14 | 14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2006 | SOCIEDADE | ENTREVISTA | JORNAL DE LEIRIA |Jerónimo <strong>de</strong> Sousa, secretário geral do PCP“Cresci sem relógio <strong>de</strong> pulso”Tem mãos <strong>de</strong> operário. Mas hoje, em vez <strong>de</strong> afinar máquinas, é “o partido dos trabalhadores” quepõe a funcionar. Cresceu sem relógio <strong>de</strong> pulso, a ver as horas pela Covina, a fábrica <strong>de</strong> vidro <strong>de</strong>Lúcio Tomé Feteira. Consi<strong>de</strong>ra-se um “português clássico”, apreciador <strong>de</strong> bacalhau e filhoses peloNatal, quadra em que adora distribuir presentes pelas criançasDAMIÃO LEONELQue comentários lhe merecea “cooperação estratégica”entre o Presi<strong>de</strong>nte da Repúblicae o primeiro-ministro?Confirma muitas das nossaspreocupações. Tendo em contaa política realizada por esteGoverno - uma política intrinsecamente<strong>de</strong> direita, contra osdireitos sociais e laborais -, naturalmenteteria que ter o acordoestratégico e a benção do actualPresi<strong>de</strong>nte da República. Istolevanta dificulda<strong>de</strong>s à direita,em especial ao PSD que gostaria<strong>de</strong> fazer a mesma políticaque o Governo <strong>de</strong> José Sócratesestá a executar, em especialno plano social e económico.Nesse sentido, a cooperaçãoestratégica que Cavaco Silva estáa <strong>de</strong>senvolver tem um significadomuito próprio: esmifrar oPS, pô-lo a fazer o que a direitanão teria condições <strong>de</strong> realizar,para <strong>de</strong>pois encontrar umaalternância <strong>de</strong> direita, não umaalternativa política. Cavaco Silvafoi primeiro-ministro durantemuitos anos. Tinha objectivospolíticos. Aquilo que está afazer na Presidência da Repúblicaé abençoar e aplaudir umapolítica que gostaria <strong>de</strong> ter levadoaté ao fim durante o seu consuladocomo primeiro-ministro.O combate à corrupção tambémpassa pelo reforço do orçamentoda Polícia Judiciáriacomo tem <strong>de</strong>fendido o PSD naAssembleia da República?O PCP também tem essa preocupação.Como diz o povo: semovos não se po<strong>de</strong>m fazer omoletes.Até po<strong>de</strong> haver intenção<strong>de</strong> combater a corrupção, masse não se dotar com meios própriosas instituições que combatemesse flagelo, naturalmentevamos ficar mais uma vez pelas<strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> intenções. As verbasnecessárias para a PolíciaJudiciária e para o MinistérioPúblico não têm expressão noorçamento. Ou seja, ouvimos osdiscursos do Presi<strong>de</strong>nte da Repúblicae do Governo <strong>de</strong> combateà corrupção, mas em vão procuramosno Orçamento para2007 as respectivas verbas quepossam correspon<strong>de</strong>r a esse mesmodiscurso. Corremos o risco<strong>de</strong> ficarmos, mais uma vez, comobo<strong>de</strong>s piedosos, sem combaterverda<strong>de</strong>iramente a corrupção,em especial a gran<strong>de</strong> corrupçãocomo é exigido a um estado<strong>de</strong>mocrático.O salário mínimo nacionalvai subir 17.1 euros em 2007e 114 euros até 2011. Esta actualizaçãorepresenta um crescimento<strong>de</strong> 30 por cento nos próximoscinco anos, valor quepo<strong>de</strong>rá situar-se acima da inflação.