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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEINSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVAO processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais, toman<strong>do</strong> a dança nadimensão arte-trabalho, e sua relação com a saú<strong>de</strong>.FERNANDO EDUARDO ZIKANRIO DE JANEIROMAIO 2012


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEINSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVADOUTORADO EM SAÚDE COLETIVAÁREA PRODUÇÃO, AMBIENTE E SAÚDEO processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais, toman<strong>do</strong> a dança nadimensão arte-trabalho, e sua relação com a saú<strong>de</strong>.FERNANDO EDUARDO ZIKANTese apresentada ao IESC/UFRJcomo requisito parcial para a obtenção <strong>do</strong>título <strong>de</strong> Doutor <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva.Orienta<strong>do</strong>r:Profª Drª Anamaria TambelliniCo-orienta<strong>do</strong>r:Prof. Dr. Ronir Luiz RaggioRIO DE JANEIROMAIO 2012


AGRADECIMENTOSAgra<strong>de</strong>ço a to<strong>do</strong>s os diretores, colabora<strong>do</strong>res, professores e alunos dasEscolas: Centro <strong>de</strong> Dança Rio, EEDMO e Teatro Bolshoi no Brasil porabrir<strong>em</strong> suas portas para que esse estu<strong>do</strong> fosse realiza<strong>do</strong>;aos funcioná<strong>rio</strong>s e professores <strong>do</strong> IESC/UFRJ que s<strong>em</strong>pre me motivaram arealizar esta pesquisa;aos meus orienta<strong>do</strong>res Profª Drª Anamaria, por dar marg<strong>em</strong> ao meu sonho e<strong>em</strong>barcar nele e ao Prof. Dr. Ronir por aceitar estar ao nosso la<strong>do</strong>;aos meus alunos por me incentivar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre;aos bailarinos com qu<strong>em</strong> estive <strong>em</strong> to<strong>do</strong> este trajeto <strong>de</strong> vida e que mefizeram amar esta arte;aos meus amigos por enten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> minhas ausências ea minha família por estar s<strong>em</strong>pre ao meu la<strong>do</strong>.


“Dance, Dance...Do contrá<strong>rio</strong> estar<strong>em</strong>os perdi<strong>do</strong>s”.Pina Bausch


ZIKAN, Fernan<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong>. O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais,toman<strong>do</strong> a dança na dimensão arte-trabalho, e sua relação com a saú<strong>de</strong>.Tese (Doutora<strong>do</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – UFRJ,Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva – IESC, 2012.Orienta<strong>do</strong>r: Anamaria Testa TambelliniCo-orienta<strong>do</strong>r: Ronir RaggioRESUMOA formação <strong>em</strong> balé clássico exige que o profissional inicie seus estu<strong>do</strong>s muitoprecoc<strong>em</strong>ente, ainda na infância, o que configura para a saú<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umacompanhamento atento. O balé clássico é uma ativida<strong>de</strong> profissional com participantesque são pouco orienta<strong>do</strong>s quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diagnóstico precoce e umaassistência à saú<strong>de</strong> apropriada. Este estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> como objetivo avaliar o processo <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> balé clássico oferta<strong>do</strong> <strong>em</strong> escolas brasileiras selecionadas, através daanálise das características <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ingresso as escolas; as característicascorporais <strong>do</strong>s alunos, a representação da própria imag<strong>em</strong> corporal <strong>de</strong>stes, como tambémos agravos a saú<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> três escolas <strong>de</strong>reconheci<strong>do</strong> papel na formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais no Brasil. Este estu<strong>do</strong> apontapara uma associação real entre a mobilida<strong>de</strong> articular com o risco lesional, estan<strong>do</strong> maispresente nos indivíduos hipermóveis. Já a <strong>do</strong>r foi inversamente apresentada, mostran<strong>do</strong>s<strong>em</strong>ais presente <strong>em</strong> indivíduos não-hipermóveis. Nosso estu<strong>do</strong> confirma a tendênciaapontada nos estu<strong>do</strong>s internacionais, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o alto índice <strong>de</strong> lesões, <strong>de</strong> estasser<strong>em</strong> <strong>de</strong> características relacionadas à instabilida<strong>de</strong> articular e <strong>de</strong>monstra ostratamentos utiliza<strong>do</strong>s. Desta forma as lesões como entorses, fraturas e tendinites foramas mais frequentes ten<strong>do</strong> sua área <strong>de</strong> acometimento principal os m<strong>em</strong>bros infe<strong>rio</strong>res.Também i<strong>de</strong>ntificamos distúrbios <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal e insatisfação <strong>em</strong> relação aocorpo, sen<strong>do</strong> variável <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o gênero. Dar assistência e capacitação às escolas<strong>de</strong> formação, além <strong>de</strong> oferecer uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação, assistência e capacitaçãocontinuada <strong>de</strong>stes profissionais é uma relevante ação a ser tomada após este estu<strong>do</strong>.Palavras-chave: Balé Clássico, Sist<strong>em</strong>a Musculoesquelético – Lesões, Instabilida<strong>de</strong>Articular, Fisioterapia, Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r.


ZIKAN, Fernan<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong>. O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais,toman<strong>do</strong> a dança na dimensão arte-trabalho, e sua relação com a saú<strong>de</strong>.Tese (Doutora<strong>do</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – UFRJ,Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva – IESC, 2012.Orienta<strong>do</strong>r: Anamaria Testa TambelliniCo-orienta<strong>do</strong>r: Ronir RaggioABSTRACTTraining in classical ballet requires the professional to start their studies very early, evenin childhood, which sets health the need for close monitoring. The ballet is aprofessional activity with participants who are poorly informed about the need for earlydiagnosis and appropriate health care. This study aims to evaluate the process oftraining in classical ballet offered in Brazilian schools selected by analyzing thecharacteristics of the schools admission process, stu<strong>de</strong>nt body characteristics, therepresentation of the body image, as well as injuries to health. This is a <strong>de</strong>scriptivestudy conducted in three schools recognized role in the formation of professionaldancers in Brazil. This study suggests an association between the actual joint motionwith the risk lesions, being more present in hypermobile individuals. Already the painwas inversely presented showing up more present in non-hypermobile. Our studyconfirms the trend pointed in international studies, to i<strong>de</strong>ntify the high rate of injuries,these are of characteristics related to joint instability and <strong>de</strong>monstrates the treatments.Thus injuries such as sprains, fractures and ten<strong>do</strong>nitis were the most frequent area ofinvolv<strong>em</strong>ent with its main lower limbs. We also i<strong>de</strong>ntified disor<strong>de</strong>rs and body imagedissatisfaction in relation to the body, which varies according to gen<strong>de</strong>r. Provi<strong>de</strong>assistance and training to training schools, in addition to offering a network of guidance,assistance and ongoing training of these professionals is an important action to takeafter this study.Keywords: Classical Ballet, Musculoskeletal Syst<strong>em</strong> - Injuries, Joint Instability,Physiotherapy, Occupational Health.


111 INTRODUÇÃOPensar a dança é pensar esta relação tal como foi formulada historicamente e talcomo s<strong>em</strong>pre se colocou para os intérpretes da arte <strong>do</strong> corpo expressivo: <strong>em</strong>oçãofisiológica e forma psicossomática (Monteiro, 2000).No século XVII, na busca <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>patia maior com o público, começou-se apensar <strong>em</strong> um “balé <strong>de</strong> ação”, <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong> corte. O “balé <strong>de</strong> ação”, termocria<strong>do</strong> por Jean-Georges Noverre, gran<strong>de</strong> reforma<strong>do</strong>r da dança, tinha a tarefa <strong>de</strong> falar àalma: o corpo expressivo. É nesse século que a dança ocupa os palcos, <strong>de</strong>svinculan<strong>do</strong>-sedas danças <strong>de</strong> salão da corte. Este balé teve sua raiz na renascença italiana e levada àFrança, on<strong>de</strong> prosperou como benfeitoria e participou da corte <strong>de</strong> Luís XIV, que fun<strong>do</strong>ua primeira escola <strong>de</strong> balé <strong>em</strong> 1661. A primeira aca<strong>de</strong>mia fundada por Luís XIV e aprofissionalização <strong>do</strong>s bailarinos, <strong>de</strong>corrente da própria aca<strong>de</strong>mia prepararam a ida <strong>do</strong>balé aos palcos (Pereira, 2003).Noverre talvez tenha si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s primeiros a questionar as especificida<strong>de</strong>s dadança. Em 1760 publica a primeira versão <strong>de</strong> suas “Lettres sur la danse”, textofundamental para a compreensão <strong>de</strong> como a dualida<strong>de</strong> técnica/expressão ganha corpo nadança. Para ele a dança <strong>de</strong>via nutrir-se <strong>de</strong> movimentos cada vez mais naturais, eraimprescindível que a formação física <strong>do</strong>s bailarinos fosse respeitada. Advogava <strong>em</strong> prol<strong>de</strong> um ensino que não fosse uniforme.No Brasil, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> balé segui<strong>do</strong> foi pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente o russo, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong>muito provavelmente, das companhias que aqui estiveram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo <strong>do</strong> séculoXX, apresentan<strong>do</strong> espetáculos e <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> bailarinos. “Os Balés Russos <strong>de</strong> Diaghilev” ea Companhia <strong>de</strong> Anna Pavlova são <strong>do</strong>is ex<strong>em</strong>plos. “Os Balés Russos <strong>de</strong> Diaghilev” foia primeira companhia a se apresentar no Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>em</strong> 1913,mesmo ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> inaugura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1909; já a Companhia <strong>de</strong> Anna Pavlova veio aoBrasil três vezes: <strong>em</strong> 1918, 1919 e 1928.Quan<strong>do</strong> a primeira escola oficial <strong>de</strong> dança no Brasil é fundada, no dia 11 <strong>de</strong> abril<strong>de</strong> 1927, na sala nº 70 <strong>do</strong> Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, pela bailarina,coreógrafa e professora russa Maria Olenewa, o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> uma idéia <strong>de</strong>balé começa a se <strong>de</strong>linear no país. A justificativa para sua criação, por parte <strong>de</strong> suai<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>ra, apresentada aos órgãos públicos responsáveis, era a <strong>de</strong> que um corpo <strong>de</strong>baile constituí<strong>do</strong> apenas por bailarinos brasileiros resultaria <strong>em</strong> menos <strong>de</strong>spesas, quan<strong>do</strong>montagens <strong>de</strong> óperas foss<strong>em</strong> importadas. Mas <strong>do</strong> que isso, essa escola permitiu que uma


12continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>em</strong> dança pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolver-se <strong>em</strong> solo brasileiro,resultan<strong>do</strong> mais tar<strong>de</strong>, <strong>em</strong> companhias profissionais <strong>de</strong> dança, coreógrafos, bailarinos,professores e, também, <strong>em</strong> um público que se tornava cada vez mais habitua<strong>do</strong> a assistirbalés.Em 1936 a Escola <strong>de</strong> Baila<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro t<strong>em</strong> suaoficialização como Corpo <strong>de</strong> Baile por <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> então prefeito da cida<strong>de</strong>. Nest<strong>em</strong>omento, a Escola <strong>de</strong> Baila<strong>do</strong>s e o Corpo <strong>de</strong> Baile tornavam-se <strong>do</strong>is diferentes órgãos,mas ambos continuavam funcionan<strong>do</strong> sob a direção <strong>de</strong> Maria Olenewa. O Brasilganhava a primeira companhia estável <strong>de</strong> balé <strong>de</strong> sua história. Seus bailarinos eramagora contrata<strong>do</strong>s como funcioná<strong>rio</strong>s municipais, passan<strong>do</strong> a receber regularmente seussalá<strong>rio</strong>s. Essa profissionalização, com certeza, dava continuida<strong>de</strong> àquilo que havia si<strong>do</strong>começa<strong>do</strong> por Olenewa <strong>em</strong> 1927. Isso representava então, a construção <strong>de</strong> uma tradição<strong>de</strong> dança, algo ainda inédito no Brasil (Pereira, 2003).Ao longo da história várias gerações <strong>de</strong> bailarinos vêm sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong>s por estae por outras escolas <strong>de</strong> dança que foram criadas na medida <strong>em</strong> que a dança ocupava ocená<strong>rio</strong> artístico-cultural <strong>do</strong> país. Várias e várias gerações <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res tiveram suaformação nestas escolas e estiveram ou estão ainda no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho da dança noBrasil e no mun<strong>do</strong>.Este cená<strong>rio</strong> mostra-se muito diverso no que se refere às diversas formas <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> dança constituída no Brasil e pelas diversas formas <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> trabalhoque estes profissionais estão submeti<strong>do</strong>s.Em 2005, durante a formação <strong>em</strong> pós-graduação <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva, curso <strong>de</strong>mestra<strong>do</strong> no Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva, atual IESC-UFRJ, realizei umapesquisa com o Corpo <strong>de</strong> Baile <strong>do</strong> Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, com o título“Corpos Dançantes – <strong>do</strong> êxtase <strong>do</strong> salto à ponta <strong>de</strong> <strong>do</strong>r”, on<strong>de</strong> busquei i<strong>de</strong>ntificar ascaracterísticas pessoais e físicas <strong>do</strong>s bailarinos <strong>de</strong>sta que é a maior companhia <strong>de</strong> baléclássico <strong>do</strong> Brasil, com o intuito <strong>de</strong> fazer um levantamento sobre as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><strong>do</strong>ença<strong>de</strong>sta população e <strong>do</strong>s índices lesionais com seus fatores <strong>de</strong> risco, como fatoresambientais, organizacionais, preparação física e características morfofuncionais.Nesta dissertação obtive como resulta<strong>do</strong> índices eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sintomas autoreferi<strong>do</strong>sassocia<strong>do</strong>s às características corporais e ambientais facilita<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> lesões,atingin<strong>do</strong> um índice alto <strong>de</strong> profissionais lesiona<strong>do</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> ocupacional e outrosque <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à lesão estavam reduzin<strong>do</strong> suas ativida<strong>de</strong>s profissionais ou não maisrealizavam. Outro resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> que conferia com os estu<strong>do</strong>s internacionais é que a


13realização da dança requer preceitos anatomo-fisiológicos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s mobilida<strong>de</strong>sarticulares, que favorec<strong>em</strong> a instabilida<strong>de</strong> articular e seu maior risco a lesõestraumáticas articulares e musculares, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> um fator <strong>de</strong> risco na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stestrabalha<strong>do</strong>res, principalmente se suas ativida<strong>de</strong>s diárias não são acompanhadas com umpreparo físico a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para suportar essas ativida<strong>de</strong>s laborais.Constatamos neste estu<strong>do</strong> um eleva<strong>do</strong> índice <strong>de</strong> lesões, compara<strong>do</strong> com outrosestu<strong>do</strong>s ante<strong>rio</strong>res. Tiv<strong>em</strong>os 88,9% <strong>do</strong>s bailarinos com histórico <strong>de</strong> lesões, um índic<strong>em</strong>aior que os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Arendt (2003), Byhring e Bo (2002), Askling et al (2002),Nilsson et al. (2001), Evans et al (1996), Meeuwisse (1994) e índice menor que o estu<strong>do</strong><strong>de</strong> Negus (2005) que obteve 100% <strong>do</strong>s questiona<strong>do</strong>s com lesões.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma assistência à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes bailarinos, <strong>de</strong> forma intensiva ecapacitada, é apontada por diversos estu<strong>do</strong>s ante<strong>rio</strong>res como os <strong>de</strong> Askling (2002),Byhring e Bo (2002), Stretanski (2002), Nilsson (2001), Milan (1994) e Ramel (1994),on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes relatam a presença <strong>de</strong> uma assistência imediata aos bailarinos, com apresença <strong>de</strong> fisioterapeutas nos teatros, e confirmada <strong>em</strong> meu estu<strong>do</strong>, para umtratamento eficaz e principalmente com o enfoque preventivo.Na ocasião, por intermédio <strong>do</strong>s próp<strong>rio</strong>s profissionais <strong>do</strong> Theatro Municipal <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, a dissertação foi <strong>de</strong>fendida nas próprias instalações <strong>do</strong> Theatro,facilitan<strong>do</strong> um retorno das informações obtidas com a pesquisa aos bailarinos. Estainiciativa resultou <strong>em</strong> um convite da direção da Fundação Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, para impl<strong>em</strong>entar um serviço <strong>de</strong> atendimento fisioterapêutico para estesbailarinos, da<strong>do</strong> o reconhecimento <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> risco inerentes à ativida<strong>de</strong> e aocomprometimento <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> os fatores <strong>de</strong> risco, intervirnestes visan<strong>do</strong> à saú<strong>de</strong> da população estudada.Os resulta<strong>do</strong>s científicos estão sen<strong>do</strong> divulga<strong>do</strong>s <strong>em</strong> participações <strong>do</strong>pesquisa<strong>do</strong>r <strong>em</strong> congressos, s<strong>em</strong>iná<strong>rio</strong>s, cursos e <strong>em</strong> revistas <strong>de</strong> interesse sobre o t<strong>em</strong>a.Até o momento um resumo da pesquisa já fora publica<strong>do</strong> e <strong>do</strong>is artigos estão sen<strong>do</strong>envia<strong>do</strong>s para análise.Ten<strong>do</strong> como foco <strong>de</strong> atenção uma ativida<strong>de</strong> profissional específica, que requergran<strong>de</strong> capacitação física e mental para a execução da ativida<strong>de</strong> e que traz comoconseqüência um alto índice <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong>s, Kelman (2000) afirma que fatores pessoais,econômicos, psicológicos e físicos aumentam o stress <strong>de</strong> bailarinos <strong>de</strong> balé clássicoespecificamente, que resultam <strong>em</strong> eleva<strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> lesões momentâneas ou


14permanentes e que po<strong>de</strong>m levar ao fim <strong>do</strong> exercício profissional, o que influenciariadiretamente na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stes (Lewis et al, 1997).Neste ambiente on<strong>de</strong> os profissionais <strong>de</strong> balé clássico são forma<strong>do</strong>s a atenção<strong>de</strong>ve estar distribuída para to<strong>do</strong>s estes fatores. Estas escolas têm a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>formar profissionais e orientá-los para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho e para a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suas ativida<strong>de</strong>s profissionais.Pelas características físicas que a ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> balé clássico exige esteprofissional inicia sua formação muito precoc<strong>em</strong>ente ainda na infância, o que configurapara a saú<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um acompanhamento atento à abordag<strong>em</strong> pedagógica etreinamento físico na qual este estudante <strong>do</strong> balé clássico está sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong>,principalmente no que se refere aos fatores corporais.Por conta <strong>de</strong>sta especificida<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong>stes bailarinos <strong>de</strong>ve conter umcapítulo especial <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos cuida<strong>do</strong>s corporais e ao <strong>de</strong>senvolvimento sensó<strong>rio</strong>-motor<strong>de</strong>stas crianças-a<strong>do</strong>lescentes. Conhecimentos anatômicos, fisiológicos, psicológicos,prevenção <strong>de</strong> lesões e primeiros socorros e enfim, noções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entre outros, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>estar conti<strong>do</strong>s nesta formação. E para isto os profissionais forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stes bailarinos<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>stes conteú<strong>do</strong>s para auxiliá-los, introduzin<strong>do</strong> conhecimentos einformações que possam influenciar a formação e toda a vida <strong>de</strong> bailarino (Bettle et al,2001; McCormack et al, 2004).O treinamento da dança clássica é geralmente caracteriza<strong>do</strong> por exercíciosintermitentes com turnos <strong>de</strong> breve duração. É uma performance que envolve umtrabalho dinâmico e estático <strong>de</strong> pequenos e gran<strong>de</strong>s grupos musculares como tambémum nível varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> estresse <strong>em</strong>ocional (Simmons, 2005). Com isso a preparação paraesta carreira é acompanhada <strong>de</strong> alto potencial <strong>de</strong> risco para lesões físicas (Askling et al,2002).O balé clássico é uma ativida<strong>de</strong> profissional com participantes que <strong>em</strong> muitasvezes são pouco orienta<strong>do</strong>s quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diagnóstico precoce e umaassistência médica apropriada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às informações obtidas <strong>em</strong> seu processo <strong>de</strong>formação.Atualmente no Rio <strong>de</strong> Janeiro encontramos além da Escola Maria Olenewa, daFundação Theatro Municipal, outras escolas forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> bailarinos clássicos.Regulamentadas pela Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação algumas <strong>de</strong>stas possu<strong>em</strong> umCurso Técnico <strong>de</strong> Formação <strong>em</strong> Bailarinos, on<strong>de</strong> nestas escolas encontramosprofissionais da dança envolvi<strong>do</strong>s com a formação e a perpetuação histórica <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>


15Janeiro como gran<strong>de</strong> centro <strong>de</strong> formação <strong>do</strong>s profissionais mais expoentes <strong>do</strong> baléclássico no país e alguns, forma<strong>do</strong>s por essas escolas, com carreiras internacionais.Além <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, i<strong>de</strong>ntificamos outra gran<strong>de</strong> escola <strong>de</strong> formação técnica<strong>de</strong> bailarinos, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joinville <strong>em</strong> Santa Catarina, que é a Escola <strong>do</strong> TeatroBolshoi, única escola fora da Rússia <strong>do</strong> Ballet Bolshoi, com largo histórico <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s bailarinos reconheci<strong>do</strong>s <strong>em</strong> âmbito internacional.Estudar a formação que é dada a este profissional com as mais diversas variáveisque compõe esta, se faz necessária para que possamos enten<strong>de</strong>r como estes profissionaisestão sen<strong>do</strong> capacita<strong>do</strong>s para o trabalho e para sua atenção à saú<strong>de</strong> ocupacional.


