12.07.2015 Views

Epidemiologia e Medidas de Prevenção do Dengue

Epidemiologia e Medidas de Prevenção do Dengue

Epidemiologia e Medidas de Prevenção do Dengue

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>Epi<strong>de</strong>miology and Preventive Measures of <strong>Dengue</strong>Maria da Glória TeixeiraUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da BahiaMaurício Lima BarretoUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da BahiaZourai<strong>de</strong> GuerraFundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>ResumoO <strong>de</strong>ngue apresenta-se nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos <strong>de</strong> várias regiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, inclusive<strong>do</strong> Brasil, sob a forma <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, e sob a forma hiperendêmica,nos lugares on<strong>de</strong> um ou mais sorotipos circularam anteriormente. Mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>seas lacunas <strong>do</strong>s conhecimentos disponíveis para prever, sob firmes bases científicas,as futuras ocorrências <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias das formas graves <strong>de</strong>sta enfermida<strong>de</strong>,a atual situaçãoepi<strong>de</strong>miológica e entomológica <strong>de</strong> extensas áreas <strong>de</strong> vários continentes evi<strong>de</strong>ncia gran<strong>de</strong>spossibilida<strong>de</strong>s para agravamento <strong>do</strong> cenário atual, pois os fatores que <strong>de</strong>terminam areemergência <strong>de</strong>stas infecções são difíceis <strong>de</strong> serem elimina<strong>do</strong>s. O acompanhamento daatual situação <strong>de</strong> circulação <strong>do</strong>s quatro sorotipos <strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue e o conhecimentodas dificulda<strong>de</strong>s que estão sen<strong>do</strong> enfrentadas para impedir a ocorrência <strong>de</strong>stas infecçõese <strong>do</strong> risco potencial <strong>do</strong> reflexo <strong>de</strong>stes acontecimentos para a população são fundamentaispara que dirigentes e profissionais da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>do</strong> SUS possam discutir, posicionarsee orientar suas estratégias <strong>de</strong> intervenção neste campo. Este artigo tem como objetivofazer uma revisão <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong>stas infecções, assim como apresentar ediscutir as medidas <strong>de</strong> prevenção disponíveis, apontan<strong>do</strong> algumas reflexões úteis parao <strong>de</strong>bate.Palavras-Chave<strong>Dengue</strong>; Fatores Determinantes; <strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong>; Prevenção.SummaryIn the past years <strong>de</strong>ngue has been present in epi<strong>de</strong>mic or en<strong>de</strong>mic form in a largenumber of urban centers worldwi<strong>de</strong>. The epi<strong>de</strong>miologic and entomological situationfound in those centers, the technical difficulties or the lack of political <strong>de</strong>terminationto change the situation as well as the gaps in the knowledge to predict on scientificalbasis new epi<strong>de</strong>mics of the severe form of <strong>de</strong>ngue, are evi<strong>de</strong>nces of the potential toincrease the occurence of <strong>de</strong>ngue and, in special, the hemorragic <strong>de</strong>ngue fever in thenear future. The surveillance of the occurrence and spread of each of the four serotypesof the <strong>de</strong>ngue virus, the problems related with its control and the potential risks to thepopulation are fundamental to generate informations to increase the competence ofprofessionals and managers of the health network of the Unified Health System (SUS)to discuss and take positions towards the strategies of intervention to tackle thisproblem. The aim of this article is present a commented review of the <strong>de</strong>terminantfactors of those infections and to discuss the available preventive measures callingattention to some useful reflections for <strong>de</strong>bate.Key Words<strong>Dengue</strong>; Determinants Factors; Epi<strong>de</strong>miology; Prevention.En<strong>de</strong>reço para correspondência: Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/UFBA - Rua Padre Feijó, 29 - Canela, Salva<strong>do</strong>r/BA - CEP: 40.110-170E-mail: magloria@ufba.brInforme Epi<strong>de</strong>miológico <strong>do</strong> SUS 1999, 8(4):5-33.5


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>Estima-se quecerca <strong>de</strong> 3 milhões<strong>de</strong> casos <strong>de</strong> febrehemorrágica <strong>do</strong><strong>de</strong>ngue e síndrome<strong>do</strong> choque <strong>do</strong><strong>de</strong>ngue, e 58 milmortes já foramregistradas nosúltimos quarentaanos. 1IntroduçãoO processo dinâmico e progressivo<strong>de</strong> seleção adaptativa para a sobrevivênciadas espécies, que ocorre cotidianamentena natureza, envolve importantesfenômenos que interferem no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> das populações humanas. Isto po<strong>de</strong>ser bem evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> na força dareemergência das infecções causadaspelos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, pois as agressões<strong>do</strong>s quatro sorotipos <strong>de</strong>stes agentes àspopulações humanas vêm crescen<strong>do</strong> emmagnitu<strong>de</strong> e extensão geográfica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, 1 em função davelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação e replicaçãoviral, facilitada pela extraordináriacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação das populações<strong>de</strong> mosquitos que lhes servem comotransmissores, e pela incapacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>homem, neste momento, <strong>de</strong> se protegercontra estas infecções.Por questões econômicas, sociais epolíticas, os países das Américas queerradicaram o Ae<strong>de</strong>s aegypti, principaltransmissor <strong>do</strong> vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, nasdécadas <strong>de</strong> cinqüenta e sessenta, emvirtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminar a febreamarela urbana, não utilizaramoportunamente e com o rigor necessário,os conhecimentos técnicos e científicosadquiri<strong>do</strong>s durante a execução daquelacampanha, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectaram nos anossetenta a reinfestação <strong>de</strong> algumas áreas,por este vetor. Como o ambiente <strong>do</strong>scentros urbanos favorece sobremaneiraa dispersão e a elevação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> daspopulações <strong>de</strong>sse mosquito, e há falhasnas estratégias <strong>de</strong> combate, a circulação<strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue se estabeleceu e seexpandiu, passan<strong>do</strong> a constituir um graveproblema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública neste final <strong>de</strong>século.Estima-se que cerca <strong>de</strong> 3 milhões<strong>de</strong> casos <strong>de</strong> febre hemorrágica <strong>do</strong> <strong>de</strong>nguee síndrome <strong>do</strong> choque <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue e 58mil mortes já foram registradas nosúltimos quarenta anos. 1 Os mecanismosque <strong>de</strong>finem a ocorrência das formasgraves <strong>de</strong>stas infecções ainda não estãoreconheci<strong>do</strong>s integralmente, e estu<strong>do</strong>spopulacionais e individuais <strong>de</strong>vem serconduzi<strong>do</strong>s para que se possa esclareceros pontos obscuros. Neste senti<strong>do</strong>, temseque buscar aliar esforços <strong>de</strong>epi<strong>de</strong>miologistas, virologistas e clínicosna perspectiva <strong>de</strong> trabalhos interdisciplinarescapazes <strong>de</strong> contribuir para oavanço <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s mecanismosenvolvi<strong>do</strong>s na circulação viral naspopulações humanas, visan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificaros fatores que influenciam nestadinâmica, e que modulam a transição entreo aparecimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue clássico e febrehemorrágica <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue.Mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as lacunas<strong>do</strong>s conhecimentos disponíveis parapredizer sob firmes bases científicas asfuturas ocorrências <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias dasformas hemorrágicas <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, a atualsituação epi<strong>de</strong>miológica e entomológica <strong>de</strong>extensas áreas <strong>de</strong> vários continentesevi<strong>de</strong>ncia maiores possibilida<strong>de</strong>s para umagravamento <strong>de</strong>ste cenário, pois osfatores que <strong>de</strong>terminaram a reemergência<strong>de</strong>stas infecções são difíceis <strong>de</strong> seremelimina<strong>do</strong>s. A Organização Mundial daSaú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984, colocou em sua pauta<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s o apoio às pesquisasdirecionadas para a produção <strong>de</strong>imunobiológicos capazes <strong>de</strong> conferirproteção contra os quatro sorotipos <strong>do</strong>svírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, como parte <strong>do</strong> seuprograma para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>vacinas, mas, apesar <strong>de</strong> alguns avanços,ainda não se tem disponível nenhumimunoprotetor para uso em populações. 2Ten<strong>do</strong> em vista a magnitu<strong>de</strong> erelevância <strong>de</strong>ste problema, este artigo temcomo propósito fazer uma breve revisãocomentada <strong>do</strong>s fatores i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como<strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong>stas infecções, dadistribuição da <strong>do</strong>ença no mun<strong>do</strong> comespecial <strong>de</strong>staque para as Américas eBrasil, assim como apresentar e discutiros instrumentos e estratégias <strong>de</strong> controledisponíveis, apontan<strong>do</strong> algumas reflexõespara <strong>de</strong>bate.O Vírus e seus TransmissoresOs agentes etiológicos da febreamarela e <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue foram os primeirosmicroorganismos a serem <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>svírus, em 1902 e 1907, respectivamente,<strong>de</strong>scritos como agentes filtráveis esubmicroscópicos. Somente 36 anosInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS6


