já subirammuito a Jerusalém. Aqui estão os seus deuses [seus Elohim], ó Israel, quetiraram vocês do Egito" (1Rs 12.28). Dev<strong>em</strong>os observar que <strong>em</strong> nenhumdesses casos um ídolo foi erigido no lugar de Deus, mas sim como uma"ajuda", uma "escada" para cultuar a Deus. Mas <strong>em</strong> ambos os casos umgrande pecado foi cometido. A honra devida unicamente a Deus foientregue a uma representação de Deus. A majestade e a glória deYahweh foram ofendidas. O segundo mandamento foi quebrado. Aosolhos de Deus houve um flagrante ato de idolatria.É t<strong>em</strong>po de tirarmos de nossas mentes ideias vagas sobre idolatria tãocomuns <strong>em</strong> nossa época. Não dev<strong>em</strong>os pensar, como faz<strong>em</strong> muitos, que4


somente há dois tipos de idolatria: a idolatria espiritual do hom<strong>em</strong> queama a sua esposa, seu filho ou seu dinheiro mais do que ama a Deus e acrassa e aberta idolatria do hom<strong>em</strong> que se inclina diante de umaimag<strong>em</strong> de madeira, metal ou pedra porque não conhece outra coisa.S<strong>em</strong> dúvida, a idolatria é um pecado que ocupa um espaço muito maiordo que isso. Não é meramente algo que ocorre na Índia e de queouvimos falar <strong>em</strong> reuniões missionárias, n<strong>em</strong> é algo que se limita anossos corações e que pod<strong>em</strong>os confessar, de joelhos, diante do Tronoda Graça. Idolatria é uma enfermidade que assola a Igreja de Cristomuito mais do que se imagina. É um mal que, como o hom<strong>em</strong> dopecado, se assenta no santuário de Deus (2Ts 2.4). É um pecado quetodos precisamos vigiar e contra o qual todos dev<strong>em</strong>os orarconstant<strong>em</strong>ente. Ele se desliza <strong>em</strong> nossa adoração de forma quaseimperceptível, e, de repente, cai sobre nós. Quão terríveis são aspalavras que Isaías dirigiu não ao adorador de Baal, mas ao judeufrequentador do T<strong>em</strong>plo: "Mas aquele que sacrifica um boi é como qu<strong>em</strong>mata um hom<strong>em</strong>; aquele que sacrifica um cordeiro, é como qu<strong>em</strong> quebra opescoço de um cachorro; aquele que faz oferta de cereal é como qu<strong>em</strong> apresentasangue de porco, e aquele que queima incenso m<strong>em</strong>orial, é como qu<strong>em</strong> adora umídolo. Eles escolheram os seus caminhos, e suas almas têm prazer <strong>em</strong> suaspráticas detestáveis" (Is 66.3).Este é um pecado que Deus censurou especialmente <strong>em</strong> Sua Palavra.Um dos Dez Mandamentos está dedicado à sua proibição. N<strong>em</strong> um sódeles contém uma declaração tão solene da natureza de Deus e de Seusjuízos contra os desobedientes: "Não te prostrarás diante deles n<strong>em</strong> lhesprestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso,que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quartageração daqueles que me desprezam" (Ex 20.5). Talvez nenhum outromandamento seja tão enfatizado quanto este, especialmente no capítulo4 de Deuteronômio.Esse é o pecado que os judeus parec<strong>em</strong> ter sido mais propensos acometer antes da destruição do T<strong>em</strong>plo de Salomão. O que é a históriade Israel sob seus juízes e reis, senão a triste repetição de inúmerasquedas na idolatria? Uma e outra vez l<strong>em</strong>os sobre os "lugares altos" eseus falsos deuses. Uma e outra vez l<strong>em</strong>os da recaída no velho pecado.Parece que o amor aos ídolos fazia parte da carne e do sangue dosisraelitas. Em outras palavras, o pecado dominante da Igreja do Antigo5


Testamento era a idolatria. Israel desviava-se constant<strong>em</strong>ente para osídolos e adorava a obra de mãos humanas.Esse é o pecado, dentre todos os d<strong>em</strong>ais, que t<strong>em</strong> acarretado os juízosmais severos de Deus sobre a Igreja visível. Trouxe sobre Israel osexércitos do Egito, Síria, Assíria e Babilônia. Dispersou as dez tribos,queimou Jerusalém e levou Judá e Benjamim ao cativeiro. Em t<strong>em</strong>posposteriores trouxe sobre as igrejas orientais a avalanche da invasãosarracena e transformou muitos jardins espirituais <strong>em</strong> desertos. Adesolação que hoje reina onde outrora pregaram Cipriano e Agostinho,a morte <strong>em</strong> vida na qual estão presas as igrejas da Ásia Menor e da Síria,tudo isso é consequência desse pecado. Todas as coisas testificam damesma grande verdade que proclama nosso Senhor <strong>em</strong> Isaías: "Eu sou oSENHOR; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória n<strong>em</strong> aimagens o meu louvor" (Is 42.8).Precisamos entender o fenômeno da idolatria se quisermos manter puraa Igreja de Cristo. Não foi <strong>em</strong> vão que o Apóstolo Paulo nos deu estaord<strong>em</strong>: "Fujam da idolatria".II. Em segundo lugar, permitam-me mostrar a causa da idolatria. Deonde ela provém?Para o hom<strong>em</strong> que t<strong>em</strong> uma ideia exagerada sobre o intelecto humano ea razão, a idolatria pode parecer uma coisa absurda. Pode pensar que aidolatria é irracional d<strong>em</strong>ais para pôr alguém <strong>em</strong> perigo, exceto, talvez,mentes muito débeis.Para alguém que vê o Cristianismo de modo superficial, o perigo daidolatria pode parecer muito pequeno. "Mesmo que quebr<strong>em</strong> muitosmandamentos" - diz<strong>em</strong> - "os cristãos não são susceptíveis de cair noengano da idolatria".B<strong>em</strong>, pensar desse modo d<strong>em</strong>onstra um lamentável desconhecimentoda natureza humana. Há raízes secretas de idolatria no interior de todosnós. A presença marcante da idolatria <strong>em</strong> todas as épocas entre ospagãos e as advertências dos ministros protestantes contra a idolatriacomprovam cabalmente isso.6


