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Prima 1170.qxd - Jornal de Leiria

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RICARDO GRAÇAViagem ao mundo do swingClubes <strong>de</strong> sexo restritosPerfil dos swingersTrinta dos 59 swingers queaceitaram revelar a sua religiãoactual assumem-se como católicos,revela um estudo exploratóriosobre a Troca <strong>de</strong> casaisem Portugal, realizado em Outubro2003 por José Murta Cadima,sexólogo <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Mós.A maioria (41.4 por cento) garante,contudo, ser sexualmente fiel.Do total <strong>de</strong> inquiridos, 112 sãocasados e 46 vivem em união<strong>de</strong> facto. Apenas quatro não quiseramrevelar o seu estado civil.O sigilo é um ponto <strong>de</strong> honra nestes locais frequentados por pessoas influentesÀ primeira vista, um clube <strong>de</strong>swing nada tem <strong>de</strong> diferente emrelação a um bar normal das noites<strong>de</strong> Lisboa ou Porto. Um olharmais atento permitiu a Maria, 35anos, resi<strong>de</strong>nte em Caldas da Rainha,constatar que não podiaestar mais enganada. As atitu<strong>de</strong>sprovocatórias das mulheresevoluíam ao som da música e aofim <strong>de</strong> algum tempo a roupacomeçava a cair. Era então quese retiravam para quartos, quenem imaginava existirem. Umcasal, dois casais ou grupos maiores.Apesar <strong>de</strong> nunca ter participadoem esquemas <strong>de</strong> troca <strong>de</strong>casais, Maria confessa que aceitouir a um clube <strong>de</strong> swing como namorado por curiosida<strong>de</strong>. Dasegunda vez, ce<strong>de</strong>u <strong>de</strong>vido à suainsistência. E, à terceira, recusou-se.Além <strong>de</strong>stas duas experiências,participou ainda numafesta <strong>de</strong> aniversário, em que amaioria dos convidados se <strong>de</strong>dicavama estas práticas. “Promiscuida<strong>de</strong>”é a melhor forma<strong>de</strong> expressar a imagem com queficou. “Os casais eram capazes<strong>de</strong> estar com cinco ou seis pessoasdiferentes numa noite. E assituações evoluíam sempre parasexo em grupo e duravam a noitetoda.”ENCONTROS NA NETHabitualmente, tudo começana internet, on<strong>de</strong> existem sitescom bases <strong>de</strong> dados com elementoscomo a ida<strong>de</strong> ou as característicasfísicas dos swingers disponíveis.Ser casado ou viver emunião <strong>de</strong> facto são condiçõescomum a todos. A seguir à troca<strong>de</strong> e-mails, vêm os encontrose daí parte-se para as festas emcasas particulares ou em clubes,on<strong>de</strong> nem todos po<strong>de</strong>m entrar.“São uma espécie <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>ssecretas. A informação é passadaapenas por quem conheceo meio”, conta Maria. O sigilo é,aliás, um ponto <strong>de</strong> honra, já queesses locais são frequentados porpessoas influentes da classemédia/alta e alta, ligadas à políticaou ao mundo dos negócios.A prova disso é que a primeiravez que foi a um clube <strong>de</strong> swingse aperceberam logo que não erado meio e foi abordada por umhomem que lhe disse que a mulhera achava muito gira. “Quandohá alguém novo gostavam <strong>de</strong>experimentar.”Embora se retirasse antes <strong>de</strong>assistir a práticas <strong>de</strong> swing, Mariaprocurou obter pelo máximo <strong>de</strong>informação do namorado, que apretendia convencer que era tudo| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE |“muito sério e muito correcto”.Convicta <strong>de</strong> que uma relaçãoentre duas pessoas se <strong>de</strong>ve centrarno amor e não apenas nointeresse sexual, acabou por serecusar a voltar a frequentar esseslocais, on<strong>de</strong> chegou a ser criticadapor “não entrar no jogo”.Meses <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter terminadoa sua relação amorosa, Mariadiz que nunca imaginou que essesclubes e festas fossem frequentadaspor pessoas tão jovens,bonitas e bem arranjadas. “Quenecessida<strong>de</strong> têm?”, questiona.Apercebeu-se ainda <strong>de</strong> situaçõesem que as mulheres eram “forçadasa entrar no esquema” eque não conseguiram escon<strong>de</strong>ro seu <strong>de</strong>sconforto. “Possivelmente,aceitavam por o seu casamentonão estar bem.” ■Católicos, licenciados e intelectuaisConstituída por 162 indivíduoscom ida<strong>de</strong>s