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as complicações pós-operatórias do paciente idoso ... - Ppgenf.ufpr.br

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DEDICATÓRIAAo meu esposo e companheiro de tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> hor<strong>as</strong>Francisco, pelo incentivo e carinho incondicional.Aos meus ama<strong>do</strong>s filhos Rodrigo e Isabela,pelo apoio, atenção e compreensão.Amo vocês.Aos meus pais, querida mãe Dezolina(in memorian) e João, por me incentivarema perseverar nos objetivos de vida.


AGRADECIMENTOSManifesto aqui meu sincero agradecimento a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que direta ou indiretamentecontribuíram para a realização deste trabalho.À Deus, por iluminar a mim e a to<strong>do</strong>s que convivo.À professora Dr a Maria Helena Lenardt, por sua orientação carinhosa, incentivo desde oCurso de Graduação em Enfermagem. Você me ensinou a ousar e enfrentar com coragem eotimismo os desafios pessoais e profissionais. Agradeço pela amizade e oportunidade decompartilhar essa experiência.À professora Dr a Denise Siqueira Carvalho pel<strong>as</strong> orientações imprescindíveis com amontagem <strong>do</strong> banco de da<strong>do</strong>s.Ao meu esposo, Francisco Borghi e meus filhos Rodrigo da Silva Borghi e Isabela daSilva Borghi por entenderem minh<strong>as</strong> ausênci<strong>as</strong> e me ajudarem de tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> possíveispara a conclusão deste trabalho. Sem a colaboração de to<strong>do</strong>s vocês, o caminho seria maisdifícil.Aos meus irmãos, Aparecida Bittar, João Carlos da Silva e Sérgio A. Silva, porcompreenderem <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> ausênci<strong>as</strong> familiares durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>.Aos meus sogros e grandes amigos Maria Olga Borghi e Waldemar Borghi, pelo exemplode vida e dedicação à família e a comunidade em que vivem.À minha colega de mestra<strong>do</strong> e amiga de tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> hor<strong>as</strong> Karina A. Hamerschmidt, porcompartilharmos essa experiência sempre junt<strong>as</strong>, pelo apoio e auxílio n<strong>as</strong> dificuldades.Às bolsist<strong>as</strong> <strong>do</strong> Grupo Multiprofissional de pesquisa so<strong>br</strong>e I<strong>do</strong>sos (GMPI), pela amizade epresteza em vários momentos, especialmente a Gláucia Maruo e Dâmarys Kohlbeck deMelo Neo pelo auxílio com a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.Aos coleg<strong>as</strong> e professor<strong>as</strong> <strong>do</strong> Curso de Mestra<strong>do</strong> em Enfermagem da UniversidadeFederal <strong>do</strong> Paraná, por oportunizar minha formação profissional. A to<strong>do</strong>s, o meu respeito eadmiração.Aos funcionários <strong>do</strong> setor de registros e aos mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem <strong>do</strong>hospital de ensino, local em que desenvolveu o estu<strong>do</strong>.


Se não houver frutos, valeu a beleza d<strong>as</strong> flores.Se não houver flores, valeu a som<strong>br</strong>a d<strong>as</strong> folh<strong>as</strong>.Se não houver folh<strong>as</strong>, valeu a intenção da semente.HenfilO mais importante da vida não é a situação em que estamos,m<strong>as</strong> a direção para a qual nos movemos.Oliver Wendell Holmes


LISTA DE QUADROSQUADRO 1Distribuição d<strong>as</strong> medicações utilizad<strong>as</strong> pelos i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong> pós-operatório.Curitiba, 2007 ....................................................................................................... 73QUADRO 2Taxa <strong>do</strong>s óbitos ocorri<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> pós-operatório por faixa etária, sexo,Caráter da cirurgia, tipo de cirurgia e grau <strong>as</strong>a..................................................... 76QUADRO 3Distribuição d<strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong> pós-operatóri<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so agrupad<strong>as</strong>por tipo e eventos.................................................................................................. 83


LISTA DE TABELASTABELA 1 Distribuição d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> individuais <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos: idade, sexo, raça,situação laboral e esta<strong>do</strong> civil e <strong>as</strong>sociação com a incidência de complicações.Curitiba, 2007 ......................................................................................................... 56TABELA 2Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos por hábitos de vida: tabagismo, etilismo e drogadição ea ocorrência de complicações. Curitiba, 2007...................................................... 58TABELA 3 Distribuição <strong>do</strong> número de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> adquirid<strong>as</strong>. Curitiba, 2007 ............ 60TABELA 4Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos quanto às <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> e existência deComplicações. Curitiba, 2007 .............................................................................. 63TABELA 5Distribuição <strong>do</strong>s registros de exames laboratoriais pré-operatórios por <strong>paciente</strong>.Curitiba, 2007 ....................................................................................................... 64TABELA 6 Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos referente ao tipo de cirurgia realizada. Curitiba, 2007... 66TABELA 7Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos conforme <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> da cirurgia: grau <strong>as</strong>a,duração, tipo de anestesia e <strong>as</strong> complicações gerais. Curitiba, 2007.................... 69TABELA 8Associação entre tempo de internação e a incidência de complicações. Curitiba,2007 ...................................................................................................................... 75


LISTA DE GRÁFICOSGRÁFICO 1Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos quanto ao número de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>.Curitiba, 2007 ....................................................................................................... 62GRÁFICO 2Distribuição <strong>do</strong> caráter de realização da cirurgia e incidência de complicações.Curitiba, 2007 ....................................................................................................... 67GRÁFICO 3Associação entre o grau <strong>as</strong>a e a incidência de complicações no perío<strong>do</strong> pós-Operatório. Curitiba, 2007.................................................................................... 71GRÁFICO 4Associação entre a incidência de complicações g<strong>as</strong>trintestinais, de feridaoperatória, neuropsiquiátric<strong>as</strong> e respiratóri<strong>as</strong> por faixa etária.Curitiba, 2007...... 79GRÁFICO 5Associação entre a incidência de complicações g<strong>as</strong>trintestinais, de feridaoperatória, neuropsiquiátric<strong>as</strong> e presença de <strong>do</strong>ença crônica. Curitiba, 2007...... 79GRÁFICO 6Distribuição <strong>do</strong>s tipos de complicações pós-operatóri<strong>as</strong> e porcentagem deOcorrência. Curitiba, 2007 ................................................................................... 82


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 132 OBJETIVOS ............................................................................................................ 182.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................. 182.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 183 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 193.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ................................................................... 203.2 ENVELHECIMENTO E ADOECIMENTO............................................................. 243.3 IDOSO E O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ........................................................ 283.4 COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS NO IDOSO ....................................................... 333.5 CUIDADO GERONTOLÓGICO DE ENFERMAGEM .......................................... 384 MATERIAIS E MÉTODO ..................................................................................... 444.1 TIPO DO ESTUDO................................................................................................... 444.2 ESPAÇO AMOSTRAL............................................................................................. 454.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................... 464.4 PERÍODO AMOSTRAL E COLETA DE DADOS.................................................. 474.5 ANÁLISE DOS DADOS / INFORMAÇÕES........................................................... 484.6 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................ 505 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ......... 525.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO DA UNIDADE CIRÚRGICA ................ 535.2 CARACTERIZAÇÃO DOS REGISTROS DOS IDOSOS DA PESQUISAQUANTITATIVA..................................................................................................... 555.2.1 Caracterização <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e <strong>as</strong> relações com <strong>as</strong> complicaçõescirúrgic<strong>as</strong> .................................................................................................................. 555.2.2 Característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros da cirurgia e <strong>do</strong>s fatores de risco <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s àscomplicações e óbitos............................................................................................... 655.2.3 Característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros d<strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos noperío<strong>do</strong> pós-operatório............................................................................................ 815.2.3.1 Complicações g<strong>as</strong>trintestinais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório .......................... 845.2.3.2 Complicações da ferida operatória <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ................... 865.2.3.3 Complicações cardiov<strong>as</strong>culares <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório........................ 885.2.3.4 Complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ..................... 885.2.3.5 Complicações respiratóri<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório............................... 89


5.2.3.6 Alterações de sinais vitais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ................................ 915.2.3.7 Complicações hematológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ........................... 935.2.3.8 Complicações urológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório.................................. 945.2.3.9 Complicações de restrição de mobilidade <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ........ 955.2.3.10 Complicações tegumentares <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório ............................. 965.2.3.11 Complicações com o acesso venoso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório................. 975.3 SÍNTESE DAS ANÁLISES DOS DADOS DA PESQUISA QUANTITATIVARETROSPECTIVA TRANSVERSAL ..................................................................... 975.4 INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEME DO DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO......................................................... 995.4.1 Característic<strong>as</strong> de identificação da equipe de enfermagem................................. 995.4.2 Caracterização <strong>do</strong>s discursos da equipe de enfermagem..................................... 995.5 SÍNTESE DAS INTERPRETAÇÕES DA PESQUISA QUALITATIVA –DISCURSOS DO SUJEITO COLETIVO................................................................. 1266 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 127REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 132APÊNDICES ............................................................................................................................... 141ANEXOS ................................................................................................................................... 145


131 INTRODUÇÃOO processo de envelhecimento vem merecen<strong>do</strong> atenção especial <strong>do</strong>s profissionais queobservam o aumento paulatino da população i<strong>do</strong>sa que freqüenta os serviços de saúde. Em facedisso, há necessidade preeminente de se estruturar conhecimentos e recursos específicos àspesso<strong>as</strong> que envelhecem. A abordagem apropriada a esta população está em curso em muitosserviços, entretanto em alguns deles a inadequação é fundamentalmente motivada pelodespreparo <strong>do</strong>s profissionais em evidenciar <strong>as</strong> especificidades <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.O preparo para atenção ao i<strong>do</strong>so inicia-se pel<strong>as</strong> concepções a<strong>do</strong>tad<strong>as</strong> e para tanto épreciso reconhecer que o envelhecimento é construí<strong>do</strong> cotidianamente pelos indivíduos, já apartir da infância, numa perspectiva de curso de vida. A influência d<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> da vidacomo os hábitos e mo<strong>do</strong>s de enfrentamento d<strong>as</strong> dificuldades constituem-se em determinantessignificativos n<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> de se envelhecer, aos quais acrescentam-se os fatores genéticos,sociais e ambientais que contribuem para definir <strong>as</strong> condições de saúde que o indivíduovivenciará na velhice.Atualmente buscam-se modificar os conceitos repletos de mitos e preconceitos so<strong>br</strong>e oenvelhecimento, principalmente aqueles que remetem às perd<strong>as</strong>. É possível envelhecer comsaúde e permanecer participan<strong>do</strong> d<strong>as</strong> atividades sociais e familiares de maneira intensa eprazerosa.No Br<strong>as</strong>il, já é grande o número de pesso<strong>as</strong> com 65 anos ou mais, e o aumento está em<strong>as</strong>censão nos indivíduos com idade igual ou acima de 80 anos. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Instituto Br<strong>as</strong>ileiro deGeografia e Estatística (IBGE, 2000) informam que em 2000 os maiores de 65 anosrepresentavam 5% da população <strong>br</strong><strong>as</strong>ileira, estimativ<strong>as</strong> prevêem que em 2050 esse gruporepresentará 18% da população, se igualan<strong>do</strong> ao grupo de <strong>br</strong><strong>as</strong>ileiros com 0 a 14 anos. Já apopulação com 80 anos ou mais, em 2000 somava 1,8 milhão de pesso<strong>as</strong>, para uma estimativade 13,7 milhões em 2050.A Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (lei n.8842 de 04/01/1994) e o Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (lei n.10741 de 01/10/2003) consideram a pessoa i<strong>do</strong>sa com idade de 60 anos ou mais para os paísesem desenvolvimento e 65 anos ou mais para os países desenvolvi<strong>do</strong>s (BRASIL,1994; BRASIL,2003).. Diante da relevância desta informação, destaca-se que neste estu<strong>do</strong> foi considera<strong>do</strong>i<strong>do</strong>so o indivíduo com idade igual a 65 anos ou mais, por ser tendência de escolha de grupos depesquisa nacionais com o objetivo de viabilizar comparações às pesquis<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> em paísesdesenvolvi<strong>do</strong>s.


14Algum<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> fazem parte <strong>do</strong> perfil da população que hoje se encontra i<strong>do</strong>sa.A principal se relaciona à presença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> considerad<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> e que propiciam oaumento no tempo de permanência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so n<strong>as</strong> internações hospitalares, oc<strong>as</strong>ionan<strong>do</strong> anecessidade de ampliação <strong>do</strong> número de vag<strong>as</strong> em instituições hospitalares a serem ocupad<strong>as</strong>por pesso<strong>as</strong> acima de 65 anos, fato que se verifica na realidade <strong>br</strong><strong>as</strong>ileira.As alterações decorrentes <strong>do</strong> processo de envelhecimento e <strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> aos processospatológicos crônicos e eventualmente afecções agud<strong>as</strong> contribuem para o aumento d<strong>as</strong>internações e de procedimentos cirúrgicos em indivíduos dessa faixa etária de maneira cadavez mais freqüente (CARVALHO FILHO; BETITO, 2005).O indivíduo que se submete à intervenção cirúrgica fica exposto às complicaçõesdecorrentes, em virtude <strong>do</strong> processo de envelhecimento e d<strong>as</strong> divers<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> fisiológic<strong>as</strong>em seu organismo. De acor<strong>do</strong> com Walsh (1996) e Mendes (1993), <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> com idade de 65anos ou mais apresentam risco de necessitarem de um procedimento cirúrgico geral, três vezesmaior <strong>do</strong> que a população jovem, especialmente em situações de emergência. Estima-se queatualmente, cerca de 40% d<strong>as</strong> admissões de <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos em hospitais gerais estejamrelacionad<strong>as</strong> à terapêutica cirúrgica e que apesar <strong>do</strong>s progressos advin<strong>do</strong>s com sofisticad<strong>as</strong>técnic<strong>as</strong> cirúrgic<strong>as</strong> e anestésic<strong>as</strong> ainda se fazem altos os índices de morbidade e mortalidadeprincipalmente atribuí<strong>do</strong>s à redução da capacidade funcional e da presença <strong>as</strong>sociada de<strong>do</strong>enç<strong>as</strong>.Durante a internação hospitalar o i<strong>do</strong>so submeti<strong>do</strong> a intervenção cirúrgica perp<strong>as</strong>sa porsituações estressantes fisiológic<strong>as</strong> e psicológic<strong>as</strong>, necessitan<strong>do</strong> de atenção de profissionaisqualifica<strong>do</strong>s para <strong>as</strong>sistí-lo e incentivá-lo ao enfrentamento positivo da situação vivenciada. Noentanto, a pessoa i<strong>do</strong>sa, muit<strong>as</strong> vezes se mostra em condições de maior vulnerabilidade aoestresse provoca<strong>do</strong> pelo evento cirúrgico, em razão d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> e déficitsfisiológicos, poden<strong>do</strong> gerar conseqüênci<strong>as</strong> indesejáveis diante da cirurgia.Referin<strong>do</strong>-se às complicações no perío<strong>do</strong> pós-operatório, Speranzini e Deutsch (2005,p. 659) salienta:existem pouc<strong>as</strong> restrições a indicação de cirurgia alicerçad<strong>as</strong> apen<strong>as</strong> na idade,m<strong>as</strong> a tolerância e a demora <strong>do</strong> diagnóstico, podem desencadear eventoscomo sangramento, deiscência de an<strong>as</strong>tomose ou infecção intracavitária,comprometen<strong>do</strong> órgãos vitais e com risco de causar óbito ao <strong>do</strong>ente. Asprincipais complicações observad<strong>as</strong> no pós-operatório (pulmonares,cardiov<strong>as</strong>culares, infeccios<strong>as</strong>) são devid<strong>as</strong> à nítida prevalência de afecçõespulmonares e cardíac<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> à enfermidade cirúrgica, sen<strong>do</strong> o óbitoresultante, freqüentemente da junção dest<strong>as</strong> levan<strong>do</strong> à insuficiência demúltiplos órgãos.


15O pós-operatório é o perío<strong>do</strong> de maior risco de complicações, algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> quaisapresentam maior probabilidade de acontecer logo após a cirurgia. Porquanto, a recuperaçãosegura fica facilitada com avaliações freqüentes e focalizad<strong>as</strong> no <strong>paciente</strong> e nos equipamentosde monitorização. A atenção deve ser re<strong>do</strong><strong>br</strong>ada para prevenir complicações como oclusão d<strong>as</strong>vi<strong>as</strong> aére<strong>as</strong>, hemorragia, choque e embolia pulmonar, hipoxemia, íleo paralítico, retençãourinária, infecção da ferida, deiscência e evisceração (TIMBY, 2001).As principais complicações empiricamente observad<strong>as</strong> no pós-operatório <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so são<strong>as</strong> pulmonares, cardiov<strong>as</strong>culares e infeccios<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong> o óbito resultante freqüentemente daconjunção dest<strong>as</strong>, levan<strong>do</strong> à insuficiência de múltiplos órgãos. As complicações citad<strong>as</strong> seacrescentam <strong>as</strong> comentad<strong>as</strong> por Petroianu e Pimenta (1998): a deiscência de ferida operatória,atelect<strong>as</strong>ia e pneumonia, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, queda da função renale hipotermia.Para Küster Filho et al. (2002), em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> no serviço de cirurgia geral nacidade de Curitiba-Paraná, evidenciou seis principais complicações pós-operatóri<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so: a<strong>br</strong>oncopneumonia, sepse, Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA), pneumonia,insuficiência cardíaca congestiva e choque cardiogênico.As dificuldades de reabilitação no i<strong>do</strong>so podem se encontrar exacerbad<strong>as</strong>proporcionalmente a sua fragilidade e acarretar maior perío<strong>do</strong> de permanência hospitalar,desencadear outros agravos ou determinar seqüel<strong>as</strong> maiores, até mesmo o óbito. Com esseentendimento Freit<strong>as</strong> (1995) afirma que o perío<strong>do</strong> pós-operatório pode ser caracteriza<strong>do</strong> comode grande risco para os i<strong>do</strong>sos, principalmente quan<strong>do</strong> a resposta ao trauma cirúrgicodesencadeia alterações que aumentam a morbidade e a mortalidade. Estima-se que osindivíduos <strong>do</strong> grupo etário acima de 60 anos apresentam maior mortalidade pós-operatória,atingin<strong>do</strong> um total de 30% de to<strong>do</strong>s os <strong>paciente</strong>s cirúrgicos.Segun<strong>do</strong> o Medical Dictionary (2004), complicações operatóri<strong>as</strong> são eventos que sedesenvolvem após um procedimento, tratamento ou <strong>do</strong>ença. El<strong>as</strong> estão ligad<strong>as</strong> direta ouindiretamente aos procedimentos (risco de procedimentos), tratamentos (efeitos colaterais outoxicidade) ou <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>. Neste estu<strong>do</strong> como complicações cirúrgic<strong>as</strong> foram considera<strong>do</strong>s oseventos ocorri<strong>do</strong>s com o i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-cirúrgico, que efetivamente implicaram emdificultar a resolução <strong>do</strong>s impactos gera<strong>do</strong>s pelo procedimento acarretan<strong>do</strong>, aumento de di<strong>as</strong> deinternação, novos procedimentos e cuida<strong>do</strong>s, prescrição de medicamentos ou ainda o óbito.Foram leva<strong>do</strong>s em conta os eventos ocorri<strong>do</strong>s nos sistem<strong>as</strong> respiratório, cardiov<strong>as</strong>cular,


16g<strong>as</strong>trintestinal, urológico, tegumentar, hematológico, na ferida operatória, alterações <strong>do</strong>s sinaisvitais, acesso venoso prejudica<strong>do</strong> e restrições de locomoção ou mobilidade física.As complicações são extremamente mal tolerad<strong>as</strong> pelo i<strong>do</strong>so, o que torna importante aavaliação da condição geral e da capacidade funcional <strong>do</strong>s diversos sistem<strong>as</strong> orgânicos paraque os fatores de risco sejam identifica<strong>do</strong>s e controla<strong>do</strong>s (CARVALHO FILHO, 2005, p. 633).A tolerância d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> ao estresse cirúrgico com freqüência é menor,consequentemente su<strong>as</strong> necessidades perioperatóri<strong>as</strong> diferem daquel<strong>as</strong> d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> maiores,a<strong>do</strong>lescentes e adultos. As alterações fisiológic<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> envelhecimento e apresença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> como <strong>as</strong> <strong>do</strong> sistema cardiov<strong>as</strong>cular, pulmonar, músculoesquelético,g<strong>as</strong>trintestinal, hepático e renal podem afetar o prognóstico cirúrgico (BLACK;MATASSARIN-JACOBS, 1996).A diminuição de reserva funcional <strong>as</strong>sociada à idade conforme Medeiros (1998), fazcom que haja maior risco de mortalidade, morbidez e complicações pós-operatóri<strong>as</strong>. Oprocedimento cirúrgico é entendi<strong>do</strong> como o tratamento de <strong>do</strong>ença, lesão ou deformidadeexterna e/ou interna com o objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um problema físico por meiode intervenção cirúrgica. Por conta <strong>do</strong>s agravos e riscos <strong>do</strong> procedimento, o i<strong>do</strong>so necessita decuida<strong>do</strong>s durante to<strong>do</strong> o processo, desde a f<strong>as</strong>e inicial até a resolução ou desfecho. Nestesenti<strong>do</strong>, a enfermagem, pode exercer papel fundamental no cuida<strong>do</strong> ao <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>socirúrgico.Para Kawamoto, Horton e Fishman (1999), o <strong>paciente</strong> cirúrgico é to<strong>do</strong> aquele <strong>do</strong>entecujo principal tratamento é a cirurgia, caben<strong>do</strong> a enfermagem lhe proporcionar <strong>as</strong>sistência n<strong>as</strong>três f<strong>as</strong>es cirúrgic<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong> el<strong>as</strong> pré-operatória, transoperatória e pós-operatória. Os cuida<strong>do</strong>sdevem ter como foco principal a precaução de eventos que possam desencadear complicações,principalmente aquel<strong>as</strong> com possibilidades de serem evitad<strong>as</strong> com medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong>.Os agravos detecta<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> contemplaram o perío<strong>do</strong> pós-operatório imediato etardio em que o i<strong>do</strong>so se encontrava hospitaliza<strong>do</strong> a fim de se restabelecer <strong>do</strong> evento cirúrgico.Segun<strong>do</strong> Peniche (1995) e Timby (2001), o perío<strong>do</strong> pós-operatório imediato caracteriza-se pelomomento da alta <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> da sala de recuperação anestésica até <strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> 48 hor<strong>as</strong> pósoperatóri<strong>as</strong>e após esse perío<strong>do</strong> até a alta médica <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> designa-se pós-operatório tardio.Frente às possibilidades de complicações pós-operatóri<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so entende-se que oscuida<strong>do</strong>s de enfermagem a serem desenvolvi<strong>do</strong>s são peculiares, demandam conhecimento e


17diferenciação. Para cuidar destes i<strong>do</strong>sos segun<strong>do</strong> LENARDT et al. (2006, p.118), osprofissionais de enfermagem precisam:estar presentes como pesso<strong>as</strong> capazes de saber e fazer o cuida<strong>do</strong> específico<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Do contrário, a capacidade para compreender, responder e serelacionar torna-se limitada. A falta de diálogo e compreensão tem pauta<strong>do</strong> ocotidiano profissional, muit<strong>as</strong> vezes se cuida de i<strong>do</strong>sos com os mesmosconceitos de cuida<strong>do</strong>s que se empregam para os adultos ou, pior, para <strong>as</strong>crianç<strong>as</strong>.Para Leite (2002), são poucos os enfermeiros que realizam procedimentos diferencia<strong>do</strong>spara com o <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so. As informações fornecid<strong>as</strong> so<strong>br</strong>e o perío<strong>do</strong> são imprescindíveis,so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> para o <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so, para quem a cirurgia está cercada de mitos reais e irreais queprecisam ser bem explora<strong>do</strong>s e trabalha<strong>do</strong>s. Reafirman<strong>do</strong> esta necessidade, e outr<strong>as</strong> mais aPolítica Nacional de Saúde da Pessoa I<strong>do</strong>sa (Br<strong>as</strong>il, 2006) determina a capacitação <strong>do</strong>sprofissionais para a realização <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico, em razão d<strong>as</strong> deficiênci<strong>as</strong> e distânci<strong>as</strong><strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> ideal.O cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagem alicerça<strong>do</strong> nos frutos d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong>investigativ<strong>as</strong> conduz ao cuida<strong>do</strong> sustentável, que se entende como o cuida<strong>do</strong> preventivo quetem como meta evitar o surgimento de complicações cirúrgic<strong>as</strong> e minimizar <strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> eriscos da intervenção no i<strong>do</strong>so. A prática <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico destaca-se de acor<strong>do</strong> comHammerschmidt, Borghi e Lenardt (2007), como sen<strong>do</strong> um processo fundamenta<strong>do</strong> nainterpretação <strong>do</strong>s diagnósticos situacionais com ênf<strong>as</strong>e na relevância e função da equipe e nosfundamentos da gerontologia. As ações de cuida<strong>do</strong> gerontológico devem ser pautad<strong>as</strong> na éticae estética incluin<strong>do</strong> a participação efetiva <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, valorizan<strong>do</strong> <strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> e incentivan<strong>do</strong>o profissional a buscar a visão da responsabilização, crian<strong>do</strong> condições para a existência emelhoria na qualidade de vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>.Diante dest<strong>as</strong> considerações tem-se a seguinte questão nortea<strong>do</strong>ra para o estu<strong>do</strong>: “quaisos cuida<strong>do</strong>s gerontológicos de enfermagem desenvolvi<strong>do</strong>s frente às complicações cirúrgic<strong>as</strong>pós-operatóri<strong>as</strong> imediat<strong>as</strong> e tardi<strong>as</strong>?”.


182 OBJETIVOS2.1 OBJETIVO GERALRevelar os cuida<strong>do</strong>s gerontológicos de enfermagem ao i<strong>do</strong>so interna<strong>do</strong> em unidadecirúrgica, diante d<strong>as</strong> complicações pós-operatóri<strong>as</strong> imediat<strong>as</strong> e tardi<strong>as</strong>.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOSIdentificar <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> contexto da unidade de clínica cirúrgica.Conhecer <strong>as</strong> particularidades clínic<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so interna<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> àcirurgia.Identificar <strong>as</strong> complicações clínic<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pósoperatórioimediato e tardio.Descrever os cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela equipe de enfermagem ao <strong>paciente</strong>i<strong>do</strong>so diante d<strong>as</strong> complicações pós-operatóri<strong>as</strong>.


193 REVISÃO DA LITERATURAAs consult<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> para construção <strong>do</strong> referencial bibliográfico possibilitaram oentendimento e aprofundamento <strong>do</strong>s tem<strong>as</strong> a serem aborda<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, dentre eles,processo de envelhecimento, envelhecimento e a<strong>do</strong>ecimento, i<strong>do</strong>so e o procedimento cirúrgico,complicações cirúrgic<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so, e <strong>as</strong> referentes ao cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagem.Foram utiliza<strong>do</strong>s como fonte para construção <strong>do</strong> referencial teórico a literaturadisponível impressa e o acervo da Universidade Federal <strong>do</strong> Paraná (UFPR) e <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es de da<strong>do</strong>sem saúde, LILACS (Literatura-Latino Americana e <strong>do</strong> Caribe em Ciênci<strong>as</strong> da Saúde),MEDLINE (Literatura Internacional em ciênci<strong>as</strong> da Saúde) e Scielo (Scientific EletronicLi<strong>br</strong>ary Online). Foram utiliza<strong>do</strong>s como descritores complicações perioperatóri<strong>as</strong> e i<strong>do</strong>so. Osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com a busca na b<strong>as</strong>e LILACS foram 686 com o descritor complicaçõesperioperatóri<strong>as</strong> e ao se inserir o descritor i<strong>do</strong>so foram obtid<strong>as</strong> 24 publicações. Na b<strong>as</strong>eMEDLINE obteve-se 9663 resulta<strong>do</strong>s com o descritor complicações perioperatóri<strong>as</strong> e ao<strong>as</strong>sociar i<strong>do</strong>so 5050 resulta<strong>do</strong>s. Devi<strong>do</strong> ao grande número de publicações obtid<strong>as</strong> na b<strong>as</strong>eMEDLINE optou-se em pesquisar os últimos 5 anos, ou seja de 2003 a 2007 que forneceu2141 publicações para pesquisa. A data de acesso foi em 25 de outu<strong>br</strong>o de 2007.Apesar d<strong>as</strong> facilidades advind<strong>as</strong> com <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> on line e o acesso às b<strong>as</strong>es de da<strong>do</strong>sindexad<strong>as</strong>, não se torna possível agrupar toda a literatura referente ao tema apen<strong>as</strong> comalgum<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> chave ou descritores de busca. Portanto, complementou-se a composição <strong>do</strong>referencial com a consulta a bancos de teses e dissertações de bibliotec<strong>as</strong> virtuais queproporcionaram material de qualidade para a pesquisa. Pode-se observar que <strong>as</strong> publicaçõesreferentes especificamente ao tema i<strong>do</strong>sos/complicações/cirurgia apresentaram aumento nosúltimos 5 anos, fato que pode ser justifica<strong>do</strong> pelo crescimento progressivo da população i<strong>do</strong>sa,d<strong>as</strong> hospitalizações e cirurgi<strong>as</strong> em pesso<strong>as</strong> acima <strong>do</strong>s 65 anos.Aborda-se a seguir os acha<strong>do</strong>s na literatura pertinentes ao tema <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.


203.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTOEnvelhecer faz parte da vida humana e também de to<strong>do</strong>s os seres vivos. Da<strong>do</strong>sepidemiológicos freqüentemente informam que o mun<strong>do</strong> está envelhecen<strong>do</strong> de maneiraacelerada e que muitos indivíduos têm consegui<strong>do</strong> atingir idade avançada. Estu<strong>do</strong>s vêm sen<strong>do</strong>desenvolvi<strong>do</strong>s com o propósito de elucidar os processos biológicos que oc<strong>as</strong>ionam oenvelhecimento <strong>do</strong>s indivíduos, tanto quanto o papel social <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so na sociedade atual.O acentua<strong>do</strong> processo de envelhecimento populacional é resulta<strong>do</strong> da <strong>as</strong>sociação dealguns fatores: diminuição da mortalidade (mortalidade infantil, mortalidade entre adultos emais recentemente, a mortalidade entre os i<strong>do</strong>sos); diminuição da fecundidade e aumento daexpectativa de vida (DUARTE, 2005).Esses eventos tiveram início no final da década de 60, quan<strong>do</strong> ocorreu um rápi<strong>do</strong> egeneraliza<strong>do</strong> declínio da taxa de fecundidade no Br<strong>as</strong>il, p<strong>as</strong>san<strong>do</strong> a fecundidade total de 5,8,em 1970, para algo em torno de 2,3 filhos, por mulher, em 2000 (TOBIAS; LEMOS, 2005, p.564).Na tentativa de encontrar resposta aos fenômenos que cercam o processo deenvelhecimento, foram desenvolvid<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> que buscam responder aos mistérios em torno <strong>do</strong>tema. Ess<strong>as</strong> delimitam campos distintos: o biológico e o social. Ess<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> são considerad<strong>as</strong>recentes e começaram a ser investigad<strong>as</strong> com maior propriedade a partir de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> séculoXX. Após a segunda guerra mundial, esforços foram realiza<strong>do</strong>s para gerar teori<strong>as</strong> queexplic<strong>as</strong>sem o processo de envelhecimento, no entanto, cada área focan<strong>do</strong> em seus objetos semcompor interação entre <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong>. Assim, a Biologia desenvolveu teori<strong>as</strong> biológic<strong>as</strong> so<strong>br</strong>e oenvelhecimento e <strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> Human<strong>as</strong> e Sociais aperfeiçoaram teori<strong>as</strong> psicológic<strong>as</strong> e sociais.O processo de envelhecimento biológico, é representa<strong>do</strong> por teori<strong>as</strong> oriund<strong>as</strong> detrabalhos experimentais, porém a causa efetiva que desencadeia o envelhecimento humano éainda obscura. Du<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> de hipóteses podem sintetizar os trabalhos experimentais: a hipótese“aleatória”, que entende o processo de envelhecimento resultante d<strong>as</strong> contingênci<strong>as</strong> de viver,desg<strong>as</strong>te progressivo, acúmulo de produtos g<strong>as</strong>tos, entre outros; e a hipótese fundamentalista,que entende o envelhecimento como geneticamente programa<strong>do</strong> por mecanismos biológicoslocaliza<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> célul<strong>as</strong>, nos teci<strong>do</strong>s e coadjuvantes no envelhecimento em outros teci<strong>do</strong>s,incluin<strong>do</strong> a região central <strong>do</strong> cére<strong>br</strong>o.Pela lógica da seleção natural, envelhecemos após o perío<strong>do</strong> reprodutivo, garantin<strong>do</strong>com isso a perpetuação da espécie. Torna-se evidentemente que esta teoria, nem qualquer outrapode ser aceita como a verdadeira e a única razão para se elucidar o envelhecimento.


21Envelhecemos porque <strong>as</strong> célul<strong>as</strong> envelhecem; com el<strong>as</strong> os teci<strong>do</strong>s e conseqüentemente maufuncionamento <strong>do</strong>s órgãos. O envelhecimento é considera<strong>do</strong> um processo inexorável e comuma to<strong>do</strong>s os seres vivos. Algum<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> enfatizam que mesmo que tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> de mortefossem retirad<strong>as</strong>, a expectativa de vida continuaria fixa (GUIMARÃES, 2006, p 174).As teori<strong>as</strong> biológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> envelhecimento examinam o <strong>as</strong>sunto sob a ótica dadegeneração da função e estrutura <strong>do</strong>s sistem<strong>as</strong> orgânicos e célul<strong>as</strong>. De forma geral, podem sercl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em du<strong>as</strong> categori<strong>as</strong>: <strong>as</strong> de natureza genético- desenvolvimentista e <strong>as</strong> de naturezaestocástica. As primeir<strong>as</strong> entendem o envelhecimento no contexto de um continuum controla<strong>do</strong>geneticamente, enquanto <strong>as</strong> últim<strong>as</strong> trabalham com a hipótese de que o processo advém <strong>do</strong>acúmulo de agressões ambientais (FARINATTI, 2002, p. 129). O que se evidencia é que <strong>as</strong>teori<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> não comportam tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> respost<strong>as</strong> deixan<strong>do</strong> lacun<strong>as</strong> a serem investigad<strong>as</strong>.Entenden<strong>do</strong>-se o processo de envelhecimento como multifatorial não se fazem suficientesrespost<strong>as</strong> que abordem o tema apen<strong>as</strong> sob o ponto de vista biológico.A entrada na velhice depende de vários <strong>as</strong>pectos que ultrap<strong>as</strong>sam os limites da idadecronológica. Acredita-se que cada indivíduo reage de maneira única ao p<strong>as</strong>sar <strong>do</strong>s anos,construin<strong>do</strong> paulatinamente a sua velhice a cada dia vivi<strong>do</strong>, para o que concorrem variáveisbiológic<strong>as</strong> e sociais, que exercem funções determinantes aos processos individuais deenvelhecimento.As teori<strong>as</strong> sociais <strong>do</strong> envelhecimento encontram-se dividid<strong>as</strong> em três gerações distint<strong>as</strong>de conceituações, apresentad<strong>as</strong> conforme Cald<strong>as</strong> (2006, p 28): As teori<strong>as</strong> da primeira geração: de 1949 a 1969 que se b<strong>as</strong>eavam emfatores micro, Nível de análise : microssocial, foco no indivíduo; enfoque emfatores como papéis sociais e norm<strong>as</strong> de conduta para justificar comoacontece o ajustamento de um indivíduo ao inexorável declínio <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> aoenvelhecimento; propunha-se que fossem modelos de aplicação universal,não dependentes de contexto social. As teori<strong>as</strong> da segunda geração, de 1970 a 1985: nível de análise :macrossocial. As pesso<strong>as</strong> envelhecem de acor<strong>do</strong> com a maneira que <strong>as</strong>ociedade se organiza, com a agenda política e com o posicionamento <strong>do</strong>sindivíduos na hierarquia social . A unidade de análise d<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> destageração é a circunstância estrutural, não os atributos <strong>do</strong> indivíduo.Considera-se que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> envelhecem de acor<strong>do</strong> com a maneira que <strong>as</strong>ociedade se organiza, com a agenda política e com o posicionamento <strong>do</strong>sindivíduos na hierarquia social. As teori<strong>as</strong> da terceira geração: buscam uma posição intermediária. Osatores são vistos como contribuintes ativos para os seus próprios mun<strong>do</strong>s. Aperspectiva é fazer a síntese d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> gerações anteriores. A terceira geraçãoincorpora a preocupação estruturalista com a distribuição <strong>do</strong>s recursos, com


22<strong>as</strong>pectos econômicos, e com os rumos da economia; m<strong>as</strong> também reconheceque os atores criam significa<strong>do</strong> e até a estrutura tem nuances distint<strong>as</strong>, deacor<strong>do</strong> com o mo<strong>do</strong> como é vista pelos atores. Talvez a transição maisimportante tenha si<strong>do</strong> o reconhecimento de que o envelhecimento é umprocesso b<strong>as</strong>ea<strong>do</strong> em experiênci<strong>as</strong>, não ocorre isoladamente, e é altamenteinfluencia<strong>do</strong> pel<strong>as</strong> condições <strong>do</strong> entorno. Exemplos de teori<strong>as</strong> sociológic<strong>as</strong>da terceira geração: Teoria <strong>do</strong> Contrucionismo Social; Teoria Crítica;Perspectiva <strong>do</strong> Curso de vida.A crença de que a velhice está <strong>as</strong>sociada invariavelmente com a profunda debilidadeintelectual e física é um mito. A maioria d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> retém su<strong>as</strong> capacidades cognitiv<strong>as</strong> efísic<strong>as</strong> em um grau notável até atingirem idades avançad<strong>as</strong>. Existem variações significativ<strong>as</strong>relacionad<strong>as</strong> ao esta<strong>do</strong> de saúde, participação e níveis de independência entre pesso<strong>as</strong> maisvelh<strong>as</strong> que possuem a mesma idade.Até 2025, segun<strong>do</strong> a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Br<strong>as</strong>il será o sexto país<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em número de i<strong>do</strong>sos. Ainda é grande a desinformação so<strong>br</strong>e a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so e <strong>as</strong>particularidades e desafios <strong>do</strong> envelhecimento populacional para a saúde pública em nossocontexto social. Entre 1980 e 2000 a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões,totalizan<strong>do</strong> mais de 14,5 milhões em 2000. O crescimento da expectativa média de vidatambém aumentou acentuadamente no país e precisa ser acompanha<strong>do</strong> da melhoria oumanutenção da saúde e qualidade de vida. Acredita-se que a saúde deva ser vista a partir deuma perspectiva ampla, resulta<strong>do</strong> de um trabalho intersetorial e transdisciplinar de promoçãode mo<strong>do</strong>s de vida saudável em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> idades. Cabe aos profissionais da saúde liderarem osdesafios <strong>do</strong> envelhecimento saudável para que os i<strong>do</strong>sos sejam um recurso cada vez maisvalioso para su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, comunidades e para o país, como afirma<strong>do</strong> na Declaração da OMSso<strong>br</strong>e Envelhecimento e Saúde, em Br<strong>as</strong>ília, em 1996 (WHO, 2005).Atualmente o foco de discussão em torno dessa temática tem si<strong>do</strong> o envelhecimentoativo e saudável, para que o i<strong>do</strong>so possa chegar a idades mais avançad<strong>as</strong> com grau deindependência e autonomia cada vez maiores. Atuar na prevenção d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, no incentivo àmudança de hábitos de vida e na promoção da saúde pode ser uma d<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> viáveisrumo ao envelhecimento ativo e saudável.O termo “envelhecimento ativo” foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Organização Mundial da Saúde nofinal <strong>do</strong>s anos 90 e procura transmitir uma mensagem mais a<strong>br</strong>angente <strong>do</strong> que “envelhecimentosaudável”, e reconhecer, além <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s com a saúde, outros fatores que afetam o mo<strong>do</strong>como os indivíduos e <strong>as</strong> populações envelhecem (KALACHE e KICKBUSCH, 1997).A abordagem <strong>do</strong> envelhecimento ativo b<strong>as</strong>eia-se no reconhecimento <strong>do</strong>s direitoshumanos d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> mais velh<strong>as</strong> e nos princípios de independência, participação, dignidade,


23<strong>as</strong>sistência e auto-realização estabeleci<strong>do</strong>s pela Organização d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>. Assim, oplanejamento estratégico deixa de ter um enfoque b<strong>as</strong>ea<strong>do</strong> n<strong>as</strong> necessidades (que considera <strong>as</strong>pesso<strong>as</strong> mais velh<strong>as</strong> como alvos p<strong>as</strong>sivos) e p<strong>as</strong>sa a ter uma abordagem b<strong>as</strong>eada em direitos, oque permite o reconhecimento <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s mais velhos à igualdade de oportunidades etratamento em to<strong>do</strong>s os <strong>as</strong>pectos da vida à medida que envelhecem. Essa abordagem apóia aresponsabilidade <strong>do</strong>s mais velhos no exercício de sua participação nos processos políticos e emoutros <strong>as</strong>pectos da vida em comunidade (WHO, 2005).No meio científico, vários trabalhos so<strong>br</strong>e o envelhecer vêm sen<strong>do</strong> divulga<strong>do</strong>s,principalmente devi<strong>do</strong> ao crescente conhecimento na Gerontologia. Já a área da saúde teminvestiga<strong>do</strong> <strong>as</strong> morbidades mais freqüentes entre os i<strong>do</strong>sos, <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> muit<strong>as</strong> vezes aoprocesso de envelhecimento. O envelhecimento da população implica uma série de alteraçõesfísico-biológico-sociais, possibilitan<strong>do</strong> aumentar o grau de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, acarretan<strong>do</strong> mais g<strong>as</strong>tospara o Sistema de Saúde. Outro <strong>as</strong>pecto a ser considera<strong>do</strong> é que têm-se eleva<strong>do</strong> o número deaposenta<strong>do</strong>ri<strong>as</strong>, oneran<strong>do</strong> a Previdência Social Br<strong>as</strong>ileira, consideran<strong>do</strong> que, cada vez mais, apopulação ativa tem saí<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho (SILVEIRA; RODRIGUES; COSTA JR.,2002).Pesquis<strong>as</strong> de caráter biofisiológico puderam estabelecer que, com o avançar <strong>do</strong>s anos,vão ocorren<strong>do</strong> alterações estruturais e funcionais que, embora variem de um indivíduo a outro,são encontrad<strong>as</strong> em to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos e são própri<strong>as</strong> <strong>do</strong> processo de envelhecimento (PAPALÉONETTO; PONTE, 1996).Segun<strong>do</strong> definição da Organização Panamericana de Saúde (OPAS, 1993),envelhecimento pode ser compreendi<strong>do</strong> como “um processo seqüencial, individual,cumulativo, não patológico, universal, de deterioração de um organismo maduro, próprio ato<strong>do</strong>s os mem<strong>br</strong>os de uma espécie, que torna, com o p<strong>as</strong>sar <strong>do</strong> tempo, o organismo menoscapaz de fazer frente ao estresse <strong>do</strong> meio aumentan<strong>do</strong> sua possibilidade de morte”.O envelhecimento é uma etapa natural e inevitável <strong>do</strong> ciclo de vida de to<strong>do</strong>s os seresvivos. O p<strong>as</strong>sar <strong>do</strong>s anos exerce o seu papel no processo de envelhecimento, no entantocaracterístic<strong>as</strong> ambientais, sociais e genétic<strong>as</strong> exercem influência direta so<strong>br</strong>e a maneira comoele acontece para cada indivíduo, portanto a idade cronológica não pode ser o único indica<strong>do</strong>rde envelhecimento e nem o mais confiável.A velhice não pode ser definida pela simples cronologia e sim pel<strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong>,funcionais, psicológic<strong>as</strong> e sociais d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>. Cada indivíduo tem o seu envelhecimentoparticular e singular. O processo de envelhecimento é mais uma etapa da vida, comcaracterística e realidade própri<strong>as</strong>, diferenciada d<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> de vida anteriores, com limitações,


24m<strong>as</strong> também com potencialidades únic<strong>as</strong> e distint<strong>as</strong>: serenidade, experiência, maturidade eperspectiva de vida pessoal e social e de sabe<strong>do</strong>ria. Portanto, a velhice hoje é considerada umaf<strong>as</strong>e <strong>do</strong> desenvolvimento humano e não mais um perío<strong>do</strong> exclusivamente de perd<strong>as</strong>(FERRARI, 1999).O envelhecimento é <strong>as</strong>sunto complexo e exige a atuação de profissionais qualifica<strong>do</strong>s ecapacita<strong>do</strong>s, fundamenta<strong>do</strong>s em prátic<strong>as</strong> de promoção da saúde. Pesso<strong>as</strong> ama<strong>do</strong>r<strong>as</strong> ou quetenham focos apen<strong>as</strong> <strong>as</strong>sistencialist<strong>as</strong>, sem conhecimento formal adequa<strong>do</strong> não sãosuficientemente capacitad<strong>as</strong> para responder <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> que o <strong>as</strong>sunto exige.3.2 ENVELHECIMENTO E ADOECIMENTOA velhice é uma etapa da vida em que a susceptibilidade ao aparecimento de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> sefaz presente, e <strong>as</strong> condições sociais e ambientais, <strong>as</strong>pectos genéticos, o estilo de vida e <strong>as</strong>maneir<strong>as</strong> de enfrentamentos que o indivíduo desenvolveu, optou ou pode ter acesso, são fatoresque podem influenciar diretamente na maneira <strong>do</strong> seu envelhecer. Em relação aoenvelhecimento e às patologi<strong>as</strong>, cabe salientar <strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> de Papaléo Netto (1996, p.1):O envelhecimento, por sua vez, é aquele perío<strong>do</strong> da vida que sucede a f<strong>as</strong>e dematuridade e é caracteriza<strong>do</strong> por declínio d<strong>as</strong> funções orgânic<strong>as</strong> e, emdecorrência, acarreta maior susceptibilidade à eclosão de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, queterminam por levar o i<strong>do</strong>so à morte. Essa diminuição da capacidadefuncional é caracteristicamente linear em função <strong>do</strong> tempo. Por outro la<strong>do</strong>,não é possível evidenciar um ponto de transição com a f<strong>as</strong>e precedente, dadaa inexistência de um marca<strong>do</strong>r biofisiológico eficaz e confiável <strong>do</strong> fenômeno.A responsabilidade pelo aparecimento de patologi<strong>as</strong>, não apen<strong>as</strong> na velhice comotambém em outr<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> da vida, não depende exclusivamente de atitudes positiv<strong>as</strong> ouprejudiciais <strong>as</strong>sumid<strong>as</strong> na infância e na idade adulta, sabe-se que são diretamente influenciad<strong>as</strong>pelo meio ambiente e condições sociais em que o indivíduo se encontra. No entanto, sabe-seque muitos hábitos inadequa<strong>do</strong>s de vida podem propiciar o aparecimento de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> com op<strong>as</strong>sar <strong>do</strong>s anos. O tabagismo, etilismo, drogadição e consumo inapropria<strong>do</strong> (excessivo oudeficiente) <strong>do</strong>s alimentos são fatores reconhecidamente aceitos por indivíduos comuns e pelacomunidade acadêmica como responsáveis pelo aparecimento de vári<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> d<strong>as</strong>ociedade moderna. Além desses, também sofre a influência da violência urbana, <strong>do</strong> estressen<strong>as</strong> relações de trabalho e ainda d<strong>as</strong> relações familiares e sociais. Os profissionais de saúde,incluin<strong>do</strong> os de enfermagem devem desenvolver habilidades para estimularem <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a


25cuidarem de si desde tenra idade, e consequentemente, evoluírem para o envelhecimentosaudável.A formação <strong>do</strong>s profissionais de saúde deve ser direcionada aos <strong>as</strong>pectos que envolvamo envelhecimento a fim de instrumentalizá-los para enfrentar os desafios de elaborar program<strong>as</strong>que auxiliem <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a romperem com os mitos e preconceitos que cercam oenvelhecimento.As característic<strong>as</strong> fisiológic<strong>as</strong> alterad<strong>as</strong> com a idade, em termos de hora de sono,atividade física, ciclo hormonal, metabolismo, função cere<strong>br</strong>al, função cardíaca, capacidadepulmonar, fadiga, depressão, delírio pós-operatório, reação metabólica, etc., são apen<strong>as</strong> alguns<strong>as</strong>pectos de destaque que poderiam ser considera<strong>do</strong>s para o desenvolvimento de program<strong>as</strong> eprotocolos para esses <strong>paciente</strong>s (SANTOS JR., 2003).Conforme Souza e Iglesi<strong>as</strong> (2002) abordan<strong>do</strong> <strong>as</strong> alterações fisiológic<strong>as</strong> pulmonares noi<strong>do</strong>so, relatam que ocorre encurtamento torácico com aumento <strong>do</strong> diâmetro antero-posteriorcom so<strong>br</strong>ecarga da função diafragmática, espessamento d<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> íntima e média d<strong>as</strong>artéri<strong>as</strong> pulmonares de maior cali<strong>br</strong>e, levan<strong>do</strong> ao aumento da resistência v<strong>as</strong>cular pulmonar,diminuição da resposta cardiov<strong>as</strong>cular à hipóxia e hipercapnia e da eficiência da mucosa ciliar,<strong>as</strong>sim como <strong>do</strong> número de cílios n<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> aére<strong>as</strong>, acarretan<strong>do</strong> menor resposta aos estímulosdess<strong>as</strong> vi<strong>as</strong>.De acor<strong>do</strong> com Olivetti et al. (1991), <strong>as</strong> alterações que o processo de envelhecimentocausam às funções cardíac<strong>as</strong>, afetam a contração <strong>do</strong> miocárdio, por unidade de tempo, ficamais lenta e o poder contrátil diminui, embora a força de contração seja mantida. Ness<strong>as</strong>condições, o coração <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é menos sensível à estimulação β-adrenérgica, o que limita onúmero máximo de batid<strong>as</strong> que pode ser alcança<strong>do</strong>.Com o processo de envelhecimento biológico a função renal também é afetada e ocorreperda gradativa <strong>do</strong> parênquima e declínio da função <strong>do</strong>s rins com a esclerose glomerular e,conseqüente, redução da taxa de filtração. Em decorrência dest<strong>as</strong> alterações, o <strong>paciente</strong> torn<strong>as</strong>emais suscetível à insuficiência renal aguda (SOUZA FILHO, 2000).As funções renal e urinária modificam-se com a idade. A taxa de filtração glomerulardiminui com a idade, começan<strong>do</strong> entre 35 e 40 anos.Um declínio anual de cerca de 1ml/mincontinua depois disso. A função tubular, incluin<strong>do</strong> a reabsorção e capacidade de concentração,também se mostra reduzida com o avançar da idade. Embora a função renal comumentepermaneça adequada apesar dess<strong>as</strong> alterações, a reserva renal é diminuída e pode reduzir acapacidade <strong>do</strong>s rins de responder efetivamente às alterações fisiológic<strong>as</strong> drástic<strong>as</strong> ou súbit<strong>as</strong>.As anormalidades estruturais ou funcionais que acontecem com o envelhecimento podem


26evitar o esvaziamento completo da bexiga devi<strong>do</strong> ao colágeno aumenta<strong>do</strong> na parede vesical ou,secundariamente, ao aumento da próstata. Os teci<strong>do</strong>s vaginal e uretral sofrem atrofia e tornamsemais delga<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> mulheres i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> devi<strong>do</strong> aos níveis diminuí<strong>do</strong>s de estrogênio. Além disso,um aporte sanguíneo diminuí<strong>do</strong> para os teci<strong>do</strong>s urogenitais pode provocar irritação uretral evaginal (SMELTZER; BARE, 2002).As alterações renais <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> a alterações hormonais acabam por alterar tambémmecanismos subjetivos que poderiam auxiliar na avaliação <strong>do</strong> equilí<strong>br</strong>io em relação aometabolismo da água e <strong>do</strong>s eletrólitos, que seria a sede. Porém, o mecanismo da sede seencontra altera<strong>do</strong> e essa sensação não reflete a privação real de água, muito menos a alteraçãoda osmolaridade pl<strong>as</strong>mática. Além disso, quan<strong>do</strong> há sede e hiperosmolaridade pl<strong>as</strong>mática, e sefaz a pronta reposição de volume, seja por ingestão via oral ou por infusão parenteral, anormalização da osmolaridade é demorada (vári<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>), ao contrário <strong>do</strong> que ocorre no jovemem que o acerto é feito na primeira hora (SANTOS JR, 2003).O aparelho geniturinário também sofre modificações e em homens acima de cinqüentaanos a hiperpl<strong>as</strong>ia prostática benigna é comum. A próstata aumenta, estenden<strong>do</strong>-se para cima,para dentro da bexiga e obstruin<strong>do</strong> o fluxo da urina por so<strong>br</strong>epor-se ao orifício vesical. Esta é acondição patológica mais comum nos homens i<strong>do</strong>sos e a segunda causa mais comum deintervenção cirúrgica em homens com mais de 60 anos de idade (SMELTZER; BARE, 2002).Pode-se afirmar que o <strong>do</strong>ente deste grupo tem uma redução global no funcionamento deseus órgãos e sistem<strong>as</strong> e <strong>as</strong> mais evidentes são <strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> às funções pulmonar, cardíaca erenal. As condições nutricionais estão, em geral, comprometid<strong>as</strong> não só pela reduçãoquantitativa e qualitativa da ingestão, por motivos econômicos, psicológicos e somáticos(isolamento afetivo, falta de dentes, digestão e absorção prejudicad<strong>as</strong>), como tambémdecorrentes da própria enfermidade. Com isso, dá-se a perda progressiva da m<strong>as</strong>sa e da forçamuscular prejudican<strong>do</strong>, entre outr<strong>as</strong> funções, a ventilação pulmonar, que se vê agravada aindamais pela complacência pulmonar e pela maior rigidez d<strong>as</strong> articulações costais. Apesar daredução significativa da capacidade respiratória, esta fica bem aquém <strong>do</strong>s limites considera<strong>do</strong>simpeditivos para o ato cirúrgico, como os observa<strong>do</strong>s em pneumopat<strong>as</strong> graves. A atrofia atingetambém a musculatura da parede d<strong>as</strong> víscer<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais e torna mais fácil a perfuração <strong>do</strong>squadros ab<strong>do</strong>minais agu<strong>do</strong>s (SPERANZINI; DEUTSCH, 2005).A freqüência e a gravidade d<strong>as</strong> infecções estão aumentad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>,possivelmente a partir de uma capacidade diminuída de responder adequadamente aos agentesagressores. Em relação à suscetibilidade e à infecção Smeltzer e Bare (2002) afirmam que osi<strong>do</strong>sos possuem redução n<strong>as</strong> imunidades celular e humoral, perda da reserva fisiológica.