A causa de toda a idolatria é a corrupção natural do coração do hom<strong>em</strong>.Essa grande enfermidade congênita com a qual todos os filhos de Adãonasc<strong>em</strong> infectados se manifesta de muitas e variadas formas. Da mesmafonte de onde sa<strong>em</strong> "os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, osroubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano,a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez" (Mc7.21,22) surg<strong>em</strong> também as falsas ideias sobre Deus e as falsas ideiassobre adoração; e quando o Apóstolo Paulo fala aos gálatas sobre as"obras da carne" (Gl 5.20), coloca a idolatria <strong>em</strong> lugar de destaque entreelas.O hom<strong>em</strong> terá s<strong>em</strong>pre algum tipo de religião. Deus não ficou s<strong>em</strong>test<strong>em</strong>unho entre nós. Como velhas inscrições soterradas sobmontanhas de escombros, como escritos quase apagados <strong>em</strong> antigospalimpsestos, há algo gravado tenuamente no fundo do coraçãohumano, algo que nos faz sentir que deve haver alguma religião ealgum tipo de culto. A prova disso pode ser encontrada ao redor detodo o planeta. O hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre terá alguma forma de culto.Então entram <strong>em</strong> jogo os efeitos da Queda. O desconhecimento de Deus,os conceitos carnais e vis a respeito da natureza e dos atributos divinos,ideias mundanas e sensuais a respeito do culto que é aceitável para aDivindade, tudo isso caracteriza a religião do hom<strong>em</strong> natural. Há umdesejo <strong>em</strong> sua mente de ver, sentir e tocar a Divindade. Quer trazerDeus ao seu próprio nível degradado. Não t<strong>em</strong> a mínima ideia sobre areligião do coração, da fé e do espírito. Em resumo, deseja viver comDeus ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que vive de forma corrompida e caída. Atéser renovado pelo Espírito Santo, o hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre prestará um cultodistorcido. A idolatria, portanto, é um produto do coração caído dohom<strong>em</strong>. É uma erva daninha que, como terra s<strong>em</strong> cultivo, o coração estás<strong>em</strong>pre disposto a produzir.Nos surpreend<strong>em</strong>os ao ler sobre a idolatria de Israel, a Igreja do AntigoTestamento, a adoração a Baal, Moloque, Qu<strong>em</strong>os e Aserá; os lugaresaltos e os postes-ídolo; as imagens de madeira, e tudo isso à luz da leimosaica? Não deveríamos nos surpreender. Há uma explicação. Háuma causa.Nos surpreend<strong>em</strong>os ao ler sobre como a idolatria se infiltrou7


gradualmente na Igreja de Cristo, como pouco a pouco foi substituindoo verdadeiro Evangelho, até que os homens chegaram a preferir o altarda Virg<strong>em</strong> Maria ao de Jesus Cristo? Deix<strong>em</strong>os de nos surpreender; écompreensível. Há uma causa.Nos surpreende ouvir falar de homens que abandonam oprotestantismo e voltam para a Igreja de Roma? Pensamos que éinexplicável e cr<strong>em</strong>os que nós mesmos jamais poderíamos abandonar averdadeira adoração pela do papa? Não deveríamos ficar surpresos. Háuma causa.Essa causa é a corrupção do coração humano. Há uma propensão e umatendência natural <strong>em</strong> todos nós de oferecer a Deus uma adoração carnal,sensual, e não a que Ele ordena <strong>em</strong> Sua Palavra. Estamos s<strong>em</strong>predispostos, devido a nossa preguiça e incredulidade, a inventar ajudasvisíveis e atalhos <strong>em</strong> nossa aproximação a Deus. De fato, a idolatria éfácil, é como ir ladeira abaixo, num caminho amplo e espaçoso. Aadoração genuína, por outro lado, é como r<strong>em</strong>ar contra a corrente.Qualquer outra forma de adoração é mais agradável para o coraçãocorrompido do ser humano do que aquela descrita por nosso Senhor:"Em espírito e <strong>em</strong> verdade" (Jo 4.23).Particularmente não fico surpreso com a amplitude de idolatria queexiste tanto no mundo quanto na Igreja visível. Creio que éperfeitamente factível que vivamos para ver muito mais do quepoderíamos imaginar, nesse quesito. Não ficaria surpreso se surgissealgum poderoso Anticristo pessoal antes do fim, poderosointelectualmente, poderoso <strong>em</strong> talentos para o governo, sim, e poderoso,talvez, até mesmo <strong>em</strong> sinais milagrosos. Não ficaria surpreso <strong>em</strong> veralguém assim levantando-se contra Cristo e comandando umaconspiração contra o Evangelho. E estou certo de que muitos sedeleitariam <strong>em</strong> honrar s<strong>em</strong>elhante personag<strong>em</strong>. Creio que muitos otratariam como um deus, o reverenciariam como a encarnação daVerdade e o cultuariam como um grande herói. É uma possibilidade.Mas de uma coisa estou certo: nenhum hom<strong>em</strong> está a salvo da idolatria,mesmo os que afirmam desprezar qualquer religião; e a incredulidade eo ateísmo estão a um passo da mais crassa idolatria. Não pens<strong>em</strong>os,pois, que estamos imunes à idolatria. "Aquele que julga estar firme, cuide-separa que não caia!" (1Co 10.12). Far<strong>em</strong>os b<strong>em</strong> <strong>em</strong> examinar nossos8