162 REVISÃO DE LITERATURAAs escolas clássicas da teoria social encontram na categoria “trabalho” oel<strong>em</strong>ento central para a compreensão das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas e cont<strong>em</strong>porâneas,entendidas por Cohn e Marsiglia (1993), como “socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho”.Marx (1982) pressupõe o trabalho numa forma <strong>em</strong> que pertenceexclusivamente ao hom<strong>em</strong>, “... a abelha envergonha mais <strong>de</strong> um arquiteto humanocom a construção <strong>do</strong>s favos <strong>de</strong> suas colméias. Mas o que distingue o pior arquiteto damelhor abelha é que ele construiu o favo <strong>em</strong> sua cabeça, antes <strong>de</strong> construí-lo <strong>em</strong> cera”.On<strong>de</strong> a especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho humano resi<strong>de</strong> na sua característica <strong>de</strong> ser“pensa<strong>do</strong>”, proposital, consciente.Nas análises das relações entre trabalho e saú<strong>de</strong>, quanto mais se procuracompreen<strong>de</strong>r o universo complexo <strong>do</strong> trabalho, mais ganham <strong>de</strong>staque as questõesrelacionadas à saú<strong>de</strong> mental (Palácios, 2002). O trabalho tanto po<strong>de</strong>rá fortalecer a saú<strong>de</strong>mental quanto levar a distúrbios que se expressarão coletivamente <strong>em</strong> termospsicossociais e/ou individuais, <strong>em</strong> manifestações psicossomáticas ou psiquiátricas(Seligmann-Silva, 1994).A produção não produz, pois, unicamente o objeto <strong>de</strong> consumo, mas também omo<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo, ou seja, não só objetiva, como subjetivamente, a produção criaconsumi<strong>do</strong>r. Esta, para o autor, não cria somente um objeto para o sujeito, mastambém um sujeito para o objeto. Esta produção englobaria, portanto, o consumo,fornecen<strong>do</strong>-lhe o material, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo, geran<strong>do</strong> no consumi<strong>do</strong>ra necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos que <strong>de</strong> início foram postos por ela como objeto (Marx,1982).Tambellini e Câmara (1998) conceituam Saú<strong>de</strong> Coletiva como um campo <strong>de</strong>práticas teóricas e <strong>de</strong> intervenção concreta na realida<strong>de</strong> que t<strong>em</strong> como objeto osprocessos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença nas coletivida<strong>de</strong>s. E ainda estabelec<strong>em</strong> duas funçõesprincipais: “a produção <strong>de</strong> conhecimentos e <strong>de</strong> tecnologias sobre a saú<strong>de</strong> e a <strong>do</strong>ençahumana e seus <strong>de</strong>terminantes <strong>em</strong> termos coletivos” e a intervenção concreta nacoletivida<strong>de</strong>, no indivíduo ou <strong>em</strong> qualquer el<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> contexto que compõe ocomplexo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes e condicionantes <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/<strong>do</strong>ença.Para os autores, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os ainda levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a visão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>construída a partir da Saú<strong>de</strong> Coletiva, <strong>de</strong> forma ampla levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta dimensõesbiológicas, sociais, psíquicas e ecológicas, trabalhan<strong>do</strong> e articulan<strong>do</strong> as faces


17individuais e coletivas que correspon<strong>de</strong>m respectivamente à <strong>do</strong>ença vivida pelo <strong>do</strong>entee ao processo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-<strong>do</strong>ença.Portanto, o processo-objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela Saú<strong>de</strong> Coletiva éaquele que constitui a <strong>do</strong>ença como tal qual é encontrada nas coletivida<strong>de</strong>s sob estu<strong>do</strong>,sen<strong>do</strong> a saú<strong>de</strong> um b<strong>em</strong> <strong>em</strong> si, um valor humano <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>, uma meta i<strong>de</strong>al, além dascontingências <strong>do</strong> ambiente ou <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a social.Para Câmara et al (2003), a inovação tecnológica, a pressão econômica daglobalização e a <strong>de</strong>sregulamentação das relações <strong>de</strong> trabalho tornam difíceis tanto ocontrole da saú<strong>de</strong> e da segurança <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res nos locais <strong>de</strong> trabalho, b<strong>em</strong> comoa das outras populações submetidas aos riscos à saú<strong>de</strong> proveniente das formas nãoprotegidas <strong>de</strong> expulsar resíduos <strong>de</strong>stes locais.No campo da Saú<strong>de</strong> Pública no Brasil as ações <strong>de</strong> vigilância <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> estãosubdivididas e nos ater<strong>em</strong>os a duas vigilâncias, a Ambiental <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> e a Vigilância<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r. A primeira, pela proposta <strong>do</strong> Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong>Vigilância Ambiental <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (SISVAM), é <strong>de</strong>finida como um conjunto <strong>de</strong> açõesque proporciona o conhecimento e a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> qualquer mudança nos fatores<strong>de</strong>terminantes e condicionantes <strong>do</strong> meio ambiente que interfer<strong>em</strong> na saú<strong>de</strong> humana,com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recomendar e a<strong>do</strong>tar as medidas <strong>de</strong> prevenção e controle <strong>do</strong>satores <strong>de</strong> risco e das <strong>do</strong>enças ou agravos (Portaria N. º. 410/MS <strong>de</strong> 10.10.2000).Já a segunda vigilância, a da Saú<strong>de</strong> (<strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r,especificamente), é conceituada como um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s voltadas para ai<strong>de</strong>ntificação, análise, monitoração, controle e prevenção <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma comunida<strong>de</strong> (Câmara, 2002).Teixeira & Pinto <strong>de</strong>scrito por Sato (1996), conceituan<strong>do</strong> a Vigilância à Saú<strong>de</strong>,sinaliza a ampliação das responsabilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> aí nãoapenas o atendimento aos danos e ao controle <strong>de</strong> riscos, mas também o controle dascondições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes ambientais <strong>do</strong> processo saú<strong>de</strong>-<strong>do</strong>ença.A Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r rompe segun<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s e Dias (1994), com aconcepção heg<strong>em</strong>ônica que estabelece um vínculo causal entre a <strong>do</strong>ença e um agenteespecífico, ou a um grupo <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco presentes no ambiente <strong>de</strong> trabalho, e tentasuperar o enfoque que situa sua <strong>de</strong>terminação social, reduzi<strong>do</strong> ao processo produtivo,<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a subjetivida<strong>de</strong>. Busca a explicação sobre o a<strong>do</strong>ecer e o morrer daspessoas, <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>em</strong> particular, através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalho,articulan<strong>do</strong> com o conjunto <strong>de</strong> valores, crenças e idéias, as representações sociais e a


18possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> bens e serviços, na mo<strong>de</strong>rna civilização urbanoindustrial(Men<strong>de</strong>s e Dias, 1994).Durante muito t<strong>em</strong>po a Psicologia <strong>do</strong> Trabalho se concentrou na t<strong>em</strong>ática da“seleção <strong>de</strong> pessoal”, <strong>de</strong>pois foi voltada para a prevenção da fadiga. A novaPsicopatologia <strong>do</strong> Trabalho (Psicodinâmica <strong>do</strong> Trabalho), com as investigações e<strong>de</strong>senvolvimentos teóricos realiza<strong>do</strong>s por Christophe Dejour t<strong>em</strong> por objeto “... aanálise dinâmica <strong>do</strong>s processos psíquicos mobiliza<strong>do</strong>s pelo confronto <strong>do</strong> sujeito com arealida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho”. Esta se t<strong>em</strong> volta<strong>do</strong> para analisar a constituição <strong>do</strong> sofrimentomental a partir da percepção <strong>do</strong>s próp<strong>rio</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. O sofrimento mental éconcebi<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua dupla potencialida<strong>de</strong>: po<strong>de</strong>rá conduzir à <strong>do</strong>ença ou à criativida<strong>de</strong>.Neste último caso, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a saú<strong>de</strong> serão beneficiadas (Seligmann-Silva, 1994).Canguilh<strong>em</strong> (2006) referin<strong>do</strong>-se aos riscos nos diz: “O indivíduo é que avaliaessa transformação porque é ele que sofre suas conseqüências, no próp<strong>rio</strong> momento <strong>em</strong>que se sente incapaz <strong>de</strong> realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe”.A percepção <strong>de</strong> risco se apresenta como um fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>as condutas ante situações potencialmente perigosas nos múltiplos contextos nos quaisestão imersos os indivíduos, especialmente <strong>em</strong> respeito ao âmbito laboral. É certo que apercepção que têm as pessoas ao sofrer um aci<strong>de</strong>nte é crucial na hora <strong>de</strong> explicar oporquê <strong>de</strong> os indivíduos negar<strong>em</strong> a realização <strong>de</strong> condutas nas quais a sua saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ver-se seriamente afetada (Morillejo e López, 2002).“Ser sadio significa não apenas ser normal numa situação <strong>de</strong>terminada, mas sertambém normativo, nessa situação e <strong>em</strong> outras situações eventuais”, já diziaCanguilh<strong>em</strong> (2006). Para o autor, o que caracteriza a saú<strong>de</strong> é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ultrapassar a norma que <strong>de</strong>fine o normal momentâneo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tolerarinfrações à norma habitual e <strong>de</strong> instituir normas novas <strong>em</strong> situações novas.Quan<strong>do</strong> ligamos os riscos para as patologias osteomusculares associadas aotrabalho v<strong>em</strong>os que esta questão t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate nos níveis nacional einternacional, e mais ainda, quan<strong>do</strong> à luz das estatísticas, apesar <strong>de</strong> seu limita<strong>do</strong> nível <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>, notamos que o t<strong>em</strong>a é mais um probl<strong>em</strong>a real <strong>do</strong> queuma simples suspeita (Morillejo e Lópes, 2002).A ocorrência <strong>do</strong>s riscos ergonômicos, segun<strong>do</strong> Asmus e Ferreira (2002), estáassociada à existência, conjunta ou isolada, <strong>de</strong> três fatores principais: sobrecargaestática, movimentos repetitivos rápi<strong>do</strong>s (ou sobrecarga dinâmica) e tensão e rigi<strong>de</strong>znas relações <strong>de</strong> trabalho. Uma organização <strong>de</strong> trabalho com relações <strong>de</strong> trabalho


19pouco maleáveis, que opera com situações gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> tensão <strong>em</strong>ocional, funcionacomo fator potencializa<strong>do</strong>r e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>r para a ocorrência <strong>de</strong> agravos á saú<strong>de</strong><strong>de</strong>stes sist<strong>em</strong>as.Estes riscos po<strong>de</strong>m levar às Doenças Osteomusculares Relacionadas aoTrabalho (DORT). Estas são lesões <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s moles causadas por movimentos eesforços repeti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> corpo ou por sobrecarga estática <strong>do</strong>s seus segmentos (Asmus eFerreira, 2002). As autoras conclu<strong>em</strong> que a primeira medida <strong>de</strong> intervenção é sobre oprocesso <strong>de</strong> trabalho, com um diagnóstico ergonômico da ativida<strong>de</strong>, pois esta será aúnica possibilida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> tratamento, visto que todas as outras medidasdirecionadas ao trabalha<strong>do</strong>r constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> paliativos já que não atuam na fonte.Alguns trabalhos da área <strong>de</strong> nutrição e segurança alimentar têm i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> àsalterações <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal. A imag<strong>em</strong> corporal é a figura <strong>de</strong> nosso próp<strong>rio</strong> corpoque formamos <strong>em</strong> nossa mente, ou seja, o mo<strong>do</strong> pelo qual o corpo se apresenta para nósmesmos ou como o vivenciamos. O termo “imag<strong>em</strong> corporal” refere-se a umailustração, que se t<strong>em</strong> na mente, <strong>de</strong> tamanho, imag<strong>em</strong> e forma <strong>do</strong> corpo, expressan<strong>do</strong>também sentimentos relaciona<strong>do</strong>s a essas características, b<strong>em</strong> como as partes que oconstitu<strong>em</strong>. A insatisfação com o corpo t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> freqüent<strong>em</strong>ente associada àdiscrepância entre a percepção e o <strong>de</strong>sejo relativo a um tamanho e a uma formacorporal.Embora constitua objeto complexo para investigações, exist<strong>em</strong> evidências <strong>de</strong>que a mídia t<strong>em</strong> influência sobre os distúrbios na esfera da alimentação e da imag<strong>em</strong>corporal, pois ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que exige corpos perfeitos, estimula práticasalimentares não saudáveis. O <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> figuras jovens, com corpos esqueléticos oumusculosos apresenta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> revistas, cin<strong>em</strong>a e comerciais torna muito difícil,principalmente para os jovens, consi<strong>de</strong>rar a beleza <strong>em</strong> sua diversida<strong>de</strong> e singularida<strong>de</strong>,ou seja, como componente individual, s<strong>em</strong> se pren<strong>de</strong>r a padrões estéticos cada vez maisinatingíveis (Bosi, 2006; Oliveira et al, 2003).Em um levantamento bibliográfico feito pelo autor (Zikan, 2006) foram cita<strong>do</strong>strabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nos últimos 20 anos, com ênfase no estu<strong>do</strong> das lesões<strong>de</strong>correntes da prática <strong>do</strong> balé clássico (ativida<strong>de</strong> laboral), com a citação <strong>do</strong> ano dapesquisa, o autor, objeto e título <strong>do</strong> trabalho, objetivo, população estudada, méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> e veículo <strong>em</strong> que foi publicada. Poste<strong>rio</strong>rmente este levantamento preliminarcompletou-se com publicações mais recentes (2005-2011) e atualmente t<strong>em</strong>os por


20objetivo, além <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, analisar e classificar os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>spara melhor compreen<strong>de</strong>r a relevância da a<strong>de</strong>quação objeto/objetivos-méto<strong>do</strong>.Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por estas investigações nos permit<strong>em</strong> afirmar o que os autoresencontraram relações positivas entre a prática da dança, especificamente <strong>do</strong> baléclássico com as lesões músculo-esqueléticas, <strong>em</strong> termos gerais e específicos.A dança clássica, como outras formas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física, exige <strong>do</strong> corpohumano adaptações, esforços e preparo que <strong>em</strong> muitos casos vão além <strong>do</strong> que aquelecorpo é capaz <strong>de</strong> suportar (Stretanski, 2002). As ativida<strong>de</strong>s físicas praticadas pelosbailarinos os predispõ<strong>em</strong> à ocorrência <strong>de</strong> inúmeros agravos à saú<strong>de</strong> (Grego et al., 1999),e estes profissionais experimentam assim, <strong>em</strong> sua prática diária, altos índices <strong>de</strong> lesõesmúsculo-esqueléticas (Bronner, 2003). A <strong>de</strong>manda física requer <strong>do</strong> bailarino, para ascoreografias e performances, preparo fisiológico e condicionamento físico, comonecessida<strong>de</strong>s importantes para seu <strong>de</strong>senvolvimento (Koutedakis, 2004).Garrick e Lewis (2001) consi<strong>de</strong>ram a dança, <strong>em</strong> especial o balé clássico, comouma carreira <strong>de</strong> risco, relatan<strong>do</strong> que a prática da dança promove vá<strong>rio</strong>s danos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao“overuse”, sen<strong>do</strong> importante um tratamento específico conten<strong>do</strong> a manutenção <strong>de</strong> umbom equilíb<strong>rio</strong> postural, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a flexibilida<strong>de</strong> e alongamento, que são condiçõesmínimas necessárias para o bom acompanhamento <strong>do</strong>s bailarinos (as) na prevenção daslesões. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a postura <strong>do</strong>s praticantes <strong>de</strong> dança se justifica pelapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> futuras lesões (Gannon, 1999).A amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos articulares <strong>em</strong> profissionais <strong>de</strong> dança foi motivo <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Espelo et al (1990) com o intuito <strong>de</strong> relacionar suas alterações com as lesõesmais freqüentes. Khan et al.(1997) constataram que os bailarinos, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>scom um grupo controle, apresentaram um grau <strong>de</strong> movimento articular maior para osmovimentos <strong>de</strong> rotação externa e menor para os <strong>de</strong> rotação interna <strong>de</strong> quadril.Outro estu<strong>do</strong> nesse senti<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> por Nilsson (1993), on<strong>de</strong> foi avalia<strong>do</strong> ograu <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> da coluna <strong>de</strong> estudantes <strong>do</strong> primeiro ano da Swedish Ballet School ecomparou com um grupo controle, on<strong>de</strong> conseguiu i<strong>de</strong>ntificar que os bailarinosapresentavam um índice maior <strong>de</strong> hipermobilida<strong>de</strong> articular.No estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por McCormack (2004), foi i<strong>de</strong>ntificada a prevalência <strong>de</strong>hipermobilida<strong>de</strong> e da síndrome da hipermobilida<strong>de</strong> articular benigna <strong>em</strong> estudantes ebailarinos profissionais <strong>do</strong> Royal Ballet School, utilizan<strong>do</strong> o Beighton Score. Contatouseque a hipermobilida<strong>de</strong> e a síndrome são comuns <strong>em</strong> estudantes e bailarinos


21profissionais. Esta alta prevalência e o gran<strong>de</strong> relato <strong>de</strong> artralgia suger<strong>em</strong> umaimportante influência negativa <strong>de</strong>stas, na carreira <strong>do</strong>s bailarinos.A influência da prática <strong>do</strong> balé nas alterações posturais, como nas rotações <strong>de</strong>quadris <strong>em</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes <strong>de</strong> 6 a 17 anos, foi estudada por Góis et al (1998),observan<strong>do</strong> que o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> prática <strong>do</strong> balé aumenta a rotação externa e diminui arotação interna <strong>do</strong> quadril (como já fora apresenta<strong>do</strong>). Os autores suger<strong>em</strong> que essasalterações posturais po<strong>de</strong>m estar relacionadas às adaptações das partes moles <strong>do</strong> quadrilà prática <strong>do</strong> balé como a cápsula articular, ligamentos e musculatura rota<strong>do</strong>ra. Asbailarinas são encorajadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua vida no balé a forçar<strong>em</strong> os movimentos<strong>de</strong> rotação externa <strong>de</strong> quadril como se fosse algo s<strong>em</strong>pre possível, não saben<strong>do</strong> que istopo<strong>de</strong> ser causa <strong>de</strong> tensões na coluna lombar e nos m<strong>em</strong>bros infe<strong>rio</strong>res, ten<strong>do</strong> um altorisco <strong>de</strong> lesões futuras (Coplan, 2002). Algumas bailarinas, para conseguir<strong>em</strong> este altograu <strong>de</strong> rotação externa <strong>de</strong> quadril, são obrigadas a <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> uma mobilida<strong>de</strong>excessiva das articulações <strong>do</strong> tornozelo e joelhos, que estarão associadas a uma série <strong>de</strong>lesões músculo-esqueléticas (Gilbert, 1998).Durante o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento das crianças, Matus e Péres (1999),observaram modificações <strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong> física. Os autores estudaram asadaptações que as meninas da Aca<strong>de</strong>mia Mexicana <strong>de</strong> Dança apresentam nos pés e <strong>em</strong>seu apoio nas diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dança ali realizadas, e concluíram que épossível, pelos movimentos realiza<strong>do</strong>s nestas danças, que tenhamos diferentes gruposmusculares funcionan<strong>do</strong> e provocan<strong>do</strong> adaptações posturais no apoio plantar.“O balé clássico é uma <strong>de</strong>manda profissional com participantes que <strong>em</strong> muitasvezes são pouco orienta<strong>do</strong>s quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diagnóstico precoce e umaassistência médica apropriada”, afirma Stretanski e Weber (2002). Para os autores,alguns profissionais da dança enten<strong>de</strong>m o valor <strong>do</strong> treinamento nos múltiplos estilos <strong>de</strong>dança, adiciona<strong>do</strong>s com razões econômicas e sociais. Contu<strong>do</strong> é o balé clássico querequer treinos formais <strong>de</strong> longo t<strong>em</strong>po e com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda funcional sobre o sist<strong>em</strong>amúsculo esquelético.Bailarinas clássicas freqüent<strong>em</strong>ente têm um alto risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong><strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns alimentares pela baixa ingesta calórica (Dotti, 2002). A autoimag<strong>em</strong> e a baixaautoestima são b<strong>em</strong> implicadas na patogênese das <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns alimentares das bailarinas(Bettle, 2001). Outro da<strong>do</strong> que Neumärker (2000) acrescenta como <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>importância nas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns alimentares é a inconsistência psicológica das a<strong>do</strong>lescentes e


22mulheres jovens praticantes <strong>do</strong> balé, enquanto que os bailarinos têm um perfil diferente,on<strong>de</strong> não são freqüentes as alterações alimentares.Querer uma assistência médica <strong>de</strong>talhada, presente e preventiva envolveinteresses com experiências nas lesões músculo esqueléticas, apropriada assistência <strong>de</strong>reabilitação, suporte <strong>em</strong>ocional, metas razoáveis e uma preocupação compulsiva <strong>de</strong>acompanhamento visan<strong>do</strong> o retorno às ativida<strong>de</strong>s (Stretanski e Weber, 2002).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma atuação fisioterapêutica direcionada para essa patologia,apontada por Silvestre (2002), por meio <strong>de</strong> medidas analgésicas, antiinflamatórias eintervenções que consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong> o reequilíb<strong>rio</strong> biomecânico, se faz presente e indispensávelno universo da dança.


233 OBJETIVO3.1 OBJETIVO GERALEste estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> como objetivo avaliar o processo <strong>de</strong> formação técnica e artística<strong>de</strong> profissional (bailarinos e bailarinas) <strong>em</strong> balé clássico ofertada <strong>em</strong> escolas brasileirasselecionadas, através da análise das características <strong>do</strong> ingresso; as características físicas,sócio-<strong>de</strong>mográficas e a representação da própria imag<strong>em</strong> corporal <strong>do</strong>s alunos, comotambém os agravos a saú<strong>de</strong> auto referi<strong>do</strong>s como relaciona<strong>do</strong>s às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação<strong>em</strong> dança que é aqui consi<strong>de</strong>rada na dimensão da relação arte-trabalho-saú<strong>de</strong>.3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOSI<strong>de</strong>ntificar nas escolas <strong>de</strong> balé selecionadas os crité<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> seleção e asformas <strong>de</strong> ingresso <strong>do</strong> aluno, através da análise <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> inscrição,seleção e aceitação <strong>do</strong>s candidatos ao processo <strong>de</strong> formação profissional<strong>em</strong> bailarinos clássicos.I<strong>de</strong>ntificar as características <strong>do</strong> universo <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 1º ao último ano<strong>de</strong> formação profissionalizante das escolas selecionadas, no que se refereàs dimensões sócio-<strong>de</strong>mográficas e pessoais, b<strong>em</strong> como suascaracterísticas físicas (crescimento, <strong>de</strong>senvolvimento, ósteo-musculares enutricionais), à existência <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>aprendizag<strong>em</strong> e as razões auto-referidas da escolha <strong>de</strong>sta profissão.I<strong>de</strong>ntificar e analisar a percepção da imag<strong>em</strong> corporal <strong>do</strong>s alunos sobestu<strong>do</strong>, como variável potencial condicionante ao surgimento <strong>de</strong> lesõesmusculoesqueléticas.


