Revista Espírita (FEB) - 1860 - Autores Espíritas Clássicos

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12.07.2015 Views

REVISTA ESPÍRITAquão pouco compreendem o verdadeiro espírito da doutrina. Sólamentamos uma coisa: que nos conheçam tão mal, a ponto denos suporem acessíveis ao ignóbil sentimento do ciúme.Compreende-se que empresas mercenárias rivais, que podemprejudicar-se pela concorrência, se vejam com maus olhos. Mas seessas reuniões não tiverem em vista, como deveriam ter, senão uminteresse puramente moral, e a elas não se misturarem nenhumaconsideração mercantil, pergunto: Em que poderiam serprejudicadas pela multiplicidade? Dirão, sem dúvida, que se nãoexiste interesse material, há o do amor-próprio, o direito de destruiro crédito moral de seu vizinho. Mas talvez esse móvel fosse maisignóbil ainda. Se é assim – que Deus não permita! – apenaslamentaremos os que forem movidos por semelhantespensamentos. Queremos sobrepujar os vizinhos? Tratemos defazer melhor que eles; eis aí uma luta nobre e digna, desde que nãoseja ofuscada pela inveja e pelo ciúme.“Eis, pois, senhores, um ponto essencial, que não deveser perdido de vista: não formamos uma seita, nem uma sociedadede propaganda, nem uma corporação com interesse comum; sedeixássemos de existir, o Espiritismo não sofreria nenhum prejuízo,formando-se, de nossas ruínas, vinte outras sociedades. Portanto,os que buscassem destruir-nos com o objetivo de entravar oprogresso das idéias espíritas, nada ganhariam com isso; énecessário saberem que as raízes do Espiritismo não estão emnossa Sociedade, mas no mundo inteiro. Existe algo mais poderosoque eles, mais influente que todas as sociedades: é a doutrina, quevai ao coração e à razão dos que a compreendem e, sobretudo, dosque a praticam.“Esses princípios, senhores, indicam-nos o verdadeirocaráter do nosso regimento, que nada tem em comum com osestatutos de uma corporação. Nenhum contrato nos liga uns aosoutros; fora de nossas sessões não temos outras obrigaçõesrecíprocas que não sejam as de nos comportarmos como gentebem-educada. Os que nessas reuniões não encontrarem aquilo que162

A BRIL DE 1860nelas esperam achar, têm toda liberdade de retirar-se; eu mesmonão compreenderia que permanecessem, desde que não lhesconvenha o que aqui se faz. Não seria racional que viessem perdertempo.“Em toda reunião é preciso uma regra para amanutenção da boa ordem. Falando claramente, nossoregulamento nada mais é que uma instrução destinada a estabelecerordem em nossas sessões, a manter, entre os assistentes, as relaçõesde urbanidade e de conveniência que devem presidir a todas asassembléias de pessoas educadas, abstração feita das condiçõesinerentes à especialidade de nossos trabalhos. Porque não tratamosapenas com homens, mas com Espíritos que, como sabeis, não sãoigualmente bons, e contra a velhacaria dos quais é preciso que nosresguardemos. Nesse número, alguns são muito astuciosos epodem mesmo, por ódio ao bem, impelir-nos a uma vida perigosa.Cabe a nós ter bastante prudência e perspicácia para frustrá-los, oque nos obriga a tomar precauções particulares.“Lembrai-vos, Senhores, da maneira pela qual seformou a Sociedade. Eu recebia em minha casa algumas pessoasem pequeno comitê. Com o crescimento do grupo, acharam queera preciso um local maior. Para consegui-lo, teríamos de pagar;tivemos, portanto, que nos cotizar. Disseram mais: é preciso ordemnas sessões; não se pode admitir o primeiro que chegar; énecessário, portanto, um regulamento. Eis toda a história daSociedade. Como vedes, é bem simples. Não entrou na cabeça deninguém fundar uma instituição, nem se ocupar do que quer queseja fora dos estudos; eu próprio declaro, de maneira muito formal,que se um dia a Sociedade quiser ir além, não a acompanharei.“O que fiz, outros são mestres em fazê-lo, ocupando-seà vontade, conforme seus gostos, suas idéias, seus pontos de vistaparticulares. E esses diferentes grupos podem perfeitamenteentender-se e viver como bons vizinhos. A menos que utilizemosuma praça pública como local de assembléia, considerando-se que163

A BRIL DE <strong>1860</strong>nelas esperam achar, têm toda liberdade de retirar-se; eu mesmonão compreenderia que permanecessem, desde que não lhesconvenha o que aqui se faz. Não seria racional que viessem perdertempo.“Em toda reunião é preciso uma regra para amanutenção da boa ordem. Falando claramente, nossoregulamento nada mais é que uma instrução destinada a estabelecerordem em nossas sessões, a manter, entre os assistentes, as relaçõesde urbanidade e de conveniência que devem presidir a todas asassembléias de pessoas educadas, abstração feita das condiçõesinerentes à especialidade de nossos trabalhos. Porque não tratamosapenas com homens, mas com Espíritos que, como sabeis, não sãoigualmente bons, e contra a velhacaria dos quais é preciso que nosresguardemos. Nesse número, alguns são muito astuciosos epodem mesmo, por ódio ao bem, impelir-nos a uma vida perigosa.Cabe a nós ter bastante prudência e perspicácia para frustrá-los, oque nos obriga a tomar precauções particulares.“Lembrai-vos, Senhores, da maneira pela qual seformou a Sociedade. Eu recebia em minha casa algumas pessoasem pequeno comitê. Com o crescimento do grupo, acharam queera preciso um local maior. Para consegui-lo, teríamos de pagar;tivemos, portanto, que nos cotizar. Disseram mais: é preciso ordemnas sessões; não se pode admitir o primeiro que chegar; énecessário, portanto, um regulamento. Eis toda a história daSociedade. Como vedes, é bem simples. Não entrou na cabeça deninguém fundar uma instituição, nem se ocupar do que quer queseja fora dos estudos; eu próprio declaro, de maneira muito formal,que se um dia a Sociedade quiser ir além, não a acompanharei.“O que fiz, outros são mestres em fazê-lo, ocupando-seà vontade, conforme seus gostos, suas idéias, seus pontos de vistaparticulares. E esses diferentes grupos podem perfeitamenteentender-se e viver como bons vizinhos. A menos que utilizemosuma praça pública como local de assembléia, considerando-se que163

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