próprios corações: o germe da idolatria está aí. L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>os as palavrasde Paulo: "Fujam da idolatria".III. Em terceiro lugar, desejo mostrar as formas que a idolatria t<strong>em</strong> adotadona Igreja visível. Onde ela está?Creio que não existe nada mais infundado do que a teoria de que aIgreja de Cristo está a salvo da idolatria. N<strong>em</strong> a Escritura n<strong>em</strong> os fatosapoiam tal teoria. A Igreja contra a qual as portas do inferno nãoprevalecerão não é a Igreja visível, mas sim todo o corpo dos eleitos, acongregação dos verdadeiros crentes de todo povo e nação. A maiorparte da Igreja visível t<strong>em</strong> sustentado, frequent<strong>em</strong>ente, muitas heresias.Suas ramificações nunca estão a salvo de algum erro fatal, tanto nadoutrina quanto na prática. Um abandono da fé, uma queda, oesquecimento do primeiro amor <strong>em</strong> qualquer parte da Igreja visível nãodeveria surpreender ao leitor mais atento do Novo Testamento.Aparent<strong>em</strong>ente parece que os Apóstolos esperavam que a idolatriasurgisse mesmo antes do cânon do Novo Testamento ser encerrado. Éinteressante observar como Paulo trata dessa questão <strong>em</strong> sua primeiraepístola aos Coríntios. Se algum irmão <strong>em</strong> Corinto fosse idólatra, osm<strong>em</strong>bros da igreja não deveriam n<strong>em</strong> comer com ele (1Co 5.11). "Nãosejam idólatras, como alguns deles foram" (1Co 10.7). "Fujam da idolatria"(1Co 10.14). Quando escreve aos colossenses, os adverte contra a"adoração de anjos" (Cl 2.18). E João encerra sua primeira epístola com osolene mandamento: "Filhinhos, guard<strong>em</strong>-se dos ídolos" (1Jo 5.21).A b<strong>em</strong> conhecida profecia do capítulo 4 da primeira epístola de Paulo aTimóteo contém uma passag<strong>em</strong> deveras interessante: "O Espírito dizclaramente que nos últimos t<strong>em</strong>pos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritosenganadores e doutrinas de d<strong>em</strong>ônios" (1Tm 4.1). Na verdade o realsignificado dessa expressão é "doutrinas sobre espíritos mortos". E à luzdesse significado, a passag<strong>em</strong> torna-se uma predição direta do auge daforma de idolatria mais perniciosa: a adoração dos santos mortos.Farei referência, ainda, ao final do capítulo 9 de Apocalipse. Alipod<strong>em</strong>os ler, no versículo 20: "O restante da humanidade que não morreupor essas pragas, n<strong>em</strong> assim se arrependeu das obras das suas mãos; eles nãopararam de adorar os d<strong>em</strong>ônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra <strong>em</strong>adeira, ídolos que não pod<strong>em</strong> ver, n<strong>em</strong> ouvir, n<strong>em</strong> andar". Aventuro-me a9


afirmar que é b<strong>em</strong> possível que as pragas do capítulo 9 de Apocalipsecairão sobre a Igreja visível e que é muito improvável que o ApóstoloJoão estivesse profetizando sobre os pagãos que jamais ouviram oEvangelho. A idolatria, aqui, é um pecado predito a respeito da Igrejavisível.E agora, ao passar da Bíblia para os fatos do nosso dia a dia, o que é queobservamos? Respondo s<strong>em</strong> hesitar que exist<strong>em</strong> provas inequívocas deque as advertências e predições da Bíblia não foram feitas s<strong>em</strong> causa eque efetivamente a idolatria surgiu na Igreja visível de Cristo, econtinua existindo nela.No século IV, Jerônimo queixou-se dos "erros das imagens, que vieram dosgentios para os cristãos"; e Eusébio disse: "V<strong>em</strong>os que apresentam imagens dePedro e Paulo e mesmo de nosso Senhor Jesus Cristo, costume que v<strong>em</strong> dosantigos hábitos pagãos e que hoje se conservam com indiferença". No século V,Pôncio Paulino, bispo de Nola, fez que pintass<strong>em</strong> as paredes dost<strong>em</strong>plos com histórias do Antigo Testamento, para que as pessoasolhass<strong>em</strong> as imagens e decidiss<strong>em</strong> se abster de excessos e revoltas. Maspouco a pouco aquilo deu marg<strong>em</strong> à idolatria. Irene, mãe deConstantino VI, reuniu um concílio no século VIII, <strong>em</strong> Nicéia,promulgando um decreto segundo o qual deveriam pôr imagens <strong>em</strong>todas as igrejas da Grécia e que tais imagens deveriam ser honradas.Nosso Livro de Homilia da Igreja da Inglaterra declara: "Congregaçõese clero, eruditos e analfabetos, homens, mulheres e crianças de todas asclasses sociais e idades, <strong>em</strong> toda a cristandade, naufragaram na maisabominável idolatria, o vício mais detestável por Deus e o maiscondenável para o hom<strong>em</strong>, e isso durante mais de 800 anos".Essa é uma história triste, mas exata. Creio que nenhum hom<strong>em</strong> deveriasurpreender-se diante do fato de que a idolatria começou na Igrejaprimitiva, se considerar cuidadosamente a excessiva reverência que amesma rendia, desde seus começos, aos aspectos exteriores da religião.Creio que nenhum hom<strong>em</strong> imparcial pode ler a linguag<strong>em</strong> utilizada porquase todos os "Pais" da Igreja com respeito à própria Igreja, aos bispos,ao ministério, ao batismo, à Ceia do Senhor, aos mártires, aos santosmortos; nenhum hom<strong>em</strong> pode ler tais escritos s<strong>em</strong> dar-se conta dadiferença gritante entre sua linguag<strong>em</strong> e a linguag<strong>em</strong> da Escritura <strong>em</strong>relação a essas questões. São atmosferas b<strong>em</strong> diferentes. Ao ler os10