244 METODOLOGIATrata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> diferentes meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>lequantitativa e qualitativa, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam o méto<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miológico e os méto<strong>do</strong>sespecíficos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> trabalho realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> três escolas <strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong>papel na formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais no Brasil.Nossa população <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> veio <strong>de</strong> Escolas que oferec<strong>em</strong> Cursos Técnicos <strong>de</strong>Formação <strong>em</strong> Balé Clássico, reconheci<strong>do</strong>s pelo Ministé<strong>rio</strong> da Educação, e os alunosmatricula<strong>do</strong>s que frequentam <strong>do</strong> primeiro ao último ano <strong>de</strong> formação das referidasescolas.A partir <strong>de</strong>ste crité<strong>rio</strong> foram selecionadas três escolas com peculiarida<strong>de</strong>spróprias e diferenciadas entre si:1- Escola Estadual <strong>de</strong> Dança Maria Olenewa – primeira Escola <strong>de</strong> dança <strong>do</strong> país,ligada a Fundação Theatro Municipal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro fundada <strong>em</strong> 1927, comfinanciamento exclusivamente público, manten<strong>do</strong> as características <strong>de</strong> formação daescola russa, porém matizada com influências da escola francesa.2- Escola <strong>do</strong> Teatro Bolshoi no Brasil – A escola entrou <strong>em</strong> funcionamento <strong>em</strong>2000 criada com expertise internacional, seguin<strong>do</strong> os parâmetros da gran<strong>de</strong> escolaRussa, senda a única escola <strong>do</strong> Teatro Bolshoi fora <strong>de</strong> seu país <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, comfinanciamento nacional.3-Centro <strong>de</strong> Dança Rio – Escola entrou <strong>em</strong> funcionamento <strong>em</strong> 1973, já ten<strong>do</strong>forma<strong>do</strong> bailarinos que obtiveram projeção nacional e internacional; com financiamentoexclusivamente priva<strong>do</strong>, com parâmetros <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> composição heterogenia.A participação da direção, professores e alunos das escolas técnicas selecionadas<strong>de</strong> formação <strong>em</strong> bailarinos foi durante o processo <strong>de</strong> investigação <strong>em</strong> momentos<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que contribuíram para o surgimento e entendimento <strong>de</strong>questões que digam respeito ao significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s processos <strong>em</strong> análise (profissional,artístico e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>).


25A meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> investigação seguiu o seguinte fluxograma:ESCOLAALUNOAnálise <strong>do</strong>risco lesionalCrité<strong>rio</strong>s <strong>de</strong>ingressoCaracterísticas: Sócio-<strong>de</strong>mográficas Físicas Representação <strong>de</strong>imag<strong>em</strong> corporalO estu<strong>do</strong> teve algumas abordagens conforme explicita<strong>do</strong> no fluxograma: umaprimeira abordag<strong>em</strong> nas escolas que i<strong>de</strong>ntificou os crité<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> seleção e as formas <strong>de</strong>ingresso <strong>do</strong> aluno, através da análise <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> inscrição, seleção e aceitação <strong>do</strong>scandidatos. A segunda abordag<strong>em</strong> foi feita com os alunos com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaras características <strong>do</strong> universo <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 1º ao último ano <strong>de</strong> formaçãoprofissionalizante das escolas selecionadas, no que se refere às dimensões sócio<strong>de</strong>mográficase pessoais, b<strong>em</strong> como suas características físicas (crescimento,<strong>de</strong>senvolvimento, ósteo-musculares e nutricionais), à existência <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> e as razões auto-referidas da escolha <strong>de</strong>sta profissão e aprópria representação <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal <strong>do</strong>s estudantes <strong>de</strong> dança.Foram utilizadas as seguintes técnicas <strong>de</strong> investigação: Questioná<strong>rio</strong>s s<strong>em</strong>iabertos on<strong>de</strong> foram cadastradas informações a respeito <strong>do</strong>salunos das escolas com características pessoais, profissionais e sociais;informações <strong>de</strong> avaliação física (da<strong>do</strong>s antropométricos e morfofuncionais) equestões para investigação da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta população, on<strong>de</strong> foi i<strong>de</strong>ntificada aatenção que estes e <strong>de</strong>mais educa<strong>do</strong>res dão ao cuida<strong>do</strong> e a saú<strong>de</strong> preventiva ecurativa no exercício <strong>de</strong> suas funções (Anexo 1 e 2); Questioná<strong>rio</strong> fecha<strong>do</strong> (BSQ) sobre a própria imag<strong>em</strong> corporal <strong>do</strong>s alunos através<strong>de</strong> instrumento previamente testa<strong>do</strong> <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s específicos sobre“comportamentos alimentares e controle <strong>de</strong> peso”. (Anexo 3) Entrevistas com os atores envolvi<strong>do</strong>s para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos quecompõe esta formação, a atenção à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes e aos espaços e/ou re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>


26atenção à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta população, assim como a representação da dança <strong>em</strong> suasvidas nos diferentes estágios <strong>de</strong> formação (Anexo 4).O projeto foi avalia<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> IESC-UFRJ(Anexo 5) e cada participante recebeu um Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre Esclareci<strong>do</strong>para sua concordância ou não quanto à participação na pesquisa, conforme a Resolução196/96 CONEP (Anexo 6), e as instituições envolvidas também se manifestaram atravésda carta <strong>de</strong> aceite <strong>de</strong> participação no projeto (Anexo 7).Após aprovação pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa, os instrumentos <strong>de</strong> avaliaçãoforam testa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> um pequeno quantitativo <strong>de</strong> alunos para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> suavalida<strong>de</strong>.O trabalho <strong>de</strong> pesquisa ocorreu <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com cronograma <strong>em</strong> anexo, termina<strong>do</strong> asativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> maio <strong>de</strong> 2012 com a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> tese (Anexo 8).Os da<strong>do</strong>s quantitativos foram coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s pelo programa SPSS versão17.0, on<strong>de</strong> foram feitos testes estatísticos para obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para discussão econclusão <strong>do</strong> trabalho. Alguns da<strong>do</strong>s por sua natureza e forma <strong>de</strong> coleta não permitir<strong>em</strong>o tratamento quantitativo, via bioestatística, foram trata<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> umacategorização <strong>de</strong>finida segun<strong>do</strong> referenciais teóricos que i<strong>de</strong>ntificamos e selecionamos<strong>em</strong> nosso trabalho <strong>de</strong> revisão bibliográfica.Preten<strong>de</strong>-se realizar reuniões coletivas para apresentar os resulta<strong>do</strong>s aos envolvi<strong>do</strong>sna pesquisa, além disto, o pesquisa<strong>do</strong>r se colocará à disposição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s paraindividualmente discutir os resulta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong>.


275 RESULTADOS5.1 A SAÚDE DO CORPO QUE DANÇA: CONSIDERAÇÕES TEÓRICASO corpo é objeto e alvo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.O corpo artístico, que dança, é o meu objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.Este corpo se forma a partir <strong>de</strong> informações adquiridas <strong>em</strong> um meio social e comeste <strong>de</strong>fine uma forma, interpretação, gestual e utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste corpo.Mas o corpo que dança vive o um dil<strong>em</strong>a: a representação social adquirida e asnecessida<strong>de</strong>s cada vez mais rígidas <strong>de</strong>ste corpo se transformar num corpo atlético, numamáquina potente duelan<strong>do</strong> com seu papel <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, o corpo artístico, afetuoso eromântico.Desta forma o corpo humano entra numa maquinaria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que oesquadrinha, <strong>de</strong>sarticula e recompõe. Uma anatomia política que é também igualmenteuma mecânica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> como se po<strong>de</strong> ter <strong>do</strong>mínio sobre o corpo <strong>do</strong>s outros,não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que oper<strong>em</strong> como se quer,com as técnicas, segun<strong>do</strong> a rapi<strong>de</strong>z e a eficácia que se <strong>de</strong>termina.Corpo, <strong>do</strong>ença, <strong>do</strong>r e sofrimento constitu<strong>em</strong> objetos <strong>de</strong> pesquisa que atravessamfronteiras disciplinares, por envolver<strong>em</strong> dimensões da existência humana reinvidicadascomo próprias das áreas específicas <strong>do</strong> saber.A disciplina organiza um espaço analítico para conhecer, <strong>do</strong>minar e utilizaraquele corpo das formas necessárias e condizentes para a ativida<strong>de</strong>. Ela <strong>de</strong>fine cada umadas relações que o corpo <strong>de</strong>ve manter com o objeto que manipula.O corpo, tornan<strong>do</strong>-se alvo <strong>de</strong> novos mecanismos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, oferece-se a novasformas <strong>de</strong> saber. Corpo <strong>do</strong> exercício mais que da física especulativa; corpo manipula<strong>do</strong>pela autorida<strong>de</strong> mais que atravessa<strong>do</strong> pelos espíritos animais; corpo <strong>de</strong> treinamento útile não da mecânica racional, mas no qual, por essa mesma razão, se anunciará certonúmero <strong>de</strong> exigências <strong>de</strong> natureza e <strong>de</strong> limitações funcionais.A dança apresenta as mesmas características <strong>do</strong>s círculos militares estuda<strong>do</strong>s porFoucault (1997), no que se refere a uma relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência ao mesmo t<strong>em</strong>poindividual e total quanto ao mestre; duração estatutária da formação e troca total entre omestre que <strong>de</strong>ve dar seu saber e o aprendiz que <strong>de</strong>ve trazer seus serviços, sua ajuda e <strong>em</strong>muitas vezes uma retribuição. A forma <strong>de</strong> <strong>do</strong>mesticida<strong>de</strong> se mistura a uma transferência<strong>de</strong> conhecimento.


28Assim t<strong>em</strong>os no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno uma exigência nova, a que a disciplina t<strong>em</strong> queaten<strong>de</strong>r: construir uma máquina cujo efeito será eleva<strong>do</strong> ao máximo pela articulaçãocombinada das peças el<strong>em</strong>entares <strong>de</strong> que ela se compõe. A disciplina não é maissimplesmente uma arte <strong>de</strong> repartir os corpos, <strong>de</strong> extrair e acumular o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>les, mas<strong>de</strong> compor forças para obter um aparelho eficiente.O novo pensamento mecanicista <strong>em</strong>prega sua fecundida<strong>de</strong> sobre um corpotransforma<strong>do</strong> ele próp<strong>rio</strong> <strong>em</strong> máquina; com a pretensão que requer <strong>do</strong> corpo po<strong>de</strong>resautocorretivos e que tentam pacient<strong>em</strong>ente organizá-los e programá-los; uma pedagogia<strong>do</strong> corpo.O impacto na mídia <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> industrializa<strong>do</strong> <strong>de</strong> um corpo industrial; um novotipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, uma nova configuração <strong>de</strong> relações sociais crian<strong>do</strong> o consumo <strong>de</strong> umnovo corpo a partir da indústria da venda, marketing, distribuição, manutenção e reparo<strong>de</strong> um corpo “industrial”.O Corpo Simbólico para a nova socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo se <strong>de</strong>para com algumascontradições: livre e cont<strong>em</strong>porâneo, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que artificial e industrial,negan<strong>do</strong> o velho e o envelheci<strong>do</strong> como <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> fraqueza.Esse corpo lin<strong>do</strong>, saudável e “flexível” parece ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconecta<strong>do</strong> dasubjetivida<strong>de</strong> enquanto processo. Na verda<strong>de</strong>, parece que foram separadas <strong>do</strong> corpo suaspotências disruptivas. Herdamos efetivamente um corpo <strong>do</strong>lori<strong>do</strong>, machuca<strong>do</strong> ereticente aos riscos inerentes às experimentações, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que somosconvoca<strong>do</strong>s a vivê-las. E vai se cobrin<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> novas-velhas fórmulas <strong>de</strong>reviver o corpo e dar-lhe mais po<strong>de</strong>r, e que na verda<strong>de</strong> são, na gran<strong>de</strong> maioria das vezes,coleções <strong>de</strong> quinquilharias merca<strong>do</strong>lógicas, boas para consumo.Nesta balança observo o ganho <strong>do</strong> corpo lesiona<strong>do</strong>, fadiga<strong>do</strong>, danifica<strong>do</strong> pelasativida<strong>de</strong>s exigidas e socialmente camufla<strong>do</strong> pelo corpo cênico, o corpo que os outrosvê<strong>em</strong> no palco.O <strong>de</strong>bate sociológico sobre a lesão t<strong>em</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da sociologiaocupacional uma interpretação da corporificação (<strong>em</strong>bodiment). Seguin<strong>do</strong> PierreBourdieu (1992), afirmamos que a apreciação da dança como performance é <strong>em</strong> si umaestética corporificada <strong>do</strong> bom gosto que pressupões interesse e não <strong>de</strong>sinteresse. Asformas artísticas ou instituições que comunicam experiências estéticas para umaaudiência através das performances não são efetivamente compreendidas por meio <strong>de</strong>uma epist<strong>em</strong>ologia construcionalista. A dança é a ilustração clássica <strong>do</strong> argumento <strong>de</strong>que a performance não po<strong>de</strong> ser meramente entendida como um texto. Nós precisamos


29atentar para a performativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> práticas artísticas, isto é, para os mo<strong>do</strong>s nos quais omovimento, o ataque e o gesto são reuni<strong>do</strong>s.Isso nos faz pensar na dança, pois o que há <strong>de</strong> mais interessante na dançacont<strong>em</strong>porânea são justamente essas tentativas <strong>de</strong> subverter a obvieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo. A<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> qualquer virtuosismo, explorar um <strong>de</strong>vir-corpo <strong>em</strong> dança. Explorar omovimento e, através da dança, compor um corpo que não está da<strong>do</strong>, que não seevi<strong>de</strong>ncia. Tornar audível esse grito da carne <strong>em</strong> seu atletismo intensivo. E para isso nãoé necessá<strong>rio</strong> gritar literalmente, n<strong>em</strong> se contorcer obstinadamente; pois é na singelezadas composições, no inusita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s encontros que a arte nos mostra que há uma vidacrua aquém e além <strong>de</strong> qualquer prévia organização <strong>do</strong> corpo.Nas relações constantes entre o biológico e o sociológico não <strong>de</strong>ixa gran<strong>de</strong> lugarao intermediá<strong>rio</strong> psicológico. Não po<strong>de</strong>mos ter uma visão totalmente clara <strong>do</strong>s fatos <strong>de</strong>não introduzirmos uma tríplice consi<strong>de</strong>ração <strong>em</strong> lugar <strong>de</strong> uma, quer fosse pela mecânicae física, como uma teoria anatômica e fisiológica <strong>do</strong> dançar, quer fosse ao contrá<strong>rio</strong> pelapsicológica e sociológica. Em to<strong>do</strong>s esses el<strong>em</strong>entos a arte <strong>de</strong> utilizar o corpo humano,os fatos <strong>de</strong> educação <strong>do</strong>minam; a educação se sobrepon<strong>do</strong> á imitação.S<strong>em</strong> a técnica da dança, o corpo também se move, mas é apenas capaz <strong>de</strong> criargestos grotescos, impensa<strong>do</strong>s, estranhos. A técnica se faz necessária, para explorarmos apotência <strong>do</strong> corpo, buscan<strong>do</strong> seus segre<strong>do</strong>s, suas estórias, suas comédias e suas durezas.O belo é importante para que se faça Arte, e para que <strong>de</strong>le se possa transcen<strong>de</strong>r, ir além.Ele revela a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> movimento, a <strong>de</strong>finição das ações, e traz os limites <strong>do</strong> corpo.As manifestações das lesões <strong>do</strong>s bailarinos dão orig<strong>em</strong> a um leque <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>asinteressantes cobre carreiras, profissionalismo, instituições e o <strong>de</strong>senvolvimento social ehistórico <strong>do</strong> balé clássico especificamente.Corpos lesiona<strong>do</strong>s são disciplina<strong>do</strong>s por arranjos médicos, controla<strong>do</strong>s nascompanhias <strong>de</strong> dança on<strong>de</strong> este profissional trabalha e representa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umacomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pares, <strong>de</strong> bailarinos. A lesão po<strong>de</strong> ser entendida apenas a partir <strong>de</strong> umapesquisa sociológica que simultaneamente dispense atenção aos mo<strong>do</strong>s nos quais osarranjos sociais e a corporificação produz<strong>em</strong> condições que são reconhecidas como“lesões” que exig<strong>em</strong> atenção. Quer<strong>em</strong> os bailarinos realmente experimentar ou nãolesões probl<strong>em</strong>áticas, está é uma função <strong>de</strong> sua incorporação b<strong>em</strong>-sucedida na culturada dança; as lesões são “socialmente construídas”.As lesões <strong>do</strong> balé são o produto <strong>de</strong> mudanças na formação <strong>do</strong> bailarino, <strong>de</strong>coreografia, <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> carreira, <strong>de</strong> expectativas <strong>do</strong> público <strong>em</strong> torno da


30performance das celebrida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> arranjos institucionais na companhia e <strong>de</strong> mudançasna expectativa <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> perfil “atlético” <strong>do</strong> balé mo<strong>de</strong>rno.Talvez, segun<strong>do</strong> Turner e Wainwright (2003), seja mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> “tratar aprática <strong>do</strong> balé como um chama<strong>do</strong> (beruf), ao invés <strong>de</strong> uma ocupação”. Para ele um“chama<strong>do</strong>” é um padrão sist<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> disciplina e comportamento que é <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>para produzir uma personalida<strong>de</strong> distintiva <strong>do</strong> self. O balé clássico é uma vocação ouuma tecnologia <strong>do</strong> self, exigin<strong>do</strong> o ascetismo através <strong>do</strong> qual a verda<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong>alguém po<strong>de</strong> ser apreendida, como nos diz Foucault.Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que uma lesão é potencialmente fatal para uma carreira, éaceita como um fator inevitável da vida <strong>do</strong> balé, <strong>em</strong>bora o <strong>de</strong>sconforto, a <strong>do</strong>r e a lesãosejam mascara<strong>do</strong>s por uma cultura que é comprometida com a noção <strong>de</strong> que “o show<strong>de</strong>ve continuar”.As lendas históricas <strong>de</strong> um balé heróico e a institucionalização <strong>do</strong> carismaajudam a tornar as lesões aceitáveis, condições quase <strong>de</strong> rotina, pois que é parte dam<strong>em</strong>ória coletiva. Para a maioria <strong>do</strong>s bailarinos, a conjunção <strong>de</strong> envelhecimento e lesão,numa situação <strong>em</strong> que estão surgin<strong>do</strong> às expectativas públicas e profissionais <strong>de</strong>performance atlética, finalmente provoca o fim <strong>de</strong> suas carreiras.A estrutura social <strong>do</strong> balé, como qualquer campo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> social, <strong>de</strong>terminaum conjunto <strong>de</strong> posições sociais <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> sua autorida<strong>de</strong> e prestígio. Neste senti<strong>do</strong>,a estrutura <strong>do</strong> campo dá forma à carreira <strong>do</strong>s bailarinos, e este campo é o contexto noqual o habitus <strong>do</strong>s indivíduos é forma<strong>do</strong>.Bourdieu (1992) i<strong>de</strong>ntificou o capital social (as relações sociais nas quais aspessoas invest<strong>em</strong>), capital cultural (qualificações educacionais) e capital simbólico(honra e prestígio), mas o corpo humano também é parte <strong>do</strong> capital ao quais os sereshumanos atribu<strong>em</strong> valores. Devi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> o envelhecimento reduzir inevitavelmentenosso capital físico, esta forma <strong>de</strong> capital não é renovável e é caracterizada por suaescassez. Em contraste, o envelhecimento po<strong>de</strong> estar associa<strong>do</strong> ao aumento <strong>de</strong>sabe<strong>do</strong>ria, respeito e influência, e o po<strong>de</strong>r que v<strong>em</strong> <strong>do</strong> envelhecimento <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>spatriarcais está associa<strong>do</strong> ao capital simbólico <strong>do</strong> corpo necessariamente se colocamnuma relação contraditória.O hábitus <strong>do</strong> balé clássico gera disposições ou gostos <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> corpo queestabelec<strong>em</strong> normas <strong>de</strong> beleza, juventu<strong>de</strong> e padrões atléticos, e, portanto oenvelhecimento, a lesão e a aposenta<strong>do</strong>ria são profundamente probl<strong>em</strong>áticos para ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> campo <strong>do</strong> balé clássico. Poucas vocações apresentam uma relação


31tão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte entra o status profissional e o perfil atlético <strong>do</strong> corpo e <strong>de</strong> sua contínuaapresentação <strong>em</strong> performance dramática (Moehlecke, 2009 e San<strong>de</strong>r, 2009).A noção <strong>de</strong> que o corpo é socialmente construí<strong>do</strong> t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> politicamenteimportante para os movimentos sociais nas esferas públicas e para o <strong>de</strong>senvolvimentointelectual da sociologia. O corpo t<strong>em</strong> se torna<strong>do</strong> crucial para o <strong>de</strong>bate <strong>em</strong> torno daconstrução social <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s médicos, on<strong>de</strong> o <strong>em</strong>pirismo ingênuo t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>.Em particular, o construcionismo compreen<strong>de</strong> as <strong>do</strong>enças como esqu<strong>em</strong>asclassificató<strong>rio</strong>s que t<strong>em</strong> uma história, e que são culturalmente conforma<strong>do</strong>s pordiscursos cont<strong>em</strong>porâneos e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> sua existência a relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (Bourdieu, 1992).A lesão <strong>de</strong> balé t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser entendida no contexto da mudança histórica. Aglobalização <strong>do</strong> balé t<strong>em</strong> coloca<strong>do</strong> uma maior ênfase sobre os bailarinos, que seapresentam numa <strong>de</strong>manda regular <strong>de</strong> eventos internacionais. O balé mo<strong>de</strong>rno é maisatlético, e se espera que as companhias produzam uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros e estilos <strong>de</strong>dança que vá <strong>do</strong> balé clássico ao mo<strong>de</strong>rno (Bronhorst, 2001).Uma compreensão efetiva <strong>do</strong>s rituais e realida<strong>de</strong>s da <strong>do</strong>r exige uma sociologiada corporificação <strong>do</strong>s bailarinos lesiona<strong>do</strong> e uma análise da construção social <strong>de</strong> lesões<strong>do</strong> corpo, <strong>em</strong> que a substância da <strong>do</strong>r é canalizada e tornada manifesta através <strong>do</strong> corpocoletivo e real (Durkheim, 2001).Como já nos dizia Chico Buarque <strong>de</strong> Holanda, na canção “Ciranda daBailarina”: “Procuran<strong>do</strong> b<strong>em</strong>, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong> pereba, só a bailarina que não t<strong>em</strong>... n<strong>em</strong>unha encardida, n<strong>em</strong> casca <strong>de</strong> ferida ela não t<strong>em</strong>... to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> teve escarlatina ou t<strong>em</strong>febre amarela, só a bailarina que não t<strong>em</strong>... me<strong>do</strong> <strong>de</strong> subir, me<strong>do</strong> <strong>de</strong> cair, me<strong>do</strong> <strong>de</strong>vertig<strong>em</strong> ela não t<strong>em</strong>... to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> faz peca<strong>do</strong>... só a bailarina que não t<strong>em</strong>”.Dores, me<strong>do</strong>s, angústias, inquietações, cansaços... prazer, reconhecimento,satisfação pessoal, fama. Trabalho e recompensa. Desafios e superações. E a saú<strong>de</strong>?On<strong>de</strong> a saú<strong>de</strong> entra neste contexto duplo e por vezes antagônico?A bailarina imune da canção torna-se real e suscetível a to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> malescomo qualquer um <strong>de</strong> nós.O corpo dança<strong>do</strong> atualiza a carne, <strong>em</strong> sua <strong>do</strong>r e <strong>em</strong> sua alegria.