É suficiente para melhorara qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em Portugal?Tendo em conta os valoresverificados nos aumentos da inflaçãonos últimos anos, este aumentoainda fica aquém dos prejuízosacumulados. Este aumentosurgiu após o Governo ter afirmadoque as propostas da CGTPe do PCP eram uma utopia. Masacabou por ouvir as nossas propostas.O que aconteceu <strong>de</strong>monstraque vale a pena lutar. O Governoacabou por aumentar o saláriomínimo. Quero aqui <strong>de</strong>ixar umapreocupação: valorizando esteaumento, ainda insuficiente, esperoque o Governo não permita,a título <strong>de</strong> moeda <strong>de</strong> troca, queos patrões possam <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>spedircom mais facilida<strong>de</strong>, coma segurança social a pagar.O presi<strong>de</strong>nte da Confe<strong>de</strong>raçãoda Indústria Portuguesadiz que é muito possível quealgumas empresas venham afechar <strong>de</strong>vido ao aumento door<strong>de</strong>nado mínimo. Existe esserisco?É uma visão retrógada <strong>de</strong> quemcontinua a persistir nos baixossalários e a nivelar por baixo.Em Espanha, por exemplo, o saláriomínimo é praticamente odobro e as pequenas e médiasempresas pagam esse salário. Ogran<strong>de</strong> problema das pequenase médias empresas tem a ver coma política económica e energética.Hoje, o pequeno empresárioportuguês paga muito mais IVAe electricida<strong>de</strong> do que o seu congénereespanhol. É aqui que resi<strong>de</strong>mos problemas fundamentaisdo pequenos e médios empresáriose não no valor do saláriomínimo nacional.O semanário Sol, no passadodia 1, afirma que a razãodo PCP retirar o lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>putadaa Luísa Mesquita se <strong>de</strong>veà recusa da eleita comunistaem integrar uma lista apoiadapelo partido ao Sindicato<strong>de</strong> Professores da Gran<strong>de</strong> Lisboa.Os comunistas, acrescentao jornal, per<strong>de</strong>ram a eleiçãoe não perdoaram à <strong>de</strong>putadapor não ter correspondido àchamada. É verda<strong>de</strong>?Para um semanário que se querafirmar na socieda<strong>de</strong> portuguesa,argumentos <strong>de</strong>sses são poucosérios. Para o PCP o cargo <strong>de</strong><strong>de</strong>putado não é um emprego nemuma profissão, mas uma função,um cargo. Somos <strong>de</strong> facto diferentesdos outros partidos. Consi<strong>de</strong>ramosque os nossos <strong>de</strong>putadossão eleitos numa lista ecom base num programa. Nãohá nenhuma medida persecutória,nem qualquer sanção porrazões político-i<strong>de</strong>ológicas, massim um princípio que procuramosvalorizar muito: um compromissoe uma assinatura. Separa o Sol um compromisso euma assinatura não têm valor,consi<strong>de</strong>ramos que quem está erradoé esse semanário. O que fizemosfoi alterar as responsabilida<strong>de</strong>sda <strong>de</strong>putada Luísa Mesquita,sem abdicar <strong>de</strong>sse princípio fundamental.Devemos resgatar aquiloque <strong>de</strong> mais nobre tem a política:procurar servir e nãoservirmo-nos a nós próprios. Aética não po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>sligadada política. Os políticos, hoje,estão muito mal vistos em termosda opinião pública. As pes-O <strong>de</strong>putado operárioJerónimo <strong>de</strong> Sousa é secretário geral do PCP <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong>2004. Nasceu em Abril <strong>de</strong> 1947, em Santa Iria <strong>de</strong> Azóia, concelho <strong>de</strong>Loures. Antigo operário metalúrgico, com o 4º ano do curso industrial,a<strong>de</strong>riu ao PCP em 1974, na sequência da Revolução dos Cravos. Casado.Duas filhas. É membro da Comissão Política do PCP <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o XIVCongresso, em 1992. Iniciou a sua activida<strong>de</strong> juvenil contra a ditadurado Estado Novo como dirigente da Colectivida<strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> SantaIria, integrando diversos grupos <strong>de</strong> cultura e <strong>de</strong> teatro durante a década<strong>de</strong> 60, on<strong>de</strong> iniciou os seus contactos com o PCP.Entre 1969 e 1971cumpriu serviço