escritos dos Pais, perceb<strong>em</strong>os que não estamos mais <strong>em</strong> terreno santo.Descobrimos que as coisas que na Bíblia são de importância secundária,começam a ser tratadas como essenciais e fundamentais na literaturapatrística. Descobrimos que as coisas relacionadas aos sentidos sãoexaltadas a uma posição que Paulo, Pedro, Tiago e João, falando peloEspírito Santo, jamais as consideraram. Sim, ao ingressar na literaturapatrística, entramos também nos primórdios da idolatria. Detectamosali as s<strong>em</strong>entes de um gigantesco esqu<strong>em</strong>a de idolatria queposteriormente foi formalmente aceito e estabelecido <strong>em</strong> todos osrincões da cristandade.Em nossa própria época, não tenho dúvidas de que a idolatria encontrasua manifestação mais notória na Igreja de Roma.Sim, a idolatria é um dos mais clamorosos pecados dos quais a Igreja deRoma é culpada. Digo isso com pleno reconhecimento de nossas falhascomo protestantes, inclusive não pouca idolatria <strong>em</strong> nossas fileiras. Masquando falamos de idolatria formal, reconhecida e sist<strong>em</strong>atizada,francamente dev<strong>em</strong>os falar de catolicismo romano.Idolatria é ter imagens e retratos de "santos" nas igrejas e reverenciá-loss<strong>em</strong> base n<strong>em</strong> precedente algum para isso nas Escrituras. Portanto,afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.Idolatria é invocar a virg<strong>em</strong> Maria e aos santos e dirigir-se a elesutilizando uma linguag<strong>em</strong> que nas Escrituras é reservada somente paraa Santíssima Trindade. Portanto, afirmo que há idolatria na Igreja deRoma.Idolatria é inclinar-se diante de coisas materiais e atribuir a elas umpoder e uma santidade muito superiores aos que eram atribuídos, porex<strong>em</strong>plo, à arca da aliança ou ao altar de sacrifícios do AntigoTestamento; e um poder e uma santidade completamente alheios àPalavra de Deus. Portanto, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.Idolatria é adorar aquilo que foi feito pelas mãos dos homens, chamarisso de Deus e adorá-lo quando é erguido diante de nossos olhos. Eposto que é assim com a doutrina da transubstanciação e com a elevaçãoda hóstia, afirmo que há idolatria na Igreja de Roma.11


Idolatria é fazer de homens ordenados mediadores entre Deus e o povo,roubando do Senhor Jesus Cristo o Seu ofício e rendendo a tais homensuma honra que até mesmo os Apóstolos e os anjos rejeitaram para si,como pod<strong>em</strong>os ver nas Escrituras. E posto que é assim que acontececom a honra concedida aos papas e sacerdotes, afirmo que há idolatriana Igreja de Roma.Sei que meu linguajar choca muitas mentes. Os homens gostam defechar os olhos diante de males que deveriam ser rejeitados. Prefer<strong>em</strong>não ver as coisas que implicam consequencias desagradáveis. Homensassim negarão que a Igreja de Roma é idólatra.Os romanistas nos diz<strong>em</strong> que a reverência que a Igreja de Roma dá aossantos e às imagens não equivale à idolatria. Eles nos informam que hádistinções entre a adoração "latria" e "dulia", entre uma mediação deredenção e uma mediação de intercessão, e isso os deixa s<strong>em</strong> culpa.Minha resposta é que a Bíblia desconhece essas distinções e que, naprática efetiva da absoluta maioria dos católicos romanos, taisdistinções artificiais não exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> absoluto.Os romanistas nos diz<strong>em</strong>, também, que é um erro supor que os católicosromanos realmente adoram imagens e retratos diante dos quaisrealizam seus cultos, e que somente os utilizam como "ajudas" para adevoção, e que na realidade estão olhando b<strong>em</strong> mais além. Minharesposta é que muitos pagãos pod<strong>em</strong> dizer o mesmo de sua idolatria.Tal desculpa não é válida. Os termos do segundo mandamento são b<strong>em</strong>claros: proíbe-se prostrar, além de adorar. E a conduta da Igreja de Roma,com sua preocupação de excluir o segundo mandamento de seuscatecismos e ensinos, fala por si mesma como um fato que testifica daconsciência culpada pela idolatria dos dirigentes católicos.Os romanistas nos diz<strong>em</strong>, ainda, que não t<strong>em</strong>os provas de nossasasseverações a respeito da idolatria; que baseamos nossas conclusõesnos "abusos" que comet<strong>em</strong> os m<strong>em</strong>bros mais ignorantes da comunhãocatólica, e que é absurdo dizer que uma Igreja onde há tantos homenssábios e eruditos seja uma Igreja idólatra. Ora, qualquer um que leia asorações católicas dirigidas a Maria (escritas por ilustres m<strong>em</strong>bros docolegiado católico) verá que não comet<strong>em</strong>os nenhum exagero quando12