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSseja fundamental <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vistacientífico e para a a<strong>do</strong>ção das estratégias<strong>de</strong> controle.Condicionantes da circulaçãoviralOs principais fatores que têm si<strong>do</strong>aponta<strong>do</strong>s como condicionantes dasapresentações epi<strong>de</strong>miológicas e clínicas<strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue são relaciona<strong>do</strong>s na Figura 1.No mo<strong>de</strong>lo explicativo <strong>de</strong> produção dasinfecções que apresentamos (Figura 2)além <strong>do</strong>s fatores lista<strong>do</strong>s, incluem-se com<strong>de</strong>staque e consi<strong>de</strong>ram-se comofundamental na <strong>de</strong>terminação dacirculação <strong>do</strong>s vírus, a forma em que seorganiza o espaço geográfico <strong>do</strong>s centrosurbanos, o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> suaspopulações e os seus reflexos noambiente, que criam as condições para aproliferação <strong>do</strong>s vetores. 18,19 O espaçosocial organiza<strong>do</strong> influencia na interaçãosinérgica <strong>do</strong>s três elementos (vetor,homem e vírus) da ca<strong>de</strong>ia biológica eepi<strong>de</strong>miológica. Entretanto, o <strong>de</strong>nguedistingue-se das outras <strong>do</strong>ençasinfecciosas e parasitárias, porque aocorrência da maioria <strong>de</strong>las estáestreitamente relacionada com as máscondições sociais e econômicas daspopulações, produzin<strong>do</strong> diferenciais nasua freqüência e distribuição, refletin<strong>do</strong>as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong>. 20,21Já a distribuição e a freqüência dasinfecções pelos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue estãointrinsecamente relacionadas com aplasticida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> adaptação <strong>do</strong> Ae.aegypti ao ambiente habita<strong>do</strong> pelohomem, principalmente, e aos espaçoscom gran<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>nsamentos populacionaiscomo os encontra<strong>do</strong>s nas metrópolesmo<strong>de</strong>rnas, pois a transmissão e acirculação <strong>de</strong>stes vírus são condicionadaspela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e dispersão <strong>de</strong>stemosquito. Cada sorotipo específico <strong>do</strong>svírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, quan<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> emgran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>nes, com elevada<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vetorial, transmite-serapidamente provocan<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miasexplosivas. De acor<strong>do</strong> com Rodhain &Rosen, 4 a persistência <strong>de</strong>stas infecçõesnas populações humanas só ocorre nosespaços urbanos que mantêm eleva<strong>do</strong>síndices <strong>de</strong> infestação <strong>de</strong> Ae. aegypti egran<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>nsamentos populacionais, oque, alia<strong>do</strong> às taxas <strong>de</strong> nascimentos, vairepon<strong>do</strong> o estoque <strong>de</strong> indivíduossusceptíveis à infecção. Isto porque aprincipal ou talvez única fonte <strong>de</strong> infecção<strong>do</strong> vetor é o homem e a viremia humanapersiste por apenas sete dias na faseaguda da infecção e nunca foi<strong>de</strong>monstrada viremia recorrente com omesmo sorotipo.Estas condições <strong>de</strong>scritas acima sãopropiciadas pela forma <strong>de</strong> organizaçãosocial <strong>do</strong> espaço, pois são inerentes a estescentros urbanos a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>populacional. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> suaspopulações gera, em escala exponencial,os habitats para a oviposição econseqüente proliferação <strong>do</strong> Ae.aegypti, 18,22 tanto em locais on<strong>de</strong> ascondições sanitárias são <strong>de</strong>ficientes,quanto em outros, on<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>ra queexiste a<strong>de</strong>quada infra-estrutura <strong>de</strong>saneamento ambiental. Nas áreas maispobres, que correspon<strong>de</strong>m àquelas<strong>de</strong>ficientes em estrutura urbana, oscria<strong>do</strong>uros potenciais mais encontra<strong>do</strong>ssão vasilhames <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aoarmazenamento <strong>de</strong> água para consumo,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à freqüente intermitência ou mesmoinexistência <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong>abastecimento, e recipientes que são<strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>s mas permanecem expostosao ar livre no peri<strong>do</strong>micílio, por não sedispor <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo a<strong>de</strong>quada. Oshábitos culturais das populações <strong>de</strong> classemais elevada também mantêm no ambiente<strong>do</strong>méstico, ou próximo a este, muitoscria<strong>do</strong>uros <strong>do</strong> Ae. aegypti, mas que têmdiferentes utilida<strong>de</strong>s, pois, em geral, são<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à ornamentação (vasos <strong>de</strong>plantas com água) ou tanques paraarmazenamento <strong>de</strong> água tratada semtampas. Por outro la<strong>do</strong>, o processo <strong>de</strong>apropriação <strong>do</strong> espaço <strong>de</strong>stas metrópolesfavorece a proximida<strong>de</strong> espacial daspopulações <strong>de</strong> diferentes classes sociais,seja pela favelização <strong>de</strong> áreas situadas<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> bairros nobres, seja pela ocupação<strong>de</strong> prédios antigos on<strong>de</strong> se instalammoradias sob a forma <strong>de</strong> cortiços. 239volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>Assim, os contrastes que resultamda organização social <strong>do</strong>s espaçosurbanos mo<strong>de</strong>rnos favorecem aproliferação <strong>do</strong>s mosquitostransmissores <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, tanto porfatores liga<strong>do</strong>s ao conforto, bem-estar,e suposta segurança, como por outrosassocia<strong>do</strong>s às suas mazelas, expressosem gran<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>nsamentos populacionais,violência, precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> infra-estrutura<strong>de</strong> saneamento, produção <strong>de</strong>senfreada edisposição no meio ambiente <strong>de</strong>recipientes <strong>de</strong>scartáveis e pneus, <strong>de</strong>ntreoutros. Assim, po<strong>de</strong>-se observar emnível macro que os <strong>de</strong>pósitospre<strong>do</strong>minantes <strong>de</strong> Ae. aegypti na RegiãoNor<strong>de</strong>ste, a mais pobre <strong>do</strong> país, sãoaqueles que se <strong>de</strong>stinam aoarmazenamento <strong>de</strong> água no <strong>do</strong>micílio,enquanto na mais rica, Região Su<strong>de</strong>ste,são vasos <strong>de</strong> planta (Figura 3).Alguns inquéritos soroepi<strong>de</strong>miológicosnacionais que utilizaramamostras populacionais evi<strong>de</strong>nciaram quea distribuição das infecções <strong>do</strong>s víruscirculantes em gran<strong>de</strong>s capitais não poupouos bairros nobres, 24,25,26 entretanto, emboraestes acha<strong>do</strong>s não sejam concordantes comoutros que utilizaram inquéritos <strong>de</strong> alunos<strong>de</strong> escolas públicas 27,28 ou taxas <strong>de</strong>incidência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s oficiais <strong>do</strong> sistema<strong>de</strong> notificação compulsória. 29 Enten<strong>de</strong>-seque estas discrepâncias se <strong>de</strong>vem ao fato<strong>de</strong> que alunos da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino eem parte os indivíduos com registros <strong>de</strong>notificação compulsória <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença,resi<strong>de</strong>m nas áreas mais pobres dascida<strong>de</strong>s, o que po<strong>de</strong> propiciar distorçõesnas análises <strong>de</strong> freqüência da distribuiçãoespacial.Condicionantes das formashemorrágicasAlgumas teorias têm si<strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvidas para explicar a ocorrênciadas formas hemorrágicas <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. Aprimeira, <strong>de</strong>nominada teoria imunológica<strong>de</strong> Halstead, 30,31,32 associa a ocorrência<strong>de</strong>stas formas a duas infecçõesseqüenciais, por diferentes sorotipos,após ter transcorri<strong>do</strong> um tempo mínimoentre elas <strong>de</strong>, aproximadamente, trêsanos, quan<strong>do</strong>, então, a respostaimunológica <strong>do</strong> indivíduo sensibiliza<strong>do</strong>seria amplificada pela segunda infecção,em função da existência prévia <strong>de</strong>anticorpo heterotípico (Antibody<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt enhancement-ADE). Asegunda, <strong>de</strong>fendida por Rosen, 33,34relaciona as formas graves a uma maiorvirulência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas cepas <strong>do</strong>svírus. Watts e cols. 35 em estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>vigilância das características clínicas esorológicas <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue no Peru,que tiveram como agente etiológico ogenotipo americano <strong>do</strong> vírus DEN-2,concluem que, possivelmente esta cepanão <strong>de</strong>tém as proprieda<strong>de</strong>s necessáriaspara causar formas severas da <strong>do</strong>ença,o que, em parte, reforça o pensamento<strong>de</strong> Rosen. A terceira teoria reconheceque as duas primeiras não explicam <strong>de</strong>forma isolada os eventos epi<strong>de</strong>miológicosque vêm ocorren<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> e propõeuma teoria integral <strong>de</strong> multicausalida<strong>de</strong>,segun<strong>do</strong> a qual se aliam vários fatores<strong>de</strong> risco: individuais - ida<strong>de</strong>, sexo, raça,esta<strong>do</strong> nutricional, pré-existência <strong>de</strong>enfermida<strong>de</strong>s crônicas, presença <strong>de</strong>anticorpos, intensida<strong>de</strong> da respostaimunológica a infecções anteriores(ADE)-; fatores virais - virulência dacepa circulante, sorotipo(s) viral(is)envolvi<strong>do</strong>(s) em cada eventoepi<strong>de</strong>miológico; e os fatoresepi<strong>de</strong>miológicos - imunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo,competência vetorial, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vetorial,intervalo <strong>de</strong> tempo entre as infecções pordiferentes sorotipos e intensida<strong>de</strong> dacirculação viral. 3,36,37 Esta última teoria éuma tentativa <strong>de</strong> explicação maistotaliza<strong>do</strong>ra, ao reconhecer que o resulta<strong>do</strong>das apresentações epi<strong>de</strong>miológicas eclínicas no indivíduo e nas populações<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os elos e fatoresinterliga<strong>do</strong>s, aproximan<strong>do</strong> e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fenômenos envolvi<strong>do</strong>sna <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>stas infecções. Oesquema explicativo proposto (Figura 2)a<strong>do</strong>ta esta como referencial teórico, porser mais abrangente e articular as trêsespécies <strong>de</strong> seres vivos envolvi<strong>do</strong>s noprocesso <strong>de</strong> transmissão, ao tempo emque coloca em maior evidência o papel daorganização social <strong>do</strong> espaço.Informe Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS12


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSTodavia, as investigaçõesepi<strong>de</strong>miológicas e/ou biológicas, porfragmentar o processo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,buscan<strong>do</strong> associações lineares e, emvirtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s limites meto<strong>do</strong>lógicos e<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong>A <strong>de</strong>scrição das epi<strong>de</strong>miasatribuídas ao <strong>de</strong>ngue, ocorridas antes dai<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s microrganismoscausa<strong>do</strong>res da <strong>do</strong>ença, dá margem aFigura 3 - Tipos <strong>de</strong> cria<strong>do</strong>uros pre<strong>do</strong>minantes <strong>de</strong> Ae<strong>de</strong>s Aegypti por município. Brasil, 1999.técnicos disponíveis, não fornecemsubsídios suficientes para acompreensão das condições em que sedá o aparecimento das formas graves da<strong>do</strong>ença, mesmo quan<strong>do</strong> se a<strong>do</strong>ta comoreferencial a terceira teoria. Discussõescontinuam acerca <strong>do</strong> potencialexplicativo <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas trêsteorias com relação ao aparecimento <strong>de</strong>epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue hemorrágico. Osconhecimentos biológicos eepi<strong>de</strong>miológicos são insuficientes para oestabelecimento <strong>de</strong> previsões, sob firmesbases científicas, qualquer que seja ateoria que nos referencie.dúvidas quanto ao fato <strong>de</strong> todas teremos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue como agentes, e seforam causadas pelo mesmo sorotipo oupela mesma cepa. Relatos clínicos eepi<strong>de</strong>miológicos potencialmentecompatíveis com <strong>de</strong>ngue sãoencontra<strong>do</strong>s em uma enciclopédia chinesadatada <strong>de</strong> 610 DC, não haven<strong>do</strong> precisãoquanto ao ano exato <strong>de</strong>sta ocorrência.São <strong>de</strong>scritos, também, surtos <strong>de</strong> uma<strong>do</strong>ença febril aguda no oeste da ÍndiaFrancesa, em 1635, e no Panamá, em1699, não existin<strong>do</strong> consenso quanto aterem si<strong>do</strong> febre <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue ouChikungunya. 12 Os eventos <strong>de</strong> melhor13volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong><strong>do</strong>cumentação na literatura, neste perío<strong>do</strong>anterior à i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s agentes, sãoas da ilha <strong>de</strong> Java, em Jacarta, e as <strong>do</strong>Egito, ambas em 1779, além da <strong>de</strong>Filadélfia, USA, no ano seguinte. 3Ao longo <strong>do</strong>s três últimos séculos,tem-se registra<strong>do</strong> a ocorrência <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngueem várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, compan<strong>de</strong>mias e epi<strong>de</strong>mias isoladas, atingin<strong>do</strong>as Américas, a África, a Ásia, a Europae a Austrália. De acor<strong>do</strong> com Howe, 38ocorreram no mun<strong>do</strong> oito pan<strong>de</strong>mias,com duração <strong>de</strong> três a sete anos, noperío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 1779 e 1916.Um inquérito sorológicoretrospectivo indicou que o sorotipoDEN-1 pre<strong>do</strong>minou nas Filipinas, nadécada <strong>de</strong> vinte e durante uma intensacirculação nas regiões <strong>do</strong> Pacífico Sul ena Ásia, iniciada nos anos trinta e queperdurou por to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> da SegundaGuerra. Existem algumas evidências <strong>de</strong>que no século XIX e primeiras décadas<strong>do</strong> século XX, quan<strong>do</strong> os meios <strong>de</strong>transporte ainda não eram tão rápi<strong>do</strong>s, umsorotipo único persistia circulan<strong>do</strong> em<strong>de</strong>terminadas regiões, por alguns anos,causan<strong>do</strong> surtos epidêmicos periódicos,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a alterações na coorte <strong>de</strong>susceptíveis. 12Por um longo perío<strong>do</strong> essa virosefoi consi<strong>de</strong>rada <strong>do</strong>ença benigna e,somente após a Segunda Guerra Mundial,que favoreceu a circulação <strong>de</strong> váriossorotipos em uma mesma áreageográfica, ocorreram surtos <strong>de</strong> umafebre hemorrágica severa que,posteriormente, seria i<strong>de</strong>ntificada comouma forma <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. O primeiro <strong>de</strong>steseventos é <strong>de</strong>scrito nas Filipinas, em 1953,sen<strong>do</strong> confundi<strong>do</strong> com a febre amarelae com outras arboviroses <strong>do</strong> grupo B e,só <strong>de</strong>pois, em 1958, com a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>Bangcoc, Tailândia, a febre hemorrágicaé associada ao <strong>de</strong>ngue. 3 De acor<strong>do</strong> comGubler, 12 esta forma clínica já ocorriaantes <strong>do</strong> século XX, pois, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1780,há relatos esporádicos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ençahemorrágica associada a severasepi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue. Na Grécia, em1927/1928, por meio <strong>de</strong> diagnósticoretrospectivo, i<strong>de</strong>ntificou-se a ocorrência<strong>de</strong> uma grave epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico <strong>de</strong> incidência alarmante ealta letalida<strong>de</strong>. A investigação <strong>de</strong> soros <strong>de</strong>sobreviventes indicou a circulação <strong>do</strong>svírus DEN-1 e DEN-2. 39Progressivamente, outros países <strong>do</strong>Su<strong>de</strong>ste Asiático foram apresentan<strong>do</strong>surtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue hemorrágico: Vietnã <strong>do</strong>Sul (1960), Singapura (1962), Malásia(1963), In<strong>do</strong>nésia (1969) e Birmânia(1970). Nesta região, nos anos oitenta,a situação agrava-se e a <strong>do</strong>ença expan<strong>de</strong>separa a Índia, Sri Lanka, Maldivas eleste da China. Atualmente, sob a forma<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia ou en<strong>de</strong>mia, milhares <strong>de</strong>casos e <strong>de</strong> óbitos vêm ocorren<strong>do</strong> a cadaano, pre<strong>do</strong>minantemente em crianças. 12Em 1964, após 20 anos sem registroda <strong>do</strong>ença, um pequeno surto <strong>de</strong> DEN-3é diagnostica<strong>do</strong> no Taiti, ilha <strong>do</strong> PacíficoSul, que não se dissemina para as outrasilhas próximas. Cinco anos após, umnovo episódio causa<strong>do</strong> pelo mesmo vírusevi<strong>de</strong>ncia que este permaneceu circulan<strong>do</strong>no local, sob a forma endêmica. Nos anosseguintes, epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> DEN-2ocorreram em várias ilhas <strong>do</strong> Pacífico e,em 1975, o DEN-1 foi introduzi<strong>do</strong> nestaRegião. Na Austrália, registros <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguevêm sen<strong>do</strong> feitos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1800, commúltiplas epi<strong>de</strong>mias ocorren<strong>do</strong> até 1955.Em 1981, a virose reaparece provocan<strong>do</strong>severas epi<strong>de</strong>mias em várias cida<strong>de</strong>s. Acirculação <strong>do</strong>s vírus DEN-1 e DEN-2vem-se manten<strong>do</strong> até o momento atual. 12<strong>Dengue</strong> nas AméricasNas Américas, o vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>nguecircula <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século passa<strong>do</strong> até asprimeiras décadas <strong>do</strong> século XX, quan<strong>do</strong>então há um silêncio epi<strong>de</strong>miológico,registran<strong>do</strong>-se nos anos sessenta areintrodução <strong>do</strong>s sorotipos 2 e 3,associada à ocorrência <strong>de</strong> váriasepi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue clássico. Em 1963,<strong>de</strong>tectam-se os primeiros casos naJamaica relaciona<strong>do</strong>s ao DEN-3, que<strong>de</strong>pois se disseminam para a Martinica,Curaçau, Antigua, Saint Kitts, Sanguilla,e Porto Rico. Logo após, atinge o norteda América <strong>do</strong> Sul, Venezuela e Colômbia,e são notifica<strong>do</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>sInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS14