325.2 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE INGRESSONAS ESCOLAS ESTUDADASAs escolas que participaram <strong>de</strong>sta pesquisa possu<strong>em</strong> processos <strong>de</strong> ingressos <strong>do</strong>salunos com características muito particulares e serão <strong>de</strong>scritas aqui <strong>de</strong> forma isolada,referin<strong>do</strong>-se a cada escola <strong>em</strong> particular.As escolas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro possu<strong>em</strong> características próximas, por possuír<strong>em</strong> amesma constituição <strong>de</strong> organização por anos letivos (Ciclo Preliminar, 1º Básico ao 3ºMédio e <strong>de</strong>pois o Ciclo Profissionalizante <strong>do</strong> 1º ao 3º ano Técnico). Desta formaobservamos que no perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que a pesquisa foi realizada o ingresso <strong>do</strong>s alunos aoCiclo Profissionalizante – objeto <strong>de</strong>sta tese- foi da<strong>do</strong> por progressão direta <strong>de</strong> alunosvin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ciclo Médio.Nestas escolas os alunos que terminaram o ciclo médio e que <strong>de</strong>sejaram cursar ociclo profissionalizante foram imediatamente aprova<strong>do</strong>s, já que to<strong>do</strong> processo <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>stes alunos fora realiza<strong>do</strong> na própria escola.Alguns poucos candidatos ao ciclo profissionalizante foram avalia<strong>do</strong>s paraingresso neste, sen<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a uma entrevista com a direção da escola e foramavalia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> uma aula <strong>de</strong> balé <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> 1º ano profissionalizante, não ten<strong>do</strong>aprova<strong>do</strong>s <strong>em</strong> ambas as escolas.Os candidatos <strong>de</strong>stas escolas foram orienta<strong>do</strong>s a cursar<strong>em</strong> o ciclo Médio paraposte<strong>rio</strong>rmente se candidatar<strong>em</strong> ao ciclo profissionalizante, com pelo menos um ano <strong>de</strong>aulas nas escolas.Já na escola <strong>de</strong> Santa Catarina observamos o processo seletivo tanto para o início<strong>do</strong> curso (1º ano), como para as vagas r<strong>em</strong>anescentes <strong>do</strong>s anos subsequentes, que por<strong>de</strong>sistência/aban<strong>do</strong>no possu<strong>em</strong> vagas ociosas.Esse processo <strong>de</strong> seleção foi previsto no Edital, da própria escola, para opreenchimento das vagas <strong>em</strong> 2012 para o Ciclo Básico <strong>em</strong> Dança Clássica (candidatosentre 9 e 11 anos), para o Curso Básico <strong>de</strong> Dança Clássica (candidatos <strong>de</strong> 12 a 18 anos)e para o Curso Técnico <strong>de</strong> Nível Médio <strong>em</strong> Dança Clássica ou Cont<strong>em</strong>porânea.Para esta seleção foram ofertadas 40 vagas <strong>de</strong> Ciclo Básico (20 vagas parameninos e 20 para meninas) e as <strong>de</strong>mais vagas r<strong>em</strong>anescentes para os <strong>de</strong>mais anos <strong>de</strong>formação.O processo seletivo <strong>de</strong>u-se <strong>em</strong> duas etapas distintas, sen<strong>do</strong> realizadas naspróprias instalações da escola <strong>em</strong> <strong>do</strong>is dias consecutivos. As etapas da seleção foram:


33 Médico-fisioterapêutica: clínica, postural, específica e somatotipo, paraverificação <strong>de</strong> aptidão física; Artística: artístico, musical e cognitiva, para verificação das habilida<strong>de</strong>s técnicasartísticas e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no méto<strong>do</strong> Vaganova (méto<strong>do</strong> Russo esteregente na escola como orienta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo pedagógico).A etapa Médico-fisioterapêutica fora realizada pela equipe <strong>de</strong> fisioterapeutas daescola e <strong>de</strong>mais convida<strong>do</strong>s para participar <strong>do</strong> processo seletivo, assim como osmédicos convida<strong>do</strong>s pelo responsável pelo <strong>de</strong>partamento médico da escola. To<strong>do</strong>s osprofissionais envolvi<strong>do</strong>s no processo seletivo foram treina<strong>do</strong>s previamente para aavaliação e preenchimento <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> avaliação (questioná<strong>rio</strong>s) específicos,basea<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela equipe médica da Escola <strong>do</strong> Teatro Bolshoi na Rússia.O questioná<strong>rio</strong> médico avalia da<strong>do</strong>s como: ida<strong>de</strong>, peso, altura, Pressão arterial,alterações <strong>em</strong> pele, boca, sist<strong>em</strong>a respirató<strong>rio</strong>, cardiológico, ab<strong>do</strong>me, visão, equilíb<strong>rio</strong>,mobilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>r, assim como histórico patológico pregresso comocirurgias, uso <strong>de</strong> medicamentos e outras comorbida<strong>de</strong>s.O questioná<strong>rio</strong> fisioterapêutico avalia: heteromorfia torácica, postura, flexibilida<strong>de</strong><strong>em</strong> tornozelos, joelhos, quadril e coluna, com testes estáticos e dinâmicos.Após esta fase os candidatos passam por uma avaliação musical e cognitiva, feitapelos professores músicos da escola, on<strong>de</strong> são avalia<strong>do</strong>s ritmo, <strong>de</strong>slocamento <strong>em</strong> ritmo,lateralida<strong>de</strong> e habilida<strong>de</strong>s musicais específicas.Os candidatos aprova<strong>do</strong>s nestas etapas são seleciona<strong>do</strong>s a realizar uma provaartística no dia seguinte, on<strong>de</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o nível <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> e ida<strong>de</strong> sãoorienta<strong>do</strong>s a fazer<strong>em</strong> provas compatíveis com seu <strong>de</strong>senvolvimento.Nesta etapa os professores <strong>de</strong> dança da escola pe<strong>de</strong>m movimentos livres e iniciammovimentos coreográficos para os candidatos iniciais (ciclo básico) e realizam uma aula<strong>de</strong> balé para os candidatos <strong>de</strong> ciclos mais adianta<strong>do</strong>s. Nesta etapa os professores avaliamas habilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s candidatos a realizar<strong>em</strong> as ativida<strong>de</strong>s propostas.Neste processo seletivo participaram 357 crianças on<strong>de</strong> apenas 76 foramselecionadas para ocupar as 40 vagas <strong>de</strong> nível básico (1º ano) e as 36 restantes para opreenchimento das vagas r<strong>em</strong>anescentes.Po<strong>de</strong>mos observar que nesta escola, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao programa pedagógico eprincipalmente, <strong>em</strong> relação às condições <strong>de</strong> educação ofertada a procura é muito gran<strong>de</strong>,ten<strong>do</strong> crianças <strong>de</strong> vá<strong>rio</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros. Desta forma o processo seletivo passa por


34etapas muito rígidas, com crité<strong>rio</strong>s muito b<strong>em</strong> <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s pela equipe diretora daescola, on<strong>de</strong> as expectativas e frustrações da não aprovação impactamconsi<strong>de</strong>ravelmente nos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> crianças, familiares e <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> pessoas queincentivam, patrocinam e às vezes custeiam o ensino <strong>de</strong>stes alunos.Por ter claro duas etapas seletivas e a primeira ser a etapa médica efisioterapeutica, nos evi<strong>de</strong>ncia a importância <strong>do</strong> quesito saú<strong>de</strong> neste coletivo. Nestaescola a questão saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> aluno é fundamental, sen<strong>do</strong> abordada <strong>de</strong>ste seu processoseletivo, sen<strong>do</strong> o primeiro crivo e aprovação/reprovação, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a relevância <strong>do</strong>t<strong>em</strong>a. Este cuida<strong>do</strong> continua durante toda a permanência <strong>do</strong> aluno na escola comcuida<strong>do</strong> efetivo com uma re<strong>de</strong> clara e ativa <strong>de</strong> profissionais envolvi<strong>do</strong>s como:fisioterapeutas, educa<strong>do</strong>res físicos, nutricionistas e médicos.


355. 3 ARTIGO 1RELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MOBILIDADE ARTICULAR E A PRESENÇADE LESÃO E DOR EM ALUNOS DE BALLET NO BRASILAUTORES: ZIKAN, FE; TAMBELLINI, AT e LUIZ,RR.O artista faz <strong>de</strong> sua ocupação não apenas um meio <strong>de</strong> ganhar a vida, é suapaixão, e para tal faz<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> sacrifício, tanto fisicamente quanto mentalmente pratrazer ao mun<strong>do</strong> essa beleza imensurável (Hansen, 2006)A dança é uma mistura única <strong>de</strong> arte e atletismo, tornan<strong>do</strong> seus praticantesparticularmente suscetíveis a lesões músculo-esqueléticas e <strong>do</strong>r (Hincapé, 2008).Bailarinos são submeti<strong>do</strong>s a forte treinamento o que contribui para maior gravida<strong>de</strong> dalesão e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta se tornar incapacitante (Grego, et al 2006), da<strong>do</strong>s osmovimentos repetitivos e exercícios com excessivas amplitu<strong>de</strong>s articulares a que sãosubmeti<strong>do</strong>s.Um <strong>do</strong>s atrubutos para ser um bom bailarino, imposto por Balanchine no séculoXX era, além <strong>de</strong> ter um corpo magro e longelíneo, possuir uma gran<strong>de</strong> gama ativa epassiva <strong>do</strong> movimento ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> quadril, <strong>de</strong>streza com a perna elevada e um saltovertical alto (Wyon et al, 2010), afirma ainda que a flexibilida<strong>de</strong> é um componente vitalpara o balé clássico.Lesões são significant<strong>em</strong>ente mais numerosas <strong>em</strong> bailarinos hipermóveis <strong>do</strong> quenos não hipermóveis (Beighton, 2012). Hipermobilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida como a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> se ter o movimento articular mais amplo que permite uma gama maior e variada <strong>de</strong>movimentos. Na profissão <strong>de</strong> bailarino é muitas vezes promovida por razões estéticasinerentes a dança, <strong>em</strong> especial o balé clássico (Day et al, 2011).A hipermobilida<strong>de</strong> articular é uma característica fenotípica compartilhada pelamaioria, senão por todas, as <strong>do</strong>enças hereditárias <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> conjuntivo e exist<strong>em</strong> razõesabundantes para exigir crité<strong>rio</strong>s confiáveis e precisas para o seu diagnóstico competente.È i<strong>de</strong>ntificada usan<strong>do</strong> a escala <strong>de</strong> nove pontos <strong>de</strong> Beighton, on<strong>de</strong> a obtenção <strong>de</strong> escoresacima <strong>de</strong> quatro <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> nove pontos, se constitui como um <strong>do</strong>s crité<strong>rio</strong>s maiores(principais) <strong>de</strong> diagnóstico (Grahame, 2007 ; Gannon, 1999 e Kl<strong>em</strong>p, 1984).Atualmente o teste mais usa<strong>do</strong> para i<strong>de</strong>ntificação e diagnóstico da Síndrome daHipermobilida<strong>de</strong> Articular Sistêmica Benigna – Benign Joint Hypermobility Syndrome- BJHS (Juul-Kristensen et al, 2007).


36Hipermobilida<strong>de</strong> e BJHS são comuns tanto nos estudantes <strong>em</strong> geral <strong>do</strong> sexomasculino e f<strong>em</strong>inino como nos bailarinos e bailarinos profissionais. A queda naprevalência, e o maior relato <strong>de</strong> artralgia com outras características da BJHS <strong>em</strong> jovensdançarinas, sugere que BJHS po<strong>de</strong> ter uma influência negativa importante comimplicações para seu treinamento. O mesmo padrão não foi observa<strong>do</strong> <strong>em</strong> homens,sugerin<strong>do</strong> que a referencia <strong>de</strong> <strong>do</strong>r a presença <strong>de</strong> lesões estão relacionadas a fatoresoutros além BJHS (McCormack et al, 2004).A laxitu<strong>de</strong> articular generalizada, também conhecida como laxitu<strong>de</strong> articularsistêmica é <strong>de</strong>finida por Boyle et al. (2003) como uma condição <strong>em</strong> que as articulaçõessinoviais têm um arco <strong>de</strong> movimento além <strong>do</strong> limite normal. A consequência potencial<strong>de</strong>sta é a síndrome da hipermobilida<strong>de</strong>. Alguns trabalhos já reportam a associação dalaxitu<strong>de</strong> articular generalizada com as queixas musculoesqueléticas como artralgias,subluxações articulares, luxações e entorses.Steinberg et al (2006) conclu<strong>em</strong> <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> que os bailarinos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> perceberque a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento passivo, ou seja, s<strong>em</strong> a realização voluntária <strong>de</strong>contração muscular, provavelmente não aumentará com a ida<strong>de</strong>. Portanto, o principalobjetivo <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> dança <strong>de</strong>ve se concentrar <strong>em</strong> exercícios que mantenham aflexibilida<strong>de</strong> natural das articulações <strong>do</strong>s dançarinos ao invés <strong>de</strong> tentar melhorá-la es<strong>em</strong>pre ganhá-la . A manutenção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que visam o ganho excessivo <strong>de</strong>mobilida<strong>de</strong> articular po<strong>de</strong>m promover alterações biomecânicas como a torção <strong>do</strong> fêmuri<strong>de</strong>ntificada por Hamilton et al (2006), no treinamento excessivo para aumentar aamplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento passiva <strong>de</strong> rotação externa <strong>de</strong> quadril.A mobilida<strong>de</strong> articular <strong>em</strong> profissionais <strong>de</strong> dança foi motivo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Espeloet al (1990) com o intuito <strong>de</strong> relacionar suas alterações com as lesões mais freqüentes<strong>em</strong> tais profissionais. Khan et al (1997) constataram que os bailarinos, quan<strong>do</strong>compara<strong>do</strong>s com um grupo controle, apresentaram um grau <strong>de</strong> movimento articularmaior para os movimentos <strong>de</strong> rotação externa <strong>de</strong> menos para os <strong>de</strong> rotação interna <strong>de</strong>quadril. Outro estu<strong>do</strong> nesse senti<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> por Nilsson (2001), on<strong>de</strong> foi avalia<strong>do</strong> ograu <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> da coluna <strong>de</strong> estudantes <strong>do</strong> primeiro ano da Swedish Ballet School,que compara<strong>do</strong>s com um grupo controle apresentavam um índice maior <strong>de</strong>hipermobilida<strong>de</strong> articular.Garrick e Lewis (2001) consi<strong>de</strong>ram a dança, <strong>em</strong> especial o balé clássico, comouma carreira <strong>de</strong> risco, relatan<strong>do</strong> que a pratica da dança promove vá<strong>rio</strong>s danos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ao“overuse”, sen<strong>do</strong> importante um tratamento específico que cont<strong>em</strong>ple a manutenção <strong>de</strong>


37um bom equilíb<strong>rio</strong> postural, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a flexibilida<strong>de</strong> e alongamento, que são condiçõesmínimas necessárias para o bom acompanhamento <strong>do</strong>s bailarinos na prevenção daslesões. Como hipermobilida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> associada à fadiga na população <strong>em</strong> geral, adançarina hipermóvel <strong>de</strong>ve ter cuida<strong>do</strong>, dada a associação entre fadiga e etiologia dalesão na dança (Day et al, 2011, e Hardaker, 1985).Gannon (1999) e O’Loughlin et al (2008) quantificam a laxitu<strong>de</strong> articular <strong>de</strong>dançarinas e ginastas, que é um fator agravante para as lesões. Os autores avaliaram oarco <strong>de</strong> movimento das dançarinas e ginastas e observaram a larga diferença entre oarco passivo e o ativo <strong>de</strong> movimento, confirman<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> articular <strong>de</strong>ssaamostra, o que justifica sua propensão a lesões.Os estudantes com hipermobilida<strong>de</strong> exig<strong>em</strong> força adicional para realização <strong>de</strong>seus treinamentos, o que traduz a gravida<strong>de</strong> da questão (Weiss, et al, 2009). Ossintomas mais comumente relata<strong>do</strong>s são instabilida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>res referentes a tendinites, nasquais a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabilização articular leva a um uso excessivo muscular,ocasionan<strong>do</strong> as lesões musculares e fadigas (Ritter, 2008).O presente estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> como objetivo relacionar o Índice <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong>Articular, obti<strong>do</strong> através da Escala <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong> Articular <strong>de</strong> Carter e Wilkinson,modificada por Beighton, com a prevalência <strong>de</strong> lesão musculoesquelética <strong>em</strong> alunos <strong>de</strong>escolas profissionalizantes <strong>de</strong> balé clássico no Brasil e fazen<strong>do</strong> relação com a auto<strong>de</strong>scrição<strong>de</strong> presença <strong>de</strong> <strong>do</strong>r e fadiga muscular.MÉTODOTrata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> diferentes meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>ín<strong>do</strong>le quantitativa e qualitativa, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca o méto<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miológico. Realiza<strong>do</strong><strong>em</strong> três escolas <strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong> papel na formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais no Brasil.Foi utiliza<strong>do</strong> um questioná<strong>rio</strong> s<strong>em</strong>iaberto on<strong>de</strong> foram cadastradas informações a respeito<strong>do</strong>s alunos como características pessoais, profissionais e sociais; informações <strong>de</strong>avaliação física (da<strong>do</strong>s antropométricos e morfofuncionais) e a Escala <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong>Articular <strong>de</strong> Carter e Wilkinson, modificada por Beighton.O projeto foi avalia<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> IESC-UFRJ e cada participante recebeu um Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre Esclareci<strong>do</strong> parasua concordância ou não quanto à participação na pesquisa, conforme a Resolução196/96, CONEP.


38Os da<strong>do</strong>s quantitativos foram coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s pelo programa SPSS versão17.0, on<strong>de</strong> foram feitos testes estatísticos (chi-quadra<strong>do</strong>) para obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s paradiscussão e conclusão <strong>do</strong> trabalho.RESULTADOSForam avalia<strong>do</strong>s 100 alunos <strong>de</strong> balé clássico, sen<strong>do</strong> 70 meninas e 30 meninos,com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 18 anos (2,05 <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão). Destes 83% apresentaram índic<strong>em</strong>aior que quatro na Escala <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong> Articular <strong>de</strong> Carter e Wilkinson, modificadapor Beighton, e foram, portanto classifica<strong>do</strong>s como hipermóveis, segun<strong>do</strong> o Crité<strong>rio</strong> <strong>de</strong>Brighton: 90% das meninas e 67% <strong>do</strong>s meninos (p=0,004) cuja diferença éestatisticamente significativa (vi<strong>de</strong> tabela 1). O valor médio <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>articular foi <strong>de</strong> 5,58, com 2,09 <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão.TABELA 1 – IMA e GêneroÍNDICE DE MOBILIDADE ARTICULARNão hipermóvel (


39Quan<strong>do</strong> as lesões foram agrupadas <strong>em</strong> categorias, a partir da característica dalesão, as mais frequentes foram <strong>de</strong> traumas articulares <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>,como entorses (24%), tendinites (17,6%) e fraturas (14,4%), representan<strong>do</strong> 56% daslesões. Destas lesões <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>, 88,5% foram entre indivíduos classifica<strong>do</strong>s comohipermóveis, vi<strong>de</strong> tabela 3.TABELA 3 – TIPOS DE LESÕES E MOBILIDADECLASSIFICAÇÃO DA LESÃOs<strong>em</strong> lesãolesãoinstabilida<strong>de</strong>lesão nãoinstabilida<strong>de</strong>lesão <strong>de</strong>instabilida<strong>de</strong> enão instabilida<strong>de</strong> TotalNão hipermóvel 2 (11,8%) 3 (17,6%) 9 (52,9%) 3 (17,6%) 17 (100,0%)Hipermóvel 18 (21,7%) 37 (44,6%) 15 (18,1%) 13 (15,7%) 83 (100,0%)TOTAL 20 (20,0%) 40 (40,0%) 24 (24,0%) 16 (16,0%) 100 (100,0%)O gráfico 1 abaixo ilustra a distribuição <strong>do</strong> IMA segun<strong>do</strong> a mesma classificação<strong>de</strong> lesões. Chama atenção os níveis mais baixos <strong>do</strong> grupo não instabilida<strong>de</strong>, <strong>em</strong>bora comgran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>, e a similarida<strong>de</strong> entre os grupos s<strong>em</strong> lesão e com lesões <strong>de</strong>instabilida<strong>de</strong>. No grupo lesão <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e não instabilida<strong>de</strong>, a distribuição estáacima <strong>do</strong> grupo não instabilida<strong>de</strong> e abaixo <strong>do</strong> <strong>de</strong>mais, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o somató<strong>rio</strong> daslesões <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> com não instabilida<strong>de</strong>.GRÁFICO 1 – IMA E CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO


40Dos entrevista<strong>do</strong>s 66% relataram ter <strong>do</strong>r e <strong>de</strong>stes 82,4% não tinhamhipermobilida<strong>de</strong>. Assim como <strong>do</strong>s 80% que se diziam fadiga<strong>do</strong>s, a diferença entre osgrupos <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> não se mostrou tão significativa. A fadiga se mostra um poucomais frequente que a <strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> nos <strong>do</strong>is grupos não representan<strong>do</strong> diferençaentre eles. Embora não estatisticamente significante a <strong>do</strong>r parece ser um pouco maispresente nos indivíduos não hipermóveis (vi<strong>de</strong> tabela 4).TABELA 4 – MOBILIDADE ARTICULAR E DOR/FADIGAPOSSUI DORSIMNAOTOTALNão hipermóvel 14 (82,4%) 3 (17,6%) 17 (100,0%)Hipermóvel 52 (62,7%) 31 (37,3%) 83 (100,0%)Teste chi-quadra<strong>do</strong>P= 0,118TOTAL 66 (66,0%) 34 (34,0%) 100 (100,0%)APRESENTA FADIGASIMNAOTOTALNão hipermóvel 13 (76,5%) 4 ( 23,5%) 17 (100,0%)Teste chi-quadra<strong>do</strong>Hipermóvel 67 (80,7%) 16 (19,3%) 83 (100,0%) P=0,690TOTAL 80 (80,0%) 20 (20,0%) 100 (100,0%)DISCUSSÃOA hipermobilida<strong>de</strong> articular t<strong>em</strong> se mostra<strong>do</strong> um importante fator na avaliaçãodas lesões <strong>em</strong> bailarinos, sen<strong>do</strong> motivo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vá<strong>rio</strong>s autores.Para Stretanski e Weber (2002), exist<strong>em</strong> alguns estigmas no balé clássico, comoo que afirma que os bailarinos são extr<strong>em</strong>amente flexíveis, hipermóveis. Em seu estu<strong>do</strong>com 377 bailarinos apenas 4% <strong>do</strong>s profissionais e 9% <strong>do</strong>s estudantes, foramconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s hipermóveis usan<strong>do</strong> a modificação <strong>de</strong> Beighton’s <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carterand Wilkinson <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> hipermobilida<strong>de</strong>s articulares.Este ponto <strong>de</strong> vista é contrá<strong>rio</strong> aos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> McComarck (2004), realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong>estudantes e bailarinos profissionais <strong>do</strong> Royal Ballet School, utilizan<strong>do</strong> o BeightonScore, constatan<strong>do</strong>-se que a hipermobilida<strong>de</strong> e a síndrome são comuns <strong>em</strong> estudantes e


41bailarinos profissionais; <strong>de</strong> Beightnon (2012) on<strong>de</strong> afirma que lesões sãosignificant<strong>em</strong>ente mais numerosas <strong>em</strong> bailarinos hipermóveis <strong>do</strong> que nos nãohipermóveis e Day et al (2011) que afima “Hipermobilida<strong>de</strong>... na profissão <strong>de</strong> bailarinoé muitas vezes promovida por razões... inerentes à dança, <strong>em</strong> especial o balé clássico”.Em nosso estu<strong>do</strong> vimos que a hipermobilida<strong>de</strong> é significativa entre a mostra <strong>de</strong>bailarinos, sen<strong>do</strong> presente <strong>em</strong> 90% das meninas e 67% <strong>do</strong>s meninos, in<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com os autores cita<strong>do</strong>s.Hipermobilida<strong>de</strong> mais frequente <strong>em</strong> meninas t<strong>em</strong> influencia negativa <strong>em</strong> seutreinamento, enquanto nos meninos as lesões e <strong>do</strong>res têm outras relações que não com ahipermobilida<strong>de</strong> (McComark, 2004, Kl<strong>em</strong>p, 1984 e Gannon, 1999).A laxitu<strong>de</strong> articular generalizada, <strong>de</strong>finida por Boyle et al. (2003) possui comoconsequência <strong>de</strong>sta a síndrome da hipermobilida<strong>de</strong>. Alguns trabalhos já reportam aassociação da laxitu<strong>de</strong> articular generalizada com as queixas musculoesqueléticas comoartralgias, subluxações articulares, luxações e entorses.Quan<strong>do</strong> as lesões foram agrupadas <strong>em</strong> categorias a partir da característica dalesão, se <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong>s ou não, os resulta<strong>do</strong>s foram diferentesesclarecen<strong>do</strong> a relação entre a mobilida<strong>de</strong> e as características das lesões.Gannon (1999) e O’Loughlin et al (2008) quantifican<strong>do</strong> a laxitu<strong>de</strong> articular <strong>de</strong>dançarinas e ginastas confirmam a gran<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> articular <strong>de</strong>ssa população, o quejustifica sua propensão a lesões. Os estudantes com hipermobilida<strong>de</strong> exig<strong>em</strong> forçaadicional para realização <strong>de</strong> seus treinamentos, o que traduz a gravida<strong>de</strong> da questão(Weiss, et al, 2009). Os sintomas mais comumente relata<strong>do</strong>s são instabilida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>resreferentes a tendinites, on<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabilização articular leva a um usoexcessivo muscular, ocasionan<strong>do</strong> as lesões musculares e fadigas (Ritter, 2008). Lesões<strong>de</strong> entorse <strong>do</strong> tornozelo são as mais frequentes (O’Loughlin, 2008, Hardaker, 1985). Ossintomas mais comumente relata<strong>do</strong>s são as lesões <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e as tendinites (Ritter,2008).Como hipermobilida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> associada à fadiga na população <strong>em</strong> geral, adançarina hipermóvel <strong>de</strong>ve ter cuida<strong>do</strong>, dada a associação entre fadiga e etiologia dalesão na dança (Day et al, 2011, e Hardaker, 1985). A hipermobilida<strong>de</strong> entre dançarinaspo<strong>de</strong> ser tão elevada como 44% <strong>do</strong>s estudantes. A sua relação com a fadiga <strong>de</strong>ve serponto <strong>de</strong> avaliação na abordag<strong>em</strong> das lesões <strong>do</strong>s bailarinos (Day, 2011, Gannon, 1999,Hardaker, 1985). Em nosso estu<strong>do</strong> a fadiga muscular não teve da<strong>do</strong>s diferentes entre osgrupos hipermóveis e não-hipermóveis, não evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> uma associação direta.


42CONCLUSÃOEste estu<strong>do</strong> aponta para uma tendência <strong>de</strong> associação entre a hipermobilida<strong>de</strong>articular e a prevalência <strong>de</strong> lesões musculoesqueléticas, in<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontro a algunsautores que também i<strong>de</strong>ntificaram um número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> lesões <strong>em</strong> indivíduosclassifica<strong>do</strong>s como hipermóveis. Esta associação se estabelece quan<strong>do</strong> categorizamos otipo <strong>de</strong> lesão sofrida e não relacionada a to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> lesão.Este estu<strong>do</strong> aponta para uma associação real entre a hipermobilida<strong>de</strong> como riscolesional, estan<strong>do</strong> mais presente nos indivíduos hipermóveis. Já a <strong>do</strong>r foi inversamenteapresentada, mostran<strong>do</strong>-se mais presente <strong>em</strong> indivíduos não-hipermóveis, talvez pelasobrecarga musculoesquelética para aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s físicas e estéticas <strong>do</strong> balé.Já a fadiga não se mostrou como uma variável importante a ser analisada entre osgrupos, mostran<strong>do</strong>-se similar entre os grupos.A pontuação <strong>de</strong> Beighton utiliza<strong>do</strong> na maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> dança, e neste,po<strong>de</strong> não ser uma medida a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> hipermobilida<strong>de</strong> para esta população, sen<strong>do</strong>necessá<strong>rio</strong>s outros estu<strong>do</strong>s sobre o t<strong>em</strong>a, confirman<strong>do</strong> a hipótese <strong>de</strong> Day (2011).É nossa responsabilida<strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong>s bailarinos <strong>de</strong> uma forma mais abrangente,informan<strong>do</strong>-o, da forma mais honesta possível, sobre seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> epossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhamento, tanto para o bom <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong> suasativida<strong>de</strong>s, b<strong>em</strong> como <strong>em</strong> sua abordag<strong>em</strong> terapêutica, principalmente estabelecen<strong>do</strong>uma relação sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> terapêutico intensivo no tratamento daslesões musculoesqueléticas <strong>em</strong> indivíduos hipermóveis.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1- HANSEN, PA; REED, K. Common musculoskeletal probl<strong>em</strong>s in the performingartist. Phys Med Rehabil Clin N Am; 17(4):789-801, 2006 Nov.2- HINCAPÉ, C.A. et al. Musculoskeletal Injuries and pain in Dancers: aSyst<strong>em</strong>atic Review. Arch Phys Med Rehabil vol 89, Sep 2008.3- GREGO, Lia G. et al. Agravos musculoesqueléticos <strong>em</strong> bailarinas clássicas, nãoclássicas e praticantes <strong>de</strong> educação física. Arq Ciência Saú<strong>de</strong> 13 (3), jul-set2006.4- WYON, M.A. et al. Effect of leg length on ROM, VJ and Leg Dexterity indance. Int J Sports Med 31:631-635, 2010.


435- BEIGHTON, P. et al. Hypermobility of joints. Fourth Edition. Springer;Lon<strong>do</strong>n, 20126- DAY, H; KOUTEDAKIS, Y; WYON, MA. Hypermobility and dance: a review.Int J Sports Med; 32(7):485-9, 2011 Jul.7- GRAHAME, R. The need to take a fresh look at criteria for hypermobility. TheJournal of Rheumatology 34:4, 20078- GANNON, L.M.; BIRD, H. A. The quantification of joint laxity in dancers andgymnasts J. Sports Sci; 17(9):743-50; Sep1999.9- KLEMP,P; STEVENS JE; ISAACS,S. A hypermobility study in ballet dancers.J Rheumatol; 11(5):692-6, 1984 Oct.10- JUUL-KRISTENSEN, B. et al. Inter-examiner reproducibility of tests andcriteria for generalized joint hypermobility and benign joint hypermobilitysyndrome. Rheumatology 46:1835-1841, 2007.11- McCORMACK, M. et al. Joint laxity and the benign joint hypermobilitysyndrome in stu<strong>de</strong>nt and professional ballet dancers. Journal Rheumatology;31(1):173-8, Jan 2004.12- BOYLE, K.L.; WITT, P.; RIEGGER-KRUGH, C. Intrarater and InterraterReliability of the Beighton and Horan Joint Mobility In<strong>de</strong>x. J AthlTrain.38(4):281–285, 2003 Dec.13- STEINBERG, N. et al. Range od joint mov<strong>em</strong>ent in famele dancers andnondancers aged 8 to 16 years: anatomical and clinical implications. Am JSports Med; 34(5):814-23, 2006 May.14- HAMILTON, D. et al. Dance training intensity at 11-14 years is associated withf<strong>em</strong>oral torsion in classical ballet dancers. Br J Sports Med; 40(4):299-303,2006 Apr15- ESPEJO, Berenice et al. Amplitud <strong>de</strong> movimientos articulares en profissionales<strong>de</strong>l ballet. Boletín <strong>de</strong> rehabilitación médica;9(1):30-2;1999.16- KHAN, K. et al. Hip and ankle range of motion in elite classical ballet dancersand controls. Clinical Journal Sports Medicine; 7(3): 174-9, Jul 1997.17- NILSSON, C. et al. The injury panorama in a Swedish professional balletcompany. Knee Surgery Sports Traumatology Arthroscopy; 9 (4): 242-246;Jul. 2001.


4418- GARRICK, J. G.; LEWIS, S.L. Career hazards for the dancer. OccupationalMedicine; 16(4):609-18, iv; Oct-Dez 2001.19- HARDAKER WT; MARGELLO S; GOLDNER JL. Foot and ankle injuries intheatrical dancers. Foot Ankle; 6(2): 59-69, 1985 Oct.20- O’LOUGHLIN, PF; HODGKINS, CW; KENNEDY, JG. Ankle sprains andinstability in dancers. Clin Sports Med; 27(2): 247-62, 2008 Apr.21- WEISS, DS; RIST, RA; GROSSMAN,G. When can I start point work?Gui<strong>de</strong>lines for initiating pointe training. J Dance Med Sci; 13(3):90-2, 200922- RITTER,S; MOORE, M. The relationship between lateral ankle sprain and ankletendinitis in ballet dancers. J Dance Med Sci; 12(1): 23-31, 2008.23- STRETANSKI, M.; WEBER, G. Medical and Rehabilitation issues in classicalballet. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation; 81(5): 383-391; May 2002.


455.4 ARTIGO 2PREVALÊNCIA DE LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS EM ALUNOS DEBALLET CLÁSSICO NO BRASILAUTORES: ZIKAN, FE; TAMBELLINI, AT e LUIZ, RRA dança clássica, como outras formas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física, exige <strong>do</strong> corpohumano adaptações, esforços e preparo que <strong>em</strong> muitos casos vão além <strong>do</strong> que aquelecorpo é capaz <strong>de</strong> suportar (Stretanski, 2002). As ativida<strong>de</strong>s físicas praticadas pelosbailarinos os predispõ<strong>em</strong> à ocorrência <strong>de</strong> inúmeros agravos à saú<strong>de</strong> (Grego et al., 1999),e estes profissionais experimentam assim, <strong>em</strong> sua prática diária, altos índices <strong>de</strong> lesõesmusculoesqueléticas (Hincapié, 2008; Bronner, 2003). A <strong>de</strong>manda física requer <strong>do</strong>bailarino, para as coreografias e performances, preparo fisiológico e condicionamentofísico, como necessida<strong>de</strong>s importantes para seu <strong>de</strong>senvolvimento (Koutedakis, 2004).Garrick e Lewis (2001) consi<strong>de</strong>ram a dança, <strong>em</strong> especial o balé clássico, comouma carreira <strong>de</strong> risco, relatan<strong>do</strong> que a prática da dança promove vá<strong>rio</strong>s danos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao“overuse”, sen<strong>do</strong> importante um tratamento específico conten<strong>do</strong> a manutenção <strong>de</strong> umbom equilíb<strong>rio</strong> postural, <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a flexibilida<strong>de</strong> e alongamento, que são condiçõesmínimas necessárias para o bom acompanhamento <strong>do</strong>s bailarinos (as) na prevenção daslesões. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a postura <strong>do</strong>s praticantes <strong>de</strong> dança se justifica pelapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> futuras lesões (Wyon, 2010; Twitchett, 2010; Lie<strong>de</strong>rbach,2010; Motta-Valencia, 2006; Gannon, 1999).Ao abordar as lesões da dança Hincapié (2008), <strong>em</strong> seu artigo <strong>de</strong> revisãosist<strong>em</strong>ática, chama atenção para analisarmos <strong>do</strong>is fatores: os dançarinos começam arealizar suas ativida<strong>de</strong>s muito ce<strong>do</strong>, o que po<strong>de</strong> impactar <strong>em</strong> lesões <strong>em</strong> sua fase <strong>de</strong>crescimento e consequent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> seu futuro e a dança t<strong>em</strong> <strong>de</strong>mandas físicas eestéticas específicas que po<strong>de</strong>m gerar vá<strong>rio</strong>s distúrbios na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> a pratica.A influência da prática <strong>do</strong> balé nas alterações posturais, como nas rotações <strong>de</strong>quadris <strong>em</strong> crianças e a<strong>do</strong>lescentes, foi estudada por Góis et al (1998) e Orishimo(2008), observan<strong>do</strong> que o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> prática <strong>do</strong> balé aumenta a rotação externa e diminuia rotação interna <strong>do</strong> quadril. Os autores suger<strong>em</strong> que essas alterações posturais po<strong>de</strong>mestar relacionadas às adaptações das partes moles <strong>do</strong> quadril à prática <strong>do</strong> balé como acápsula articular, ligamentos e musculatura rota<strong>do</strong>ra. As bailarinas são encorajadas<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua vida no balé a forçar<strong>em</strong> os movimentos <strong>de</strong> rotação externa <strong>de</strong>


46quadril como se fosse algo s<strong>em</strong>pre possível, não saben<strong>do</strong> que isto po<strong>de</strong> ser causa <strong>de</strong>tensões na coluna lombar e nos m<strong>em</strong>bros infe<strong>rio</strong>res, ten<strong>do</strong> um alto risco <strong>de</strong> lesõesfuturas (Coplan, 2002). Algumas bailarinas, para conseguir<strong>em</strong> este alto grau <strong>de</strong> rotaçãoexterna <strong>de</strong> quadril, são obrigadas a <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> uma mobilida<strong>de</strong> excessiva dasarticulações <strong>do</strong> tornozelo e joelhos, que estarão associadas a uma série <strong>de</strong> lesõesmusculoesqueléticas (Gilbert, 1998).Durante o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento das crianças, Matus e Péres (1999),observaram modificações <strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong> física. Os autores estudaram asadaptações que as meninas da Aca<strong>de</strong>mia Mexicana <strong>de</strong> Dança apresentam nos pés e <strong>em</strong>seu apoio nas diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dança ali realizadas, e concluíram que épossível, pelos movimentos realiza<strong>do</strong>s nestas danças, que tenhamos diferentes gruposmusculares funcionan<strong>do</strong> e provocan<strong>do</strong> adaptações posturais no apoio plantar.Outros estu<strong>do</strong>s já foram realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> escolas <strong>de</strong> dança e apontam este perío<strong>do</strong>como importante na análise da propensão <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolver lesões com impactos tardios,como o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nilsson (2001) com o Swedish Ballet School; Byhring e Bo (2002) noBallet Nacional da Noruega; Askling et al (2002) com a Ballet Aca<strong>de</strong>my <strong>de</strong> Stockholme McComark (2004) com a Royal Ballet School.“O balé clássico é uma <strong>de</strong>manda profissional com participantes que <strong>em</strong> muitasvezes são pouco orienta<strong>do</strong>s quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um diagnóstico precoce e umaassistência médica apropriada”, afirma Stretanski e Weber (2002). Para os autores,alguns profissionais da dança enten<strong>de</strong>m o valor <strong>do</strong> treinamento nos múltiplos estilos <strong>de</strong>dança, adiciona<strong>do</strong>s com razões econômicas e sociais. Contu<strong>do</strong> é o balé clássico querequer treinos formais <strong>de</strong> longo t<strong>em</strong>po e com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda funcional sobre o sist<strong>em</strong>amúsculo esquelético.Querer uma assistência médica <strong>de</strong>talhada, presente e preventiva envolveinteresses com experiências nas lesões músculo esqueléticas, apropriada assistência <strong>de</strong>reabilitação, suporte <strong>em</strong>ocional, metas razoáveis e uma preocupação compulsiva <strong>de</strong>acompanhamento visan<strong>do</strong> o retorno às ativida<strong>de</strong>s (Wyon, 2010; Lie<strong>de</strong>rbach, 2010;Russell, 2010; Stretanski e Weber, 2002).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma atuação fisioterapêutica direcionada para essas patologias,por meio <strong>de</strong> medidas analgésicas, anti-inflamatórias e intervenções que consi<strong>de</strong>r<strong>em</strong> oreequilíb<strong>rio</strong> biomecânico, através <strong>de</strong> análise precisa e exercícios específicos, se fazpresente e indispensável no universo da dança (Silvestre, 2002; Twitchett, 2010; Russel,2010; Kene, 2008; Thomas, 2009) .


47Este estu<strong>do</strong> teve por objetivo i<strong>de</strong>ntificar os tipos e as característicasepi<strong>de</strong>miológicas das lesões musculoesqueléticas relatadas <strong>em</strong> um grupo <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong>Escolas <strong>de</strong> formação profissional <strong>em</strong> Ballet Clássico no Brasil. Caracterizan<strong>do</strong> as lesões<strong>em</strong> relação a gênero, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> formação, tipo da lesão, quan<strong>do</strong> ocorreu e sua relaçãocom o balé, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os tipos <strong>de</strong> lesões e condutas tomadas, assim comotratamentos realiza<strong>do</strong>s.MÉTODOTrata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> diferentes meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>ín<strong>do</strong>le quantitativa e qualitativa, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam o méto<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miológico. Realiza<strong>do</strong><strong>em</strong> três escolas <strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong> papel na formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais no Brasil.Foi utiliza<strong>do</strong> um questioná<strong>rio</strong> s<strong>em</strong>iaberto on<strong>de</strong> foram cadastradas informações a respeito<strong>do</strong>s alunos como características pessoais, profissionais e sociais; informações <strong>de</strong>avaliação física (da<strong>do</strong>s antropométricos e morfofuncionais) e informações a respeito <strong>de</strong>lesões pregressas, tratamentos realiza<strong>do</strong>s e situação atual <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s bailarinos.O projeto foi avalia<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> IESC-UFRJ e cada participante recebeu um Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre Esclareci<strong>do</strong> parasua concordância ou não quanto à participação na pesquisa, conforme a Resolução196/96, CONEP.Os da<strong>do</strong>s quantitativos foram coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s pelo programa SPSS 17.0,para obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para discussão e conclusão <strong>do</strong> trabalho.RESULTADOSA população estudada foi <strong>de</strong> alunos <strong>em</strong> formação <strong>em</strong> balé clássico <strong>em</strong> trêsescolas profissionalizantes no Brasil. Esta população se mostrou relativamentehomogênea entre as escolas e <strong>de</strong>monstrada na tabela abaixo sua distribuição <strong>em</strong> cadaescola e com as variáveis sexo, ida<strong>de</strong> e t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> realização da dança, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> servariáveis importantes na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s sobre as lesões (vi<strong>de</strong> tabela 1).