27Pneumonia, infecções <strong>do</strong> trato urinário, tuberculose , infecções g<strong>as</strong>trintestinais e infecçõescutâne<strong>as</strong> são algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> infecções de ocorrência comum em i<strong>do</strong>sos. Além disso, a exposiçãoao tabaco e às toxin<strong>as</strong> ambientais comprometem a função pulmonar, diminuin<strong>do</strong> a el<strong>as</strong>ticidade<strong>do</strong> teci<strong>do</strong> pulmonar, a eficácia <strong>do</strong>s cílios e a capacidade efetiva da tosse. Essescomprometimentos dificultam a retirada <strong>do</strong>s microorganismos infecciosos e toxin<strong>as</strong> eaumentam a suscetibilidade da pessoa i<strong>do</strong>sa às infecções pulmonares e ao câncer.O aparelho digestivo <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so evolui para alterações fisiológic<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> da idade,express<strong>as</strong> nos distúrbios motores funcionais, na função secretória e absortiva que se estendempara <strong>as</strong> glândul<strong>as</strong> anex<strong>as</strong>, principalmente para o fíga<strong>do</strong>. O esôfago e o intestino grosso, são ossegmentos mais afeta<strong>do</strong>s. Naquele <strong>as</strong> alterações funcionais da peristalse e <strong>do</strong> esfíncter inferiordificultam a deglutição coordenada e provocam sintom<strong>as</strong>, tais quais os da acal<strong>as</strong>ia e da <strong>do</strong>ença<strong>do</strong> refluxo g<strong>as</strong>troesofágico; neste, os sintom<strong>as</strong> pre<strong>do</strong>minantes são os da constipação e <strong>do</strong>aparecimento de divertículos, aos quais se <strong>as</strong>sociam vári<strong>as</strong> complicações. O esvaziamentogástrico e a progressão <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> cólico são lentos no i<strong>do</strong>so. O fíga<strong>do</strong> sofre diminuição desua m<strong>as</strong>sa por diminuição <strong>do</strong> número de hepatócitos, m<strong>as</strong> em comparação com outros órgãossóli<strong>do</strong>s essa glândula sofre menos e mantém qu<strong>as</strong>e intacta a sua reserva funcional (SANTOSJR., 2003).O i<strong>do</strong>so apresenta característic<strong>as</strong> como menor capacidade para reabsorver e secretareletrólitos, menor capacidade de eliminar áci<strong>do</strong>s na urina, menor depuração de drog<strong>as</strong>, menorcapacidade de concentração e diluição da urina (PETROIANU; PIMENTA, 1998).Saben<strong>do</strong>-se dest<strong>as</strong> alterações decorrentes <strong>do</strong> processo de envelhecimento faz-senecessário estar atento a quaisquer sinais e sintom<strong>as</strong> que possam uma alterações patológic<strong>as</strong>d<strong>as</strong> biologicamente naturais. O enfermeiro ao distinguir ess<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> pode atuarpreventivamente, orientan<strong>do</strong> os i<strong>do</strong>sos quanto ao risco de aparecimento de alterações para queregularmente freqüentem a unidade de saúde para realização de exames preventivos.Com o envelhecimento, a pele torna-se mais delgada e menos elástica. A neuropatiaperiférica e a concomitante diminuição da sensação e circulação podem levar às úlcer<strong>as</strong> dedecúbito, úlcer<strong>as</strong> de est<strong>as</strong>e, a<strong>br</strong><strong>as</strong>ões e queimadur<strong>as</strong>. A integridade comprometida da pelepredispõe a pessoa i<strong>do</strong>sa à infecção por microorganismos que fazem parte da flora cutâneanormal (SMELTZER; BARE, 2002). Esse evento é de extrema importância para oplanejamento <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s ao i<strong>do</strong>so em internação hospitalar ou mesmo acama<strong>do</strong> no<strong>do</strong>micílio, pois o aparecimento de úlcer<strong>as</strong> de pressão é um evento que pode retardar arecuperação <strong>do</strong> agravo e da reinserção social de maneira a que possa recuperar a independênciae voltar a executar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> atividades diári<strong>as</strong>.


28Característica freqüente nos indivíduos i<strong>do</strong>sos é a presença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> dentreel<strong>as</strong> <strong>as</strong> de maior relevância são a Hipertensão arterial sistêmica e o diabetes melittus.Conforme da<strong>do</strong>s d<strong>as</strong> Sociedade Br<strong>as</strong>ileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Br<strong>as</strong>ileirade Hipertensão (SBH) e Sociedade Br<strong>as</strong>ileira de Nefrologia (SBN) por oc<strong>as</strong>ião da divulgaçãod<strong>as</strong> V Diretrizes Br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> de Hipertensão Arterial, a elevação da pressão arterial representaum fator de risco independente, linear e contínuo para <strong>do</strong>ença cardiov<strong>as</strong>cular; aumentalinearmente com a idade. Em indivíduos jovens, a hipertensão decorre mais freqüentementeapen<strong>as</strong> da elevação na pressão di<strong>as</strong>tólica, enquanto a partir da sexta década o principalcomponente é a elevação da pressão sistólica. Em indivíduos i<strong>do</strong>sos da cidade de Bambuí, MG,61,5% apresentavam hipertensão arterial. O risco relativo de desenvolver <strong>do</strong>ençacardiov<strong>as</strong>cular <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> ao aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da idade eo risco absoluto aumenta marcadamente (SBC; SBH; SBN, 2006).O diabete melito aumenta sua prevalência com a idade. Qu<strong>as</strong>e metade <strong>do</strong>s diabéticostem 65 anos ou mais, com aproximadamente a mesma proporção de homens e mulheres. Onúmero absoluto de pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> com diabete vai continuar a subir em um futuro previsívelpor pelo menos du<strong>as</strong> razões: 1) a taxa de diabetes diagnostica<strong>do</strong> em pesso<strong>as</strong> de 65 a 74 anos deidade e de mais de 75 anos de idade aumentou cerca de 2,5 vezes nos últimos 30 anos, e 2) onúmero de pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> sob risco está crescen<strong>do</strong>. Como cerca de metade <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os em i<strong>do</strong>sosnão é diagnosticada, se os méto<strong>do</strong>s de detecção melhorarem, o número de c<strong>as</strong>os reconheci<strong>do</strong>sclinicamente pode crescer ainda mais (HARRYS, 1990).Ao ser hospitaliza<strong>do</strong> o <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so diabético que vai ser submeti<strong>do</strong> a procedimentocirúrgico deve ter sua glicemia rigorosamente monitorada e estabilizada ainda no perío<strong>do</strong> préoperatório.O que se percebe freqüentemente é que ao serem submeti<strong>do</strong>s a diet<strong>as</strong> restritiv<strong>as</strong>para realização de exames laboratoriais ou complementares os níveis de glicemia terminam porser reduzi<strong>do</strong>s, e muit<strong>as</strong> vezes causam hipoglicemia.3.3 O IDOSO E O PROCEDIMENTO CIRÚRGICOA busca <strong>do</strong> homem por soluções milagros<strong>as</strong> que solucion<strong>as</strong>sem os problem<strong>as</strong> de saúdeé histórica. Na cultura <strong>do</strong>s egípcios, encontrou-se um papiro traduzi<strong>do</strong> que constitui a maioro<strong>br</strong>a so<strong>br</strong>e cirurgia da antiguidade e data aproximadamente 3.000 a.C. Apesar de sua indicaçãopara tratar problem<strong>as</strong> cirúrgicos, já se manifestavam <strong>as</strong> preocupações com a velhice, prevençãoe cura de algum<strong>as</strong> enfermidades da idade avançada (GOMES, 1998).


29Nos séculos XVIII e XIX, grandes progressos foram realiza<strong>do</strong>s, possibilitan<strong>do</strong> adentraro ab<strong>do</strong>mem de uma pessoa e esta so<strong>br</strong>eviver. Para Thorwald (2002) a história da cirurgia ouavanços significativos a partir da primeira narcotização anestésica, realizada em 1846. A partirdesse marco histórico a cirurgia aban<strong>do</strong>nou um campo de estagnização , anteriormentereduzi<strong>do</strong> ao poder impie<strong>do</strong>so da <strong>do</strong>r n<strong>as</strong> operações, e restrit<strong>as</strong>, por me<strong>do</strong> à fe<strong>br</strong>e traumática, arar<strong>as</strong> intervenções de extrema necessidade. Transpunha-se então o limiar de tempos deescuridão e progressos inimagináveis se desenvolveram no campo <strong>do</strong> conhecimento so<strong>br</strong>ecirurgi<strong>as</strong>.Contribuição inegável foi o aparecimento de Florence Nightingale, uma inglesan<strong>as</strong>cida em família ab<strong>as</strong>tada, que anunciou ter si<strong>do</strong> chamada por Deus para tornar-seenfermeira. Preparou-se convenientemente durante o seu estágio como aprendiz e iniciou umaf<strong>as</strong>e importante na reforma e gerenciamento <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s de mulheres. O grupo treina<strong>do</strong> porFlorence limpou a sujeira e os vermes <strong>do</strong>s campos de tratamento de feri<strong>do</strong>s da guerra daCriméia, melhorou <strong>as</strong> condições de ventilação, nutrição e sanitarismo atribuíd<strong>as</strong> adeterminação e dedicação d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> aprendizes, obten<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s impressionantes para aépoca. Afugentan<strong>do</strong> a putrefação, reduziram a taxa de mortalidade de 60% para 1%, fatoinédito para a época e que rendeu reconhecimento e gratidão <strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s por ela salvos damorte (TIMBY, 2001 ).Assim, a história da cirurgia foi se desenvolven<strong>do</strong>. Após os tempos em que já seemancipara da <strong>do</strong>r n<strong>as</strong> intervenções cirúrgic<strong>as</strong> não deveria ter se prolonga<strong>do</strong> por mais que trêsdécad<strong>as</strong> a demora em resolver outr<strong>as</strong> deficiênci<strong>as</strong> para o procedimento. A Semmelweis seatribui o mérito de ter si<strong>do</strong> pioneiro no agravo da “infecção de contato” e pela primeira vez,<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> amplamente o problema na prática. Semmelweis transcorreu um caminho penoso elongo pois por volta de 1847, os recursos tecnológicos e os conhecimentos so<strong>br</strong>e amicrobiologia ainda eram incipientes, su<strong>as</strong> descobert<strong>as</strong> empíric<strong>as</strong> não tinham como sercomprovad<strong>as</strong> com exatidão, o que dificultou que cheg<strong>as</strong>se a conclusões definitiv<strong>as</strong> e pudesseconvencer os coleg<strong>as</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s positivos (GOMES, 1998).Em 1866, Joseph Lister contribuiu com avanços resolutivos na infecção d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>traumátic<strong>as</strong> com a apresentação de seu manuscrito intitula<strong>do</strong> “So<strong>br</strong>e o Princípio Antisséptico,na clínica cirúrgica”. A partir de então os avanços não cessaram, possibilitan<strong>do</strong> menoresimpactos durante a cirurgia e consequentemente redução <strong>do</strong> trauma, facilitanto o processo derecuperação no perío<strong>do</strong> pós-operatório (GOMES, 1998). Esse progresso certamente contribuiupara o aumento da expectativa de vida da população e da e <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> à redução da mortalidadepor <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> contagios<strong>as</strong>.


30Ao longo <strong>do</strong> tempo os procedimentos cirúrgicos foram aprimora<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> condições desegurança, precisão e menores impactos orgânicos para o <strong>paciente</strong>. O avanço desenvolvi<strong>do</strong>com tecnologi<strong>as</strong> nos exames complementares, transfusão sanguínea, além <strong>do</strong> controle demicroorganismos no ato cirúrgico (uso de antissépticos, luv<strong>as</strong>, aventais, máscar<strong>as</strong>, touc<strong>as</strong> eoutros) que propiciaram melhori<strong>as</strong> significativ<strong>as</strong> para a execução <strong>do</strong>s procedimentos.Com a evolução d<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> cirúrgic<strong>as</strong> e replicação <strong>do</strong>s procedimentos para tod<strong>as</strong> <strong>as</strong>partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, proporciona<strong>do</strong>s pela evolução <strong>do</strong>s meios de comunicação, a diminuição <strong>do</strong>risco cirúrgico e da mortalidade causada pelos procedimentos cirúrgicos possibilitou quepesso<strong>as</strong> com idade avançada tivessem acesso a procedimentos cirúrgicos antes inimagináveis. .O conceito de que <strong>as</strong> intervenções cirúrgic<strong>as</strong> de maior porte no <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so erammuito arriscad<strong>as</strong> e raramente compensavam, era de fato, válida até o início <strong>do</strong> século XX,quan<strong>do</strong> a mortalidade atingia metade d<strong>as</strong> operações. Entretanto, essa realidade vem semodifican<strong>do</strong> e nos centros médicos mais desenvolvi<strong>do</strong>s existem pouc<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> entre osresulta<strong>do</strong>s operatórios <strong>do</strong> jovem e <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. A <strong>do</strong>ença operada ou a operação em si nãocontribui para a morbimortalidade quan<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> geral <strong>do</strong> organismo está em harmonia e, emespecial, os cuida<strong>do</strong>s pré, trans e pós-operatórios são desenvolvi<strong>do</strong>s de maneira adequada,exercen<strong>do</strong> papel fundamental na diminuição <strong>do</strong>s índices de morbimortalidade <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s(PETROIANU ; PIMENTA, 1998).Atualmente, cerca de 40% d<strong>as</strong> admissões de <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos em hospitais gerais estãorelacionad<strong>as</strong> à terapêutica cirúrgica. Apesar <strong>do</strong>s progressos n<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> cirúrgica e anestésica e<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s da terapia intensiva, existe, com o envelhecimento, um aumento progressivo damorbidade e mortalidade intra e pós-operatória devi<strong>do</strong> à redução da capacidade funcional <strong>do</strong>svários sistem<strong>as</strong> e da <strong>as</strong>sociação de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> (CARVALHO FILHO, p. 633, 2005). Dentro dafaixa geriátrica, existem evidênci<strong>as</strong> de um crescimento percentual mais acentua<strong>do</strong> <strong>do</strong>sindivíduos octogenários, sen<strong>do</strong> este também o grupo populacional responsável pelo maiorcrescimento nos departamentos de cirurgia (REISS; DEUTSCH ; NUDELMAN, 1992).O crescente aumento da população de i<strong>do</strong>sos que têm a possibilidade de se submeterema procedimentos cirúrgicos, exige que a equipe de saúde que lhes presta serviços profissionaisseja qualificada e capacitada a atendê-los com eficiência, segurança e conhecimento, a fim dedetectar precocemente <strong>as</strong> possíveis caus<strong>as</strong> de complicações, atuan<strong>do</strong> de maneira rápida eeficaz, reduzin<strong>do</strong> os danos causa<strong>do</strong>s ao organismo <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so pelo evento cirúrgico.A diminuída capacidade ou reserva funcional global disponível no organismo <strong>do</strong> i<strong>do</strong>sopara lidar com o estresse aponta para os cuida<strong>do</strong>s necessários a fim de evitar que a operação e


31<strong>as</strong> iatrogeni<strong>as</strong> decorrentes rompam com o delica<strong>do</strong> equilí<strong>br</strong>io manti<strong>do</strong> às cust<strong>as</strong> muito mais daadaptação <strong>do</strong> que de mecanismo compensa<strong>do</strong>res (BECK, 2000).A cirurgia, aumenta o estresse a to<strong>do</strong>s os sistem<strong>as</strong> orgânicos que podem se manifestarpsicologica ou fisiologicamente. Estresse é um termo coletivo usa<strong>do</strong> para descrever os muitosfatores psicológicos e fisiológicos que causam alterações neuroquímic<strong>as</strong> no organismo. Caus<strong>as</strong>de estresse no cliente perioperatório incluem <strong>do</strong>r, lesão tecidual, hemorragia, anestesia, fe<strong>br</strong>e eimobilização. Os estímulos causa<strong>do</strong>res de estresse impostos pela cirurgia promovem talresposta <strong>as</strong>socian<strong>do</strong> fatores tanto psicológicos (ansiedade, me<strong>do</strong> <strong>do</strong> desconheci<strong>do</strong>) quantofisiológicos (hemorragia, anestesia, <strong>do</strong>r, imobilização). A capacidade de suportar o estresse dacirurgia e da anestesia está diminuída significativamente em pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> ou debilitad<strong>as</strong>.Algum<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> que aumentam esse risco incluem desnutrição, anemia, desidratação,aterosclerose, <strong>do</strong>ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), diabetes mellitus e muitos outros.Esses são exemplos comuns em i<strong>do</strong>sos, que devem ser corrigi<strong>do</strong>s ou controla<strong>do</strong>s antes dacirurgia, se possível. Uma dieta nutritiva e ingestão adequada de líqui<strong>do</strong>s ajudam acontrabalancear esses problem<strong>as</strong>, reduzin<strong>do</strong> <strong>as</strong>sim o risco operatório <strong>do</strong> cliente (BLACK;MATASSARIN-JACOBS, 1996).Os hábitos de vida também influenciam os riscos <strong>do</strong> procedimento cirúrgico. Otabagismo provoca alterações so<strong>br</strong>e o sistema respiratório que incluem hipersecreção de mucoe danos so<strong>br</strong>e a árvore traqueo<strong>br</strong>ônquica pela obstrução a longo termo, bem como restriçãoso<strong>br</strong>e <strong>as</strong> pequen<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> aére<strong>as</strong> com aumento na capacidade de fechamento e tendência amudanç<strong>as</strong> na relação ventilação-perfusão. Há também aumento na sensibilidade reflexa deamb<strong>as</strong> <strong>as</strong> vi<strong>as</strong> de condução (alt<strong>as</strong> e baix<strong>as</strong>), da permeabilidade <strong>do</strong> epitélio respiratório eevidênci<strong>as</strong> de perda de fator surfactante. Eventos posteriores com implicações para oanestesiologista são o prejuízo so<strong>br</strong>e a imunidade humoral mediada por célul<strong>as</strong>, além daindução de enzim<strong>as</strong> microssomiais com elevação <strong>do</strong> metabolismo de vári<strong>as</strong> drog<strong>as</strong>(FURTADO, 2002).O procedimento cirúrgico, envolve alguns fatores que podem influenciar o seu sucessoe determinar a incidência de maior ou menor risco para o indivíduo cujo diagnóstico da <strong>do</strong>ençatraz como terapia a cirurgia. As pesso<strong>as</strong> têm que enfrentar seus temores internos, por vezes seapegan<strong>do</strong> com <strong>as</strong> crenç<strong>as</strong> religios<strong>as</strong> para conseguir forç<strong>as</strong> e enfrentar a situação, muit<strong>as</strong> vezesinevitável. Esses temores são justificáveis visto que durante a cirurgia o indivíduo é exposto àsituação de risco ao ser anestesia<strong>do</strong>, ao sofrer penetração por instrumento cortante, ao parartemporariamente algum<strong>as</strong> funções vitais e muitos outros. Os fatores de risco devem seravalia<strong>do</strong>s previamente a realização da cirurgia.


33O serviço em que o estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> utiliza a escala de esta<strong>do</strong> físico, elaborada porSaklad 1941 consideran<strong>do</strong>-se a mortalidade secundária à anestesia e <strong>as</strong> condições clínic<strong>as</strong> préoperatóri<strong>as</strong><strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>. Após adição da quinta categoria ela foi a<strong>do</strong>tada pela American Societyof Anesthesiologys (A.S.A.,1998), essa escala considera o risco de mortalidade em geral deacor<strong>do</strong> com a idade e o status de <strong>do</strong>ença sistêmica <strong>as</strong>sociada.Cl<strong>as</strong>se I: indivíduo saudável, abaixo <strong>do</strong>s 70 anos;Cl<strong>as</strong>se II: <strong>do</strong>ença sistêmica leve, sem limitação funcional ou acima <strong>do</strong>s 70 anos;Cl<strong>as</strong>se III: <strong>do</strong>ença sistêmica grave, limitação funcional definida;Cl<strong>as</strong>se IV: <strong>do</strong>ença sistêmica incapacitante, que é ameaça constante à vida;Cl<strong>as</strong>se V: moribun<strong>do</strong>, sem chance de so<strong>br</strong>eviver 24 hor<strong>as</strong> com ou sem a cirurgia;Cl<strong>as</strong>se VI: <strong>paciente</strong> declara<strong>do</strong> com morte cere<strong>br</strong>al, cujos órgãos estão sen<strong>do</strong> removi<strong>do</strong>s parapropósitos de <strong>do</strong>ação.Essa avaliação possibilita preparação adequada <strong>do</strong>s profissionais envolvi<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong> oprocesso perioperatório e <strong>do</strong>s recursos estruturais necessários a realização <strong>do</strong> procedimento.Além desses, fatores como o caráter de realização da cirurgia influenciam o aparecimento decomplicações e aumento de morbidade e mortalidade.No que se refere às cirurgi<strong>as</strong> de emergência considera-se ser situação que aumenta orisco e serem caracterizad<strong>as</strong> por requerer intervenção imediata para a manutenção da vida, paramanter a função de órgão ou mem<strong>br</strong>o; para remover um órgão lesa<strong>do</strong> ou interromper umahemorragia, limitan<strong>do</strong> a investigação e correção <strong>do</strong>s outros fatores de risco para o <strong>paciente</strong>. Ascirurgi<strong>as</strong> eletiv<strong>as</strong> se caracterizam por serem realizad<strong>as</strong> no intuito de promover o bem-estar dapessoa, porém não absolutamente necessária para manutenção da vida (BLACK;MATASSARIM; JACOBS, 1996).Nesse senti<strong>do</strong>, os procedimentos eletivos incluem menores riscos aos <strong>paciente</strong>s porpermitirem <strong>as</strong> correções <strong>do</strong>s fatores de risco em momento prévio a realização da intervençãocirúrgica.3.4 COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS NO IDOSOAlgum<strong>as</strong> alterações própri<strong>as</strong> <strong>do</strong> processo de envelhecimento desencadeiam patologi<strong>as</strong>cuja terapêutica é a intervenção cirúrgica. Dentre ess<strong>as</strong> algum<strong>as</strong> são de maior incidência nosindivíduos i<strong>do</strong>sos, incluin<strong>do</strong>-se <strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> ao aparelho digestivo, como <strong>as</strong> hérni<strong>as</strong>,colecistites, tumores malignos ab<strong>do</strong>minais, e outr<strong>as</strong>. Discute-se portanto, <strong>as</strong> principais cirurgi<strong>as</strong>ab<strong>do</strong>minais nos i<strong>do</strong>sos, sua incidência e mortalidade.


34Em i<strong>do</strong>sos, um alto índice de suspeita e um alerta para os sintom<strong>as</strong> insidiosos de <strong>do</strong>ençaab<strong>do</strong>minal aguda são o<strong>br</strong>igatórios. O i<strong>do</strong>so sofre ao máximo de deiscência de ferid<strong>as</strong> e temmaiores tax<strong>as</strong> de complicações <strong>do</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> mais jovens. A apendicite é menos comumem i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> que no jovem, no entanto a mortalidade em i<strong>do</strong>sos é maior em até 10%, motivadapela dificuldade em se estabelecer o diagnóstico precoce. Nem sempre os sintom<strong>as</strong> clássicosaparecem no i<strong>do</strong>so, retardan<strong>do</strong> o diagnóstico e a mortalidade qu<strong>as</strong>e sempre é devida aperfuração ou gangrena <strong>do</strong> intestino na cirurgia (BURNS, 1985, p. 695).A <strong>do</strong>ença d<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> biliares é a indicação mais comum para cirurgia ab<strong>do</strong>minal no i<strong>do</strong>so,sen<strong>do</strong> responsável por 6 a 40% d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais agud<strong>as</strong>. Entre <strong>paciente</strong>s comcolecistite supurativa, um quarto pode não ter sensibilidade ab<strong>do</strong>minal, um terço pode não terelevação da temperatura, um terço pode não ter elevação na contagem <strong>do</strong>s leucócitos e umterço pode não ter sinais peritoneais. Devi<strong>do</strong> ao fato de o i<strong>do</strong>so ter muito freqüentementeacha<strong>do</strong>s mínimos com uma peritonite florida, a colecistite aguda deve ser considerada umaindicação para cirurgia de emergência (WILSON, 2001).O volvo pode estar presente com distensão ab<strong>do</strong>minal intensa m<strong>as</strong> somente um levegrau de desconforto. A sepse, o choque e a <strong>do</strong>r grave ocorrem tardiamente na evoluçãoposterior, com o aumento da tensão na parede <strong>do</strong> intestino. Pacientes com volvo tipicamentetem co-morbidades ou <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> respiratóri<strong>as</strong>, cardíac<strong>as</strong>, neurológic<strong>as</strong> ou psiquiátric<strong>as</strong> graves,com inatividade ou constipação crônica. Embora o volvo <strong>do</strong> sigmóide constitua somente cercade 55% d<strong>as</strong> obstruções <strong>do</strong> intestino grosso, a sutileza da apresentação precisa de consideraçãoespecial no i<strong>do</strong>so com quaisquer sinais ou sintom<strong>as</strong> de ab<strong>do</strong>me agu<strong>do</strong>. A diverticulite é comume muit<strong>as</strong> vezes recorrente nos i<strong>do</strong>sos (WILSON, 2001).Dentre <strong>as</strong> intercorrênci<strong>as</strong> gerais no i<strong>do</strong>so, <strong>as</strong> relativ<strong>as</strong> às cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais exigemum diagnóstico preciso de <strong>do</strong>ença ab<strong>do</strong>minal para planejamento oportuno e operaçõesapropriad<strong>as</strong>. Entretanto, os sinais clínicos de <strong>do</strong>ença ab<strong>do</strong>minal como <strong>do</strong>r à palpação, <strong>do</strong>r,rigidez muscular e fe<strong>br</strong>e são frequentemente menos óbvios em <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos. O uso comumde drog<strong>as</strong> antinflamatóri<strong>as</strong> não-esteróides pode m<strong>as</strong>carar sintom<strong>as</strong> ou mesmo predispor<strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos à <strong>do</strong>ença ab<strong>do</strong>minal aguda (MEEKER; ROTHROCK, 1997).A cirurgia <strong>do</strong> trato biliar constitui a maioria <strong>do</strong>s procedimentos ab<strong>do</strong>minais e demortalidade cirúrgica nos i<strong>do</strong>sos. Um terço d<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais de emergência em<strong>paciente</strong>s com mais de 70 anos é por <strong>do</strong>ença biliar (BURNS; PARIKH, 1990).Em relação ao atendimento de emergência em i<strong>do</strong>sos e a mortalidade, a pesquisa deAbb<strong>as</strong> et al. (2003), estu<strong>do</strong>u a evolução perioperatória de 180 <strong>paciente</strong>s acima de 80 anos deidade submeti<strong>do</strong>s a operações ab<strong>do</strong>minais grandes, apresentan<strong>do</strong> morbidade global de 33%,


35maior entre os <strong>paciente</strong>s opera<strong>do</strong>s de urgência. O número de morte foi alto (29%) esignificativamente maior entre <strong>as</strong> urgênci<strong>as</strong> <strong>do</strong> que entre <strong>as</strong> operações eletiv<strong>as</strong> (7,5%), às cust<strong>as</strong><strong>do</strong> que ocorreu no perío<strong>do</strong> perioperatório (30 di<strong>as</strong>). Os resulta<strong>do</strong>s de análise feita ao longo <strong>do</strong>tempo foram, no entanto, iguais. Isso foi motivo para que os autores concluíssem que a idadenão deve ser o único critério para a decisão da terapêutica cirúrgica em <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos.No estresse decorrente da cirurgia ou da <strong>do</strong>ença aguda, a resposta <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so aotrauma diminui significativamente, em conseqüência da diminuição na reserva fisiológica, oque faz com que haja um maior risco de mortalidade, morbidez e complicações pós-operatóri<strong>as</strong>(PETROIANU; PIMENTA, 1998).Tem-se observa<strong>do</strong> empiricamente, que devi<strong>do</strong> às complicações no pós-operatório <strong>do</strong>s<strong>do</strong>entes nessa faixa etária, aumenta conseqüentemente o tempo de permanência nos hospitais eos custos com a hospitalização, a recidiva de sinais clínicos que dificultam a recuperação apósa cirurgia, tais como quadros de pneumonia, hipertensão arterial e diabete melitodescompensa<strong>do</strong>s devem ser estabilizad<strong>as</strong> no pré-operatório e mantid<strong>as</strong> sob controle no decorrer<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> perioperatório.Os <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos, quan<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s em conjunto, apresentam maior morbidade emortalidade <strong>do</strong> que os indivíduos mais jovens. Isto, mais <strong>do</strong> que a idade cronológica, éconseqüência de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> peculiaridades fisiológic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s órgãos vitais e da mánutrição. Nesse senti<strong>do</strong>, é marcante a constatação de haver progressão crescente <strong>do</strong> número deenfermidades <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>, de complicações pós-operatóri<strong>as</strong> e de elevação da mortalidade,quan<strong>do</strong> se considera indivíduos em décad<strong>as</strong> crescentes de 60 a 90 anos.A trombose venose profunda constitui uma complicação comum nos i<strong>do</strong>sos,especialmente naqueles que apresentam os seguintes fatores de risco: Sexo m<strong>as</strong>culino,obesidade, <strong>do</strong>ença maligna, história prévia de trombose venosa profunda (TVP), operaçõesortopédic<strong>as</strong>, neurocirúrgic<strong>as</strong>, urológic<strong>as</strong>, ab<strong>do</strong>minais alt<strong>as</strong>, ou qualquer operação de grandeporte e cirurgia vídeo-en<strong>do</strong>scópica (PETROIANU; PIMENTA, 1998). Em <strong>paciente</strong>s cirúrgicosi<strong>do</strong>sos, a imobilização no leito e a est<strong>as</strong>e venosa são os fatores que mais levam a essacomplicação (FRANCIS, 1992).No concernente às complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong>, cabe uma abordagem melhordetalhada visto que esta pode desencadear uma série de outros agravos que venham acomprometer a capacidade funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so e aumentar os riscos de morbidade emortalidade.O delirium, também conheci<strong>do</strong> como esta<strong>do</strong> confusional agu<strong>do</strong>, é um transtorno geral<strong>do</strong> metabolismo cere<strong>br</strong>al e da neurotransmissão que resulta em manifestações


36neuropsiquiátric<strong>as</strong> tais como confusão, insônia e agitação. O delirium é relata<strong>do</strong> em 11 a 24%<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no momento da admissão hospitalar e se desenvolve em outros 5 a 35% <strong>do</strong>s<strong>paciente</strong>s. A incidência aumenta com a idade e a gravidade da <strong>do</strong>ença, além disso o <strong>paciente</strong>com o quadro pode ter dificuldade de compreender os planos de <strong>as</strong>sistência, de participar nareabilitação e de dar consentimento para os procedimentos propostos (FLEMING, 2001, p.565).É um problema comum e potencialmente sério no <strong>paciente</strong> cirúrgico i<strong>do</strong>so,necessitan<strong>do</strong> de monitoramento adequa<strong>do</strong> e avaliação. Agitação, ansiedade, insônia, tremores enáusea podem ser equivocadamente atribuí<strong>do</strong>s a outr<strong>as</strong> caus<strong>as</strong> quan<strong>do</strong> o delirium não éconsidera<strong>do</strong>. Acredita-se que muitos medicamentos colaboram com o seu desenvolvimento,ten<strong>do</strong> como os mais importantes o uso de neurolépticos e de opióides, meperidina pósoperatóriae benzodiazepínicos e drog<strong>as</strong> anticolinérgic<strong>as</strong> de ação prolongada. Embora não sejaclaro se a privação sensorial (p. ex. comprometimento da visão e da audição, leitos emcômo<strong>do</strong>s sem janel<strong>as</strong>), privação <strong>do</strong> sono ou transferência para ambientes estranhos possamcausar o delirium e o agravam no i<strong>do</strong>so (FLEMING, 2001, p. 567).As observações e os registros da equipe de enfermagem <strong>do</strong>s sinais manifesta<strong>do</strong>s pelosi<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s podem auxiliar ajuste de <strong>do</strong>se da medicação e outr<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> que evitemo transtorno. A equipe de saúde precisa conhecer <strong>as</strong> dificuldades <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos para que ele nãoseja exposto a sofrimentos e constrangimentos desnecessários, visto que não é incomum acontenção no leito, procedimento questiona<strong>do</strong> eticamente e que, com mudança decomportamentos e protocolos da equipe, poderia se tornar totalmente desnecessário.Petroianu e Pimenta (1998) afirmam que <strong>as</strong> complicações operatóri<strong>as</strong> mais freqüentesem i<strong>do</strong>sos são <strong>as</strong> respiratóri<strong>as</strong> e o choque. Para os autores, o choque tem si<strong>do</strong> causa de mortemais freqüente entre os <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos, pois possuem artéri<strong>as</strong> esclerótic<strong>as</strong> e com o choque,desenvolvem hipotensão, que desencadeia grave redução na perfusão <strong>do</strong>s v<strong>as</strong>os coronarianos ecere<strong>br</strong>ais. Portanto, os cuida<strong>do</strong>s com a infusão de líqui<strong>do</strong>s e hemotransfusão simultaneamente,devem ser acompanha<strong>do</strong>s minuciosamente quanto ao equilí<strong>br</strong>io hidroeletrolítico balancean<strong>do</strong> aadministração de infusões e registran<strong>do</strong> <strong>as</strong> eliminações.As complicações respiratóri<strong>as</strong> podem ocorrer no pós-operatório imediato emconseqüência da depressão <strong>do</strong> sistema respiratório, devi<strong>do</strong> aos medicamentos recebi<strong>do</strong>s na f<strong>as</strong>ede anestesia. Incentivar a expansão pulmonar por meio da mudança de decúbito, de exercíciosrespiratórios e de deambulação precoce no dia da cirurgia ou manhã seguinte, auxiliam naprevenção de complicações respiratóri<strong>as</strong>.


37Como resulta<strong>do</strong> da <strong>do</strong>r, da fadiga e <strong>do</strong> mal-estar generaliza<strong>do</strong>, os <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos queprecisam de hospitalização para uma <strong>do</strong>ença ou uma cirurgia preferem, muit<strong>as</strong> vezes,permanecer no leito. Entretanto, o repouso contínuo no leito, rapidamente leva aodescondicionamento cardíaco e muscular e predispõe os <strong>paciente</strong>s a úlcer<strong>as</strong> de pressão e aconstipação. Além disso, <strong>as</strong> qued<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> à hipertensão ortostática e ao desequilí<strong>br</strong>iodevi<strong>do</strong> à perda <strong>do</strong> tônus neuromuscular são um risco significativo (FLEMING, 2001, p. 567).Conforme Pereira (2005) <strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão têm uma representação significativa nos<strong>paciente</strong>s com restrição de mobilidade, que <strong>as</strong>sociada à predisposição em adquiri-la e ao tempode permanência no leito, retardam o processo de recuperação <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, aumentan<strong>do</strong> o riscode desenvolver complicações.Consideram-se ainda <strong>as</strong> complicações relacionad<strong>as</strong> a utilização de cateteres intravenosos.Brezenger et al.apud Pereira e Zanetti (2000) relatam que estima-se que anualmentesão realizad<strong>as</strong> 150 milhoes de infusões por meio de dispositivos venosos periféricos. Pereira eZanetti (200) acrescentam que este acesso é feito principalmente através da rede venosa <strong>do</strong>rsald<strong>as</strong> mãos e ante<strong>br</strong>aços.Os autores op cit reafirmam que apesar <strong>do</strong>s vários dispositivos encontra<strong>do</strong>s nomerca<strong>do</strong>, sofren<strong>do</strong> variáveis de tamanho, tipo de material e revestimento, ainda são causa decomplicações ao <strong>paciente</strong>, como obstrução <strong>do</strong> dispositivo, infiltrações locais, inflamações,infecções, com possível septicemia sen<strong>do</strong> que a mais freqüente del<strong>as</strong> é a tromboflebite.De acor<strong>do</strong> Brannen e Surette apud Pereira e Zanetti (2000) os fatores de risco paradesenvolver essa complicação pode estar relaciona<strong>do</strong> a fatores físicos, técnica de inserção,anatomia <strong>do</strong> local, tamanho e tipo <strong>do</strong> dispositivo, número de inserções, cateter in situ por maisde 72 hor<strong>as</strong>, a gravidade da <strong>do</strong>ença e infecções preexistentes. Ainda relacionam os fatoresquímicos, como infusão de drog<strong>as</strong> irritantes, drog<strong>as</strong> hiper ou hipotônic<strong>as</strong>.Sabe-se que a enfermagem é responsável por administrar soluções intra-venos<strong>as</strong> nos<strong>paciente</strong>s interna<strong>do</strong>s e que os cuida<strong>do</strong>s com esse procedimento devem ser executa<strong>do</strong>s comrigor ético e extrema habilidade técnica e científica. Não foram encontra<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s relatan<strong>do</strong><strong>as</strong> dificuldades punção, preservação e punção venosa em i<strong>do</strong>sos, fican<strong>do</strong> mais essa lacuna <strong>do</strong>conhecimento a ser investiga<strong>do</strong>. No entanto sabe-se que os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem são defundamental importância para que o acesso venoso periférico não se torne um problema a maispara ser enfrenta<strong>do</strong> pelo i<strong>do</strong>so hospitaliza<strong>do</strong>. Norwood et al. apud Pereira e Zanetti (2000),referem que a idade constitui um <strong>do</strong>s fatores de risco predisponentes a infecção relacionadacom cateter venoso central e periférico, pois altera os mecanismos de defesa orgânica <strong>do</strong>indivíduo.


38Tema de relevância para a enfermagem e espaço para pesquisa para muitosprofissionais, <strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> por pressão atingem um contingente significativo de i<strong>do</strong>sos. Incluemseportanto aqueles acama<strong>do</strong>s no <strong>do</strong>micílio ou hospitaliza<strong>do</strong>s por longos perío<strong>do</strong>sdesenvolven<strong>do</strong> fatores de risco para o desenvolvimento da patologia. A úlcera de pressão éresponsável por retardar o processo de alta hospitalar, demandar custos maiores aosprocedimentos, sofrimento e constrangimento aos i<strong>do</strong>sos, além de estarem diretamenterelacionad<strong>as</strong> ao aumento de morbidade e mortalidade.Segun<strong>do</strong> Rocha e Barros (2007) o desenvolvimento de úlcer<strong>as</strong> por pressão, é um graveproblema de enfermagem, pois freqüentemente, <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> à má qualidade da <strong>as</strong>sistência eexige uma grande demanda de tempo e dinheiro para tratamento d<strong>as</strong> lesões, so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong>a prevenção recebe menos atenção, quan<strong>do</strong> não existem program<strong>as</strong> específicos volta<strong>do</strong>s paraesse problema.Como maneira de utilizarem-se meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong> validad<strong>as</strong> na prevenção deste problema,escal<strong>as</strong> vêm sen<strong>do</strong> utilizada para avaliação <strong>do</strong>s riscos de desenvolvimento de úlcer<strong>as</strong> porpressão. A maioria dess<strong>as</strong> escal<strong>as</strong> considera a idade como fator de risco, e ainda tipo de pele,condições de mobilidade, condições nutricionais, sexo, e outros. Com ess<strong>as</strong> informaçõesmedid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> são implementad<strong>as</strong> para evitar o aparecimento de úlcer<strong>as</strong> por pressão.3.5 CUIDADO GERONTOLÓGICO DE ENFERMAGEMSabemos que o ser humano cuida <strong>do</strong> outro, faz parte da natureza humana cuidar d<strong>as</strong>pesso<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que o cercam, to<strong>do</strong>s temos a possibilidade de cuidar de outra pessoa, noentanto o enfermeiro faz <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> tema central de sua atividade profissional, com toda aespecificidade que o permeia. A enfermagem compartilha com o ser cuida<strong>do</strong> e seus cuida<strong>do</strong>resemoções, envolvimentos, comprometimentos e responsabilidades. Os i<strong>do</strong>sos recebem atençãoespecial da enfermagem por meio da gerontologia e <strong>do</strong>s conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>tempo so<strong>br</strong>e o processo saúde/<strong>do</strong>ença/cuida<strong>do</strong> e d<strong>as</strong> implicações para o desenvolvimento <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong> digno e efetivo.O cuida<strong>do</strong> gerontológico é desenvolvi<strong>do</strong> de forma interdisciplinar, envolven<strong>do</strong> o seri<strong>do</strong>so num contexto que inclui a família, cuida<strong>do</strong>res informais e rede de apoio. A ênf<strong>as</strong>e napromoção da saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so torna-se imprescindível, <strong>as</strong>sim como o cuida<strong>do</strong> que <strong>as</strong> patologi<strong>as</strong>requerem, de mo<strong>do</strong> que o i<strong>do</strong>so gerencie os cuida<strong>do</strong>s necessários para manter e melhorar aqualidade no seu processo de viver.


