Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITAhóspede sobre aquela senhora, disse-me que a conhecia há mais detrinta anos. “Ela é tão verídica – acrescentou ele – sua exatidão é tãobem conhecida por todos, que não tenho a menor dúvida quanto àrealidade do que contou. É uma senhora de reputação sem mancha,de costumes irrepreensíveis, de espírito forte e inteligente, e deinstrução variada”. Achava, portanto, impossível que procurasseenganar os outros ou que ela própria se enganasse. Dela váriasvezes ouvira contar aquela história, sempre de maneira clara eprecisa, de modo que ele se achava extremamente embaraçado.Repugnava-lhe admitir semelhantes fatos, mas, por outro lado, nãoousava pôr em dúvida a sua boa-fé.Minhas próprias observações tendiam a confirmar tudoquanto me haviam dito da dama em questão. Havia no seu ar, nassuas maneiras, mesmo na sua voz, um não sei quê difícil de enganare que traz em si a convicção da verdade. Era-me, pois, impossívelnão julgá-la sincera, tanto mais que parecia falar de tais coisas comevidente repugnância. O banqueiro me havia dito que era muitodifícil convencê-la a falar do assunto, porque, em geral, achava osouvintes mais dispostos a rir do que a crer. Acrescentai a isso quenem ela nem o banqueiro conheciam o Espiritismo ou dele tinhamouvido falar.254Eis o relato dessa senhora:“Por volta de 1820, tendo deixado nossa casa deSuffolk, fomos morar na cidade de ***, porto de mar na França.Nossa família compunha-se de meu pai, minha mãe, uma irmã, umirmão de cerca de 12 anos, eu e um doméstico inglês. Nossa casasituava-se num local muito retirado, um pouco fora da cidade, bemno meio da praia. Não havia outras casas ou construções navizinhança.“Uma noite meu pai viu, a poucas jardas da porta, umhomem envolto num grande manto, sentado num pedaço derochedo. Meu pai aproximou-se dele para dizer-lhe boa-noite, mas,

JUNHO DE 1860não obtendo resposta, voltou. Antes de entrar, contudo, teve a idéiade olhar para trás e, para seu grande espanto, não viu maisninguém. Ficou ainda mais surpreso quando, ao aproximar-senovamente e bem examinar em redor do rochedo, não encontrouo menor traço do indivíduo, que lá estivera assentado um instanteantes, nem nenhum abrigo onde pudesse ter-se escondido. Quandomeu pai entrou no salão, disse: ‘Meus filhos, acabo de ver umaaparição’. Como é fácil de entender, rimos às gargalhadas.“Entretanto, naquela noite e em várias noites seguidas,ouvimos ruídos estranhos em diversos locais da casa: ora eramgemidos, que vinham de baixo das janelas, ora parecia quearranhavam as próprias janelas e, em outros momentos, dir-se-iaque várias pessoas trepavam no telhado. Abrimos as janelasdiversas vezes, perguntando em voz alta: ‘Quem está aí?’. Mas nãoobtivemos resposta.“Ao cabo de alguns dias, os ruídos foram ouvidos nomesmo quarto em que dormíamos eu e minha irmã (esta tinhavinte anos e eu dezoito). Despertamos toda a casa, mas nãoquiseram escutar-nos; censuraram-nos e nos chamaram de loucos.Ordinariamente os ruídos consistiam em pancadas; por vezes haviavinte ou trinta por minutos; outras vezes, uma por minuto.“Por fim, os ruídos internos e externos também foramouvidos por nossos pais, que se viram constrangidos a admitir nãose tratar de imaginação. Então, se recordaram da aparição. Mas,como não estivéssemos muito apavorados, acabamos por noshabituar a todo esse barulho. Uma noite, quando batiam, como dehábito, veio-me a idéia de dizer: ‘Se és um Espírito, bate seispancadas’. Imediatamente, ouvi bater seis golpes com toda clareza.Com o tempo esses ruídos tornaram-se de tal modo familiares quenão apenas não tínhamos medo como deixaram de serdesagradáveis.255

REVISTA ESPÍRITAhóspede sobre aquela senhora, disse-me que a conhecia há mais detrinta anos. “Ela é tão verídica – acrescentou ele – sua exatidão é tãobem conhecida por todos, que não tenho a menor dúvida quanto àrealidade do que contou. É uma senhora de reputação sem mancha,de costumes irrepreensíveis, de espírito forte e inteligente, e deinstrução variada”. Achava, portanto, impossível que procurasseenganar os outros ou que ela própria se enganasse. Dela váriasvezes ouvira contar aquela história, sempre de maneira clara eprecisa, de modo que ele se achava extremamente embaraçado.Repugnava-lhe admitir semelhantes fatos, mas, por outro lado, nãoousava pôr em dúvida a sua boa-fé.Minhas próprias observações tendiam a confirmar tudoquanto me haviam dito da dama em questão. Havia no seu ar, nassuas maneiras, mesmo na sua voz, um não sei quê difícil de enganare que traz em si a convicção da verdade. Era-me, pois, impossívelnão julgá-la sincera, tanto mais que parecia falar de tais coisas comevidente repugnância. O banqueiro me havia dito que era muitodifícil convencê-la a falar do assunto, porque, em geral, achava osouvintes mais dispostos a rir do que a crer. Acrescentai a isso quenem ela nem o banqueiro conheciam o Espiritismo ou dele tinhamouvido falar.254Eis o relato dessa senhora:“Por volta de 1820, tendo deixado nossa casa deSuffolk, fomos morar na cidade de ***, porto de mar na França.Nossa família compunha-se de meu pai, minha mãe, uma irmã, umirmão de cerca de 12 anos, eu e um doméstico inglês. Nossa casasituava-se num local muito retirado, um pouco fora da cidade, bemno meio da praia. Não havia outras casas ou construções navizinhança.“Uma noite meu pai viu, a poucas jardas da porta, umhomem envolto num grande manto, sentado num pedaço derochedo. Meu pai aproximou-se dele para dizer-lhe boa-noite, mas,

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