48TABELA 1 - Características da população estudada por EscolaCaracterísticasESCOLATotalCDR EEDMO BOLSHOI(n=100) (n=39) (n=29) (n=32)n (%) n (%) n (%) n (%)SexoMasculino 30 30,0 13 33,3 2 6,9 15 46,9F<strong>em</strong>inino 70 70,0 26 66,7 27 93,1 17 53,1Ida<strong>de</strong>13 a 16 anos 17 17,0 7 17,9 7 24,1 3 9,417 a 20 anos 72 72,0 24 61,5 19 65,5 29 90,621 a 25 anos 11 11,0 8 20,5 3 10,3 0 0,0T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> dança1 a 6 anos 20 20,0 13 33,3 1 3,4 6 18,87 a 12 anos 63 63,0 20 51,3 19 65,5 24 75,013 a 18 anos 17 17,0 6 15,4 9 31,0 2 6,3Os alunos foram questiona<strong>do</strong>s se apresentaram algum tipo <strong>de</strong> lesãomusculoesquelética nos últimos anos. Essa questão foi fechada, mas to<strong>do</strong>s os alunospu<strong>de</strong>ram i<strong>de</strong>ntificar quan<strong>do</strong> houve a lesão, que tipo <strong>de</strong> lesão fora e o histórico e conduta<strong>de</strong> cada lesão.O gráfico 1 abaixo <strong>de</strong>monstra a presença <strong>de</strong> lesão <strong>em</strong> indivíduos distribuí<strong>do</strong>s porsuas escolas. O gráfico também <strong>de</strong>monstra como essa distribuição se <strong>de</strong>u no total <strong>de</strong>alunos e ainda a representação <strong>do</strong> Intervalo <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong> 95% para cada grupo.GRÁFICO 1 – Distribuição das lesões referidas por Escola


49Dentre os entrevista<strong>do</strong>s lesiona<strong>do</strong>s houve uma distribuição heterogênea entre aslesões apresentadas, ten<strong>do</strong> uma frequência maior entre as lesões <strong>de</strong> característicasproduzidas pela instabilida<strong>de</strong> articular (entorses e fraturas) e referentes as suasconsequências (tendinites). O gráfico 2 abaixo <strong>de</strong>monstra essa distribuição e também arelação auto-referida da lesão com a prática <strong>do</strong> balé.GRÁFICO 2 – TIPO DE LESÕES E SUA RELAÇÃO COM O BALÉA partir <strong>de</strong>sta distribuição das lesões mais frequentes analisamos a localização<strong>de</strong>stas lesões mais frequentes (entorses, fraturas e tendinites), evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> umatendência <strong>de</strong> associar a maior parte <strong>de</strong>stas lesões ao quadrante corporal infe<strong>rio</strong>r,conforme tabela 2.TABELA 2 – RELAÇÃO DAS LESÕES MAIS FREQÜENTES E LOCALLocal <strong>do</strong> corpoTipo <strong>de</strong> lesão (03 mais frequentes)Entorse Fratura Tendinite(n=30) (n=18) (n=22)n (%) N (%) n (%)TOTALPés 28 93,4 7 38,8 10 45,5 45Pernas 1 3,3 9 50,0 6 27,3 16Joelhos 0 0,0 0 0,0 3 13,5 3Quadril 0 0,0 1 5,6 0 0,0 1Ombro 0 0,0 1 5,6 2 9,1 3Mão 1 3,3 0 0,0 1 4,6 2Total 30 100,0 18 100,0 22 100,0 70Nota: 1- As lesões menos frequentes totalizaram 55 lesões e 87,1% das lesões ocorreram nas pernas e pés.2-As 30 entorses ocorreram <strong>em</strong> 26 pessoas sen<strong>do</strong> 4 pessoas apresentan<strong>do</strong> 2 entorses; as 18 fraturas foram<strong>em</strong> 16 pessoas, sen<strong>do</strong> uma apresentan<strong>do</strong> 3 e as 22 tendinites foram <strong>em</strong> 21 pessoas,sen<strong>do</strong> 1 apresentan<strong>do</strong> 2.


50Um fator importante avalia<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> foi à relação entre o tipo <strong>de</strong> lesão e otipo <strong>de</strong> tratamento realiza<strong>do</strong>, b<strong>em</strong> como que impressão os entrevista<strong>do</strong>s tiveram <strong>de</strong>stetratamento <strong>em</strong> relação à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste (vi<strong>de</strong> tabela 3). Foi excluí<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta tabela otratamento cirúrgico, já que nenhum entrevista<strong>do</strong> sinalizou este como conduta realizada;também representamos os lesiona<strong>do</strong>s que não realizaram nenhum tipo <strong>de</strong> conduta.TABELA 3 - TIPO DE LESÕES E TRATAMENTOS E SEUS RESULTADOSTIPO DA LESÃO/RESULTADOTotal <strong>de</strong>lesões(n=125)TIPO DE TRATAMENTOMEDICAMENTOSO FISIOTERAPIA MEDIC + FISIOTSEMTRATAMENTOn (%)n (%) n (%) n (%) N (%)ENTORSE 30 24,0 10 33,4 4 13,3 12 40 4 13,3Ótimo 3 0 1Bom 2 2 5Insuficiente 5 2 6Ruim 0 0 0FRATURA 18 14,4 1 5,6 4 22,2 13 72,2 0Ótimo 0 0 3Bom 0 4 10Insuficiente 1 0 0Ruim 0 0 0TENDINITE 22 17,6 6 27,3 3 13,6 12 54,5 1 4,6Ótimo 0 0 0Bom 4 3 6Insuficiente 1 0 6Ruim 1 0 0OUTRAS 55 44,0 12 21,8 7 12,7 17 30,9 19 34,6Ótimo 2 0 2Bom 6 4 8Insuficiente 4 3 7Ruim 0 0 0TOTAL 125 100 29 23,2 18 14,4 54 43,2 24 19,2DISCUSSÃOA lesão músculo esquelética é uma presença constante no universo da dança, <strong>em</strong>especial no balé clássico da<strong>do</strong> suas características físicas, estéticas e <strong>de</strong> gestuais. Nestacombinação o corpo <strong>do</strong> bailarino sofre alterações e modificações que impactamdiretamente <strong>em</strong> seu equilíb<strong>rio</strong> corporal e o risco associa<strong>do</strong> a estes fatores aumentam asestatísticas <strong>de</strong> lesões, por vezes t<strong>em</strong>porárias, por vezes produtoras <strong>de</strong> sequelas tardias.


51O estu<strong>do</strong> das lesões da dança v<strong>em</strong> se intensifican<strong>do</strong> nos últimos anos, on<strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificamos uma literatura crescente pelo mun<strong>do</strong> avalian<strong>do</strong> as lesões, seus fatores <strong>de</strong>risco e proteção e os tratamentos realiza<strong>do</strong>s.Nosso estu<strong>do</strong> aponta uma tendência como nos <strong>de</strong>mais <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar um altoíndice <strong>de</strong> lesões auto-referidas entre bailarinos, sejam eles profissionais ou ainda <strong>em</strong>escolas <strong>de</strong> formação, como o i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> por nós neste estu<strong>do</strong>.A performance estética (Wyon, 2010), o preparo físico ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (Twitchett,2010), uma falta <strong>de</strong> acompanhamento terapêutico (Lie<strong>de</strong>rbach, 2010), <strong>de</strong>mandasexageradas <strong>de</strong> trabalho e treinos (Twitchett et al, 2010; Orishino, 2008; Hamilton,2006), tornam as lesões nesta população, uma questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> laboral (Fuentes, 2009).Em nossa população 75% <strong>do</strong>s alunos realizam balé a 7-12 anos, ten<strong>do</strong> 90,6%<strong>de</strong>stes ida<strong>de</strong> entre 17-20 anos, que ex<strong>em</strong>plifica que boa parte <strong>de</strong> suas vidas passaramdançan<strong>do</strong> e submeti<strong>do</strong>s a cargas <strong>de</strong> esforços físicos intensas.Desta forma i<strong>de</strong>ntificamos, assim como nos estu<strong>do</strong>s relata<strong>do</strong>s ante<strong>rio</strong>rmente, que80% <strong>de</strong> nossa população fora i<strong>de</strong>ntificada como se já tivess<strong>em</strong> sofri<strong>do</strong> algum tipo <strong>de</strong>lesão.As lesões mais frequentes <strong>em</strong> bailarinos são lesões musculoesqueléticas(Hincapié, 2008). Destas lesões as lesões <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> chamam atenção. Lesõescomo fraturas (Albisetti, 2010, Amari, 2009, Elias, 2008, Jense, 2005), Entorses(Russel, 2010, Lie<strong>de</strong>rbach, 2010 e O’Kane e An<strong>de</strong>rson 2008) e tendinites (Ritter, 2008,Hodgkins, 2008 e Petersen, 2003).In<strong>do</strong> <strong>de</strong> encontro aos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stes autores i<strong>de</strong>ntificamos que estas três lesõesrepresentam 56% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> lesões, sen<strong>do</strong> as <strong>de</strong>mais distribuídas <strong>em</strong> muitas categoriase com baixa representativida<strong>de</strong> entre elas. O que nos chama atenção é que 96,7% dasentorses ocorreram nos pés/pernas, neste local também estão agrupadas 88,8% dasfraturas e 72,8% das tendinites.Esta associação das lesões musculoesqueléticas ocorrer<strong>em</strong> <strong>em</strong> m<strong>em</strong>brosinfe<strong>rio</strong>res <strong>em</strong> sua maioria (Deleget, 2010; Orishimo, 2009; Lie<strong>de</strong>rbach, 2008; Gamboa,2008; Winston, 2007; Dore, 2007; Grego, 2006) ou especificamente nos pés (Russel,2010; Ahonen, 2008; O’Kane, 2008; Ritter, 2008; Prisk, 2008; Hodgkins, 2008), s<strong>em</strong>ostrou claramente evi<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> nosso estu<strong>do</strong>.Em relação ao tipo <strong>de</strong> conduta terapêutica realizada, poucos artigos são claros nai<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> perfil terapêutico. O que aparece mais evi<strong>de</strong>nte é a realização <strong>de</strong>fisioterapia, durante a recuperação <strong>de</strong>stas lesões, como o fator p<strong>rio</strong>ritá<strong>rio</strong> para esse


52acompanhamento ser eficaz (Russel, 2010; Thomas, 2009; Lai, 2008; Kene, 2008;Koutedakis, 2008; Kwon, 2007; Motta-Valencia, 2006). Este da<strong>do</strong> se ass<strong>em</strong>elha ao queobtiv<strong>em</strong>os, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> que a maior parte <strong>do</strong>s tratamentos encontra<strong>do</strong>s teve aassociação da conduta clínica medicamentosa inicial associada com a fisioterapia,representan<strong>do</strong> 43,2% das condutas, sen<strong>do</strong> estas também as <strong>de</strong> melhor satisfação porconta <strong>do</strong>s lesiona<strong>do</strong>s.CONCLUSÃOA i<strong>de</strong>ntificação das lesões musculoesqueléticas presentes no universo da dança éum da<strong>do</strong> relevante nas publicações internacionais, <strong>em</strong> populações diferentes, comcaracterísticas populacionais diversas, mas com pontos <strong>em</strong> comum, como as analisadasneste trabalho.Nossa população é <strong>de</strong> jovens bailarinos <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> formação com um índicealto <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> lesões, o que nos aponta para a relação muito próxima das lesõescom o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no balé clássico.Nosso estu<strong>do</strong> confirma a tendência apontada nos estu<strong>do</strong>s internacionais, <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar o alto índice <strong>de</strong> lesões, <strong>de</strong> estas ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> características relacionadas àinstabilida<strong>de</strong> articular, dada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> para os gestuais dadança. Desta forma as lesões como entorses, fraturas e tendinites foram as maisfrequentes e, confirman<strong>do</strong> os <strong>de</strong>mais estu<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> sua área <strong>de</strong> acometimento principalos m<strong>em</strong>bros infe<strong>rio</strong>res, especificamente pernas/pés.On<strong>de</strong> os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se aprofundar agora é na conduta realizada notratamento <strong>de</strong>stas lesões. As formas terapêuticas mostram-se múltiplas, masconcentradas com mais sucesso nas condutas medicamentosas analgésicas e antiinflamatóriasnos perío<strong>do</strong>s iniciais <strong>de</strong> lesão, e na fisioterapia como recurso <strong>de</strong>recuperação funcional a curto, médio e longo prazo.Uma abordag<strong>em</strong> coletiva <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s bailarinos e <strong>de</strong> prevenção,assistência e reabilitação das lesões musculoesqueléticas relacionadas á ativida<strong>de</strong>profissional da dança <strong>de</strong>ve ser valorizada e tomada na dimensão da Saú<strong>de</strong> Coletiva,como um b<strong>em</strong> <strong>de</strong> direito <strong>de</strong>sta população.


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575.5 ARTIGO 3DISTORÇÃO AUTOREFERIDA DE IMAGEM CORPORAL EM ESTUDANTES DEBALÉ CLÁSSICO NO BRASIL: CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O BODY SHAPEQUESTIONNAIRE – BSQAUTORES: ZIKAN, FE; TAMBELLINI, AT e LUIZ, RRINTRODUÇÃOA imag<strong>em</strong> corporal é um importante componente <strong>do</strong> complexo mecanismo <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal. Gardner (1996) a <strong>de</strong>fine como “a figura mental que t<strong>em</strong>os dasmedidas, <strong>do</strong>s contornos e da forma <strong>de</strong> nosso corpo e <strong>do</strong>s sentimentos concernentes aessas características e às partes <strong>do</strong> nosso corpo”. O componente subjetivo da imag<strong>em</strong>corporal se refere à satisfação <strong>de</strong> uma pessoa com seu tamanho corporal ou partesespecíficas <strong>de</strong> seu corpo.As teorias socioculturais <strong>do</strong>s distúrbios da imag<strong>em</strong> corporal se refer<strong>em</strong> àsinfluências estabelecidas <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> corpo às expectativas e experiências, além daetiologia e manutenção <strong>do</strong>s distúrbios da imag<strong>em</strong> corporal. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staca-se ainfluencia negativa que exerc<strong>em</strong> os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, confirman<strong>do</strong> oconflito entre o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> beleza prescrito pela socieda<strong>de</strong> atual e o somatotipo da maioriada população, além da pressão que representa tal mo<strong>de</strong>lo (Heinberg,1996) Assim, oambiente sociocultural parece ser uma das condições <strong>de</strong>terminantes para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> distorções e distúrbios subjetivos da imag<strong>em</strong> corporal.A imag<strong>em</strong> corporal é entendida como a forma pela qual o corpo se apresentapara a própria pessoa, ou seja, ela é vista <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o que pensamos <strong>de</strong>la, levan<strong>do</strong><strong>em</strong> conta fatores ambientais, <strong>em</strong>ocionais, sociais e outros forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião(Maturana, 2004). Diferentes situações vão modifican<strong>do</strong> a própria imag<strong>em</strong> corporal e a<strong>do</strong>s outros, <strong>em</strong> um processo dinâmico, resultante <strong>de</strong> m<strong>em</strong>órias e também <strong>de</strong> percepçõespresentes. Assim, a imag<strong>em</strong> corporal vai sen<strong>do</strong> formada a partir das nossas vivências,ligadas às experiências <strong>de</strong> terceiros com seus próp<strong>rio</strong>s corpos (Schil<strong>de</strong>r, 1999).Po<strong>de</strong>-se dizer que a busca da imag<strong>em</strong> corporal i<strong>de</strong>al <strong>em</strong> bailarinas vai além <strong>do</strong>sparâmetros da população <strong>em</strong> geral e, na medida <strong>em</strong> que elas se tornam profissionais, anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter o peso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> vai aumentan<strong>do</strong> (Fração, 1999). A partir <strong>de</strong>stecontexto, este estu<strong>do</strong> se justifica pelo fato <strong>do</strong>s bailarinos representar<strong>em</strong> um grupo cujaativida<strong>de</strong> envolve treinamento físico constante, no qual a <strong>de</strong>manda por um padrãoestético a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> po<strong>de</strong> levar à insatisfação e distorções na sua relação com a imag<strong>em</strong>


58corporal. A dança trabalha diretamente com o corpo e é através <strong>do</strong> corpo que o bailarinovivencia diferentes <strong>em</strong>oções e transmite a estética da coreografia. Sua imag<strong>em</strong> corporal,portanto, está s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> evidência e faz parte <strong>de</strong> sua rotina (Simas, 2002 ).O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> beleza imposto pela socieda<strong>de</strong> atual correspon<strong>de</strong> a um corpo magros<strong>em</strong>, contu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>rar aspectos relaciona<strong>do</strong>s com a saú<strong>de</strong> e as diferentesconstituições físicas da população, <strong>em</strong> parte <strong>de</strong>terminadas pela herança genéticaindividual e <strong>do</strong>s grupos humanos <strong>em</strong> que estão incluí<strong>do</strong>s os sujeitos. Essescomportamentos são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como precursores <strong>de</strong> Transtorno <strong>do</strong> ComportamentoAlimentar (TCA) – que compreen<strong>de</strong>m a anorexia e bulimia nervosa, e os chama<strong>do</strong>stranstornos alimentares não específicos, <strong>de</strong>ntre os quais se ressalta o Transtorno daCompulsão Alimentar Periódica (TCAP) (Oliveira,2002).As pessoas acometidas por anorexia nervosa ou bulimia nervosa apresentam, <strong>em</strong>comum, preocupação excessiva com peso e dieta, além <strong>de</strong> insatisfação e distorção <strong>de</strong>sua imag<strong>em</strong> corporal e, <strong>em</strong> geral, são resistentes ao tratamento. Significativa restriçãoenergética e a conseqüente perda <strong>de</strong> peso <strong>em</strong> curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po produz<strong>em</strong>diminuição na taxa metabólica basal, além <strong>de</strong> prejuízos das funções músculoesqueléticas,cardiovascular, endócrina, termorregulatória e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção econcentração (Bachrach, 1990; Rigotti,1984 ).Essa sensação leva a condutas extr<strong>em</strong>as, como a provocação <strong>de</strong> vômito, o usoabusivo <strong>de</strong> laxantes e/ou diuréticos, prática excessiva <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física, além <strong>de</strong> dietasextr<strong>em</strong>as ou jejuns, objetivan<strong>do</strong> evitar as possíveis conseqüências <strong>do</strong> alimento que foiconsumi<strong>do</strong> <strong>em</strong> excesso. A estreita relação entre imag<strong>em</strong> corporal e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho físicofaz com que as atletas sejam um grupo particularmente vulnerável à instalação <strong>de</strong>ssestranstornos, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista a ênfase dada ao controle <strong>de</strong> peso (Rosen, 1988; Tangjier,1991).Estu<strong>do</strong>s citam a influência exercida pelos treina<strong>do</strong>res, patrocina<strong>do</strong>res efamiliares, por meio <strong>de</strong> seus comentá<strong>rio</strong>s relativos ao peso e à forma das atletas, comoum po<strong>de</strong>roso el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> comportamentos alimentares anormais. Esportesque preconizam o baixo peso corporal e supervalorizam a estética, utilizan<strong>do</strong>-a comocrité<strong>rio</strong> para a obtenção <strong>de</strong> bons resulta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> competições – como ocorre, porex<strong>em</strong>plo, na ginástica artística, natação sincronizada, corrida e no balé –, têm si<strong>do</strong>indica<strong>do</strong>s, por pesquisas realizadas nessa área, como os <strong>de</strong> maior incidência <strong>de</strong> TCA e<strong>de</strong> comportamentos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s precursores <strong>de</strong> TCA (Lopiano, 1992; Zucker,1985).


59O balé, além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma modalida<strong>de</strong> artística, t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> <strong>em</strong>alguns estu<strong>do</strong>s sobre o comportamento alimentar <strong>de</strong> atletas como mais um grupoespecífico, entre os <strong>de</strong>mais grupos <strong>de</strong> esportistas, que valorizam o baixo peso corporal esupervalorizam a estética (Oliveira, 2003).Assim, é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a necessida<strong>de</strong> o esclarecimento <strong>de</strong> bailarinas e seusprofessores quanto aos comportamentos <strong>de</strong> risco, tais como as dietas restritivas paraperda rápida <strong>de</strong> peso, que conseqüent<strong>em</strong>ente po<strong>de</strong>m levar ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>quadros graves <strong>de</strong> TCA (Haas, 2010).O presente estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> por objetivo avaliar os potenciais distúrbios <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>corporal <strong>em</strong> estudantes <strong>de</strong> balé clássico <strong>em</strong> escolas brasileiras através da i<strong>de</strong>ntificaçãoda distorção da imag<strong>em</strong> corporal autoreferida utilizan<strong>do</strong> como instrumento o BodyShape Questionnaire,“BSQ”, com o intuito <strong>de</strong> construir pela análise <strong>do</strong> material<strong>em</strong>pírico coleta<strong>do</strong> orientações que fundament<strong>em</strong> uma proposta teórica sobre este objeto<strong>em</strong> suas relações com outros el<strong>em</strong>entos e dimensões.METODOLOGIATrata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo utilizan<strong>do</strong>-se meto<strong>do</strong>logias mistas (quantitativae qualitativa), on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>staca o méto<strong>do</strong> epi<strong>de</strong>miológico. Foi realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> três escolasreconhecidas oficialmente como centros <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais noBrasil.Para avaliar a insatisfação com a imag<strong>em</strong> corporal utilizou- se o Body ShapeQuestionnaire-BSQ (valida<strong>do</strong> por Cooper et al., 1987), que me<strong>de</strong> o grau <strong>de</strong> preocupaçãocom a forma <strong>do</strong> corpo, a auto<strong>de</strong>preciação <strong>de</strong>vida à aparência física e à sensação <strong>de</strong> estargorda. Segun<strong>do</strong> Cordás e Neves (1999), o questioná<strong>rio</strong> distingue <strong>do</strong>is aspectosespecíficos da imag<strong>em</strong> corporal: a exatidão da estimativa <strong>do</strong> tamanho corporal e ossentimentos <strong>em</strong> relação ao corpo (insatisfação ou <strong>de</strong>svalorização da forma física). Oinstrumento consta <strong>de</strong> 34 itens, com seis opções <strong>de</strong> respostas: 1) nunca, 2) raramente, 3)às vezes, 4) freqüent<strong>em</strong>ente, 5) muito freqüente, 6) s<strong>em</strong>pre. De acor<strong>do</strong> com a respostamarcada <strong>em</strong> cada ít<strong>em</strong>, o valor numérico da alternativa escolhida correspon<strong>de</strong> à maiorou menor insatistação/<strong>de</strong>svalorização da imag<strong>em</strong> corporal (por ex<strong>em</strong>plo: nunca vale umponto e s<strong>em</strong>pre vale seis).O total <strong>de</strong> pontos obti<strong>do</strong>s no instrumento é soma<strong>do</strong> e o valor é computa<strong>do</strong> paracada avalia<strong>do</strong>. A classificação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s é feita pelo total <strong>de</strong> pontos obti<strong>do</strong>s ereflete os níveis <strong>de</strong> preocupação com a imag<strong>em</strong> corporal. Obten<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> menor ou


60igual a 80 pontos, é constata<strong>do</strong> um padrão <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> e ti<strong>do</strong> como ausência <strong>de</strong>distorção da imag<strong>em</strong> corporal. Resulta<strong>do</strong> entre 81 e 110 pontos é classifica<strong>do</strong> como levedistorção da imag<strong>em</strong> corporal; entre 111 e 140 é classifica<strong>do</strong> como mo<strong>de</strong>rada distorçãoda imag<strong>em</strong> corporal; e acima <strong>de</strong> 140 pontos a classificação é <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> gravedistorção da imag<strong>em</strong> corporal.O projeto foi avalia<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> IESC-UFRJ e cada participante recebeu um Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre Esclareci<strong>do</strong> parasua concordância ou não quanto à participação na pesquisa, conforme a Resolução196/96, CONEP.Os da<strong>do</strong>s quantitativos foram coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s pelo programa SPSS versão17.0, on<strong>de</strong> foram feitos testes estatísticos (chi-quadra<strong>do</strong>) para obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s paradiscussão e conclusão <strong>do</strong> trabalho.RESULTADOSParticiparam <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 100 alunos <strong>de</strong> Escolas profissionalizantes <strong>em</strong> BaléClássico no Brasil, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes 70 <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino e 30 <strong>do</strong> sexo masculino. To<strong>do</strong>s osparticipantes respon<strong>de</strong>ram o auto-questioná<strong>rio</strong> Body Shape Questionnaire - BSQ e osresulta<strong>do</strong>s mostram <strong>em</strong> média que não houve diferença estatística entre a distribuição<strong>do</strong>s valores atingi<strong>do</strong>s no BSQ por alunos <strong>do</strong> sexo masculino e f<strong>em</strong>inino, como<strong>de</strong>monstra o gráfico 1. Entretanto a média f<strong>em</strong>inina <strong>do</strong> BSQ, mesmo que nãoestatisticamente significante, mostra-se ligeiramente mais alta que a masculina .Gráfico 1 – Distribuição <strong>do</strong> BSQ por sexo


61Desta forma optamos por mostrar a distribuição <strong>do</strong> BSQ, nos seus níveis <strong>de</strong>classificação e os analisamos <strong>em</strong> conjunto (gênero masculino e f<strong>em</strong>inino agrupa<strong>do</strong>s).Observamos que a média <strong>do</strong> conjunto se distribui da mesma forma que isola<strong>do</strong>s. Aoanalisarmos esta distribuição da Tabela 1, observamos que 66% da população estudadaapresentam distúrbio <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> segun<strong>do</strong> o BSQ, sen<strong>do</strong> que 6% <strong>de</strong>les com distúrbiograve <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal.Tabela 1 – Distribuição e classificação <strong>do</strong> BSQBSQ n % % acum IC95%*Normal (até 80) 34 34,0 100,0Leve (81 a 110) 40 40,0 66,0 56,3% - 74,8%Mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> (111 a 139) 20 20,0 26,0 18,1% - 35,2%Grave (140 ou mais) 6 6,0 6,0 2,5% - 12,1%Total 100 100,0*Intervalo <strong>de</strong> Confiança <strong>de</strong> 95% para o percentual acumula<strong>do</strong>Quan<strong>do</strong> avaliamos as características antropométricas, nos da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s naTabela 2, observamos que a variável gênero mostra-se um fator importante na avaliação<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes a peso e altura, aferida e <strong>de</strong>sejada (também <strong>de</strong>monstramos natabela a diferença entre os da<strong>do</strong>s aferi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s). As meninas com média <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 17,8 anos estão insatisfeitas com seu peso, <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> per<strong>de</strong>r <strong>em</strong> média 3,8quilos (ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> até 16,1 quilos) e estão praticamente satisfeitas comsua altura, <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> <strong>em</strong> média ganhar 03centímetros. Já os meninos, com média <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 19,1 anos, estão <strong>em</strong> média satisfeitos com seu peso, queren<strong>do</strong> ganhar 0,3quilos (por mais que tenham <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> perda 9,5 quilos) e também parec<strong>em</strong> satisfeitos<strong>em</strong> média com sua altura, queren<strong>do</strong> ganhar apenas 05 centímetros <strong>em</strong> média.