39A prática <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagem exige <strong>do</strong>mínio de habilidades econhecimentos, pressupõe relação dialógica <strong>do</strong> profissional com o i<strong>do</strong>so. Requer <strong>do</strong>sprofissionais de enfermagem, uma postura de permanente reflexão e investimentos efetivos,para que a <strong>as</strong>sistência prestada possa responder de forma concreta às necessidades <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so eestreitar <strong>as</strong> relações deste com o profissional. Os <strong>as</strong>pectos <strong>do</strong> contexto social e familiar devemser incluí<strong>do</strong>s, além de primar pelo cuida<strong>do</strong> com atenção individualizada, criativa e empenhadapor soluções realist<strong>as</strong> e viáveis para <strong>as</strong> necessidades diagnosticad<strong>as</strong>.É preciso fornecer atendimento adequa<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> específicogerontológico, alicerça<strong>do</strong> na promoção <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de si <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, valorizan<strong>do</strong> su<strong>as</strong>possibilidades e recursos para o envelhecimento ativo e saudável e merece<strong>do</strong>r de um cuida<strong>do</strong>digno.O cuida<strong>do</strong> digno é um valor, um direito a ser e ter em qualquer idade e muito mais navelhice. O cuida<strong>do</strong> digno é um determinante importante para a velhice com preservação d<strong>as</strong>aúde e da independência física e cognitiva, bem como expectativa de conquistar uma vidafeliz e satisfeita mesmo com os agravos advin<strong>do</strong>s com o processo de envelhecimento.Entende-se que o cuida<strong>do</strong> digno possa ser efetiva<strong>do</strong> na interação i<strong>do</strong>so/profissional, pormeio <strong>do</strong> atendimento respeitoso, <strong>as</strong>seguran<strong>do</strong>-se a privacidade, individualidade, igualdade da<strong>as</strong>sistência à saúde sem preconceitos ou privilégios. O cuida<strong>do</strong> dignoperp<strong>as</strong>sa esta interação individual e sofre influênci<strong>as</strong> <strong>do</strong>s determinantes de saúde dapopulação i<strong>do</strong>sa e deve persistir em conduzir o i<strong>do</strong>so ao exercício da cidadania e <strong>do</strong>s papéissociais desenvolvi<strong>do</strong>s durante sua vida.Na condução para esses caminhos podem-se utilizar os princípios desenvolvi<strong>do</strong>s pelaGeriatria e a Gerontologia, especialidades gême<strong>as</strong>, modern<strong>as</strong> e foram instituíd<strong>as</strong> na metade <strong>do</strong>século XX, com a fundação da Associação Internacional de Gerontologia, coordena<strong>do</strong>ra d<strong>as</strong>sociedades que começavam a se formar, diante <strong>do</strong> aumento considerável de pesso<strong>as</strong> quep<strong>as</strong>savam a atingir idades mais avançad<strong>as</strong> e exigiam um atendimento diferencia<strong>do</strong> (GOMES,1998).Tanto a Gerontologia como a Geriatria a<strong>br</strong>igam profissionais especializa<strong>do</strong>s dedica<strong>do</strong>sao tema da velhice, sen<strong>do</strong> ela entendida como o processo de modificações que ocorre noorganismo humano em relação à duração cronológica, acompanha<strong>do</strong> de alterações decomportamentos e de papéis sociais. Assim, em respeito a essa população, é necessário que seexamine o lugar destina<strong>do</strong> a ela e que representação se faz dela nos diferentes tempos elugares. Também a necessidade de preparar profissionais para melhor <strong>as</strong>sistir a esse grupo depesso<strong>as</strong> é importante. Não obstante, especialist<strong>as</strong> devem trabalhar <strong>as</strong> questões comuns <strong>do</strong>


40envelhecer, que se caracterizam pel<strong>as</strong> alterações biológic<strong>as</strong>, não <strong>as</strong> dissocian<strong>do</strong> d<strong>as</strong>necessidades sociais, psicológic<strong>as</strong> e culturais (FREITAS, 2002).A Gerontologia é considerada a disciplina que estuda o processo de envelhecimentodentro de critérios biológicos de normalidade, e inclui o estu<strong>do</strong> da prevenção <strong>do</strong>envelhecimento patológico. Neste senti<strong>do</strong>, a Gerontologia e a Geriatria trabalham em conjunto.A Geriatria é uma especialidade que estuda a prevenção, o tratamento d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> queacometem <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>, bem como a sua recuperação funcional e reinserção nacomunidade. Os profissionais que cuidam de i<strong>do</strong>sos segun<strong>do</strong> Lenardt et al. (2006, p.118):[...] precisam estar presentes como pesso<strong>as</strong> capazes de saber e fazer ocuida<strong>do</strong> específico <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Do contrário, a capacidade para compreender,responder e se relacionar torna-se limitada. A falta de diálogo e compreensãotem pauta<strong>do</strong> o cotidiano profissional; muit<strong>as</strong> vezes se cuida de i<strong>do</strong>sos com osmesmos conceitos de cuida<strong>do</strong>s para os adultos ou, pior, para <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>.Infelizmente, são esc<strong>as</strong>s<strong>as</strong> <strong>as</strong> instituições de saúde que conseguem atender aopreconiza<strong>do</strong> na Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, motiva<strong>do</strong>s pela falta de recursos financeiros ou dainexistência de uma cultura de cuida<strong>do</strong>s específicos ao i<strong>do</strong>so. Acredita-se que seja preementeiniciar e desenvolver essa cultura de cuida<strong>do</strong>s, para que se engendre na enfermagem reflexõesque possam modificar a realidade vivenciada hoje pelos profissionais que atendem e cuidam<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.Nesse senti<strong>do</strong>, importante p<strong>as</strong>so foi com a Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so em que seencontram registrad<strong>as</strong> determinações so<strong>br</strong>e a garantia da <strong>as</strong>sistência gerontológica,reconhecen<strong>do</strong>-a como uma especialidade a ser incluída no Sistema Único de Saúde (SUS).Como preconiza a Política Nacional de Saúde <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos (PNSI), seria adequada a instalaçãode unidades geriátric<strong>as</strong>, com pessoal especializa<strong>do</strong> e ajustes que favoreçam a instalação deequipamentos para segurança e locomoção <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so hospitaliza<strong>do</strong> (GORDILHO et al., 2000).A Gerontologia é disciplina que se exerce de forma interdisciplinar, e váriosprofissionais podem compor a equipe com o objetivo de melhor <strong>as</strong>sistir ao i<strong>do</strong>so. Dentre osprofissionais da área gerontológica incluem-se os de medicina, enfermagem, nutrição,fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, educação física, <strong>as</strong>sistência social, o<strong>do</strong>ntologia.O cuida<strong>do</strong> gerontológico deve ser desenvolvi<strong>do</strong> com os pressupostos <strong>do</strong>envelhecimento saudável e ativo, e se relaciona com a Enfermagem Gerontológica que écampo de conhecimento da área da saúde que incorpora os conhecimentos específicos emenfermagem, àqueles relaciona<strong>do</strong>s ao processo de envelhecimento, para estabelecer junto aoi<strong>do</strong>so e seu entorno, <strong>as</strong> condições que permitam, entre outr<strong>as</strong>: a<strong>do</strong>ção de condições mais


41saudáveis relacionad<strong>as</strong> ao estilo de vida; à maximização da independência; à minimização ecompensação d<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> e limitações relacionad<strong>as</strong> ao envelhecimento; promoção de confortodurante os momentos de angústia e maior fragilidade na velhice incluin<strong>do</strong> o processo de mortee facilitação <strong>do</strong> diagnóstico e tratamento d<strong>as</strong> condições crônic<strong>as</strong> que ocorrem na velhice(CRESS, 2001).A enfermagem pode atuar na Gerontologia e exercer papel importante como mem<strong>br</strong>o daequipe. Pode-se descrever a enfermagem como “uma área <strong>do</strong> conhecimento que emb<strong>as</strong>a umaprofissão que se dedica a cuidar d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> nos diferentes cenários desta prática: hospitais,ambulatórios, escol<strong>as</strong>, creches, unidades de saúde pública, <strong>do</strong>micílios, indústri<strong>as</strong>, comunidades,dentre tantos outros, o cuida<strong>do</strong> não se restringe às pesso<strong>as</strong> <strong>do</strong>entes” (CALDAS, 2004).A enfermagem pode exercer papéis importantes para o desenvolvimento da geriatria eda gerontologia como <strong>as</strong> atividades de educação, cuida<strong>do</strong> ou <strong>as</strong>sistência direta, <strong>as</strong>sessoria,planejamento e coordenação de serviços, orientação e avaliação dest<strong>as</strong> atividades. Asatividades de <strong>as</strong>sistência referem-se àquel<strong>as</strong> que visam ao atendimento d<strong>as</strong> necessidadesbásic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>, objetivan<strong>do</strong> proteção, promoção, recuperação e reabilitação d<strong>as</strong>aúde, em busca da independência, autonomia e bem estar <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Envolvem ações dediagnóstico, planejamento, gestão, coordenação, supervisão e avaliação da <strong>as</strong>sistência deenfermagem a ele prestada. Algum<strong>as</strong> condições são considerad<strong>as</strong> fatores de risco àhospitalização <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so: idade avançada, multipatologi<strong>as</strong>, processo de <strong>do</strong>ençaprincipal com caráter limitante, transtornos psíquicos <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s, problemática socialrelacionada ao esta<strong>do</strong> de saúde e limitações na realização d<strong>as</strong> atividades da vida diária(BARCELOS et al., 2002).As primeir<strong>as</strong> norm<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong>s geriátricos em enfermagem foram definid<strong>as</strong> em 1970pela Associação Nacional de Enfermeir<strong>as</strong> American<strong>as</strong>, à partir de então surgiu a expressão decuida<strong>do</strong>s gerontológicos, para a seguir se transformar em especialidade (BERGER;MAILLOUX-POURIEX, 1995).Cald<strong>as</strong> ( 2004, p. 408) ressalta que:Embora o méto<strong>do</strong> e <strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> de enfermagem não sejam diferentes para aenfermagem gerontogeriátrica, existe uma especificidade demonstradaatravés <strong>do</strong> conhecimento d<strong>as</strong> teori<strong>as</strong> <strong>do</strong> envelhecimento, <strong>do</strong> processo deenvelhecimento normal e patológico e de to<strong>do</strong> o conjunto de conhecimentosnecessários à prática da gerontologia. Esta especificidade se traduz noscuida<strong>do</strong>s mais diretos junto ao i<strong>do</strong>so e depende de uma acurad<strong>as</strong>ensibilidade, fruto de conhecimentos específicos e treinamento dehabilidades <strong>do</strong> enfermeiro na área.


42A Gerontologia é campo profícuo para a enfermagem atuar na prevenção e promoçãoda saúde, sen<strong>do</strong> crescente <strong>as</strong> publicações de estu<strong>do</strong>s tratan<strong>do</strong> dessa temática nos últimos anos.É certo que os mesmos buscam modificar os rumos <strong>do</strong> envelhecimento no Br<strong>as</strong>il, designan<strong>do</strong>outr<strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> para os i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> futuro com menores índices de a<strong>do</strong>ecimento edebilidades. No entanto é preciso cuidar de maneira apropriada <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos em condições devulnerabilidade, como os hospitaliza<strong>do</strong>s.Um <strong>do</strong>s campos de atuação que merecem especial atenção da enfermagem é ahospitalar. Obviamente existem muitos profissionais de enfermagem inseri<strong>do</strong>s no processo decuidar hospitalar, no entanto, poucos têm conhecimento d<strong>as</strong> questões pertinentes à Geriatria e aGerontologia os <strong>do</strong>s benefícios que estes podem trazer para os i<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s.A atuação da enfermagem com o i<strong>do</strong>so em situação cirúrgica inicia-se na internação,com a realização de exame físico, histórico de enfermagem e prescrição <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s, atuan<strong>do</strong>preventivamente n<strong>as</strong> possíveis complicações. O i<strong>do</strong>so, por se encontrar em um ambientedesconheci<strong>do</strong>, pode se sentir vulnerável, caben<strong>do</strong> ao enfermeiro manter postura de simpatia,acolhimento, transmitir-lhe confiança e manter-se disponível para os questionamentos edúvid<strong>as</strong> que certamente estarão rondan<strong>do</strong> o imaginário <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e de seus familiares. Asorientações a respeito da cirurgia, informações so<strong>br</strong>e o local da incisão, sond<strong>as</strong>, tipo deanestesia e outr<strong>as</strong> que se fizerem pertinentes, fazem com que o i<strong>do</strong>so esteja orienta<strong>do</strong> quantoaos procedimentos e dessa maneira possa colaborar com o tratamento. A atuação <strong>do</strong> enfermeirodeve ser de evitar complicações, para isso torna-se imprescindível conhecer o processo deenvelhecimento biológico para poder distinguir <strong>as</strong> alterações patológic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> normais <strong>do</strong>envelhecimento.Uma abordagem funcionalista, que busca a eficiência e a eficácia <strong>as</strong>sumin<strong>do</strong> atitudesprescritiv<strong>as</strong> trata de um cotidiano impessoal. A organização <strong>do</strong>s serviços de saúde em condut<strong>as</strong>sistematizad<strong>as</strong> podem ser complementad<strong>as</strong> com <strong>as</strong> abordagens que busquem a compreensãoalém da explicação para que a prática esteja bem fundamentada cientificamente (CALDAS,2004).O modelo de cuida<strong>do</strong> em que os profissionais de saúde e da enfermagem se apóiampara desenvolver o seu ofício, vem historicamente sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> para o adulto jovem.Obviamente, <strong>as</strong> divisões relacionad<strong>as</strong> à Pediatria e a Saúde da mulher trouxeram umadiferenciação necessária, m<strong>as</strong> quan<strong>do</strong> a temática é a Gerontologia, a prática cotidiana ainda seencontra insipiente. A Gerontologia pode auxiliar no desenvolvimento <strong>do</strong>s conhecimentosespecíficos ao cuida<strong>do</strong> com os i<strong>do</strong>sos, no senti<strong>do</strong> de dar suporte à equipe para trabalhar com os


43problem<strong>as</strong> característicos da f<strong>as</strong>e da vida que este vivencia tanto no ambiente social, familiar eda comunidade, quanto em situações de hospitalização.Conforme descrito n<strong>as</strong> alterações <strong>do</strong> processo de envelhecimento a maior incidência eprevalência de eventos mórbi<strong>do</strong>s nos i<strong>do</strong>sos resultam em uma demanda relativamente maior<strong>do</strong>s serviços de saúde, com maior número de consult<strong>as</strong>, maior tempo médio de internação, quetêm por conseqüência a exigência de maior e melhor <strong>as</strong>sistência nos cuida<strong>do</strong>s presta<strong>do</strong>s eprincipalmente n<strong>as</strong> orientações de cuida<strong>do</strong>s fornecid<strong>as</strong> pelos profissionais de enfermagem quefrequentemente se configuram n<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong> aprendi<strong>do</strong>s na academia e, portanto,considera<strong>do</strong>s de cunho científico, e isto nos faz refletir e questionar até que ponto essacaracterística d<strong>as</strong> orientações <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s atinge positivamente aos <strong>do</strong>entes (LENARDT etal., 2005).Embora possa parecer que a <strong>as</strong>sistência de enfermagem, em essência, não seja diferentepara <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong>, o conhecimento d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> inerentes dessa f<strong>as</strong>e <strong>do</strong> ciclo vitalimpõe aos profissionais de enfermagem uma atenção especial para intervir de forma adequadae segura, enfatizan<strong>do</strong> ainda que: quanto mais a enfermeira conhecer a respeito <strong>do</strong> seu <strong>paciente</strong>e estar disponível para ele, melhor será a <strong>as</strong>sistência que ela poderá prestar (CAMPEDELLI,1983).No que concerne ao i<strong>do</strong>so em situação hospitalar, necessita-se que a enfermagemgerontológica encontre os caminhos para os campos de atuação de maneira que possacompartilhar com os outros profissionais e mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem conhecimentosque resultem em melhoria <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> presta<strong>do</strong> específico ao i<strong>do</strong>so. Para tanto <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong>provocad<strong>as</strong> pelo processo de envelhecimento nos <strong>as</strong>pectos biológico, social, psicológico e <strong>as</strong>condições de vida peculiares aos i<strong>do</strong>sos no Br<strong>as</strong>il devem ser considerad<strong>as</strong> como relevantes paraque <strong>as</strong> adequações sejam realizad<strong>as</strong> com sucesso.


444 MATERIAIS E MÉTODOApresenta-se a seguir o percurso meto<strong>do</strong>lógico desenvolvi<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> e ocomprometimento referente às questões étic<strong>as</strong>.4.1 TIPO DO ESTUDOTrata-se de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo observacional de natureza qualitativa-quantitativa efetua<strong>do</strong>com da<strong>do</strong>s secundários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s à cirurgia e informações primári<strong>as</strong> fornecid<strong>as</strong>pelos mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem.Os estu<strong>do</strong>s observacionais diferem <strong>do</strong>s experimentais por serem aqueles em que oinvestiga<strong>do</strong>r(a) faz observações so<strong>br</strong>e uma realidade procuran<strong>do</strong> intervir o menos possível n<strong>as</strong>condições naturais n<strong>as</strong> quais se encontra o objeto investiga<strong>do</strong> (BRICEÑO-LEÓN, 2003).A abordagem de natureza quali-quantitativa permite ter du<strong>as</strong> visões so<strong>br</strong>e umfenômeno, propician<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> mais ameno e mais consistente nos seus resulta<strong>do</strong>s. Oimportante neste tipo de estu<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Briceño-León (2003, p. 180-181), não é a pureza <strong>do</strong>méto<strong>do</strong>, m<strong>as</strong> sim a capacidade de dar respost<strong>as</strong> aos objetos da investigação, a capacidade paracompreender um processo social ou o comportamento <strong>do</strong>s indivíduos, a integração <strong>do</strong>sméto<strong>do</strong>s qu<strong>as</strong>e se converte em uma necessidade.Conforme Minayo e Minayo-Gomes (2003, p.133-134) “é inegável que existe umanecessidade visceral de que saúde/<strong>do</strong>ença [...] quan<strong>do</strong> tratad<strong>as</strong> <strong>do</strong> ponto de vista de suacompreensão sejam abordad<strong>as</strong> tanto pela epidemiologia como pel<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais em suavertente qualitativa”. A autora op cit justifica que no fun<strong>do</strong> o que está, freqüentemente emjogo é a pergunta de como conseguir implementar uma atenção à saúde de grupos sociaisespecíficos.Neste estu<strong>do</strong> o possível encontro entre qualitativo e quantitativo mostrou-se necessárioem razão de que está em jogo revelar os cuida<strong>do</strong>s gerontológicos diante d<strong>as</strong> complicaçõescirúrgic<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so.


454.2 ESPAÇO AMOSTRALO estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> no Serviço de Cirurgia Geral de um Hospital de Ensino dacidade de Curitiba - Paraná. Esta unidade faz parte de um hospital de grande porte, comcapacidade para 643 leitos. O hospital realiza atendimentos pelo Sistema Único de Saúde(SUS) qu<strong>as</strong>e que exclusivamente. Em média são efetuad<strong>as</strong> 1.717 internações /mês, a médiade permanência é de 7,28 di<strong>as</strong>; a taxa de ocupação é de 73,70% . Este hospital conta com umtotal de 3.787 funcionários dividi<strong>do</strong>s em 1.001 de nível superior, 1.889 de nível médio e 897de apoio. A unidade de cirurgia geral realiza cirurgi<strong>as</strong> de médio e alto porte e tem capacidadede lotação para 18 leitos. Interna <strong>do</strong>entes adultos e i<strong>do</strong>sos de ambos os sexos somente peloSistema Único de Saúde (SUS) submeti<strong>do</strong>s à cirurgia e/ou que apresentam complicações pósoperatóri<strong>as</strong>de cirurgi<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> na própria unidade ou em outros serviços. A unidadecontava com um número específico de leitos para geriatria até início de 2006, no entanto anecessidade de remanejamento de vag<strong>as</strong> totais para a internação hospitalar excluiu estaespecificidade.A equipe de enfermagem está composta por 3 enfermeir<strong>as</strong>, 6 técnicos e 10 auxiliaresde enfermagem. Fazem parte da equipe de saúde da clínica cirúrgica: médicos <strong>do</strong> hospital,médicos professores e médicos residentes, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, <strong>as</strong>sistentesocial, religiosos <strong>do</strong> serviço de capelania e du<strong>as</strong> secretári<strong>as</strong> que atendem o serviço deinternamento.Por se tratar de Hospital de Ensino, vincula<strong>do</strong> a uma universidade pública, a unidadede clínica cirúrgica recebe freqüentemente discentes estagiários d<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> d<strong>as</strong>aúde, dentre el<strong>as</strong> enfermagem, medicina, psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia,nutrição e de cursos profissionalizantes de auxiliares e técnicos de enfermagem que realizamestágios curriculares supervisiona<strong>do</strong>s e aqueles que desenvolvem estu<strong>do</strong>s investigativos paraconclusões de curso de graduação e pós-graduação.Durante o perío<strong>do</strong> da manhã a unidade é movimentada pela circulação de to<strong>do</strong> essecontingente de profissionais e estudantes, congestionan<strong>do</strong>, por vezes, o acesso às enfermari<strong>as</strong>.Após <strong>as</strong> 13:00 hor<strong>as</strong>, com a retirada <strong>do</strong>s estagiários o perfil da unidade se modifica, diminuisignificativamente o tráfego, permanecem na unidade os funcionários que compõem a equipede enfermagem, a fisioterapeuta, o residente de plantão, <strong>paciente</strong>s interna<strong>do</strong>s e familiaresacompanhantes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.


464.3 POPULAÇÃO E AMOSTRAA população deste estu<strong>do</strong> foi composta por <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos acima de 65 anos, deambos os sexos submeti<strong>do</strong>s a cirurgi<strong>as</strong> no referi<strong>do</strong> hospital, residentes na cidade de Curitiba-Paraná, e os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem que prestam serviço na unidade de cirurgiageral. A amostra foi constituída por 124 prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos segun<strong>do</strong> os critérios deinclusão, e ainda por oito (8) profissionais mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem conforme graude saturação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.A clínica cirúrgica internou 1286 <strong>paciente</strong>s adultos e i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong> de julho de2006 a junho de 2007, 283 (22%) com idade igual ou acima <strong>do</strong>s 65 anos, estes constituíram apopulação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Ressalta-se que nem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> internações culminaram com a realizaçãode procedimentos cirúrgicos. Algum<strong>as</strong> se tratavam de reinternações <strong>do</strong> mesmo <strong>paciente</strong> emmomentos diferentes, para tratamento de agravos relaciona<strong>do</strong>s com a patologia primária,<strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> ou complicações de procedimento cirúrgico em momento anterior.Os registros <strong>do</strong>s prontuários da população de i<strong>do</strong>sos foram submeti<strong>do</strong>s aos seguintescritérios de inclusão no estu<strong>do</strong>:- possuir idade igual ou superior a sessenta e cinco anos, completos até o dia darealização da cirurgia;- ter si<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> à cirurgia no Centro Cirúrgico <strong>do</strong> hospital;- permanecer interna<strong>do</strong> na unidade de cirurgia geral no perío<strong>do</strong> mínimo <strong>do</strong> pósoperatórioimediato;- ter si<strong>do</strong> interna<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de 01 de julho de 2006 a 31 de julho de 2007.Para os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem foram utiliza<strong>do</strong>s os seguintes critérios deinclusão;- ser profissional contrata<strong>do</strong> pelo Hospital de Ensino, para exercer <strong>as</strong> atividades deenfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem;- atuar profissionalmente na unidade cirúrgica há um tempo mínimo de três mesesanterior ao início da coleta d<strong>as</strong> informações;- aceitar a participação voluntária, preencher e <strong>as</strong>sinar o “termo de consentimento livree esclareci<strong>do</strong>”(TECLA);- autorizar a gravação da entrevista em fit<strong>as</strong> k-7.Critérios de exclusão da pesquisa para os profissionais:- expressar voluntariamente, a qualquer momento o desejo de não participar e/ouinterromper sua participação no estu<strong>do</strong>;


47- deixar de atuar profissionalmente na unidade cirúrgica durante o desenvolvimento dacoleta d<strong>as</strong> informações.4.4 PERÍODO AMOSTRAL E COLETA DE DADOSO estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em du<strong>as</strong> etap<strong>as</strong>: uma quantitativa com característic<strong>as</strong> de umestu<strong>do</strong> transversal retrospectivo e a segunda qualitativa descritiva.Estu<strong>do</strong> transversal retrospectivo – Os da<strong>do</strong>s secundários foram coleta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>sregistros de 124 prontuários de i<strong>do</strong>sos de constavam internação no perío<strong>do</strong> amostral de 01 dejulho de 2006 a 31 de junho de 2007. O tempo de coleta perp<strong>as</strong>sou de 01 de junho a 31 deagosto de 2007. Após seleção <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s interna<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> amostral procedeu-se acl<strong>as</strong>sificação e exclusão <strong>do</strong>s internamentos em duplicidade ou cujo desfecho não culminou emprocedimento cirúrgico.Os da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s por meio de instrumento com questões fechad<strong>as</strong> elabora<strong>do</strong>pela própria investiga<strong>do</strong>ra (Apêndice A) e registra<strong>do</strong>s no próprio <strong>do</strong>cumento. Esteinstrumento, conforme sugestão da banca de qualificação <strong>do</strong> projeto, foi submeti<strong>do</strong> àavaliação de três enfermeiros especialist<strong>as</strong> com atuação em clínica cirúrgica, que orientarammodificações no instrumento para <strong>as</strong> questões relacionad<strong>as</strong> ao perío<strong>do</strong> pré-operatório e intraoperatório.As sugestões foram acatad<strong>as</strong> e deram origem ao instrumento oficial, com o qualfoi aplica<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> piloto. A testagem apontou necessidade de readaptação <strong>do</strong> instrumentopara a versão com questões fechad<strong>as</strong> e inclusão de nov<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> de complicaçõescirúrgic<strong>as</strong>.O processo de busca de informações no prontuário foi minucioso e obedeceu àseqüência estabelecida pelo instrumento de coleta de da<strong>do</strong>s. Portanto a avaliação pré-cirúrgicaambulatorial, exames complementares que confirm<strong>as</strong>sem o diagnóstico, exames clínicos pré epós-cirúrgicos, ficha de registro <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> intra-operatório, ficha de avaliação anestésica,resumo de alta ou óbito hospitalar e outros constituíram-se em material para a busca da coletade da<strong>do</strong>s.As complicações cirúrgic<strong>as</strong> foram cl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> pelos eventos que <strong>as</strong> caracterizavamconforme preconiza a literatura so<strong>br</strong>e o tema. Estes eventos foram constituí<strong>do</strong>s de sinais esintom<strong>as</strong> registra<strong>do</strong>s nos prontuários pela equipe de saúde. Para tanto utilizou-se registros daequipe médica, fisioterapia, nutrição sen<strong>do</strong> a maior fonte de informações os registros daequipe de enfermagem e da evolução médica.


48Estu<strong>do</strong> qualitativo descritivo – Para coleta de informações foi utilizada a observaçãoparticipante e a entrevista. Durante a descrição <strong>do</strong> cenário da unidade de cirurgia geral, foiempregada a técnica de observação participante segun<strong>do</strong> Spradley (1980). O autor sugere quese realize um perío<strong>do</strong> de pré-observação, dedica<strong>do</strong> a alicerçar previamente a observaçãoparticipante; depois que se realizem observações gerais por meio de um grand tour pelocenário <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> com objetivo de descrever <strong>as</strong> principais característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> cenário. Nestegrand tour foram observad<strong>as</strong> <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> físic<strong>as</strong> da unidade no que diz respeito àsrotin<strong>as</strong> de admissão e alta <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s no internamento; <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> espaço físico einfra-estrutura disponível, processo de trabalho, funcionamento administrativo e <strong>as</strong> rotin<strong>as</strong> daunidade cirúrgica.As informações foram registrad<strong>as</strong> em bloco de not<strong>as</strong> <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r. Essa etapa foiimportante para identificar os recursos físicos e humanos disponíveis e o trabalho daenfermagem na unidade cirúrgica. O perío<strong>do</strong> de coleta da observação participante foi de 01junho a 11 de outu<strong>br</strong>o de 2007.As entrevist<strong>as</strong> junto aos profissionais de enfermagem foram realizad<strong>as</strong> em perío<strong>do</strong>posterior à coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s quantitativos, quan<strong>do</strong> <strong>as</strong> análises preliminares já evidenciavam <strong>as</strong>principais complicações cirúrgic<strong>as</strong>, incidênci<strong>as</strong> e característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de enfermagem.Est<strong>as</strong> informações orientaram a formulação <strong>do</strong> roteiro de entrevista com os mem<strong>br</strong>os daequipe de enfermagem (APÊNDICE B). Em termos numéricos oito (8) entrevist<strong>as</strong> foramconstituíd<strong>as</strong> a partir <strong>do</strong> momento que houve saturação d<strong>as</strong> informações, ou seja, repetição n<strong>as</strong>respost<strong>as</strong> aos questionamentos. As entrevist<strong>as</strong> ocorreram individualmente em local reserva<strong>do</strong>para preservação da identidade <strong>do</strong>s participantes.4.5 ANÁLISE DOS DADOS/INFORMAÇÕESOs da<strong>do</strong>s origina<strong>do</strong>s da pesquisa quantitativa referentes aos prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>soshospitaliza<strong>do</strong>s foram organiza<strong>do</strong>s em um banco de da<strong>do</strong>s com o auxílio <strong>do</strong> programa EXCELL.Após conferência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, foi efetuada codificação <strong>do</strong> banco para versão compatível àutilização <strong>do</strong> programa Epi-Info versão 6.04 que auxiliou no processamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s conformeestatística de distribuição d<strong>as</strong> freqüênci<strong>as</strong> absolut<strong>as</strong> e relativ<strong>as</strong> e análises bivariad<strong>as</strong>. Os da<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s foram agrupa<strong>do</strong>s em categori<strong>as</strong>: caracterização <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e <strong>as</strong> relaçõescom <strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong>; característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros da cirurgia e <strong>do</strong>s fatores derisco <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s às complicações e óbito; característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros d<strong>as</strong> complicaçõescirúrgic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong> pós- operatório.


49Os resulta<strong>do</strong>s foram apresenta<strong>do</strong>s em quadros, tabel<strong>as</strong> e gráficos.As análises qualitativ<strong>as</strong> d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem,foram efetuad<strong>as</strong> de acor<strong>do</strong> com a técnica <strong>do</strong> “Discurso <strong>do</strong> Sujeito Coletivo” de Lefèvre eLefèvre (2003).Na sua essência, a técnica incide em analisar <strong>as</strong> informações verbais coletad<strong>as</strong>,extrain<strong>do</strong>-se <strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> centrais e/ou ancoragens e su<strong>as</strong> correspondentes expressões-chaves.Para Lefèvre e Lefèvre (2003, p. 16):O Sujeito Coletivo se expressa através de um discurso emiti<strong>do</strong> no que sepoderia chamar de primeira pessoa (coletiva) <strong>do</strong> singular. Trata-se de um eusintático que, ao mesmo tempo em que sinaliza a presença de um sujeitoindividual <strong>do</strong> discurso expressa uma referência coletiva na medida em queesse eu fala em nome de uma coletividade. Esse discurso coletivo expressaum sujeito coletivo, que viabiliza um pensamento social.As figur<strong>as</strong> meto<strong>do</strong>lógic<strong>as</strong> constitutiv<strong>as</strong> da proposta <strong>do</strong> discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoincluem: expressão-chave, idéia central, e o discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo.A expressão-chave é a transcrição literal de trechos ou segmentos, contínuos oudescontínuos <strong>do</strong> discurso, que permitem o resgate <strong>do</strong> essencial <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> discursivo. Aidéia central é um nome ou expressão lingüística que traduz o essencial <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>discursivo explicita<strong>do</strong> pelos sujeitos (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003).O discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo é a reunião em um discurso-síntese d<strong>as</strong> expressõeschaveque manifestam a mesma idéia central, de mo<strong>do</strong> que os discursos <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os daequipe de enfermagem foram dissolvi<strong>do</strong>s, para depois se incorporarem num ou em váriosdiscursos coletivos que expressam a representação social acerca de um determina<strong>do</strong> tema dacoletividade a que pertencem.Os discursos da equipe de enfermagem foram submeti<strong>do</strong>s a uma análise de conteú<strong>do</strong>que se iniciou pela decomposição desses n<strong>as</strong> principais idéi<strong>as</strong> centrais presentes em cada umindividualmente e em to<strong>do</strong>s reuni<strong>do</strong>s, seguin<strong>do</strong>-se a uma síntese que visa à reconstituiçãodiscursiva da representação social. Os p<strong>as</strong>sos para obter o DSC, após a transcrição literal d<strong>as</strong>entrevist<strong>as</strong>, foram apresenta<strong>do</strong>s por Lefèvre e Lefèvre (2003):a) leitura <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s depoimentos coleta<strong>do</strong>s em cada entrevista junto ao profissional.b) releitura d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, responden<strong>do</strong> a cada pergunta em particular, marcan<strong>do</strong> <strong>as</strong>expressões-chave selecionad<strong>as</strong>.c) identificação d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> centrais de cada resposta <strong>do</strong>s participantes.d) análise de tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> expressões-chave e idéi<strong>as</strong> centrais, agrupan<strong>do</strong> <strong>as</strong> semelhantes emconjuntos homogêneos.


50e) identificação e nomeação da idéia central <strong>do</strong> conjunto homogêneo.f) construção <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong> sujeito coletivo, relativos a cada pergunta feita aosprofissionais.As informações que emergiram da observação participante foram agrupad<strong>as</strong> em umdiscurso único, manifesta<strong>do</strong> na linguagem descritiva, <strong>do</strong> qual se extraiu <strong>as</strong> informações demaior relevância para o estu<strong>do</strong> e exposição <strong>do</strong> cenário da clínica cirúrgica.4.6 ASPECTOS ÉTICOSOs <strong>as</strong>pectos éticos foram respeita<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os momentos deste estu<strong>do</strong>: naelaboração <strong>do</strong> projeto; apresentação à Banca de Qualificação; encaminhamento ao Comitê deÉtica <strong>do</strong> Setor de Ciênci<strong>as</strong> da Saúde; apresentação <strong>do</strong> projeto para aprovação na unidade declínica cirúrgica <strong>do</strong> hospital de ensino; seleção <strong>do</strong>s participantes da equipe de enfermagem edurante a coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong>.Inicialmente o projeto foi submeti<strong>do</strong> à Banca de Qualificação em a<strong>br</strong>il de 2007 e <strong>as</strong>correções sugerid<strong>as</strong> foram realizad<strong>as</strong>. Em seguida, foi encaminha<strong>do</strong> ao Comitê de Ética daUniversidade Federal <strong>do</strong> Paraná de acor<strong>do</strong> com o consentimento da unidade de clínicacirúrgica, local escolhi<strong>do</strong> para o desenvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. O projeto foi aprova<strong>do</strong> em 23 demaio de 2007 sob o registro CEP/SD 349.029.07.04 e CAAE 0016.0.091.000-07.Foi solicitada autorização para consulta aos prontuários ao chefe da cirurgia geral e aodiretor clínico <strong>do</strong> hospital. Os prontuários foram consulta<strong>do</strong>s em local disponibiliza<strong>do</strong> pelosetor de registros <strong>do</strong> hospital.Foram respeita<strong>do</strong>s os preceitos éticos de participação voluntária e consentida segun<strong>do</strong>Resolução 196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde <strong>do</strong> Ministério da Saúde e <strong>as</strong>segura<strong>do</strong>ssigilo e anonimato da instituição e <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, conforme artigo 35 daresolução citada. Antes de iniciar o estu<strong>do</strong> os profissionais de enfermagem foram esclareci<strong>do</strong>sa respeito <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e também <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para a coleta d<strong>as</strong>informações. Além destes requisitos os participantes foram informa<strong>do</strong>s da garantia <strong>do</strong> direitode desistirem de participar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> em qualquer momento, além <strong>do</strong> sigilo d<strong>as</strong> informaçõescoletad<strong>as</strong> e <strong>do</strong> completo anonimato. Foram igualmente esclareci<strong>do</strong>s que a não participação ouaban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> não acarretaria nenhum prejuízo ou repreensão aos profissionais deenfermagem.Aos profissionais que aceitaram participar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi apresenta<strong>do</strong> o Termo deConsentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong> (TECLA), (ANEXO A) e após leitura procedeu-se


51esclarecimento d<strong>as</strong> dúvid<strong>as</strong> e solicitação da permissão para gravação d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, quesomente foram realizad<strong>as</strong> após <strong>as</strong>sinatura <strong>do</strong> TECLA.Durante o perío<strong>do</strong> de realização da pesquisa tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> informações coletad<strong>as</strong> foramarmazenad<strong>as</strong> em fichários próprios e individuais que ficaram sob responsabilidade dapesquisa<strong>do</strong>ra.


525 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕESApresentam-se neste item os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com <strong>as</strong> du<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> da pesquisa:Primeira quantitativa, retrospectiva transversal com da<strong>do</strong>s secundários <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong>sprontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e posteriormente <strong>as</strong> informações obtid<strong>as</strong> na segunda etapa da pesquisacom característica qualitativa descritiva com os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem.Inicialmente serão relatad<strong>as</strong> <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> contexto da unidade cirúrgica resultantes datécnica da observação participante conforme Spradley (1980).Posteriormente será realizada exposição <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s seguid<strong>as</strong> d<strong>as</strong> discussõespertinentes, relacionad<strong>as</strong> às característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s 124 i<strong>do</strong>sosinvestiga<strong>do</strong>s. Os fatores de risco são relaciona<strong>do</strong>s às complicações pós-operatóri<strong>as</strong> e aos tiposde complicações de maior freqüência. Apresenta-se ao final uma <strong>br</strong>eve síntese da primeiraetapa da pesquisa.Abordam-se a seguir, os resulta<strong>do</strong>s da segunda etapa da pesquisa, concernente aosda<strong>do</strong>s qualitativos referente às entrevist<strong>as</strong> com os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem.Apresentam-se os discursos individuais segui<strong>do</strong>s da construção <strong>do</strong> discurso <strong>do</strong> sujeito coletivosegui<strong>do</strong>s de discussão. Ao final elaborou-se uma síntese com os principais acha<strong>do</strong>s da pesquisaqualitativa descritiva.


535.1 CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO DA UNIDADE CIRÚRGICAApós apresentação da pesquisa<strong>do</strong>ra como responsável e <strong>do</strong>s objetivos delinea<strong>do</strong>s noestu<strong>do</strong> foi efetivada a entrada em campo para observação <strong>do</strong> funcionamento da unidade. Oserviço de cirurgia geral fica localiza-se no 8º. andar de um hospital de ensino da cidade deCuritiba. A estrutura física está distribuída em três enfermari<strong>as</strong> m<strong>as</strong>culin<strong>as</strong> e três feminin<strong>as</strong>,conforme a demanda <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s essa distribuição é remanejada. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> enfermari<strong>as</strong>contam com banheiros, recentemente reforma<strong>do</strong>s para facilitar a acessibilidade <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s,principalmente daqueles que necessitam de cadeir<strong>as</strong> de rod<strong>as</strong> ao realizar a higiene corporal.Até mea<strong>do</strong>s de 2006 a unidade disponibilizava 23 leitos para internação, estes foram reduzi<strong>do</strong>spara 18 no final de 2006 e no início de 2007 restritos a 16 leitos, mesmo <strong>as</strong>sim nem to<strong>do</strong>s osleitos se mantêm ocupa<strong>do</strong>s, em razão de problem<strong>as</strong> com a equipe de enfermagem que seencontra em número reduzi<strong>do</strong>. Alguns funcionários estão af<strong>as</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho por problem<strong>as</strong>de saúde. A realidade desta unidade é semelhante a de outr<strong>as</strong> que pertencem à instituiçõespúblic<strong>as</strong>, dependentes de concursos públicos para realizarem contratações de funcionários.Du<strong>as</strong> d<strong>as</strong> 16 enfermari<strong>as</strong> são reservad<strong>as</strong> para <strong>paciente</strong>s debilita<strong>do</strong>s ou para aqueles quenecessitem ficar em isolamento de contato. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> enfermari<strong>as</strong> são equipad<strong>as</strong> com pontos defornecimento de oxigênio, ar comprimi<strong>do</strong> e vácuo. Na unidade, uma d<strong>as</strong> sal<strong>as</strong> é destinada aovestiário <strong>do</strong>s funcionários dispon<strong>do</strong> de armários individuais para acomodação <strong>do</strong>s pertencespessoais; outra sala é destinada para acomodação da roupa hospitalar e serve também dealmoxarifa<strong>do</strong> onde são acondiciona<strong>do</strong>s fr<strong>as</strong>cos de soro, antissépticos, bomb<strong>as</strong> de infusão,sond<strong>as</strong>, sering<strong>as</strong>, equipos e acessórios para ostomi<strong>as</strong>. A planta física dispõe de sanitárioexclusivo para funcionários, de expurgo e de sala de curativos onde também são armazena<strong>do</strong>smaterial estéril para curativos, maca para procedimentos e balança.O posto de enfermagem fica localiza<strong>do</strong> na parte central da unidade no qual se encontrao quadro com o agendamento d<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong>, <strong>as</strong> papelet<strong>as</strong> com <strong>as</strong> prescrições médic<strong>as</strong> eanotações de enfermagem e o telefone. Neste local se encontra a bancada para preparação damedicação <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s e <strong>as</strong> gavet<strong>as</strong> com a dispensação da medicação diária identificada por<strong>paciente</strong>; também é no posto de enfermagem que se encontra o carrinho de emergência.A equipe de enfermagem está composta por dezenove funcionários sen<strong>do</strong> trêsenfermeir<strong>as</strong>, quatro técnicos de enfermagem e dez auxiliares. Os funcionários são contrata<strong>do</strong>sem regime de trinta hor<strong>as</strong> semanais que cumprem prestan<strong>do</strong> seis hor<strong>as</strong> de trabalho diários. Osfuncionários da noite trabalham em regime de <strong>do</strong>ze hor<strong>as</strong> de trabalho para quarenta e oito defolga. Para <strong>as</strong> enfermeir<strong>as</strong> que contam com um número limita<strong>do</strong> de funcionários é um


54problema diário organizar <strong>as</strong> du<strong>as</strong> folg<strong>as</strong> semanais <strong>do</strong>s funcionários <strong>do</strong>s turnos da manhã e datarde. Outra questão não menor é organizar a escala de folg<strong>as</strong> da equipe da noite que trabalhaem di<strong>as</strong> alterna<strong>do</strong>s e como conseqüência disto é necessário elaborar três equipes diferentes parao plantão noturno.Para os procedimentos de internação <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s é realiza<strong>do</strong> agendamento prévio noconcernente <strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> eletiv<strong>as</strong>. Em cirurgi<strong>as</strong> de emergência, após avaliação médica ésolicitada a vaga na unidade de cirurgia. O contato é realiza<strong>do</strong> junto a enfermeira da unidade,inicialmente por telefone que já solicita algum<strong>as</strong> informações so<strong>br</strong>e o <strong>paciente</strong> como idade,sexo e grau de dependência. Est<strong>as</strong> informações auxiliam na definição da enfermaria e <strong>do</strong> leitoem que o <strong>paciente</strong> será aloca<strong>do</strong>.A p<strong>as</strong>sagem de plantão da equipe de enfermagem é realizada, seguidamente sem apresença de to<strong>do</strong>s os mem<strong>br</strong>os da equipe, apen<strong>as</strong> um <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os fica encarrega<strong>do</strong> dereceber/ou p<strong>as</strong>sar <strong>as</strong> atividades realizad<strong>as</strong> e ocorrênci<strong>as</strong> <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s no perío<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>.O trabalho da enfermagem é estrutura<strong>do</strong> de maneir<strong>as</strong> diferentes nos turnos da manhã,tarde e noite. Os funcionários <strong>do</strong> turno diário dividem <strong>as</strong> taref<strong>as</strong> conforme escala de atividades.Com freqüência um <strong>do</strong>s funcionários fica responsável por separar, preparar e administrar amedicação de to<strong>do</strong>s os <strong>paciente</strong>s; outro por anotar o débito de sond<strong>as</strong> e drenos <strong>as</strong>sim como derealizar os procedimentos pertinentes; e ainda outros funcionários se dividem nos cuida<strong>do</strong>sdiretos com os <strong>paciente</strong>s como banho, alimentação, curativos e outros. Os funcionários relatamque estão habitua<strong>do</strong>s a realizar os cuida<strong>do</strong>s dessa maneira, ou seja, não realizam cuida<strong>do</strong>sintegrais, que já faz parte <strong>do</strong>s hábitos cultiva<strong>do</strong>s de longa data na unidade. As enfermeir<strong>as</strong>relatam esforços em modificar essa rotina para cuida<strong>do</strong>s integrais, no entanto sem sucesso,devi<strong>do</strong> a resistência manifestada pelos mem<strong>br</strong>os da equipe. Alguns deles são funcionários daunidade há mais de 20 anos.Os funcionários da enfermagem <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> noturno noite trabalham <strong>as</strong>sumin<strong>do</strong> oscuida<strong>do</strong>s integrais com os <strong>paciente</strong>s, ou seja, realizam tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> atividades relacionad<strong>as</strong> aos<strong>paciente</strong>s que estão sob sua responsabilidade.As enfermeir<strong>as</strong> se dividem entre <strong>as</strong> atividades <strong>as</strong>sistenciais e <strong>as</strong> administrativ<strong>as</strong>.Algum<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> que fazem parte <strong>do</strong> processo de enfermagem não são realizad<strong>as</strong>. Asprescrições de enfermagem são efetuad<strong>as</strong>, por meio <strong>do</strong> sistema de informação <strong>do</strong> hospital quepermite apen<strong>as</strong> prescrições padronizad<strong>as</strong>. Os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem são coloca<strong>do</strong>s emprática realiza<strong>do</strong>s por meio de procedimentos rotineiros sem distinção entre pesso<strong>as</strong> adult<strong>as</strong> ei<strong>do</strong>s<strong>as</strong>.


555.2 CARACTERIZAÇÃO DOS REGISTROS DOS IDOSOS DA PESQUISAQUANTITATIVAOs da<strong>do</strong>s origina<strong>do</strong>s desta etapa da pesquisa são apresenta<strong>do</strong>s em gráficos, tabel<strong>as</strong> equadros segui<strong>do</strong>s pela discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.5.2.1 Caracterização <strong>do</strong>s registros <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos e <strong>as</strong> relações com <strong>as</strong> complicaçõescirúrgic<strong>as</strong>Apresenta-se a seguir os resulta<strong>do</strong>s d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos relacionad<strong>as</strong> àsidentidades, hábitos de vida, <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> e exames laboratoriais. Coloca-se adianteaquel<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> aos fatores de risco cirúrgico e <strong>as</strong> relações destes com <strong>as</strong> complicaçõesevidenciad<strong>as</strong> e óbitos.