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUScasos importa<strong>do</strong>s 15 . Entre 1968 e 1970,epi<strong>de</strong>mias com os vírus 2 e 3 sãoregistradas no Caribe, na GuianaFrancesa e na Venezuela.Na década <strong>de</strong> setenta, da mesmaforma, ocorrem epi<strong>de</strong>mias na Colômbia,em Porto Rico e em Saint Thomas, comisolamento <strong>do</strong>s mesmos vírus. Em 1977,o sorotipo 1 é introduzi<strong>do</strong> na Jamaica,disseminan<strong>do</strong>-se por todas as ilhas <strong>do</strong>Caribe e na América Tropical. No inícioda década <strong>de</strong> oitenta, é isola<strong>do</strong> o vírusDEN-4, mas este perío<strong>do</strong> se <strong>de</strong>staca pelaintensa circulação <strong>do</strong>s vírus nocontinente americano e os países quemais notificaram casos foram: Brasil,Colômbia, Guatemala, Honduras, México,Nicarágua, Paraguai, Porto Rico eVenezuela. 40O acontecimento epi<strong>de</strong>miológicomais relevante na história <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue nasAméricas é a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico e síndrome <strong>de</strong> choque <strong>do</strong><strong>de</strong>ngue (DH/SCD) que ocorre em Cuba,no ano <strong>de</strong> 1981, quan<strong>do</strong> são notifica<strong>do</strong>s344.203 casos, com 116.143hospitalizações. Dentre os 10.312 casosconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s graves, 158 resultaram emóbitos e, <strong>de</strong>stes, 101 foram em crianças.O vírus DEN-2 é associa<strong>do</strong> a estaepi<strong>de</strong>mia, que foi precedida por outra,causada pelo vírus DEN-1, em 1977. 14Esse país implantou um programa <strong>de</strong>erradicação <strong>do</strong> Ae. aegypti a partir <strong>de</strong>1982 e manteve índices <strong>de</strong> infestaçãopróximos a zero, até os primeiros anosda década <strong>de</strong> noventa. Em 1997, umanova epi<strong>de</strong>mia explo<strong>de</strong> em Santiago <strong>de</strong>Cuba, quan<strong>do</strong> se confirmam 2.946 casos,com 102 <strong>de</strong> febre hemorrágica <strong>do</strong><strong>de</strong>ngue, e 12 óbitos. Observou-se que oscasos hemorrágicos foram em adultos emquase sua totalida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> a menor ida<strong>de</strong>17 anos, em um único indivíduo. O víruscirculante foi o DEN-2, e os casoshemorrágicos apresentavam anticorpospara duas infecções. A análise <strong>de</strong>stasinformações associadas à história dasduas epi<strong>de</strong>mias anteriores permitiuconcluir que os casos hemorrágicosocorreram em indivíduos que foraminfecta<strong>do</strong>s em 1977, pelo vírus 1. 41 Oestu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta epi<strong>de</strong>mia revelou que ofenômeno da imunoamplificação po<strong>de</strong> semanter durante muitos anos ou talvezpor toda a vida, 41 e não <strong>de</strong> seis mesesaté cinco anos, como se pensavaanteriormente, em função <strong>do</strong> padrão<strong>de</strong> intervalo das epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico no Su<strong>de</strong>ste Asiático. 30Em outubro <strong>de</strong> 1989, eclo<strong>de</strong> naVenezuela um surto <strong>de</strong> DH /SCD com umtotal <strong>de</strong> 8.619 casos e 117 óbitos, comisolamento <strong>do</strong>s vírus DEN-1, DEN-2 eDEN-4. Dois terços <strong>do</strong>s casos ocorremem crianças menores <strong>de</strong> 14 anos, sen<strong>do</strong>consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> episódio maisgrave nas Américas. 40Nos anos 90, o quadroepi<strong>de</strong>miológico das Américas e <strong>do</strong>Caribe agravou-se e epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue clássico são freqüentementeobservadas em vários centros urbanos,muitas <strong>de</strong>las associadas a ocorrência <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue hemorrágico.Atualmente, os quatro sorotipos estãocirculan<strong>do</strong> neste continente e só não háregistro <strong>de</strong> casos no Chile, Uruguai eCanadá (Figura 4), com ocorrênciasistemática <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico. Até 1998, houve 54.248casos, com 689 óbitos, o quecorrespon<strong>de</strong> a uma letalida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>1,3%. Os países que mais vêmcontribuin<strong>do</strong> para este quantitativo sãoVenezuela, com 28.479 casos, México,com 12.422, Cuba, com 10.517,Colômbia com 8.236, Nicarágua, com2.709, e o Brasil, com 821. 42Em 1998, 17 países notificaramcasos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue nas Américas (Tabela1), com proporção muito variável <strong>de</strong>casos hemorrágicos (<strong>de</strong> 0,02% a15,2%). Estas variações po<strong>de</strong>m serimputadas a múltiplos fatores,<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se o número <strong>de</strong> sorotipose o tempo em que estão circulan<strong>do</strong> emcada espaço; à magnitu<strong>de</strong> das epi<strong>de</strong>mias<strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue clássico anteriores e atuaisque <strong>de</strong>terminam o esta<strong>do</strong> imunológicodas populações expostas a novasinfecções; às diferenças genéticas entreas cepas; aos atributos pessoais comoida<strong>de</strong> e raça <strong>do</strong>s indivíduos; àsdiferenças nos critérios <strong>de</strong> classificaçãodiagnóstica das formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue, oNos anos 90, oquadroepi<strong>de</strong>miológico dasAméricas e <strong>do</strong>Caribe agravou-se,e epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue clássico sãofreqüentementeobservadas emvários centrosurbanos, muitas<strong>de</strong>las associadas aocorrência <strong>de</strong> casos<strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico.15volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>que confere maior ou menorsensibilida<strong>de</strong> ao sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>casos, bem como à qualida<strong>de</strong> e cobertura<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada país.<strong>Dengue</strong> no BrasilAlgumas evidências apontam para aocorrência <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue noBrasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1846, nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> SãoEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s *1 2 3 4RepúblicaDominicana12 4México1HaitiBelice3Cuba141 2223 4Jamaica1 24IlhasVirgenes1Honduras 1 2Guatem ala1 2 3 43 4 Puerto Rico2 4Guadalupe1S. Vicente yGranadinas1El Salva<strong>do</strong>r1Barba<strong>do</strong>s 121 2 4Montserrat 1VenezuelaTrinidad Tobago 1 2DominicaNicarágua1 3Costa Rica1 31234GuyanaSuriname1 2 41 22Colôm bia1 24Panamá14Guyana Francesa1 321 2 4Equa<strong>do</strong>r142Peru1 2Brasil1 2Bolívia1 2Paraguay1Figura 4 - Sorotipos circulantes <strong>do</strong>s vírus <strong>de</strong> <strong>Dengue</strong> nas Américas.Informe Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS16


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSTabela 1 - Número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue e febre hemorrágica <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue nas Américas por país, 1998.País Casos <strong>de</strong> <strong>Dengue</strong> Casos DH/SCD* %Brasil559.285Colômbia63.182Venezuela37.586México23.639Honduras22.218Porto Rico17.241Nicarágua13.592Rep. Dominicana3.049Trinidad3.120Jamaica1.551Guatemala4.655El Salva<strong>do</strong>r1.688Outros 1 4.411* <strong>Dengue</strong> Hemorrágico e Síndrome <strong>de</strong> Choque <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>.1Panamá, Belice, Guiana Francesa, H. Lucia, Suriname.1055.1715.723372181734321761364222150,028,215,21,60,081,03,25,84,42,70,040,120,34Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Outros surtosrelaciona<strong>do</strong>s a esta virose em São Paulo,no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre 1851 e1853, também estão referi<strong>do</strong>s. 43Entretanto, as primeiras referências acasos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue na literatura médicadatam <strong>de</strong> 1916, naquela cida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>1923, em Niterói 44 . Neste último ano, umnavio francês, com casos suspeitos,aportou em Salva<strong>do</strong>r, Bahia, mas nãoforam registra<strong>do</strong>s casos autóctones nestacida<strong>de</strong>. 45Um inquérito sorológico realiza<strong>do</strong> naAmazônia em 1953/1954, encontrousoropositivida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>ngue, sugerin<strong>do</strong>que houve circulação viral na região. 46Entretanto, a primeira epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguecom confirmação laboratorial aconteceem 1982, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boa Vista, capital<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roraima, com a ocorrência<strong>de</strong> 11 mil casos segun<strong>do</strong> estimativas, oque correspon<strong>de</strong>u a aproximadamenteuma incidência <strong>de</strong> 22,6%, e foramisola<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is sorotipos <strong>do</strong>s vírus no curso<strong>do</strong> evento: DEN-1 e o DEN-4. 47 Estesagentes estavam circulan<strong>do</strong> em diversospaíses <strong>do</strong> Caribe e no norte da América<strong>do</strong> Sul e sua introdução, possivelmente,se <strong>de</strong>u por via terrestre, pela fronteira daVenezuela. 15 A propagação viral para oresto <strong>do</strong> país não se dá a partir <strong>de</strong>sseepisódio pelo fato <strong>de</strong> o mesmo ter si<strong>do</strong>rapidamente controla<strong>do</strong> e porque o Ae.aegypti não estava ainda disperso noterritório brasileiro.O <strong>de</strong>ngue só reaparece no Brasilcinco anos <strong>de</strong>pois, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> NovaIguaçu, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, comi<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sorotipo DEN-1. A partirdaí, a virose dissemina-se para outrascida<strong>de</strong>s vizinhas, inclusive Niterói e Rio<strong>de</strong> Janeiro, notifican<strong>do</strong>-se 33.568 casosem 1986 e 60.342 em 1987, com taxas<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> 276,4 e 491,1 por 100mil habitantes, respectivamente. Tambémem 1986, registram-se casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngueem Alagoas e em 1987 no Ceará, comelevadas taxas <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong>,respectivamente, 411,2 e 138,1 por 100mil habitantes. Ainda em 1987, ocorreepi<strong>de</strong>mia em Pernambuco, com 31,2casos por 100 mil habitantes, e surtoslocaliza<strong>do</strong>s em pequenas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> SãoPaulo, Bahia, e Minas Gerais.Após essas primeiras epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue clássico, observa-se um perío<strong>do</strong>17volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos que se caracteriza pelabaixa en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>. Em 1990, ocorre umrecru<strong>de</strong>scimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções,conseqüente ao aumento da circulação<strong>do</strong> DEN-1 e da introdução <strong>do</strong> DEN-2no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> a incidênciaatinge 165,7 por 100 mil habitantes,naquele ano, e, em 1991, 613,8 casospor 100 mil habitantes. É neste perío<strong>do</strong>que surgem os primeiros registros <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue hemorrágico, com 1.316notificações, 462 confirmaçõesdiagnósticas e oito óbitos. 48Nos <strong>do</strong>is primeiros anos da década<strong>de</strong> noventa a incidência da <strong>do</strong>ençamanteve-se quase que inteiramenterestrita aos esta<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>santeriormente, acrescentan<strong>do</strong>-se poucasnotificações oriundas <strong>de</strong> Mato Grosso e<strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Nos anossubseqüentes, a circulação viral (DEN-1 e DEN-2) se expan<strong>de</strong> rapidamente paraoutras áreas <strong>do</strong> território brasileiro(Figura 5). Cabe <strong>de</strong>stacar a gravida<strong>de</strong> daepi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> 1994 no Ceará, com 47.221notificações e uma taxa <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong>711,88 por 100 mil habitantes. Sãoregistra<strong>do</strong>s 185 casos suspeitos <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue hemorrágico, com 25confirmações e 12 óbitos. 49Na Tabela 2 observa-se que atransmissão já se estabeleceu em 2.756municípios situa<strong>do</strong>s em 23 esta<strong>do</strong>s, eexiste circulação simultânea <strong>do</strong>ssorotipos DEN-1 e DEN-2 em 19 das 27unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas brasileiras. SantaCatarina e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul sónotificaram casos importa<strong>do</strong>s e apenaso Acre e o Amapá não têm nenhumregistro <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue. O número <strong>de</strong>notificações acumuladas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>1981 a 1998 ultrapassa mais <strong>de</strong> ummilhão e meio <strong>de</strong> indivíduos. To<strong>do</strong>s osesta<strong>do</strong>s têm municípios infesta<strong>do</strong>s,perfazen<strong>do</strong> um total <strong>de</strong> 2.910. Asepi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> maior magnitu<strong>de</strong> estiveramconcentradas nos gran<strong>de</strong>s centrosurbanos e a intensida<strong>de</strong> da circulaçãoviral coloca sob risco milhões <strong>de</strong>brasileiros a adquirirem as formas maisgraves da <strong>do</strong>ença. 50Entre 1990 e 1999 foramdiagnostica<strong>do</strong>s 888 casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico, com 39 óbitos, letalida<strong>de</strong>média <strong>de</strong> aproximadamente 4,4% (Figura6). Esta incidência relativamente baixaquan<strong>do</strong> comparada à <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue clássicoe o fato <strong>de</strong> haver circulação <strong>de</strong> <strong>do</strong>issorotipos no país há mais <strong>de</strong> oito anos,tem leva<strong>do</strong> a consi<strong>de</strong>rar-se que os rígi<strong>do</strong>s600500Por 100.000 hab.400300200100085 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99*BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTEFonte: CENEPI/FUNASA/MS* Da<strong>do</strong>s preliminares até outubro <strong>de</strong> 1999Figura 5 - Taxa <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue por ano <strong>de</strong> ocorrência. Brasil, 1986 - 1999.Informe Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS18