62Tabela 2 – Características antropométricas por sexoCaracterísticasF<strong>em</strong>inino(n=70)Masculino(n=30)2,0 5,9 4,2 3,6 0,05 0,04 0,04Máximo 25,0 67,0 60,0 3,0 1,76 1,83 0,21Média 19,1 66,0 66,3 0,3 1,73 1,78 0,05Sexo Estatísticas Ida<strong>de</strong> Peso (kg) Altura (m)(anos) Aferi<strong>do</strong> Deseja<strong>do</strong> Diferença* Aferida Desejada Diferença*Média 17,8 51,7 47,9 -3,8 1,63 1,66 0,03DesviopadrãoMínimo 13,0 38,0 40,0 -16,1 1,50 1,54 -0,06Mediana 18,0 51,2 48,0 -3,2 1,63 1,65 0,03DesviopadrãoP-valor pelo teste <strong>de</strong> Mann-Whitney para acomparação entre os sexos2,0 6,9 6,0 6,2 0,07 0,05 0,04Mínimo 16,0 53,0 55,0 -9,5 1,60 1,68 -0,01Mediana 19,0 66,0 65,0 -0,3 1,74 1,80 0,05Máximo 25,0 81,9 79,0 19,0 1,85 1,88 0,150,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 0,065*Valores <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s menos os valores aferi<strong>do</strong>s, representan<strong>do</strong> a "insatisfação" com o peso e com a alturaAo realizarmos as correlações entre as variáveis antropométricas com os índicesapresenta<strong>do</strong>s no BSQ nos chama a atenção que as meninas, <strong>em</strong> média, realmentequer<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r peso e os homens não. E que na altura os homens, <strong>em</strong> média, quer<strong>em</strong>ficar mais altos quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>sejo as mulheres, não ten<strong>do</strong> diferençaestatística significante entre este da<strong>do</strong> (Tabela 3).Tabela 3 – Correlação entre as características corporais e BSQCorrelaçãoCaracterísticasCaracterísticas DeInsatisfaçãoInsatisfaçãoBSQ Ida<strong>de</strong> PesoAlturaSpearman com o peso com a alturaBSQr s 1 -0,105 0,119 -0,403 -0,113 -0,014p-valor 0,389 0,325 0,001 0,352 0,909Ida<strong>de</strong> (anos)r s 0,164 1 0,255 -0,141 0,170 0,086p-valor 0,387 0,033 0,245 0,159 0,479Peso (kg)r s 0,056 0,230 1 -0,679 0,509 -0,199p-valor 0,767 0,221 < 0,001 < 0,001 0,099Insatisfação* com o r s -0,547 -0,340 -0,558 1 -0,090 -0,038pesop-valor 0,002 0,066 0,001 0,457 0,758Alturar s -0,111 -0,044 0,614 -0,149 1 -0,502p-valor 0,561 0,816 < 0,001 0,432 < 0,001Insatisfação* com a r s -0,078 0,202 -0,334 0,179 -0,628 1alturap-valor 0,682 0,284 0,072 0,343 < 0,001Nota: As correlações no triângulo supe<strong>rio</strong>r direito (área <strong>de</strong>marcada <strong>em</strong> rosa) se refer<strong>em</strong> ao sexo f<strong>em</strong>inino, eaquelas no triângulo infe<strong>rio</strong>r esquer<strong>do</strong> (área <strong>de</strong>marcada <strong>em</strong> azul) se refer<strong>em</strong> ao sexo masculino


63Em relação ao BSQ, o Gráfico 2 ajuda a avaliar os da<strong>do</strong>s numéricos da tabela 3,e po<strong>de</strong> se observar que existe uma correlação positiva entre o peso avalia<strong>do</strong> napopulação e os índices obti<strong>do</strong>s no BSQ, ou seja, aqueles indivíduos mais pesa<strong>do</strong>s foramos que apresentaram níveis <strong>de</strong> BSQ mais eleva<strong>do</strong>s, traduzin<strong>do</strong> que o aumento <strong>do</strong> pesogera impacto na sua imag<strong>em</strong> corporal.Quan<strong>do</strong> correlacionamos o BSQ com a insatisfação com o peso i<strong>de</strong>ntificamosque a maior parte da população está distribuída <strong>em</strong> níveis <strong>de</strong> baixa insatisfação com opeso, ten<strong>do</strong> sua correlação próxima <strong>de</strong> zero. Já aqueles que tiveram o nível <strong>do</strong> BSQmais eleva<strong>do</strong> foram os que <strong>de</strong>sejavam per<strong>de</strong>r mais peso e os que apresentaram o nível<strong>do</strong> BSQ mais baixos foram os que <strong>de</strong>sejaram ganhar mais peso, <strong>de</strong>sta forma traduzin<strong>do</strong>correlações negativas para ambos os sexos (sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> -0,403 para as meninas e <strong>de</strong> -0,547para os meninos).Gráfico 2 – Correlação BSQ com peso avalia<strong>do</strong> e com insatisfação com o pesoDISCUSSÃOSegun<strong>do</strong> Léon (2011) o mo<strong>de</strong>lo sistêmico <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> corpo <strong>do</strong> bailarino éestrutura<strong>do</strong> a partir da beleza cênica, que significativamente vai estruturar a eficiênciapotencial <strong>do</strong> aspecto transitivo da arte-movimento-técnica. A avaliação qualitativa dabeleza cênica <strong>do</strong> corpo bailarino inclui a avaliação da gordura, magreza, altura, daproporcionalida<strong>de</strong> e das capacida<strong>de</strong>s dinâmicas da beleza <strong>do</strong> movimento.


64Além <strong>de</strong> ter taxas mais elevadas <strong>de</strong> transtornos alimentares, a categoria <strong>do</strong>sbailarinos também estão mais preocupa<strong>do</strong>s com a alimentação e sua imag<strong>em</strong> corporal<strong>do</strong> que os não-atletas e não bailarinos Estes da<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser explica<strong>do</strong>s pelo fato <strong>de</strong>que a imag<strong>em</strong> corporal <strong>de</strong>stes profissionais é uma construção ampla que se refere aimagens visuais e atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> corpo (Torres-Mc Gehee,2009).A revisão publicada por Toro (2009) revela que a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>spublica<strong>do</strong>s relatam uma maior prevalência <strong>de</strong> transtornos alimentares <strong>em</strong> estudantes <strong>de</strong>dança <strong>do</strong> que <strong>em</strong> meninas a<strong>do</strong>lescentes da população geral. Isto levanta a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> haver especificida<strong>de</strong>s quanto aos fatores <strong>de</strong> risco e os fatores protetores naspopulações estudadas, o que levou o autor a pensar que possa existir diferenças <strong>em</strong>relação a eles da<strong>do</strong>s os processos pedagógicos diferentes <strong>em</strong> cada escola <strong>de</strong> dança.O BSQ que avalia as preocupações com a forma <strong>do</strong> corpo, auto<strong>de</strong>preciação pelaaparência física e a sensação <strong>de</strong> estar “gor<strong>do</strong>”, também foi valida<strong>do</strong> para uma população<strong>de</strong> universitá<strong>rio</strong>s brasileiros por Di Pietro (2009).Em países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, tanto <strong>em</strong> a<strong>do</strong>lescentes quanto <strong>em</strong> adultos, ainsatisfação com a imag<strong>em</strong> corporal atinge entre 50% a 70%. Estu<strong>do</strong>s no Brasilmostraram que a insatisfação corporal entre a<strong>do</strong>lescentes e crianças varia <strong>de</strong> 64% a82%. Na pesquisa <strong>de</strong> Miranda (2011) os resulta<strong>do</strong>s mostraram que a prevalência <strong>de</strong>insatisfação corporal foi <strong>de</strong> 26,4% (BSQ) nos jovens resi<strong>de</strong>ntes <strong>em</strong> cida<strong>de</strong>s com atécinco mil habitantes, sen<strong>do</strong> mais baixa que os estu<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes publica<strong>do</strong>s.O valor da pontuação média <strong>do</strong> BSQ, naquela pesquisa, foi <strong>de</strong> 66,78 ± 29,63pontos, sen<strong>do</strong> significativamente mais alto nas meninas e nos sujeitos com sobrepeso eobesida<strong>de</strong>. A classificação <strong>de</strong> insatisfação corporal <strong>do</strong> BSQ constatou que 296a<strong>do</strong>lescentes (73,6%) apresentaram-se livres <strong>de</strong> insatisfação corporal e 106 (24,6%)alunos mostraram níveis <strong>de</strong> leve a grave insatisfação com sua aparência física. Entre ossexos, verificou-se que 11,5% das meninas e 3,5% <strong>do</strong>s meninos apresentaramclassificação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada e grave insatisfação corporal (Miranda, 2011).Estes da<strong>do</strong>s se difer<strong>em</strong> <strong>de</strong> nosso estu<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> os índices não se mostraramestatisticamente diferentes <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o gênero com apenas 34% <strong>do</strong>s alunos livres<strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>, o que nos sinaliza que na dança a preocupação com a imag<strong>em</strong>corporal é maior quan<strong>do</strong> comparada com indivíduos não-bailarinos.Em pesquisa realizada por Grego et al.(2006) os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s apontamque as bailarinas clássicas têm peso corporal, estatura e índice <strong>de</strong> massa corporalinfe<strong>rio</strong>res aos <strong>de</strong>mais grupos, reforçan<strong>do</strong> que a busca pela imag<strong>em</strong> corporal a<strong>de</strong>quada


65no balé clássico significa manter um corpo leve e com baixa percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> gordura. Amaioria <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes não mostrou sinais <strong>de</strong> insatisfação com a imag<strong>em</strong> corporal noestu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conti (2009) com 66% e apenas 5% <strong>de</strong>monstraram insatisfação grave,<strong>em</strong>bora, entre as meninas, este número subiu para quase 10%.Para Bosi et al (2009) quan<strong>do</strong> a insatisfação com a imag<strong>em</strong> corporal existe, aa<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> comportamentos alimentares e <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> peso corporal, quesão ina<strong>de</strong>quadas - entre as mulheres - é freqüente. No âmbito <strong>de</strong> seu estu<strong>do</strong>, a totalida<strong>de</strong>da população com mo<strong>de</strong>rada/grave pontuações <strong>do</strong> questioná<strong>rio</strong> BSQ apresentouinsatisfação com o peso corporal, sen<strong>do</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria (90,9%) apresentaram o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r mais <strong>de</strong> 2 kg, fato que indica um claro <strong>de</strong>sejo a per<strong>de</strong>r peso.A análise <strong>do</strong> instrumento utiliza<strong>do</strong> mostrou que a média <strong>de</strong> pontos <strong>do</strong> BSQ entreestudantes, <strong>em</strong> seu estu<strong>do</strong> foi 81,2 (± 33,6). A classificação final por níveis <strong>de</strong>preocupação com a imag<strong>em</strong> corporal apontou que 59,6% das estudantes nãoapresentavam alteração da auto-imag<strong>em</strong> corporal, enquanto 6,2% possuíam distorçãograve. Em nosso estu<strong>do</strong> com alunos <strong>de</strong> balé a média <strong>de</strong> distorção grave se mantevepróxima com 6%, mas com um número menor <strong>de</strong> indivíduos s<strong>em</strong> distúrbio, ten<strong>do</strong> nadança portanto um número maior <strong>de</strong> pessoas com alterações.Outro estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bosi (2006) aponta a relação ao resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> BSQ e àinsatisfação com o peso, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> que, mesmo no grupo <strong>de</strong> alunas queapresentavam níveis <strong>de</strong> preocupação com a imag<strong>em</strong> corporal normal/leve, umpercentual expressivo gostaria <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r <strong>do</strong>is ou mais quilos (58,7%). Entre aquelascom alteração mo<strong>de</strong>rada/grave da autoimag<strong>em</strong> corporal esse mesmo <strong>de</strong>sejo atinge quasea totalida<strong>de</strong> das universitárias (94,3%), o que correspon<strong>de</strong> ao alto grau <strong>de</strong> distorção<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>, fator <strong>de</strong> risco para transtornos na esfera da alimentação. Um estu<strong>do</strong>longitudinal entre meninas norueguesas apontou que a imag<strong>em</strong> corporal é fator preditorpara a prática <strong>de</strong> dietas, ten<strong>do</strong> relação direta com o aumento da ida<strong>de</strong>. E a prática <strong>de</strong>dietas freqüentes é fator <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> transtornos <strong>do</strong>comportamento alimentar, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> quadros <strong>de</strong> anorexia nervosa.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter um padrão corporal apropria<strong>do</strong> entre bailarinas resultafreqüent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> insatisfação e distorção da imag<strong>em</strong> corporal, como mostra o estu<strong>do</strong><strong>de</strong> Ravaldi et al.(2006), com 110 bailarinas <strong>de</strong> balé não profissionais e um grupocontrole <strong>de</strong> 59 pessoas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florença, Itália.A insatisfação po<strong>de</strong> ser comprovada por Souza (2006) sen<strong>do</strong> possível verificarque somente 34,2% das a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino não apresentaram distúrbio <strong>de</strong>


66imag<strong>em</strong> corporal. Entre os a<strong>do</strong>lescentes masculinos a presença <strong>do</strong> distúrbio <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>corporal segun<strong>do</strong> auto-escala BSQ foi b<strong>em</strong> menor, somente 11,4 e 7,2% apresentaramdistúrbios leve e mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, respectivamente.Alunos das escolas <strong>de</strong> balé t<strong>em</strong> mais <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>em</strong>agrecer, maior perfeccionismoe são mais propensos ao uso <strong>de</strong> dieta para controlar seu peso <strong>do</strong> que os alunos nãobailarinos, como também possu<strong>em</strong> um risco eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver distúrbio <strong>de</strong>imag<strong>em</strong>. Esse maior risco t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> principalmente à alta prevalência nos maisjovens <strong>de</strong> traços particulares <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> (Toro, 2009).Esta informação se traduziu <strong>em</strong> nosso estu<strong>do</strong> tanto pelos índices no BSQ quantono <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> modificação corporal com perda <strong>de</strong> peso como o principal fator paramelhora <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> insatisfação com a imag<strong>em</strong> corporal.CONCLUSÃOOs resulta<strong>do</strong>s apontam para uma homogeneida<strong>de</strong> entre os valores atingi<strong>do</strong>s noBSQ entre os alunos das escolas participantes. Diferente da literatura não houve umasignificante diferença entre os gêneros <strong>em</strong> relação à pontuação e a distribuição daclassificação <strong>do</strong>s níveis <strong>do</strong> BSQ.Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> pelos estu<strong>do</strong>s que avaliaram não-bailarinos i<strong>de</strong>ntificamos queos estudantes <strong>de</strong> dança possu<strong>em</strong> valores <strong>de</strong> distorção <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal maior que orestante da população, mas os índices <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong> mostraram-se similares.Os distúrbios avalia<strong>do</strong>s no BSQ <strong>de</strong>monstram uma relação positiva com ainsatisfação quanto ao peso e altura, comportan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> forma diferente entre osgêneros. As meninas <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> ficar mais magras, on<strong>de</strong> as mais pesadas mostravamBSQ mais altera<strong>do</strong> por <strong>de</strong>sejar per<strong>de</strong>r peso e os meninos <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> ficar mais altos.Concluímos assim que a insatisfação com a estética corporal é uma variávelconstante e importante ao se tratar <strong>de</strong> estudantes <strong>de</strong> balé, importância esta que ultrapassaapenas valores estéticos in<strong>do</strong> <strong>em</strong> direção ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho profissional. O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>trabalho seleciona apenas aqueles que ating<strong>em</strong> um padrão corporal característico para aprática <strong>do</strong> balé clássico, ou seja, corpos longilíneos e magros.Finalmente, as alterações e distorções <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> corporal alteram a forma comque estes codificam seu corpo, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estas ser facilita<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s transtornos à suasaú<strong>de</strong> física e mental <strong>de</strong>stes estudantes.


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71cuida<strong>do</strong>s com a preparação física e não menos importante, psicológica, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a fatoressociológicos, antropológicos e filosóficos <strong>de</strong>sta tão concorrida ativida<strong>de</strong> e,principalmente, cuida<strong>do</strong>s com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes profissionais.No momento <strong>em</strong> que efetivamente conseguirmos impl<strong>em</strong>entar uma política <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> para este coletivo <strong>de</strong> profissionais, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os imaginar esta bailarina (o), como apersonag<strong>em</strong> da canção. Não com uma i<strong>de</strong>ia utópica <strong>do</strong> não a<strong>do</strong>ecer, mas comamadurecimento para i<strong>de</strong>ntificar estes, como profissionais que estão executan<strong>do</strong> suaarte, com to<strong>do</strong> seu talento e profissionalismo, e que principalmente, possam ser capazes<strong>de</strong> fazer com que a plateia sentada à sua frente entre <strong>em</strong> êxtase com os saltos <strong>de</strong> suadança, s<strong>em</strong> que para isto haja “uma ponta <strong>de</strong> <strong>do</strong>r”.Po<strong>de</strong>mos observar o quanto a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, condutas, políticas ecuida<strong>do</strong>, com uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> acolhen<strong>do</strong> esta população ainda se faz necessária. Seisanos após escrever este texto, pouco mu<strong>do</strong>u, os profissionais continuam s<strong>em</strong> assistênciaespecífica e não t<strong>em</strong>os da<strong>do</strong>s concretos <strong>em</strong> publicações nacionais relevantes a respeito<strong>de</strong>sta população e sua morbida<strong>de</strong>.Meu trabalho nestes anos t<strong>em</strong> caminha<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> buscar os fatoresfacilitató<strong>rio</strong>s <strong>de</strong>stes índices tão eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lesões.Seria no processo <strong>de</strong> formação? Essa foi minha hipótese nesta tese. Econfirmada.Vimos neste trabalho realiza<strong>do</strong> com os alunos <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> formação <strong>em</strong> baléclássico no Brasil que a lesão se faz constante também nesse momento <strong>de</strong> formação.Com características similares aos profissionais, com similarida<strong>de</strong> ao que acontece nascompanhias e nas escolas internacionais.As lesões, mesmo que <strong>em</strong> pequena quantida<strong>de</strong>, esteve presente <strong>em</strong> 80% <strong>de</strong> nossamostra, on<strong>de</strong> a maior parte <strong>de</strong>stas ocorreu relacionada ao balé. Então no processo <strong>de</strong>formação profissional também se forma o histórico <strong>de</strong> lesões e alterações neste corpo.Que contribuição po<strong>de</strong> ser dada com este trabalho?A publicação <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s iniciará um processo <strong>de</strong> fundamentação <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong>estu<strong>do</strong> para avaliar esta população, com suas características <strong>de</strong>mográficas, pessoais,ocupacionais, e po<strong>de</strong>r relacioná-las com o setor saú<strong>de</strong>.Chego à conclusão que <strong>em</strong> nosso país este trabalho é muito tími<strong>do</strong> e estátatean<strong>do</strong> ainda por que caminhos percorrer. Os da<strong>do</strong>s mostram a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sprofissionais, sejam no seu processo <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>profissional.


