Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITA8 o O Espiritismo não pode considerar crítico sério,senão aquele que tudo tenha visto, estudado e aprofundado com apaciência e a perseverança de um observador consciencioso; quedo assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja,por conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nosromances da ciência; aquele a quem não se possa opor fato algumque lhe seja desconhecido, nenhum argumento de que já não tenhacogitado e cuja refutação faça, não por mera negação, mas por meiode outros argumentos mais peremptórios; aquele, finalmente, quepossa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do que aque lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer.Nem é preciso dizer que os críticos do maravilhoso,com mais forte razão, relegam os milagres para o âmbito dasquimeras da imaginação. Algumas palavras a respeito, emboracolhidas de um artigo precedente, encontram aqui seu lugar natural,e não será inútil lembrá-las: 31Na sua acepção primitiva, e por sua etimologia, apalavra milagre significa coisa extraordinária, coisa admirável de ver.Mas, como tantas outras, esta palavra perdeu o sentido original ehoje se diz, segundo a Academia, de um ato do poder divino contrárioàs leis comuns da Natureza. Tal, com efeito, a acepção vulgar, demodo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica àscoisas vulgares que nos surpreendem, e cuja causa é desconhecida.Não entra de modo algum em nossas cogitações se Deus poderiajulgar útil, em certas circunstâncias, derrogar leis por ele mesmoestabelecidas. Nosso objetivo é apenas demonstrar que osfenômenos espíritas, por mais extraordinários que sejam, nãoderrogam absolutamente essas leis, não têm nenhum carátermiraculoso, como não são maravilhosos ou sobrenaturais. Omilagre não se explica; os fenômenos espíritas, ao contrário,explicam-se da maneira mais racional. Não são, pois, milagres, mas40231 N. do T.: Com algumas modificações, Allan Kardec inseriu partedeste texto no capítulo XIII de A Gênese, derradeiro livro daCodificação Espírita, publicado em 1868. (Características dos Milagres).

S ETEMBRO DE 1860simples efeitos que têm sua razão de ser nas leis gerais. Outrocaráter do milagre é o ser insólito, isolado. Ora, logo que umfenômeno se reproduz, por assim dizer, à vontade e por diversaspessoas, não pode ser um milagre.Aos olhos dos ignorantes, a Ciência faz milagres todosos dias. Eis por que, outrora, os que sabiam mais que o vulgopassavam por feiticeiros. E como acreditavam que toda ciênciasobre-humana vinha do diabo, eram queimados. Hoje, que estamosmuito mais civilizados, contentamo-nos de os enviar para oshospícios.Se um homem, que se ache realmente morto, forchamado à vida por intervenção divina, haverá verdadeiro milagre,por ser esse um fato contrário às leis da Natureza. Mas, se em talhomem houver apenas aparências da morte, se lhe restar umavitalidade latente e a Ciência, ou uma ação magnética, conseguirreanimá-lo, para as pessoas esclarecidas ter-se-á dado umfenômeno natural, mas, para o vulgo ignorante, o fato passará pormiraculoso. Lance um físico, do meio de certas campinas, umpapagaio elétrico e faça que o raio caia sobre uma árvore ecertamente esse novo Prometeu será tido por armado de diabólicopoder; mas Josué, detendo o movimento do Sol, ou, antes, daTerra, eis o verdadeiro milagre, porquanto não conhecemosnenhum magnetizador dotado de tão grande poder, para realizartamanho prodígio.De todos os fenômenos espíritas, um dos maisextraordinários, sem dúvida, é o da escrita direta, e um dos quedemonstram da maneira mais patente a ação das inteligênciasocultas; mas, pelo fato de o fenômeno ser produzido por seresocultos, não é mais miraculoso que todos os outros fenômenosdevidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos que povoamos espaços são uma das forças da Natureza, cuja ação é tãoincessante sobre o mundo material, quanto sobre o mundo moral.403

S ETEMBRO DE <strong>1860</strong>simples efeitos que têm sua razão de ser nas leis gerais. Outrocaráter do milagre é o ser insólito, isolado. Ora, logo que umfenômeno se reproduz, por assim dizer, à vontade e por diversaspessoas, não pode ser um milagre.Aos olhos dos ignorantes, a Ciência faz milagres todosos dias. Eis por que, outrora, os que sabiam mais que o vulgopassavam por feiticeiros. E como acreditavam que toda ciênciasobre-humana vinha do diabo, eram queimados. Hoje, que estamosmuito mais civilizados, contentamo-nos de os enviar para oshospícios.Se um homem, que se ache realmente morto, forchamado à vida por intervenção divina, haverá verdadeiro milagre,por ser esse um fato contrário às leis da Natureza. Mas, se em talhomem houver apenas aparências da morte, se lhe restar umavitalidade latente e a Ciência, ou uma ação magnética, conseguirreanimá-lo, para as pessoas esclarecidas ter-se-á dado umfenômeno natural, mas, para o vulgo ignorante, o fato passará pormiraculoso. Lance um físico, do meio de certas campinas, umpapagaio elétrico e faça que o raio caia sobre uma árvore ecertamente esse novo Prometeu será tido por armado de diabólicopoder; mas Josué, detendo o movimento do Sol, ou, antes, daTerra, eis o verdadeiro milagre, porquanto não conhecemosnenhum magnetizador dotado de tão grande poder, para realizartamanho prodígio.De todos os fenômenos espíritas, um dos maisextraordinários, sem dúvida, é o da escrita direta, e um dos quedemonstram da maneira mais patente a ação das inteligênciasocultas; mas, pelo fato de o fenômeno ser produzido por seresocultos, não é mais miraculoso que todos os outros fenômenosdevidos a agentes invisíveis, porque esses seres ocultos que povoamos espaços são uma das forças da Natureza, cuja ação é tãoincessante sobre o mundo material, quanto sobre o mundo moral.403

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