afirmamos que a Igreja de Roma é idólatra. Tais orações e louvores sãodirigidos a uma mulher que, apesar de ser grand<strong>em</strong>ente favorecida e deser a mãe terrena de nosso Senhor, era no entanto tão pecadora quantoqualquer um de nós, uma mulher que confessou sua próprianecessidade de um Salvador pessoal: "O meu espírito se alegra <strong>em</strong> Deus,meu Salvador" (Lc 1.47). Essa linguag<strong>em</strong>, à luz do Novo Testamento,revela a terrível idolatria da qual a Igreja de Roma é culpada.Mas, além disso, t<strong>em</strong>os outras evidências fornecidas pela própria Roma.O que os devotos, homens e mulheres, faz<strong>em</strong> diante do papa? Quereligião impera atrás dos muros do Vaticano? Como é o catolicismo <strong>em</strong>Roma, s<strong>em</strong> travas n<strong>em</strong> restrições? Que os homens observ<strong>em</strong> o queacontece naquele lugar, e <strong>em</strong> suas sucursais espalhadas pelo mundotodo, e não poderão deixar de chegar à conclusão de que o romanismonão passa de um gigantesco sist<strong>em</strong>a de adoração a Maria e aos santos ea imagens e a relíquias e a sacerdotes; <strong>em</strong> poucas palavras, uma grandeidolatria organizada.Há uma grande diferença entre os dogmas da Igreja de Roma e asopiniões particulares de seus m<strong>em</strong>bros. Creio que muitos católicosromanos são incoerentes <strong>em</strong> seus corações e são até mesmo melhores doque a igreja a qual pertenc<strong>em</strong>, pelo menos assim espero. L<strong>em</strong>bro aquidos jansenitas, de Quesnel e de Martin Boss. Creio que há muitos pobrescatólicos que praticam a idolatria porque não conhec<strong>em</strong> nada melhor.Não têm uma Bíblia que os instrua. Não contam com um ministro fielque lhes ensine. T<strong>em</strong><strong>em</strong> ao sacerdote diante deles e não se atrev<strong>em</strong> apensar por si mesmos. Em t<strong>em</strong>pos como estes, quando muitos estãodispostos a separar-se da verdadeira Igreja e seguir para a Igreja deRoma, minha consciência me repreenderia caso não advertisseclaramente aos homens que o catolicismo romano é idólatra e que qu<strong>em</strong>se une a ele une-se também aos ídolos.Em nenhum outro lugar a idolatria se manifesta tão visivelmente comona Igreja de Roma.IV. E agora, <strong>em</strong> último lugar, desejo falar sobre a abolição definitiva daidolatria. O que acabará com ela?Considero que a alma do hom<strong>em</strong> que não deseja a extinção da idolatria13


encontra-se enferma. Não pode estar <strong>em</strong> comunhão com o Deusverdadeiro o coração que pensa nos bilhões que estão mergulhados nopaganismo ou os que honram ao falso profeta Maomé ou aos queoferec<strong>em</strong> diariamente orações a Maria e aos santos, e não clama: "Oh,meu Deus, quando chegará o fim de todas essas coisas? Até quando,Senhor?".Aqui, como <strong>em</strong> outras questões, a palavra da profecia v<strong>em</strong> <strong>em</strong> nossoauxílio. Um dia chegará ao fim toda forma de idolatria. Sua condenaçãoé certa. Sua destruição está assinalada. Seja <strong>em</strong> t<strong>em</strong>plos pagãos, seja <strong>em</strong>supostas igrejas "cristãs", a idolatria será destruída na Segunda Vindade nosso Senhor Jesus Cristo. Então se cumprirá plenamente a profeciade Isaías: "os ídolos desaparecerão por completo" (Is 2.18).Cumprir-se-ão as palavras de Miquéias: "Destruirei as suas imagensesculpidas e as suas colunas sagradas; vocês não se curvarão maisdiante da obra de suas mãos" (Mq 5.13). E as palavras de Sofonias: "OSENHOR será terrível contra eles, quando destruir todos os deuses daterra" (Sf 2.11).E as palavras de Zacarias: "Naquele dia eliminarei da terra de Israel osnomes dos ídolos, e nunca mais serão l<strong>em</strong>brados" (Zc 13.2). Numapalavra, o Salmo 97 encontrará seu pleno cumprimento: "O SENHORreina! Ficam decepcionados todos os que adoram imagens e sevangloriam de ídolos. Prostram-se diante dele todos os deuses!" (Sl97.1,7).A Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo é essa bendita esperançaque deve consolar todos os filhos de Deus. É a estrela polar que deveguiar nossa viag<strong>em</strong>. É o ponto no qual todas as nossas expectativasdev<strong>em</strong> concentrar-se. "Pois <strong>em</strong> breve, muito <strong>em</strong> breve Aquele que v<strong>em</strong>virá, e não d<strong>em</strong>orará" (Hb 10.37). O Senhor manifestará Seu grandepoder, reinará e fará com que todo joelho se dobre diante d'Ele.Até então não desfrutamos perfeitamente de nossa redenção, como dizPaulo aos efésios: "vocês foram selados para o dia da redenção" (Ef 4.30).Até Cristo voltar nossa salvação não estará completa, como diz Pedro:"são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a serrevelada no último t<strong>em</strong>po" (1Pe 1.5). Em resumo, o melhor está por vir.14


