Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITAque a cada passo é contraditada por fatos que não pode explicar eque o autor silencia por uma razão muito simples: é que não osconhece. Ele nada viu ou pouco viu por si mesmo; numa palavra,nada aprofundou de visu, com a sagacidade, a paciência e aindependência das idéias do observador consciencioso; contentousecom relatos mais ou menos fantásticos, encontrados em certasobras que não primam pela imparcialidade. Não leva emconsideração os progressos que a ciência fez desde alguns anos; elea toma em seu começo, quando marchava tateante e cada um traziauma opinião incerta e prematura, estando longe de conhecer todosos fatos; absolutamente como se quisesses julgar a química de hojepelo que era ao tempo de Nicolas Flamel. Em nossa opinião, e pormais sábio seja o Sr. Figuier falta-lhe a primeira qualidade que seexige de um crítico: a de conhecer a fundo aquilo de que fala,condição ainda mais necessária quando se quer explicá-lo.Não o acompanharemos em todos os seus raciocínios.Preferimos indicar a sua obra, que todo espírita pode ler sem omenor perigo para as suas convicções; só citaremos a passagem naqual ele explica sua teoria das mesas girantes, que resume mais oumenos a de todos os outros fenômenos.“Vem a seguir a teoria que explica os movimentosdas mesas pelos Espíritos. Se a mesa girar após um quarto dehora de recolhimento e de atenção por parte dos experimentadores,é, dizem, que os Espíritos, bons ou maus, anjos ou demônios,entraram na mesa e a fizeram oscilar. Espera o leitor quediscutamos tal hipótese? Não pensamos fazê-lo. Seempreendêssemos provar, com grandes reforços de argumentoslógicos, que o diabo não entra nos móveis para os fazer dançar,precisaríamos também demonstrar que não são os Espíritos que,introduzidos em nosso corpo, nos fazem agir, falar, sentir, etc. 4554045 Não são os Espíritos que nos fazem agir e pensar, mas um Espíritoque é a nossa alma. Negar esse Espírito é negar a alma; negar a almaé proclamar o materialismo puro. O Sr. Figuier parece pensar que,como ele, ninguém crê possuir uma alma imortal, ou que ele crê sertodo o mundo.

D EZEMBRO DE 1860Todos esses fatos são da mesma ordem, e aquele que admite aintervenção do demônio para girar uma mesa deve recorrer àmesma influência sobrenatural para explicar os atos, que sóocorrem em virtude de nossa vontade e com auxílio de nossosórgãos. Ninguém jamais quis atribuir seriamente os efeitos da vontadesobre os nossos órgãos, por mais misteriosa que seja a essênciadesse fenômeno, a ação de um anjo ou de um demônio. É,entretanto, a essa conseqüência que são levados os que queremvincular a rotação das mesas a uma causa sobre-humana.“Digamos, para terminar esta breve discussão, que arazão proíbe recorrer a uma causa sobrenatural em todas assituações em que uma causa natural pode bastar. Poderíamosinvocar uma causa natural, normal, fisiológica, para explicar omovimento das mesas? Esta é a questão.“Eis, pois, chegado o momento de expor o que nosparece dar conta do fenômeno estudado nesta última parte denosso livro.“A explicação do fato das mesas girantes, consideradana sua maior simplicidade, parece-nos ser fornecida por essesfenômenos cujo nome até aqui variou muito, mas cuja natureza, nofundo, é idêntica, haja vista que, seguidamente, foi chamadahipnotismo com o Dr. Braid, biologismo com o Sr. Philips, sugestãocom o Sr. Carpenter. Lembramos que, em conseqüência da fortetensão cerebral resultante da contemplação de um objeto imóvel,mantido por muito tempo, o cérebro cai num estado particular querecebeu, sucessivamente, os nomes de estado magnético, sono nervosoe estado biológico, nomes diferentes que designam certas variantesparticulares de um estado geralmente idêntico.“Uma vez chegado a esse estado, quer pelos passes deum magnetizador, como se faz desde Mesmer, quer pelacontemplação de um corpo brilhante, como operava Braid, imitadodepois pelo Sr. Philips, e como operam ainda os feiticeiros árabes e541

REVISTA ESPÍRITAque a cada passo é contraditada por fatos que não pode explicar eque o autor silencia por uma razão muito simples: é que não osconhece. Ele nada viu ou pouco viu por si mesmo; numa palavra,nada aprofundou de visu, com a sagacidade, a paciência e aindependência das idéias do observador consciencioso; contentousecom relatos mais ou menos fantásticos, encontrados em certasobras que não primam pela imparcialidade. Não leva emconsideração os progressos que a ciência fez desde alguns anos; elea toma em seu começo, quando marchava tateante e cada um traziauma opinião incerta e prematura, estando longe de conhecer todosos fatos; absolutamente como se quisesses julgar a química de hojepelo que era ao tempo de Nicolas Flamel. Em nossa opinião, e pormais sábio seja o Sr. Figuier falta-lhe a primeira qualidade que seexige de um crítico: a de conhecer a fundo aquilo de que fala,condição ainda mais necessária quando se quer explicá-lo.Não o acompanharemos em todos os seus raciocínios.Preferimos indicar a sua obra, que todo espírita pode ler sem omenor perigo para as suas convicções; só citaremos a passagem naqual ele explica sua teoria das mesas girantes, que resume mais oumenos a de todos os outros fenômenos.“Vem a seguir a teoria que explica os movimentosdas mesas pelos Espíritos. Se a mesa girar após um quarto dehora de recolhimento e de atenção por parte dos experimentadores,é, dizem, que os Espíritos, bons ou maus, anjos ou demônios,entraram na mesa e a fizeram oscilar. Espera o leitor quediscutamos tal hipótese? Não pensamos fazê-lo. Seempreendêssemos provar, com grandes reforços de argumentoslógicos, que o diabo não entra nos móveis para os fazer dançar,precisaríamos também demonstrar que não são os Espíritos que,introduzidos em nosso corpo, nos fazem agir, falar, sentir, etc. 4554045 Não são os Espíritos que nos fazem agir e pensar, mas um Espíritoque é a nossa alma. Negar esse Espírito é negar a alma; negar a almaé proclamar o materialismo puro. O Sr. Figuier parece pensar que,como ele, ninguém crê possuir uma alma imortal, ou que ele crê sertodo o mundo.

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