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUScritérios diagnósticos estabeleci<strong>do</strong>spara confirmação <strong>de</strong> caso po<strong>de</strong>mestar subestiman<strong>do</strong> a incidência dasformas graves da <strong>do</strong>ença.Possivelmente, alguns casos <strong>de</strong> DH/SCD estão passan<strong>do</strong> <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong>s,mas infere-se que a incidência não<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, vistonão haver registro <strong>de</strong> óbitos comquadro clínico compatível com<strong>de</strong>ngue hemorrágico. A elevadaletalida<strong>de</strong> esperada para esta forma da<strong>do</strong>ença, na ausência <strong>de</strong> diagnóstico etratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, certamentechamaria a atenção da população e dasautorida<strong>de</strong>s sanitárias. Possivelmente,a cepa <strong>de</strong> DEN-2 que está circulan<strong>do</strong>no Brasil também não exibe ascondições necessárias para produzirgran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ençahemorrágica, 35 mesmo na vigência <strong>de</strong>infecções seqüenciais.Tabela 2 - Número <strong>de</strong> municípios com Ae<strong>de</strong>s aegypti e com transmissão <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue, sorotipos circulantes enúmero acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> casos notifica<strong>do</strong>s por Unida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rada.Região/UFBrasilNorteROACAMRRPAAOTONor<strong>de</strong>steMAPICERNPBPEALSEBASu<strong>de</strong>steMGESRJSPSulPRSC(*)RS(*)Centro-OesteMSMTGODFFonte: MS/FUNASA/CCDTV/GT-FAD(*) Casos importa<strong>do</strong>s.(1) Total acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1982 a 1998.N o <strong>de</strong> municípioscom Ae<strong>de</strong>s aegypti2.910151141113352851.1469553921471741309068297899323507045635632162935877921881N o <strong>de</strong> municípios comtransmissão <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue2.6751551421351661.173578611012119517887612788563154565431171171--32067941581SorotiposcirculantesDEN-1DEN-1DEN-2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-1 e 2DEN-2DEN-1 e 2DEN-1 e 2N o <strong>de</strong> casos notifica<strong>do</strong>se acumula<strong>do</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue (1)1.672.88382.168891-32.7464.32933.547-10.655848.77529.93128.823135.24165.195137.063188.55936.77351.456175.734627.617179.09460.920296.25491.34913.16712.848174145101.15631.72835.29630.0064.12619volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>Casos(888)RJ659CE 28Óbitos(39)PE 71RJ15CE33RN11MG48ESBA 2PE1RN81GOMA 2MG 92 PI 41SEFonte: CRs/FNS e SES.MSFonte: FUNASA/Coor<strong>de</strong>nações Regionais e SES.Figura 6 - Número <strong>de</strong> casos e óbitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue hemorrágico por esta<strong>do</strong>. Brasil, 1990-1999.Os padrões epi<strong>de</strong>miológicos noBrasilO vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue altera seupotencial epidêmico e as suasapresentações clínicas quan<strong>do</strong> se moveentre as populações, 12 o que faz com queas apresentações epi<strong>de</strong>miológicas dasinfecções se expressem <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> muitovaria<strong>do</strong>. Assim, as epi<strong>de</strong>mias po<strong>de</strong>m serexplosivas, evoluin<strong>do</strong> em curto perío<strong>do</strong><strong>de</strong> tempo, seguidas <strong>de</strong> circulaçãoendêmica, outras <strong>de</strong>lineiam <strong>do</strong>is picosepidêmicos em anos consecutivos e só<strong>de</strong>pois é que se estabelece um perío<strong>do</strong><strong>de</strong> baixa en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>, também <strong>de</strong> maiorou menor duração. Estas distintasapresentações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da interaçãoentre os fatores relaciona<strong>do</strong>s nas Figuras1 e 2 . Contu<strong>do</strong>, alguns padrões po<strong>de</strong>mse repetir, particularmente quan<strong>do</strong> setrata da introdução <strong>de</strong> um sorotipo <strong>do</strong>vírus em populações virgens <strong>de</strong>exposição, em locais com gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s populacionais e com índiceseleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> infestação pelo Ae.aegypti.Nestas situações, tem-se observa<strong>do</strong> quedurante algumas semanas a epi<strong>de</strong>mia seanuncia com o aparecimento <strong>de</strong> algunscasos, próximos entre si, para logo<strong>de</strong>pois configurar uma epi<strong>de</strong>miaexplosiva <strong>de</strong> duração variável. 51No Brasil, no perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong>entre 1986 e 1993, as epi<strong>de</strong>mias atingemmais os gran<strong>de</strong>s centros urbanos, e emalguns esta<strong>do</strong>s (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Ceará eAlagoas) <strong>de</strong>lineiam-se duas ondasepidêmicas, em anos consecutivos, comintervalos <strong>de</strong> alguns meses entre elas. 15Em seguida, observava-se um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong>is anos com baixa incidência da <strong>do</strong>ença.A partir <strong>de</strong> 1994 esta tendência <strong>de</strong>elevação bienal se alterasignificativamente.Na Figura 7, observa-se que,excluin<strong>do</strong>-se o episódio isola<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1982ocorri<strong>do</strong> em Boa Vista, três ondasepidêmicas foram <strong>de</strong>lineadas nos últimos13 anos. A primeira, biênio 86/87,correspon<strong>de</strong> à introdução <strong>do</strong> vírus DEN-1 em gran<strong>de</strong>s centros urbanos, <strong>do</strong>s quaisse <strong>de</strong>stacaram as cida<strong>de</strong>s que compõema gran<strong>de</strong> região metropolitana <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro (incluin<strong>do</strong> Niterói), Fortaleza eMaceió. A incidência para o país comoInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS20


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSum to<strong>do</strong> atinge um pico <strong>de</strong> 65,1 casospor 100 mil habitantes. Com orecru<strong>de</strong>scimento da circulação <strong>do</strong> DEN-1 e a introdução <strong>do</strong> vírus DEN-2, umasegunda alça foi registrada em 1990 e1991, com níveis epidêmicossemelhantes à anterior, e registros <strong>de</strong>casos nas cida<strong>de</strong>s citadas anteriormente,acresci<strong>do</strong> <strong>de</strong> outras nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo.Nota-se que, logo após <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong>altas incidências, estas se reduzembruscamente a menos <strong>de</strong> cinco casos por100 mil habitantes.Diferentemente, a terceira ondaepidêmica <strong>do</strong> Brasil, iniciada em 1994, vaise elevan<strong>do</strong> nos anos subseqüentes, semapresentar o <strong>de</strong>clínio das anteriores. Osvírus DEN-1 e DEN-2 vão rapidamentesen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong>s e circulam em muitasoutras cida<strong>de</strong>s intensamente infestadaspelo Ae. Aegypti e, seqüencialmente, asepi<strong>de</strong>mias vão se suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>. A circulaçãoestabelece-se não só por contiguida<strong>de</strong>,como, também, pela introdução <strong>de</strong> casosíndices importa<strong>do</strong>s em áreas in<strong>de</strong>nes,distantes <strong>do</strong>s centros on<strong>de</strong> os vírus foramisola<strong>do</strong>s anteriormente. Este crescimentoe expansão acompanha a dispersão <strong>do</strong> Ae.aegypti, que progrediu <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> tambémexponencial, como po<strong>de</strong> ser nota<strong>do</strong> nasuperposição da curva <strong>de</strong> tendênciatemporal da <strong>do</strong>ença à progressão <strong>do</strong>número <strong>de</strong> municípios infesta<strong>do</strong>s(Figura 7).Em 1998, algumas unida<strong>de</strong>sfe<strong>de</strong>radas registram taxas <strong>de</strong> incidênciasuperiores a 1000 por 100 mil habitantes,sen<strong>do</strong> mais elevada na Paraíba, com1807,4 por 100 mil habitantes. A RegiãoNor<strong>de</strong>ste (Figura 5) é a que apresenta omaior risco <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ecer <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, eneste ano atinge 556 por 100 milhabitantes, mais <strong>de</strong> 60% acima da médianacional (341 por 100 mil habitantes).Em 1999, vem-se observan<strong>do</strong>(Figura 5) um <strong>de</strong>clínio significativo naincidência <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue no país (121,6 por100 mil habitantes até 20/10) quepossivelmente se <strong>de</strong>ve ao esgotamento <strong>de</strong>susceptíveis nas áreas on<strong>de</strong> a circulaçãoviral foi muito intensa nos últimos anos, ea algum efeito na redução nos índices <strong>de</strong>infestação <strong>do</strong> vetor, conseqüente aocombate que vem sen<strong>do</strong> implementa<strong>do</strong> emmuitos municípios.A sazonalida<strong>de</strong> das infecções(Figura 8) pelos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue é bem400T x. Inc./100.000Nº <strong>de</strong> Munic. Infest.3500!30003002500200100!!! !!!! !!!!!086 87 88 89 90 91 92 93* 94 95 96 97 98Tx. Inc. 35,18 65,12 0,14 3,75 28,08 66,1 2,15 4,68 36,83 82,54 116,38 159,73 350,88!Nº Munic. Infest. 258 348 384 456 454 640 767 868 969 1791 2771 2780 29102000150010005000Fonte: GT-<strong>Dengue</strong> e Febre Amarela/CENEPI/FNS//MS* Número <strong>de</strong> municípios com Ae<strong>de</strong>s aegypti em 1993 = média <strong>de</strong> 1992 e 1994.Figura 7 - Incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue e número <strong>de</strong> municípios com Ae<strong>de</strong>s aegypti. Brasil, 1986 -1998.21volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>evi<strong>de</strong>nte no Brasil, na maioria <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s.A sua incidência se elevasignificativamente nos primeiros meses<strong>do</strong> ano, alcançan<strong>do</strong> maior magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>março a maio, seguida <strong>de</strong> redução brusca<strong>de</strong>stas taxas a partir <strong>de</strong> junho. Este padrãosazonal, que nem sempre é observa<strong>do</strong> emoutros países, tem si<strong>do</strong> explica<strong>do</strong> peloaumento na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das populações <strong>do</strong>Ae aegypti, em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> aumento datemperatura e umida<strong>de</strong>, que sãoregistradas em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong>nosso território, durante o verão eoutono.virose benigna, o que nem sempre impõea busca <strong>de</strong> atenção médica. Deste mo<strong>do</strong>,os da<strong>do</strong>s oriun<strong>do</strong>s das notificaçõesoficiais são muito subestima<strong>do</strong>s e nãorevelam a força da circulação viral,embora apontem a tendência <strong>de</strong>incidência da <strong>do</strong>ença.Para se estimar esta magnitu<strong>de</strong>, sãorealiza<strong>do</strong>s inquéritos sorológicos que<strong>de</strong>terminam a soroprevalência <strong>de</strong>anticorpos para os vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. NoBrasil, vários inquéritos foram realiza<strong>do</strong>se os principais, nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s,revelam soroprevalência média muito10080Por 100.000 habAnos94959697986040200Jan Fev M ar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMesesFonte: FUNASA/Coor<strong>de</strong>nações Regionais/CENEPI e SESFigura 8 - Incidência mensal <strong>de</strong> casos notifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue. Brasil, 1984 - 1998.Magnitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s eventosepidêmicosSão muito freqüentes as infecçõesoligossintomáticas e inaparentescausadas pelos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. Emconseqüência, a subnotificação <strong>de</strong>casos é muito expressiva, mesmoquan<strong>do</strong> o indivíduo apresenta a formaclássica sintomática da <strong>do</strong>ença, emvirtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o quadro clínico serconfundi<strong>do</strong> com muitas viroses febrise/ou exantemáticas, ou por serconsi<strong>de</strong>rada pela população como umaelevada como Rio <strong>de</strong> Janeiro (44,5%), 27Niterói (66%), 28 Salva<strong>do</strong>r (67%) ,26Fortaleza (44%) 24 e São Luís (41,4%) ,25indican<strong>do</strong> que centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong>indivíduos foram infecta<strong>do</strong>s em cada um<strong>de</strong>stes centros, o que evi<strong>de</strong>ncia que asepi<strong>de</strong>mias foram <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>surpreen<strong>de</strong>nte e que, para cada casonotifica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> infecções<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser conhecidas. Chama aatenção a taxa reduzida encontrada emRibeirão Preto (5,4%), 52 cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> médioporte, o que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> medidasInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS22


