Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITA“Não obstante esses grandes acontecimentos, aindaignoravam quem era a serva do Senhor que tinha evangelizadoesses povos, e nutria-se uma santa curiosidade e piedosaimpaciência por conhecê-la. Sobretudo o Padre Alonzo deBenavides, que era o superior dos missionários franciscanos noNovo México, queria romper o véu misterioso que aindacobria o nome dessa mulher-apóstolo, aspirando a voltarmomentaneamente à Espanha para descobrir o retiro dessareligiosa desconhecida, que havia cooperado prodigiosamente paraa salvação de tantas almas. Em 1630 pôde, enfim, embarcar para aEspanha, e se dirigiu diretamente a Madrid, onde então seencontrava o Geral de sua ordem. Benavides lhe deu a conhecer oobjetivo que se havia proposto ao empreender sua viagem àEuropa. O Geral conhecia Maria de Jesus Agreda e, conforme odever de seu cargo, tivera de examinar a fundo o íntimo dessareligiosa. Conhecia, pois, a sua santidade, tão bem quanto asublimidade dos caminhos em que Deus a havia posto. Veio-lhelogo o pensamento de que essa mulher privilegiada bem podia sera mulher-apóstolo de que lhe falava o Padre Benavides, a quemcomunicou suas impressões. Deu-lhe credenciais, pelas quais oconstituía seu comissário, com ordem a Maria de Agreda pararesponder com toda simplicidade às perguntas que ele julgasse porbem dirigir-lhe. Com tais despachos, o missionário partiu paraAgreda.“A humilde irmã se viu, assim, obrigada a revelar aomissionário tudo quanto sabia com referência ao objeto de suamissão junto a ela. Confusa, e ao mesmo tempo dócil, relatou aBenavides tudo quanto lhe tinha acontecido em seus êxtases,acrescentando com franqueza que ignorava completamente omodo pelo qual sua ação tinha podido exercer-se a tão grandedistância. Benavides também interrogou a irmã sobre asparticularidades dos lugares que tantas vezes deveria ter visitado epercebeu que ela estava muito bem informada sobre tudo o que serelacionava com o Novo México e os seus habitantes. Ela lhe522

NOVEMBRO DE 1860expôs, nos mínimos detalhes, a topografia dessas regiões e lhasdesvendou servindo-se mesmo dos nomes próprios, como o teriafeito um viajante depois de vários anos passados nessas regiões.Acrescentou até que tinha visto Benavides e seus religiosos váriasvezes, indicando os lugares, os dias, as horas, as circunstâncias, efornecendo detalhes especiais sobre cada um dos missionários.“Compreende-se facilmente o alívio de Benavides porter, finalmente, descoberto a alma privilegiada de que Deus se tinhaservido para exercer sua ação miraculosa sobre os habitantes doNovo México.“Antes de deixar a cidade de Agreda, Benavides quisredigir uma declaração de tudo quanto havia constatado, quer naAmérica, quer em Agreda, nas suas conversas com a serva de Deus.Nessa peça exprimiu sua convicção pessoal no tocante à maneirapela qual a ação de Maria de Jesus se fizera sentir nos índios.Inclinava-se a crer que tal ação tinha sido material. Sobre o assuntoa humilde religiosa sempre guardou uma grande reserva. Apesardos incontáveis indícios que levaram Benavides a concluir pelo que,antes dele, já havia concluído o confessor da serva de Deus,indícios que pareciam acusar uma mudança corporal de lugar,Maria de Agreda sempre persistiu em crer que tudo se passava emEspírito. Na sua humildade, era fortemente tentada a pensar que ofenômeno não passasse de mera alucinação, embora, de sua parte,inocente e involuntário. Mas o seu diretor, que conhecia o fundodas coisas, pensava que a religiosa fosse transportadacorporalmente, em seus êxtases, aos locais de seus trabalhosevangélicos. Apoiava sua opinião na impressão física que amudança de clima provocara em Maria de Agreda, na longa série deseus trabalhos entre os índios, e na opinião de várias pessoasdoutas, que ele consultara em grande segredo. Seja como for, o fatopermanece sempre como um dos mais maravilhosos de que se temfalado nos anais dos santos, e é muito apropriado para dar umaidéia verdadeira, não só das comunicações divinas que recebia523

NOVEMBRO DE <strong>1860</strong>expôs, nos mínimos detalhes, a topografia dessas regiões e lhasdesvendou servindo-se mesmo dos nomes próprios, como o teriafeito um viajante depois de vários anos passados nessas regiões.Acrescentou até que tinha visto Benavides e seus religiosos váriasvezes, indicando os lugares, os dias, as horas, as circunstâncias, efornecendo detalhes especiais sobre cada um dos missionários.“Compreende-se facilmente o alívio de Benavides porter, finalmente, descoberto a alma privilegiada de que Deus se tinhaservido para exercer sua ação miraculosa sobre os habitantes doNovo México.“Antes de deixar a cidade de Agreda, Benavides quisredigir uma declaração de tudo quanto havia constatado, quer naAmérica, quer em Agreda, nas suas conversas com a serva de Deus.Nessa peça exprimiu sua convicção pessoal no tocante à maneirapela qual a ação de Maria de Jesus se fizera sentir nos índios.Inclinava-se a crer que tal ação tinha sido material. Sobre o assuntoa humilde religiosa sempre guardou uma grande reserva. Apesardos incontáveis indícios que levaram Benavides a concluir pelo que,antes dele, já havia concluído o confessor da serva de Deus,indícios que pareciam acusar uma mudança corporal de lugar,Maria de Agreda sempre persistiu em crer que tudo se passava emEspírito. Na sua humildade, era fortemente tentada a pensar que ofenômeno não passasse de mera alucinação, embora, de sua parte,inocente e involuntário. Mas o seu diretor, que conhecia o fundodas coisas, pensava que a religiosa fosse transportadacorporalmente, em seus êxtases, aos locais de seus trabalhosevangélicos. Apoiava sua opinião na impressão física que amudança de clima provocara em Maria de Agreda, na longa série deseus trabalhos entre os índios, e na opinião de várias pessoasdoutas, que ele consultara em grande segredo. Seja como for, o fatopermanece sempre como um dos mais maravilhosos de que se temfalado nos anais dos santos, e é muito apropriado para dar umaidéia verdadeira, não só das comunicações divinas que recebia523

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