56TABELA 01 – Distribuição d<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> individuais <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos: idade, sexo, raça,situação laboral e esta<strong>do</strong> civil e <strong>as</strong>sociação com a incidência de complicações. Curitiba,2007.CARACTERÍSTICASCOMPLICAÇÕESTOTALNãoSimn % n % n %Idade 65 a 69 16 35,5 29 64,4 45 36,370 a 74 20 42,5 27 57,4 47 37,975 a 79 2 9,52 19 90,4 21 16,9≥ 80 2 18,1 9 81,8 11 8,9SexoRaçaSituaçãoLaboralEsta<strong>do</strong>CivilM<strong>as</strong>culino 21 31,8 45 68,1 66 53,2Feminino 19 32,7 39 67,2 58 46,8Branco 39 33,6 77 66,6 116 93,5Negro 1 16,6 5 83,4 6 4,8Outra 0 0,00 2 100 2 1,7Aposenta<strong>do</strong>/Pensionista 27 32,2 57 67,8 84 67,7Em Atividade 13 32,5 27 67,5 40 32,3C<strong>as</strong>a<strong>do</strong> 23 33,8 45 66,2 68 54,8Solteiro 4 33,3 8 67,7 12 9,7Viúvo 8 23,5 26 76,5 34 27,4Divorcia<strong>do</strong>/Outro 5 50,0 5 50,0 10 8,1TOTAL 40 - 84 - 124 100,00Aponta-se na tabela 1 que <strong>do</strong>s 124 i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s à cirurgia, 92 (74,2%) perfaziama faixa etária de 65 a 74 anos. Consideran<strong>do</strong>-se a idade como fator de risco para complicações,o intervalo de 75 a 79 anos (90,48%) e os da faixa etária de 80 anos ou mais (81,82%)apresentaram maiores complicações gerais compara<strong>do</strong>s aos grupos de menor idade. Destaca-seque os i<strong>do</strong>sos de 65 a 69 mostravam-se com maiores índices de complicações gerais (64,4%)relaciona<strong>do</strong>s a faixa etária seguinte de 70 a 74 anos perfazen<strong>do</strong> 57,4%. Este fato corrobora <strong>as</strong>tendênci<strong>as</strong> em não se considerar a idade isoladamente como fator de risco em cirurgi<strong>as</strong>.Ao avaliar fatores de risco, é necessário considerar <strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong>, funcionais<strong>do</strong>enç<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Men<strong>do</strong>za (2006, p. 56) ao avaliar <strong>as</strong>complicações em i<strong>do</strong>sos de 70 a 79 anos submeti<strong>do</strong>s a procedimentos cirúrgicos atribuiu aosavanços tecnológicos o aumento de cirurgi<strong>as</strong> em <strong>paciente</strong>s desta faixa etária que embora de


57maiores complexidade clínica, vêm sen<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a procedimentos cirúrgicos com sucessocompara<strong>do</strong> com décad<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sad<strong>as</strong>. Esses da<strong>do</strong>s são similares aos encontra<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>s deoutros autores tais como: Kojima e Narita (2006); Nguyen, Rivers e Wolfe (2003); Pessaux etal. (2000) e Nishida et al. (2000).O sexo m<strong>as</strong>culino foi pre<strong>do</strong>minante, 66 (53,2%) homens e <strong>as</strong> mulheres somaram 58(46,8%) <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>s. Diante d<strong>as</strong> complicações gerais os homens obtiverampercentual discretamente maior se compara<strong>do</strong> às mulheres, respectivamente 68,1% e 67,2%.Os estu<strong>do</strong>s de Kojima e Narita apud Men<strong>do</strong>za (2006) relacionam o sexo m<strong>as</strong>culinocomo risco para cirurgia ab<strong>do</strong>minal, devi<strong>do</strong> às alterações hidroeletrolític<strong>as</strong>, de temperatura edepressão ventilatória, elevan<strong>do</strong> o risco <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> apresentar complicações hemodinâmic<strong>as</strong> epulmonares no perío<strong>do</strong> de recuperação anestésica.Foram os i<strong>do</strong>sos de raça <strong>br</strong>anca 116 (93,5%) que mais se submeteram a cirurgia, negros6 (4,8%) e outr<strong>as</strong> raç<strong>as</strong> 2 (1,7%), entretanto é característic<strong>as</strong> da população curitibana, que suapopulação seja pre<strong>do</strong>minantemente de <strong>br</strong>ancos, pois a colonização da cidade ocorreuprincipalmente por imigrantes europeus, alemães, italianos, poloneses, ucranianos. A reduziidaamostra de negros e outr<strong>as</strong> raç<strong>as</strong> no estu<strong>do</strong> apresentaram respectivamente 100% e 66,3% decomplicações pós-operatóri<strong>as</strong>. O quantitativo relaciona<strong>do</strong> à raça negra e outr<strong>as</strong> é insuficientepara apresentar qualquer comentário.Quanto à atividade laboral a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos 84 (67,7%) declararam-se aposenta<strong>do</strong>se pensionist<strong>as</strong> e 40 (32,3%) deles em atividade laboral incluin<strong>do</strong> <strong>as</strong> mulheres “<strong>do</strong> lar”.Verifica-se nos da<strong>do</strong>s referentes às complicações no perío<strong>do</strong> pós-operatório que não houvediferença entre os <strong>do</strong>is grupos, com percentuais muito próximos para pensionist<strong>as</strong> 67,8% e ematividade laboral 67,5%.Segun<strong>do</strong> WHO (2005) os i<strong>do</strong>sos que vivem em países menos desenvolvi<strong>do</strong>s tendem <strong>as</strong>e manter economicamente ativos na velhice motiva<strong>do</strong>s pela necessidade econômica.Considera também que o merca<strong>do</strong> de trabalho não atribui valor adequa<strong>do</strong> à contribuição <strong>do</strong>si<strong>do</strong>sos em setores informais, como <strong>as</strong> atividades autônom<strong>as</strong>, serviço <strong>do</strong>méstico e ao trabalhonão-remunera<strong>do</strong> em c<strong>as</strong>a.Dos i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s 68 (54,8%) declararam-se c<strong>as</strong>a<strong>do</strong>s, o que contribui para amanutenção da independência. Declararam-se solteiros 12 (9,7%), 34 (27,4%) viúvos e 10(8,1%) divorcia<strong>do</strong>s ou manten<strong>do</strong> outro tipo de relação. O grupo de viúvos apresentarammaiores incidênci<strong>as</strong> de complicações, perfazen<strong>do</strong> 76,5%. Ter um companheiro para partilhar avida e a velhice é motiva<strong>do</strong>r e estimula a prática d<strong>as</strong> ações <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de si. Muitos i<strong>do</strong>sosquan<strong>do</strong> perdem o cônjuge e enfrentam a viuvez, se vêem o<strong>br</strong>iga<strong>do</strong>s a residir com os filhos


58aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> sua moradia. Constata-se em di<strong>as</strong> atuais que os filhos estão transferin<strong>do</strong>residência para a c<strong>as</strong>a <strong>do</strong>s pais, em razão de dificuldades financeir<strong>as</strong> mais sever<strong>as</strong> que a <strong>do</strong>spróprios pais.TABELA 2: Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos por hábitos de vida: tabagismo, etilismo edrogadição e a ocorrência de complicações. Curitiba, 2007.HÁBITOS DE VIDACOMPLICAÇÕESTOTALNãoSimn % n % n %Tabagismo Tabagist<strong>as</strong> 17 29,4 41 70,6 58 46,8Não Tabagist<strong>as</strong> 23 34,9 43 65,1 66 53,2Elitismo Elitist<strong>as</strong> 6 18,0 26 81,0 32 25,8Não Elitist<strong>as</strong> 34 37,0 58 63,0 92 74,2Drogadição Não drogaditos - - - - 124 100,00TOTAL 40 - 84 - 124 100,00Verifica-se na tabela 2 que 58 (46,8%) i<strong>do</strong>sos declararam-se fumantes por algumperío<strong>do</strong> de su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong>, ten<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> o vício há alguns anos ou permanecen<strong>do</strong> até arealização da cirurgia; 66 (53,2%) declararam nunca terem si<strong>do</strong> fumantes. Quanto ao etilismo,32 (25,8%) de i<strong>do</strong>sos declararam-se consumi<strong>do</strong>res freqüentes de bebida alcoólica por longoperío<strong>do</strong> de su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong> e alguns relataram ter aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> o hábito, enquanto que outrospermaneceram até a realização da cirurgia; 92 (74,2%) afirmaram nunca terem si<strong>do</strong> etilist<strong>as</strong>;<strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>s nenhum declarou-se drogadito. Despertou a atenção o alto número detabagist<strong>as</strong> e etilist<strong>as</strong> no grupo de i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s, justifican<strong>do</strong> a preocupação <strong>do</strong>s serviçosde saúde em abordar o <strong>as</strong>sunto com seriedade visto a relação deste com os agravos de saúde dapopulação em geral, especificamente nos i<strong>do</strong>sos.O tabagismo é considera<strong>do</strong> pela Organização Mundial de Saúde como o fator de riscoevitável mais importante para morbidade e mortalidade. Estima-se que apesar da divulgaçãocontínua so<strong>br</strong>e os malefícios que o cigarro provoca, 1/5 da população mundial seja compostapor fumantes e que 100 mil mortes/ano estejam diretamente relacionad<strong>as</strong> ao consumo <strong>do</strong>tabaco (OMS, 2005)..Consideran<strong>do</strong> o tabagismo e o etilismo como fatores de risco cirúrgico, apresenta-se natabela 2 a maior ocorrência de complicações nos tabagist<strong>as</strong> (70,6%), se compara<strong>do</strong>s aos não


60TABELA 3: Distribuição <strong>do</strong> número de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> adquirid<strong>as</strong>. Curitiba, 2007.DOENÇAS CRÔNICASTOTALn* %Hipertensão arterial sistêmica 77 35,6Diabetes melito 29 13,4Cardiopati<strong>as</strong> 28 13,0DPOC 22 10,2Neopl<strong>as</strong>i<strong>as</strong> 22 10,2Demência 3 1,4Outra <strong>do</strong>ença crônica 35 16,2Total 216 100Média por <strong>paciente</strong> 1,74*O percentual foi distribuí<strong>do</strong> pelo total de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> registrad<strong>as</strong> = 216Evidencia-se na tabela 3 que a <strong>do</strong>ença crônica de maior prevalência identificada foihipertensão arterial sistêmica, encontrada em 77 i<strong>do</strong>sos. Consideran<strong>do</strong> a amostra <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> (124), encontra-se uma incidência de 62%, que são da<strong>do</strong>s próximos aos de CarvalhoFilho (2005, p. 637) ao relatar a freqüência de 60% de hipertensão arterial sistêmica emindivíduos com mais de 65 anos de idade. Sabe-se que essa é <strong>do</strong>ença crônica que maisacomete a população adulta e i<strong>do</strong>sa mundialmente, poden<strong>do</strong> ser considerada uma “epidemia”.O diabetes melito foi identifica<strong>do</strong> em 29 i<strong>do</strong>sos; a <strong>do</strong>ença pulmonar obstrutiva crônica(DPOC), <strong>as</strong> cardiopati<strong>as</strong> e <strong>as</strong> neopl<strong>as</strong>i<strong>as</strong> foram diagnosticad<strong>as</strong> em 22 (10,2%) i<strong>do</strong>sos para cadapatologia; ainda 35 (16,2%) apresentavam outr<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> dentre <strong>as</strong> quais incluíam-seo hipotireoidismo, depressão e síndrome de pânico, obesidade mórbida dentre outr<strong>as</strong> commenor incidência. As <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> em i<strong>do</strong>sos são fatores de risco para a realização decirurgi<strong>as</strong>, portanto o diagnóstico, tratamento e estabilização <strong>do</strong> quadro clínico são relevantespara prevenção de complicações em to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> perioperatório.A redução de custos e de sofrimentos preconiza<strong>do</strong>s pelo cuida<strong>do</strong> gerontológico, naconstrução <strong>do</strong> envelhecimento pauta<strong>do</strong> em atitudes saudáveis e adquirid<strong>as</strong> durante o curso devida, pode ser o caminho para se chegar a velhice com o menor número possível decomorbidades e ônus menores aos serviços públicos de saúde.Para o i<strong>do</strong>so em situação cirúrgica Black e Mat<strong>as</strong>sarin-Jacobs (1996) ressalta que odiabetes melito predispõe à infecção, à cicatrização tecidual deficiente e a variações daglicemia, mais profund<strong>as</strong> que o habitual. As complicações cardiov<strong>as</strong>culares e renais igualmente


61aumentam o risco cirúrgico <strong>do</strong> cliente com diabetes; <strong>paciente</strong>s com o diabetes controla<strong>do</strong> têmpropensão a responder melhor a cirurgia.As neopl<strong>as</strong>i<strong>as</strong> apareceram como a quarta <strong>do</strong>ença crônica de maior freqüência nosi<strong>do</strong>sos pesquisa<strong>do</strong>s. Conforme Men<strong>do</strong>nça e Teixeira (1995), no Br<strong>as</strong>il, o câncer é a segundacausa de morte por <strong>do</strong>ença, só supera<strong>do</strong> pel<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> cardiov<strong>as</strong>culares. Fatores como aurbanização, a industrialização e o aumento da expectativa de vida, contribuem para oaparecimento de um maior número de c<strong>as</strong>os de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, entre el<strong>as</strong> o câncer. Ele atingepre<strong>do</strong>minantemente indivíduos de faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong> mais i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> e torna-se um sério problema desaúde para este estrato da população. Acima <strong>do</strong>s 50 anos de idade, a incidência de câncer émais elevada entre <strong>as</strong> mulheres, ao p<strong>as</strong>so que após os 60 anos ela aumenta entre os homens.Pesquisa de Paes (2000) investigan<strong>do</strong> a mortalidade por caus<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no Br<strong>as</strong>il,refere que a mortalidade adulta por câncer de estômago entre 1980-1991, apresentou umamenor representatividade e uma diminuição no perío<strong>do</strong>. Essa tendência de redução tem si<strong>do</strong>descrita em diversos países desenvolvi<strong>do</strong>s e investigações epidemiológic<strong>as</strong> sugerem estarmais relaciona<strong>do</strong>s a mudanç<strong>as</strong> de alguns hábitos alimentares e a progressiva substituição deantigos processos de conservação <strong>do</strong>s alimentos pela refrigeração. A Neopl<strong>as</strong>ia Maligna <strong>do</strong>Cólon apareceu na população i<strong>do</strong>sa como uma importante causa de óbito, fato não verifica<strong>do</strong>entre os adultos (10 a 64 anos), ocorren<strong>do</strong> uma tendência geral de acréscimo na mortalidadepor essa categoria de neopl<strong>as</strong>ia para ambos os sexos. Assim como verifica<strong>do</strong> para a populaçãoadulta, os cânceres ginecológicos apresentaram um papel de destaque na mortalidade i<strong>do</strong>sapor <strong>do</strong>ença neoplásica.A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentou uma freqüência de 22(17,7%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s. Com relação ao risco cirúrgico por <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sosporta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>ença pulmonar grave, (2005, p. 203) ressalta que nesse grupo “o risco decomplicações pulmonares pós-operatóri<strong>as</strong> é cerca de quatro a seis vezes maior”.Nos <strong>paciente</strong>s cuj<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> foram realizad<strong>as</strong> em caráter de emergência, a avaliaçãodetalhada foi prejudicada, pois nem sempre o i<strong>do</strong>so em situação de emergência pode informarcom segurança seu histórico clínico. Ainda pode não se encontrar acompanha<strong>do</strong> por pessoapróxima, que saiba relatar com fidedignidade <strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> pré-existentes. Portanto, os da<strong>do</strong>srelativos à ausência de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> podem ter si<strong>do</strong> subestima<strong>do</strong>s e supõe-se que umainvestigação com a coleta de da<strong>do</strong>s primários poderia apresentar percentuais maiores para apresença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>.


62GRÁFICO 1: Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos quanto ao número de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>.Curitiba, 2007.26 (21%)7 (6%)1 (1%)17 (14%)33 (27%)40 (31%)Nenhuma DC Uma DC Du<strong>as</strong> DC Três DC Quatro DC Cinco DC* DC= <strong>do</strong>ença crônicaEvidencia-se no gráfico 1, que 107 (86,3,1%) i<strong>do</strong>sos apresentavam <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>pré-existentes; 40 (31%) referia pelo menos uma <strong>do</strong>ença crônica <strong>as</strong>sociada; 33 (27%) du<strong>as</strong><strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>; 26 (21%) três <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>; 7 (6%) quatro<strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>; e um i<strong>do</strong>so (0,8%) apresentava cinco <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong><strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>.Dentre os 124 i<strong>do</strong>sos deste estu<strong>do</strong>, 17 (14%) i<strong>do</strong>sos chegaram a idades avançad<strong>as</strong> sem<strong>do</strong>ença crônica diagnosticada. O envelhecimento e a cronicidade, segun<strong>do</strong> Papaléo Netto eSalles (2001, p.1) são fatores que podem estar interliga<strong>do</strong>s, já que em décad<strong>as</strong> anteriores issonão era possível, pois a população apresentava uma so<strong>br</strong>evida reduzida em decorrência d<strong>as</strong>infecções e de um sistema de saúde que não permitia um envelhecimento populacional.As alterações provocad<strong>as</strong> pelo processo de envelhecimento tornam o i<strong>do</strong>so maissusceptível às <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> como: o diabete melito, hipertensão arterial, glomerulonefrite crônica,pielonefrite, da mesma forma <strong>as</strong> lesões hereditári<strong>as</strong>, rim policístico, distúrbio v<strong>as</strong>culares einfecções. Sabe-se que no i<strong>do</strong>so <strong>as</strong> multipatologi<strong>as</strong> são mais frequentes, m<strong>as</strong> com orientação ecuida<strong>do</strong>s adequa<strong>do</strong>s é possível manter a qualidade de vida e a saúde.De acor<strong>do</strong> com (2005), “n<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> com mais de 65 anos, apen<strong>as</strong> 20% não temproblem<strong>as</strong> <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s e cerca de 30% têm mais <strong>do</strong> que três diagnósticos de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>.


63TABELA 4 – Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos quanto às <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> e existência decomplicações. Curitiba, 2007.DOENÇAS CRÔNICAS COMPLICAÇÕES TOTALNãoSimn % n % n %Doenç<strong>as</strong> Crônic<strong>as</strong> ausentes 6 35,3 11 64,7 17 13,7Doenç<strong>as</strong> Crônic<strong>as</strong> presentes 34 31,8 73 68,2 107 86,3TOTAL 40 - 84 - 124 100,00Evidencia-se na tabela 4 que os i<strong>do</strong>sos com <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> apresentaram discretoaumento para <strong>as</strong> complicações gerais 68,2% diante daqueles sem <strong>do</strong>ença crônica 64,7%. Esseda<strong>do</strong> não corrobora com os acha<strong>do</strong>s na literatura atual, m<strong>as</strong> por serem da<strong>do</strong>s de origemsecundária cogita-se a possibilidade de falh<strong>as</strong> nos registros ou mesmo o desconhecimento <strong>do</strong>i<strong>do</strong>so ao informar su<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, ainda a dificuldade em realizar diagnósticos amplos n<strong>as</strong>ituação de emergência.Dos 124 i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s, 107 (86,2%) deles apresentaram pelo menos uma <strong>do</strong>ençacrônica pré-existente. A hipertensão arterial citada anteriormente como de maior incidência nosi<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, durante o ato cirúrgico pode causar maior sangramento e segun<strong>do</strong> CarvalhoFilho (2005) precipitar isquemia miocárdica, arritmi<strong>as</strong> e insuficiência cardíaca, enfatizan<strong>do</strong> anecessidade de se manter a terapêutica anti-hipertensiva durante o perío<strong>do</strong> pós-operatório,reduzin<strong>do</strong> o risco de manifestações de crises hipertensiv<strong>as</strong> nos perío<strong>do</strong>s intra e pós-operatório.


64TABELA 5: Distribuição <strong>do</strong>s registros de exames laboratoriais pré-operatórios por<strong>paciente</strong>. Curitiba, 2007.TIPO DE EXAME LABORATORIAL n %Hematócrito 111 89,5Creatinina 109 87,9Hemoglobina 107 86,3Glicemia de Jejum 106 85,5Plaquet<strong>as</strong> 104 83,9Potássio 104 83,9Sódio 101 81,5Leucócitos 69 55,6* distribuição percentual <strong>do</strong>s exames laboratoriais foi realizada pelo total de <strong>paciente</strong>s e não total de examesrealiza<strong>do</strong>s.Observa-se na tabela 5 que a contagem de leucócitos apresentou menor registro derealização 69 (55,6%) consideran<strong>do</strong>-se os 124 i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>; equilí<strong>br</strong>io eletrolítico <strong>do</strong>sódio 101 (81,5%); potássio 104 (83,9%) e coagulação sangüínea 104 (83,9%). Os examesrealiza<strong>do</strong>s em percentual maior de <strong>paciente</strong>s foram o hematócrito 111 (89,5%), creatinina 109(87,9%), hemoglobina 107 (86,3%) e hemoglobina 107 (86,3%).A maioria <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s apresentavam resulta<strong>do</strong>s de exames anteriores ao internamento,no entanto alguns hospitaliza<strong>do</strong>s em caráter de emergência, não foram submeti<strong>do</strong>s a examespré-operatórios conforme preconiza<strong>do</strong>. Os protocolos <strong>do</strong> serviço para cirurgi<strong>as</strong> de emergência,incluem avaliações <strong>do</strong>s riscos para o <strong>paciente</strong>, a urgência da intervenção e a avaliação <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> geral <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>. O tempo que antecede a decisão para realização da cirurgia éconsidera<strong>do</strong> fator importante quan<strong>do</strong> envolve situações de emergência com i<strong>do</strong>sos, poden<strong>do</strong>ser um grande alia<strong>do</strong> se utiliza<strong>do</strong> racionalmente.As recomendações <strong>do</strong>s protocolos para exames clínicos pré-cirúrgicos incluem ohemograma completo para avaliar qualquer infecção ou anemia; glicemia de jejum parar<strong>as</strong>treamento <strong>do</strong> diabetes, os eletrólitos como uréia e creatinina para determinar o risco dearritmi<strong>as</strong> cardíac<strong>as</strong> e insuficiência renal pós-operatória, o grupo sanguíneo, fator Rh e teste decoagulabilidade sanguínea para detectar distúrbios da coagulação <strong>do</strong> sangue,conseqüentemente risco de hemorragia e choque hipovolêmico durante e após a cirurgia. Asradiografi<strong>as</strong> de tórax para r<strong>as</strong>trear a <strong>do</strong>ença pulmonar e eletrocardiograma para detectar


65isquemia ou arritmia. N<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais acrescentam-se a estes os exames de urina efezes (JOHNSON, 2001).Em cirurgi<strong>as</strong> eletiv<strong>as</strong> a investigação atenta <strong>do</strong>s exames laboratoriais no perío<strong>do</strong> préoperatóriopode e deve ser utilizada para se proceder <strong>as</strong> correções necessári<strong>as</strong> a fim depromover o equilí<strong>br</strong>io funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so antes da cirurgia.De acor<strong>do</strong> com Sitta, Lapa e Macha<strong>do</strong> (2005) a avaliação pré-operatória procuraidentificar e quantificar os possíveis fatores de risco para promover intervenções denormalização ou controle d<strong>as</strong> disfunções, preparan<strong>do</strong> o i<strong>do</strong>so para melhor enfrentar o estresse<strong>do</strong> evento cirúrgico. Atenção especial a história <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, freqüentemente mais extensa e commaiores detalhes que em outros <strong>paciente</strong>s, ao exame físico e exames laboratoriais básicosauxiliam a predizer com certa segurança os riscos perioperatórios.No i<strong>do</strong>so, apen<strong>as</strong> os exames laboratoriais não são suficientes para identificar riscos edeficiênci<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong> necessário <strong>as</strong>sociar outros recursos. Os serviços de geriatria recomendam ainserção da avaliação global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so como um recurso poderoso para identificar problem<strong>as</strong> ereduzir riscos em procedimentos cirúrgicos. Segun<strong>do</strong> Moraes (2008, p. 64):a avaliação multidimensional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é a sistematização desse “novo olhar”, a partir<strong>do</strong> qual se pode valorizar e “enxergar” os problem<strong>as</strong> biopsicossociais trazi<strong>do</strong>s pelo<strong>paciente</strong> e sua família, apontan<strong>do</strong> um plano de cuida<strong>do</strong>s capaz de recuperar oumanter a sua autonomia e independência, ten<strong>do</strong> em mente que “sempre é possívelmelhorar alguma coisa” mesmo que isso signifique, pelo menos, “não piorar a vidadesse i<strong>do</strong>so.5.2.2 Característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros da cirurgia e <strong>do</strong>s fatores de risco <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s àscomplicações e óbitosApresentam-se a seguir os acha<strong>do</strong>s referentes aos fatores de risco para realização d<strong>as</strong>cirurgi<strong>as</strong>, que incluem: tipo de cirurgia, tempo de cirurgia, tipo de anestesia, caráter daanestesia, avaliação <strong>do</strong> risco A.S.A., medicações utilizad<strong>as</strong> no perío<strong>do</strong> pós-operatório erelações dest<strong>as</strong> informações com <strong>as</strong> complicações gerais.


66TABELA 6: Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos referente ao tipo de cirurgia realizada. Curitiba,2007.TIPO DE CIRURGIA n %Cirurgia intestinal/gástrica 38 30,6Colecistectomia por vídeo 29 23,4Herniorrafia 29 23,4Laparotomia exploratória 10 8,1Cirurgia múltipla 8 6,5Colecistectomia convencional 4 3,2Outr<strong>as</strong> 6 4,8Total 124 100Evidencia-se na tabela 6 maior incidência para <strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> intestinais e gástric<strong>as</strong> em 38(30,6%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos; a colecistectomia por videolaparoscopia obteve percentual de 29 (23,4%) e<strong>as</strong> herniorrafi<strong>as</strong> em 29 (23,4%) o que são coerentes com os acha<strong>do</strong>s na literatura spertinentes<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais.As cirurgi<strong>as</strong> são mais freqüentes em i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> que em pesso<strong>as</strong> mais jovens (136procedimentos por 100.000 <strong>do</strong>s 40 a 60 anos contra 190 por 100.000 acima de 65 anos). As<strong>do</strong>enç<strong>as</strong> cirúrgic<strong>as</strong> mais freqüentemente operad<strong>as</strong> são <strong>as</strong> hérni<strong>as</strong> inguinais, a <strong>do</strong>ençadiverticular <strong>do</strong>s cólons e <strong>as</strong> afecções biliares com <strong>do</strong>ença cole<strong>do</strong>cociana. As hérni<strong>as</strong> ínguinocrurais,nessa faixa etária, são muito incidentes. Em i<strong>do</strong>sos com idade entre 61 e 90 anos, <strong>as</strong>hérni<strong>as</strong> oblíqu<strong>as</strong> extern<strong>as</strong> representam 23,3% e <strong>as</strong> diret<strong>as</strong>, 33,4% da c<strong>as</strong>uística geral. Entre <strong>as</strong><strong>do</strong>enç<strong>as</strong> g<strong>as</strong>troduodenais pre<strong>do</strong>mina o câncer gástrico. Há também incidência relativamenteelevada de úlcer<strong>as</strong> péptic<strong>as</strong>, admitin<strong>do</strong>-se que <strong>as</strong> localizad<strong>as</strong> no estômago constituam 85% d<strong>as</strong>úlcer<strong>as</strong> operad<strong>as</strong> em <strong>do</strong>entes com mais de 75 anos (SITTA; LAPA; MACHADO, 2005 ).Referin<strong>do</strong>-se <strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> com técnica de videocirurgia em i<strong>do</strong>sos, Speranzini e Deutsch(2005) enfocam que se configura em uma técnica segura para o <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so por utilizarmenor via de acesso, trauma cirúrgico limita<strong>do</strong>, menor <strong>do</strong>r no pós-operatório e retorno precoceàs atividades. Atribuem-se est<strong>as</strong> possibilidades ao desenvolvimento tecnológico e aoconhecimento da fisiopatologia <strong>do</strong> pneumoperitônio e de sua interação com os mecanismos dehomeost<strong>as</strong>e.Estu<strong>do</strong> de Men<strong>do</strong>za (2006) identificou a prevalência de cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais emi<strong>do</strong>sos, se compara<strong>do</strong>s às cirurgi<strong>as</strong> ortopédic<strong>as</strong> e de outros tipos. Dentre <strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong>


67ab<strong>do</strong>minais, evidenciad<strong>as</strong> no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> autor op cit <strong>as</strong> de maior ocorrência foram <strong>as</strong>colecistectomi<strong>as</strong>, cole<strong>do</strong>cotomi<strong>as</strong>, g<strong>as</strong>trectomi<strong>as</strong>, colectomi<strong>as</strong>, esplenectomi<strong>as</strong> ehepatotectomi<strong>as</strong>.Outros tipos de cirurgi<strong>as</strong>, como <strong>as</strong> cardíac<strong>as</strong>, torácic<strong>as</strong> ou ortopédic<strong>as</strong> são realizad<strong>as</strong>freqüentemente no <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so. As ab<strong>do</strong>minais de grande porte estão aumentan<strong>do</strong> a cadaano, e sua incidência está relacionada diretamente com o avançar da idade, apresentan<strong>do</strong> umaprevalência global de 36,8% e com distribuição em ambos sexos (Walton et al., Malheiros etal., Mcgory et al. apud MENDOZA, 2006).As herniorrafi<strong>as</strong> apresentaram incidência de (23,4%) nos i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s, diferin<strong>do</strong><strong>do</strong>s acha<strong>do</strong>s Proenza et al. (2001) que encontraram em seu estu<strong>do</strong> ocorrênci<strong>as</strong> de 31,62%cirurgi<strong>as</strong> de hérni<strong>as</strong> em i<strong>do</strong>sos.GRÁFICO 2: Distribuição <strong>do</strong> caráter de realização da cirurgia e incidência decomplicações. Curitiba, 2007.100,00%90,00%80,00%70,00%60,00%50,00%40,00%EletivaEmergência30,00%20,00%10,00%0,00%Sem complicaçãoCom complicaçãoIncidência de complicaçõesDo total de 124 i<strong>do</strong>sos 73 (58,9%) deles foram submeti<strong>do</strong>s a cirurgi<strong>as</strong> em carátereletivo, enquanto que em caráter de emergência totalizaram 51 (41,1%). Ressalta-se que osi<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s a procedimentos em caráter de emergência apresentaram incidênci<strong>as</strong>ubstancialmente maior de complicações 45 (88,2%) se compara<strong>do</strong>s aos eletivos 39 (53%).Dos 15 (100%) i<strong>do</strong>sos que foram a óbito, 12 (80%) foram opera<strong>do</strong>s em situação de emergênciacorroboran<strong>do</strong> com os acha<strong>do</strong>s na literatura.


68Tratan<strong>do</strong> da mortalidade Speranzini e Deutsch (2005) salientam que em metade <strong>do</strong>si<strong>do</strong>sos acima de 65 anos submeti<strong>do</strong>s a cirurgi<strong>as</strong>, 50% ocorrem em situação de emergência, queevoluem para o óbito em 75% <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os.De acor<strong>do</strong> com os autores op cit os procedimentos cirúrgicos realiza<strong>do</strong>s em situação deemergência acarretam maiores índices de complicações, dentre el<strong>as</strong> <strong>as</strong> que ocorrem com maiorfreqüência no grupo de emergênci<strong>as</strong> são <strong>as</strong> pulmonares, cardiov<strong>as</strong>culares e infeccios<strong>as</strong>, <strong>as</strong>infecções de parede ab<strong>do</strong>minal, deiscênci<strong>as</strong> e fístul<strong>as</strong>.Conforme Johnson (2001, p. 401):independente da operação, <strong>paciente</strong>s que se submetem a procedimentos deurgência ou de emergência (procedimentos que têm de ser realiza<strong>do</strong>s dentrode 24 hor<strong>as</strong> em uma admissão não programada) apresentam um riscoaumenta<strong>do</strong> de resulta<strong>do</strong>s adversos que pode ser 2 a 4 vezes maior que nos<strong>paciente</strong>s que foram submeti<strong>do</strong>s eletivamente ao mesmo procedimento.Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s por Proenza et al. (2001) relatam que quanto maior a idade,aumenta-se a probabilidade de intervenções de urgência, o que acarreta um eleva<strong>do</strong> índice decomplicações e óbitos. Portanto os esforços devem ser realiza<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de detectar <strong>as</strong>enfermidade cirúrgic<strong>as</strong> em i<strong>do</strong>sos e tratá-l<strong>as</strong> de forma programada para se obter melhoresresulta<strong>do</strong>s.


69TABELA 7: Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos conforme <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> da cirurgia: grau <strong>as</strong>a,duração, tipo de anestesia e <strong>as</strong> complicações gerais. Curitiba, 2007.CARACTERÍSTICASCOMPLICAÇÕESTOTALDA CIRURGIANãoSimn % n % n %Grau ASA Não Avalia<strong>do</strong>s 5 22,7 17 77,3 22ASA I 3 60,0 2 40,0 5ASA II 24 46,2 28 53,8 52ASA III 8 19,5 33 80,5 41ASA IV 0 0,0 4 100,0 4Duração dacirurgiaTipoAnestesiaAté 60 minutos 17 58,6 12 41,4 29 23,561 a 120 minutos 14 35,9 25 64,1 39 31,5121 a 180 minutos 9 29,0 22 71,0 31 25,0181 a 240 minutos 0 0,0 19 100,0 19 15,0Acima de 240 0 0,0 6 100,0 6 5,0minutosGeral 15 21,4 55 78,6 70 56,5Peridural 2 50,0 2 50,0 4 3,2Raquidiana 23 63,8 13 36,2 36 29,0Geral + Peridural 0 0,0 10 100,0 10 8,1Geral + Raquidiana 0 0,0 4 100,0 4 3,2TOTAL 40 - 84 - 124 100,00Observa-se na tabela 7 que na avaliação de risco cirúrgico ASA, 52 ( 42%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sosforam cl<strong>as</strong>sifica<strong>do</strong>s como ASA II (risco intermediário); 41 (33%) deles como ASA III ( altorisco); 22 (17,7 %) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos não foram submeti<strong>do</strong>s a avaliação de risco cirúrgico oc<strong>as</strong>iona<strong>do</strong>spela urgência de su<strong>as</strong> afecções, sen<strong>do</strong> encaminha<strong>do</strong>s para cirurgia sem avaliação adequada,distancian<strong>do</strong>-se, portanto <strong>do</strong> ideal.As escal<strong>as</strong> de avaliação de risco cirúrgicos são utilizad<strong>as</strong> como estratégi<strong>as</strong> para reduziros riscos de complicações <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so, como preditores de risco global. Na instituiçãoem que o estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> utiliza-se a escala <strong>do</strong> risco cirúrgico da American Society ofAnesthesiology (ASA, 1998), que considera o risco de mortalidade geral de acor<strong>do</strong> com aidade e o status de <strong>do</strong>ença sistêmica <strong>as</strong>sociada.No que concerne aos anestésicos, a incidência de complicações evidencioucorrespondência com a anestesia geral e tempo de duração <strong>do</strong> procedimento. Verifica-se que amaioria <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s 70 (56,4%) foi submetida à anestesia geral, e soman<strong>do</strong> a esta <strong>as</strong>


70anestesi<strong>as</strong> combinad<strong>as</strong>, a anestesia geral <strong>as</strong>sociada a peridural 10 (8,2%) e geral <strong>as</strong>sociada àraquidiana 04 (3,2%), totalizou 84 (67,8%).A maioria <strong>do</strong>s anestésicos gerais é depressora miocárdica e segun<strong>do</strong> Carvalho Filho,(2005, p. 633,) “[...] reduz a resistência v<strong>as</strong>cular periférica determinan<strong>do</strong> queda da pressãoarterial. Para manutenção <strong>do</strong> débito cardíaco, mecanismos <strong>do</strong> organismo aumentam afreqüência cardíaca elevan<strong>do</strong> a necessidade de oxigênio”.A anestesia geral é considerada mais complexa que os outros tipos de anestesia e a suaincidência encontrada nos da<strong>do</strong>s demonstra que foi amplamente utilizada em virtude danecessidade. Estu<strong>do</strong>s de Pessaux (2000) e Nishida (2000) da mesma forma encontraram amaior freqüência de anestesia geral.A anestesia raquidiana foi utilizada em 36 (29%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Segun<strong>do</strong> Carvalho Filho,(2005, p. 633) “a anestesia raquidiana causa bloqueio <strong>do</strong> sistema nervoso simpático, comredução da resistência arteriolar periférica e dilatação venosa, determinan<strong>do</strong> comoconseqüência queda da pressão arterial e da pré-carga cardíaca”.Considera-se que a anestesia geral pode apresentar maiores benefícios quan<strong>do</strong>comparada a outr<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> anestésic<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so, como por exemplo, na dificuldade em selocalizar o espaço epidural ou subaracnóideo em conseqüência da deformidade espinhalfreqüente nos i<strong>do</strong>sos. No entanto, a anestesia segmentar ou a redução d<strong>as</strong> <strong>do</strong>ses de anestésicosestão <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> a redução de mortalidade no perío<strong>do</strong> pós-operatório e de complicações portrombose venosa profunda, redução da hipotensão e isquemia de miocárdio e de complicaçõesrespiratóri<strong>as</strong>. (Samain et al. apud MENDOZA, 2006).Verifica-se na tabela 7 que os i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s à cirurgia em tempo inferior a 60minutos (grau de complexidade menores) foram 29 (23,5%); n<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> até 120 minutos(grau de complexidade média), 39 (31,5%) i<strong>do</strong>sos e destes 64,1 % apresentaram complicaçõesno pós-operatório. Naqueles em que o tempo de cirurgia foi superior a 180 minutos, to<strong>do</strong>s , 25(20%) evidenciaram complicações. As cirurgi<strong>as</strong> que demandaram maior tempo de execuçãoforam igualmente <strong>as</strong> mais complex<strong>as</strong> aumentan<strong>do</strong> os riscos de complicações para os i<strong>do</strong>sos.Quanto ao tempo cirúrgico nenhum <strong>paciente</strong> que foi a óbito realizou cirurgia em tempoinferior ou igual a 60 minutos; 6 deles realizaram cirurgia de 61 a 120 minutos; 4 de 121 a 180;3 de 181 a 240 e 2 de 241 a 380 minutos.As cirurgi<strong>as</strong> que demandaram tempo prolonga<strong>do</strong> evoluíram para complicações e foram<strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> à maior incidência <strong>do</strong>s óbitos. Pode-se inferir portanto que a redução <strong>do</strong> tempocirúrgico, pode estar <strong>as</strong>sociada a redução de incidência de complicações e sangramentos noperío<strong>do</strong> pós-operatório.


71Em <strong>paciente</strong>s de idade avançada, <strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> com duração superior a du<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>acompanham-se de alta incidência de complicações, especialmente, respiratóri<strong>as</strong>, renais einfecção da ferida. Cada hora adicional resulta em um acréscimo de 30% ou mais no índice decomplicações pós-operatóri<strong>as</strong>. A fragilidade <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so não permite que se perca tempo comindecisões, discussão, descontrole emocional e insegurança no ato operatório (PAPALÉONETTO e SALLES, 2001).GRÁFICO 3 – Associação entre o grau <strong>as</strong>a e a incidência de complicações no perío<strong>do</strong> pósoperatório.Curitiba, 2007.3533Incidência de complicações302520151050175Nãoavalia<strong>do</strong>s282482340ASA I ASA II ASA III ASA IVComplic presenteComplic ausenteAvaliação <strong>do</strong> risco cirúrgicoEvidencia-se no gráfico 3 a cl<strong>as</strong>sificação <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s conforme avaliação<strong>do</strong> risco cirúrgico ASA. A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos 52 (42%) foram cl<strong>as</strong>sifica<strong>do</strong>s com o grau ASA II(risco intermediário), 41 (33%) ASA III (alto risco) e 22 ( 18%) deles não foram submeti<strong>do</strong>s aavaliação de risco cirúrgico.Visualiza-se no gráfico 3 que to<strong>do</strong>s os 4 (3%) i<strong>do</strong>sos com avaliação de risco cirúrgicograu ASA IV apresentaram complicações no perío<strong>do</strong> pós-operatório (100%); os que tiveramavaliação grau ASA III apresentaram 80,4% de complicações; e os i<strong>do</strong>sos que não foramavalia<strong>do</strong>s evoluíram para 77,2% de complicações.O escore proposto por ASA vem sen<strong>do</strong> amplamente utiliza<strong>do</strong> para avaliar o esta<strong>do</strong>físico <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> frente ao procedimento cirúrgico, este instrumento é objetivo e confiável


72para o i<strong>do</strong>so e importante alia<strong>do</strong> na avaliação pré-cirúrgica. Entende-se que não substitui aaplicação da avaliação global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, recurso necessário e com melhores possibilidades deavaliar <strong>as</strong> condições integrais da pessoa i<strong>do</strong>sa, m<strong>as</strong> pode ser um <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de avaliação.Sitta, Lapa e Macha<strong>do</strong> (2005) relata a experiência <strong>do</strong> Grupo de Interconsult<strong>as</strong> <strong>do</strong>Serviço de Geriatria <strong>do</strong> Hospital de Clínic<strong>as</strong> da Faculdade de Medicina da USP (GIG-Hcfmusp) em que b<strong>as</strong>ea<strong>do</strong>s em evidênci<strong>as</strong> atuais utilizam escal<strong>as</strong> para reduzir riscos decomplicações <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos. Recomendam a utilização da escala de risco da ASA, m<strong>as</strong>acompanhada de outr<strong>as</strong> para avaliação <strong>do</strong> Índice de Risco Cardíaco, escala de avaliação <strong>do</strong>risco de trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, risco renal, risco pulmonarperioperatório, risco de delirium no perioperatório além de recomendar o exame físicodetalha<strong>do</strong> e investimento n<strong>as</strong> orientações no pré-operatório. Desta maneira, entendem que osriscos podem ser diagnostica<strong>do</strong>s e corrigi<strong>do</strong>s antes da realização da cirurgia econsequentemente reduzem complicações.A enfermagem, ao fazer parte integrante da equipe multidisciplinar de cuida<strong>do</strong> ao i<strong>do</strong>sopode atuar preventivamente no perío<strong>do</strong> pré-operatório auxilian<strong>do</strong> na redução <strong>do</strong>s riscos. Podeseempregar o processo de enfermagem como instrumento <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> etap<strong>as</strong> <strong>do</strong>perioperatório. A consulta de enfermagem pode ser de grande valia na prevenção e correção<strong>do</strong>s fatores de risco.


73QUADRO 1: Distribuição d<strong>as</strong> medicações utilizad<strong>as</strong> pelos i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong> pósoperatório.Curitiba, 2007.MEDICAÇÃO DISTRIBUIÇÃO n* %Grupos de medicamentos Analgésicos 118 95,2Antihemético 98 79,0Antiinflamatório 78 62,9Antimicrobianos 61 49,2Antihipertensivos 53 42,7Antiplaquetários 40 32,3Broncodilata<strong>do</strong>res 20 16,1Ansiolíticos 14 11,3Antiglicemiantes orais ou injetáveis 5 4,0Sem nenhum registro 4 3,22Cardiotônicos 3 2,41TOTAL 494 100n** %Uso de medicações <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> Nenhuma medicação 3 2,41 medicação 5 4,02 medicações 9 7,33 medicações 30 24,24 medicações 32 25,85 medicações 24 19,46 medicações 17 13,77 medicações 4 3,2TOTAL 124 100*percentual distribuí<strong>do</strong> pelo número total de prescrições = 494.**percentual distribuí<strong>do</strong> pelo número total de i<strong>do</strong>sos = 124.Visualiza-se no quadro 1 que os analgésicos representaram o grupo de medicamentosde maior freqüencia n<strong>as</strong> prescrições consultad<strong>as</strong> contemplan<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> pós-operatório em118 (95,2%) registros <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. O procedimento cirúrgico desencadeia processos álgicos compossibilidades de reversão ou redução pela utilização de analgésicos. Os antiheméticosapresentaram a segunda maior incidência em 98 (79%) i<strong>do</strong>sos. Os sintom<strong>as</strong> de náuse<strong>as</strong> evômitos são freqüentes em perío<strong>do</strong> pós-operatório imediato, a medicação auxilia reduzin<strong>do</strong> ossintom<strong>as</strong> desagradáveis que debilitam ainda mais os i<strong>do</strong>sos no pós-operatório. As náuse<strong>as</strong>acentuam a <strong>do</strong>r da ferida operatória, que pode ser desencadeada pelo esforço físicoinvoluntário que o evento provoca.Do total de 124 prontuários em 4 deles não foram evidencia<strong>do</strong>s registros de prescriçãode medicamentos no perío<strong>do</strong> pós-operatório.


74Os antimicrobianos foram utiliza<strong>do</strong>s por 61 (49,2%) investiga<strong>do</strong>s. O uso deantimicrobianos pelos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, muit<strong>as</strong> vezes foi utiliza<strong>do</strong> de maneira preventiva, noperío<strong>do</strong> pré-cirúrgico, conduta aceitável e praticada em cirurgi<strong>as</strong> potencialmente contaminad<strong>as</strong>e com risco de desenvolvimento de infecções posteriores. Para Carvalho Filho (p. 642, 2005)“em i<strong>do</strong>sos é conveniente administrar, profilaticamente, um antibiótico 30 minutos antes <strong>do</strong>início da cirurgia. C<strong>as</strong>o o ato cirúrgico dure mais de du<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>, deve-se administrar uma <strong>do</strong>seadicional, e deve-se manter a terapêutica antibiótica no pós-operatório, pelo menos, <strong>do</strong>is di<strong>as</strong>”.O aparecimento d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so gera a conseqüente necessidade de utilização demedicações para o tratamento dest<strong>as</strong> patologi<strong>as</strong>. As medicações de uso crônico, <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> àsexigênci<strong>as</strong> <strong>do</strong> procedimento cirúrgico aumentammedicações utilizad<strong>as</strong> neste perío<strong>do</strong>.consideravelmente a quantidade deDurante a hospitalização o número de drog<strong>as</strong> prescrit<strong>as</strong> aumenta com a idade e com otempo de permanência, de mo<strong>do</strong> que uma avaliação contínua da possibilidade de interaçõescom antibióticos e outros agentes deve ser contínua.Com o progredir da idade os indivíduos p<strong>as</strong>sam a consumir uma quantidade maior demedicamentos, denominada polifarmácia. Evidencia-se que os indivíduos com 65 anos ou maisconsomem mais de um terço d<strong>as</strong> drog<strong>as</strong> prescrit<strong>as</strong> para toda a população. A freqüência deiatrogenia medicamentosa aumenta exponencialmente com o número de drog<strong>as</strong> utilizad<strong>as</strong>,indican<strong>do</strong> que o efeitos d<strong>as</strong> drog<strong>as</strong> não é simplesmente aditivo (NOLAN e O`MAILLEY,1988).A <strong>as</strong>sociação de um número maior de drog<strong>as</strong> segun<strong>do</strong> Fleming (2001, p. 564):pode estar relacionada à gravidade d<strong>as</strong> enfermidades necessári<strong>as</strong> paraestabilizar o quadro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos que estão em f<strong>as</strong>e de processos cirúrgicos. Aidade avançada, o sexo feminino, o baixo peso corporal, a insuficiência renalou hepática, a polifarmácia e uma história de reação a drog<strong>as</strong> estão to<strong>do</strong>s<strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s com o risco aumenta<strong>do</strong> de reações advers<strong>as</strong>Aponta-se no quadro 1 a quantidade de medicações recebid<strong>as</strong> simultaneamente pelosi<strong>do</strong>sos, destaca-se o grupo com 04 medicações 32 (25,8%), 3 medicações <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> 30(24,2%) e 05 medicações 24 (19,4%).Segun<strong>do</strong> Blanski e Lenardt (2005) afirmam:o v<strong>as</strong>to universo de medicamentos lança<strong>do</strong>s a cada ano, não garante maiorbenefício ao <strong>paciente</strong>, pois junto com <strong>as</strong> vantagens d<strong>as</strong> possibilidadesterapêutic<strong>as</strong> surge o risco de efeitos indeseja<strong>do</strong>s, interações medicamentos<strong>as</strong>e cronicidade <strong>do</strong>s problem<strong>as</strong> de saúde, provoca<strong>do</strong>s em sua maioria pela faltade entendimento d<strong>as</strong> informações rep<strong>as</strong>sad<strong>as</strong> acerca da terapêuticamedicamentosa.