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUS<strong>de</strong> combate vetorial mais efetivas que jávinham sen<strong>do</strong> implementadas antes edurante a epi<strong>de</strong>mia.PrevençãoPor não se dispor <strong>de</strong> vacina, aprevenção primária <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue só po<strong>de</strong>realmente ser efetivada nas áreas sobrisco quan<strong>do</strong> a vigilância entomológica ouo combate ao vetor antece<strong>de</strong> a introdução<strong>do</strong> vírus. Quan<strong>do</strong> a circulação <strong>de</strong> um oumais sorotipos em uma região já estáestabelecida, as medidas <strong>de</strong> combate aovetor e a vigilância epi<strong>de</strong>miológica da<strong>do</strong>ença têm baixa efetivida<strong>de</strong> e os órgãosresponsáveis pela prevenção <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngueenfrentam uma série <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>stécnico-científicas e operacionais,relacionadas à complexida<strong>de</strong>epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>ssa <strong>do</strong>ença.Combate ao Ae<strong>de</strong>s aegyptiAs ações <strong>de</strong> combate ao Ae. aegypti,único elo vulnerável da ca<strong>de</strong>iaepi<strong>de</strong>miológica <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, estãocentradas em duas estratégias, controleou erradicação, que se diferenciamquanto às suas metas, o que implicadistintas extensões <strong>de</strong> cobertura,estrutura e organização operacional.Entretanto, ambas incluem trêscomponentes básicos: saneamento <strong>do</strong>meio ambiente; ações <strong>de</strong> educação,comunicação e informação (IEC); ecombate direto ao vetor (químico, físicoe biológico). 51,53,54,55,56O componente <strong>de</strong> saneamento visareduzir os cria<strong>do</strong>uros potenciais <strong>do</strong>mosquito mediante: aporte a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong>água para evitar o seu armazenamento emrecipientes que servirão para oviposição;proteção (cobertura) <strong>de</strong> recipientes úteis;reciclagem ou <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> recipientesinservíveis; e tratamento ou eliminação<strong>de</strong> cria<strong>do</strong>uros naturais. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> daestratégia e meta <strong>do</strong> programa, estecomponente po<strong>de</strong> ser restrito àsativida<strong>de</strong>s específicas que são<strong>de</strong>senvolvidas pelos recursos humanos <strong>do</strong>próprio programa por meio <strong>de</strong>orientações aos mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> cadaresidência para promoção <strong>de</strong> saneamentointra e peri<strong>do</strong>miciliar, ou mesmo limita<strong>do</strong>apenas a estas últimas, ou ser mais amplo,com envolvimento <strong>do</strong>s órgãos setoriais<strong>de</strong> saneamento responsáveis pelamelhoria <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong>água e coleta <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s. 55,57Da mesma forma, o segun<strong>do</strong>componente varia conforme as <strong>de</strong>finiçõesestratégicas e a importância que é dadaàs ações <strong>de</strong> educação, comunicação einformação, que po<strong>de</strong>m ser confinadasapenas à atuação <strong>do</strong>s agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>em cada residência, associada ou não aalgumas campanhas pontuais <strong>de</strong>educação e/ou comunicação <strong>de</strong> massa,ou ser bem mais abrangente comparticipação efetiva <strong>de</strong> setores sociais egovernamentais; e à busca daparticipação das comunida<strong>de</strong>s noprocesso <strong>de</strong> prevenção, implementação<strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias pedagógicas capazes <strong>de</strong>proporcionar mudanças <strong>de</strong>comportamento no que diz respeito aoscuida<strong>do</strong>s individuais e coletivos com asaú<strong>de</strong>, com ênfase na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>redução e eliminação <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>urospotenciais <strong>do</strong> mosquito transmissor da<strong>de</strong>ngue. 55,57O combate físico e químico ao vetorinclui: a) tratamento focal, que é aeliminação das formas imaturas <strong>do</strong> Ae.aegypti, por meio <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>larvicidas nos recipientes <strong>de</strong> uso<strong>do</strong>méstico que não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s,elimina<strong>do</strong>s, ou trata<strong>do</strong>s por outras formase a flambagem da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> recipientesnão elimináveis que contêm ovos <strong>de</strong>stevetor, em pontos estratégicos; b)tratamento perifocal, que é polêmicoquanto a sua eficácia, por utilizaraspersão <strong>de</strong> inseticidas em torno <strong>do</strong> foco,sem ação residual e sujeita às intempéries.A justificativa para seu uso é a eclosão<strong>do</strong> inseto adulto e seu pouso nasimediações <strong>do</strong> foco. Este procedimento,é feito mediante rocia<strong>do</strong>res manuais oua motor, nas pare<strong>de</strong>s internas e externas<strong>do</strong>s recipientes preferenciais paraovoposição das fêmeas <strong>do</strong> vetor, e no seuentorno; c) aplicação espacial <strong>de</strong>inseticidas a ultrabaixo volume (UBV),para redução das formas aladas <strong>do</strong> Ae.aegypti. Esta técnica, só indicada emsituações epidêmicas, po<strong>de</strong> ser feita poraplicação no intra e peri<strong>do</strong>micílio,23volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>O principal objetivoda vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>uma <strong>do</strong>ença é a<strong>de</strong>tecção precoce<strong>de</strong> casos paraindicar a a<strong>do</strong>çãodas medidas <strong>de</strong>controle capazes<strong>de</strong> impedir novasocorrências.empregan<strong>do</strong>-se equipamentos portáteis,ou nas ruas, com máquinaspulveriza<strong>do</strong>ras mais pesadas montadasem veículos. A efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta últimaforma <strong>de</strong> combate é bastante questionada,mesmo quan<strong>do</strong> são observa<strong>do</strong>scuida<strong>do</strong>samente to<strong>do</strong>s os critériostécnicos preconiza<strong>do</strong>s, por se constatarpouco efeito na redução da população dasformas adultas. 51 As normas eprocedimentos técnicos e operacionaisdas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> combate químico, nosdiversos países, têm fundamentoscomuns, e as variações observadas,aten<strong>de</strong>m à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada área, ou àseleção <strong>de</strong> técnica ou rotina específicacom a qual se tem maior experiência. 55,56O controle biológico é basea<strong>do</strong> nouso <strong>de</strong> organismos vivos capazes <strong>de</strong>competir, eliminar ou parasitar as larvasou formas aladas <strong>do</strong> vetor, e ainda não setem experiência <strong>de</strong> aplicação em largaescala. O Bacillus thuringhiensis H-14(BTI) e peixes larvicidas das espéciesGambusia afinis e Poecilia spp têm si<strong>do</strong>os mais utiliza<strong>do</strong>s e preconiza-se o seuuso mais amplo nos programas <strong>de</strong>combate. Ensaios com larvas <strong>de</strong> outrosmosquitos (Toxorhynchites) e algumaspulgas d’água (Mesoscyclops;Macrocyclops), também vêm sen<strong>do</strong>experimenta<strong>do</strong>s. 55Atualmente, tanto nas estratégias <strong>de</strong>erradicação como nas <strong>de</strong> controle, temsi<strong>do</strong> orienta<strong>do</strong> o uso integra<strong>do</strong> das váriastécnicas <strong>de</strong> combate ao Ae. aegyptidisponíveis, associadas aos outros <strong>do</strong>iscomponentes <strong>de</strong>scritos (saneamento eIEC). O que as diferencia é que naprimeira tem-se uma meta estabelecida aser alcançada (índice <strong>de</strong> infestação zero),a implantação é planejada para serexecutada em quatro fases bem <strong>de</strong>finidas(ataque, consolidação, manutenção evigilância entomológica) e preconiza-seque os componentes <strong>de</strong> saneamento eeducação, comunicação e informaçãosejam os mais amplos possíveis eantecedam o início da fase <strong>de</strong> ataque,permanecen<strong>do</strong> em todas as outras fases,para não criar condições mais propíciasà reinfestação. Além disso, algunsprincípios técnicos científicosfundamentam a organização <strong>do</strong>sprogramas <strong>de</strong> erradicação, que são o dauniversalida<strong>de</strong> da implantação dasativida<strong>de</strong>s em cada território; o <strong>de</strong>sincronicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s trêscomponentes; e a continuida<strong>de</strong>programática para que não haja<strong>de</strong>sperdícios <strong>de</strong> recursos e/ou atraso naconsecução da meta. Distintamente, osprogramas <strong>de</strong> controle, além <strong>de</strong> não<strong>de</strong>finirem qual a meta a ser alcançada,indican<strong>do</strong> apenas que se <strong>de</strong>ve reduzir emanter as populações <strong>de</strong> vetores a “níveisaceitáveis”, não são obrigatoriamenteorganiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s princípios efundamentos acima referi<strong>do</strong>s. 55Vigilância Epi<strong>de</strong>miológicaO principal objetivo da vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença é a<strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong> casos para indicara a<strong>do</strong>ção das medidas <strong>de</strong> controlecapazes <strong>de</strong> impedir novas ocorrências.A única forma <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngueé a drástica redução da população <strong>do</strong>mosquito transmissor (a zero, ou níveismuito próximos <strong>de</strong> zero) e, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>,as vigilâncias entomológica eepi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>vem ser indissociáveise, i<strong>de</strong>almente, aliadas às ações <strong>de</strong>combate ao vetor <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. Portanto,estas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem se constituir emum programa global em cada território,sob responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma únicainstituição, mesmo que operacionaliza<strong>do</strong>por profissionais com distintos perfis <strong>de</strong>capacitação.Como são bastante variadas assituações entomológicas e <strong>de</strong> ocorrência<strong>de</strong> casos e/ou circulação viral em cadalocal, particularmente no Brasil, paraefeito <strong>de</strong> orientação das condutas <strong>de</strong>investigação epi<strong>de</strong>miológica e a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>medidas <strong>de</strong> controle, após a notificação<strong>de</strong> caso(s) suspeitos e/ou confirma<strong>do</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue, consi<strong>de</strong>ram-se as diferençasentre áreas: não infestadas; infestadasporém sem transmissão; no curso <strong>de</strong>epi<strong>de</strong>mia; com transmissão endêmica;infestada com ou sem transmissão mascom maior risco <strong>de</strong> urbanização da febreamarela. 58 Os propósitos da vigilânciaInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS24