entre os 20 eos 65 anos, a amostra indica que81 são licenciados, 37 têm oensino secundário e 29 bacharelato.O número <strong>de</strong> pessoas commenos habilitações literárias é,portanto, pouco significativo.A maioria dos swingers exercemprofissões intelectuais, ligadasà investigação ou <strong>de</strong> direcção.De acordo com o estudo, osmate-swappers são mais velhosdo que os sexualmente fiéis,usam mais eficazmente fantasiassexuais, referem menos sentimentos<strong>de</strong> ciúme e têm duraçõesmaiores dos seuscasamentos actuais. A Sida (72por cento) e as doenças sexualmentetransmitidas (68.8 porcento) condicionam, contudo,o comportamento sexual dosinquiridos que aceitaram respon<strong>de</strong>ra esta pergunta, no quediz respeito à adopção <strong>de</strong> umcasamento aberto.ABO documento conclui aindaque a maioria <strong>de</strong>stas pessoassão favoráveis à liberalizaçãodo aborto (58 por cento), àsrelações sexuais pré-matrimoniais(88 por cento), ao uso dapornografia como estimulante(68 por cento) e consi<strong>de</strong>ram ahomossexualida<strong>de</strong> uma orientaçãosexual como outra qualquer(72 por cento). Apenas 46por cento é, contudo, favorávelao sexo explícito na televisão.■14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2006 | 5Visões diferentesHomens e mulheres encaram oadultério <strong>de</strong> forma diferente. Elesdão mais importância à infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>sexual, enquanto elas dãomais importância à infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>emocional. Uma coisa é certa: aprocura <strong>de</strong> outros parceiros sexuais<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser exclusiva dos homens.Rita, 42 anos, natural <strong>de</strong> Alcobaça,é disso exemplo. “Estoucasada há 12 anos, mas semprefui muito aberta a novos relacionamentos.O que me atrai é osexo, o risco e fugir da rotina.Utilizo a internet para conheceroutros homens, mais novos, e soumuito discreta, conta.Confrontada com os motivos quea levam a procurar outros homens,Rita diz que a relação que mantémcom o marido é boa, à excepçãodo capítulo sexual. “Encontromais satisfação quando estoucom outro homem.” Já teve experiênciassexuais com dois homensem simultâneo e com um casal.“Sei que não aprecia este tipo <strong>de</strong>fantasias. Para não o melindrar,optei por fazê-lo sem ele.”Enquanto Rita confessa ter tidoduas situações em que “o coraçãotambém esteve envolvido”,Pedro, 34 anos, <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, sublinhaque nunca estabeleceu qualquerrelação afectiva com asmulheres com quem teve relaçõesparalelas. “O que me leva atrair passa pelo fascínio pelasmulheres e querer ter mais experiências.Nunca pensei em manterum caso. Tudo não passa <strong>de</strong><strong>de</strong>sejo físico, misturado com orisco”, assegura.Apesar <strong>de</strong> procurar outras mulheres,Pedro diz que tem uma boarelação e continua a <strong>de</strong>sejar amãe dos seus dois filhos. Nãoescon<strong>de</strong>, porém, que por vezespõe a sua relação em causa. Talcomo o marido <strong>de</strong> Rosa, a mulher<strong>de</strong> Pedro também não mostraabertura a envolver outros parceirosna relação sexual. “Já estivemoscom outra mulher, paraver se gostava. Mas, como nãose sentiu muito à vonta<strong>de</strong>, nãorepetimos.”Em entrevista à revista NotíciasMagazine, o psiquiatra <strong>de</strong> CoimbraFrancisco Allen Gomes atribuio adultério ao ritmo <strong>de</strong> vidaque as pessoas têm actualmente,que lhes reserva pouco tempopara estarem juntas. “Como otempo investido é curto, a relaçãotem tendência a tornar-seaborrecida e isso, eventualmente,é alterado através do que énovo. Por exemplo, ele escolheoutra e ela escolhe outro.”Para Allen Gomes, a soluçãoestá no próprio casal, em queadmite que possa haver transgressão.“Essa transgressão écriar uma intimida<strong>de</strong> tal que aspessoas já não estão a respon<strong>de</strong>rao esteriótipo, mas a tentarintroduzir-se <strong>de</strong>ntro do outro,a tentar ultrapassar as <strong>de</strong>fesasque o outro tem, porque as <strong>de</strong>fesassão mútuas. A <strong>de</strong>fesa emrelação à fantasia existe <strong>de</strong> umlado e do outro. Ambos a reprimem”,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>. ■AB

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