militar no Regimento <strong>de</strong> Lanceiros 2 e na Guiné. Membrodo Sindicato dos Metalúrgicos <strong>de</strong> Lisboa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1972.Deputado àAssembleia Constituinte, exerceu sucessivos mandatos na Assembleia daRepública até 1993. Foi candidato à Presidência da República em 1996,mas acabou por <strong>de</strong>sistir a favor do candidato socialista, Jorge Sampaio,que acabou por sair vencedor do <strong>de</strong>safio contra Cavaco Silva. É <strong>de</strong>putadoà Assembleia da República <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002. ■
| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | ENTREVISTA |14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2006 | 15soas têm a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que ‘vão paralá’ para se servirem. Nós procuramosser diferentes. É claro quevalorizo a contribuição individual,mas discordo que estejamosna política como os que procuramapenas servir-se a sipróprios.Está a dizer que a <strong>de</strong>putadaLuísa Mesquita estava a servir-seda política?Reconheço que a camaradaLuísa Mesquita fez um bom trabalhoe reconheço-lhe qualida<strong>de</strong>s.O problema <strong>de</strong> fundo é saberse <strong>de</strong>svalorizamos o compromissoe se necessitamos ou não da renovaçãoda bancada do PCP. Sepensarmos que isto é um emprego,qualquer dia teríamos umabancada <strong>de</strong> senadores com umaida<strong>de</strong> muito respeitável, quandoo que precisamos é <strong>de</strong> jovens queexperimentem esta frente <strong>de</strong> trabalho.Assumindo este compromisso,também O<strong>de</strong>te Santos eAbílio Fernan<strong>de</strong>s vão permitirque dois jovens com 30 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> reforcem a nossa bancada.Não se trata <strong>de</strong> um problemapolítico, nem <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> reconhecimentopelo trabalhorealizado.Durante as jornadas parlamentaresdo PCP, que terminaramno passado dia 6, osenhor acusou o Governo <strong>de</strong>estar ao serviço <strong>de</strong> “interessesinstalados”, como compromisso <strong>de</strong> <strong>de</strong>struiro Serviço Nacional<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Quer explicar?Um alto responsável doGrupo Mello disse que asaú<strong>de</strong> era um gran<strong>de</strong> mercado.Toda a estratégia do Governo -em relação às parcerias públicase privadas, à construção <strong>de</strong> novoshospitais, à falta <strong>de</strong> meios e <strong>de</strong>financiamento, à falta <strong>de</strong> profissionais,ao encerramento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – vai no sentido<strong>de</strong> transformar o serviço nacional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> público num serviçopago. Tudo isto porque a saú<strong>de</strong>,segundo a visão do gran<strong>de</strong>capital, é um excelente negócio,em que haverá sempre clientesque pagam. Deixo esta reflexão:por que razão o Grupo Melloabandonou a Lisnave, a CUF eoutras gran<strong>de</strong>s empresas para se<strong>de</strong>dicar ao mercado da saú<strong>de</strong>?Porque chegou à conclusão queé muito mais rentável. Só queisso coli<strong>de</strong> com a Constituição.Com esta política, os portuguesesvão assistir à <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>mais uma conquista <strong>de</strong> Abril.Investigações levadas a cabopor uma comissão do ParlamentoEuropeu - <strong>de</strong> acordocom o relatório entretanto feito- permitiram <strong>de</strong>tectar as passagens<strong>de</strong> 91 voos da CIA porsete aeroportos nacionais, algunsdos quais tinham como origemou <strong>de</strong>stino a base norte-americana<strong>de</strong> Guantánamo. Quala posição do PCP sobre esteassunto?