Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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12.07.2015 Views

REVISTA ESPÍRITAcoisa jamais sereis enganados: é naquilo que diz respeito aomelhoramento moral dos homens; aí está a verdadeira missão dosEspíritos bons. Mas não penseis que eles tenham o poder de vosdescobrir qual é o segredo de Deus; sobretudo não acrediteis queeles estejam encarregados de vos facilitar o áspero caminho daCiência, uma vez que esta não é adquirida senão à custa de trabalhoe pesquisas assíduas. Quando chegar o momento de revelar umadescoberta útil à Humanidade, procuraremos o homem capaz deconduzi-la a bom termo; inspirar-lhe-emos a idéia de se ocuparcom ela e lhe deixamos todo o mérito. Mas, onde estaria o trabalhoe o mérito, se lhe bastasse pedir aos Espíritos o meio de adquirir,sem esforço, ciência, honras e riquezas? Sede, pois, prudentes, enão enveredeis por um caminho onde só teríeis decepções e queem nada contribuiria para o vosso adiantamento. Os que nele sedeixarem arrastar reconhecerão, um dia, quanto estavamenganados, e lamentarão por não haverem empregado melhor otempo.”Tal é o resumo das instruções que tantas vezes osEspíritos têm dado, a nós e à Sociedade. Por experiência,chegamos, mesmo, a lhes reconhecer a sabedoria. Eis por que ascomunicações relativas às pesquisas científicas só têm para nós umaimportância secundária. Não as repelimos; acolhemos tudo quantonos é transmitido, porque em tudo há alguma coisa a aprender; masnão o aceitamos senão sob a condição de o verificar previamente,guardando-nos de lhe emprestar uma fé cega e irrefletida:observamos e esperamos. O Sr. Jobard, que é um homem positivoe de grande bom-senso, compreenderá melhor que ninguém queesta é a melhor maneira para nos preservarmos do perigo dasutopias. Certamente não seremos nós os acusados de querer ficarna retaguarda, mas queremos evitar pisar em falso e tudo quantopudesse comprometer o crédito do Espiritismo, dandoprematuramente como verdades incontestáveis o que é aindahipotético.422

S ETEMBRO DE 1860Pensamos que estas observações serão igualmenteapreciadas por outras pessoas que, por certo, compreenderão oinconveniente de antecipar o momento para certas publicações. Aexperiência lhes mostrará a necessidade de nem sempre levarem emconsideração a impaciência de certos Espíritos. Os Espíritosverdadeiramente superiores – e não nos referimos aos que se dãopor tais – são muito prudentes, virtude que constitui um doscaracteres pelos quais podemos reconhecê-los.Dissertações EspíritasRecebidas ou lidas na Sociedade por diversos médiunsDEVANEIOVou contar-te uma história do outro mundo, onde meencontro. Imagina um céu azul, um mar calmo e verde, rochedosbizarramente talhados; nenhuma vegetação, a não ser os pálidosliquens agarrados às fendas das pedras. Eis a paisagem. Comosimples romancista, não posso comprazer-me em te dar maisdetalhes. Para povoar este mar, estes rochedos, só se achava umpoeta, sentado, sonhando, refletindo em sua alma, como numespelho, a suave beleza da Natureza, que não falava menos aocoração do que aos olhos. Este poeta, este sonhador, era eu. Onde?Quando se passa a minha história? Que importa!Assim eu escutava, olhava, comovido e trespassadopelo encanto impenetrável da grande solidão. De repente vi surgiruma mulher, de pé, no penacho do rochedo. Era alta, morena epálida. Os longos cabelos negros flutuavam sobre o vestido branco.Olhava direto em frente, com estranha firmeza. Eu me havialevantado, extasiado de admiração, porque aquela mulher,florescendo de repente no rochedo, parecia o próprio devaneio, odivino devaneio, que tantas vezes eu havia evocado com singularenlevo. Aproximei-me. Sem se mover, estendeu o braço nu e423

S ETEMBRO DE <strong>1860</strong>Pensamos que estas observações serão igualmenteapreciadas por outras pessoas que, por certo, compreenderão oinconveniente de antecipar o momento para certas publicações. Aexperiência lhes mostrará a necessidade de nem sempre levarem emconsideração a impaciência de certos Espíritos. Os Espíritosverdadeiramente superiores – e não nos referimos aos que se dãopor tais – são muito prudentes, virtude que constitui um doscaracteres pelos quais podemos reconhecê-los.Dissertações EspíritasRecebidas ou lidas na Sociedade por diversos médiunsDEVANEIOVou contar-te uma história do outro mundo, onde meencontro. Imagina um céu azul, um mar calmo e verde, rochedosbizarramente talhados; nenhuma vegetação, a não ser os pálidosliquens agarrados às fendas das pedras. Eis a paisagem. Comosimples romancista, não posso comprazer-me em te dar maisdetalhes. Para povoar este mar, estes rochedos, só se achava umpoeta, sentado, sonhando, refletindo em sua alma, como numespelho, a suave beleza da Natureza, que não falava menos aocoração do que aos olhos. Este poeta, este sonhador, era eu. Onde?Quando se passa a minha história? Que importa!Assim eu escutava, olhava, comovido e trespassadopelo encanto impenetrável da grande solidão. De repente vi surgiruma mulher, de pé, no penacho do rochedo. Era alta, morena epálida. Os longos cabelos negros flutuavam sobre o vestido branco.Olhava direto em frente, com estranha firmeza. Eu me havialevantado, extasiado de admiração, porque aquela mulher,florescendo de repente no rochedo, parecia o próprio devaneio, odivino devaneio, que tantas vezes eu havia evocado com singularenlevo. Aproximei-me. Sem se mover, estendeu o braço nu e423

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