72Dar assistência e capacitação às escolas <strong>de</strong> formação seria uma estratégia a sertomada, já que observamos o quanto os profissionais forma<strong>do</strong>res nestas escolas s<strong>em</strong>ostram angustia<strong>do</strong>s por perceber a fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> ensinoaprendizag<strong>em</strong>no que diz respeito aos cuida<strong>do</strong>s com o corpo <strong>de</strong> seus alunos, ao preparofísico a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, a orientação sobre que postura e conduta tomar perante as lesões eprincipalmente, sobre que profissional estariam forman<strong>do</strong> para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho.Oferecer uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação, assistência, capacitação continuada <strong>de</strong>stesprofissionais po<strong>de</strong> ser uma relevante ação a ser tomada após este estu<strong>do</strong>.A angústia <strong>de</strong> perceber que o t<strong>em</strong>po não an<strong>do</strong>u se transforma agora <strong>em</strong> umagran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>.Mais da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s, mais <strong>de</strong>scobertas, maiores carências i<strong>de</strong>ntificadas agoranuma mostra <strong>em</strong> âmbito nacional nos fortifica a i<strong>de</strong>ntificar que o caminho a percorrercomo profissional da saú<strong>de</strong>, pesquisa<strong>do</strong>r e professor <strong>de</strong> uma <strong>universida<strong>de</strong></strong> pública é <strong>em</strong>direção à construção <strong>de</strong> uma força <strong>de</strong> trabalho com fins <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> a estaquestão e através disto mobilizar outras pessoas e <strong>de</strong>mais setores da socieda<strong>de</strong> paraolhar este t<strong>em</strong>a, um t<strong>em</strong>a pouco conheci<strong>do</strong>, pesquisa<strong>do</strong> e publica<strong>do</strong> no Brasil.A Saú<strong>de</strong> Coletiva, a Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r e o mun<strong>do</strong> acadêmico t<strong>em</strong> agora umaresponsabilida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong> uma ação a mostrar a esta população tão vulnerável e carente <strong>de</strong>assistência.Desta ação faço parte e me comprometo a seguir nesta linha <strong>de</strong> pesquisa.


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838 ANEXOSANEXO 1 -QUESTIONÁRIO - ALUNOSNº_____ Escola:________________ Ano entrada na escola:_______ AnoLetivo:_______Ida<strong>de</strong>: Sexo: F( ) M( )Cor: Branco ( ) Par<strong>do</strong>( ) Negro ( ) Amarelo( ) Auto-referi<strong>do</strong>:___________Altura: _________m Peso:________Kg Peso i<strong>de</strong>al:______Kg Altura i<strong>de</strong>al:_____mNaturalida<strong>de</strong>:__________ Nacionalida<strong>de</strong>:________ Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Residência:_________Profissão <strong>do</strong>s pais: Pai:____________________Mãe:____________________________Sente-se feliz com a formação que está ten<strong>do</strong>?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________O que significa ser bailarino para você?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Por que escolheu estudar para ser bailarino profissional?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Você proporia alguma mudança <strong>em</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> como aluno <strong>de</strong> dança? ______anosRealiza outras ativida<strong>de</strong>s ligadas à dança fora da escola? Sim ( ) Não ( )Especifique:______________________________________________________________________________________________________________________________Realiza outra ativida<strong>de</strong> física? Sim ( ) Não ( ) Qual? _____________________Alimentação:Realiza On<strong>de</strong> Come:carneCaféColaçãoAlmoçoLancheJantaSeiaFrutasLegumeseverdurasDoces erefrigerantesCereaise grãos


84O que acha <strong>do</strong>s ambientes <strong>de</strong> aula <strong>em</strong> relação à:Saú<strong>de</strong>: Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )Ativida<strong>de</strong> técnica: Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )Por quê?____________________________________________________________________________________________________________________________________________Qual apresenta probl<strong>em</strong>a?____________________________________________________________________________________________________________________________________________O que é saú<strong>de</strong> para você?____________________________________________________________________________________________________________________________________________O que é <strong>do</strong>ença para você?____________________________________________________________________________________________________________________________________________Esteve <strong>do</strong>ente nos últimos 30 dias? Sim ( ) Não ( )Caso positivo, com qual<strong>do</strong>ença?______________________________________________Procurou serviço médico? Sim ( ) Não ( ) Qual? _____________________________Especifique:__________________________________________________________________________________________________________________________________Apresentou alguma lesão músculo-esquelética nos últimos anos? Sim ( ) Não ( )Tabela 1 – I<strong>de</strong>ntificação da lesãoLesão:Número/AnoLocal <strong>do</strong>corpoTipo <strong>de</strong>lesãoComoocorreuRelação como baléQuan<strong>do</strong>ocorreuDuração dalesãoPermanênciada lesão1-2-3-4-Legenda da Tabela 1:Coluna 1 - Número da lesão e ano que esta ocorreuColuna 2 - Localização anatômica da lesãoColuna 3 – Tipo <strong>de</strong> lesão por diagnósticoColuna 4 – Como ocorreu a lesão:(1) Após trauma direto(2) Não teve início abrupto(3) Não recor<strong>do</strong> o inícioColuna 5 – Teve relação com a prática <strong>do</strong> balé?Sim ou NãoColuna 6 – Quan<strong>do</strong> ocorreu a lesão?(1) Durante a prática <strong>do</strong> balé(2) Após a prática <strong>do</strong> balé(3) Não recor<strong>do</strong>Coluna 7 – Permanência da lesão? Sim ou Não


85Tabela 2 – Tratamento da lesãoNúmero dalesão/ Ano Conduta Tratamento Tipo Resulta<strong>do</strong>1-2-3-4-Legenda da Tabela 2:Coluna 1 – Número da lesão <strong>de</strong>scrita na tabelaante<strong>rio</strong>r e ano <strong>de</strong> ocorrênciaColuna 2 – Conduta após a lesão?(1)- Parou a ativida<strong>de</strong> apenas(2)- Parou a ativida<strong>de</strong> e procurou auxílio médico(3)- Parou a ativida<strong>de</strong> e tomou providências s<strong>em</strong>auxílio médico(4)- Continuou com a ativida<strong>de</strong> mesmo com a lesãoColuna 3 – Realizou algum tipo <strong>de</strong> tratamento? Simou NãoColuna 4 – Tipo <strong>de</strong> tratamento?(1)-Tratamento medicamentoso prescrito pelomédico(2)-Tratamento medicamentoso por conta própria(3)-Tratamento cirúrgico(4)-Tratamento com fisioterapia(5)-Tratamento medicamentoso e fisioterapiaColuna 5 – Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com o tratamento?(1)Ótimo (2)Bom (3)Insuficiente (4) RuimPorque <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>:__________________________________________________________________________________________________________________________Continua realizan<strong>do</strong> suas aulas mesmo com lesão?Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes ( )Se algumas vezes, quan<strong>do</strong>?____________________________________________________________________________________________________________________________________________Tabela 3 – I<strong>de</strong>ntificação da <strong>do</strong>r e da fadigaCategoria Presença Local FreqüênciaAssociaçãoà lesãoPermanênciada ativida<strong>de</strong>RazãoDorFadigaXLegenda da Tabela 3:Coluna 1 – Presença da categoria: (Sim) ou (Não)Coluna 2- Localização anatômica(vi<strong>de</strong> Escala Visual <strong>de</strong> Dor logo abaixo)Coluna 3 – Freqüência?(1) Diariamente(2) Quantas vezes por s<strong>em</strong>ana? ______Coluna 4-Associação a alguma lesão? (Sim) ou(Não)Coluna 5-Permanência da ativida<strong>de</strong>? (Sim) ou(Não)Coluna 6- Razão? (resposta aberta)


86Escala Visual <strong>de</strong> Dor:Apresenta algum tipo <strong>de</strong> me<strong>do</strong> quanto à incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar a realizar suaativida<strong>de</strong> profissional como bailarino <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> lesão, <strong>do</strong>r ou fadiga? Sim( )Não ( )Realiza alguma ativida<strong>de</strong> para diminuir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se lesionar, ter <strong>do</strong>r ou fadiga?Sim ( ) Não ( )Qual?_______________________________________________________________On<strong>de</strong>?_______________________________________________________________Sente-se <strong>de</strong>vidamente orienta<strong>do</strong> como prevenir estas lesões? Sim ( ) Não ( )Acredita que na sua escola exista uma preocupação com os cuida<strong>do</strong>s terapêuticos?Sim ( ) Não ( ) Caso positivo, por qu<strong>em</strong>? Pelos próp<strong>rio</strong>s bailarinos ( )Pelos coreógrafos e professores ( )Pela direção da Escola ( )Pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da escola ( )FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICAÍNDICE DE MOBILIDADE ARTICULAR – LAXITUDEÍndice <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carter-Wilkinson. Escala <strong>de</strong> 0 a 9.Extensão <strong>do</strong>De<strong>do</strong> mínimo maiorque 90°Conta<strong>do</strong> <strong>do</strong> polegarno antebraço <strong>em</strong>flexão <strong>de</strong> punhoRecurvatum <strong>de</strong>cotoveloRecurvatum <strong>de</strong>joelhosDireito Esquer<strong>do</strong> Direito Esquer<strong>do</strong> Direito Esquer<strong>do</strong> Direito Esquer<strong>do</strong>Contato da palma damão ao solo comflexão completa <strong>de</strong>tronco s<strong>em</strong> fletirjoelhosEscore:_________ pontosPontuação: 0-2 normal; 3-4 laxitu<strong>de</strong> ligamentar mo<strong>de</strong>rada; 5-9 laxitu<strong>de</strong> ligamentarsevera


87ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO –PROFESSORESN.º Sexo: F( ) M( )Naturalida<strong>de</strong>:_______________ Nacionalida<strong>de</strong>:________________Escolarida<strong>de</strong>: 1ºGrau completo ( ) 3º Grau completo ( )1º Grau incompleto ( ) 3º Grau incompleto ( )2º Grau completo ( ) Pós-graduação completa ( )2º Grau incompleto ( ) Pós-graduação incompleta ( )Formação profissional específica na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> professor:Escola <strong>de</strong> dança ( ) Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dança ( ) Aulas particulares ( )Outra ( )Qual?_______T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> como professor? ______anosT<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> como bailarino? _____anosCarga horária s<strong>em</strong>anal como professor? ______horasO que é saú<strong>de</strong> para você?____________________________________________________________________________________________________________________________________________O que é <strong>do</strong>ença para você?____________________________________________________________________________________________________________________________________________O que acha <strong>do</strong>s ambientes <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> relação à:Saú<strong>de</strong> : Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )Ativida<strong>de</strong> técnica: Bom ( ) Regular ( ) Péssimo ( )Por quê?____________________________________________________________________________________________________________________________________Qual apresenta probl<strong>em</strong>a? _______________________________________________________________________________________________________________________I<strong>de</strong>ntifica a prática da dança como uma ativida<strong>de</strong> com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar lesão?Sim ( ) Não ( )Acha que seus alunos têm lesões <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dança? Sim ( ) Não ( )Sente-se <strong>de</strong>vidamente orienta<strong>do</strong> como prevenir estas lesões? Sim ( ) Não ( )Acredita que no seu trabalho exista uma preocupação com o cuida<strong>do</strong>?Sim ( ) Não ( ) Como?_________________________________________________________________________________________________________________________Sente-se feliz com o trabalho que realiza?____________________________________________________________________________________________________________________________________________O que significa ser bailarino para você?____________________________________________________________________________________________________________________________________________Você proporia alguma mudança <strong>em</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional?____________________________________________________________________________________________________________________________________________


88ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO DE IMAGEM CORPORALBSQ – BODY SHAPE QUESTIONNAIRE (COOPER et al., 1987)Gostaríamos <strong>de</strong> saber como você v<strong>em</strong> se sentin<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação à sua aparência nasquatro últimas s<strong>em</strong>anas. Por favor leia cada questão e faça um X no it<strong>em</strong> apropria<strong>do</strong>.Use a legenda: 1. Nunca 2. Raramente 3. Às vezes 4. Freqüent<strong>em</strong>ente 5. Muitofrequent<strong>em</strong>ente 6. S<strong>em</strong>pre1. Sentir-se entediada(o) fazvocê se preocupar com a suaforma física?2. Você t<strong>em</strong> esta<strong>do</strong> tãopreocupada(o) com asua forma física a ponto <strong>de</strong>sentir que <strong>de</strong>veria fazerdieta?3. Você acha que as suascoxas, quadril ouná<strong>de</strong>gas são gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>mais para o restante <strong>do</strong>seu corpo?4. Você t<strong>em</strong> senti<strong>do</strong> me<strong>do</strong> <strong>de</strong>ficar gorda(o)(ou mais gorda(o))?5. Você se preocupa com ofato <strong>do</strong> seu corponão ser suficient<strong>em</strong>entefirme?6. Sentir-se satisfeita(o) (porex<strong>em</strong>plo apósingerir uma gran<strong>de</strong>refeição) faz você sentir-segorda(o)?7. Você já se sentiu tão mala respeito <strong>do</strong> seucorpo que chegou achorar?8. Você já evitou correr pelofato <strong>de</strong> que seucorpo po<strong>de</strong>ria balançar?9. Estar com pessoas magrasfaz você sesentir preocupada(o) <strong>em</strong>relação ao seu físico?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 611. Você já se sentiugorda(o), mesmocomen<strong>do</strong> uma quantida<strong>de</strong>menor <strong>de</strong> comida?12. Você t<strong>em</strong> repara<strong>do</strong> nofísico <strong>de</strong> outraspessoas e, ao se comparar,sente-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong>?13. Pensar no seu físicointerfere <strong>em</strong> sua capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> se concentrar <strong>em</strong>outrasativida<strong>de</strong>s (como porex<strong>em</strong>plo, enquantoassiste à televisão, lê ouparticipa <strong>de</strong> umaconversa)?14. Estar nu(a), por ex<strong>em</strong>plo,durante obanho faz você se sentirgor<strong>do</strong>(a)?15. Você t<strong>em</strong> evita<strong>do</strong> usarroupas que faz<strong>em</strong>notar as formas <strong>do</strong> seucorpo?16. Você se imaginacortan<strong>do</strong> fora porções <strong>de</strong> seucorpo?17. Comer <strong>do</strong>ce, bolos ououtros alimentos ricos <strong>em</strong>calorias faz você se sentirgorda?18. Você <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>participar <strong>de</strong> eventossociais (como, porex<strong>em</strong>plo, festas) porsentir-se mal <strong>em</strong> relaçãoao seu físico?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 610. Você já se preocupoucom o fato <strong>de</strong> suascoxas po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> espalhar-sequan<strong>do</strong> se senta?1 2 3 4 5 619. Você se senteexcessivamente gran<strong>de</strong> earre<strong>do</strong>ndada(o)?1 2 3 4 5 6


8920. Você já teve vergonha<strong>do</strong> seu corpo?21. A preocupação diante <strong>do</strong>seu físico levalhea fazer dieta?22. Você se sente maiscontente <strong>em</strong> relação a seufísico quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>estômago vazio (porex<strong>em</strong>plo pela manhã)?23. Você acha que seu físicoatual <strong>de</strong>corre <strong>de</strong>uma falta <strong>de</strong>autocontrole?24. Você se preocupa que asoutras pessoas possamestar ven<strong>do</strong> <strong>do</strong>bras nacintura ou no estômago?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 628. Você se preocupa com ofato <strong>de</strong> estar<strong>em</strong>surgin<strong>do</strong> <strong>do</strong>brinhas <strong>em</strong> seucorpo?29. Ver seu reflexo (porex<strong>em</strong>plo, num espelho ouna vitrine <strong>de</strong> uma loja)fazvocê sentir-se mal <strong>em</strong>relação ao seu físico?30. Você belisca áreas <strong>de</strong>seu corpo para ver oquanto há <strong>de</strong> gordura?31. Você evita situações nasquais as pessoas possamver o eu corpo (porex<strong>em</strong>plo,vestiá<strong>rio</strong>s ou banho <strong>de</strong>piscina)?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 61 2 3 4 5 625. Você acha injusto queoutras pessoassejam mais magras quevocê?26. Você já vomitou para sesentir mais magra(o)?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 632. Você toma laxantes parase sentir mais magra(o)?33. Você ficaparticularmenteconsciente <strong>do</strong>seu físico quan<strong>do</strong> <strong>em</strong>companhia <strong>de</strong> outraspessoas?1 2 3 4 5 61 2 3 4 5 627. Quan<strong>do</strong>acompanhada(o), você ficapreocupada(o) <strong>em</strong> estarocupan<strong>do</strong> muitoespaço (por ex<strong>em</strong>plo,senta<strong>do</strong> num sofá ou nobanco <strong>de</strong> um ônibus)?1 2 3 4 5 634. A preocupação com seufísico faz-lhesentir que <strong>de</strong>veria fazerexercícios?1 2 3 4 5 6


90ANEXO 4ENTREVISTA COM A ADMINISTRAÇÃO – MEMBROS DA DIREÇÃOGuia <strong>de</strong> questões a ser<strong>em</strong> abordadas – Anexar organograma da escola1- Como é feita a organização <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s alunos ingressos <strong>de</strong>ntro da Escola?____________________________________________________________________________________________________________________________________________2- Normas <strong>de</strong> ingresso: crité<strong>rio</strong>s estabeleci<strong>do</strong>s para inscrição, aprovação e admissão?____________________________________________________________________________________________________________________________________________3- Disciplina: rotina <strong>de</strong> aulas, gra<strong>de</strong> curricular, crité<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> aprovação e reprovação?____________________________________________________________________________________________________________________________________________4- Jornada <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, horá<strong>rio</strong> <strong>de</strong> funcionamento da escola?____________________________________________________________________________________________________________________________________________5- Hierarquia: <strong>do</strong>s funcioná<strong>rio</strong>s e alunos <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> formação?____________________________________________________________________________________________________________________________________________6- Fluxo <strong>do</strong>s alunos: ingressos e egressos?____________________________________________________________________________________________________________________________________________7- Afastamento/licenças? Afastamento gera<strong>do</strong> pela escola por inaptidão? E professorestambém?____________________________________________________________________________________________________________________________________________8- Contingente atual <strong>de</strong> alunos <strong>em</strong> toda a escola?____________________________________________________________________________________________________________________________________________9- Serviço <strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alunos?____________________________________________________________________________________________________________________________________________10- Ambiente <strong>de</strong> trabalho?____________________________________________________________________________________________________________________________________________11- Quais são os crité<strong>rio</strong>s para a seleção <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o processopedagógico?____________________________________________________________________________________________________________________________________________


91ANEXO 5 – CARTA DE APROVAÇÂO COMITÊ ÈTICA EM PESQUISAA SER ENTREGUE NO DIA DA DEFESA PARA A BANCA EXAMINADORA


92ANEXO 6 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – FACULDADE DE MEDICINAINSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA – IESCPROJETO: “O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> bailarinos profissionais <strong>em</strong> escolas <strong>de</strong> dançaselecionadas no Brasil, toman<strong>do</strong> a dança na dimensão arte-trabalho <strong>em</strong> sua relaçãocom a saú<strong>de</strong>: um estu<strong>do</strong> comparativo.”.TERMO DE CONSENTIMENTOO <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva, na figura <strong>do</strong> <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong>Eduar<strong>do</strong> Zikan, v<strong>em</strong> por meio <strong>de</strong>ste convidá-lo a participar <strong>de</strong> uma pesquisa sobre aformação e assistência aos alunos <strong>de</strong> escolas técnicas profissionalizante <strong>de</strong> dança noBrasil. O objetivo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é i<strong>de</strong>ntificar, caracterizar, analisar e comparar o processo<strong>de</strong> formação técnica profissional <strong>em</strong> balé clássico ofertada <strong>em</strong> três escolas <strong>do</strong> Brasil,através da avaliação das condições <strong>de</strong> ingresso <strong>do</strong>s alunos, da i<strong>de</strong>ntificação dascaracterísticas físicas, sócio-<strong>de</strong>mográficas e psicoafetivas; os agravos à saú<strong>de</strong> dapopulação <strong>de</strong> estudantes relaciona<strong>do</strong>s às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação <strong>em</strong> dança, b<strong>em</strong> comoas condições ambientais e a forma <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong> processo pedagógico nadimensão arte-trabalho-saú<strong>de</strong>.Neste projeto serão utiliza<strong>do</strong>s: um questioná<strong>rio</strong> feito aos bailarinos com questõesreferentes a da<strong>do</strong>s pessoais, lesões passadas e avaliação fisioterapêutica; uma ficha <strong>de</strong>observação <strong>do</strong> ambiente e uma entrevista com a administração/professores das escolas.A população <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> terá o benefício <strong>de</strong> conhecer estes resulta<strong>do</strong>s e po<strong>de</strong>r criarméto<strong>do</strong>s e crité<strong>rio</strong>s para prevenção das lesões, redução da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evolução da<strong>do</strong>ença e indicação <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> atendimento que reduziriam os índices <strong>de</strong> lesões eafastamentos <strong>do</strong> trabalho. Preten<strong>de</strong>-se realizar reuniões coletivas para apresentar osresulta<strong>do</strong>s aos alunos, responsáveis e administra<strong>do</strong>res das escolas, além disto, opesquisa<strong>do</strong>r se colocará à disposição <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s para individualmente discutir osresulta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong>.To<strong>do</strong>s os participantes terão total liberda<strong>de</strong> para recusar o ingresso na pesquisaou sair <strong>de</strong>la <strong>em</strong> qualquer momento, estan<strong>do</strong> livre para isso s<strong>em</strong> que haja qualquer tipo<strong>de</strong> punição ou risco a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes. Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com esse estu<strong>do</strong> serãoarmazena<strong>do</strong>s, analisa<strong>do</strong>s e serão publica<strong>do</strong>s s<strong>em</strong> a i<strong>de</strong>ntificação pessoal <strong>do</strong>sparticipantes, garantin<strong>do</strong> o sigilo <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e a privacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s participantes dapesquisa. O projeto foi avalia<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> IESC-UFRJ, <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com a Resolução 196/96 <strong>do</strong> CONEP e após aprovação, libera<strong>do</strong> para o início dapesquisa.Desta forma eu ___________________________________________, registro<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ________________, telefones _________________________________,<strong>de</strong>claro estar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os termos acima cita<strong>do</strong>s, autorizan<strong>do</strong> minha participação noestu<strong>do</strong> ou a participação <strong>do</strong> menor _______________________________________.___________________, ___ <strong>de</strong> ___________ <strong>de</strong> _____._____________________________________________________________Assinatura <strong>do</strong> participante ou responsável (caso menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>)_____________________________________________Assinatura <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r responsávelPesquisa<strong>do</strong>res responsáveis: Profª Drª Anamaria Testa Tambellini, Prof. Dr. Ronir Raggio Luiz eFernan<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong> ZikanComitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa IESC/UFRJ – (21)2598-9271


93ANEXO 7 – CARTAS DE ACEITE DE PARTICIPAÇÃO NO PROJETOA SER ENTREGUE PARA A BANCA EXAMINADORA NO DIA DA DEFESADA TESE


94ANEXO 8 – CRONOGRAMA2011 2012ATIVIDADE ago Set out nov <strong>de</strong>z jan fev Mar abr mai1-RevisãobibliográficaX X X X2-Coletada<strong>do</strong>s:<strong>de</strong>Rio <strong>de</strong> JaneiroJoinvilleX X XX X X3-Descrição eanálise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s X X X X4-Redação X X X X5-DefesaX

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