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSepi<strong>de</strong>miológica e <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong>controle são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comesta estratificação e vão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oimpedimento <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong> circulação<strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue em áreas in<strong>de</strong>nes,até a simples redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> casosem áreas epidêmicas e endêmicas. Alémdisso, institui-se o acompanhamento <strong>do</strong>svírus circulantes e monitoramento dasformas clínicas graves.Esta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações, aliadaao pleomorfismo das apresentaçõesepi<strong>de</strong>miológicas e clínicas <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue,impõe uma vigilância ativa da <strong>do</strong>ença emvirtu<strong>de</strong> da baixa sensibilida<strong>de</strong> da vigilânciapassiva. Várias são as maneiras <strong>de</strong> seimplementar uma vigilância ativa sen<strong>do</strong>quatro os componentes fundamentais:notificação, busca ativa e investigação <strong>de</strong>casos; vigilância laboratorial; vigilânciadas formas clínicas; e vigilânciaentomológica. As dificulda<strong>de</strong>s davigilância iniciam-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a suspeita e/ou diagnóstico clínico - epi<strong>de</strong>miológicojá que a forma clássica da <strong>do</strong>ença po<strong>de</strong>ser clinicamente confundida com muitas<strong>do</strong>enças febris, exantemáticas ou não, eas formas hemorrágicas graves são aindapouco conhecidas, para a maioria <strong>do</strong>sprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s paísesamericanos, o que leva à subnotificaçãoe/ou diagnóstico <strong>de</strong> casos graves, só apóso aparecimento <strong>de</strong> óbitos. Por outro la<strong>do</strong>,a não existência <strong>de</strong> terapia específica fazcom que muitos pacientes não busquematenção médica, principalmente, quan<strong>do</strong>apresentam quadros leves. Deste mo<strong>do</strong>,epi<strong>de</strong>mias explosivas assim como a<strong>de</strong>tecção <strong>do</strong>s sorotipos circulantes, emmuitas situações só são diagnosticadastardiamente. 54,55,58,59Neste senti<strong>do</strong>, o apoio laboratorial,tanto sorológico como o isolamento viral,é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pedra angular da vigilânciaativa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, em virtu<strong>de</strong> danecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confirmação diagnóstica,particularmente logo aos primeiros casossuspeitos em uma área in<strong>de</strong>ne, e, tambémpara a <strong>de</strong>terminação da extensãogeográfica da circulação e i<strong>de</strong>ntificação<strong>do</strong>s sorotipos presentes; e informar sobrea possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> formasseveras <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os sorotiposcirculantes. 59 A coleta <strong>de</strong> material paraisolamento viral e exames sorológicos<strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s casos suspeitos<strong>de</strong> área in<strong>de</strong>ne, e em amostra <strong>de</strong>indivíduos com manifestações clínicascompatíveis com <strong>de</strong>ngue, nas áreas on<strong>de</strong>já se estabeleceu a circulação. 58Além <strong>de</strong>sta vigilância ativa que visaconferir maior sensibilida<strong>de</strong> ao sistema,tem-se busca<strong>do</strong> incluir estratégiasalternativas que visam superar as<strong>de</strong>ficiências <strong>do</strong>s sistemas. A vigilânciaespecial <strong>de</strong> formas clínicas graves,particularmente nas áreas <strong>de</strong> circulação<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um sorotipo <strong>do</strong>s vírus, temcomo propósito a emissão <strong>de</strong> “sinais <strong>de</strong>alerta”, logo aos primeiros casossuspeitos, para instituição <strong>de</strong> terapêuticaa<strong>de</strong>quada e conseqüente redução daletalida<strong>de</strong>. Para facilitar a <strong>de</strong>tecção dasformas severas tem-se indica<strong>do</strong> a eleição<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sentinelas (básicase hospitalares) ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissionaissentinelas, que são seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com o perfil <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s queaten<strong>de</strong>m (clínica geral, infecciosas,hematológicas, emergências, etc.), basegeográfica, conveniência ecooperativida<strong>de</strong>. 54 Para a <strong>de</strong>tecçãoprecoce <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> incidência emáreas endêmicas e introdução <strong>de</strong> um novosorotipo, principalmente, em locais on<strong>de</strong>o sistema <strong>de</strong> notificação é <strong>de</strong>ficiente, asunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e/ou os profissionaissentinelas <strong>de</strong>vem ser sensibiliza<strong>do</strong>s parasolicitar os exames laboratoriais <strong>de</strong> umquantitativo <strong>de</strong> pacientes queapresentarem <strong>do</strong>enças febris. Paraotimizar os recursos da re<strong>de</strong> <strong>de</strong>diagnóstico, recomenda-se articulaçãocom os programas <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong><strong>do</strong>enças febris exantemáticas,acrescentan<strong>do</strong>-se ao rol <strong>de</strong> exameslaboratoriais os <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com rotina e critérios pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. 54 Emáreas populosas on<strong>de</strong> a transmissão já seestabeleceu e a <strong>do</strong>ença está semanifestan<strong>do</strong> com baixa en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>,a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> “áreassentinelas” para instituição <strong>de</strong> sistema<strong>de</strong> monitoramento especial <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças25volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>A produção <strong>de</strong> umavacina contra osquatro sorotipos<strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, queseja segura eefetiva, tem si<strong>do</strong>apontada pelaOrganizaçãoMundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(OMS) comopriorida<strong>de</strong> em faceda gravida<strong>de</strong> dasituaçãoepi<strong>de</strong>miológica e abaixa efetivida<strong>de</strong>da maioria <strong>do</strong>sprogramas <strong>de</strong>combate ao Ae.Aegypti.febris agudas, com implantação <strong>de</strong>diagnóstico laboratorial, po<strong>de</strong> ser útil noacompanhamento das alterações <strong>de</strong>freqüência. Estes espaços servirão como“áreas <strong>de</strong> alerta” <strong>de</strong> modificações dasituação epi<strong>de</strong>miológica <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. 26,60Nos países in<strong>de</strong>nes, principalmente on<strong>de</strong>já se <strong>de</strong>tectou a presença <strong>de</strong> vetorespotenciais, têm si<strong>do</strong> implanta<strong>do</strong>sprogramas <strong>de</strong> vigilância <strong>de</strong> viajantes queapresentam enfermida<strong>de</strong>s febris, 54 visan<strong>do</strong>à a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas que impeçam oestabelecimento da circulação viral.Inquéritos soroepi<strong>de</strong>miológicospo<strong>de</strong>m ser realiza<strong>do</strong>s no curso ou apósas epi<strong>de</strong>mias, com técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong> IgM e/ou IgG. O <strong>de</strong>senho amostral<strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os objetivos<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a situaçãoepi<strong>de</strong>miológica da área, no momento dacoleta <strong>de</strong> material. Estes inquéritosfornecem informações mais acuradas <strong>de</strong>incidência (quan<strong>do</strong> se usa teste para<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> IgM) e <strong>de</strong> soroprevalência(IgG) que os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> notificação <strong>de</strong><strong>de</strong>manda espontânea, ou mesmo <strong>de</strong> buscaativa <strong>de</strong> casos; quantifica a ocorrência dasinfeçcões nos indivíduos na vigência <strong>de</strong>circulação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um sorotipo <strong>do</strong>svírus; i<strong>de</strong>ntifica as áreas <strong>de</strong> maiorintensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação, possibilitan<strong>do</strong>o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> risco associa<strong>do</strong>sàs taxas <strong>de</strong> infeçcão. A <strong>de</strong>terminação dastaxas <strong>de</strong> soroprevalência das populaçõesdimensionam a imunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo que,associadas a outros indica<strong>do</strong>res, po<strong>de</strong>mser utilizadas como parâmetro <strong>de</strong>avaliação da efetivida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>controle <strong>de</strong>senvolvidas em cadaregião. 25,26VacinasA produção <strong>de</strong> uma vacina contraos quatro sorotipos <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, que sejasegura e efetiva, tem si<strong>do</strong> apontada pelaOMS como priorida<strong>de</strong> em face dagravida<strong>de</strong> da situação epi<strong>de</strong>miológica e abaixa efetivida<strong>de</strong> da maioria <strong>do</strong>sprogramas <strong>de</strong> combate ao Ae. Aegypti.Em 1984, foi cria<strong>do</strong> um comitêespecífico com o objetivo <strong>de</strong> facilitar asinvestigações para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>vacinas contra o <strong>de</strong>ngue e a encefalitejaponesa. 2 Importantes fatores sãolimitantes <strong>de</strong>ste objetivo, <strong>de</strong>ntre os quaispo<strong>de</strong>m-se <strong>de</strong>stacar: a existência <strong>de</strong> quatrodiferentes sorotipos e o fenômeno daimunoamplificação viral, implican<strong>do</strong> anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter um imunógenoefetivo para to<strong>do</strong>s os vírussimultaneamente; a presença <strong>de</strong>anticorpos nas populações on<strong>de</strong> um oumais sorotipos já circulou; baixasproduções <strong>de</strong> partículas virais após apassagem <strong>do</strong> agente em diferentessistemas celulares; possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>inversão da virulência quan<strong>do</strong> se usavírus atenua<strong>do</strong>; não se dispor <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo animal experimental que<strong>de</strong>senvolva as formas graves da <strong>do</strong>ença,o que implica necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se incorrerem riscos ao se utilizar voluntárioshumanos para a verificação <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong>atenuação da cepa. 2Atualmente, existem vacinascandidatas convencionais ou <strong>de</strong> primeirageração, atenuadas ou inativadas; <strong>de</strong>segunda geração que incluem aexpressão <strong>de</strong> proteínas recombinantesem diferentes sistemas; e as <strong>de</strong> terceirageração, que são as <strong>de</strong> DNA. 61 Noprimeiro grupo têm-se monovalente <strong>de</strong>vírus vivo atenua<strong>do</strong> e tetravalente. Estasegunda está sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rada bastantepromissora por: conter os quatrosorotipos <strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue; já ter si<strong>do</strong>testada em ratos apresentan<strong>do</strong> baixaneurovirulência, e em macacos Rhesusproduzin<strong>do</strong> baixa viremia, com<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> anticorposneutralizantes sorotipos específicos;conferir imunida<strong>de</strong> por mais <strong>de</strong> cincoanos; ter níveis <strong>de</strong> viremia pós-vacinalbaixos; apresentar soroconversão emhumanos em torno <strong>de</strong> 95%; e manter osmarca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>passar pelo homem e mosquito. 62,63 Asvacinas <strong>de</strong> proteína recombinanteutilizam como mo<strong>de</strong>lo animal macacoscynomolgus (Macaca fascicularis) e éespecífica contra o DEN-2, cepaJamaica 1409, preparada em Ae<strong>de</strong>spseu<strong>do</strong>scutellaris (AP61). Os estu<strong>do</strong>svêm <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que esta vacina tempotencial, por induzir resposta humorale celular. Embora ela só tenha si<strong>do</strong>Informe Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS26


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUStestada em seis macacos, os da<strong>do</strong>sapresenta<strong>do</strong>s mostram que este animalpo<strong>de</strong> constituir um mo<strong>de</strong>lo experimentala<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>. 64 As <strong>de</strong> terceira geração são<strong>de</strong> material genético purifica<strong>do</strong> e infereseque seja possível a imunização comuma mescla <strong>de</strong> seqüências <strong>de</strong> DNA. 65As vacinas candidatas estão emdiferentes estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Apesar das investigações serem bastantepromissoras ainda não se tem nenhumavacina disponível para uso empopulações. Entretanto, a tetravalente <strong>de</strong>vírus vivo atenua<strong>do</strong> já está em faseavançada e <strong>de</strong>verá, em breve, entrar emfase III, o que abre alguma perspectiva<strong>de</strong> nos próximos anos dispor-se <strong>de</strong> umavacina eficaz.Efetivida<strong>de</strong> das IntervençõesQuan<strong>do</strong> o combate ao vetor éinstituí<strong>do</strong> após a introdução primária <strong>de</strong>um ou mais sorotipos <strong>do</strong> vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue,em gran<strong>de</strong>s e populosos centros urbanos,as chances <strong>de</strong> se conseguir a interrupçãoda transmissão tornam-se reduzidasquan<strong>do</strong> há elevada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mosquitos, e as características climáticasfavorecem a sua proliferação. Estadificulda<strong>de</strong> ocorre ainda que se disponha<strong>de</strong> uma vigilância ativa da <strong>do</strong>ença e odiagnóstico <strong>de</strong> casos seja feitoprecocemente. Mesmo que se reforcemas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> combate ao vetor, otempo que <strong>de</strong>corre até a redução daspopulações <strong>de</strong> mosquito é muito maiorque a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação viral, poisnestas situações a população <strong>de</strong>hospe<strong>de</strong>iros encontra-se quase queuniversalmente susceptível. 66Por outro la<strong>do</strong>, não proce<strong>de</strong> aconcepção <strong>de</strong> que a simples redução dapopulação <strong>do</strong> Ae. aegypti po<strong>de</strong> impedir aocorrência <strong>de</strong> casos, pois, tem-seobserva<strong>do</strong> que mesmo na vigência <strong>de</strong>baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vetorial (1 ou 2% <strong>de</strong>Índice <strong>de</strong> Infestação Predial), atransmissão <strong>do</strong>s vírus continua seprocessan<strong>do</strong> se a população não forimune ao(s) sorotipo(s) circulante(s).Muitas das vezes, a redução da incidênciaem uma área tropical epidêmica ocorre“naturalmente”, mais em função daimunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo que vai seestabelecen<strong>do</strong> <strong>do</strong> que pelos resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s com as ações <strong>de</strong> controleestabelecidas. 51Ou seja, quan<strong>do</strong> aepi<strong>de</strong>mia se instala, ela segue seu cursoe as ações <strong>de</strong> combate vetorial mostrampouca ou nenhuma efetivida<strong>de</strong>. 66 Destaforma, a vigilância epi<strong>de</strong>miológica,mesmo quan<strong>do</strong> ativa, não temconsegui<strong>do</strong> subsidiar as ações <strong>de</strong> controlepara impedir a ocorrência e disseminaçãoda <strong>do</strong>ença. Exerce apenas as funções <strong>de</strong>coleta <strong>de</strong> informações para estimativa damagnitu<strong>de</strong> e gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong> evento e <strong>de</strong>organização da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,para evitar a ocorrência <strong>de</strong> óbitos navigência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguehemorrágico.A vigilância epi<strong>de</strong>miológica é maisefetiva e necessária nas áreas livres <strong>de</strong>circulação viral, ou que estão em fasesinterepidêmicas, pois nestas últimas,on<strong>de</strong> o risco <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> formasgraves é muito alto, quan<strong>do</strong> da introdução<strong>de</strong> um novo sorotipo, ações contínuas<strong>de</strong> combate visan<strong>do</strong> à eliminação <strong>do</strong> vetore à vigilância ativa da <strong>do</strong>ença, não po<strong>de</strong>mser negligenciadas.Desafios e PerspectivasA prevenção das infecções causadaspelos vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue ainda é um <strong>de</strong>safiovisto ser centrada na atuação sobre oúnico elo vulnerável da ca<strong>de</strong>iaepi<strong>de</strong>miológica que é a eliminação <strong>do</strong> seuprincipal transmissor, o Ae. aegypti Estaenvolve agressão ao meio ambiente pelouso <strong>de</strong> inseticidas; investimentossubstanciais em saneamento ambiental;necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação dascomunida<strong>de</strong>s com indução <strong>de</strong>modificações comportamentais;permissão da população para otratamento químico <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> águaintra e peri<strong>do</strong>miciliares não elimináveis;ativida<strong>de</strong>s programáticas contínuas até acompleta eliminação <strong>de</strong>sta espécie <strong>de</strong>mosquito; manutenção <strong>de</strong> vigilânciaentomológica; e problemas inerentes àbiologia <strong>do</strong> próprio vetor.Mesmo com todas estas27volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>Existem gran<strong>de</strong>sevidências <strong>de</strong> queas condiçõesatuais e asperspectivasfuturas dasAméricas eparticularmente <strong>do</strong>Brasil favorecem aexpansão eagravamento <strong>do</strong>seventosrelaciona<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>ngue, vistoestar seestabelecen<strong>do</strong> umasituação <strong>de</strong>hiperen<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>,e a circulação <strong>de</strong>vários sorotiposaumenta aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>imunoamplificação. 53dificulda<strong>de</strong>s, experiências vitoriosas <strong>de</strong>erradicação <strong>do</strong> Ae. aegypti foramconduzidas neste século, em vários paísesamericanos em função das epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong>febre amarela urbana, o que contribuiusignificativamente para diminuir, oumesmo impedir, a circulação <strong>do</strong>s vírus<strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue neste continente até a década<strong>de</strong> sessenta. Entretanto, a reinfestação<strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>stes países nos anos setentanão foi combatida com eficiência e, comoas condições ambientais <strong>do</strong>s centrosurbanos estavam mais favoráveis àproliferação <strong>do</strong> vetor, rapidamenteocorreu a sua dispersão por extensasáreas territoriais. A gran<strong>de</strong> preocupação,até a década <strong>de</strong> sessenta, era apenas coma febre amarela urbana, que passou adispor <strong>de</strong> uma potente vacina, pois,equivocadamente, o <strong>de</strong>ngue eraconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma <strong>do</strong>ença benigna. Com aerradicação da febre amarela urbana, osprogramas <strong>de</strong> prevenção da sua formasilvestre centraram suas ativida<strong>de</strong>s navacinação das populações resi<strong>de</strong>ntes emáreas <strong>de</strong> risco, on<strong>de</strong> havia circulação viral,ou próximas a estas.A vigilância entomológica <strong>do</strong> Ae.aegypti <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser priorida<strong>de</strong>, aestrutura <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> erradicação foisen<strong>do</strong> paulatinamente <strong>de</strong>smontada, e asreinfestações das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>scoincidiram com um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>srestrições <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aosprogramas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, tanto noBrasil como em gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s paíseslatino americanos. Esta limitação e acrença na benignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue fizeramcom que a estratégia <strong>de</strong> erradicação <strong>do</strong>sprogramas <strong>de</strong> combate vetorial fossesubstituída, em 1985, pela <strong>de</strong> controle. 55De acor<strong>do</strong> com a Organização Pan-America da Saú<strong>de</strong> (OPAS), 55oreconhecimento da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queto<strong>do</strong>s os países a<strong>do</strong>tassem uma estratégia<strong>de</strong> erradicação, e passassem a organizarprogramas <strong>de</strong> controle, constituía umavanço na política <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong><strong>de</strong>ngue. Entretanto, consi<strong>de</strong>ra-seincorreta a concepção <strong>de</strong> que a reduçãoda <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> vetorial, pressuposto básico<strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> controle, diminui aincidência <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue. 51,66 Evidências <strong>de</strong>stamá concepção po<strong>de</strong>m ser constatadas nassucessivas epi<strong>de</strong>mias <strong>do</strong>s paísesamericanos que mantêm programas <strong>de</strong>controle. Também em Singapura, cida<strong>de</strong>on<strong>de</strong> o programa <strong>de</strong> controle éconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> muito eficiente e vinhamanten<strong>do</strong> índices <strong>de</strong> infestação <strong>do</strong> Ae.aegypti abaixo <strong>de</strong> 3%, com o <strong>de</strong>clínio daimunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo, epi<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> <strong>de</strong>nguevoltaram a ocorrer. 66,67 Fatos semelhantesa este têm si<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> em cida<strong>de</strong>sbrasileiras. 15Mesmo os países que a<strong>do</strong>taram aestratégia <strong>de</strong> erradicação tiveramproblemas nos últimos anos, sen<strong>do</strong> oexemplo mais marcante o <strong>de</strong> Cuba, queinstituiu um forte programa <strong>de</strong>erradicação <strong>do</strong> vetor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981,manten<strong>do</strong> índices <strong>de</strong> infestação próximosa zero e livre <strong>de</strong> circulação viral por 15anos. Em 1997, este país registrou umaepi<strong>de</strong>mia em um centro urbano, logo apósuma elevação da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional<strong>do</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti. 41Assim, torna-seevi<strong>de</strong>nte a importância <strong>de</strong> seestabelecerem metas <strong>de</strong> redução dapopulação vetorial, que <strong>de</strong>vem serpermanentemente zero ou próxima a zero,para evitar a transmissão <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, poisíndices superiores criam as condiçõesnecessárias à ocorrência <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miason<strong>de</strong> as populações não apresentamelevada imunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupo para o vírusintroduzi<strong>do</strong>.Existem gran<strong>de</strong>s evidências <strong>de</strong> queas condições atuais e as perspectivasfuturas das Américas e particularmente<strong>do</strong> Brasil favorecem a expansão eagravamento <strong>do</strong>s eventos relaciona<strong>do</strong>scom o <strong>de</strong>ngue, visto estar seestabelecen<strong>do</strong> uma situação <strong>de</strong>hiperen<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>, e a circulação <strong>de</strong>vários sorotipos aumenta a probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> imunoamplificação. 53Gran<strong>de</strong>scontingentes populacionais resi<strong>de</strong>ntes em<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> centros urbanos brasileiros jápossuem anticorpos contra os vírusDEN-1 e/ou DEN-2, e os índices <strong>de</strong>infestação pelo Ae. aegypti se mantêmeleva<strong>do</strong>s. Outros centros, on<strong>de</strong> ainda nãose estabeleceu a circulação viral, estãoInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS28