Mas, no dia do regresso de nosso Senhor, todo desejo receberá sua plenasatisfação. Já não estar<strong>em</strong>os mais abatidos e exaustos por essesentimento de debilidade e decepção. Na presença do Senhorencontrar<strong>em</strong>os plenitude de alegria, e ao despertarmos <strong>em</strong> Suas<strong>em</strong>elhança estar<strong>em</strong>os satisfeitos verdadeiramente (Sl 16.11; 17.15).Agora há muitas abominações na Igreja visível ante as quais somentepod<strong>em</strong>os g<strong>em</strong>er e clamar como faziam os fiéis no t<strong>em</strong>po de Ezequiel (cf.Ez 9.4). Não pod<strong>em</strong>os eliminar todos os erros. O trigo e o joio cresc<strong>em</strong>juntos até chegar a colheita. Mas está próximo o dia <strong>em</strong> que o SenhorJesus purificará uma vez mais o Seu t<strong>em</strong>plo e lançará fora toda aimundície. Fará a obra da qual os atos de Ezequias e Josias foram umpálido tipo <strong>em</strong> suas épocas. Lançará fora as imagens e destruirá aidolatria <strong>em</strong> todas as suas manifestações.Qu<strong>em</strong> anela agora pela conversão do mundo pagão? Não a ver<strong>em</strong>os <strong>em</strong>sua plenitude até a manifestação do Senhor Jesus. Então, e somenteentão, será cumprida esta palavra: "Naquele dia os homens atirarão aosratos e aos morcegos os ídolos de prata e os ídolos de ouro, que fizerampara adorar" (Is 2.20).Qu<strong>em</strong> anseia agora pela redenção de Israel? Não a ver<strong>em</strong>os <strong>em</strong> suaplenitude até que o Redentor venha a Sião. A idolatria na Igrejaprofessante de Cristo t<strong>em</strong> sido uma das mais terríveis pedras de tropeçono caminho dos judeus. Quando comece a cair, começará a ser retiradoo véu que cobre o coração de Israel (cf. Sl 102.16).Qu<strong>em</strong> deseja agora a queda do Anticristo e a purificação da Igreja deRoma? Não a ver<strong>em</strong>os até o fim desta era. Esse vasto sist<strong>em</strong>a deidolatria será consumido pela manifestação do Senhor (cf. 2Ts 2.8).Qu<strong>em</strong> quer uma Igreja perfeita, uma Igreja na qual não exista mais amenor mancha de idolatria? Não a ver<strong>em</strong>os até o retorno do Senhor.Então, e somente então, ver<strong>em</strong>os uma Igreja perfeita, uma Igreja s<strong>em</strong>mancha n<strong>em</strong> ruga n<strong>em</strong> coisas s<strong>em</strong>elhantes (cf. Ef 5.27), uma Igreja daqual todos os m<strong>em</strong>bros estarão regenerados e todos serão filhos deDeus.Se é assim, os homens não dev<strong>em</strong> surpreender-se quando os inst<strong>em</strong>os a15


estudar a profecia e a confiar na doutrina da Segunda Vinda de Cristo.Essa é a "tocha que ilumina na escuridão", à qual far<strong>em</strong>os b<strong>em</strong> <strong>em</strong>prestar atenção. Deix<strong>em</strong>os que outros se entregu<strong>em</strong> às fantasias, seassim o desejam, com a ideia imaginária de uma "Igreja do futuro".Deix<strong>em</strong>os que os filhos deste mundo sonh<strong>em</strong> com um tipo de "hom<strong>em</strong>vindouro" que compreenda todas as coisas e ponha ord<strong>em</strong> neste mundo.Somente estão cultivando uma amarga decepção. Reconhecerão quesuas visões são infundadas e vazias como um sonho fugaz. A elespod<strong>em</strong> b<strong>em</strong> ser aplicadas as palavras do profeta: "Mas agora, todosvocês que acend<strong>em</strong> fogo e fornec<strong>em</strong> a si mesmos tochas acesas, vão,and<strong>em</strong> na luz de seus fogos e das tochas que vocês acenderam. Vejam oque receberão da minha mão: vocês se deitarão atormentados" (Is 50.11).Atente para a Segunda Vinda de Cristo. Esse é o único Dia <strong>em</strong> que secorrigirá todo abuso e se castigará toda corrupção e fonte de tristeza.Aguardando esse Dia, trabalh<strong>em</strong>os e sirvamos a nossa geração; nãoestando ociosos, como se nada pudesse ser feito para refrear o mal; mastambém não num ativismo cego e infrutífero, pois v<strong>em</strong>os todas as coisasainda sujeitas ao nosso Senhor. Depois de tudo, a noite está avançada eo Dia v<strong>em</strong> se aproximando. Eu o exorto a esperar no Senhor.Posto que as coisas são assim, os homens não dev<strong>em</strong> se surpreender denossas advertências a respeito da Igreja de Roma. S<strong>em</strong> dúvida, quandoa ideia de Deus a respeito da idolatria é revelada tão claramente <strong>em</strong> SuaPalavra, parece o cúmulo do absurdo unir-se a uma instituição tãoimpregnada de idolatria como a Igreja de Roma. N<strong>em</strong> pensar <strong>em</strong> tercomunhão com ela, quando Deus diz: "Saiam dela, vocês, povo meu,para que vocês não particip<strong>em</strong> dos seus pecados, para que as pragasque vão cair sobre ela não os atinjam!" (Ap 18.4). N<strong>em</strong> pensar <strong>em</strong>buscá-la, quando o Senhor nos adverte para que a abandon<strong>em</strong>os e nãonos convertamos <strong>em</strong> seus súditos. "Fuja pela sua vida, fuja da iravindoura". Pertencer à Igreja de Roma certamente é cegueira mental,uma cegueira como a daquele que, mesmo avisado, <strong>em</strong>barca num navioque está naufragando; uma cegueira indesculpável, diante de tudoaquilo que se pode ver na Igreja de Roma.Todos dev<strong>em</strong>os vigiar. Não dev<strong>em</strong>os aceitar nada a priori. Não dev<strong>em</strong>ossupor apressadamente que somos muito sábios para que alguém nosengane. Aqueles que pregam dev<strong>em</strong> clamar <strong>em</strong> voz alta e jamais calar,16