75As autor<strong>as</strong> op cit enfatizam a importância de que os profissionais diretamenteenvolvi<strong>do</strong>s com o medicamento e o i<strong>do</strong>so participem de forma mais efetiva e compromissadacom esses usuários, por meio de prátic<strong>as</strong> educativ<strong>as</strong> em linguagem acessível à compreensão <strong>do</strong>i<strong>do</strong>so e de sua família.TABELA 8: Associação entre tempo de internação e a incidência de complicações.Curitiba, 2007.TEMPO DE INTERNAÇÃO COMPLICAÇÃO TOTALNãoSimn % n %De 0 a 4 di<strong>as</strong> 38 58,5 27 41,5 65 52,4De 5 a 9 di<strong>as</strong> 0 0,00 26 100,0 26 21,1De 10 a 14 di<strong>as</strong> 1 5,9 16 94,1 17 13,7De 15 a 19 di<strong>as</strong> 1 12,5 7 87,5 8 6,4Acima de 20 di<strong>as</strong> 0 0,00 8 100,0 8 6,4TOTAL 40 - 84 - 124 100Visualiza-se na tabela 8 que <strong>paciente</strong>s com perío<strong>do</strong>s de internamento prolonga<strong>do</strong>sregistraram maiores percentuais de complicações. Dos i<strong>do</strong>sos que permaneceram interna<strong>do</strong>spor perío<strong>do</strong>s mais <strong>br</strong>eves 65 (52,4%) manifestaram algum tipo de complicação pós-operatória;<strong>do</strong>s interna<strong>do</strong>s por um perío<strong>do</strong> de 5 a 9 di<strong>as</strong> to<strong>do</strong>s apresentaram complicações; de 10 a 14 di<strong>as</strong>16 (94%) obtiveram registros de complicações; de 15 a 19 di<strong>as</strong> 87,5% e acima de vinte di<strong>as</strong>to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos evidenciaram complicações.Ressalta-se que os riscos são proporcionalmente aumenta<strong>do</strong>s conforme o tempo dehospitalização, poden<strong>do</strong> ser a hospitalização originada pelo aparecimento de complicaçãorelacionada direta ou indiretamente ao procedimento cirúrgico. A hospitalização prolongadarepercute no esta<strong>do</strong> global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so interferin<strong>do</strong> no processo de convalescença. No entanto,entende-se que muit<strong>as</strong> vezes não é possível reduzir o tempo de permanência de hospitalizaçãofato que pode ser origina<strong>do</strong> por vários fatores, incluin<strong>do</strong> a ausência de um cuida<strong>do</strong>r familiar no<strong>do</strong>micílio, necessidade de administração de medicamentos injetáveis, distúrbios endócrinos eoutros tantos. Não se pode inferir portanto, somente na variável tempo de internação pelaocorrência de complicação e sim como fator de risco importante a ser considera<strong>do</strong>.No serviço em que o estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> preconiza-se a alta hospitalar precoce, noentanto a realidade vivenciada em hospitais públicos nem sempre são favoráveis a esta prática,


76poden<strong>do</strong> o tempo de hospitalização ser aumenta<strong>do</strong> em dependência de resulta<strong>do</strong>s de examesdiagnósticos ou administração de medicamentos no pós-operatório que exijam hospitalização.Infelizmente os serviços de apoio além muros <strong>do</strong> hospital ainda não se encontramsintoniza<strong>do</strong>s para trabalhar em equipe. É preciso encontrar alternativ<strong>as</strong> viáveis dentro <strong>do</strong>srecursos municipais, estaduais e federais para levar cuida<strong>do</strong>s complexos, de maneira segura ecompetente para o <strong>do</strong>micílio. Algum<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> têm si<strong>do</strong> evidenciad<strong>as</strong> com os program<strong>as</strong> desaúde da família e em planos de saúde priva<strong>do</strong>s, no entanto ainda insipientes e insuficientespara a demanda da população.QUADRO 2: Taxa <strong>do</strong>s óbitos ocorri<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> pós-operatório por faixa etária, sexo,caráter da cirurgia, tipo de cirurgia e grau <strong>as</strong>a. Curitiba, 2007.CARACTERÍSTICAS DOSÓBITOSDESCRIÇÃON DE ÓBITOSPORCATEGORIA*TOTAL DEIDOSOS PORCATEGORIA*TAXA % DEMORTALIDADEÓbitos por faixa etária De 65 a 69 anos 6 45 13,3De 70 a 74 anos 4 47 8,5De 75 a 79 anos 2 21 9,5≥ 80 anos 3 11 27,2Óbitos por sexo Feminino 10 58 17,2M<strong>as</strong>culino 5 66 7,5Óbitos por caráter da cirurgia Eletiva 3 73 4,1Emergência 12 51 23,5Óbitos por tipo de cirurgia Laparotomi<strong>as</strong> exploratória 4 10 40,0Colecistectomia 2 33 6,0Cirurgia intestinal/gástrica 7 38 18,4Herniorrafia + outra cirurgia 2 43 4,6Óbitos e Grau ASA Não avalia<strong>do</strong>s para ASA 5 22 22,7ASA II 3 52 5,7ASA I 0 5 0ASA III 4 41 9,7ASA IV 3 4 75,0TOTAL 15 124 12,0Entende-se categoria como sen<strong>do</strong> <strong>as</strong> subdivisões <strong>do</strong>s grupos de i<strong>do</strong>sos.Evidencia-se no quadro 2 que 15 (12%) <strong>do</strong> total de 124 i<strong>do</strong>sos foram a óbito após oprocedimento cirúrgico. Considera-se que algum<strong>as</strong> patologi<strong>as</strong> com altos índices de mortalidadecomo <strong>as</strong> neopl<strong>as</strong>i<strong>as</strong> intestinais e <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> patologi<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> contribuíram para ocorrência<strong>do</strong> óbito.


77A taxa de mortalidade por faixa etária se apresentou maior para os i<strong>do</strong>sos com idadeigual ou acima de 80 anos representan<strong>do</strong> 27%. Os óbitos para os de 65 a 70 anos, apresentoutaxa de 13% maior quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aos grupos imediatamente mais velhos. Entende-seportanto, que os i<strong>do</strong>sos com idade entre 70 a 79 anos apresentaram tax<strong>as</strong> menores que a <strong>do</strong>soutros grupos. Portanto, no grupo de i<strong>do</strong>sos pesquisa<strong>do</strong>s a idade avançada isoladamente nãorepresentou maior mortalidade para to<strong>do</strong>s os grupos.O gênero feminino (17%) apresentou taxa de mortalidade 9,5% maior que a <strong>do</strong> grupom<strong>as</strong>culino (7,5%).A realização da cirurgia em caráter de emergência (23,5%) apresentou-se significativ<strong>as</strong>e comparada ao grupo que realizou cirurgia em caráter eletivo (4%). A literaturagerontológica é incisiva em relatar o aumento de riscos de morbidade e mortalidade paraprocedimentos cirúrgicos de emergência em i<strong>do</strong>sos, principalmente porque os procedimentosde correção <strong>do</strong>s fatores de risco <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s como a presença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> e aestabilização <strong>do</strong> quadro clínico nem sempre podem ser realiza<strong>do</strong>s.A técnica cirúrgica da laparotomia exploratória, utilizada em <strong>paciente</strong>s com ab<strong>do</strong>meagu<strong>do</strong> e conseqüentemente de comportamento emergencial foi o tipo de cirurgia com a maiortaxa de mortalidade (40%), seguida d<strong>as</strong> cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais intestinais e gástric<strong>as</strong> com 18,4%.As colecistectomi<strong>as</strong> por videolaparoscopia ou por técnica convencional foram identificad<strong>as</strong> em6% <strong>do</strong>s óbitos. Dos <strong>paciente</strong>s submeti<strong>do</strong>s a herniorrafi<strong>as</strong>, caracterizad<strong>as</strong> frequentemente porserem procedimentos realiza<strong>do</strong>s de maneira eletiva apresentaram taxa de mortalidade menorescom 4,6%.Os <strong>paciente</strong>s que evoluíram para óbitos totalizaram 216 di<strong>as</strong> de internação hospitalar,com média de 14,4 di<strong>as</strong> por <strong>paciente</strong>, mínimo de 0 di<strong>as</strong> de internação e máximo de 49 di<strong>as</strong>.Dos 15 i<strong>do</strong>sos que foram à óbito, 5 (33,3%) chegaram a ser reopera<strong>do</strong>s por complicações daintervenção cirúrgica, 3 (20%) receberam alta hospitalar e foram reinterna<strong>do</strong>s em curto espaçode tempo (inferior a 10 di<strong>as</strong>) e 4 (26,6%) destes i<strong>do</strong>sos foram encaminha<strong>do</strong>s a UTI.A ocorrência de óbitos em 15 (12%) é taxa de mortalidade superior ao referencia<strong>do</strong> pelaliteratura consultada. Entretanto, entende-se alguns fatores que poderiam se constituir emvieses da pesquisa precisam ser adequa<strong>do</strong>s para traçar comparações, além de se buscar osmesmos critérios de inclusão, exclusão, condições ambientais e sociais da população estudada.A literatura traz algum<strong>as</strong> considerações so<strong>br</strong>e a mortalidade em cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minaisem i<strong>do</strong>sos. Segun<strong>do</strong> Speranzini e Deutsch (2005, p. 658):a mortalidade fica reduzida n<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> benign<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> operações d<strong>as</strong>extremidades, na parede tóraco-ab<strong>do</strong>minal ou fora d<strong>as</strong> cavidades ab<strong>do</strong>minal e


78torácica. Por outro la<strong>do</strong> aumentam consideravelmente n<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>neoplásic<strong>as</strong>, especialmente quan<strong>do</strong> <strong>as</strong> operações são paliativ<strong>as</strong> ou seresumem a simples biópsi<strong>as</strong> ou, evidentemente, em afecções de difícilrecuperação, como a trombose mesentérica extensa ou a peritoniteestercorácea.As tax<strong>as</strong> típic<strong>as</strong> de mortalidade pós-operatória de <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s agrandes cirurgi<strong>as</strong> ab<strong>do</strong>minais variam entre 3 e 5%, cerca de du<strong>as</strong> vezes naquel<strong>as</strong> de <strong>paciente</strong>sabaixo de 65 anos de idade (JOHNSON, 2001, p. 401).De acor<strong>do</strong> com Speranzini e Deutsch (2005) o <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so, aparentemente sadio,tolera bem a agressão cirúrgica, no entanto, complicações por vezes insignificantes podemevoluir de forma b<strong>as</strong>tante grave. Deste mo<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> ocorre sangramento, deiscência dean<strong>as</strong>tomose ou infecção intracavitária, o comprometimento sucessivo de órgãos vitais podelevar o <strong>do</strong>ente ao óbito. Diferentes publicações enfatizam a falta de correlação evidente entre amorbidade ou a mortalidade e a idade cronológica, m<strong>as</strong> que se torna significativa com o tipo de<strong>do</strong>ença e sua gravidade.


79GRÁFICO 4 – Associação entre incidência de complicações g<strong>as</strong>trintestinais, de feridaoperatória, neuropsiquiátric<strong>as</strong> e respiratóri<strong>as</strong> por faixa etária. Curitiba,2007.90%80%70%60%IDOSOS (%)50%40%30%20%10%0%NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIMG<strong>as</strong>trintestinais Ferida operatória Neuropsiquiátric<strong>as</strong> Respiratóri<strong>as</strong>COMPLICAÇÕES65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos ? 80 anosEvidenciam-se no gráfico 5 a relação d<strong>as</strong> complicações g<strong>as</strong>trintestinais e idade em anos.As complicações de ferida operatória evidenciad<strong>as</strong> tiveram prevalência nos i<strong>do</strong>sos de75 anos. Estes da<strong>do</strong>s corroboram aos de Pessaux et al (2000) ao realizar estu<strong>do</strong>s deprocedimentos cirúrgicos de menor impacto, minimamente inv<strong>as</strong>ivos em i<strong>do</strong>sos, utilizan<strong>do</strong><strong>do</strong>is grupos e como corte a idade (menores e maiores de 75 anos), relatou que os maiores de 75anos apresentaram mais complicações quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aos menores de 75 anos sen<strong>do</strong> <strong>as</strong>infecções de ferida operatória a mais comum.As complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong> não puderam ser <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> a aumento deincidência com o avanço da idade. A incidência entre <strong>as</strong> faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong> foram maiores para osi<strong>do</strong>sos de 75 a 79 anos. Pode-se considerar que outros fatores como <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong><strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>, inclusive <strong>as</strong> demênci<strong>as</strong>, deficiênci<strong>as</strong> funcionais, imobilidade, relações familiares eoutros tenham influencia<strong>do</strong> o aparecimento d<strong>as</strong> complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong>.


80As complicações respiratóri<strong>as</strong> apresentaram incidência maior em i<strong>do</strong>sos acima de 75anos, m<strong>as</strong> há que se considerar que <strong>as</strong> faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong> abaixo de 75 anos constituíam-se degrupos com mais indivíduos o que não possibilita tecer outros comentários so<strong>br</strong>e o da<strong>do</strong>.GRÁFICO 5 – Associação entre incidência de complicações g<strong>as</strong>trintestinais, de feridaoperatória, neuropsiquiátric<strong>as</strong> e respiratóri<strong>as</strong> e a presença de <strong>do</strong>ençacrônica. Curitiba, 2007.90%80%70%60%IDOSOS (%)50%40%30%20%10%0%NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIMG<strong>as</strong>trintestinais Respiratóri<strong>as</strong> Ferida operatória Neuropsiquiatric<strong>as</strong>COMPLICAÇÕESDoenca crônica ausenteDoenca crônica presenteEvidencia-se no gráfico 6 a <strong>as</strong>sociação d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> às complicações e que nãodemonstraram relação de significância. A relação de maior proximidade entre complicações e<strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>, pode ser observada com <strong>as</strong> <strong>do</strong> tipo neuropsiquiátric<strong>as</strong>. Quanto aos preditoresde risco para aparecimento de complicações pós-operatóri<strong>as</strong> no i<strong>do</strong>so, Johnson (2001) salientaque o diabete e a aterosclerose afetan<strong>do</strong> o coração, o cére<strong>br</strong>o ou <strong>as</strong> extremidades são comuns,embora certamente não restritos aos i<strong>do</strong>sos. A mobilidade ou a tolerância ao exercício reduzi<strong>do</strong>são preditores importantes inespecíficos no i<strong>do</strong>so, não apen<strong>as</strong> para conseqüênci<strong>as</strong> cardíac<strong>as</strong>advers<strong>as</strong> como para a mortalidade em geral.O autor op cit cita ainda que a demência pode levar a desidratação e má nutrição, m<strong>as</strong>não foi investiga<strong>do</strong> como fator de risco independente para a morte operatória ou para a


81morbidade. Transtornos depressivos maiores ou o parkinsonismo, podem propiciar aocorrência de qued<strong>as</strong>, pneumonia por <strong>as</strong>piração e recuperação retardada.5.2.3 Característic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s registros d<strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong>pós-operatórioConforme descrito na introdução <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, entende-se como complicações cirúrgic<strong>as</strong>os eventos ocorri<strong>do</strong>s com o i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-cirúrgico imediato e tardio, que efetivamenteimpliquem em dificultar a resolução <strong>do</strong>s impactos gera<strong>do</strong>s pelo procedimento acarretan<strong>do</strong>aumento de di<strong>as</strong> de internação, de novos procedimentos e de prescrição de medicações ouóbito.Apresenta-se a seguir no gráfico 4 , <strong>as</strong> principais complicações identificad<strong>as</strong> no estu<strong>do</strong>.No quadro 3, evidenciam-se <strong>as</strong> distribuições d<strong>as</strong> complicações no perío<strong>do</strong> pós-operatório portipo e eventos ordenad<strong>as</strong> por ordem decrescente de incidência.


82GRÁFICO 6 : Distribuição <strong>do</strong>s tipos de complicações pós-operatóri<strong>as</strong> e porcentagem deocorrência. Curitiba, 2007.ComplicaçõesAcesso venosoTegumentarMobilidadeUrológic<strong>as</strong>Hematológic<strong>as</strong>Sinais vitaisRespiratóri<strong>as</strong>Neuropsiquiátric<strong>as</strong>Cardiov<strong>as</strong>cularesFerida operatóriaG<strong>as</strong>trointestinais2,0%2,5%3,9%4,6%6,1%7,4%9,5%10,6%11,0%19,1%23,7%0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%Freqüência %Observa-se no gráfico 6 que <strong>do</strong>s 124 i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s, 84 (67,7%) delesapresentaram complicações no perío<strong>do</strong> pós-operatório imediato e tardio, enquanto 40 (32,3%)<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos não foram evidenciad<strong>as</strong> complicações. As complicações identificad<strong>as</strong> foramcl<strong>as</strong>sificad<strong>as</strong> em: 1) g<strong>as</strong>trointestinais; 2) ferida operatória; 3) cardiov<strong>as</strong>culares; 5)neuropsiquiátric<strong>as</strong>; 5) respiratóri<strong>as</strong>; 6) sinais vitais; 7) hematológic<strong>as</strong>; 8) urológic<strong>as</strong>; 9)restrição de mobilidade; 10) tegumentares; 11) acesso venoso. Foram evidencia<strong>do</strong>s 436eventos relaciona<strong>do</strong>s às complicações e frequentemente os i<strong>do</strong>sos apresentaram um ou maiseventos.


83QUADRO 3: Distribuição d<strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong> pós-operatóri<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>soagrupad<strong>as</strong> por tipo e eventos. Curitiba, 2007.COMPLICAÇÕESTOTAL1- Complicações g<strong>as</strong>trintestinais n %Náusea/vômito 33 7,5Obstipação intestinal 15 3,4Diarréia 14 3,2Sepse 11 2,5Distenção ab<strong>do</strong>minal 9 2,0Inapetência 7 1,6Dor ab<strong>do</strong>minal 7 1,6Est<strong>as</strong>e gástrica 5 1,2Pirose 3 0,7Sub-total 104 23,72- Complicações da ferida operatóriaDor na ferida operatória 34 7,8Secreção 19 4,4Sangramento 8 1,8Infecção 7 1,6Hiperemia 5 1,2Evisceração 4 0,9Fístula/celulite 4 0,9Deiscência de sutura 2 0,4Sub-total 83 19,13- Complicações cardiov<strong>as</strong>cularesEdema 15 3,5Arritmia (taquicardia/<strong>br</strong>adicardia) 14 3,2Parada Cardiorespiratória 11 2,4Hipovolemia 5 1,2Hemorragia 3 0,7Sub-total 48 11,04- Alterações neuropsiquiátric<strong>as</strong>Alteração <strong>do</strong> padrão de sono 10 2,3Ansiedade 9 2,0Confusão mental 9 2,0Apatia 8 1,8Cefaléia 6 1,4Agitação 5 1,2Sub-total 47 10,65- Complicações respiratóri<strong>as</strong>Dispnéia 29 6,7Tosse 9 2,0Pneumonia 2 0,4Síndrome da Angústia Respiratória (SARA) 2 0,4Sub-total 42 9,56- Alterações de sinais vitaisHipertensão 13 3,0Hipotensão 10 2,2Hipertermia 5 1,2Taquipnéia 3 0,7Hipotermia 2 0,4Sub-total 33 7,4


847- Complicações hematológic<strong>as</strong>Anemia 13 3,0Transfusão 12 2,7Anafilaxia transfusional 2 0,4Sub-total 27 6,18- Complicação urológic<strong>as</strong>Dificuldade de controlar esfincter 6 1,4Anúria 5 1,2Hematúria 4 0,9Globo vesical 3 0,7Infecção 2 0,4Total 20 4,69- Complicações de restrição de mobilidadeDificuldades de deambulação 10 2,3Lombalgia 5 1,2Queda 2 0,4Sub-total 17 3,910- Complicações tegumentaresAssadura 6 1,4Úlcera de pressão 5 1,1Sub-total 11 2,511- Complicações com o acesso venosoFragilidade venosa 6 1,4Instalação de acesso venoso central 2 0,4Troca de acesso 1 0,2Sub-total 9 2,0TOTAL 436 100Dada a importância destes resulta<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong> decidiu-se discutir cadacomplicações pós-operatória separadamente.5.3.2.1 Complicações g<strong>as</strong>trintestinais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioAs complicações g<strong>as</strong>trintestinais foram identificad<strong>as</strong> em 104 (23,7%) <strong>do</strong>s eventos eacometeram 57 (46%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. A clínica de investigada realiza cirurgi<strong>as</strong> <strong>do</strong> aparelhodigestório, e a ocorrência de complicações g<strong>as</strong>trintestionais são espera<strong>do</strong>s nesta unidade. Nestegrupo os eventos de maior freqüência foram relaciona<strong>do</strong>s às náuse<strong>as</strong> e vômitos 33 (7%),segui<strong>do</strong>s de obstipação intestinal 15 (3,1%), diarréia 14 (3,0%), sepse 11 (2,3%), distençãoab<strong>do</strong>minal 9 (1,9%), inapetência 7 (1,5%), <strong>do</strong>r ab<strong>do</strong>minal 7 (1,5%), est<strong>as</strong>e gástrica 5 (1,0%) epirose 3 (0,6%).As náuse<strong>as</strong> e vômitos foram evidenciad<strong>as</strong> em 33 (26,6%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Estes sintom<strong>as</strong>são considera<strong>do</strong>s extremamente desagradáveis pelos <strong>paciente</strong>s. De acor<strong>do</strong> com Lages et al(2005), são sintom<strong>as</strong> de grande incidência no perío<strong>do</strong> pós-anestésico e podem estar <strong>as</strong>socia<strong>do</strong>s


85a fatores diversos, como idade acima de 60 anos, sexo feminino, ansiedade, história prévia denáuse<strong>as</strong> e vômitos.Segun<strong>do</strong> Petroianu & Pimenta (1998) a musculatura lisa digestiva <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>sopode estar hipotrofiada, manifestan<strong>do</strong> distúrbios de trânsito digestivo como a diarréia e aobstipação. As principais queix<strong>as</strong> são disfagia, empachamento epigástrico, desconforto nohipocôndrio direito e constipação; por outro ângulo a hipotonia da musculatura estriada <strong>do</strong>s<strong>paciente</strong>s mais i<strong>do</strong>sos ou debilita<strong>do</strong>s resulta em incontinência fecal, sen<strong>do</strong> que no perío<strong>do</strong> pósoperatóriose encontram agrava<strong>do</strong>s. O autor op cit refere que em i<strong>do</strong>sos não se devem esperaros sintom<strong>as</strong> usualmente encontra<strong>do</strong>s em jovens, poden<strong>do</strong> se apresentar em perío<strong>do</strong> posterior. Apresença de apatia, principalmente se <strong>as</strong>sociada a distúrbios hidroeletrolíticos, deve serinvestigada de maneira mais apurada.O uso de antibióticos por perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s está <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> conforme Carvalho Filho(2005) a ocorrência de alterações digestiv<strong>as</strong> após os 65 anos. Além <strong>do</strong> desconfortodesencadea<strong>do</strong>s por náuse<strong>as</strong> e vômitos, deve-se ressaltar que a est<strong>as</strong> estão <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> reaçõesorgânic<strong>as</strong> como hipertensão, taquicardia, interrupção da alimentação oral, desidratação,aumento da pressão intracraniana e ocular, sangramento da ferida operatória por aumento dapressão venosa e deiscência de ferida operatória.Em procedimentos anestésico-cirúrgicos destituí<strong>do</strong>s de outr<strong>as</strong> complicações,freqüentemente o <strong>paciente</strong> carrega a desagradável lem<strong>br</strong>ança da experiência deste evento,como relata<strong>do</strong> em um estu<strong>do</strong> que avaliou <strong>as</strong>pectos negativos que o <strong>paciente</strong> gostaria de evitarna sala de recuperação anestésica. Náuse<strong>as</strong> e vômitos no pós-operatório foram os que maiornúmero de <strong>paciente</strong>s desejaria evitar (49%) segui<strong>do</strong>s de outros como a <strong>do</strong>r (27%) e a ausênciade sedação (13%). Os autores concluíram que os <strong>paciente</strong>s estariam dispostos a aceitar outr<strong>as</strong>complicações, mesmos com custos pessoais adicionais, para atenuar ou prevenir <strong>as</strong> náuse<strong>as</strong> evômitos no pós-operatório (Morin; Geldner apud POMPEO et al. , 2002).Atualmente apesar <strong>do</strong>s avanços d<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> anestésic<strong>as</strong>, <strong>do</strong> uso de fármacos de curtaduração de ação e <strong>do</strong> desenvolvimento de novos antieméticos, a incidência global permanececerca de 25% a 30%. São eventos que ocorrem n<strong>as</strong> 24 hor<strong>as</strong> após o procedimento anestésico(GOLEMBIEWSKI; O`BRIEN, 2002).Estu<strong>do</strong> de Pompeo et al. (2007) investigan<strong>do</strong> <strong>as</strong> intervenções de enfermagem noperío<strong>do</strong> pós-operatório nos episódios de náuse<strong>as</strong> e vômitos, trazem como alternativ<strong>as</strong> desuplementar ou substituir <strong>as</strong> intervenções farmacológic<strong>as</strong> o uso <strong>do</strong> suplemento de oxigênio, <strong>do</strong>óleo de hortelã, <strong>do</strong> gengi<strong>br</strong>e, inalação de álcool isopropílico e acupressão. Os autores acreditamque ess<strong>as</strong> são alternativ<strong>as</strong> que devem ser investigad<strong>as</strong> mais profundamente pois ainda existem


86lacun<strong>as</strong> acerca de sua eficácia. A acupressão apresenta eficácia no controle d<strong>as</strong> náuse<strong>as</strong> evômitos, poden<strong>do</strong> ser utilizada pelo enfermeiro desde que este apresente habilidades paraaplicar a técnica, esteja autoriza<strong>do</strong> pelo órgão de cl<strong>as</strong>se por meio de curso de especialização emacupuntura (POMPEO et al., 2007).Ressalta-se que a atuação <strong>do</strong> enfermeiro na prevenção de complicações deva seriniciada no perío<strong>do</strong> pré-operatório, para que o planejamento de su<strong>as</strong> ações esteja fundamenta<strong>do</strong>no processo de enfermagem desenvolvi<strong>do</strong> adequadamente.A obstipação intestinal obteve a freqüência de 15 eventos (12% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos), seguidapela diarréia com 14 eventos (11,2% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos). A obstipação intestinal pode ser definidacomo a evacuação laboriosa de fezes volumos<strong>as</strong> e/ou muito dur<strong>as</strong> em intervalos maiores <strong>do</strong>que três di<strong>as</strong>. Após a realização de procedimento cirúrgico na região ab<strong>do</strong>minal, o i<strong>do</strong>so podenão se sentir motiva<strong>do</strong> a realizar esforço para eliminação d<strong>as</strong> fezes. Ainda, frequentemente <strong>as</strong>cirurgi<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> são intestinais.No i<strong>do</strong>so a obstipação intestinal pode ser causada por baixa ingestão de fi<strong>br</strong><strong>as</strong> elíqui<strong>do</strong>s, baixa atividade física, fraqueza e imobilidade no leito, depressão, uso demedicamentos com ação obstipante (antagonist<strong>as</strong> <strong>do</strong> cálcio, anticolinérgicos, antidepressivos,etc), hipotireoidismo, estenoses cicatriciais (diverticulite, <strong>do</strong>ença inflamatória, coliteisquêmica, irradiação) e neoplásic<strong>as</strong> (OLIVEIRA; MENDES, 1998, p. 759).As orientações de enfermagem para evitar a obstipação intestinal envolvem amobilização no leito, estímulo a deambulação, ingesta de líqui<strong>do</strong>s e fi<strong>br</strong><strong>as</strong> desde que nãocontra-indica<strong>do</strong>s. Controle d<strong>as</strong> eliminações e d<strong>as</strong> queix<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, consideran<strong>do</strong>-se os hábitosintestinais anteriores ao procedimento cirúrgico.A diarréia é b<strong>as</strong>tante comum em i<strong>do</strong>sos , poden<strong>do</strong> ser conseqüente a síndrome <strong>do</strong> cólonirritável, presença de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>, utilização de medicamentos, distúrbios na absorção <strong>do</strong>salimentos e outros de menor incidência.5.3.2.2 Complicações da ferida operatória <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioVerifica-se no quadro 3 que <strong>as</strong> complicações da ferida operatória foram distribuíd<strong>as</strong> em83 (19,1%) eventos que se apresentaram em 48 (38,7%) i<strong>do</strong>sos. Dos 15 <strong>paciente</strong>s queevoluíram para óbito 6 (7,2%) deles apresentaram complicações de ferida operatória.Os principais eventos relaciona<strong>do</strong>s às complicações da ferida operatória foram <strong>do</strong>r naferida operatória com 34 (7,8%); secreção 19 (4,4%); sangramento 8 (1,8%); infecção 7


87(1,6%); hiperemia 5 (1,2%); evisceração 4 (0,9%); fístula/celulite 4 (0,9%) e deiscência desutura 2 (0,4%).A presença de <strong>do</strong>r foi o evento de maior prevalência diante d<strong>as</strong> complicaçõesrelacionad<strong>as</strong> a ferida operatória, sen<strong>do</strong> evidenciada em 34 (27,4%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Esses da<strong>do</strong>s sãoigualmente evidencia<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s. A <strong>do</strong>r é um importante indica<strong>do</strong>r fisiológico queprecisa ser cuida<strong>do</strong>samente monitoriza<strong>do</strong> e investiga<strong>do</strong> quanto a natureza súbita, gradativa ouexplosiva conforme relato <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>.O julgamento da reação à <strong>do</strong>r pelo cliente é tão importante quanto avaliar a natureza da<strong>do</strong>r. As reações variam de pânico à aparente indiferença, tornan<strong>do</strong> difícil observar, comexatidão, aquilo que o indivíduo está sentin<strong>do</strong> (BLACK; MATASSARIN-JACOB, 1996).Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Shapiro et al. (2003 ) comparan<strong>do</strong> os efeitos de diferentes técnic<strong>as</strong>de analgesia, via oral com antiinflamatórios não esteroides, intravenosa com utilização demorfina, e intratecal ou peridural com uso de morfina, em <strong>paciente</strong>s submeti<strong>do</strong>s a cirurgiaab<strong>do</strong>minal de grande porte, consideraram tod<strong>as</strong> efetiv<strong>as</strong> m<strong>as</strong> produziam efeitos adversos;portanto a <strong>do</strong>r deve ser avaliada tanto quanto a ocorrência de efeitos adversos da técnica deanalgesia.Para Chung e Lui apud Men<strong>do</strong>za (2006) em estu<strong>do</strong>s da intensidade da <strong>do</strong>r vivenciada esua satisfação com seu manejo na recuperação pós-anestésica, mostraram que,aproximadamente, 85% queixavam-se de <strong>do</strong>r n<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> 24 hor<strong>as</strong>, <strong>do</strong>s quais 48,6%afirmaram que tanto o enfermeiro como o médico não davam importância ao alívio da <strong>do</strong>r.O desafio da escolha <strong>do</strong> tratamento adequa<strong>do</strong> da <strong>do</strong>r no pós-operatório, deve sercriterioso visto que os medicamentos indica<strong>do</strong>s são efetivos m<strong>as</strong> provocam efeitos adversos napopulação i<strong>do</strong>sa, sen<strong>do</strong> imprescindível para o anestesista e enfermeiro, providenciar otratamento, avaliação, prevenção e medid<strong>as</strong> de monitoramento e alívio nesse perío<strong>do</strong>(MENDOZA, 2006).De acor<strong>do</strong> com Carvalho Filho (2005), a deiscência e sangramento no local de incisãosão complicações muito freqüentes em i<strong>do</strong>sos, principalmente naqueles porta<strong>do</strong>res dedesnutrição e de alterações circulatóri<strong>as</strong> locais. Ess<strong>as</strong> complicações podem ocorrer mesmo emprocedimentos cerca<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s técnicos, haven<strong>do</strong> muit<strong>as</strong> vezes, necessidade dereintervenção.Ressalta-se que <strong>do</strong>s 124 i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s 9 (7,25%) deles tiveram que se submeter auma nova cirurgia em razão d<strong>as</strong> complicações com a ferida operatória. Ess<strong>as</strong> intervenções derepetição e em situação de emergência causam injúria ao i<strong>do</strong>so, dificultan<strong>do</strong> su<strong>as</strong>possibilidades de recuperação e aumentan<strong>do</strong> o risco imobilidade, prostração e de morte.


88Como fatores de risco para complicações locais da ferida operatória locais podem-secitar: vômitos incoercíveis, soluços, tosse, peritonites, íleos prolonga<strong>do</strong>s, queimadur<strong>as</strong> prévi<strong>as</strong>da parede ab<strong>do</strong>minal que alteram a sua irrigação, distensão ab<strong>do</strong>minal, manipulação excessiva<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, homeost<strong>as</strong>ia inadequada, infecção de parede, utilização de fios inadequa<strong>do</strong>s,insuficiente força tensora <strong>do</strong> nó, degermação insuficiente, entre outros (ALEXANDER ePRUDDEN, 1996).5.3.2.3 Complicações cardiov<strong>as</strong>culares <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioConstata-se no gráfico 6 que <strong>as</strong> complicações cardiov<strong>as</strong>culares foram identificad<strong>as</strong> em48 (11,0%) de eventos afetan<strong>do</strong> 23 (18,5%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s. Os eventos registra<strong>do</strong>sforam: edema 15 (3,5%), arritmi<strong>as</strong> 14 (3,2%), parada cardiorespiratória 11 (2,4%),hipovolemia 5 (1,2%), hemorragia 3 (0,7%).Para Johnson (2001, p. 404), os problem<strong>as</strong> pós-operatórios mais importantes são <strong>as</strong><strong>do</strong>ença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca, arritmi<strong>as</strong>, eventos tromboembólicos,complicações respiratóri<strong>as</strong>, delirium e descondicionamento geral.Seymor e Vaz apud Carvalho Filho (p. 642, 2005) encontraram em seus estu<strong>do</strong>s 13%de c<strong>as</strong>os de complicações cardiov<strong>as</strong>culares que oc<strong>as</strong>ionaram 11 óbitos, n<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> <strong>do</strong>perío<strong>do</strong> pós-operatório, infarto agu<strong>do</strong> <strong>do</strong> miocárdio, insuficiência cardíaca e arritmi<strong>as</strong>. ParaAshton et al e Goldman apud Johnson (2001), ocorre infarto <strong>do</strong> miocárdio em 1 a 10% <strong>do</strong>sprocedimentos não cardíacos, com risco de 1 a 5% de morte. Para <strong>paciente</strong>s com eventos pósoperatórioso risco de infarto apareceu em 4,1% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s de alto risco, defini<strong>do</strong>s comoaqueles com <strong>do</strong>ença coronariana conhecida; em 0,8% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s de risco intermediário,defini<strong>do</strong>s como aqueles com fatores de risco conheci<strong>do</strong>s para aterosclerose, tais comohipertensão, diabete e idade avançada, m<strong>as</strong> sem quaisquer sintom<strong>as</strong> cardíacos ou v<strong>as</strong>culares.De acor<strong>do</strong> com o autor op cit <strong>as</strong> complicações cardíac<strong>as</strong> e pulmonares merecem atençãoespecial em razão da magnitude potencial <strong>do</strong>s eventos adversos e <strong>do</strong> potencial de melhoraress<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> quan<strong>do</strong> identificad<strong>as</strong> antes da cirurgia. Os eventos tromboembólicos,trombos venosos profun<strong>do</strong>s proximais e distais e embolia pulmonar, são outra grande questãogeral importante que deve ser considerada em to<strong>do</strong>s os c<strong>as</strong>os. Os <strong>paciente</strong>s que se submeterama cirurgia de um câncer de pelve ou abdômen, com história de trombose venosa profunda eembolia pulmonar estão em uma categoria de alto risco.5.3.2.4 Complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório


89Evidencia-se conforme o gráfico 6 alterações neuropsiquiátric<strong>as</strong> que perfazem 47(10,6%) <strong>do</strong>s eventos, identifica<strong>do</strong>s em 29 (23,3%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Os eventos de maior evidênciaforam <strong>as</strong> alterações <strong>do</strong> padrão <strong>do</strong> sono encontrada em 10 (2,3%); a seguir a ansiedade com 9(2,0%); confusão mental 9 (2,0%); apatia 8 (1,8%); cefaléia 6 (1,4%) e agitação 5 (1,2%).As alterações neuropsiquiátric<strong>as</strong> evidenciad<strong>as</strong> no estu<strong>do</strong>, foram considerad<strong>as</strong> comodelirium no perioperatório. Segun<strong>do</strong> Sitta, Lapa e Macha<strong>do</strong> (2005), o delirium, pode sercaracteriza<strong>do</strong> por alteração de consciência, dificuldade de focalizar a atenção, prejuízocognitivo, pensamento desorganiza<strong>do</strong>, e pode estar <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> a distúrbios da percepção.Durante a hospitalização, aproximadamente 30% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos desenvolvem quadro dedelirium. Dentre os <strong>paciente</strong>s cirúrgicos, este risco varia de 10% a 50%, <strong>as</strong>socian<strong>do</strong>-se a i<strong>do</strong>sosmais frágeis e a procedimentos mais complexos.De acor<strong>do</strong> com o autor op cit a confusão mental moderada pode responder à medid<strong>as</strong>ambientais. O ambiente hospitalar caracteriza<strong>do</strong> por ruí<strong>do</strong>s, má iluminação, ausência dejanel<strong>as</strong>, uso de contensão física, contribui para a piora <strong>do</strong> quadro. Contato sensorial freqüente eorientação verbal de pessoa familiar diminuem a agitação.Conforme Johnson (2001), o uso de opióides no pós-operatório pode ser correlaciona<strong>do</strong>ao delirium, sen<strong>do</strong> a interrupção <strong>do</strong> medicamento necessária nesses c<strong>as</strong>os. A ansiedademanifestada no perío<strong>do</strong> pós-operatório está relacionada à entubação, à monitoração, às infusõesintra-venos<strong>as</strong>, aos cuida<strong>do</strong>s respiratórios e eventualmente a permanência na unidade de terapiaintensiva. A ansiedade pode causar elevação da pressão arterial, taquicardia, extra-sistolia,taquicardia paroxística. Geralmente o tratamento com pequen<strong>as</strong> <strong>do</strong>ses de benzodiazepínicos ésuficiente para controlar essa manifestação e su<strong>as</strong> complicações.A redução <strong>do</strong>s fatores de estresse pré e pós-operatórios podem auxiliar na prevenção ecorreção <strong>do</strong>s fatores de risco para aparecimento de delirium. O enfermeiro ao utilizar oprocesso de enfermagem como instrumento de trabalho pode efetuar os diagnósticos deenfermagem e planejar <strong>as</strong> ações de maneira preventiva.5.3.2.5 Complicações respiratóri<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós- operatórioDestaca-se no quadro 3 que foram detecta<strong>do</strong>s 42 (8,8%) de eventos relaciona<strong>do</strong>s àscomplicações respiratóri<strong>as</strong>, identificad<strong>as</strong> em 33 (26,6%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s. Os eventosidentifica<strong>do</strong>s foram: dispnéia 29 (6,7%), tosse 9 (2,0%), pneumonia 2 (0,4%) e Síndrome da


90Angústia Respiratória 2 (0,4%). A dispnéia foi o evento de maior freqüência para complicaçãorespiratória, sen<strong>do</strong> registrada em 29 (23,4%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s.Estes da<strong>do</strong>s são semelhantes aos encontra<strong>do</strong>s por Men<strong>do</strong>za (2006) que evidenciaram adispnéia em i<strong>do</strong>sos na proporção de 20%.Segun<strong>do</strong> Petroianu e Pimenta (1998) a pneumonia se encontra presente emaproximadamente 50% d<strong>as</strong> mortes pós-operatóri<strong>as</strong>, freqüentes em cirurgi<strong>as</strong> torácic<strong>as</strong> ouab<strong>do</strong>minais e em <strong>paciente</strong>s acama<strong>do</strong>s, <strong>as</strong> atelect<strong>as</strong>i<strong>as</strong> são freqüentes, por restrição respiratória,seja devi<strong>do</strong> à <strong>do</strong>r ou à dificuldade de expansão da caixa torácica. Colaboram ainda para essacomplicação a respiração naturalmente mais superficial <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, redução <strong>do</strong> tono muscular <strong>do</strong>diafragma e <strong>do</strong>s músculos acessórios da respiração, enrijecimento d<strong>as</strong> cartilagens costais e oaumento <strong>do</strong> espaço vazio (morto) respiratório, por dilatação da árvore traqueo<strong>br</strong>ônquica, alémda pior ventilação alveolar.O autor op cit recomenda que se o i<strong>do</strong>so enfisematoso por tabagismo, pneumoconioseou <strong>as</strong>ma crônica, os cuida<strong>do</strong>s especiais devem iniciar no pré-operatório. Nesses c<strong>as</strong>os, o aportede oxigênio no transoperatório é muito benéfico, porém, ao se tentar extubar o <strong>do</strong>ente, pode-seencontrar dificuldade em que ele <strong>as</strong>suma sua respiração, tanto por falta de estímulo central,quanto por insuficiência muscular e <strong>do</strong>r. A antibioticoprofilaxia também está justificada nessesc<strong>as</strong>os. A hidratação adequada fluidifica melhor o muco e contribui para sua remoção da árvore<strong>br</strong>ônquica, prevenin<strong>do</strong> obstruções. Entretanto, deve-se ter o cuida<strong>do</strong> para evitar a hiperhidrataçãoque pode complicar o quadro pulmonar com excesso de transudação, chegan<strong>do</strong> até oedema, além de efeitos adversos em outr<strong>as</strong> partes <strong>do</strong> organismo.Segun<strong>do</strong> Sitta, Lapa e Macha<strong>do</strong> (2005, p. 202):O envelhecimento está <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> à redução da el<strong>as</strong>ticidade alveolar eaumento da rigidez da parede torácica, causan<strong>do</strong> diminuição da capacidadepulmonar total e da complacência, além da diminuição corrente e dacapacidade vital forçada. Est<strong>as</strong> situações que tornam o indivíduo maissusceptível a atelect<strong>as</strong>i<strong>as</strong> e diminuição <strong>do</strong> fluxo expiratório parecem nãocontribuir de forma incisiva para ocorrência de complicações pulmonares nopós-operatório.Enquanto que Johnson (2001) atribui um risco aumenta<strong>do</strong> de complicações pulmonaresa procedimentos que consistem em incisões <strong>do</strong> abdômen superior ou tórax, recomendan<strong>do</strong>nestes c<strong>as</strong>os a investigação prévia da função pulmonar no perío<strong>do</strong> pré-operatório.As principais complicações pulmonares evidenciad<strong>as</strong> por Sitta, Lapa e Macha<strong>do</strong> (2005)no perío<strong>do</strong> pós-operatório são <strong>as</strong> atelect<strong>as</strong>i<strong>as</strong>, insuficiência respiratória, <strong>br</strong>oncoesp<strong>as</strong>mo e


91ventilação mecânica prolongada, que em decorrência da manipulação da cavidade ab<strong>do</strong>minalno procedimento cirúrgico, promove a redução da capacidade funcional residual, aumentan<strong>do</strong> aresistência d<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> aére<strong>as</strong>.Ao analisar a evolução pós-operatória de 288 i<strong>do</strong>sos, Seymor e Vaz apud CarvalhoFilho (2005, p. 642), verificaram que <strong>as</strong> complicações respiratóri<strong>as</strong> foram <strong>as</strong> de maiorfreqüencia. Dentre <strong>as</strong> complicações pulmonares a atelect<strong>as</strong>ia ocorreu em 17% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s,traqueo<strong>br</strong>onquite aguda em 12% e pneumonia em 10%. Ess<strong>as</strong> complicações foram três vezesmais freqüentes em <strong>paciente</strong>s que sofreram abertura da cavidade torácica ou ab<strong>do</strong>minal emrelação aos que não sofreram.Pode-se se <strong>as</strong>sociar às complicações respiratóri<strong>as</strong> os fatores de risco relaciona<strong>do</strong>s aobesidade, desnutrição, tabagismo, etilismo, sedentarismo. Ainda <strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>adquirid<strong>as</strong>, o tempo cirúrgico prolonga<strong>do</strong>, internamentos hospitalares de repetição, imobilidadeprolongada no leito, outr<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> osteomusculares que dificultem a mobilização e outr<strong>as</strong>.Entende-se que o olhar atento da equipe de enfermagem e o trabalho conjunto da equipede saúde possam reduzir os fatores de risco para desenvolvimento de complicaçõesrespiratóri<strong>as</strong>. As complicações respiratóri<strong>as</strong> podem causar desconforto aos i<strong>do</strong>sos além deaumentar o perío<strong>do</strong> de hospitalização, utilização de medicamentos e de procedimentos.5.3.2.6 Alterações de sinais vitais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioObserva-se no gráfico 6 que ocorreram 33 (7,4%) eventos referentes às alterações desinais vitais como: hipertensão 13 (3,0%), hipotensão 10 (2,2%), hipertermia; 5 (1,2%),taquipinéia 3 (0,7%) e hipotermia 2 (0,4%). Os padrões de freqüência cardíaca, pressãoarterial, freqüência respiratória e temperatura possuem característic<strong>as</strong> peculiares na avaliaçãode i<strong>do</strong>sos, nem sempre identificad<strong>as</strong> como anormais para profissionais que não estejamcapacita<strong>do</strong>s a identificá-l<strong>as</strong>.O organismo <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so nem sempre responde ao trauma cirúrgico de maneiraconvencional. A hipotermia foi o evento de menor incidência em nosso estu<strong>do</strong>, no entanto éevento relata<strong>do</strong> na literatura como freqüente no pós-operatório em i<strong>do</strong>sos. Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> porMen<strong>do</strong>za (2006) refere a hipotermia como alteração mais freqüente evidenciada na sala derecuperação pós-anestésica, justificada pela influência <strong>do</strong>s anestésicos no sistema respiratório.Associa ainda <strong>as</strong> alterações de temperatura corporal com a ocorrência de complicações.Segun<strong>do</strong> Sessler apud Men<strong>do</strong>za (2006):


92após o fim <strong>do</strong> ato anestésico, é diminuída a concentração de anestésicos nosistema nervoso central (SNC), e o organismo retorna às respost<strong>as</strong> determoregulação. A temperatura corporal tende a voltar ao normal em umperío<strong>do</strong> de 2 a 5 hor<strong>as</strong>, m<strong>as</strong>, os fármacos residuais e o uso de opióides paratratamento da <strong>do</strong>r pós-operatória diminuem a eficácia dess<strong>as</strong> respost<strong>as</strong>, quesoma<strong>do</strong>s à idade <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, acabam influencian<strong>do</strong> a queda da temperaturacorporal.O organismo <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so responde de maneira lábil às alterações rápid<strong>as</strong> ou intens<strong>as</strong> detemperatura, portanto externa de maneira inadequada a sua temperatura e tolera mal mudanç<strong>as</strong>térmic<strong>as</strong>. O <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so tolera mal o frio, deven<strong>do</strong>-se mantê-lo aqueci<strong>do</strong> com suplemento deag<strong>as</strong>alhos ou cobertores. O ambiente hospitalar freqüentemente apresenta correntes de ar,principalmente quan<strong>do</strong> a internação ocorre em enfermari<strong>as</strong> coletiv<strong>as</strong>. O i<strong>do</strong>so pode não sesentir confortável com a temperatura ambiente confortável para outros <strong>paciente</strong>s de faixa etáriadiferente. O enfermeiro ao conhecer <strong>as</strong> particularidades que envolvem <strong>as</strong> alterações detemperatura <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so, pode providenciar acomodações e ag<strong>as</strong>alhos adequa<strong>do</strong>s paraque se sinta aqueci<strong>do</strong> o suficiente.A hipertensão arterial foi identificada em 13 (40,5%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no perío<strong>do</strong> pósoperatório.Comparan<strong>do</strong>-se os i<strong>do</strong>sos com diagnóstico de hipertensão no perío<strong>do</strong> préoperatório77 (62%) aos que apresentaram hipertensão no pós-operatório, pode-se inferir: os<strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos estavam com a hipertensão controlada não desencadean<strong>do</strong> crise hipertensivano pós-operatório; os <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos encontravam-se depleta<strong>do</strong>s, ou desidrata<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong>os níveis pressóricos; a perda de volume sanguíneo durante o procedimento cirúrgicocolaborou para a redução <strong>do</strong>s níveis pressóricos.A verificação da pressão arterial fornece informações so<strong>br</strong>e a força <strong>do</strong> débito cardíaco eda el<strong>as</strong>ticidade d<strong>as</strong> artéri<strong>as</strong> maiores. É um procedimento in<strong>do</strong>lor, de fácil aplicabilidade noambiente hospitalar e parâmetro importante para verificação de anormalidades no pósoperatório.A equipe de enfermagem ao realizar este procedimento deve estar atenta para sinaisde anormalidades, registran<strong>do</strong> fidedignamente to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s e comunican<strong>do</strong> eventuaisalterações que venham a colocar a integridade <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> em risco.A incidência de <strong>do</strong>r pós-operatória tende a ser reduzida ao longo d<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> décad<strong>as</strong>visto os avanços da tecnologia cirúrgica, melhoria d<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> anestésic<strong>as</strong>, drog<strong>as</strong> analgésic<strong>as</strong>efetiv<strong>as</strong> e com menores efeitos colaterais e melhor aparelhamento de monitorização <strong>do</strong>s<strong>paciente</strong>s.Hipotensão arterial é uma complicação comum no perío<strong>do</strong> pós-operatório imediatocomo conseqüência da ação de anestésicos, de hipovolemia e, eventualmente de insuficiência


93coronária, embolia pulmonar e infecções (CARVALHO FILHO, 2005, p. 642). A hipotensãoarterial em i<strong>do</strong>sos pode estar <strong>as</strong>sociada ao jejum prolonga<strong>do</strong> <strong>do</strong> pré e pós-operatório, perda delíqui<strong>do</strong>s por distúrbios g<strong>as</strong>trintestinais ou a baixa ingesta <strong>do</strong>s mesmos.A taquipnéia foi encontrada em registros de 3 (0,7%) i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s e pode estarrelacionada a ansiedade originada pelo estresse cirúrgico, pode estar <strong>as</strong>sociada a distúrbiosneurológicos ou metabólicos, afecções <strong>br</strong>oncopulmonares e dar indícios de fenômenosrestritivos respiratórios, como a <strong>do</strong>r. A observação, registro e comunicação de eventosocorri<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> pós-operatório é de responsabilidade da equipe de enfermagem e podeevitar complicações indesejáveis.5.3.2.7 Complicações hematológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioVerifica-se no quadro 3 que <strong>as</strong> complicações hematológic<strong>as</strong> foram detectad<strong>as</strong> em 27(6,1%) eventos manifestad<strong>as</strong> em 15 (12%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, dentre eles <strong>as</strong> anemi<strong>as</strong> representaram 13(3,0%) <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os, seguid<strong>as</strong> ou não de transfusões sanguíne<strong>as</strong> 12 (2,7%) e anafilaxiatransfusional 2 (0,4%).As peculiaridades <strong>do</strong>s problem<strong>as</strong> hematológicos no i<strong>do</strong>so estão relacionad<strong>as</strong> com aincidência maior de determinad<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, com redução <strong>do</strong> estroma medular e com aosteoporose. A anemia é considerada a afecção hematológica mais freqüente no i<strong>do</strong>so,exigin<strong>do</strong> sempre cuida<strong>do</strong>sa investigação, pois freqüentemente constitui o primeiro sinal degrave <strong>do</strong>ença subjacente (CARVALHO e CRUZ, 1998). De acor<strong>do</strong> com os autores <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> tendem à descompensação sanguínea por perd<strong>as</strong> mínim<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong> necessário em c<strong>as</strong>osmais graves de desnutrição e hemorragia crônica a reposição transfusional no perío<strong>do</strong> préoperatórioe reserv<strong>as</strong> para o perío<strong>do</strong> perioperatório.A instabilidade característica <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so condiciona riscos maiores para os acidentestransfusionais, necessitan<strong>do</strong> portanto de cuida<strong>do</strong>s com a prescrição e administração <strong>do</strong>shemoderiva<strong>do</strong>s. Cuida<strong>do</strong>s especiais devem ser observa<strong>do</strong>s com o controle <strong>do</strong>s sinais vitais, oi<strong>do</strong>so pode estar mais suscetível a disfunções cardíac<strong>as</strong> por hipovolemia.Carvalho e Cruz (1998) ressaltam que transfusões em i<strong>do</strong>sos podem ser acompanhad<strong>as</strong>por complicações, como contaminação bacteriana, que ocorre pela punção da pele, semprep<strong>as</strong>sível de conter germes, erro de identificação, complicações cardiov<strong>as</strong>culares, alem <strong>do</strong> custoeleva<strong>do</strong>.


