Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITADigamos, entretanto, para ser justo, que muitas vezes afalta é menos do mestre que dos discípulos que, em sua admiraçãofanática e irrefletida, por vezes levam as conseqüências de umprincípio além dos limites do possível.Agora, se examinarmos esta ciência nas suas relaçõescom o Espiritismo, teremos de combater várias induções errôneasque dela poderiam ser tiradas. Entre as relações fisiognomônicas,existe principalmente uma sobre a qual a imaginação muitas vezesse exerceu: é a semelhança de algumas pessoas com certos animais.Procuremos, então, buscar a causa.A semelhança física entre os parentes resulta daconsangüinidade que transmite, de um a outro, partículas orgânicassemelhantes 23 , porque o corpo procede do corpo. Mas não poderiavir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece comum gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. Há, pois,uma outra causa. De início, pode ser fortuita e sem qualquersignificação: é o caso mais comum. Todavia, além da semelhançafísica, nota-se por vezes uma certa analogia de inclinações. Istopoderia explicar-se pela mesma causa que modifica os traços dafisionomia. Se um Espírito ainda atrasado conserva alguns dosinstintos do animal, seu caráter, como homem, terá esses traços, eas paixões que o agitam poderão dar a esses traços algo que lembrevagamente os do animal cujos instintos possui. Mas esses traços seapagam à medida que o Espírito se depura e o homem avança nocaminho da perfeição.Aqui, portanto, seria o Espírito a imprimir sua marca nafisionomia; mas da similitude dos instintos seria absurdo concluirque o homem, que tem os do gato, possa ser a encarnação doEspírito de um gato. Longe de ensinar semelhante teoria, o30223 N. do T.: Kardec serviu-se das teorias científicas da época. Só em 1865Mendel publicaria seus primeiros trabalhos de genética, enquanto amolécula de DNA, base da hereditariedade, nem sequer era sonhada.

JULHO DE 1860Espiritismo sempre demonstrou o seu ridículo e a suaimpossibilidade. É verdade que se nota uma gradação contínua nasérie animal; mas entre o animal e o homem há uma solução decontinuidade. Ora, mesmo admitindo, o que é apenas um sistema,que o Espírito tenha passado por todos os graus da escala animal,antes de chegar ao homem, haveria sempre, de um ao outro, umainterrupção que não existiria se o Espírito do animal pudesseencarnar-se diretamente no corpo do homem. Se assim fosse, entreos Espíritos errantes haveria os de animais, como há Espíritoshumanos, o que não acontece.Sem entrar no exame aprofundado desta questão, quediscutiremos mais tarde, dizemos, conforme os Espíritos, que nistoestão de acordo com a observação dos fatos, que nenhum homemé a reencarnação do Espírito de um animal. Os instintos animais dohomem decorrem da imperfeição de seu próprio Espírito, aindanão depurado e que, sob a influência da matéria, dá preponderânciaàs necessidades físicas sobre as morais e sobre o senso moral, nãoainda suficientemente desenvolvido. Sendo as mesmas asnecessidades físicas no homem e no animal, necessariamenteresulta que, até o senso moral estabelecer um contrapeso, podehaver entre eles uma certa analogia de instintos; mas aí se detém aparidade; o senso moral que não existe num, e que no outrogermina e cresce incessantemente, estabelece entre eles averdadeira linha de demarcação.Uma outra indução não menos errônea é tirada doprincípio da pluralidade das existências. Da sua semelhança comcertas personagens, algumas concluem que podem ter sido taispersonagens. Ora, do que precede, é fácil demonstrar que aí existeapenas uma idéia quimérica. Como dissemos, as relaçõesconsangüíneas podem produzir uma similitude de formas, mas nãoé este aqui o caso, pois Esopo pode ter sido mais tarde um homembonito e Sócrates um belo rapaz. Assim, quando não há filiaçãocorporal, só haverá uma semelhança fortuita, porquanto não há303

REVISTA ESPÍRITADigamos, entretanto, para ser justo, que muitas vezes afalta é menos do mestre que dos discípulos que, em sua admiraçãofanática e irrefletida, por vezes levam as conseqüências de umprincípio além dos limites do possível.Agora, se examinarmos esta ciência nas suas relaçõescom o Espiritismo, teremos de combater várias induções errôneasque dela poderiam ser tiradas. Entre as relações fisiognomônicas,existe principalmente uma sobre a qual a imaginação muitas vezesse exerceu: é a semelhança de algumas pessoas com certos animais.Procuremos, então, buscar a causa.A semelhança física entre os parentes resulta daconsangüinidade que transmite, de um a outro, partículas orgânicassemelhantes 23 , porque o corpo procede do corpo. Mas não poderiavir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece comum gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. Há, pois,uma outra causa. De início, pode ser fortuita e sem qualquersignificação: é o caso mais comum. Todavia, além da semelhançafísica, nota-se por vezes uma certa analogia de inclinações. Istopoderia explicar-se pela mesma causa que modifica os traços dafisionomia. Se um Espírito ainda atrasado conserva alguns dosinstintos do animal, seu caráter, como homem, terá esses traços, eas paixões que o agitam poderão dar a esses traços algo que lembrevagamente os do animal cujos instintos possui. Mas esses traços seapagam à medida que o Espírito se depura e o homem avança nocaminho da perfeição.Aqui, portanto, seria o Espírito a imprimir sua marca nafisionomia; mas da similitude dos instintos seria absurdo concluirque o homem, que tem os do gato, possa ser a encarnação doEspírito de um gato. Longe de ensinar semelhante teoria, o30223 N. do T.: Kardec serviu-se das teorias científicas da época. Só em 1865Mendel publicaria seus primeiros trabalhos de genética, enquanto amolécula de DNA, base da hereditariedade, nem sequer era sonhada.

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