não permitir que nenhuma falsa amabilidade os silencie com respeito àsheresias destes t<strong>em</strong>pos. Aqueles que ouv<strong>em</strong> dev<strong>em</strong> cingir-se com ocinto da Verdade e ter suas mentes cheias de ideias claras com relaçãoao fim de todos os que se prostram diante de ídolos. Veja, o fim de todasas coisas se aproxima e com ele a abolição da idolatria. É hora deaproximar-se de Roma? Não será hora de afastar-se dela? É hora d<strong>em</strong>itigar e menosprezar a corrupção de Roma e de negar a gravidade deseus pecados? S<strong>em</strong> dúvida deveríamos ser muito mais zelosos eimpedir qualquer tentativa de romanizar a verdadeira religião, eduplamente cuidadosos a fim de evitar toda conivência com qualquertraição contra Cristo, e s<strong>em</strong>pre dispostos a protestar contra a adoraçãoantibíblica de qualquer tipo. Repito que a destruição da idolatria é certa;portanto, afast<strong>em</strong>o-nos da Igreja de Roma.O assunto que estou tratando é de importância profunda etranscendente e exige a séria atenção de todos os protestantes. T<strong>em</strong>estado <strong>em</strong> marcha um exitoso processo de desprotestantização. Sustentoque dev<strong>em</strong>os resistir firm<strong>em</strong>ente ao romanismo. Apesar da supostaerudição e devoção de seus defensores, trata-se de um movimentopernicioso, destruidor de almas e contrário às Escrituras. Dizer que aunião com Roma seria um insulto para os nossos reformadoresmartirizados é ser muito suave: seria um pecado e uma ofensa contraDeus! Antes de vê-la unida à Igreja de Roma, preferiria ver minhaamada Igreja perecer <strong>em</strong> pedaços. Melhor morrer do que tornar-sepapista!S<strong>em</strong> dúvida, a Unidade abstrata é algo excelente; mas a Unidade s<strong>em</strong> aVerdade é inútil. A Paz e a Uniformidade são belas e valiosas: mas a Pazs<strong>em</strong> o Evangelho - a Paz baseada num episcopado comum e não numafé comum - carece de valor e não merece apelativo. Quando Roma tiverrevogado os decretos de Trento e suas adições ao Credo, quando Romahouver se retratado de suas doutrinas falsas e antibíblicas, quandoRoma renunciar formalmente à adoração de imagens, à adoração aMaria e à transubstanciação; então, e somente então, será hora de falar<strong>em</strong> união com ela. Até então há um abismo sobre o qual não se podeconstruir uma ponte segura. Até então, chamo todos os pastores aresistir até a morte contra a ideia de união com Roma. Nosso l<strong>em</strong>a deveser: "Não à comunhão com os idólatras!".17


