Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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REVISTA ESPÍRITAEntretanto, aconselhado por amigos, aos quais haviacontado a história, e pelos médicos a quem consultou, decidiurepousar um pouco e fazer uma viagem de algumas semanas atéCharlestown, antes de retomar a tarefa longa e paciente que sehavia imposto, e cuja fadiga, sem dúvida, havia causado aalucinação que acabamos de narrar.Observação – Sobre o artigo, faremos uma primeiraobservação: é a falta de cerimônia com que os negadores dosEspíritos se atribuem o monopólio do bom-senso. “Osespiritualistas – diz o autor – vêem no fato um exemplo a mais dasmanifestações do outro mundo; as pessoas sensatas não vãoprocurar tão longe a explicação, reconhecendo claramente ossintomas de uma alucinação.” Assim, de acordo com esse autor,somente são sensatas as pessoas que pensam como ele; as demaisnão têm senso comum, mesmo que fossem doutores, e oEspiritismo os conta aos milhares. Estranha modéstia, na verdade,a que tem por máxima: Ninguém tem razão, exceto nós e nossosamigos!Ainda estamos para ter uma definição clara e precisa,uma explicação fisiológica da alucinação. Mas, em falta deexplicação, há um sentido ligado a esta palavra; no pensamento dosque a empregam, significa ilusão. Ora, quem diz ilusão diz ausênciade realidade; segundo eles, é uma imagem puramente fantástica,produzida pela imaginação, sob o império de uma superexcitaçãocerebral. Não negamos que assim possa ser em certos casos; aquestão é saber se todos os fatos do mesmo gênero estão emcondições idênticas. Examinando o que foi relatado acima, pareceque o Dr. Cogswell estava perfeitamente calmo, como ele própriodeclara, e que nenhuma causa fisiológica ou moral teria vindoperturbar-lhe o cérebro. Por outro lado, mesmo admitindo neleuma ilusão momentânea, restaria ainda explicar como essa ilusão seproduziu vários dias seguidos, à mesma hora, e com as mesmascircunstâncias; isso não é o caráter da alucinação propriamente dita.Se uma causa material desconhecida impressionou seu cérebro noprimeiro dia, é evidente que essa causa cessou ao cabo de alguns230

MAIO DE 1860instantes, quando o fantasma desapareceu. Como, então, ela sereproduziu identicamente três dias seguidos, com vinte e quatrohoras de intervalo? É lamentável que o autor do artigo tenhanegligenciado de o fazer, porquanto deve, sem dúvida, terexcelentes razões, visto pertencer ao grupo das pessoas sensatas.Contudo, reconhecemos que, no fato acimamencionado, não há nenhuma prova positiva da realidade e que, arigor, poder-se-ia admitir que a mesma aberração dos sentidostenha podido repetir-se. Mas dar-se-á o mesmo quando asaparições são acompanhadas de circunstâncias, de certo modo,materiais? Por exemplo, quando pessoas, não em sonho, masperfeitamente despertas, vêem parentes ou amigos ausentes, nosquais absolutamente não pensavam, aparecer-lhes no momento damorte, que vêm anunciar, pode-se dizer que seja um efeito daimaginação? Se o fato da morte não fosse real, haveriaincontestavelmente ilusão; mas quando o acontecimento vemconfirmar a previsão – e o caso é muito freqüente – como nãoadmitir outra coisa, senão simples fantasmagoria? Ainda que o fatofosse único, ou mesmo raro, poder-se-ia crer num jogo do acaso;mas, como dissemos, os exemplos são inumeráveis e perfeitamenteprovados. Que os alucinacionistas se disponham a nos dar umaexplicação categórica e, então, veremos se suas razões são maisprobantes que as nossas. Gostaríamos, sobretudo, que nosprovassem a impossibilidade material que a alma – principalmenteeles, que se julgam sensatos por excelência, e admitem que temosuma alma que sobrevive ao corpo – que nos provassem, dizíamos,que essa alma, que deve estar em toda parte, não possa estar à nossavolta, ver-nos, ouvir-nos e, desde então, comunicar-se conosco.A NOIVA TRAÍDAO fato seguinte foi narrado pela Gazetta dei Teatri, deMilão, de 14 de março de 1860.231

REVISTA ESPÍRITAEntretanto, aconselhado por amigos, aos quais haviacontado a história, e pelos médicos a quem consultou, decidiurepousar um pouco e fazer uma viagem de algumas semanas atéCharlestown, antes de retomar a tarefa longa e paciente que sehavia imposto, e cuja fadiga, sem dúvida, havia causado aalucinação que acabamos de narrar.Observação – Sobre o artigo, faremos uma primeiraobservação: é a falta de cerimônia com que os negadores dosEspíritos se atribuem o monopólio do bom-senso. “Osespiritualistas – diz o autor – vêem no fato um exemplo a mais dasmanifestações do outro mundo; as pessoas sensatas não vãoprocurar tão longe a explicação, reconhecendo claramente ossintomas de uma alucinação.” Assim, de acordo com esse autor,somente são sensatas as pessoas que pensam como ele; as demaisnão têm senso comum, mesmo que fossem doutores, e oEspiritismo os conta aos milhares. Estranha modéstia, na verdade,a que tem por máxima: Ninguém tem razão, exceto nós e nossosamigos!Ainda estamos para ter uma definição clara e precisa,uma explicação fisiológica da alucinação. Mas, em falta deexplicação, há um sentido ligado a esta palavra; no pensamento dosque a empregam, significa ilusão. Ora, quem diz ilusão diz ausênciade realidade; segundo eles, é uma imagem puramente fantástica,produzida pela imaginação, sob o império de uma superexcitaçãocerebral. Não negamos que assim possa ser em certos casos; aquestão é saber se todos os fatos do mesmo gênero estão emcondições idênticas. Examinando o que foi relatado acima, pareceque o Dr. Cogswell estava perfeitamente calmo, como ele própriodeclara, e que nenhuma causa fisiológica ou moral teria vindoperturbar-lhe o cérebro. Por outro lado, mesmo admitindo neleuma ilusão momentânea, restaria ainda explicar como essa ilusão seproduziu vários dias seguidos, à mesma hora, e com as mesmascircunstâncias; isso não é o caráter da alucinação propriamente dita.Se uma causa material desconhecida impressionou seu cérebro noprimeiro dia, é evidente que essa causa cessou ao cabo de alguns230

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