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSexpostos a infecções massivas em funçãodas situações entomológicas que exibem.Por outro la<strong>do</strong>, o processo <strong>de</strong>globalização com os intercâmbiosinternacionais torna iminente a introdução<strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is sorotipos, que já estãocirculan<strong>do</strong> em países americanos. Ouseja, as condições epi<strong>de</strong>miológicas eentomológicas são muito favoráveis paraa ocorrência das formas hemorrágicas<strong>de</strong>stas infecções, mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>sea baixa virulência da cepa <strong>do</strong> sorotipoDEN-2, que circula nas Américas. 35Como em outras regiões, a atualestratégia <strong>de</strong> combate ao vetor, no Brasil,não tem se <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> efetiva namaioria das áreas on<strong>de</strong> vem sen<strong>do</strong>implementada, e além disso muitosmunicípios infesta<strong>do</strong>s não estão sen<strong>do</strong>contempla<strong>do</strong>s com recursos para ocombate vetorial. Por outro la<strong>do</strong>, nascida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> os vírus circularamintensamente, está se recompon<strong>do</strong> acoorte <strong>de</strong> indivíduos susceptíveis, o quesignifica que as populações <strong>de</strong> lactentesestão expostas tanto às formas clínicasbenignas, pela circulação endêmica <strong>do</strong>svírus presentes, quanto às mais graves,em virtu<strong>de</strong> da transmissão vertical <strong>de</strong>anticorpos contra um ou mais sorotipos<strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, o que favorece ofenômeno da imunoamplificação (ADE),na vigência <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong> outrosorotipo ou <strong>de</strong> cepas mais virulentas dasque já circulam.A possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ae. albopictus setornar um transmissor <strong>de</strong>stes vírus nocontinente americano, como o é noSu<strong>de</strong>ste Asiático, agrava a situaçãocontinental pela sua presença em amplasfaixas territoriais <strong>de</strong> países in<strong>de</strong>nes elivres <strong>do</strong> Ae. aegypti. O <strong>de</strong>senvolvimentoe testagem <strong>de</strong> vacinas tetravalentesconsi<strong>de</strong>rada por muitos como únicoinstrumento capaz <strong>de</strong> modificar o gravecurso da circulação <strong>do</strong>s vírus <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue,apesar <strong>do</strong>s avanços das vacinascandidatas, ainda levará alguns anos paraexibirem os requisitos para uso massivo.Deste mo<strong>do</strong>, tem-se que se <strong>de</strong>bruçarna única alternativa <strong>de</strong> prevençãodisponível que é o combate vetorial. A<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> estratégias técnicas eoperacionais efetivas para sua utilização<strong>de</strong>ve constituir priorida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s governos<strong>do</strong>s países infesta<strong>do</strong>s. Tem-se que tercomo pressuposto que ações <strong>de</strong> controlemal conduzidas <strong>de</strong>vem ser aban<strong>do</strong>nadas,por não produzir nenhum impactoepi<strong>de</strong>miológico, <strong>de</strong>sperdiçar recursos,promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>resistência aos inseticidas, poluir o meioambiente sem qualquer benefício para apopulação, além <strong>de</strong> abalar a credibilida<strong>de</strong><strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública.O reduzi<strong>do</strong> impacto das ações <strong>do</strong>programa <strong>de</strong> combate ao Ae. aegypti quevem sen<strong>do</strong> implementa<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> asegunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> oitenta,nos países americanos e particularmenteno nosso, evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> pela evolução daincidência da <strong>do</strong>ença e mais ainda pelosresulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s inquéritos sorológicosrealiza<strong>do</strong>s em várias capitais brasileiras,indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os dirigentes <strong>do</strong>sórgãos governamentais refletirem sobrea pertinência da sua manutenção. Osrecursos públicos que vêm sen<strong>do</strong>aloca<strong>do</strong>s para este combate, emborasejam insuficientes para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>snecessárias à erradicação, são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>vulto, quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra o total <strong>do</strong>montante <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos programas <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> Pública. Os da<strong>do</strong>s entomológicosapresenta<strong>do</strong>s e o curso e percurso dasepi<strong>de</strong>mias indicam o agravamento dasituação (Figuras 5 e 8) e que, optan<strong>do</strong>sepor manutenção <strong>de</strong>sta estratégia, nãose vislumbra qualquer perspectiva <strong>de</strong>controle das infecções, o que não justificaos dispêndios para este tipo <strong>de</strong> combatevetorial.Embora seja objeto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>scontrovérsias a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>erradicação <strong>do</strong> Ae. aegypti, 51,57acomunida<strong>de</strong> científica brasileira, porconvocação <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> 57 e um comitê <strong>de</strong> especialistas daOPAS, 68 discutiu esta questão,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-a factível. As basestécnicas e científicas foram apresentadas29volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>culminan<strong>do</strong> na elaboração <strong>do</strong> PlanoDiretor <strong>de</strong> Erradicação <strong>do</strong> Ae. aegypti(PEA), para o Brasil. 57 Este plano não vemsen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong> e, em substituição, foiimplementada outra proposta, 69<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> PEAa, baseada naestratificação <strong>de</strong> risco <strong>do</strong>s municípios,que privilegia o repasse <strong>de</strong> recursos on<strong>de</strong>as condições epi<strong>de</strong>miológicas são maisgraves, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> princípios epressupostos básicos ao combate vetorialque são: a universalida<strong>de</strong>, a sincronicida<strong>de</strong>e a continuida<strong>de</strong> das ações. 70 Além disso,não incorporou os três pilares propostosno plano <strong>de</strong> erradicação elabora<strong>do</strong> para oBrasil (saneamento ambiental, educação,informação e comunicação), estan<strong>do</strong>centra<strong>do</strong> apenas no combate químico eeliminação <strong>de</strong> alguns cria<strong>do</strong>uros <strong>do</strong>smosquitos (saneamento <strong>do</strong>miciliar). Ocomponente <strong>de</strong> educação, informação ecomunicação também foi bastanterestringi<strong>do</strong>.Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantar natotalida<strong>de</strong> as ações <strong>de</strong>finidas no plano <strong>de</strong>erradicação <strong>de</strong> 1996, a revisão das basesda atual estratégia se impõe, comestabelecimento <strong>de</strong> metas regionaismínimas, que se aproximem da eliminação<strong>do</strong> vetor, respeitan<strong>do</strong>-se os princípios dasquatro fases <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> combatevetorial e implantação <strong>de</strong> vigilânciaentomológica ativa em áreas geográficaslivres <strong>do</strong> Ae.aegypti. Desta forma,utilizar-se-ão os conhecimentos técnicos- científicos que já estão bemestabeleci<strong>do</strong>s e das experiênciasvitoriosas, atuais e passadas, tanto <strong>do</strong>Brasil como <strong>do</strong>s outros países.Referências Bibliográficas1. Halstead SB. Epi<strong>de</strong>miology of <strong>de</strong>ngueand <strong>de</strong>ngue hemorrhagic fever. In:Gubler DJ, Kuno G, Editors. <strong>Dengue</strong>and <strong>de</strong>ngue hemorragic fever. NewYork: CAB International; 1997. p.23-44.2. World Health Organization–WHO.Global Programme for Vacines andImunization Vaccine. Research &Development. 1996.3. Martinez-Torres ME. <strong>Dengue</strong>hemorrágico em crianças: editorial.Havana: José Marti; 1990. 180 p.4. Rodhain F, Rosen L. Mosquitovectors and <strong>de</strong>ngue virus-vectorrelations ships. In: Gubler, DJ, Kuno,G. Editors. <strong>Dengue</strong> and <strong>de</strong>nguehemorragic fever. New York: CABInternational; 1997. p. 45-60.5. Silva AM, Dittus WPJ, AmerasinghePH, Amerasinghe FP. Serologicevi<strong>de</strong>nce for an epizootic <strong>de</strong>nguevirus infecting toque macaques(Macaca Sinica) at Polonnaruwa, SriLanka. American Journal TropicalMedicine Hygiene 1999; 60 (2):300-306.6. Dye C. The analysis of parasitetransmission by bloodsucckinginsects. Annual ReviewEntomology 1992; 37:1-19.7. Herrera-Basto IE, Prevots DR,Zarate ML, Silva JL. First reporte<strong>do</strong>utbreak of classical <strong>de</strong>ngue feverat 1700 meters above sea level inGuerrero State, Mexico, June, 1998.The American Society of TropicalMedicine and Hygiene 1992; 46(6):649-653.8. Scott WT, Clark GG, Lorenz LH,Amerasinghe PH, Reiter P, Edman J.Detection of multiple blood feedingin Ae<strong>de</strong>s aegypti (Diptera: culicidae)during a single gonotrophic cycleusing a histologique technique.Journal Medical Entomology1993; 30 (1):94-99.9. Jumali S, Gubler DJ, Nalim S, EramS, Sulianti S. Epi<strong>de</strong>mic <strong>de</strong>nguehemorragic fever in rural In<strong>do</strong>nésia.III. Entomological studies.American Journal of TropicalMedicine and Hygiene 1979;28:717-724.10. Metselaar D, Grainger CR, Oei KG,Reynalds DG, Pudlney M, Leake CJe cols. An outbreak of type 2 <strong>de</strong>nguefever in the seychelles, probalytransmited by Ae<strong>de</strong>s albopictus(Skuse). Bulletin of theWorldHealth Organization 1980; 58:937-943.Informe Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS30