Escrevo tudo isso com tristeza. Mas as circunstâncias faz<strong>em</strong> com queseja absolutamente necessário que nos pronunci<strong>em</strong>os.Independent<strong>em</strong>ente de para que lado do horizonte olh<strong>em</strong>os, vejomotivos para alarme. Não t<strong>em</strong>o <strong>em</strong> absoluto pela verdadeira Igreja deCristo. Mas t<strong>em</strong>o pela Igreja da Inglaterra e por todas as igrejasprotestantes da Inglaterra. A maré de acontecimentos parece ir contra oprotestantismo e a favor do romanismo. Parece que Deus t<strong>em</strong> umacontrovérsia conosco como nação e que está a ponto de castigar-nospelos nossos pecados.Não sou profeta. Não sei para onde nos dirigimos. Mas é possível que<strong>em</strong> alguns anos a Igreja da Inglaterra una-se à Igreja de Roma. Talvez acoroa real britânica descanse outra vez sobre a cabeça de um papista.Talvez a missa volte a ser rezada <strong>em</strong> Westminster. O resultado será quetodos os cristãos que le<strong>em</strong> a Bíblia dev<strong>em</strong> abandonar a Igreja daInglaterra ou então aprovar a adoração de ídolos, transformando-se <strong>em</strong>idólatras! Deus nos conceda que jamais chegu<strong>em</strong>os a s<strong>em</strong>elhante estadode coisas!E agora somente me resta concluir mencionando algumas diretrizespara as almas de meus leitores. Viv<strong>em</strong>os numa época <strong>em</strong> que a Igreja deRoma caminha entre nós com forças renovadas e jactando-se derecuperar o terreno perdido. Permitam-me sinalizar como poder<strong>em</strong>osestar a salvo dela.1) Precisamos de um profundo conhecimento da Palavra de Deus.Leiamos nossas Bíblias diligent<strong>em</strong>ente. Que a Palavra habite <strong>em</strong> nósabundant<strong>em</strong>ente. A leitura bíblica deve ser nossa prioridade. A Bíblia éa espada do Espírito; jamais a deix<strong>em</strong>os de lado. A Bíblia é nossalâmpada, a verdadeira tocha, não and<strong>em</strong>os s<strong>em</strong> a sua luz. A Bíblia é aestrada real. Se a deixarmos por outro caminho - por mais bonito, antigoe frequentado que pareça - não dev<strong>em</strong>os nos surpreender se acabamosadorando imagens e relíquias e indo ao confessionário comregularidade.2) Precisamos de um zelo piedoso pelo Evangelho. Não deix<strong>em</strong>os decensurar qualquer tentativa, por menor que seja, de tirar um jota ou umtil do Evangelho. Subtrair ensinos da Palavra de Deus é um caminhoseguro para a idolatria.18


3) Precisamos de ideias claras e sadias sobre o nosso Senhor Jesus Cristoe da salvação que há n'Ele. Ele é "a imag<strong>em</strong> do Deus invisível" e averdadeira proteção contra toda idolatria quando O conhec<strong>em</strong>osverdadeiramente. Edifiqu<strong>em</strong>os nossas vidas sobre o firme fundamentoda obra que Ele completou na cruz. Tenhamos b<strong>em</strong> claro que Jesus já feztudo o que é necessário para que sejamos salvos e que nossa parte ésimplesmente exercer a fé de uma criança. Não duvid<strong>em</strong>os que comesta fé já estamos plenamente justificados e que não pod<strong>em</strong>osacrescentar nada aos méritos de Cristo.Acima de tudo, mantenhamos comunhão contínua com a pessoa doSenhor Jesus! Habit<strong>em</strong>os n'Ele diariamente, aliment<strong>em</strong>os-nos d'Elecontinuamente, olh<strong>em</strong>os para Ele e apoi<strong>em</strong>os-nos n'Ele o t<strong>em</strong>po todo!Compreendamos isso, e a ideia de outros mediadores parecerácompletamente absurda. "Que necessidade tenho eu de ídolos?",dir<strong>em</strong>os. "Tenho a Cristo e n'Ele tenho tudo. Que tenho a ver com osídolos? Tenho Jesus <strong>em</strong> meu coração, Jesus na Bíblia, Jesus no Céu, enão quero n<strong>em</strong> preciso de nada mais!".Uma vez que permitimos que o Senhor Jesus ocupe o lugar correto <strong>em</strong>nossos corações, todas as d<strong>em</strong>ais coisas <strong>em</strong> nossa religião serãoajustadas corretamente. A Igreja, os ministros, os sacramentos ouordenanças, tudo o mais ocupará um segundo lugar.A menos que Cristo se assente como Sacerdote e Rei no trono de nossoscorações, nosso pequeno reino interior estará <strong>em</strong> perpétua confusão.Mas se Ele for "tudo <strong>em</strong> tudo", aí tudo irá b<strong>em</strong>. Diante d'Ele cairá todoídolo! Conhecer a Cristo corretamente, crer <strong>em</strong> Cristo verdadeiramente,amar a Cristo de todo o coração é a verdadeira proteção contra oritualismo, o catolicismo romano e toda forma de idolatria.__________________________________19


ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARAEDIFICAÇÃO DE MUITOS E SALVAÇÃO DE PECADORES.FONTETraduzido de Advertencias a las Iglesias. Moral de Calatrava (Ciudad Real):Peregrino, 2003, pp. 132-157. Traduzido do espanhol.Original <strong>em</strong> Inglês: Idolatry , 19ºcapítulo do livro “Knots Untieds”Tradução do blog “Calvinismo Hoje”,por Fábio Vaz dos Santoshttp://www.alegr<strong>em</strong>-se.blogspot.com.br/2012/04/idolatria.htmlDivulgação e formatação<strong>Projeto</strong> <strong>Ryle</strong> – Anunciando a verdade Evangélica.http://bisporyle.blogspot.com/Capa: Victor SilvaVocê t<strong>em</strong> permissão de livre uso desse material, e é incentivado a distribuí-lo, desde que s<strong>em</strong> alteração doconteúdo, <strong>em</strong> parte ou <strong>em</strong> todo, <strong>em</strong> qualquer formato: <strong>em</strong> blogs e sites, ou distribuidores, pede-se somenteque cite o site “<strong>Projeto</strong> <strong>Ryle</strong>” como fonte, b<strong>em</strong> como o link do site http://bisporyle.blogspot.com/ Caso vocêtenha encontrado esse arquivo <strong>em</strong> sites de downloads de livros, não se preocupe se é legal ou ilegal, nossomaterial é para livre uso para divulgação de Cristo e do Evangelho, por qualquer meio adquirido, exceto porvenda. É vedada a venda desse material.20


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