É uma posição muito crítica.Há duas questões a sublinhar:trata-se da <strong>de</strong>fesa da soberanianacional e <strong>de</strong> um direito humanitário.Como é possível que onosso território sirva <strong>de</strong> escala aaviões que carregam homens quevão para Guantánamo sem julgamentoe sem direito à justiçainternacional, sujeitos às torturasmais violentas? Como é quePortugal, um dos primeiros paísesa abolir a pena <strong>de</strong> morte, po<strong>de</strong>permitir que a CIA faça isso? Ocombate a esta situação não éuma luta só dos comunistas, mas<strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mocratas.Classifica a Coreia do Nortecomo um país com um regime<strong>de</strong>mocrático?Não é assim. São conhecidasas nossas diferenças em relaçãoao mo<strong>de</strong>lo, à estrutura e ao funcionamentodo partido na Coreiado Norte. Somos claros em afirmaressas diferenças. Em Portugalnão faremos assim <strong>de</strong> certeza.Mas isso não invalida a nossasolidarieda<strong>de</strong> por aquele povoque continua a ser cercado peloimperialismo norte-americano.Defen<strong>de</strong>mos uma solução políticae negociada que permita aopovo norte-coreano ser dono doseu próprio futuro.Como vai passar o Natal?Sou muito tradicional. Vou passaro Natal com a companheira,as filhas e com os respectivos genrose netos. Sou um portuguêsnormal e clássico que gosta <strong>de</strong>participar numa festa com bacalhaue filhoses e com presentespara as crianças que é o momentomais bonito do Natal. ■Damião Leonel“A vida vai ficar pior no distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>”Saúl Fragata, dirigente doPCP na Marinha Gran<strong>de</strong>, dizque o vai convidar, assim comoà sua companheira, a comerum peixinho fresco, na sua casana Praia da Vieira, em frenteao mar. Vai aceitar o convite?Claro que sim. Não é uma <strong>de</strong>slocaçãooriginal, pois já conheçoaquele cantinho, não paracomer peixe fresco, mas umaespecialida<strong>de</strong> da Praia da Vieira,o carapau seco, um petiscomuito gostoso, com uma boasalada e batatas. Eu, que já estiveem almoços e jantares comreis, rainhas e presi<strong>de</strong>ntes, nãotrocava aquele acepipe pelos banquetes<strong>de</strong> gala. É uma questão<strong>de</strong> agenda para voltar à Praia daVieira, um local cheio <strong>de</strong> tradições,tanto no plano pesqueirocomo no plano operário. Foi nafábrica Tomé Feteira que viviuma das experiências mais exaltantesenquanto jovem membrodo Sindicato dos Metalúrgicos.Aconteceu antes do 25 <strong>de</strong> Abril,num gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>nacional para com trabalhadoresdaquela empresa.Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ex-operáriometalúrgico, conhecedor darealida<strong>de</strong> laboral da cinturaindustrial <strong>de</strong> Lisboa, sempreque se <strong>de</strong>sloca à Marinha Gran<strong>de</strong>sente algo <strong>de</strong> especial poraquele concelho?É evi<strong>de</strong>nte que sim. Nasci nafreguesia <strong>de</strong> Santa Iria da Azóia,on<strong>de</strong> se situa a antiga Covina,DAMIÃO LEONEL“Aquilo que(Cavaco Silva)está a fazer naPresidência daRepública éabençoar e aplaudiruma política quegostaria <strong>de</strong> terlevado até ao fimdurante o seuconsulado comoprimeiro-ministro”gran<strong>de</strong> empresa vidreira que chegoua ter mais <strong>de</strong> mil operários,muitos dos quais oriundos daMarinha Gran<strong>de</strong>. Recordo-medas lutas que realizaram antesdo 25 <strong>de</strong> Abril. Cresci sem relógio<strong>de</strong> pulso, porque a vida nãopermitia. O nosso relógio era asirene da Covina que nos momentosda entrada, da hora <strong>de</strong> almoçoe da