94De acor<strong>do</strong> com Timby (2001) a administração de hemoderiva<strong>do</strong>s devem seguir algum<strong>as</strong>determinações padronizad<strong>as</strong>. O cali<strong>br</strong>e da agulha deve ser no mínino 20, pois um cali<strong>br</strong>e menorpode prolongar a administração ultrap<strong>as</strong>san<strong>do</strong> os limites de segurança para o procedimento.A equipe de enfermagem deve realizar a administração de componenteshemoderiva<strong>do</strong>s, seguin<strong>do</strong> rigorosamente tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> recomendações preconizad<strong>as</strong>, conferin<strong>do</strong> omaterial envia<strong>do</strong> com a prova cruzada entre <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e receptor, observan<strong>do</strong> <strong>as</strong> prescrições noprontuário, registran<strong>do</strong> <strong>as</strong> informações de identificação <strong>do</strong> material administra<strong>do</strong>. Permanecerobservan<strong>do</strong> <strong>as</strong> reações <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de administração <strong>do</strong>s hemoderiva<strong>do</strong>s,verifican<strong>do</strong> sinais vitais freqüentemente.Segun<strong>do</strong> Timby (2001) sugere algum<strong>as</strong> ações na administração <strong>do</strong>s hemoderiva<strong>do</strong>s:Verificar a identidade <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>; determinar a necessidade ou não deconsentimento por escrito; verificar o tamanho <strong>do</strong> equipamento atual devenopunção, c<strong>as</strong>o esteja sen<strong>do</strong> infundida solução intravenosa; revisar oprontuário médico na busca de resulta<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o tipo sangüíneo e oscruzamentos; verificar sinais vitais frequentemente para estabelecerparâmetros comparativos durante a transfusão.A autora op cit recomenda verificar os prazos de validade <strong>do</strong> sangue, examine o <strong>as</strong>pecto<strong>do</strong> material conti<strong>do</strong> na bolsa, interromper a administração aos sinais de incompatibilidade,sen<strong>do</strong> eles fe<strong>br</strong>e, septicemia, alergia, tremor modera<strong>do</strong>, so<strong>br</strong>ecarga e hipocalcemia.5.3.2.8 Complicações urológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioConstata-se no gráfico 6 que <strong>as</strong> complicações urológic<strong>as</strong> foram identificad<strong>as</strong> em 20(4,1%) <strong>do</strong>s eventos apresenta<strong>do</strong>s por 19 (15,3%) i<strong>do</strong>sos, distribuíd<strong>as</strong> em 6 (1,4%) dificuldadesde controle de esfíncter; 5 (1,2%) anúria; 4 (0,9%) hematúria; 3 (0,7%) de i<strong>do</strong>sos com globovesical; e 2 (0,4%) de infecções <strong>do</strong> trato urinário. Est<strong>as</strong> complicações ficaram abaixo <strong>do</strong>espera<strong>do</strong>, na prática <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> cotidiano, percebe-se que são freqüentes <strong>as</strong> intervenções deenfermagem para auxiliar os i<strong>do</strong>sos n<strong>as</strong> dificuldades em eliminar espontaneamente a urinaproduzida no pós-operatório, ou nos problem<strong>as</strong> que a utilização de cateteres vesicaisprovocam.A anúria refere-se à ausência de urina ou a uma eliminação de até 100 ml em 24 hor<strong>as</strong>.Se os rins estão forman<strong>do</strong> urina, pode ser usa<strong>do</strong> o termo supressão urinária. A característicamais marcante da supressão urinária é o fato de a bexiga estar vazia, não haven<strong>do</strong>,


95conseqüentemente, pressa para urinar. A retenção urinária é identificada através de uma bexigaprogressivamente distendida (TIMBY, 2001).Conforme Dutie e Katz (2002) os <strong>paciente</strong>s com sond<strong>as</strong> de demora apresentam urinainfectada freqüentemente e que a incidência de bacteriúria após inserção de cateter é de 7 a 8%ao dia, sen<strong>do</strong> que em um perío<strong>do</strong> de 3 a 4 seman<strong>as</strong> virtualmente to<strong>do</strong>s os <strong>paciente</strong>s apresentamsebacteriúricos.Os autores op cit referem que ainda são esc<strong>as</strong>sos os estu<strong>do</strong>s detalha<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e <strong>as</strong>alterações <strong>do</strong> trato urinário inferior em i<strong>do</strong>sos, sabe-se que em ambos os sexos, a prevalênciade contrações involuntári<strong>as</strong>, bacteriúria e de volume residual pós-miccional aumenta. Essareserva pós-miccional <strong>as</strong>sociada a outros fatores de risco predispõem o i<strong>do</strong>so às infecções.Após a cirurgia a <strong>do</strong>r, a restrição no leito a redução da tonicidade da bexiga, o me<strong>do</strong>, ospu<strong>do</strong>res em utilizar-se de recipientes para eliminação da urina, diferentes <strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> no<strong>do</strong>micílio, inibem a eliminação de urina espontânea no i<strong>do</strong>so. Se <strong>as</strong> mano<strong>br</strong><strong>as</strong> de estimulaçãoespontânea não obtiverem sucesso recomenda-se o cateterismo, sen<strong>do</strong> o intermitente preferívelao de demora. No entanto, se este não for possível, os cuida<strong>do</strong>s com a sondagem de demoradevem seguir rigorosamente <strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> preconizad<strong>as</strong> a fim de restringir a possibilidade decomplicações..5.3.2.9 Complicações de restrição de mobilidade <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioVerifica-se no quadro 3 que 10 (2,3%) <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos mostraram problem<strong>as</strong> commobilidade <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, dentre esta a própria deambulação 10 (2,3%); lombalgia 5 (1,2%) e aqueda 2 (0,4%).A imobilidade no leito está <strong>as</strong>sociada à perda de capacidade funcional além deaumentar a probabilidade de desenvolver outr<strong>as</strong> complicações, como <strong>as</strong> respiratóri<strong>as</strong>,v<strong>as</strong>culares e neuropsiquiátric<strong>as</strong>.A lombalgia é relatada em alguns estu<strong>do</strong>s como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> posicionamento cirúrgico,por vezes longo, dificultan<strong>do</strong> a mobilização <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>.ver autorA queda é conseqüência de outros eventos que podem acometer o i<strong>do</strong>so. O repousoprolonga<strong>do</strong>, a perda de líqui<strong>do</strong>s no intra-operatório, ação de medicamentos, a fraquezaprovocada por anemi<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> e vômitos e diarréi<strong>as</strong> de repetição, podem propiciar ahipotensão ortostática.Segun<strong>do</strong> Maciel (2002, p. 18):


96hipotensão ortostática é definida como a queda de 20 mmHg ou mais napressão sistólica um minuto ou mais após o indivíduo ter si<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> empé. Devi<strong>do</strong> a alta prevalência desse fenômeno entre os i<strong>do</strong>sos (30%) énecessário que se verifique a pressão arterial freqüentemente no i<strong>do</strong>so n<strong>as</strong>posições supina, e em ortot<strong>as</strong>tismo, sem se esquecer que a presença dehipertensão observada na posição supina não exclui a possibilidade dehipotensão ortostática.Esses eventos podem ser minimiza<strong>do</strong>s com intervenções de cuida<strong>do</strong> com a mobilizaçãoprecoce, reposição <strong>do</strong>s líqui<strong>do</strong>s corporais e auxílio às atividades fora <strong>do</strong> leito, principalmenten<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> 48 hor<strong>as</strong> de pós-opertório.5.3.2.10 Complicações tegumentares <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioEncontra-se no gráfico 6 <strong>as</strong> complicações tegumentares, eventos como <strong>as</strong>sadur<strong>as</strong> 6(1,4%); úlcera de pressão 5 (1,1%). Conforme Carvalho Filho (2005), em i<strong>do</strong>sos imobiliza<strong>do</strong>s<strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão podem surgir em pouc<strong>as</strong> hor<strong>as</strong>. Sua prevalência é de aproximadamente10% em i<strong>do</strong>sos sob cuida<strong>do</strong>s intensivos. Alguns fatores contribuem para a formação de úlcer<strong>as</strong>de pressão dentre eles a desnutrição, anemia, hipóxia, infecções, incontinência esfincteriana edistúrbios cognitivos. As medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> são de grande importância, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>demonstra<strong>do</strong> que podem reduzir a incidência em cerca de 50%, mesmo em <strong>paciente</strong>s comeleva<strong>do</strong> risco.De acor<strong>do</strong> com Petersen apud Goode e Allman (2002):<strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão são comuns em i<strong>do</strong>sos, com mais de 50% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>scom idades acima <strong>do</strong>s 70 anos. Qu<strong>as</strong>e <strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os se desenvolveminicialmente nos hospitais de atendimento intensivo, sen<strong>do</strong> que 60 a 70% d<strong>as</strong>úlcer<strong>as</strong> ocorrem dentro d<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> du<strong>as</strong> seman<strong>as</strong> de hospitalização.Os danos provoca<strong>do</strong>s pel<strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão à qualidade de vida <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos sãodifíceis de dimensionar, muit<strong>as</strong> vezes superan<strong>do</strong> os causa<strong>do</strong>s pela intervenção primária. Aindaos riscos aumenta<strong>do</strong>s para infecção e <strong>do</strong> tempo de permanência hospitalar. No que se refere <strong>as</strong>conseqüênci<strong>as</strong> indesejáveis d<strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão Allman apud Goode e Allman (2002)<strong>as</strong>sociam <strong>as</strong> úlcer<strong>as</strong> de pressão ao aumento <strong>do</strong>s custos de tratamento, <strong>do</strong>s di<strong>as</strong> de internamentoe da mortalidade.A imobilização prolongada de um <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so pode provocar úlcer<strong>as</strong> de pressão,pois a pele <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é naturalmente mais sensível. A hidratação preventiva da pele e amudança contínua <strong>do</strong> decúbito são ações imprescindíveis para evitar a complicação. Estimula-


97se a mobilização precoce <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so fora <strong>do</strong> leito, que podem se tornar problem<strong>as</strong> muito maissérios <strong>paciente</strong>s diabéticos ou em porta<strong>do</strong>res de v<strong>as</strong>culopati<strong>as</strong> .As <strong>as</strong>sadur<strong>as</strong> apresentad<strong>as</strong> pelos i<strong>do</strong>sos se relacionam ao uso de frald<strong>as</strong> geriátric<strong>as</strong> eimobilização no leito. A pele <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, mais frágil e menos hidratada que nos adultos tende <strong>as</strong>er sensível a presença prolongada de urina e fezes provocan<strong>do</strong> irritação. A troca freqüente defrald<strong>as</strong> e a higienização perineal adequada auxiliam na prevenção de lesões. A hidratação daregião após a higienização também se faz eficiente nesses c<strong>as</strong>os.5.3.2.11 Complicações com o acesso venoso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatórioVerifica-se conforme quadro 3 os eventos relaciona<strong>do</strong>s às complicações <strong>do</strong> acessovenoso 6 (1,4%) de registros de fragilidade venosa, 2 (0,4%) de instalação de acesso venosocentral e apen<strong>as</strong> 1 (0,2%) de registro de troca de acesso. Destaca-se a insignificante prevalênciad<strong>as</strong> complicações a nível venoso, contr<strong>as</strong>tan<strong>do</strong>-se às freqüentes ocorrênci<strong>as</strong> observad<strong>as</strong> nocotidiano com i<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s. Os registros estão deficitários referentes a est<strong>as</strong>ignificativa complicação.Fulton (1997) afirma que o número de inserções, tipo de dispositivo e tempo de duraçãoconstituem fatores de risco para complicações em <strong>paciente</strong>s submeti<strong>do</strong>s a terapia intravenosa.Assim, os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s nesta investigação reforçam a necessidade de atençãopermanente da equipe de enfermagem quanto aos critérios de escolha da rede venosa e quantoaos cuida<strong>do</strong>s subseqüentes para a sua manutenção. Ao analisar o cuida<strong>do</strong> de enfermagem emclientes cirúrgicos Lundgren et al. (1993) evidenciou que os <strong>paciente</strong>s cirúrgicos apresentavamem sua maioria faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong> superiores a <strong>paciente</strong>s clínicos, entre 68 a 78 anos. Algunsautores <strong>as</strong>sociam a idade como fator de risco predisponente à infecção relacionada a cateteresvenosos centrais e periféricos.Acredita-se que os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem são fundamentais aos procedimentosinv<strong>as</strong>ivos envolven<strong>do</strong> acessos venosos e importante espaço de autonomia da enfermagem,merecen<strong>do</strong> atenção para investigações futur<strong>as</strong> que possam evidenciar <strong>as</strong> reais proporções desteevento em i<strong>do</strong>sos cirúrgicos.5.3 SÍNTESE DAS ANÁLISES DOS DADOS DA PESQUISA QUANTITATIVARETROSPECTIVA TRANSVERSALOs principais acha<strong>do</strong>s da pesquisa quantitativa retrospectiva permitiram inferir:


98- os i<strong>do</strong>sos na faixa etária de 70 a 79 anos apresentaram maior incidência decomplicações;- registraram-se maiores complicações para os i<strong>do</strong>sos cl<strong>as</strong>sifica<strong>do</strong>s como etilist<strong>as</strong> etabagist<strong>as</strong> compara<strong>do</strong>s aos abstêmios e não tabagist<strong>as</strong>;- <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>s, 40% deles apresentaram pelo menos uma <strong>do</strong>ença crônica<strong>as</strong>sociada, sen<strong>do</strong> a hipertensão arterial sistêmica a de maior prevalência. As complicaçõescirúrgic<strong>as</strong> apresentaram-se discretamente maiores para os i<strong>do</strong>sos com presença de <strong>do</strong>ençacrônica;- a avaliação de risco cirúrgico ASA III , ASA IV ou ausência de avaliação de riscocirúrgico no pré-operatório indicaram elevações <strong>do</strong> percentual de complicações;- os fatores de risco para complicações de maior relevância para o procedimentocirúrgico foram: cirurgia <strong>do</strong> tipo laparotomia exploratória, tempo cirúrgico acima de 121minutos e anestesia geral ou geral combinada;- em sua maioria, os <strong>paciente</strong>s que apresentaram complicações permaneceraminterna<strong>do</strong>s por perío<strong>do</strong>s de 5 a 14 di<strong>as</strong>;- os tipos de complicações de maior freqüência foram <strong>as</strong> g<strong>as</strong>trintestinais, de feridaoperatória, cardiov<strong>as</strong>culares, neuropsiquiátric<strong>as</strong>, respiratóri<strong>as</strong> e alterações de sinais vitais.Os resulta<strong>do</strong>s apresentaram-se compatíveis com os evidencia<strong>do</strong>s na literatura atualpertinente à temática no que se refere às principais complicações evidenciad<strong>as</strong> e àmortalidade. Pode-se constatar que a literatura abordan<strong>do</strong> o tema d<strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong>em i<strong>do</strong>sos é esc<strong>as</strong>sa no Br<strong>as</strong>il, principalmente naquela produzida pela enfermagem. Pode-seconcluir que o perfil <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s apresentou um número acentua<strong>do</strong> de tabagist<strong>as</strong>e etilist<strong>as</strong>, com comorbidades múltipl<strong>as</strong>, polifarmácia e apen<strong>as</strong> um pequeno grupo de i<strong>do</strong>sosnão foram evidenciad<strong>as</strong> comorbidades nos registros realiza<strong>do</strong>s.Pode-se evidenciar por essesda<strong>do</strong>s que os i<strong>do</strong>sos investiga<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>, condizem com os acha<strong>do</strong>s da literatura paracomorbidade, sen<strong>do</strong> o grupo que aumentou a expectativa de vida em um número de anosvivivos, m<strong>as</strong> com a <strong>as</strong>sociação destes a vári<strong>as</strong> comorbidades. Os esforços em implementar nossistem<strong>as</strong> públicos de saúde, projetos e program<strong>as</strong> fundamenta<strong>do</strong>s na promoção da saúde,prevenção de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> e concepção da velhice como curso de vida, ainda se encontram nocampo teórico, são conceitos recentes, portanto ainda desconheci<strong>do</strong>s para a maior parte <strong>do</strong>si<strong>do</strong>sos e também <strong>do</strong>s profissionais de saúde, muit<strong>as</strong> vezes diretamente envolvi<strong>do</strong>s com ocuida<strong>do</strong> ao i<strong>do</strong>so.As complicações de maior prevalência afetaram um número maior de i<strong>do</strong>sos causan<strong>do</strong>transtornos a estes e seus familiares, além de maior custo sistema de saúde pública. Aquel<strong>as</strong>


99de menor incidência, no entanto, não foram de menor relevância, visto os danos físicos quecausaram aos i<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s, aumentan<strong>do</strong> risco de co-morbidades e de mortalidade.5.4 INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM E DODISCURSO DO SUJEITO COLETIVONeste capítulo apresento <strong>as</strong> informações referentes ao perfil da equipe de enfermagem ea análise qualitativa <strong>do</strong> Discurso <strong>do</strong> Sujeito Coletivo.5.4.1 Característic<strong>as</strong> de identificação da equipe de enfermagemForam realizad<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com 8 mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem sen<strong>do</strong> quedestes, 2 são técnicos de enfermagem, 4 são auxiliares e 2 são enfermeiros. A idade <strong>do</strong>sentrevista<strong>do</strong>s variou entre 31 a 49 anos e o tempo de trabalho na área de enfermagem de 4 a 15anos. O tempo de serviço realiza<strong>do</strong> na clínica cirúrgica oscilou entre 4 a 20 anos, uma d<strong>as</strong>entrevistad<strong>as</strong> relatou trabalhar nos serviços gerais na clínica antes de se qualificar para otrabalho de enfermagem. To<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s afirmaram não haver recebi<strong>do</strong> treinamento oucapacitação formal para realização <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> específico aos i<strong>do</strong>sos. Uma d<strong>as</strong> entrevistad<strong>as</strong>relatou ter participa<strong>do</strong> como ouvinte em curso so<strong>br</strong>e cuida<strong>do</strong>res de i<strong>do</strong>sos em outra instituiçãode saúde. Os mem<strong>br</strong>os da equipe estão habitua<strong>do</strong>s a conviver e cuidar <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos na instituiçãoe desenvolveram para tanto conhecimentos empíricos b<strong>as</strong>ea<strong>do</strong>s no senso comum <strong>do</strong>s <strong>as</strong>suntosrelaciona<strong>do</strong>s ao envelhecimento. Apresenta-se então, a seguir os acha<strong>do</strong>s d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> comos mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem abordan<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos n<strong>as</strong> complicações pósoperatóri<strong>as</strong><strong>do</strong> perío<strong>do</strong> imediato e tardio.5.4.2 Caracterização <strong>do</strong>s discursos da equipe de enfermagemNeste item apresenta-se os discursos individuais da equipe de enfermagem submetida àsentrevist<strong>as</strong> e a elaboração <strong>do</strong> Discurso <strong>do</strong> Sujeito Coletivo segui<strong>do</strong> d<strong>as</strong> interpretações d<strong>as</strong>informações.Em resposta à questão 1: como a equipe de enfermagem identifica os i<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s naunidade de clínica cirúrgica?


100Idéia Central: identificação <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos pela idade cronológica.Expressões-chave:F1 – “A idade de referência para saber quem é i<strong>do</strong>so e quem não é i<strong>do</strong>so é 60 anos.”F2 – “Identificamos pela data de n<strong>as</strong>cimento”.F4 – “Pela idade mesmo, 60 anos”.F6 – “A idade é 60 anos, aí é i<strong>do</strong>so”.Discurso <strong>do</strong> Sujeito ColetivoO i<strong>do</strong>so é identifica<strong>do</strong> só pela idade mesmo, pela data de n<strong>as</strong>cimento, a idade de referênciapara saber quem é i<strong>do</strong>so é 60 anos.O DSC revela que a identificação de quem é i<strong>do</strong>so se faz fundamentada n<strong>as</strong>informações formais, como idade e data de n<strong>as</strong>cimento. A Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (lein.8842 de 04/01/1994) e o Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (lei n. 10741 de 01/10/2003) estão alicerça<strong>do</strong>s nopadrão de idade de 60 anos estabeleci<strong>do</strong> para os países em desenvolvimento e a partir <strong>do</strong>s 65anos para os países desenvolvi<strong>do</strong>s (BRASIL, 1994; BRASIL, 2003).Qualquer que seja a idade definida dentro de contextos diferentes, é necessárioreconhecer que a idade cronológica não é um marca<strong>do</strong>r preciso para <strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> queacompanham o envelhecimento. Segun<strong>do</strong> a World Health Organization (WHO, 2005)“existem variações significativ<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> ao esta<strong>do</strong> de saúde, participação e níveis deindependência entre pesso<strong>as</strong> mais velh<strong>as</strong> que possuem a mesma idade”.A idade cronológica é uma informação que não diz muito so<strong>br</strong>e o real envelhecimentohumano, embora seja um parâmetro importante para o planejamento de polític<strong>as</strong> de atenção aoi<strong>do</strong>so ou para a gestão de serviços (CALDAS, 2006). A idade cronológica é uma d<strong>as</strong>referênci<strong>as</strong> utilizad<strong>as</strong> para caracterizar o i<strong>do</strong>so, além d<strong>as</strong> idades biológic<strong>as</strong> e psicológic<strong>as</strong>.Segun<strong>do</strong> DEECKEN (1998, p. 14):cada pessoa tem na realidade três diferentes idades ao mesmo tempo: a idadecronológica, determinada pelo número de anos que viveu; a idade biológica,determinada pela condição e esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu corpo, e finalmente a idadepsicológica avaliada por aquela que a pessoa sente que tem e demonstra ter,na maneira de agir.Conforme preconiza Mota (2004) a idade cronológica é o tempo transcorri<strong>do</strong> a partir deum ponto: a data de n<strong>as</strong>cimento. Esta medida simples tem um senti<strong>do</strong> apen<strong>as</strong> legal ou social. Otempo, em si, não produz efeitos biológicos. Os eventos ocorrem no tempo, m<strong>as</strong> não devi<strong>do</strong> àsua p<strong>as</strong>sagem. Os eventos biológicos que se seguem ao n<strong>as</strong>cimento acontecem em momentos


101diferentes em cada indivíduo. Este processo também é influencia<strong>do</strong> pelo aparecimento deenfermidades, por fatores sócio-econômicos e por fatores ambientais. Desta maneira, oprocesso de envelhecimento é influencia<strong>do</strong> não apen<strong>as</strong> pela idade, m<strong>as</strong> em grande medida, pelomo<strong>do</strong> como o indivíduo vive.Idéia central 2: identificação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so pela aparência, autonomia e independência.F3 – “Identificamos quem é i<strong>do</strong>so pela ajuda que eles precisam.”F5 – “A gente identifica o i<strong>do</strong>so pela aparência”.F7 – “Pode ver quem é i<strong>do</strong>so pela aparência”.F8 – “Tem que ver o esta<strong>do</strong> dele, se tem restrições ou não”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoO i<strong>do</strong>so é identifica<strong>do</strong> pela aparência, pela ajuda que eles precisam e pelo esta<strong>do</strong> deles, se temrestrições ou não.Os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem referem no DSC a identificação <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos pelaaparência física, sinais evidencia<strong>do</strong>s pelo envelhecimento biológico e pel<strong>as</strong> restrições d<strong>as</strong>atividades que possam ou não desempenhar e no auxílio que necessitam para realizar <strong>as</strong>atividades.As alterações biológic<strong>as</strong> na aparência são característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> envelhecimento biológico.Segun<strong>do</strong> TOBIAS e LEMOS (2005, p. 654) no “envelhecimento biológico um <strong>do</strong>s <strong>as</strong>pectosmais visíveis é a aparência pessoal, chaman<strong>do</strong> a atenção para a presença de rug<strong>as</strong> e cabelos<strong>br</strong>ancos, bem como instalação e/ou agravamento de quadros clínicos de <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>”.O envelhecimento é um processo que ocorre no ser humano como um to<strong>do</strong>,no entanto é o envelhecimento biológico que demonstra sinais físicos maisperceptíveis na velhice. À ectoscopia no i<strong>do</strong>so observam-se sinais externos<strong>do</strong> envelhecimento. À inspeção já é possível ver <strong>as</strong> alterações cutâne<strong>as</strong> como<strong>as</strong> rug<strong>as</strong> e <strong>as</strong> melanoses, a pele fina, por vezes púrpur<strong>as</strong> senis, ou <strong>as</strong>alterações nos cabelos que em<strong>br</strong>anquecem (canície), ou os pêlos ressequi<strong>do</strong>s.B<strong>as</strong>ta verificar a capacidade funcional <strong>do</strong> ser humano no decorrer da vida, eobservar uma drástica redução da reserva com o p<strong>as</strong>sar <strong>do</strong>s anos, após aidade adulta (KOMATSU, 2003, p.73).A capacidade funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so sofre declínio com o envelhecimento e que devi<strong>do</strong> aeste fato a fragilidade e incapacidades podem fazer parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Entretanto,não é generalizável, cada pessoa envelhece de maneira particular, influencian<strong>do</strong> para issocaracterístic<strong>as</strong> genétic<strong>as</strong>, mo<strong>do</strong>s de enfrentamento d<strong>as</strong> dificuldades, <strong>as</strong>pectos psicológicos,


102condições ambientais e sociais. Alguns fatores não são modificáveis, como os genéticos, noentanto podem ser desencadea<strong>do</strong>s por atitudes <strong>as</strong>sumid<strong>as</strong> durante a vida. Cada indivíduo podeagregar <strong>as</strong>pectos <strong>do</strong> envelhecimento conforme se encaminha o seu curso de vida, de acor<strong>do</strong>com <strong>as</strong> escolh<strong>as</strong> individuais e às condições sociais a que pode ter acesso. Adquirir hábitos devida saudáveis, tanto quanto adquirir postur<strong>as</strong> de enfrentamento positiv<strong>as</strong> podem auxiliar oi<strong>do</strong>so a chegar a velhice de forma ativa e saudável.Os participantes apontam que o envelhecimento biológico é o principal parâmetro paracaracterizar o envelhecimento, por ser algo visível. Dentro deste mo<strong>do</strong> de perceber oenvelhecimento pode-se realizar identificações inadequad<strong>as</strong>, discriminatóri<strong>as</strong> econtraproducentes para <strong>as</strong> atividades de cuida<strong>do</strong>.A gerontologia preconiza <strong>as</strong> ações de cuida<strong>do</strong> individualizad<strong>as</strong> e de acor<strong>do</strong> com <strong>as</strong>necessidades de cada i<strong>do</strong>so orientan<strong>do</strong> que a avaliação da capacidade funcional pode ser uminstrumento valioso como nortea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> planejamento d<strong>as</strong> atividades a serem realizad<strong>as</strong>.A capacidade funcional é o principal indica<strong>do</strong>r da capacidade adaptativa <strong>do</strong> serhumano. Sua determinação informa so<strong>br</strong>e a idade ou o envelhecimento funcional <strong>do</strong> indivíduo,e isso não depende da idade cronológica. Ou seja, existem pesso<strong>as</strong> jovens cronologicamente eb<strong>as</strong>tante envelhecid<strong>as</strong> funcionalmente e vice-versa (CALDAS, 2006).Em resposta à questão 2: como é a relação da equipe de enfermagem com a presença <strong>do</strong>sacompanhantes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos?Idéia Central 1 : acompanhante tem relação de ajuda, apoio e segurança para o <strong>paciente</strong>Expressões-chave:F1 – “[...] se o acompanhante se dispõe a ficar é melhor porque ajuda na hora <strong>do</strong> banhoprincipalmente”.F4 –“o fato de ter o acompanhante para essa pessoa já é uma segurança, ela melhora maisrapidamente e vai embora logo, o <strong>paciente</strong> fica psicologicamente mais seguro comacompanhante”.F6 – “eles melhoram o esta<strong>do</strong> emocional com a presença da família [...]”.F8 –“A gente não consegue ficar o tempo to<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, a família ajuda b<strong>as</strong>tante,ajuda dar segurança, conforto”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo


103A relação da equipe de enfermagem com os acompanhantes é de ajuda, o acompanhante ajudana hora <strong>do</strong> banho principalmente. A família ajuda b<strong>as</strong>tante, dá apoio, segurança, conforto,eles melhoram com a presença da família. O i<strong>do</strong>so melhora o esta<strong>do</strong> emocional com apresença da família.A equipe de enfermagem relata por meio <strong>do</strong> DSC que a presença <strong>do</strong> acompanhante vemauxiliar no cuida<strong>do</strong> ao i<strong>do</strong>so. A necessidade da presença <strong>do</strong> acompanhante é reforçada pelosestu<strong>do</strong>s de Lima (1997) e Meneses (1985), ao considerarem que o i<strong>do</strong>so é dependente <strong>do</strong>s seusfamiliares e que a hospitalização o distancia <strong>do</strong> convívio familiar.O cuida<strong>do</strong> é comum a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, embora su<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de expressão possam sermais variad<strong>as</strong>; se buscarmos um ponto em comum a tod<strong>as</strong>, verificaremos que parece ser afamília, pois é ela quem essencialmente executa e se responsabiliza pelo cuida<strong>do</strong> (SANTOS,2003, p. 13).A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s sentem-se protegi<strong>do</strong>s na presença <strong>do</strong> acompanhantefamiliar que traz algum<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> <strong>do</strong> cotidiano familiar para o hospital. As prátic<strong>as</strong> decuida<strong>do</strong>s familiares realizad<strong>as</strong> no hospital, quan<strong>do</strong> consentid<strong>as</strong> e desejad<strong>as</strong> pelos i<strong>do</strong>sos podemoferecer benefícios ao <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so. Entende-se por prátic<strong>as</strong> familiares o conjunto decomportamentos e ações pelos quais os mem<strong>br</strong>os familiares se inter-relacionam.Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e a participação da família na <strong>as</strong>sistência ao i<strong>do</strong>sohospitaliza<strong>do</strong>, sob a ótica da equipe de enfermagem e <strong>do</strong> próprio <strong>paciente</strong>, verificou-se que ofamiliar pode participar, contribuin<strong>do</strong> para a manutenção da integridade emocional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Aautora enfatiza que torna-se importante para o i<strong>do</strong>so perceber a participação de seus familiaresno seu tratamento (Meneses apud PENA; DIOGO, 2005).O tempo de permanência <strong>do</strong> acompanhante ou familiar pode ser utiliza<strong>do</strong> para odesenvolvimento de atividades educativ<strong>as</strong> pela equipe de saúde, alicerçad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong>culturais familiares, otimizan<strong>do</strong> o tempo disponível e a presença <strong>do</strong> familiar para compartilhare exercitar maneir<strong>as</strong> de realizar o cuida<strong>do</strong> ao i<strong>do</strong>so, principalmente se este for dependente. Émomento de incentivar a participação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ao autocuida<strong>do</strong>, mesmo que em pequen<strong>as</strong>taref<strong>as</strong>, conforme su<strong>as</strong> possibilidades, para que mantenha preservada sua capacidade funcional.A presença de um mem<strong>br</strong>o da família no hospital é fato importante, não apen<strong>as</strong> paraacompanhar o i<strong>do</strong>so, m<strong>as</strong> também para ser orienta<strong>do</strong> em seu papel de cuida<strong>do</strong>r leigo. Aatividade de cuidar, realizada com a equipe de enfermagem <strong>do</strong> hospital, possibilita que se torneum cliente e um parceiro da enfermagem (LIMA; SCHIER; GONÇALVES, 1997).O estreitamento d<strong>as</strong> relações entre os acompanhantes e a equipe de enfermagem podeser confundi<strong>do</strong> com a oportunidade da equipe em delegar responsabilidades, poden<strong>do</strong>,


104inclusive so<strong>br</strong>ecarregá-los. No contexto específico de serviços públicos de saúde, queconvivem cotidianamente com a falta de recursos materiais e humanos essa compreensão podeser afetada, caben<strong>do</strong> ao enfermeiro delimitar os papéis de cada um nessa construção de cuida<strong>do</strong>coletivo.O afeto e laços de parentesco que envolvem <strong>as</strong> relações entre os familiares e i<strong>do</strong>sos, sãorepletos de sentimentos que durante a hospitalização podem ser estreita<strong>do</strong>s. Para Pena e Diogo(2005, p. 665) “a permanência próxima ao i<strong>do</strong>so, no decorrer da hospitalização, facilita aparticipação no cuida<strong>do</strong>, principalmente, quan<strong>do</strong> a relação entre o familiar e o i<strong>do</strong>so épermeada por sentimentos positivos e relação de apego”. Ressalv<strong>as</strong> são relatad<strong>as</strong> em famíli<strong>as</strong>cuj<strong>as</strong> relações são conturbad<strong>as</strong> e face às atribulações de uma hospitalização podem fazeremergir sentimentos que não venham a contribuir para a recuperação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.Os trabalha<strong>do</strong>res da equipe de enfermagem e os familiares reconhecem como elementosfacilita<strong>do</strong>res à aproximação <strong>do</strong> acompanhante quanto às atividades relacionad<strong>as</strong> ao cuida<strong>do</strong>,desenvolven<strong>do</strong> o aprendiza<strong>do</strong> através da observação e da oportunidade de poder fazer (Leiteapud PENA e DIOGO, 2005).A figura <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>r de i<strong>do</strong>sos hoje sofre alterações devi<strong>do</strong> às mudanç<strong>as</strong> de papéissociais exerci<strong>do</strong>s principalmente pel<strong>as</strong> mulheres dentro <strong>do</strong> âmbito familiar. Atualmente <strong>as</strong>mulheres jovens são responsáveis por outr<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> da dinâmica familiar como cuidar <strong>do</strong>sfilhos, e/ou trabalhar em atividade remunerada fora <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio. As i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> têm seus papéismodifica<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> el<strong>as</strong> também responsáveis pela criação <strong>do</strong>s netos enquanto <strong>as</strong> mães saempara trabalhar.Estu<strong>do</strong> de Santos (2006) que aborda a temática d<strong>as</strong> avós cuida<strong>do</strong>r<strong>as</strong> <strong>do</strong>s netoshospitaliza<strong>do</strong>s refere-se a el<strong>as</strong> como pesso<strong>as</strong> responsáveis por permanecer ao la<strong>do</strong> d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>na hospitalização, em razão d<strong>as</strong> mães d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> estarem impossibilitad<strong>as</strong> de realizar essatarefa por conta de su<strong>as</strong> atividades laborais. No DSC os funcionários relatam que os familiaresnem sempre querem ou podem ficar, pois enfrentam dificuldades em deixar su<strong>as</strong> atividadesprofissionais ou os filhos sozinhos em c<strong>as</strong>a.So<strong>br</strong>e <strong>as</strong> relações familiares em prover os cuida<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos, Cald<strong>as</strong> (2004, p. 42) trazalgum<strong>as</strong> considerações:Outra razão para que a família não seja vista como a única estrutura para ocuida<strong>do</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> i<strong>do</strong>s<strong>as</strong> é a qualidade <strong>do</strong> relacionamento com seusparentes. Muit<strong>as</strong> abordagens so<strong>br</strong>e a o<strong>br</strong>igação que os filhos têm de cuidar<strong>do</strong>s pais são b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> na crença de que existe um bom relacionamento entre<strong>as</strong> gerações. É evidente que esta suposição pode ser facilmente desafiada pelaexistência de conflitos permanentes, por situações de aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> lar por um


105<strong>do</strong>s cônjuges e desarmonia familiar resultante de incompatibilidade depersonalidades, de valores e de estilos de vida entre jovens e i<strong>do</strong>sos.Conforme Pena e Diogo (2005) a rede de apoio familiar quan<strong>do</strong> apropriad<strong>as</strong> propiciamà reorganização d<strong>as</strong> funções e papéis na família, e ao rodízio hospitalar a fim não so<strong>br</strong>ecarregarum único mem<strong>br</strong>o, como um fator que facilita a sua participação no cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>sohospitaliza<strong>do</strong>.Idéia Central 2: Acompanhante tem espaço físico limita<strong>do</strong> na unidadeF2 – “[...] a poltrona atrapalha o serviço da enfermagem, porque eles têm direito, m<strong>as</strong> aquinão tem espaço”.F3 – “O espaço físico nosso é complica<strong>do</strong>, porque não tem cama, às vezes é só cadeira”.F5 - “[...] porque aí se é i<strong>do</strong>so vai-se buscar um leito melhor, que seja próximo <strong>do</strong> banheiro,que tenha espaço para a poltrona <strong>do</strong> acompanhante”.F7 – “às vezes a gente percebe que eles não querem ficar, querem deixar e ir embora, porquepara eles também não é fácil”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo:O espaço físico da unidade é limita<strong>do</strong> para o acompanhante, porque não tem cama, às vezes ésó cadeira, se é i<strong>do</strong>so vai-se buscar um leito melhor, que seja próximo <strong>do</strong> banheiro, que tenhaespaço para a poltrona <strong>do</strong> acompanhante, m<strong>as</strong> esta atrapalha o serviço da enfermagem, aquinão tem espaço.A presença <strong>do</strong> acompanhante durante a hospitalização <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, foi <strong>as</strong>segurada peloMinistério de Esta<strong>do</strong> da Saúde, ao considerar os benefícios da presença <strong>do</strong> familiar no perío<strong>do</strong>de internamento hospitalar da pessoa i<strong>do</strong>sa. Estu<strong>do</strong>s comprovam que <strong>as</strong> relações familiares sãomodificad<strong>as</strong> pelo internamento hospitalar, provocan<strong>do</strong> influênci<strong>as</strong> na recuperação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>sopelo distanciamento <strong>do</strong> convívio familiar. A Portaria Nº 280, de 7 de a<strong>br</strong>il de 1999 (BRASIL,1999), <strong>do</strong> Ministério da Saúde, <strong>as</strong>segura os recursos financeiros para a acomodação <strong>do</strong>acompanhante e traz <strong>as</strong> seguintes recomendações:Art. 1º - Tornar o<strong>br</strong>igatório nos hospitais públicos, contrata<strong>do</strong>s ouconvenia<strong>do</strong>s com o Sistema Único de Saúde - SUS, a viabilização de meiosque permitam a presença <strong>do</strong> acompanhante de <strong>paciente</strong>s maiores de 60(sessenta) anos de idade, quan<strong>do</strong> interna<strong>do</strong>s.§ 1º - Fica autorizada ao presta<strong>do</strong>r de serviços a co<strong>br</strong>ança, de acor<strong>do</strong> com <strong>as</strong>tabel<strong>as</strong> <strong>do</strong> SUS, d<strong>as</strong> despes<strong>as</strong> previst<strong>as</strong> com acompanhante, caben<strong>do</strong> aogestor, a devida formalização desta autorização de co<strong>br</strong>ança na Autorizaçãode Internação Hospitalar - AIH.§ 2º - No valor da diária de acompanhante estão incluí<strong>do</strong>s a acomodaçãoadequada e o fornecimento d<strong>as</strong> principais refeições.


106O Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação deprojetos físicos de estabelecimentos <strong>as</strong>sistenciais de saúde (BRASIL, 2002), especifica<strong>do</strong>s naResolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, não inclui recomendações referentes àsenfermari<strong>as</strong> para i<strong>do</strong>sos. As recomendações incluem apen<strong>as</strong> <strong>as</strong> enfermaria para pesso<strong>as</strong> adult<strong>as</strong>.As especificações técnic<strong>as</strong> quanto a espaço, distribuição <strong>do</strong>s leitos, dimensionamento <strong>do</strong>espaço físico e outros, não incluem o espaço para acomodação <strong>do</strong>s acompanhantes de i<strong>do</strong>sos.Este mesmo <strong>do</strong>cumento ao se referir ao alojamento conjunto materno infantil traz <strong>as</strong>especificações técnic<strong>as</strong> b<strong>as</strong>tante específic<strong>as</strong> quanto a espaço para acomodação <strong>do</strong>acompanhante de menores. Destarte, ainda que a presença de acompanhante sejam <strong>as</strong>segurad<strong>as</strong>por lei e essa pode resultar em benefícios para os i<strong>do</strong>sos, os hospitais públicos não estãoprepara<strong>do</strong>s para a<strong>do</strong>tar na íntegra o que é legalmente garanti<strong>do</strong>.Na prática cotidiana d<strong>as</strong> enfermari<strong>as</strong> de hospitais públicos, vivenciam-se dificuldadesem acomodar o acompanhante e deste em se adaptar a modificação da rotina incluin<strong>do</strong> a faltade conforto experimenta<strong>do</strong> no ambiente hospitalar. Entende-se que seja tarefa penosa para ofamiliar ou o acompanhante <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, permanecer di<strong>as</strong> e noites acomoda<strong>do</strong> em uma cadeira,como relatam os mem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem, sen<strong>do</strong> ou não i<strong>do</strong>so.Foi possível evidenciar nos resulta<strong>do</strong>s da etapa <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> quantitativo que a clientelai<strong>do</strong>sa da clínica cirúrgica que 68 (54,8%) deles eram c<strong>as</strong>a<strong>do</strong>s e freqüentemente é o conjugueque atua como acompanhante. É prática comum nos c<strong>as</strong>ais de i<strong>do</strong>sos que no advento <strong>do</strong>a<strong>do</strong>ecimento de um <strong>do</strong>s cônjuges o outro <strong>as</strong>suma <strong>as</strong> taref<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong>, principalmente quan<strong>do</strong>quem a<strong>do</strong>ece é o homem, e naturalmente a esposa o acompanha durante o perío<strong>do</strong> deinternamento.Em resposta à questão 3: quan<strong>do</strong> realizam o cuida<strong>do</strong> específico ao i<strong>do</strong>so?Idéia central 1: cuida<strong>do</strong>s conforme <strong>as</strong> restrições físic<strong>as</strong>, incapacidades e dependênci<strong>as</strong>.Expressões-chave:F1 – “Colocá-lo em uma cama mais baixa, próxima ao banheiro, ver se ele tem algumadificuldade auditiva, visual e pedir acompanhante”F2 – “Fazê-lo deambular, precisam de maior auxílio, até na alimentação, se não conseguecomer nem m<strong>as</strong>tigar, se tem problem<strong>as</strong> respiratórios [...] dificuldade de cicatrização, porque oorganismo já tem uma debilidade”.