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUS11. Ibánez-Bernal S, Briseno B, MutebiJP, Argot E, Rodriguez G, Martinez-Campos C, Paz R, Roman PF, Tapia-Conyer R, Flisser A. First record inAmerica of Ae<strong>de</strong>s albopictusnaturally infected with <strong>de</strong>ngue virusduring the 1995 outbreak at Reynosa,Mexico. Medical and VeterinaryEntomology 1997; 11:305-309.12. Gubler DJ. <strong>Dengue</strong> and <strong>de</strong>nguehemoragic fever: its history andresurgence as a global health problem.In: Gubler D.J., Kuno G., editors. <strong>Dengue</strong>and <strong>de</strong>ngue hemorragic fever. New York:CAB International; 1997. p.1-22.13. Rigau-Perez JG, Clark GG, Gubler DJ,Reiter P, San<strong>de</strong>rs EJ, Vorndam VA.<strong>Dengue</strong> and <strong>de</strong>ngue haemorrhagic fever.Lancet 1998; 352 (9132):971-977.14. Kouri GP, Guzman MG, Bravo J.<strong>Dengue</strong> hemorrágico en Cuba.Crônica <strong>de</strong> una epi<strong>de</strong>mia. Boletin <strong>de</strong>la Oficina Sanitaria Panamericana1986; 100 (3):322-329.15. Donalisio MR <strong>de</strong> C. O enfrentamento<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias: as estratégias eperspectivas <strong>do</strong> controle <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue[Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>]. Campinas:UNICAMP; 1995.16. Gluber, DJ. Vigilancia activa <strong>de</strong>l<strong>de</strong>ngue y <strong>de</strong> la fiebre hemorragica <strong>de</strong>l<strong>de</strong>ngue. Boletin <strong>de</strong> la OficinaSanitaria Panamericana 1989; 113(2):22-30.17. Kuno G. Review of the factorsmodulating <strong>de</strong>ngue transmission.Epi<strong>de</strong>miologic Reviews 1995;17:321-335.18. Teixeira MG, Barreto ML. Porque<strong>de</strong>vemos, <strong>de</strong> novo, erradicar o Ae<strong>de</strong>saegypti. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva1996; 1:122-135.19. Costa MCN, Teixeira MG. Aconcepção <strong>de</strong> “espaço’’ nainvestigação epi<strong>de</strong>miológica.Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública 1999;15 (2):271-279.20. Barreto ML, Carmo EH. Situação <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> da população brasileira:tendências históricas, <strong>de</strong>terminantes,e implicações para as políticas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Informe Epi<strong>de</strong>miológico <strong>do</strong>SUS 1994; III (3/4):7-34.21. Paim JS. Abordagens teóricoconceituais em estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> condições<strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong>: algumas notas parareflexão e ação. In: Barata RB.Condições <strong>de</strong> vida e situação <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: ABRASCO;1997. p.7-30.22. Montesano-Castellanos R, Ruiz-Matus C. Vigilancia epi<strong>de</strong>miológica<strong>de</strong>l <strong>de</strong>ngue en Mexico. Salud Publica<strong>de</strong>l Mexico 1995; 37:(Supl):64-76.23. Car<strong>do</strong>so R. O preconceito: acidadania em socieda<strong>de</strong>smulticulturais [on line] Disponível naInternet via www.justica.sp.gov.br/Arquivo captura<strong>do</strong> em 1999.24. Vasconcelos PFC, Lima JWO,Travassos da Rosa PA, Timbó MJ,Travassos da Rosa, ES, Lima HR,Rodrigues SG, Travassos da Rosa,JFS. Epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue emFortaleza, Ceará: inquérito soroepi<strong>de</strong>miológicoaleatório. Revista <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> Pública 1998; 32 (5):447-454.25. Vasconcelos PFC, Lima JW, RaposoML, Rodrigues S.G, Travassos daRosa, JFS, Amorim SMC, Travassosda Rosa ES, Moura CMP, FonsecaAN, Travassos da Rosa, PA.Inquérito soro-epi<strong>de</strong>miológico naIlha <strong>de</strong> São Luís durante epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong><strong>de</strong>ngue no Maranhão. Revista daSocieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> MedicinaTropical 1999; 32 (2):171-179.26. Teixeira MG, Travassos da Rosa A,Vasconcelos P, Barreto ML. Diferençasintraurbanas na circulação <strong>do</strong>s vírus<strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue em uma gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> –Salva<strong>do</strong>r/Bahia, 1998. Revista daSocieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> MedicinaTropical 1999; 32(Supl. 1):174.27. Figueire<strong>do</strong> LTM, Cavalcante SMB,Simões MC. Encuesta serológica sobreel <strong>de</strong>ngue entre escolares <strong>de</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, Brasil,1986 y 1987. Boletim<strong>de</strong> la Oficina SanitariaPanamericana 1991; 111 (6):525-533.31volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999


IESUS<strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong> e <strong>Medidas</strong> <strong>de</strong> Prevenção <strong>do</strong> <strong>Dengue</strong>28. Cunha RV. Estu<strong>do</strong> soro-epi<strong>de</strong>miológicosobre <strong>de</strong>ngue em escolares <strong>do</strong> Município<strong>de</strong> Niterói, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1991[Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>]. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz,Fundação Oswal<strong>do</strong> Cruz; 1993.29. Medronho AR. Geoprocessamento esaú<strong>de</strong>: uma nova abordagem <strong>do</strong> espaçono processo saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>ença. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Fundação Oswal<strong>do</strong> Cruz; 1995.30. Halstead SB. Observations related topathogenesis of <strong>de</strong>ngue hemorrhagicfever. Yale Journal of Biology andMedicine 1970; 42:350-360.31. Halstead SB. <strong>Dengue</strong> haemorragic fever.A public health problem and a field forresearch. Bulletin World HealthOrganization 1980; 58 (1):1- 21.32. Halstead SB. The pathogenesis of<strong>de</strong>ngue. Molecular Epi<strong>de</strong>miology inInfections Disease. American Journalof Epi<strong>de</strong>miology 1981; 114 (5):632-648.33. Rosen L. La pathogenèse <strong>de</strong> la <strong>de</strong>nguehemorragique: discussion critique <strong>de</strong>shypothèses Actuelles. Bulletin Societyof Pathology 1986; 79:342-349.34. Rosen L.The emperor’s new clothesrevisited, or reflections on thepathogenesis of <strong>de</strong>ngue hemorragic.The American Journal of TropicalMedicine and Hygiene 1977;26(3):337-343.35. Watts DM, Porter KR., Putvatana P,Vasquez B, Calampa C, Hayes CG,Halstead SB. Failure of secondaryinfection with American genotype <strong>de</strong>ngue2 to cause <strong>de</strong>ngue haemorrhagic fever.Lancet 1999; 354 (9188):1431-1434.36. Pang T. <strong>Dengue</strong> haemorrahagic fever:virus or host response? Bioessays1987; 6 (3): 141-144.37. Kouri GP, Guzman MG, Bravo J.Why <strong>de</strong>ngue Haemorragic fever inCuba? 2.An integral analysis.Transactions of the Royal Societyof Tropical Medicine and Hygiene1987; 81 (5):821-823.38. Howe GM. A world geography ofhuman diseases. New York:Aca<strong>de</strong>mic Press; 1977. p. 302-317.39. Halstead SB, Papavangelou G.Transmission of <strong>de</strong>ngue 1 and 2viruses in Greece in 1928.American Journal of Tropical andHygiene 1980; 29 (4):635-637.40. Pinheiro FP. Los programas <strong>de</strong>erradicacion y <strong>de</strong> control <strong>de</strong>l Ae<strong>de</strong>saegypti en las Americas. OPS/HCP/HCT/96.63, 1996.41. Kouri GP, Guzmán MG, Valdés L,Rosário D, Vazquez S, Laferté J,Delga<strong>do</strong> J, Cabrera M. Remergenceof <strong>de</strong>ngue in Cuba: a 1997 epi<strong>de</strong>micin Santiago <strong>de</strong> Cuba. EmergingInfectious Diseases Disptaches.1998; 4 (1): 89-92.42. PAHO. Country reports to PAHO.Number of reported cases of <strong>de</strong>nguehemorragic fever, 1999.43. Meira R. ‘Urucubaca” Gripe ou<strong>de</strong>ngue? <strong>Dengue</strong>. In:_____ClínicaMédica. Gráfica. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, 1916; 273-85.44. Pedro A. O <strong>de</strong>ngue em Nictheroy.Brazil-Médico 1923; 1:173-177.45. Soares P. Etiologia Symptomatologiae Prophylaxia da <strong>de</strong>ngue - a epi<strong>de</strong>mia<strong>do</strong> aviso francês “Antarès” no portoda Bahia. Arquivo <strong>do</strong> Hospital <strong>de</strong>Isolamento em Mont’Serrat.Salva<strong>do</strong>r-Bahia, 1928.46. Causey OR, Theiler M. Virusantibody survey on sera of resi<strong>de</strong>ntsof the Amazon valley in Brazil.Revista Serviços Especiais <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> Pública 1962; 12 (1):91-101.47. Osanai CH. A epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> <strong>Dengue</strong>em Boa Vista, território Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Roraima, 1981-1982 [Dissertação <strong>de</strong>Mestra<strong>do</strong>]. Rio <strong>de</strong> Janeiro: EscolaNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública; 1984.48. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. BoletimEpi<strong>de</strong>miológico (in press). Brasília(DF); 1999.49. Dina CL, Paula Pessoa ETF,Evangelista CM. <strong>Dengue</strong>hemorrágico, Ceará, 1994. In:Resumos <strong>do</strong> III Congresso Brasileiro<strong>de</strong> <strong>Epi<strong>de</strong>miologia</strong>, II CongressoInforme Epi<strong>de</strong>miológico<strong>do</strong> SUS32


Maria da Glória Teixeira e cols.IESUSIbero- Americano, I Congresso LatinoAmericano - EPID95; Salva<strong>do</strong>r, Bahia;Resumo 1023. 1995.50. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. Informe <strong>de</strong><strong>Dengue</strong>. Brasília (DF); 1999.51. Reiter P, Gubler DJ. Surveillance andcontrol of urban <strong>de</strong>ngue vectors. In:Gubler DJ, Kuno G. Editors. <strong>Dengue</strong> and<strong>de</strong>ngue hemorragic fever. New York:CAB International; 1997. p. 45-60.52. Figueire<strong>do</strong> LTM, Owa MA, CarlucciRH, Oliveira L. Encuesta serológicasobre el <strong>de</strong>ngue em Ribeirão Preto,São Paulo, Brasil. Boletin <strong>de</strong> laOficina Sanitaria Panamericana1995; 118:499-509.53. Gluber DJ, Clark GG. Communitybased integrate control of Ae<strong>de</strong>saegypti: a brief overview of currentsprograms. American Journal ofTropical Medicine and Hygiene1994; 50 (6):50-60.54. Rigau-Perez, Gubler DJ. Surveillance for<strong>de</strong>ngue and <strong>de</strong>ngue hemorrahagic feverIn: Gubler DJ, Kuno G. Editors. <strong>Dengue</strong>and <strong>de</strong>ngue hemorragic fever. New York:CAB International; 1997. p. 45-60.55. Organização Panamericana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>-OPS. <strong>Dengue</strong> y <strong>de</strong>ngue hemorrágico enlas Americas: guias para su prevencióny control. Washington DC: OPS; 1995.(Publicación Científica, 548).56. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. Instruções parapessoal <strong>de</strong> combate ao vetor: manual<strong>de</strong> normas técnicas. PEAa. Brasília(DF); 1997. 82 p.57. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. Plano Diretor <strong>de</strong>Erradicação <strong>do</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti <strong>do</strong>Brasil. Brasília (DF); 1996. 158 p.58. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. Manual <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue:vigilância epi<strong>de</strong>miológica e atenção ao<strong>do</strong>ente. Brasília (DF); 1996. 82 p.59. Clark GG. Situación epi<strong>de</strong>miologica<strong>de</strong>l <strong>de</strong>ngue en América: <strong>de</strong>safios parasu vigilancia y control. Salud Publica<strong>de</strong>l Mexico 1995; 37(Supl.):5-11.60. Samaja J. Muestras yrepresentatividad en vigilanciaepi<strong>de</strong>miológica mediante sitioscentinelas. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Pública 1996; 12:309-319.61. Guzman MG. Avances para laobtención <strong>de</strong>una vacina contra el<strong>de</strong>ngue. Acta CientíficaVenezuelana 1998; 49 (1):38-45.62. Bhamarrapravati N. <strong>Dengue</strong> vaccine<strong>de</strong>velopement. Monograph on<strong>Dengue</strong>/<strong>Dengue</strong>Haemorrhagic fever.New Delhi: WHO; 1993. Chapter 10.(Regional publications, SEARO# 22).63. Bhamarapravati N, Yorksan S. Studyof bivalent <strong>de</strong>ngue vaccine in volunters.Lancet 1999; 1(8646): 1077.64. Velzing J, Groen J, Drouet MT,Amerogen VG, Copra C, OsterhausADME, Deubel V. Induction ofprotective immunyti against <strong>Dengue</strong>virus type 2: comparasion of canidateattenuate and recombinant vaccines.Vaccine 1999; 17:1312-1320.65. Scho<strong>de</strong>l F, Agua<strong>do</strong> MT, Lambert, PH.Introduction: nucleic acid vaccines.Vaccine 1994; 12: 1491-1492.66. Reiter P. Status of current Ae<strong>de</strong>saegypti control metho<strong>do</strong>logy. In:Halstead, SB, Hector Gomez-Dantes,editors. <strong>Dengue</strong>: a world problem acommon strategy. Mexico: EdicionesCopilco, As <strong>de</strong> CV; 1992. p. 41-48.67. Goh KT. Changing epi<strong>de</strong>miology of<strong>de</strong>ngue in Singapore. Lancet 1995;346(8982):1098.68. Panamerican Health Organization-PAHO. Meeting of the Task Force tostudy the feasibility, timeliness andappropriateness of eradicating Ae<strong>de</strong>saegypti from the Americas. PAHO/HCP/HCT/96.068. Rio <strong>de</strong> Janeiro:FIOCRUZ; 1996.69. Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Ministério da Saú<strong>de</strong>. Plano Diretor <strong>de</strong>Erradicação <strong>do</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti <strong>do</strong>Brasil ajusta<strong>do</strong>. Brasília (DF); 1997.70. Instituto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva/Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia. Projetopiloto para erradicação <strong>do</strong> Ae<strong>de</strong>s aegypti-Salva<strong>do</strong>r-Bahia. Salva<strong>do</strong>r; 1996.33volume 8, nº 4outubro/<strong>de</strong>zembro 1999

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!