12.07.2015 Views

universidade federal do rio de janeiro - Instituto de Estudos em ...

universidade federal do rio de janeiro - Instituto de Estudos em ...

universidade federal do rio de janeiro - Instituto de Estudos em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

28Assim t<strong>em</strong>os no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno uma exigência nova, a que a disciplina t<strong>em</strong> queaten<strong>de</strong>r: construir uma máquina cujo efeito será eleva<strong>do</strong> ao máximo pela articulaçãocombinada das peças el<strong>em</strong>entares <strong>de</strong> que ela se compõe. A disciplina não é maissimplesmente uma arte <strong>de</strong> repartir os corpos, <strong>de</strong> extrair e acumular o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>les, mas<strong>de</strong> compor forças para obter um aparelho eficiente.O novo pensamento mecanicista <strong>em</strong>prega sua fecundida<strong>de</strong> sobre um corpotransforma<strong>do</strong> ele próp<strong>rio</strong> <strong>em</strong> máquina; com a pretensão que requer <strong>do</strong> corpo po<strong>de</strong>resautocorretivos e que tentam pacient<strong>em</strong>ente organizá-los e programá-los; uma pedagogia<strong>do</strong> corpo.O impacto na mídia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> industrializa<strong>do</strong> <strong>de</strong> um corpo industrial; um novotipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, uma nova configuração <strong>de</strong> relações sociais crian<strong>do</strong> o consumo <strong>de</strong> umnovo corpo a partir da indústria da venda, marketing, distribuição, manutenção e reparo<strong>de</strong> um corpo “industrial”.O Corpo Simbólico para a nova socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo se <strong>de</strong>para com algumascontradições: livre e cont<strong>em</strong>porâneo, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que artificial e industrial,negan<strong>do</strong> o velho e o envelheci<strong>do</strong> como <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> fraqueza.Esse corpo lin<strong>do</strong>, saudável e “flexível” parece ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconecta<strong>do</strong> dasubjetivida<strong>de</strong> enquanto processo. Na verda<strong>de</strong>, parece que foram separadas <strong>do</strong> corpo suaspotências disruptivas. Herdamos efetivamente um corpo <strong>do</strong>lori<strong>do</strong>, machuca<strong>do</strong> ereticente aos riscos inerentes às experimentações, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que somosconvoca<strong>do</strong>s a vivê-las. E vai se cobrin<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> novas-velhas fórmulas <strong>de</strong>reviver o corpo e dar-lhe mais po<strong>de</strong>r, e que na verda<strong>de</strong> são, na gran<strong>de</strong> maioria das vezes,coleções <strong>de</strong> quinquilharias merca<strong>do</strong>lógicas, boas para consumo.Nesta balança observo o ganho <strong>do</strong> corpo lesiona<strong>do</strong>, fadiga<strong>do</strong>, danifica<strong>do</strong> pelasativida<strong>de</strong>s exigidas e socialmente camufla<strong>do</strong> pelo corpo cênico, o corpo que os outrosvê<strong>em</strong> no palco.O <strong>de</strong>bate sociológico sobre a lesão t<strong>em</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da sociologiaocupacional uma interpretação da corporificação (<strong>em</strong>bodiment). Seguin<strong>do</strong> PierreBourdieu (1992), afirmamos que a apreciação da dança como performance é <strong>em</strong> si umaestética corporificada <strong>do</strong> bom gosto que pressupões interesse e não <strong>de</strong>sinteresse. Asformas artísticas ou instituições que comunicam experiências estéticas para umaaudiência através das performances não são efetivamente compreendidas por meio <strong>de</strong>uma epist<strong>em</strong>ologia construcionalista. A dança é a ilustração clássica <strong>do</strong> argumento <strong>de</strong>que a performance não po<strong>de</strong> ser meramente entendida como um texto. Nós precisamos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!