107F5 - “Tem que orientar, deixar <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> mais fáceis, mais próxim<strong>as</strong>, a campainha, a mesa, ocria<strong>do</strong>, ou o papagaio, para facilitar para ele, às vezes não tem habilidade para deambular”.F6 - “Na higiene, no auxílio à alimentação, na medicação via oral”.F8 – “Na hora <strong>do</strong> banho, encaminhar os que podem ir para o chuveiro e os que não podem,levar na cadeira de banho”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoNo cuida<strong>do</strong> específico ao i<strong>do</strong>so tem que orientar, deixar <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> mais fáceis, mais perto, acampainha, a mesa, o cria<strong>do</strong> ou o papagaio, tem que facilitar mais para ele, às vezes não temhabilidade para deambular, colocá-lo em uma cama mais baixa, próxima ao banheiro, ver setem alguma dificuldade auditiva, visual, pedir acompanhante, fazer deambular, eles precisamde maior auxílio, na higiene, na alimentação, na medicação via oral. Na hora <strong>do</strong> banho,encaminhar os que podem ir para o chuveiro e os que não podem, levar na cadeira de banho,verificar se tem problem<strong>as</strong> respiratórios[...] dificuldade de cicatrização, porque o organismojá está debilita<strong>do</strong>.A equipe de enfermagem, por meio <strong>do</strong> DSC demonstra sensibilidade ao exprimir osesforços para acomodar o i<strong>do</strong>so de maneira mais confortável, dentro d<strong>as</strong> limitações impost<strong>as</strong>pelo ambiente, tenta diminuir os impactos gera<strong>do</strong>s pelo internamento para o i<strong>do</strong>so eacompanhante. Ao propiciar acomodações que facilitem a permanência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so eacompanhante, também propiciam melhori<strong>as</strong> n<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> condições de trabalho, diminuem <strong>as</strong>solicitações da equipe de enfermagem para auxiliá-los em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> atividades e minimizam orisco de qued<strong>as</strong>.O DSC diz respeito à promoção de um ambiente que garanta a proteção, adaptação eestimulação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Promove-se intervenções no ambiente objetivan<strong>do</strong> diminuir osobstáculos à movimentação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Em virtude d<strong>as</strong> limitações d<strong>as</strong> capacidades funcionais, osi<strong>do</strong>sos podem apresentar dificuldades em relação ao meio ambiente no seu deslocamento deum lugar para outro. De acor<strong>do</strong> com BARCELOS et al., (2002, p. 115):No ambiente hospitalar cabe ao enfermeiro propiciar um ambiente livre deobstáculos e perigos que possam provocar acidentes. Dentre <strong>as</strong> intervençõespossíveis destacam-se a iluminação, o uso de cores fosc<strong>as</strong>, a colocação decorrimãos n<strong>as</strong> escad<strong>as</strong> e corre<strong>do</strong>res, que devem ser livres e amplos. Nosbanheiros, preconiza-se a colocação de pisos antiderrapantes, sanitários comaltura apropriada, uso de colchões com espessura adequada ao peso corporal,a fim de prevenir a est<strong>as</strong>e v<strong>as</strong>cular e conseqüentemente evitar a formação deúlcer<strong>as</strong> de pressão, além da manutenção de instalações sanitári<strong>as</strong> semprelimp<strong>as</strong> e sec<strong>as</strong>.


108Conforme o autor op cit ressalta, <strong>as</strong> intervenções na ventilação, adequação da altura d<strong>as</strong>cam<strong>as</strong>, cadeir<strong>as</strong> e anda<strong>do</strong>res, além da colocação de grades laterais nos leitos, quan<strong>do</strong>necessário, auxilia a prevenir qued<strong>as</strong> e diminuir esforços de familiares e funcionários. Autilização de cadeir<strong>as</strong> higiênic<strong>as</strong> é recomendada, além de colocar objetos pessoais e utensíliosque o i<strong>do</strong>so utiliza com freqüência, campainha de emergência e telefone em locais de fácilacesso para que o i<strong>do</strong>so possa acioná-la sempre que necessário. Para facilitar a orientação <strong>do</strong>i<strong>do</strong>so aconselha-se a manter um relógio e um calendário em local visível.As recomendações de Saldanha (2004) são para que a acomodação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so propicieindependência, para que isto ocorra a cama deve ter altura suficiente para que uma pesso<strong>as</strong>entada encoste toda a sola <strong>do</strong> pé no chão e o cria<strong>do</strong> mu<strong>do</strong> deve ser 10 centímetros mais alto <strong>do</strong>que a cama.Acredita-se que algum<strong>as</strong> dess<strong>as</strong> modificações no ambiente hospitalar sejam possíveismesmo quan<strong>do</strong> <strong>as</strong> condições estruturais e financeir<strong>as</strong> sejam precári<strong>as</strong>, situação infelizmentecomum aos serviços de saúde pública no Br<strong>as</strong>il. Ess<strong>as</strong> intervenções podem contribuir para acriação de um ambiente acolhe<strong>do</strong>r para i<strong>do</strong>so e familiar. Indispensável também são <strong>as</strong> relaçõesinterpessoais que devem ser desenvolvid<strong>as</strong> de maneira a respeitar <strong>as</strong> deficiênci<strong>as</strong> causad<strong>as</strong> peloenvelhecimento e procedimento cirúrgico, promoven<strong>do</strong> encorajamento ao exercício <strong>do</strong>autocuida<strong>do</strong> e manutenção da individualidade e dignidade humana.Idéia central 2: cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s conforme patologi<strong>as</strong> existentesExpressões-chave:F2 – “Então pelo fato de ser i<strong>do</strong>so, tem que ver <strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong>, aí são vários fatores, tem<strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, anemia, não se alimenta direito, falta de hidratação, falta de vitamina...”.F4 – “A gente já fica mais preocupa<strong>do</strong> de ver se ele tem diabetes, se é cardiopata, se já teveAVC, se não tem alguma complicação, se já foi interna<strong>do</strong> anteriormente, se já é hipertenso, agente já fica mais atento com os sinais vitais, porque eles têm muit<strong>as</strong> medicações, prestaratenção e perguntar para a família o que eles tomam em c<strong>as</strong>a, e se a medicação não é padrãotem que pedir para trazer de c<strong>as</strong>a”.F7 – “Os cuida<strong>do</strong>s são realiza<strong>do</strong>s dependen<strong>do</strong> da demanda e d<strong>as</strong> necessidades <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, setem <strong>do</strong>ença, se é uma pessoa dependente[...]”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo


109Os cuida<strong>do</strong>s são realiza<strong>do</strong>s dependen<strong>do</strong> da demanda, d<strong>as</strong> necessidades <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> e se tem<strong>do</strong>ença. Tem que ver <strong>as</strong> condições físic<strong>as</strong>, aí são vários fatores, tem <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, anemia, não sealimentam direito, falta de hidratação, falta de vitamina. Ficamos mais preocupa<strong>do</strong>s se eletem diabetes, se é cardiopata, se já teve AVC, se não tem alguma complicação, se já foiinterna<strong>do</strong> anteriormente, se já é hipertenso, a gente já fica mais atento com os sinais vitais,porque eles vêm com muit<strong>as</strong> medicações, prestar atenção e perguntar para a família o que elestomam em c<strong>as</strong>a, e se a medicação não é padrão tem que pedir para trazer de c<strong>as</strong>a.A equipe se organiza para o cuida<strong>do</strong> com foco na <strong>do</strong>ença, principalmente aquel<strong>as</strong> demaior prevalência na população. O cuida<strong>do</strong> é generaliza<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os <strong>paciente</strong>s da unidade sem<strong>as</strong> especificidades que exige a pessoa i<strong>do</strong>sa.O mo<strong>do</strong> de organização <strong>do</strong> trabalho foca<strong>do</strong> na <strong>do</strong>ença, reproduz o modelo biomédicoque segun<strong>do</strong> Noak (1987), se caracteriza por considerar a existência de uma relação causallinear entre a causa e a <strong>do</strong>ença.A omissão que o modelo biomédico faz da autonomia conceitual da pessoa éconsistente com <strong>as</strong> definições de saúde e <strong>do</strong>ença conotad<strong>as</strong>, enfocan<strong>do</strong> a saúde como ausenciade <strong>do</strong>ença e esta é conceptualizada consideran<strong>do</strong> exclusivamente <strong>as</strong> perturbações que seprocessam na dimensão física da pessoa (ENGELL, 1977).Os profissionais envolvi<strong>do</strong>s em prestar <strong>as</strong>sistência seguin<strong>do</strong> o modelo biomédico, deacor<strong>do</strong> com Laderman (1987) negligenciam a autonomia conceitual e <strong>as</strong> representações que <strong>as</strong>pesso<strong>as</strong> fazem de seu esta<strong>do</strong> de saúde, não consideran<strong>do</strong> <strong>as</strong> avaliações subjetiv<strong>as</strong> so<strong>br</strong>e ossintom<strong>as</strong>, interpretações ou significações so<strong>br</strong>e <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> e evoluções d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong>, daimplementação e da modificação de estilos de vida ou da decisão de adesão ou não àsrecomendações efetuad<strong>as</strong>.Na velhice, o desenvolvimento da dependência n<strong>as</strong> atividades de vida diária éfreqüentemente considera<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> declínio biológico e <strong>do</strong>ença, denotan<strong>do</strong> ainfluência nítida <strong>do</strong> modelo de declínio biológico <strong>do</strong> envelhecimento. A <strong>as</strong>sociação da velhicecom <strong>do</strong>ença, velhice e disfuncionalidade e dependência e <strong>do</strong>ença (RODRIGUES e BRÊTAS,2003).Reconhecer a <strong>do</strong>ença é fundamental para a prática <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de enfermagem, noentanto é essencial identificá-la junto às outr<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> da pessoa que enfrenta oa<strong>do</strong>ecimento. Admitir <strong>as</strong> especificidades d<strong>as</strong> manifestações da faixa etária e da própria pessoadiante da <strong>do</strong>ença é o princípio <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagem.Em resposta a questão 4: como é realizada a organização da equipe para a prática <strong>do</strong>scuida<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos?


110Idéia central: cuida<strong>do</strong> fragmenta<strong>do</strong>, divisão <strong>do</strong> trabalho por atividades segmentad<strong>as</strong> emsistema de rodízio.F1 – “Quem está na admissão e nos cuida<strong>do</strong>s fica mais diretamente com esse <strong>paciente</strong>”.F2 – “To<strong>do</strong>s vão ten<strong>do</strong> consciência, chegam e já procuram encaminhar os <strong>paciente</strong>s para obanho”.F2 – “A gente se ajuda muito”.F3 – “Na verdade a equipe é muito unida”.F4 – “É diferencia<strong>do</strong> por turno, o turno da manhã e da tarde segue uma escala de atividades,fica um funcionário na medicação, o outro tira tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> sond<strong>as</strong>, resíduos, e verifica os sinaisvitais e cuida <strong>do</strong> material”.F5 – “Ás vezes tem que esperar o colega terminar o serviço para ajudar a trocar fralda”.F6 – “De noite é cuida<strong>do</strong> integral, a pessoa que faz o cuida<strong>do</strong> integral sabe que o <strong>paciente</strong>está com <strong>do</strong>r, então vai lá, faz a medicação”.F7 – “Se o cuida<strong>do</strong> não é integral, é fragmenta<strong>do</strong>,aí a questão <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s fica falha”.F8 – “Há uma resistência muito grande <strong>do</strong>s funcionários para cuida<strong>do</strong>s integrais <strong>do</strong> pessoalda manhã e da tarde”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoO cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos é realiza<strong>do</strong> de forma fragmentada, por isso o cuida<strong>do</strong> falha. A gente seajuda muito, na verdade a equipe é muito unida, to<strong>do</strong>s vão ten<strong>do</strong> consciência, chegam e jáprocuram encaminhar os <strong>paciente</strong>s para o banho, quem está na admissão e nos cuida<strong>do</strong>s ficamais diretamente com esse <strong>paciente</strong>. O cuida<strong>do</strong> é diferencia<strong>do</strong> por turno, o turno da manhã eda tarde seguem uma escala de atividades, fica um funcionário na medicação, o outro tiratod<strong>as</strong> <strong>as</strong> sond<strong>as</strong>, resíduos,verifica os sinais vitais e cuida <strong>do</strong> material, às vezes tem que esperaro colega terminar o serviço para ajudar a trocar fralda. De noite é cuida<strong>do</strong> integral, a pessoaque faz o cuida<strong>do</strong> integral sabe que o <strong>paciente</strong> está com <strong>do</strong>r então vai lá, faz a medicação, se ocuida<strong>do</strong> não é integral, aí a questão <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s fica falha, há uma resistência muito grande<strong>do</strong>s funcionários para cuida<strong>do</strong>s integrais <strong>do</strong> pessoal da manhã e da tarde.O DSC relata que a equipe tem consciência de que a melhor maneira de realizar<strong>as</strong>sistência ao <strong>paciente</strong> é implementar cuida<strong>do</strong>s integrais, no entanto manifestam resistência àspropost<strong>as</strong> de mudança. Os cuida<strong>do</strong>s integrais podem fazer prosperar os cuida<strong>do</strong>sindividualiza<strong>do</strong>s. A medida que o profissional realiza to<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s ao i<strong>do</strong>so, mesmo demo<strong>do</strong> rotineiro como é desenvolvi<strong>do</strong>, permanece mais tempo junto ao i<strong>do</strong>so e


111conseqüentemente desenvolve processos interativos. Estes processos são instrumentos valiosospara o cuida<strong>do</strong> individualiza<strong>do</strong>, necessário a pessoa i<strong>do</strong>sa.Os problem<strong>as</strong> origina<strong>do</strong>s pela redução <strong>do</strong> número de funcionários so<strong>br</strong>ecarregan<strong>do</strong>, porvezes, os que permanecem trabalhan<strong>do</strong> e o fato <strong>do</strong>s profissionais de enfermagem, auxiliares,técnicos e enfermeiros, que trabalham em regime de turnos e plantões a perspectiva de duplosempregos e jornad<strong>as</strong> de trabalho, motiva<strong>do</strong>s pela baixa remuneração advinda da atividadelaboral, potencializan<strong>do</strong> fatores que danificam sua integridade física e emocional, podeminfluenciar a motivação d<strong>as</strong> enfermeir<strong>as</strong> em implementar e co<strong>br</strong>ar postur<strong>as</strong> de mudança <strong>do</strong>sfuncionários em époc<strong>as</strong> de crise o que oc<strong>as</strong>iona a conivência dest<strong>as</strong> com <strong>as</strong> decisões da equipe.Rossi e Silva (2005) defendem que parece haver uma dificuldade, uma acomodação euma certa p<strong>as</strong>sividade de alguns profissionais diante da necessidade de atualizar sua prática, debuscar nov<strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong>, nov<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de fazer e principalmente nov<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de ser notrabalho.Segun<strong>do</strong> MENZIES apud PITTA (1990), <strong>as</strong> principais estratégi<strong>as</strong> defensiv<strong>as</strong> <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res hospitalares são: a) fragmentação da relação técnico/<strong>paciente</strong>: se a relação formuito íntima, o profissional se tomará mais p<strong>as</strong>sível de angústia. Assim, o parcelamento datarefa resulta em redução <strong>do</strong> tempo de contato com os <strong>paciente</strong>s; b) despersonalização enegação da importância <strong>do</strong> indivíduo (to<strong>do</strong> <strong>paciente</strong> é igual), que se traduzem no uso deuniformes; c) distanciamento e negação de sentimentos através <strong>do</strong> controle <strong>do</strong>s mesmos; d)eliminação de decisões por meio de ritual de desempenho de taref<strong>as</strong>, buscan<strong>do</strong> rotin<strong>as</strong> epadronizações. O dispêndio de tempo e energia para padronizar cuida<strong>do</strong>s funciona como ritualde postergação e controle de decisões que deverão ser tomad<strong>as</strong> frente a demand<strong>as</strong> de <strong>do</strong>entes;e) redução <strong>do</strong> peso da responsabilidade em função <strong>do</strong> parcelamento, fragmentação e supervisãode taref<strong>as</strong>.Os profissionais de saúde ao tempo vêm deixan<strong>do</strong> de focar o cuida<strong>do</strong> na pessoa que seencontra enferma e p<strong>as</strong>saram a ser responsáveis pelos procedimentos, fragmentan<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong>e a responsabilização pelo cuida<strong>do</strong>, dificultan<strong>do</strong> o atendimento integral <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente,distancian<strong>do</strong>-se d<strong>as</strong> reais necessidades deste.A hierarquização, presente no processo de trabalho da enfermagem, resultou n<strong>as</strong>egmentação <strong>do</strong> processo de cuidar, em que a enfermeira é responsável pelo planejamento <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong>, m<strong>as</strong> quem o implementa são os auxiliares e técnicos de enfermagem, ocorren<strong>do</strong> dessemo<strong>do</strong> uma cisão entre o planejar e o fazer. Este modelo de gerenciar o cuida<strong>do</strong>, não respondemais às expectativ<strong>as</strong> <strong>do</strong>s profissionais e d<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> gerenciais contemporâne<strong>as</strong> quedefendem o exercício de um planejamento coletivo.


112A resistência <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os da equipe em <strong>as</strong>sumir integralmente to<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s comos <strong>paciente</strong>s, sinalizam maneir<strong>as</strong> de defesa evitan<strong>do</strong>-se a so<strong>br</strong>ecarga de trabalho e desofrimentos. A enfermeira, pode planejar estratégi<strong>as</strong> para estimular os mem<strong>br</strong>os da equipe aaceitarem <strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong>, de maneira participativa e não impositiva, que propicie a<strong>br</strong>ir espaçospara negociar <strong>as</strong> modificações que considera necessári<strong>as</strong> para melhoria da qualidade da<strong>as</strong>sistência.A negociação para Matos apud Santos, (1998, p.20), “acontece espontaneamente,dentro de um processo democrático. Negociar significa manter integração permanente noprocesso de conversação, que importa na normalidade <strong>do</strong> relacionamento". Sem a presença deuma boa comunicação verbal, a negociação não acontece, e o desg<strong>as</strong>te da negociação tende agerar conflitos.Em resposta a questão 5: como diferenciam o cuida<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> aos adultos e aos i<strong>do</strong>sos?Idéia central: cuida<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a capacidade funcionalF1 – “Não tem uma diferenciação por ser i<strong>do</strong>so, tem dificuldade física mesmo, porque apsicológica independe de idade”.F2 – “Às vezes, quan<strong>do</strong> se percebe que eles precisam de alguma coisa”.F5 – “Não fazer só por ser i<strong>do</strong>so, se avalia na hora, porque tem o i<strong>do</strong>so que é bem ativo, podeir ao banheiro sozinho, pode até ir ao posto chamar a enfermagem em vez de tocar acampainha, tem que avaliar cada um, não tem como serem to<strong>do</strong>s iguais tem uns que tem 80anos e parecem ter 60, e outros que tem 60 e parecem ter 80”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo“Não tem uma diferenciação porque é i<strong>do</strong>so, tem dificuldade física mesmo, porque apsicológica independe de idade, às vezes, quan<strong>do</strong> se percebe que eles precisam de algumacoisa [...], m<strong>as</strong> os sinais vitais são vistos nos mesmos horários, os curativos são feitos nosmesmos horários. Não fazer só por ser i<strong>do</strong>so, se avalia na hora, porque tem o i<strong>do</strong>so que é bemativo, pode ir ao banheiro sozinho, pode até ir ao posto chamar a enfermagem em vez de tocara campainha, tem que avaliar cada um não tem como serem to<strong>do</strong>s iguais tem uns que tem 80anos e parecem ter 60, e outros que tem 60 e parecem ter 80. Tem <strong>paciente</strong>s de 65, 70 anos,que fazem tu<strong>do</strong> sozinhos, m<strong>as</strong> se é um i<strong>do</strong>so ou um adulto que precisa de um cuida<strong>do</strong> maior,então independente da idade”.O DSC desvela o cuida<strong>do</strong> generaliza<strong>do</strong> para adultos e i<strong>do</strong>sos e o desconhecimento d<strong>as</strong>peculiaridades da pessoa i<strong>do</strong>sa propiciam o cuida<strong>do</strong> improvisa<strong>do</strong>, alicerça<strong>do</strong> em informações


113direcionad<strong>as</strong> para <strong>as</strong> necessidades <strong>do</strong>s indivíduos adultos e cumprimento d<strong>as</strong> rotin<strong>as</strong>estabelecid<strong>as</strong>. A identificação <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s segue a lógica <strong>do</strong>s mesmos cuida<strong>do</strong>s para tod<strong>as</strong> <strong>as</strong>faix<strong>as</strong> etári<strong>as</strong>.O DSC evidencia que os profissionais de enfermagem percebem <strong>as</strong> dependênci<strong>as</strong> efragilidades apresentad<strong>as</strong> pelos i<strong>do</strong>sos, entretanto avaliad<strong>as</strong> de maneira informal, sem osconhecimentos disponibiliza<strong>do</strong>s pela gerontologia.Segun<strong>do</strong> a World Health Organization (WHO, 2005) independência é entendida comohabilidade de executar funções relacionad<strong>as</strong> à vida diária, isto é, a capacidade de viverindependentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros.A enfermagem gerontológica dispõe de um recurso fundamental para direcionar <strong>as</strong>necessidades específic<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong> ao i<strong>do</strong>so por meio da avaliação global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Aavaliação global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so deve ser realizada de maneira interdisciplinar, à enfermagem cabe opapel fundamental de realizá-la preconizan<strong>do</strong> os pontos direciona<strong>do</strong>res para implementação d<strong>as</strong>istematização da <strong>as</strong>sistência de enfermagem.Segun<strong>do</strong> Barcelos et al (2002, p. 114) “a <strong>as</strong>sistência de enfermagem ao <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>sodeve estar centrada no cuidar atento às alterações de saúde inerentes ao processo deenvelhecimento e na manutenção ou recuperação da capacidade funcional para <strong>as</strong> atividades davida diária”.Preconiza-se a avaliação funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so para detectar <strong>as</strong> capacidades físic<strong>as</strong> epsíquic<strong>as</strong> que o i<strong>do</strong>so possui para desempenhar o autocuida<strong>do</strong>. O autor op cit ressalta aimportância de se sistematizar a <strong>as</strong>sistência ao i<strong>do</strong>so como maneira de prevenir e atenuarproblem<strong>as</strong>, de maneira interativa e contextualizada, flexível e planejada para que seja efetiva eresolutiva.Em respost<strong>as</strong> a questão 6: quais <strong>as</strong> dificuldades que encontram para realizar o cuida<strong>do</strong> aosi<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s na clínica cirúrgica?Idéia central: Falta de recursos materiais e humanosF1 – “A dificuldade maior é a falta de funcionários. É preciso ver <strong>as</strong> prioridades, seprecisarem de algum apoio, tem que atender, o desg<strong>as</strong>te acaba sen<strong>do</strong> <strong>do</strong> profissional.F2 – “O <strong>paciente</strong> já é i<strong>do</strong>so, muitos tem artrose, fazem uso de bengal<strong>as</strong>, de anda<strong>do</strong>r, já fezfratura, prótese de quadril, então se procura uma cama mais baixinha, para ter a facilidade detirá-lo da cama”.F3 – “O espaço físico é pequeno, se a cama é muito baixa dificulta nosso trabalho”.


114F4 – “RH é o problema, falta de materiais, permanentes, materiais como monitores, oxímetro,obviamente que se o <strong>paciente</strong> tem enfisema pulmonar, é i<strong>do</strong>so, seria adequa<strong>do</strong> deixarmonitora<strong>do</strong>, m<strong>as</strong> falta medicação, seringa, agulha, curativos, é difícil trabalhar, tem que serum pouco artista”.F5 – “A maior dificuldade hoje é de pessoal.”F7 – “Tem que acomodar vários travesseiros, tem que elevar a perninha dele, para manter eleaqueci<strong>do</strong>, porque quan<strong>do</strong> sai <strong>do</strong> banheiro fica com muito frio, tem que ficar insistin<strong>do</strong> paraque ele fique meia hora na poltrona”.F8 – “A falta de materiais permanentes, ausência de cadeira de rod<strong>as</strong> para levar para exame,às vezes tem-se que levar na maca, final de semana não tem voluntários, sozinha com a macaé difícil”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoAs dificuldades para realizar o cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos estão relacionad<strong>as</strong> a falta de funcionários,o problema maior é o RH. É preciso ver <strong>as</strong> prioridades, se ele estiver necessitan<strong>do</strong> de algumapoio, tem que atender, o desg<strong>as</strong>te acaba sen<strong>do</strong> <strong>do</strong> profissional. O <strong>paciente</strong> já é i<strong>do</strong>so, muitostêm artrose, fazem uso de bengal<strong>as</strong>, de anda<strong>do</strong>r, já fez fratura, prótese de quadril, então temque procurar uma cama mais baixinha, para ter a facilidade de tirá-lo da cama, o espaçofísico é pequeno, se a cama é muito baixa dificulta nosso trabalho. Tem que acomodar váriostravesseiros, tem que elevar a perninha dele para manter ele aqueci<strong>do</strong>, porque quan<strong>do</strong> sai <strong>do</strong>banheiro fica com muito frio, tem que ficar insistin<strong>do</strong> para que ele fique meia hora napoltrona. A falta de materiais permanentes, ausência de cadeira de rod<strong>as</strong> para levar paraexame, às vezes tem-se que levar na maca, final de semana não tem voluntários, sozinha coma maca é difícil [...] materiais como monitores, oxímetro, obviamente que se o <strong>paciente</strong> temenfisema pulmonar, é i<strong>do</strong>so, seria adequa<strong>do</strong> deixar monitora<strong>do</strong>, falta medicação, seringa,agulha, curativos, é difícil trabalhar, tem que jogar com tu<strong>do</strong> o que se tem, ser um poucoartista.O relato apresenta<strong>do</strong> no DSC apresenta <strong>as</strong> dificuldades <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os da equipe deenfermagem em realizar o cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos, principalmente àqueles com maior grau dedependência. Abordam a carência de recursos humanos e materiais, que poderiam auxiliar narealização d<strong>as</strong> atividades de cuida<strong>do</strong>, reverten<strong>do</strong>-se em melhoria da qualidade da <strong>as</strong>sistênciaprestada ao i<strong>do</strong>so e redução <strong>do</strong>s esforços físicos da equipe de enfermagem. A criatividade, éabordada como característica peculiar aos que trabalham em ambientes com recursos limita<strong>do</strong>s,estimulan<strong>do</strong> a improvisação e a (re)utilização de materiais. Referem-se também às dificuldadesem estimular e convencer o i<strong>do</strong>so a movimentar-se no perío<strong>do</strong> pós-operatório e permanecerfora <strong>do</strong> leito.


115Estes acha<strong>do</strong>s são semelhantes aos de Rodrigues e Brêt<strong>as</strong> (2003) em que auxiliares deenfermagem relatavam que <strong>as</strong> maiores dificuldades encontrad<strong>as</strong> no ambiente de trabalho pararealizarem o cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos dependentes eram a falta de recursos materiais e humanos e deestrutura física, que promoviam so<strong>br</strong>ecarga tornan<strong>do</strong> o atendimento deficitário.A diversidade de qualidades solicitad<strong>as</strong> aos profissionais da saúde, segun<strong>do</strong> Pitta (p. 55,1999) refere que est<strong>as</strong> sejam “habilidade, força física, imaginação, entre outr<strong>as</strong>, e danecessidade de se valorizar outr<strong>as</strong> qualidades como <strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong> informais e <strong>do</strong>méstic<strong>as</strong> nodesempenho d<strong>as</strong> atividades, crian<strong>do</strong> um espiral de conhecimento entre o saber técnico e o saberintuitivo que pudessem ser complementares e promotor<strong>as</strong> de enriquecimento mútuo”.Em resposta a questão 7: como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos queapresentam complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong>?Idéia central: atenção especial e envolvimento familiar por me<strong>do</strong> d<strong>as</strong> intercorrênci<strong>as</strong>F1 – “Procuro dar mais atenção quan<strong>do</strong> vejo que eles estão confusos, o me<strong>do</strong> é dele cair,então a gente procura entrar mais no quarto,”.F2 – “Perigo é logo depois da cirurgia, tem que ficar atento”.F3 – “Quan<strong>do</strong> eles estão muito agita<strong>do</strong>s a gente levanta a grade por segurança”.F4 – “A gente conversa com o <strong>paciente</strong> e com a família quan<strong>do</strong> se suspeita de síndrome deabstinência, se confirmam então é solicita<strong>do</strong> aos residentes medicações, temos psicólogo aqui,m<strong>as</strong> só quem pode fazer pedi<strong>do</strong> de consulta é o médico”.F5 – “Os que não tem acompanhante a gente tenta conseguir alguém da família parapermanecer, pelo menos um tempo, mesmo que não seja o dia to<strong>do</strong>”.F8 – “Tem síndrome de abstinência, m<strong>as</strong> eu não questiono o <strong>paciente</strong> que às vezes esconde,converso com a família”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoNo cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos com complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong> procuro dar mais atenção,principalmente quan<strong>do</strong> vejo que eles estão confusos, perigo é logo depois da cirurgia, tem queficar atento, o me<strong>do</strong> dele cair, então a gente procura entrar mais no quarto. Quan<strong>do</strong> eles estãomuito agita<strong>do</strong>s a gente levanta a grade por segurança. Os que não estão com acompanhante agente tenta conseguir alguém da família para permanecer, pelo menos um tempo, mesmo quenão seja o dia to<strong>do</strong>. Conversamos com o <strong>paciente</strong> e com a família quan<strong>do</strong> suspeita-se desíndrome de abstinência, m<strong>as</strong> eu não questiono o <strong>paciente</strong> que às vezes esconde, converso com


116a família, se confirmam então é solicita<strong>do</strong> aos residentes <strong>as</strong> medicações, temos psicólogo aqui,m<strong>as</strong> só quem pode fazer pedi<strong>do</strong> de consulta é o médico.Apresenta-se no DSC a concepção de riscos envolven<strong>do</strong> <strong>as</strong> complicaçõesneuropsiquiátric<strong>as</strong> necessitan<strong>do</strong> de maior atenção e cuida<strong>do</strong> por parte da equipe aos i<strong>do</strong>sos.Verifica-se <strong>as</strong> preocupações em elevar a grade de segurança <strong>do</strong> leito e suporte familiar paraauxiliar nos cuida<strong>do</strong>s com o <strong>paciente</strong> para que não permaneça sozinho.Entende-se que <strong>as</strong> alterações neuropsiquiátric<strong>as</strong> aumentem os riscos de qued<strong>as</strong>, retiradade sond<strong>as</strong> e cateteres ameaçan<strong>do</strong> a integridade física <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.A equipe de enfermagem pode contribuir para o tratamento <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so com alteraçõesneuropsiquiátric<strong>as</strong>, com medid<strong>as</strong> ambientais que auxiliam a diminuir a agitação em <strong>paciente</strong>stemporariamente confusos.De acor<strong>do</strong> com Francis et al (2002) <strong>as</strong> recomendações ambientais são:evitar a restrição de movimentos <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, evitar o uso de restrições,mobilizar o <strong>paciente</strong> fora <strong>do</strong> leito, minimizar os estímulos estressantes,reduzir o ruí<strong>do</strong>, evitar convers<strong>as</strong> discret<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> na audição <strong>do</strong><strong>paciente</strong>, proporcionar estímulos orienta<strong>do</strong>res significativos (nãocalendários), janel<strong>as</strong>, atividades de rotina, promover boa higiene e sono,evitar hipnóticos e sedativos, evitar drog<strong>as</strong> que comprometam o sono(cafeína, teofilina), manter o <strong>paciente</strong> acorda<strong>do</strong> e ativo durante o dia,proporcionar exposição à luz adequada durante o dia, otimizar a funçãosensorial, comunicar e transmitir segurança, proporcionar estimulaçãoagradável, tornar o ambiente familiar ao <strong>paciente</strong>, evitar modificaçõesdesnecessári<strong>as</strong> no quarto, proporcionar itens <strong>do</strong> lar <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>.Ess<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> não farmacológic<strong>as</strong> auxiliam a orientar o <strong>paciente</strong> e reduzir aansiedade, redirecionan<strong>do</strong>-o para a realidade, no entanto equipes de saúde com númeroreduzi<strong>do</strong> de funcionários dificultam <strong>as</strong> possibilidades de implementação de tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong>medid<strong>as</strong>. Percebe-se que <strong>as</strong> instituições públic<strong>as</strong> hospitalares não estão adaptad<strong>as</strong> para <strong>as</strong>sistiradequadamente ao i<strong>do</strong>so e atender <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong>s que necessita.Pacientes com problem<strong>as</strong> primários relaciona<strong>do</strong>s ao álcool e substânci<strong>as</strong> psicotrópic<strong>as</strong>raramente iniciam o uso na terceira idade. Quan<strong>do</strong> apresentam quadro de uso nocivo e/oudependência, geralmente o fazem secundariamente a um outro transtorno psiquiátrico ouorgânico. Tremores de extremidades, sinais de liberação autonômica como su<strong>do</strong>rese,taquicardia, fe<strong>br</strong>e, hipertensão arterial leve, além de ansiedade, desorientação têmporoespacial,ilusões, alucinações e confusão mental são os sinais e sintom<strong>as</strong> que caracterizam <strong>as</strong>índrome da abstinência alcoólica. O tratamento pode ser realiza<strong>do</strong> com a correção de


117distúrbios hidroeletrolíticos, reposição de tiamina e benzodiazepínicos (GONZALEZ;MENON, 2001, p. 231).As complicações neuropsiquiátric<strong>as</strong> de maior ocorrência constatad<strong>as</strong> nos i<strong>do</strong>sos forama agitação e a confusão mental, frente a est<strong>as</strong> aponta-se a construção de alguns princípiosb<strong>as</strong>ilares para o cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagem que envolve: a) promover ambienteseguro; b) monitorar precauções contra convulsões; c) monitorar agitação <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>; d)orientar o <strong>paciente</strong> e familiares em relação às precauções para queda; e) realizarmonitorização <strong>do</strong>s sinais vitais; f) estimular a participação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so n<strong>as</strong> atividades deautocuida<strong>do</strong>; g) auxiliar quanto a localização no tempo e espaço (dia, mês, ano, horário, localem que se encontra, agenda da cirurgia); h) promover ambiente calmo e tranqüilo parapropiciar o descanso; i) comunicar alterações de conduta que exijam maiores intervenções.Em resposta a questão 8: como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos queapresentam complicações g<strong>as</strong>trintestinais?Idéia central: cuida<strong>do</strong>s com a alimentação e orientação <strong>do</strong>s familiaresF1 – “Eles têm o conceito de que a pessoa tem que comer e trazem comida de c<strong>as</strong>a e o<strong>paciente</strong> é i<strong>do</strong>so tem dificuldade de entender que não pode”.F2 – “Eles não são hidrata<strong>do</strong>s, então sempre administrar soro, incentivar para que tomemágua”.F3 – “É difícil controlar a dieta, a família é orientada m<strong>as</strong> o hospital parece uma quitanda,porque dizem não gostar da comida <strong>do</strong> hospital... então se orienta conversar com anutricionista, ver se podem trazer alguma coisa...”.F4 – “Primeiro a alimentação, é preciso explicar para mostrarem o que trazem para aenfermagem, então trazem um litro de suco, iogurte e outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que nem sempre épermiti<strong>do</strong>”.F7 – “Depois da oclusão intestinal, fazem diarréia, então tem que cuidar para tomarem água,hidratar com soro, o <strong>paciente</strong> que não está em diarréia m<strong>as</strong> está em jejum a gente relem<strong>br</strong>aque tem que prescrever soro, medicação para <strong>as</strong> náuse<strong>as</strong> e vômitos e evitar que ele faça força,por serem i<strong>do</strong>sos, soltam pontos, faz deiscência de sutura”.F8 – “Os alimentos são identifica<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s na geladeira, iogurte e frut<strong>as</strong>”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivo


118O cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos com complicações g<strong>as</strong>trointestinais deve ser primeiro com aalimentação, é preciso explicar para a família que deve mostrar para a enfermagem o que trazpara o <strong>paciente</strong>, às vezes trazem um litro de suco, iogurte e outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que nem sempre épermiti<strong>do</strong>. Os alimentos são identifica<strong>do</strong>s e coloca<strong>do</strong>s na geladeira, iogurte e frut<strong>as</strong>. É difícilcontrolar a dieta, a família é orientada m<strong>as</strong> o hospital parece uma quitanda, porque dizem nãogostar da comida <strong>do</strong> hospital [...] então se orienta conversar com a nutricionista, ver se podemtrazer alguma coisa [...] eles têm o conceito de que a pessoa tem que comer e trazem comidade c<strong>as</strong>a e o <strong>paciente</strong> é i<strong>do</strong>so tem dificuldade de entender que não pode. Os i<strong>do</strong>sos não sãohidrata<strong>do</strong>s, então sempre deve-se administrar soro, incentivar para que tomem água. Depoisda oclusão intestinal, fazem diarréia, então tem que cuidar para tomarem água, hidratar comsoro, o <strong>paciente</strong> que não está em diarréia m<strong>as</strong> está em jejum a gente relem<strong>br</strong>a que tem queprescrever soro, medicação para <strong>as</strong> náuse<strong>as</strong> e vômitos e evitar que ele faça força, por seremi<strong>do</strong>sos, faz deiscência de sutura”.A equipe de enfermagem salienta no DSC <strong>as</strong> dificuldades que precisa enfrentar com osi<strong>do</strong>sos e familiares relacionad<strong>as</strong> às orientações dietétic<strong>as</strong> no perío<strong>do</strong> pós-operatório. Asalterações g<strong>as</strong>trointestinais causam incômo<strong>do</strong>, <strong>do</strong>r e riscos de depleção ou desequilí<strong>br</strong>iohidroeletrolítico ao i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório. Em virtude disto a restrição alimentarnesse perío<strong>do</strong>, muit<strong>as</strong> vezes é necessária para o organismo se restabelecer <strong>do</strong> estresse cirúrgico,entretanto nem sempre é entendida desta maneira pelos familiares e i<strong>do</strong>sos. A reprodução <strong>do</strong>shábitos alimentares familiares, no ambiente hospitalar é freqüente e muit<strong>as</strong> vezes trazemproblem<strong>as</strong> para equipe de enfermagem com <strong>as</strong> diet<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> para o i<strong>do</strong>so cirúrgico.Segun<strong>do</strong> Pentea<strong>do</strong> (2001, p.) “o comportamento alimentar <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é uma estruturadifícil de se modificar, face <strong>as</strong> preferênci<strong>as</strong> de paladar, auto-indulgência, preconceito,indiferença, falta de apetite, pouca ingestão de líqui<strong>do</strong>s, apatia e me<strong>do</strong> – me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alimentoserra<strong>do</strong>s, me<strong>do</strong> de constipação ou me<strong>do</strong> de indigestão”.O alimento apresenta significativa manifestação cultural. Para Garine (1995) “oalimento desempenha divers<strong>as</strong> funções n<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> sociedades human<strong>as</strong>, sen<strong>do</strong> intimamenterelaciona<strong>do</strong> com os <strong>as</strong>pectos sociais, religiosos e econômicos da vida cotidiana”.Cuidar em enfermagem é um processo no qual estão envolvi<strong>do</strong>s a equipe, o <strong>paciente</strong> esua família, sen<strong>do</strong> importante considerar a bagagem cultural que trazem consigo em um<strong>as</strong>ituação de enfermidade. Para facilitar a adesão às condut<strong>as</strong> preconizad<strong>as</strong> pelo tratamento éimprescindível o envolvimento <strong>do</strong>s familiares e i<strong>do</strong>sos. O cuida<strong>do</strong> com a dieta no perío<strong>do</strong>pós-operatório requer o entendimento de amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes, familiares e profissionais por meio<strong>do</strong> diálogo educativo.As complicações g<strong>as</strong>trintestinais de maior incidência foram <strong>as</strong> náuse<strong>as</strong> e vômitos,diarréi<strong>as</strong> e obstipação intestinal que poderiam ser aborda<strong>do</strong>s pela equipe de enfermagem coma orientação à alimentação adequada, a promoção <strong>do</strong> envolvimento <strong>do</strong>s familiares no


119comprometimento com a alimentação adequada para o i<strong>do</strong>so, na manutenção <strong>do</strong> controlehídrico, no controle <strong>do</strong> peso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, controle da hipovolemia, diarréia, constipação evômitos, realizar monitorização <strong>do</strong>s sinais vitais, controlar a hemorragia e náuse<strong>as</strong> e vômitos,observar sinais de distensão ab<strong>do</strong>minal ou desidratação, estimular a ingesta de água, atender<strong>as</strong> diretrizes da comissão de controle de infecção hospitalar no que se refere ao cuida<strong>do</strong> comsond<strong>as</strong> e drenos.Em resposta a questão 9: como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos queapresentam complicações da ferida operatória?Idéia central: cuida<strong>do</strong>s com a higiene e troca <strong>do</strong>s curativosF2 – “Eles não entendem muito bem que tem que limpar, lavar com água e sabão para depoisfazer o curativo. Os recursos de curativo aqui são os convencionais, não tem curativo especial,então os cuida<strong>do</strong>s tem que ser maiores”.F3 – “Tem que orientar para cuidar <strong>do</strong> curativo”.F4 – “A questão maior é da higiene, tem velho que não gosta de tomar banho. Aí tem queexplicar, a cirurgia foi em um local contamina<strong>do</strong>, que é o intestino, às vezes com bolsa decolostomia. Então se não quiser tomar banho de chuveiro é da<strong>do</strong> no leito m<strong>as</strong> tem que tirar dacama e levar para deambular”.F5 – Trocar com maior freqüência o curativo, porque a pele já não é boa, a cicatrização não éboa, faz lesão com mais facilidade, com micropore ou esparadrapo, [...] observações quan<strong>do</strong>se a<strong>br</strong>e um curativo, tem que ser rep<strong>as</strong>sad<strong>as</strong> logo para o médico ou enfermeira, realizar <strong>as</strong>anotações <strong>do</strong> curativo, verificar quantidade da drenagem fora <strong>do</strong> comum, e observar ossintom<strong>as</strong>... tem que ficar em cima”.F6 – “ insistir, explicar e incentivar, m<strong>as</strong> eles não querem ir para o banho.F7 – “mostrar que o curativo não pode ficar sujo nem fecha<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> eles vão embora, nãosei como cuidam”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoEles não entendem muito bem que tem que limpar, lavar com água e sabão para depois fazer ocurativo. Os recursos de curativo aqui são os convencionais, não tem curativo especial, entãoos cuida<strong>do</strong>s têm que ser maiores, tem que orientar para cuidar <strong>do</strong> curativo, mostrar que nãopode ficar sujo nem fecha<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> eles vão embora, não sei como cuidam. A questão maioré da higiene, tem velho que não gosta de tomar banho, tem que explicar, a cirurgia foi em um


120local contamina<strong>do</strong>, que é o intestino, às vezes com bolsa de colostomia, insistir, explicar eincentivar, m<strong>as</strong> eles não querem ir para o banho. Então se não quiser tomar banho dechuveiro é da<strong>do</strong> no leito m<strong>as</strong> tem que tirar da cama e levar para deambular, trocar com maiorfreqüência o curativo, porque a pele já não é boa, a cicatrização não é boa, faz lesão commais facilidade, com micropore ou esparadrapo. Deve-se observar o curativo, realizar <strong>as</strong>anotações, verificar quantidade da drenagem fora <strong>do</strong> comum e observar os sintom<strong>as</strong>.Conforme o DSC a equipe de enfermagem direciona os cuida<strong>do</strong>s a ferida operatóriana manutenção da higiene corporal, técnic<strong>as</strong> de curativo <strong>as</strong>séptic<strong>as</strong> e orientações decuida<strong>do</strong> com a manutenção <strong>do</strong> curativo ao i<strong>do</strong>so e à família.O banho é uma prática de higiene cujo principal objetivo é a restauração da limpezacorporal. Outros benefícios são citad<strong>as</strong> por Timby (2001), como a eliminação de o<strong>do</strong>resdesagradáveis ao organismo, redução <strong>do</strong> potencial de infecções, estimulação da circulaçãosanguínea, oferecimento de uma sensação refrescante e relaxante e melhora da autoimagem.Instituições hospitalares estabelecem rotin<strong>as</strong> para a higiene <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, muit<strong>as</strong>vezes diferentes d<strong>as</strong> praticad<strong>as</strong> no <strong>do</strong>micílio. Est<strong>as</strong> rotin<strong>as</strong> nem sempre são incorporad<strong>as</strong>pelos i<strong>do</strong>sos, principalmente os mais velhos. Entretanto, esta recusa pode ser um sinalimportante para se estabelecer cuida<strong>do</strong>s de enfermagem. De acor<strong>do</strong> com Timby (2001), oi<strong>do</strong>so que negligencia sua higiene e boa apresentação pessoal pode estar manifestan<strong>do</strong>algum sinal de depressão.Ao ser hospitaliza<strong>do</strong>, o i<strong>do</strong>so se encontra destituí<strong>do</strong> de objetos pessoais, incluin<strong>do</strong>aqueles que podem propiciar mais conforto a ele durante o banho. Os problem<strong>as</strong> com oespaço físico não permitem que os <strong>paciente</strong>s tragam para a hospitalização muitos pertences.Ainda se vê coagi<strong>do</strong> a realizar su<strong>as</strong> atividades de higiene de acor<strong>do</strong> com o planejamentod<strong>as</strong> atividades da equipe de saúde. É preciso encontrar maneir<strong>as</strong> de flexibilizar <strong>as</strong> rotin<strong>as</strong>hospitalares para priorizar a individualidade de cada <strong>paciente</strong>, com o risco de sepermanecerem atitudes distantes entre a teoria preconizada e a prática realizada.Os cuida<strong>do</strong>s com a ferida operatória podem se constituir em oportunidadeprimorosa para a observação e registro da incisão cirúrgica, com oportunidade deintervenções de enfermagem para reduzir a <strong>do</strong>r e evitar complicações maiores como <strong>as</strong>deiscênci<strong>as</strong> e infecções. Pode ser momento propício para observar <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> decicatrização da ferida, presença de secreções ou sangramentos, <strong>do</strong>s o<strong>do</strong>res presentes e d<strong>as</strong>característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> curativo. Os registros desses, contribuem para a continuidade <strong>do</strong> trabalhoda enfermagem <strong>do</strong>s outros turnos e de outros profissionais de saúde envolvi<strong>do</strong>s noprocesso.


