Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITAegípcios, quer simplesmente, enfim, por uma forte contençãomoral, de que já citamos mais de um exemplo, o indivíduo cai nessapassividade automática que constitui o sono nervoso. Perdeu a forçade dirigir e controlar a própria vontade e está sob o império de umavontade estranha. Apresentem-lhe um copo de água, afirmando,com autoridade, que é deliciosa bebida, e ele bebe julgando tomarvinho, licor ou leite, conforme a vontade daquele que se apoderoufortemente de seu ser. Privado assim do auxílio de seu própriojuízo, o indivíduo fica quase estranho às ações que executa e, umavez voltando ao seu estado natural, perdeu a lembrança dos atosque realizou durante essa estranha e momentânea abdicação do seueu. Está sob a influência de sugestões, isto é, aceita sem poder repelila,uma idéia fixa que lhe é imposta por uma vontade exterior, agee é forçado a agir sem idéia e sem vontade própria,conseguintemente, sem consciência. Este sistema levanta umagrave questão de psicologia, porquanto, assim influenciado, ohomem perdeu o livre-arbítrio e não tem mais responsabilidadepelas ações que executa. Age determinado por imagens intrusasque lhe obsidiam o cérebro, análogas a essas visões que Cuviersupõe fixadas no sensorium da abelha, e que lhe representam aforma e as proporções da célula que o instinto a leva a construir. Oprincípio das sugestões explica perfeitamente os fenômenos, tãovariados e por vezes tão terríveis, das alucinações, mostrando, aomesmo tempo, o pequeno intervalo que separa o alucinado domonômano. Não é de admirar que, num grande número degiradores de mesas, a alucinação sobreviva à experiência e setransforme em loucura definitiva.“Esse princípio das sugestões, sob a influência do sononervoso, parece-nos fornecer a explicação do fenômeno da rotaçãodas mesas, tomado na sua maior simplicidade. Consideremos o quese passa numa corrente de pessoas que se entregam a umaexperiência desse gênero. Tais pessoas estão atentas, preocupadas,fortemente emocionadas com a espera do fenômeno que se deveproduzir. Uma grande atenção, um recolhimento completo de542

D EZEMBRO DE 1860espírito lhes é recomendado. À medida que a espera se prolonga ea contenção moral fica muito tempo entretida pelosexperimentadores, seu cérebro se fatiga cada vez mais e as idéiassofrem uma ligeira perturbação. Quando assistimos, durante oinverno do ano de 1860, às experiências realizadas em Paris pelo Sr.Philips; quando vimos as dez ou doze pessoas às quais ele confiavaum disco metálico, com a injunção de olhar fixamente eunicamente esse disco, colocado na palma da mão durante cerca demeia hora, não pudemos deixar de ver nessas condiçõesreconhecidas indispensáveis para a manifestação do estadohipnótico, a imagem fiel do estado em que se encontram as pessoasque, em silêncio, formam a corrente, com vistas a obter a rotaçãoda mesa. Num e noutro caso, há uma forte contenção de espírito,uma idéia perseguida exclusivamente durante um tempoconsiderável. O cérebro humano não pode resistir por muitotempo a essa tensão excessiva, a esse acúmulo anormal do influxonervoso. Das dez ou doze pessoas que se entregaram a essaoperação, a maioria abandona a experiência, forçadas a renunciarpela fadiga nervosa que experimentam. Somente algumas, uma ouduas, que perseveram, são presas do estado hipnótico ou biológico,dando lugar, então, aos diversos fenômenos que examinamos nocurso desta obra, ao falarmos do hipnotismo e do estado biológico.“Nessa reunião de pessoas fixamente ligadas, durantevinte minutos ou meia hora, a formar a corrente, com as mãosespalmadas sobre a mesa, sem liberdade de distrair, nem sequer porum instante, a atenção da operação em que tomam parte, a maiorianão experimenta nenhum efeito particular. Mas é muito difícil queuma delas, uma só que seja, não venha a cair, ainda que por ummomento, no estado hipnótico ou biológico. Talvez esse estadonão precise durar mais que um segundo para que se realize ofenômeno esperado. Caindo nessa espécie de sono nervoso, nãotendo mais consciência de seus atos e sem outro pensamento quenão seja a idéia fixa da rotação da mesa, o membro da correnteimprime inconscientemente o movimento ao móvel. Ele pode,543

D EZEMBRO DE <strong>1860</strong>espírito lhes é recomendado. À medida que a espera se prolonga ea contenção moral fica muito tempo entretida pelosexperimentadores, seu cérebro se fatiga cada vez mais e as idéiassofrem uma ligeira perturbação. Quando assistimos, durante oinverno do ano de <strong>1860</strong>, às experiências realizadas em Paris pelo Sr.Philips; quando vimos as dez ou doze pessoas às quais ele confiavaum disco metálico, com a injunção de olhar fixamente eunicamente esse disco, colocado na palma da mão durante cerca demeia hora, não pudemos deixar de ver nessas condiçõesreconhecidas indispensáveis para a manifestação do estadohipnótico, a imagem fiel do estado em que se encontram as pessoasque, em silêncio, formam a corrente, com vistas a obter a rotaçãoda mesa. Num e noutro caso, há uma forte contenção de espírito,uma idéia perseguida exclusivamente durante um tempoconsiderável. O cérebro humano não pode resistir por muitotempo a essa tensão excessiva, a esse acúmulo anormal do influxonervoso. Das dez ou doze pessoas que se entregaram a essaoperação, a maioria abandona a experiência, forçadas a renunciarpela fadiga nervosa que experimentam. Somente algumas, uma ouduas, que perseveram, são presas do estado hipnótico ou biológico,dando lugar, então, aos diversos fenômenos que examinamos nocurso desta obra, ao falarmos do hipnotismo e do estado biológico.“Nessa reunião de pessoas fixamente ligadas, durantevinte minutos ou meia hora, a formar a corrente, com as mãosespalmadas sobre a mesa, sem liberdade de distrair, nem sequer porum instante, a atenção da operação em que tomam parte, a maiorianão experimenta nenhum efeito particular. Mas é muito difícil queuma delas, uma só que seja, não venha a cair, ainda que por ummomento, no estado hipnótico ou biológico. Talvez esse estadonão precise durar mais que um segundo para que se realize ofenômeno esperado. Caindo nessa espécie de sono nervoso, nãotendo mais consciência de seus atos e sem outro pensamento quenão seja a idéia fixa da rotação da mesa, o membro da correnteimprime inconscientemente o movimento ao móvel. Ele pode,543

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