saída, nos dizia as horas.Muito da minha cultura e daminha consciência foi aprendidacom os operários vidreiros daCovina. Eis uma razão afectivaque resulta da minha activida<strong>de</strong>e do sítio on<strong>de</strong> nasci.Quais as suas perspectivaspara o distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> tendoem conta o Orçamento do Estado(OE) para 2007?Lendo o OE para 2007, vaiser um distrito mais martirizado,que vai ficar mais pobre,com especial incidência nos concelhosdo Norte. Mesmo no planodo ensino superior, o InstitutoPolitécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> vaisofrer com os cortes previstospara a Educação, além do adiamento<strong>de</strong> alguns projectos quepo<strong>de</strong>riam contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimentodo distrito. Uma leiturafria do OE para 2007 diz--me que a vida vai ficar pior nodistrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. ■DLPerguntas dos outrosRogério Raimundo, vereador daCDU na Câmara <strong>de</strong> AlcobaçaVê alguma relação entre oslucros da banca e a crise económicapor que passa o País?É uma contradição insanável.Toda a gente se recordará dosapelos permanentes do primeiro-ministroaos sacrifícios <strong>de</strong>todos os portugueses, tendo emconta a situação económica eo combate ao défice das contaspúblicas. Sublinho todos osportugueses para <strong>de</strong>pois relevaresta contradição: nunca abanca e os gran<strong>de</strong> grupos económicostiveram tantos lucroscomo agora. Como é sabido,em termos estatísticos, a bancaé quem mais consegue lucros aonível da União Europeia. Comoé possível haver uma ofensivatão gran<strong>de</strong> em relação aos salários,ao direito à saú<strong>de</strong> e à segurançasocial, com o custo <strong>de</strong> vidaa aumentar, com os bancos e osgran<strong>de</strong>s grupos económicos ausufruírem lucros fabulosos? Istotem a ver com a política fiscal.O combate ao privilégio e umamaior repartição da riqueza nacionalnão fazem parte da política<strong>de</strong>ste Governo. Há <strong>de</strong> facto umapolítica classista. Como é admissívelque um banco, que auferegran<strong>de</strong>s lucros, pague menosimpostos que um pequeno oumédio empresário? Também nãose compreen<strong>de</strong> que o Governobaixe o valor da reforma e aumenteo tempo <strong>de</strong> trabalho sem convocaros bancos e os gran<strong>de</strong>sgrupos económicos para comparticiparemno reforço da sustentabilida<strong>de</strong>da segurança social.Não nos calaremos. Vamos continuara <strong>de</strong>nunciar este tipo <strong>de</strong>situações. Há um pequeno número<strong>de</strong> pessoas que junta fortunas,enquanto os pequenos emédios empresários continuamcom a corda na garganta e ostrabalhadores cada vez mais penalizadosnos seus direitos. A política<strong>de</strong>ste Governo não serve opovo nem o País.Helena Carvalhão, professoraaposentada, <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>Há cada vez mais presi<strong>de</strong>nteseleitos no continente americanocontra as políticas neo--liberais <strong>de</strong> George Bush. Sinaisdos tempos?Hoje, na América Latina, viveseuma dinâmica <strong>de</strong> esquerda,<strong>de</strong> afirmação da soberania nacional.Brasil, Equador, Uruguai,Bolívia, Venezuela, Nicarágua,entre outros países do continenteamericano, apresentamesse dado novo na cena da políticainternacional: a afirmaçãoda soberania dos povos contrao imperialismo. Isto leva a outrareflexão: em relação ao Iraquemuita gente dizia que os EUAchegavam ali ocupavam o territórioe venciam a guerra semcontar com a resistência dospovos. Ao contrário do que asclasses dominantes pensam, sãosempre os povos a <strong>de</strong>cidir o seupróprio <strong>de</strong>stino. ■