121A inclusão da família como agente participativo <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, auxilian<strong>do</strong> no cuida<strong>do</strong>à ferida operatória possibilita ao familiar a visualização d<strong>as</strong> ações de cuida<strong>do</strong> realizadapelos profissionais. Est<strong>as</strong> atividades poderão ser orientad<strong>as</strong> e ensinad<strong>as</strong> ao acompanhantepara serem realizad<strong>as</strong> no <strong>do</strong>micílio, após a alta hospitalar com mais segurança.Os sinais de choque em i<strong>do</strong>sos nem sempre se apresentam da maneira convencional,portanto, monitorar freqüentemente sinais vitais de acor<strong>do</strong> com o preconiza<strong>do</strong> para i<strong>do</strong>sosobservan<strong>do</strong> comportamento e reações <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>, que possam evidenciar complicações maisgraves como choque e a sepse .Em resposta a questão 10: como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem com o acesso venoso<strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos?Idéia central: fragilidade venosa e dificuldade na manutençãoF1 – “Procurar cuidar para não perder o acesso, às vezes se estão confusos tiram o acesso.Então a gente pede para o acompanhante ajudar a cuidar, para não ter problem<strong>as</strong>.F2 – “A gente fixa direitinho para não perder, porque às vezes é difícil achar outro. Tambémtem aqueles que <strong>as</strong> vei<strong>as</strong> arrebentam fácil, tem que cuidar...”.F3 – “A questão <strong>do</strong> acesso é complicada, os cuida<strong>do</strong>s são essenciais, porque sempre temmuito aluno aqui. Eles trocam os acessos e se não anotam a gente nem fica saben<strong>do</strong>”.F4 – “A questão maior <strong>do</strong>s acessos é manter, é estar atento aos sinais de flebite para nãocomplicar. Cuidar com a pele, na hora de fixar, que é muito sensível, irrita fácil.F5 – “Tem sempre problem<strong>as</strong> com o acesso venoso, m<strong>as</strong> às vezes troca acesso e não anota,por isso que não aparece registra<strong>do</strong>, m<strong>as</strong> tem sim. Eles tem a pele dura, às vezes a gente vaipuncionar e não entra o abocath”.F6 – “É um <strong>do</strong>s problem<strong>as</strong> com os i<strong>do</strong>sos, ainda os que tomam AAS, fica pior”.F7 – “Perdem muito fácil, e tem uns que esquecem, batem o <strong>br</strong>aço”.F8 – “Tem que caprichar quan<strong>do</strong> acha um acesso bom, ainda os velhinhos não é tanto, m<strong>as</strong> <strong>as</strong>velhinh<strong>as</strong> é mais difícil pegar”.Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoOs cuida<strong>do</strong>s de enfermagem com o acesso venoso são essenciais, tem sempre problem<strong>as</strong> com oacesso venoso, às vezes troca acesso e não anota, tem muito aluno aqui, eles trocam osacessos e se não anotam a gente nem fica saben<strong>do</strong> tem que caprichar quan<strong>do</strong> acha um acessobom, ainda os velhinhos não é tanto, m<strong>as</strong> <strong>as</strong> velhinh<strong>as</strong> é mais difícil pegar. Os i<strong>do</strong>sos tem a


122pele dura, às vezes a gente vai puncionar e não entra o abocath, tem que cuidar para nãoperder o acesso, às vezes se estão confusos tiram o acesso. Então a gente pede para oacompanhante ajudar a cuidar, para não ter problem<strong>as</strong>. A gente fixa direitinho para nãoperder, porque às vezes é difícil para achar outro. Também tem aqueles que <strong>as</strong> vei<strong>as</strong>arrebentam fácil, tem que cuidar. A questão maior <strong>do</strong>s acessos é manter é estar atento aossinais de flebite para não complicar. Cuidar com a pele, na hora de fixar, que é muito sensível,irrita fácil. Os i<strong>do</strong>sos que tomam AAS, fica pior, perdem muito fácil, e tem uns que esquecem,batem o <strong>br</strong>aço.A prática cotidiana e <strong>as</strong> evidenciad<strong>as</strong> no DSC apontam que em i<strong>do</strong>sos <strong>as</strong> dificuldadesde punção e manutenção <strong>do</strong> acesso venoso são mais freqüentes <strong>do</strong> que em <strong>paciente</strong>s jovens. Asalterações provocad<strong>as</strong> pelo processo de envelhecimento e aquel<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> aoenvelhecimento patológico, trazem fragilidades v<strong>as</strong>culares importantes evidenciad<strong>as</strong>, porexemplo, em i<strong>do</strong>sos com diabetes mellitus de longa data.Segun<strong>do</strong> Timby (2001), a necessidade de administrar medicamentos por via intravenosaé freqüente em i<strong>do</strong>sos, no entanto a sua rede venosa pode estar b<strong>as</strong>tante fragilizada. Aenfermagem é a responsável por decidir so<strong>br</strong>e a escolha de locais, tipos de dispositivos,cali<strong>br</strong>es de cateteres com o objetivo de administrar os medicamentos prescritos. A prática depunção de vei<strong>as</strong> periféric<strong>as</strong> e administração de medicamentos exige habilidade e competênciatécnica e científica por parte <strong>do</strong> enfermeiro e equipe.Ao investigarem <strong>paciente</strong>s cirúrgicos interna<strong>do</strong>s e submeti<strong>do</strong>s à terapia intravenosa,Pereira & Zanetti (2000) constataram que o grau <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> de enfermagem, em 60% d<strong>as</strong>punções realizad<strong>as</strong>, apresentou-se como insatisfatório e muito insatisfatório, sen<strong>do</strong> o tempo depermanência <strong>do</strong> dispositivo in situ de 24 a 72 h, em 47% <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s. Corroboran<strong>do</strong> comestes acha<strong>do</strong>s Lundgren et al. (1993) apontam que o cuida<strong>do</strong> de enfermagem, relaciona<strong>do</strong> àmanutenção <strong>do</strong> dispositivo venoso periférico in situ, diminui com o p<strong>as</strong>sar <strong>do</strong>s di<strong>as</strong> e que, apóso segun<strong>do</strong> dia de observação, tal cuida<strong>do</strong> foi considera<strong>do</strong> insatisfatório.Os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem com to<strong>do</strong>s os procedimentos envolven<strong>do</strong> a punção,manutenção e troca de local de punção são fundamentais para que a terapia medicamentos<strong>as</strong>eja adequadamente administrada, com menores agravos e sofrimentos para o i<strong>do</strong>so. O planode cuida<strong>do</strong>s deve incluir escolha apropriada <strong>do</strong> local de punção, fixação adequada commicropore, inspeção <strong>do</strong> local freqüente e observação quanto ao uso de anticoagulantes, quepodem tornar <strong>as</strong> vei<strong>as</strong> mais frágeis à punção. As anotações da equipe são importantes paracontrole de qualidade e de riscos de infecção. É fundamental a monitorização <strong>do</strong> tempo depermanência <strong>do</strong>s cateteres conforme o preconiza<strong>do</strong> pela comissão de controle de infecçãohospitalar.


123As complicações <strong>do</strong> acesso venoso que ocorreram nos i<strong>do</strong>sos deste estu<strong>do</strong>, foram afragilidade venosa e a flebite. A equipe de enfermagem deve estar atenta aos sinais deinflamação e infecção no local de punção, examinan<strong>do</strong> sempre que proceder administração defármacos ou quan<strong>do</strong> o <strong>paciente</strong> se queixar. A escolha <strong>do</strong> material de punção como tipo,cali<strong>br</strong>e, local e mo<strong>do</strong> de fixação devem ser individualiza<strong>do</strong>s para cada i<strong>do</strong>so, para que <strong>as</strong>simse possa prevenir a ocorrência de flebites e hematom<strong>as</strong> identifican<strong>do</strong> precocemente afragilidade venosa e reduzin<strong>do</strong> a chance de complicações.A consulta de enfermagem no pré-operatório seria ferramenta valorosa para identificaros fatores de risco de complicações com o acesso, poden<strong>do</strong>-se atuar com a equipemultiprofissional na correção desses fatores que envolvem nutrição adequada, utilização demedicamentos, preservação da rede venosa de maior cali<strong>br</strong>e por oc<strong>as</strong>ião da realização <strong>do</strong>procedimento cirúrgico.Em resposta a questão 11: Quais <strong>as</strong> dificuldades que envolvem os registros <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>srealiza<strong>do</strong>s?Idéia central: anotações sucint<strong>as</strong> para trabalhos complexosF1 – “ Tem que dar atenção para os que precisam, ver <strong>as</strong> prioridades, então a gente faz, m<strong>as</strong>nem sempre tem tempo de anotar tu<strong>do</strong> o que faz”.F2 – “A gente anota, m<strong>as</strong> importante mesmo é fazer certinho, cuidar para o bem <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>”.F3 – “Esses cuida<strong>do</strong>s a gente só vê aqui dentro da clínica, porque no papel, nos registros nãoaparece”.F4 – “A enfermagem não registra não por falta de tempo e sim de hábito. Também tem outrosproblem<strong>as</strong>, porque o funcionário não tem treinamento e quan<strong>do</strong> tem a gente não consegueliberar o funcionário, porque eles tem que fazer o curso durante o horário de serviço, só que aenfermagem tem <strong>do</strong>is ou três empregos, e não pode vir fazer o curso fora <strong>do</strong> horário detrabalho”.F5 “Quanto a prescrição e anotações, a gente às vezes faz e não anota, m<strong>as</strong> to<strong>do</strong>s quep<strong>as</strong>sam visita olham <strong>as</strong> anotações, eles usam o que a gente registrou”.F6 – “As enfermeir<strong>as</strong> não fazem evolução e também não podem participar de nenhum cursopor falta de funcionário”F7 – “Se fosse informatiza<strong>do</strong> seria mais fácil”.F8 – “Os registros são bem resumi<strong>do</strong>s, m<strong>as</strong> tem o que precisa saber. A gente sabe que precisamelhorar, vamos ver”.


124Discurso <strong>do</strong> sujeito coletivoA enfermagem não registra os cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s não por falta de tempo e sim de hábito.Também tem outros problem<strong>as</strong>, porque o funcionário não tem treinamento e quan<strong>do</strong> tem agente não consegue liberar o funcionário, porque eles tem que fazer o curso durante o horáriode serviço, só que a enfermagem tem <strong>do</strong>is ou três empregos, e não pode vir fazer o curso fora<strong>do</strong> horário de trabalho. A gente anota, m<strong>as</strong> importante mesmo é fazer certinho, cuidar para obem <strong>do</strong> <strong>paciente</strong>. Quanto a prescrição e anotações, a gente às vezes faz e não anota, m<strong>as</strong> to<strong>do</strong>sque p<strong>as</strong>sam visita olham <strong>as</strong> anotações, eles usam o que a gente registrou. Tem que daratenção para os que precisam, ver <strong>as</strong> prioridades, então a gente faz, m<strong>as</strong> nem sempre temtempo de anotar tu<strong>do</strong> o que faz. As enfermeir<strong>as</strong> não fazem evolução e também não podemparticipar de nenhum curso por falta de funcionário. Esses cuida<strong>do</strong>s a gente só vê aqui dentroda clínica, porque no papel, nos registros não aparece, os registros são bem resumi<strong>do</strong>s, m<strong>as</strong>tem o que precisa saber. A gente sabe que precisa melhorar, se fosse informatiza<strong>do</strong> seria maisfácil.O DSC revela a realidade comum <strong>do</strong>s hospitais públicos no que se refere aos registrosda enfermagem. A equipe de enfermagem n<strong>as</strong> unidades de internação hospitalares sãoresponsáveis por registrar em to<strong>do</strong>s os turnos os cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s com os <strong>paciente</strong>s sob suatutela. Durante <strong>as</strong> consult<strong>as</strong> aos prontuários pode-se observar que os Durante <strong>as</strong> consult<strong>as</strong> aosprontuários pode-se observar que os registros de enfermagem são suscintos, com errosortográficos e nenhuma padronização.Para Santos et al (2003), a enfermagem produz diariamente muit<strong>as</strong> informaçõesinerentes ao cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s. Estima-se que seja responsável por mais de 50% d<strong>as</strong>informações contid<strong>as</strong> nos prontuários <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s.Na unidade cirúrgica diariamente os profissionais médicos fazem prescrições deorientações e de medicação de forma informatizada e padronizada, <strong>as</strong> imprimem e osmem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem seguem <strong>as</strong> orientações. As enfermeir<strong>as</strong> realizam <strong>as</strong>prescrições igualmente informatizad<strong>as</strong> e padronizad<strong>as</strong>, este modelo atualmente exigereformulação. O sistema que prevalece n<strong>as</strong> anotações de enfermagem é o de registro manual.Sabe-se que a escrita é um hábito que só se desenvolve com o exercício, necessitan<strong>do</strong>empenho intelectual para desenvolvê-lo, o que acarreta algum<strong>as</strong> dificuldades para algunsmem<strong>br</strong>os da equipe de enfermagem com baixo nível de escolaridade. No DSC demonstramter consciência da necessidade de melhorar os registros de enfermagem, referin<strong>do</strong> importânciaa educação em serviço.Para Santos et al. (2003) é problemático compilar esta m<strong>as</strong>sa de informação que:[...] cresce em progressão geométrica nos protocolos e registros manuais,torna ineficiente o gerenciamento para uma tomada de decisão racional e


125objetiva por parte <strong>do</strong>s enfermeiros. Além disso, há o fato de que <strong>as</strong> anotaçõessão inconsistentes, ilegíveis e subjetiv<strong>as</strong>, não haven<strong>do</strong> uma definiçãometo<strong>do</strong>lógica estruturada.Conforme DSC, os profissionais de enfermagem não fazem registros por falta detempo, m<strong>as</strong> sim por hábito. Os hábitos segun<strong>do</strong> C<strong>as</strong>tilho e Vásquez (2006, p. 76) são: “form<strong>as</strong>de comportamento que estão arraigad<strong>as</strong> por meio da repetição. To<strong>do</strong> o hábito representa aresposta a satisfação de uma necessidade. A erradicação de tal hábito, não é possível a menosque se permute por outra melhor forma de satisfazer tal necessidade”.Os registros no prontuário <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> são realiza<strong>do</strong>s por enfermeiros, auxiliares etécnicos de enfermagem e de outros profissionais, que se utilizam d<strong>as</strong> informações registrad<strong>as</strong>por to<strong>do</strong>s da equipe de saúde para decisões clínic<strong>as</strong> e diagnóstic<strong>as</strong>. O alto manuseio <strong>do</strong>sprontuários, trazem falh<strong>as</strong> nos méto<strong>do</strong>s de registros.Segun<strong>do</strong> Fernandes et al. (1981, p. 64):esses problem<strong>as</strong> devem ser considera<strong>do</strong>s, visto que o prontuário é um<strong>do</strong>cumento <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> e os registros efetua<strong>do</strong>s tem efeito legal paraeventuais questionamentos jurídicos. Ainda, que muit<strong>as</strong> informações sãodesperdiça<strong>do</strong>s para questões de pesquisa, motiva<strong>do</strong>s pel<strong>as</strong> falh<strong>as</strong> nosregistros. O registro d<strong>as</strong> ações de enfermagem no prontuário é uminstrumento de grande significa<strong>do</strong> na <strong>as</strong>sistência de enfermagem, sen<strong>do</strong>indispensável para a adequada prestação <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> ao <strong>paciente</strong>.Os méto<strong>do</strong>s modernos de registros são necessários porque agilizam a tarefa epossibilitam maior visibilidade ao trabalho da enfermagem, que realiza muito mais <strong>do</strong> queregistra. O registro de enfermagem é um poderoso instrumento que descreve diariamente, demaneira objetiva, concisa e precisa o comportamento físico, psíquico e clínico <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> quese encontra sob os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem.A comunicação escrita <strong>do</strong>cumenta, de mo<strong>do</strong> permanente, no prontuário, sãoinformações relevantes so<strong>br</strong>e os cuida<strong>do</strong>s presta<strong>do</strong>s ao <strong>paciente</strong>, e cabe ao enfermeiro aresponsabilidade de mantê-lo atualiza<strong>do</strong> (IYER et al,1993).- os eventos de maior incidência evidencia<strong>do</strong>s nos diferentes tipos de complicaçõesforam: <strong>do</strong>r, náuse<strong>as</strong> e vômitos, dispnéia, edema, anemia, alteração <strong>do</strong> padrão de sono econfusão mental;- <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> à maior incidência <strong>do</strong>s óbitos foram: <strong>paciente</strong>s nafaixa etária de 65 a 74 anos; mulheres; cirurgi<strong>as</strong> de emergência; tempo cirúrgico superior a121 minutos; cirurgia <strong>do</strong> tipo laparotomia exploratória; avaliação de risco cirúrgico grau ASAIV e os i<strong>do</strong>sos não submeti<strong>do</strong>s à avaliação para risco cirúrgico.


1265.5 SÍNTESE DAS INTERPRETAÇÕES DA PESQUISA QUALITATIVA – DISCURSOSDO SUJEITO COLETIVOOs acha<strong>do</strong>s evidencia<strong>do</strong>s por meio d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> com os mem<strong>br</strong>os daequipe de enfermagem e <strong>as</strong> interpretações desenvolvid<strong>as</strong> fundamentad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> informações <strong>do</strong>sdiscursos <strong>do</strong> sujeito coletivo, permitiram tecer algum<strong>as</strong> considerações.Primeiramente a equipe de enfermagem não utiliza os mesmos critérios paraidentificação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Entende-se que com capacitação gerontológica <strong>do</strong>s profissionais demaneira densa e própria, possa-se padronizar a identificação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so por meio dacaracterização cronológica, biológica e funcional, contemplan<strong>do</strong> <strong>as</strong>sim <strong>as</strong> vári<strong>as</strong> dimensões <strong>do</strong>que é ser i<strong>do</strong>so. Entende-se que a escolha de um limite cronológico para delimitação daentrada na velhice seja necessária para a implementação de program<strong>as</strong> gerontológicos.Os acompanhantes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos encontram-se aloca<strong>do</strong>s de maneira inapropriada vistoque os estabelecimentos de saúde não estão adequa<strong>do</strong>s para recebê-los conforme preconiza alegislação. Esta situação causa constrangimentos desnecessários para os acompanhantes epara a equipe. Portanto entende-se que a equipe de enfermagem deva respeitar a decisão <strong>do</strong>i<strong>do</strong>so em manter ou não acompanhante durante a internação hospitalar e à instituição de saúdebuscar adequação <strong>do</strong> espaço físico para i<strong>do</strong>so e acompanhante, além de buscar os recursosmateriais e humanos para o desenvolvimento <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico de enfermagemOs cuida<strong>do</strong>s de enfermagem ao i<strong>do</strong>so são planeja<strong>do</strong>s em função de su<strong>as</strong> restriçõesfísic<strong>as</strong>, incapacidades, dependênci<strong>as</strong> e patologi<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong>.A equipe se organiza para o cuida<strong>do</strong> de maneira fragmentada sem a busca em cuidarde maneira integral. Desenvolver cuida<strong>do</strong> integral ao i<strong>do</strong>so, entenden<strong>do</strong>-se este como sen<strong>do</strong> ocuida<strong>do</strong> individualiza<strong>do</strong>, em que um mesmo profissional se responsabiliza em realizar tod<strong>as</strong><strong>as</strong> atividades específic<strong>as</strong> ao cuida<strong>do</strong> de enfermagem, para o <strong>paciente</strong> durante seu turno detrabalho.Os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem às principais complicações cirúrgic<strong>as</strong> evidenciaram que aequipe se preocupa em cuidar, no entanto não possui conhecimentos para desenvolver cuida<strong>do</strong>específico ao i<strong>do</strong>so. De acor<strong>do</strong> com Campedelli (1983) a atuação da enfermeira junto ao i<strong>do</strong>sodeve estar centrada na educação para a saúde, no "cuidar" ten<strong>do</strong> como b<strong>as</strong>e o conhecimento<strong>do</strong> processo de senescência e senilidade e no retorno da capacidade funcional para arealização d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> atividades, com objetivo de atender às su<strong>as</strong> necessidades básic<strong>as</strong> ealcançar sua independência e felicidade.


127Pode utilizar para tanto a <strong>as</strong>sistência sistematizada de enfermagem, na identificação<strong>do</strong>s problem<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos de maneira individualizada, planejamento, execução e avaliação <strong>do</strong>atendimento a cada situação. Para a elaboração <strong>do</strong> Planejamento da <strong>as</strong>sistência deenfermagem, deve-se considerar os recursos disponíveis em relação ao ambiente físico, aosequipamentos, à equipe de saúde e de enfermagem, família, serviços de apoio, entre outros. Oplano de enfermagem deve ser freqüentemente reavalia<strong>do</strong> para oportunizar <strong>as</strong> alterações,posto que não é estático.Os registros de enfermagem não refletem <strong>as</strong> atividades executad<strong>as</strong> pela equipe,encontra<strong>do</strong>-se por vezes fora <strong>do</strong> convenciona<strong>do</strong> pela grafia correta, clara e concisa, deixan<strong>do</strong>lacun<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> atividades realizad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> registrad<strong>as</strong>, não contribuin<strong>do</strong> para a visibilidade daprofissão.6 CONSIDERAÇÕES FINAISOs resulta<strong>do</strong>s evidencia<strong>do</strong>s por meio da pesquisa quantitativa retrospectiva auxiliarama traçar o perfil <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so hospitaliza<strong>do</strong> em situação cirúrgica. Entende-se que utilização deda<strong>do</strong>s secundários, que pode deixar lacun<strong>as</strong> entre os fatos ocorri<strong>do</strong>s e os registra<strong>do</strong>s, noentanto forneceram informações interessantes que podem auxiliar na construção inicial depropost<strong>as</strong> de cuida<strong>do</strong> gerontológico aos i<strong>do</strong>sos em situação cirúrgica.Estes resulta<strong>do</strong>s mostraram a necessidade <strong>do</strong> olhar atento para o rigor da avaliaçãoglobal pré-operatória no i<strong>do</strong>so. A rapidez na indicação cirúrgica com o intuito de evitar amorte <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é atitude no mínimo discutível, já a velocidade imposta durante a cirurgia paradiminuir o tempo de exposição <strong>do</strong> <strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so poderá ser a garantia de menor morbidade emortalidade.A avaliação global <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é um instrumento para ser utiliza<strong>do</strong> pela equipemultiprofissional, que considera a multidimensionalidade <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico, incluin<strong>do</strong><strong>as</strong> escal<strong>as</strong> de atividades básic<strong>as</strong> e instrumentais da vida diária que possibilitam quantificar ograu de dependência e de autonomia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so e são ferrament<strong>as</strong> que auxiliam e subsidiam oplanejamento e intervenções terapêutic<strong>as</strong> e de cuida<strong>do</strong>.A implementação de protocolos específicos no serviço para atendimento ao i<strong>do</strong>so podecontribuir na identificação <strong>do</strong>s fatores de risco e medid<strong>as</strong> de correção antes da intervençãocirúrgica. Serviços de geriatria <strong>br</strong><strong>as</strong>ileiros vêm desenvolven<strong>do</strong> experiênci<strong>as</strong> positiv<strong>as</strong> quepodem ser replicad<strong>as</strong> por serem de fácil aplicabilidade, boa resolutividade e adequad<strong>as</strong> à


128realidade <strong>br</strong><strong>as</strong>ileira, sem requererem custos eleva<strong>do</strong>s. Estes protocolos incluem <strong>as</strong> escal<strong>as</strong> deavaliação de risco de tromboembolismo, cardíaco, de delirium entre outr<strong>as</strong> disponíveis.As <strong>do</strong>enç<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> àquel<strong>as</strong> de porte cirúrgico merecem destaque, visto a altaprevalência, a maioria considerada de caráter crônico, como a hipertensão arterial sistêmicaevidenciada neste estu<strong>do</strong>. Os problem<strong>as</strong> de alimentação na faixa etária <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos incluemtanto a desnutrição como o consumo excessivo de calori<strong>as</strong> por meio de diet<strong>as</strong> ric<strong>as</strong> emgordur<strong>as</strong>, sal e açúcares, e po<strong>br</strong>es em nutrientes originários de frut<strong>as</strong> e verdur<strong>as</strong>/legumes.Est<strong>as</strong> diet<strong>as</strong> suprem uma quantidade insuficiente de fi<strong>br</strong><strong>as</strong> e vitamin<strong>as</strong> que, combinad<strong>as</strong> aosedentarismo, são fatores de riscos importantes para <strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong>. Este da<strong>do</strong>merece reflexão no senti<strong>do</strong> de salientar a necessidade da intersetorialidade entre os serviçosque atendem o i<strong>do</strong>so no seu cotidiano e aquele que o recebe para realizar procedimentocirúrgico. O setor primário tem função primordial de estabelecer orientação e controle d<strong>as</strong><strong>do</strong>enç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong>. Os i<strong>do</strong>sos apresentariam condições de saúde mais estáveis, <strong>as</strong> quaisminimizariam os riscos de complicações cirúrgic<strong>as</strong>.Os conhecimentos gerontológicos difundi<strong>do</strong>s pel<strong>as</strong> equipes de saúde n<strong>as</strong> instânci<strong>as</strong>primári<strong>as</strong> e secundári<strong>as</strong> podem auxiliar na detecção precoce de sinais que evidenciempossibilidades de complicações e imprimem maior agilidade para interromper ou prevenir suainstalação. Mesmo na presença de complicações, acredita-se que os conhecimentosgerontológicos auxiliam os mem<strong>br</strong>os da equipe a optar quanto <strong>as</strong> melhores alternativ<strong>as</strong> paraotimização <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s à pessoa i<strong>do</strong>sa.Organizar a b<strong>as</strong>e de conhecimentos de enfermagem, prever os cuida<strong>do</strong>s necessários auma população específica e orientar a seleção de elementos no serviço de cirurgia necessita deconhecimento amplo, que torne a equipe capaz de realizar um julgamento clínico eficientenão só na formulação de diversos diagnósticos, m<strong>as</strong> também na escolha de intervençõesadequad<strong>as</strong>. Isto inclui também a priorização criteriosa <strong>do</strong>s diagnósticos, diminuin<strong>do</strong> a ênf<strong>as</strong>ena opinião de especialist<strong>as</strong>, na sabe<strong>do</strong>ria convencional, e aumentan<strong>do</strong> o destaque na evidênciareal, o que é essencial especialmente nos <strong>paciente</strong>s com grande número de diagnósticos comoé o c<strong>as</strong>o <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.Os diagnósticos dirigi<strong>do</strong>s e elabora<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos por meio d<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> com o intuitode minimizá-l<strong>as</strong> e compensá-l<strong>as</strong> são necessários na situação cirúrgica. Entretanto, precisamser evidencia<strong>do</strong>s por informações focad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> concepções d<strong>as</strong> avaliações dirigid<strong>as</strong>,especificamente a faixa etária i<strong>do</strong>sa. Do contrário, trabalha-se diante d<strong>as</strong> aparênci<strong>as</strong> de mo<strong>do</strong>simplista, excluin<strong>do</strong> <strong>as</strong> possibilidades <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico. O desenvolvimento dagerontologia na enfermagem exige <strong>do</strong>s profissionais conhecimentos so<strong>br</strong>e conceitos,


129terminologi<strong>as</strong> e teori<strong>as</strong> que sustentam o tema, principalmente frente às peculiaridades destaárea cirúrgica que muito mu<strong>do</strong>u na última década.O cuida<strong>do</strong> cirúrgico para o i<strong>do</strong>so é coletivo, constituí<strong>do</strong> pela totalidade d<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong>,d<strong>as</strong> atitudes e de conhecimento <strong>do</strong>s vários profissionais que dão sustentação à dinâmica <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, é necessária a utilização criteriosa, explícita e conscienciosa d<strong>as</strong>evidênci<strong>as</strong> disponíveis para tomar decisões so<strong>br</strong>e os cuida<strong>do</strong>s de cada <strong>paciente</strong>. Segun<strong>do</strong>Erdmann (2007, p. 183) é preciso “um esforço incansável na busca de nov<strong>as</strong> form<strong>as</strong> deação/interação, isto é, na busca <strong>do</strong> novo, a partir daquilo que existe <strong>do</strong> real”. Partes dest<strong>as</strong>evidênci<strong>as</strong> são disponibilizad<strong>as</strong> pela pesquis<strong>as</strong> que avaliam a efetividade d<strong>as</strong> intervenções <strong>do</strong>scuida<strong>do</strong>s.A investigação contínua acerca d<strong>as</strong> complicações <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> pós-operatório em i<strong>do</strong>sosauxilia na formação de um corpo de conhecimentos específicos para esta faixa etária, vistoque parte considerável da literatura que contempla o perío<strong>do</strong> perioperatório e os cuida<strong>do</strong>s éalicerçada em pesquis<strong>as</strong> desenvolvid<strong>as</strong> com pesso<strong>as</strong> mais jovens, que reagem de formadiferente ao processo cirúrgico. A identificação d<strong>as</strong> principais complicações cirúrgic<strong>as</strong> <strong>do</strong>i<strong>do</strong>so no perío<strong>do</strong> pós-operatório, obtid<strong>as</strong> por meio da pesquisa quantitativa retrospectiva,orientou <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> com a equipe de enfermagem na elaboração de algum<strong>as</strong> consideraçõesacerca <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos na clínica cirúrgica.A participação da enfermagem em to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> perioperatório <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so,instrumentalizada com os conhecimentos gerontológicos, proporciona avaliar e detectarfragilidades e necessidades especiais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so em vári<strong>as</strong> dimensões (condição de saúde, devida e econômica; identidade social; concepções religios<strong>as</strong>, familiares e outr<strong>as</strong>) tanto quantopotencializar os recursos particulares de cada i<strong>do</strong>so para enfrentar de maneira positiva <strong>as</strong>ituação cirúrgica.O crescimento da população i<strong>do</strong>sa que se submete aos procedimentos cirúrgicos levainevitavelmente a um aumento de recursos humanos e materiais nos serviços. Segun<strong>do</strong> Ver<strong>as</strong>(2003), o aumento <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos na população implica, em termos de utilização <strong>do</strong>s serviços desaúde, um maior número de problem<strong>as</strong> de longa duração, que freqüentemente exigemintervenções custos<strong>as</strong>, envolven<strong>do</strong> tecnologia complexa para um cuida<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong>. Pode-seconsiderar que a redução da incidência de complicações possibilita redução de custosfinanceiros, sociais e de sofrimentos para os i<strong>do</strong>sos.A Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (Br<strong>as</strong>il, 1994) está comprometida com <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> <strong>do</strong>envelhecimento, entretanto a efetividade <strong>do</strong> plano de ação ainda inicia seus primeiros p<strong>as</strong>sos.Uma constatação desta afirmação anterior, d<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> observad<strong>as</strong> no cotidiano d<strong>as</strong> instituições,


130são <strong>as</strong> dificuldades enfrentad<strong>as</strong> pela equipe de enfermagem para instituir o direito <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so aoacompanhante quan<strong>do</strong> hospitaliza<strong>do</strong>, o que é fato freqüente em razão da inexistência daacessibilidade. A acessibilidade é um processo de transformação <strong>do</strong> ambiente e de mudançada organização d<strong>as</strong> atividades human<strong>as</strong>, que diminui o efeito de uma deficiência ambiental.Segun<strong>do</strong> Vidigal e C<strong>as</strong>siano (2008, p. 127), esse processo deverá representar um conjunto deidéi<strong>as</strong> que terão sucesso em atender, simultaneamente, diferentes indivíduos com diferentesnecessidades, de maneira a facilitar a vida e a convivência de to<strong>do</strong>s.Os registros precisos d<strong>as</strong> atividades relacionad<strong>as</strong> ao i<strong>do</strong>so são importantesinstrumentos de avaliação e acompanhamento <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> gerontológico, entretanto éimprescindível que seja contínuo e sistemático dentro <strong>do</strong>s padrões <strong>do</strong> rigor técnico de redaçãoem ciênci<strong>as</strong> da saúde. É necessário dar a real importância aos registros como um <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>sde dar visibilidade à profissão e como elo de trabalho entre <strong>as</strong> equipes profissionais.A união <strong>do</strong>s recursos disponíveis no hospital de ensino que compõem o atendimentoao i<strong>do</strong>so cirúrgico, e <strong>as</strong> instituições de ensino – principalmente aquel<strong>as</strong> universidades queutilizam o serviço e os instrumentos de formação humana em saúde – podem unir esforçospara encontrar os caminhos de mudança dessa situação.A construção da atenção ao i<strong>do</strong>so, em b<strong>as</strong>es da interdisciplinariedade só pode seralcançada com a formação acadêmica apropriada por meio de cursos de graduação e pósgraduaçãona área da Gerontologia, para que se estabeleça uma rede de cuida<strong>do</strong>s apropriadapara a situação real <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, possibilitan<strong>do</strong> potencializar <strong>as</strong> capacidades individuais, familiarese sociais para que sociedade e i<strong>do</strong>sos encontrem o caminho <strong>do</strong> envelhecimento ativo esaudável.A pesquisa gerontológica no Br<strong>as</strong>il ainda é iniciante no senti<strong>do</strong> qualitativo equantitativo, com exceções de alguns grupos de pesquisa nacionais – a maioria ligada auniversidades. Destaca-se a necessidade urgente de apoio à pesquisa no campo dagerontologia envolven<strong>do</strong> os profissionais <strong>as</strong>sistenciais. Os serviços e os profissionais da saúdeprecisam realizar investigações que sejam capazes de apontar caminhos mais <strong>as</strong>sertivos frentea cuida<strong>do</strong>s da população i<strong>do</strong>sa. Atualmente os países de baixa renda representam 85% dapopulação mundial e 92% da carga de <strong>do</strong>ença, m<strong>as</strong> contribuem com apen<strong>as</strong> 10% <strong>do</strong>s g<strong>as</strong>tosmundiais em pesquisa na área da saúde (OMS, 2000).Inicia-se no Br<strong>as</strong>il a construção de um campo de pesquisa em envelhecimento. Em2004, o Ministério da Saúde estabeleceu uma Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa emsaúde. Em relação a este <strong>do</strong>cumento, recomenda-se a criação de redes de pesquisa<strong>do</strong>res paraotimizar os recursos; a interdisciplinaridade; a intersetorialidade e a manutenção da


131periodicidade <strong>do</strong>s inquéritos nacionais de saúde. Os eixos temáticos desta agenda são osimpactos <strong>do</strong> envelhecimento, a atenção à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so e os mecanismos d<strong>as</strong> <strong>do</strong>enç<strong>as</strong><strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> ao processo de envelhecimento.As recomendações <strong>do</strong> envelhecimento ativo reforçam que os princípios e abordagensbásicos no cuida<strong>do</strong> de i<strong>do</strong>sos devem ser o<strong>br</strong>igatórios no treinamento de to<strong>do</strong>s os estudantes demedicina e enfermagem, bem como de outros profissionais da área de saúde e de outrostrabalha<strong>do</strong>res d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> sociais, de recreação, planejamento urbano e arquitetura (WHO,2005).Acredita-se que a enfermagem possa atuar de maneira efetiva n<strong>as</strong> relações entrei<strong>do</strong>sos, equipe e família, no senti<strong>do</strong> de integrar to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s para a promoção <strong>do</strong>cuida<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> integral e apropria<strong>do</strong> às necessidades <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos hospitaliza<strong>do</strong>s em situaçãocirúrgica.Não se podem admitir determinismos estruturais <strong>do</strong>s profissionais envolvi<strong>do</strong>s nocuida<strong>do</strong> com o i<strong>do</strong>so cirúrgico e tampouco reducionismos que empo<strong>br</strong>ecem a complexidade<strong>do</strong> humano e <strong>do</strong> trabalho d<strong>as</strong> equipes que atuam isoladamente.A especificidade da pessoa i<strong>do</strong>sa, especialmente na situação cirúrgica, exige o trabalhointerdisciplinar e a construção de um novo olhar que requer diálogo e reflexão por parte <strong>do</strong>sprofissionais de saúde, serviços, instituição e pesquisa<strong>do</strong>res.


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APÊNDICES141


142APÊNDICE AINSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS - IDOSOSI. I INFORMAÇÕES SOBRE IDENTIFICAÇÃO DO IDOSOData atual ___/___/_____ Registro:___________ Data De Admissão: ___/___/______ Data De N<strong>as</strong>c:___/___/______Nome:________________________________________ Idade:_________anos Sexo:1 M<strong>as</strong>culino ( ) 2 Feminino ( )Endereço:____________________________ Nr______ Bairro____________________ Cidade______________ Esta<strong>do</strong>________Raça: 1 <strong>br</strong>anco ( ) 2 negro ( ) 3 outra ( ) Profissão/Ocup: 1 aposenta<strong>do</strong>/pensionista ( ) 2 em atividade laboral ( )I.II HÁBITOS DE VIDAFatores de agravo ao esta<strong>do</strong> de saúde:Tabagismo: 1 sim ( ) 0 não ( ) Etilismo: 1 sim ( ) 0 não ( ) Uso de drog<strong>as</strong>: 1 sim ( ) 0 não ( )I.III HISTÓRICO CLÍNICOProposta Cirúrgica:_________________________________.Doenç<strong>as</strong> crônic<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> :hipertensão: 0 não ( ) 1 sim ( ) Diabetes melittus: 0 não ( ) 1 sim ( ) DPOC: 0 não ( ) 1 sim ( )Cardiopati<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( ) neopl<strong>as</strong>ia: 0 não ( ) 1 sim ( ) outr<strong>as</strong>:________________________Medicações Utilizad<strong>as</strong> no Perío<strong>do</strong> Pré-Operatório:Antiplaquetários: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antihipertensivos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Insulinoterapia: 0 não ( ) 1 sim ( )Analgésicos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antiinflamatórios: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antimicrobianos: 0 não ( ) 1 sim ( )Ansiolíticos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Broncodilata<strong>do</strong>res: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antihemético: 0 não ( ) 1 sim ( )Outros: ________________________________.I.IVEXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIOHematócrito: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hemoglobina: 0 não ( ) 1 sim ( ) Leucócitos0 não ( ) 1 sim ( )Glicemia jejum: 0 não ( ) 1 sim ( ) Plaquet<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( ) Creatinina: 0 não ( ) 1 sim ( )Potássio: 0 não ( ) 1 sim ( ) Sódio: 0 não ( ) 1 sim ( )I.V PERÍODO INTRA-OPERATÓRIO E PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATOOperação Realizada: 0 não ( ) 1 sim ( ) Data da Cirurgia: _____/_______/_____ Caráter: 1 Eletiva ( ) 2 Emergência ( )Tempo de Cirurgia:_________hor<strong>as</strong> Cl<strong>as</strong>sificação conforme ASA: 1 I ( ) 2 II ( ) 3 III ( ) 4 IV ( ) 5 V ( )Anestesia: 1 Geral ( ) 2 Peridural ( ) 3 Raquidiana ( ) 4 geral+peridural ( ) 5 geral+raquidiana ( )PO Imediato : 1 Enfermaria ( ) 2 Uti ( )I.VI PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO NA UNIDADE DE INTERNAMENTOMedicações Utilizad<strong>as</strong> no Perío<strong>do</strong> Pós-Operatório:Antihipertensivos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Insulinoterapia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Analgésicos: 0 não ( ) 1 sim ( )Antiinflamatórios: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antibióticos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Ansiolíticos: 0 não ( ) 1 sim ( )Broncodilata<strong>do</strong>res: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antihemético: 0 não ( ) 1 sim ( ) Antiplaquetários: 0 não ( ) 1 sim ( )Outros: ____________________________________.II COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS NO PERÍODO PÓS-OPERATÓRIOII.I Ferida Operatória:Deiscência: 0 não ( ) 1 sim ( ) Evisceração: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hiperemia: 0 não ( ) 1 sim ( )Infecção: 0 não ( ) 1 sim ( ) Sangramento: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dor local: 0 não ( ) 1 sim ( )Fístula: 0 não ( ) 1 sim ( ) Celulite: 0 não ( ) 1 sim ( ) Presença de secreção: 0 não ( ) 1 sim ( )Outros: __________________________


143II.II Cardiov<strong>as</strong>culares:Est<strong>as</strong>e venosa: 0 não ( ) 1 sim ( ) Edema MMII: 0 não ( ) 1 sim ( ) Edema MMSS: 0 não ( ) 1 sim ( )Hemorragia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipervolemia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipovolemia: 0 não ( ) 1 sim ( )Arritmia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Taquicardia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Bradicardia: 0 não ( ) 1 sim ( )IAM: 0 não ( ) 1 sim ( ) ICC 0 não ( ) 1 sim ( ) PCR 0 não ( ) 1 sim ( )Outros:___________________________II.III Respiratóri<strong>as</strong>:Pneumonia: 0 não ( ) 1 sim ( ) SARA: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dispnéia: 0 não ( ) 1 sim ( )Tosse produtiva: 0 não ( ) 1 sim ( ) Outros: __________________________II.IV Neuropsiquiátric<strong>as</strong>:Delírios: 0 não ( ) 1 sim ( ) Depressão: 0 não ( ) 1 sim ( ) Ansiedade: 0 não ( ) 1 sim ( )Agitação: 0 não ( ) 1 sim ( ) Confusão mental: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dificuldade para <strong>do</strong>rmir: 0 não ( ) 1 sim ( )Apatia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Cefaléia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Tontur<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( )Outros:_______________________II.V G<strong>as</strong>trointestinais:Náuse<strong>as</strong> e vômitos: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hematêmese: 0 não ( ) 1 sim ( ) Melena: 0 não ( ) 1 sim ( )Diarréia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Obstipação intest: 0 não ( ) 1 sim ( ) G<strong>as</strong>trite: 0 não ( ) 1 sim ( )Úlcera: 0 não ( ) 1 sim ( ) Prolapso retal: 0 não ( ) 1 sim ( ) Inapetência: 0 não ( ) 1 sim ( )Peritonite: 0 não ( ) 1 sim ( ) Est<strong>as</strong>e gástrica: 0 não ( ) 1 sim ( ) Distenção ab<strong>do</strong>minal: 0 não ( ) 1 sim ( )Anorexia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hematúria: 0 não ( ) 1 sim ( ) Pirose: 0 não ( ) 1 sim ( )Globo vesical: 0 não ( ) 1 sim ( ) Outros:_______________________II.VI Urológic<strong>as</strong>:Anúria: 0 não ( ) 1 sim ( ) Oligúria: 0 não ( ) 1 sim ( ) Poliúria: 0 não ( ) 1 sim ( )Infecções: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dificuldade controle esfíncter: 0 não ( ) 1 sim ( ) Outros:_________________________II.VII Tegumentares:Fissur<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( ) Úlcera de pressão: 0 não ( ) 1 sim ( ) Outr<strong>as</strong>:_____________________II.VIII Alterações de Sinais Vitais:Hipertensão: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipotensão: 0 não ( ) 1 sim ( ) Taquipnéia: 0 não ( ) 1 sim ( )Bradipnéia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipotermia: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipertermia: 0 não ( ) 1 sim ( )II.IX Acesso Venoso Prejudica<strong>do</strong>:Flebite: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hematoma: 0 não ( ) 1 sim ( ) Fragilidade venosa: 0 não ( ) 1 sim ( )Soroma: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dificuldade de acesso venoso: 0 não ( ) 1 sim ( )Necessidade de acesso venoso central: 0 não ( ) 1 sim ( ) Outr<strong>as</strong>:___________________________II.X Restrição da mobilidadeLombalgi<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( ) Queda: 0 não ( ) 1 sim ( ) Prostração: 0 não ( ) 1 sim ( )Qued<strong>as</strong>: 0 não ( ) 1 sim ( ) Dificuldade de deambulação: 0 não ( ) 1 sim ( )Fraqueza em MMII: 0 não ( ) 1 sim ( ) Hipotensão postural: 0 não ( ) 1 sim ( )II.XI Hematológic<strong>as</strong>:Anemia 0 não ( ) 1 sim ( ) Plaquetopenia 0 não ( ) 1 sim ( ) administração de hemoderiva<strong>do</strong>s: 0 não ( ) 1 sim( )Reação anafilática a hemoderiva<strong>do</strong>s 0 não ( ) 1 sim ( ) outr<strong>as</strong>: ____________________________________II.XII Evolução da complicação cirúrgica no perío<strong>do</strong> pós-operatórioNúmero de di<strong>as</strong> de internação: ________di<strong>as</strong> Reinternação por complicações: 0 não ( ) 1 sim ( )Realizada nova cirurgia conseqüente da complicação: 0 não ( ) 1 sim ( ) Data da reoperação: ___/___/______Encaminhamento para UTI: 0 não ( ) 1 sim ( ) Evolução <strong>do</strong> quadro clínico: 1 Alta ( ) 2 Transferência ( ) 3 Óbito ( )


144APÊNDICE BENTREVISTA – EQUIPE DE ENFERMAGEMI. INFORMAÇÕES SOBRE IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEMNome:_________________________________________ Data atual ___/___/______Idade:___________ Sexo: ( ) M ( ) Profissão/Ocup:____________________________Esta<strong>do</strong> Civil ( ) C<strong>as</strong>a<strong>do</strong> ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) outroEscolaridade: Fundamental Incomp ( ) Fundamental Comp ( ) médio incomp ( )médio comp ( ) superior incomp ( ) superior comp ( )Há quanto tempo trabalha na instituição?_____________________Quanto tempo trabalha na clínica cirúrgica?__________________________Há quanto tempo exerce a profissão__________________________Já recebeu alguma formação para o cuida<strong>do</strong> específico ao i<strong>do</strong>so forneci<strong>do</strong> pela instituição?_______________________________________________________.1. Como a equipe de enfermagem identifica os i<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s na unidade de clínica cirúrgica?2. Como é a relação da equipe de enfermagem com a presença <strong>do</strong>s acompanhantes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos?3. Quan<strong>do</strong> realizam o cuida<strong>do</strong> específico ao i<strong>do</strong>so?4. Como é realizada a organização da equipe para a prática <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s aos i<strong>do</strong>sos?5. Como diferenciam o cuida<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> aos adultos <strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos?6. Quais <strong>as</strong> dificuldades que encontram para realizar o cuida<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s na clínicacirúrgica?7. Como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos que apresentam complicaçõesneuropsiquiátric<strong>as</strong>?8. Como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos que apresentam complicaçõesg<strong>as</strong>trintestinais?9. Como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem aos i<strong>do</strong>sos que apresentam complicações da feridaoperatória?10. Como realizam os cuida<strong>do</strong>s de enfermagem com o acesso venoso <strong>do</strong>s <strong>paciente</strong>s i<strong>do</strong>sos?11. Quais <strong>as</strong> dificuldades que envolvem os registros <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s?


ANEXOS145


146ANEXO ATERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOEm atendimento a RESOLUÇÃO No. 196/96 Ministério da SaúdeVocê, funcionário <strong>do</strong> Hospital de Clínic<strong>as</strong> da UFPR, aloca<strong>do</strong> na unidade de clínica de cirurgia geral,está sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> a participar de um estu<strong>do</strong> intitula<strong>do</strong> “As complicações pós-operatóri<strong>as</strong> <strong>do</strong><strong>paciente</strong> i<strong>do</strong>so e <strong>as</strong> implicações ao cuida<strong>do</strong> de enfermagem gerontológico”. O objetivodesta pesquisa é propor cuida<strong>do</strong>s de enfermagem próprios ao i<strong>do</strong>so interna<strong>do</strong> em unidade cirúrgica,quan<strong>do</strong> apresentarem complicações operatóri<strong>as</strong> no perío<strong>do</strong> mediato, para efeitos de minha Dissertaçãode Mestra<strong>do</strong>. Para tanto aplicarei esta pesquisa entre os profissionais de enfermagem, sob a orientaçãoda Prof a . Dr a . Maria Helena Lenardt.C<strong>as</strong>o você participe da pesquisa, será necessário responder algum<strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> aos cuida<strong>do</strong>s deenfermagem que realiza aos i<strong>do</strong>sos interna<strong>do</strong>s na unidade de clínica cirúrgica durante o perío<strong>do</strong> deinternamento. Os benefícios espera<strong>do</strong>s são que conhecen<strong>do</strong> <strong>as</strong> complicações cirúrgic<strong>as</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos possa-seplanejar os cuida<strong>do</strong>s e prevenir <strong>as</strong> complicações. As su<strong>as</strong> respost<strong>as</strong> serão gravad<strong>as</strong> em fit<strong>as</strong> K-7 e depois detranscrit<strong>as</strong> serão destruíd<strong>as</strong>.Estão garantid<strong>as</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> informações que você queira, antes durante e depois <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. A suaparticipação neste estu<strong>do</strong> é voluntária. Você tem a liberdade de se recusar a participar ou, se aceitarparticipar, retirar seu consentimento a qualquer momento.As informações relacionad<strong>as</strong> ao estu<strong>do</strong> poderão ser inspecionad<strong>as</strong> pela pesquisa<strong>do</strong>ra e pel<strong>as</strong> autoridadeslegais. No entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sobforma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> despes<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> para arealização da pesquisa (exames, medicamentos etc.) não são da sua responsabilidade. Pela sua participaçãono estu<strong>do</strong>, você não receberá qualquer valor em dinheiro.A pesquisa<strong>do</strong>ra Ângela Cristina S. Borghi, enfermeira, mestranda <strong>do</strong> programa de pós-graduação da UFPR,poderá ser contatada a qualquer momento nos telefones: (41) 3242-0719 e celular: (41) 9924-5147; e-mail:angelaborghi@uol.com.<strong>br</strong>., e é responsável por esclarecer eventuais dúvid<strong>as</strong> a respeito desta pesquisa.Atenciosamente,_________________________________Ângela Cristina da Silva BorghiPesquisa<strong>do</strong>ra ResponsávelCOREN: 97328Eu,________________________________________ li o texto acima e compreendi a natureza e objetivo <strong>do</strong>estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual fui convida<strong>do</strong> a participar. A explicação que recebi menciona os riscos e benefícios <strong>do</strong>estu<strong>do</strong>. Concor<strong>do</strong> com a gravação em fit<strong>as</strong> k-7 da entrevista. Eu entendi que sou livre para interromperminha participação no estu<strong>do</strong> a qualquer momento sem justificar minha decisão e sem que esta decisãoacarrete qualquer dano profissional ou custos financeiros.Eu concor<strong>do</strong> voluntariamente em participar deste estu<strong>do</strong>.Curitiba, _______de ______________ de 2007.


ANEXO B147

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