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programa de desenvolvimento profissional continuado

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Ministério da EducaçãoSecretaria <strong>de</strong> Educação FundamentalPROGRAMA DEDESENVOLVIMENTOPROFISSIONALCONTINUADOPARÂMETROS EM AÇÃOTERCEIRO E QUARTO CICLOSDO ENSINO FUNDAMENTAL(5ª a 8ª séries)Volume IIBrasília1999


Secretaria <strong>de</strong> Educação FundamentalIara Glória Areias PradoDepartamento <strong>de</strong> Política da Educação FundamentalVirgínia Zélia <strong>de</strong> Azevedo Rebeis FarhaCoor<strong>de</strong>nação-Geral <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas da Educação FundamentalMaria Inês LaranjeiraB823pBrasil. Secretaria <strong>de</strong> Educação Fundamental.Programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissional</strong> <strong>continuado</strong>/ Ministério da Educação. Secretaria <strong>de</strong> EducaçãoFundamental. – – Brasília: A Secretaria, 1999.314p.: il. (Parâmetros em ação)Conteúdo: v. 1 e 2 Terceiro e Quarto Ciclos doEnsino Fundamental (5ª a 8ª séries).1. Ensino Fundamental. 2. DesenvolvimentoProfissional. I. Título.CDU 37.046


Aos Professores e ProfessorasÉcom satisfação que entregamos às nossas escolas, por meio dassecretarias estaduais e municipais <strong>de</strong> educação, o material do projetoPARÂMETROS EM AÇÃO, que tem como propósito apoiar e incentivar o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissional</strong> <strong>de</strong> professores e especialistas emeducação, <strong>de</strong> forma articulada com a implementação dos ParâmetrosCurriculares Nacionais, dos Referenciais Curriculares Nacionais para aEducação Infantil e para a Educação Indígena e da Proposta Curricularpara a Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos.A idéia central <strong>de</strong>sse projeto é favorecer a leitura compartilhada, otrabalho conjunto, a reflexão solidária, a aprendizagem em parceria.O projeto está organizado em módulos <strong>de</strong> estudo compostos porativida<strong>de</strong>s diferenciadas que procuram levar à reflexão sobre asexperiências que vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidas nas escolas e acrescentarelementos que possam aprimorá-las. Para tanto, utiliza textos, filmes,<strong>programa</strong>s em ví<strong>de</strong>o que po<strong>de</strong>m, além <strong>de</strong> ampliar o universo <strong>de</strong>conhecimento dos participantes, ajudar a elaborar propostas <strong>de</strong>trabalho com os colegas <strong>de</strong> grupo e realizá-las com seus alunos.A proposta do projeto PARÂMETROS EM AÇÃO tem a intenção <strong>de</strong>propiciar momentos agradáveis <strong>de</strong> aprendizagem coletiva e aexpectativa <strong>de</strong> que sejam úteis para aprofundar o estudo dosReferenciais Curriculares elaborados pelo MEC, intensificando o gostopela construção coletiva do conhecimento pedagógico, favorecendo o<strong>de</strong>senvolvimento pessoal e <strong>profissional</strong> dos participantes e,principalmente, criando novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho com osalunos para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas aprendizagens.Desejamos a todos um bom trabalho.Paulo Renato SouzaMinistro da Educação


SumárioApresentação ........................................................................................ 7Parte I1. Finalida<strong>de</strong> ......................................................................................... 92. Público-alvo ...................................................................................... 93. Requisitos para participar ............................................................... 104. Estrutura dos módulos .................................................................... 105. Funções do(s) coor<strong>de</strong>nador(es) geral(is) ........................................ 116. Funções do coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupo ................................................. 12Parte II1. Organização geral dos módulos referentes ao terceiro e quartociclos do Ensino Fundamental ........................................................ 142. Estrutura interna dos módulos ........................................................ 15Módulos comuns ............................................................................ 17Arte ................................................................................................ 45Educação Física ........................................................................... 147Geografia ...................................................................................... 195História ......................................................................................... 255


ApresentaçãoAo longo do período <strong>de</strong> 1995 a 1998, a Secretaria <strong>de</strong> EducaçãoFundamental do MEC elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionaispara o Ensino Fundamental e também os Referenciais para EducaçãoIndígena, Educação Infantil, Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos e Formação<strong>de</strong> Professores.Uma ampla discussão nacional foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada em torno <strong>de</strong>ssesdocumentos, cuja função principal é apoiar os sistemas <strong>de</strong> ensino no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> propostas pedagógicas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, naperspectiva <strong>de</strong> uma educação para a cidadania. Essa meta exigeimpulsionar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissional</strong> dos professores no âmbitodas secretarias estaduais e municipais <strong>de</strong> educação. Com essafinalida<strong>de</strong>, a SEF/MEC estará implementando um <strong>programa</strong> queenvolverá um conjunto <strong>de</strong> ações voltadas para diferentes segmentosda comunida<strong>de</strong> educacional (professores, equipes técnicas, diretores<strong>de</strong> escola e/ou creches) e será <strong>de</strong>senvolvido em parceria com assecretarias estaduais e municipais, escolas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>professores em nível médio e superior e Organizações Não-Governamentais – ONGs.O <strong>programa</strong> incluirá diferentes ações, tais como:• Distribuição e implementação, nos estados e municípios, dosReferenciais para a Formação <strong>de</strong> Professores.• Apoio às equipes técnicas das secretarias <strong>de</strong> educação paraimplementação <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> formação continuada e paraorientação das unida<strong>de</strong>s escolares na formulação e no <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> seus projetos educativos.• Apoio aos estados e aos municípios interessados na reformulação <strong>de</strong>planos <strong>de</strong> carreira.• Criação <strong>de</strong> pólos <strong>de</strong> apoio técnico-operacional para a EducaçãoInfantil e para o Ensino Fundamental nas diferentes regiões do país.• Elaboração e divulgação <strong>de</strong> novos <strong>programa</strong>s da TV Escola.• Realização <strong>de</strong> seminários sobre formação <strong>de</strong> formadores emparceria com as universida<strong>de</strong>s e outras instituições.• Elaboração e divulgação <strong>de</strong> módulos orientadores <strong>de</strong> estudo dosParâmetros e Referenciais Curriculares Nacionais – os PARÂMETROSEM AÇÃO, explicitados a seguir.Secretaria <strong>de</strong> Educação Fundamental7


Parte I1. Finalida<strong>de</strong>Como uma ação inicial, a SEF/MEC oferece às secretarias <strong>de</strong> educaçãoe escolas/grupos <strong>de</strong> escolas interessados em implementar osReferenciais Curriculares a realização, em parceria, da ativida<strong>de</strong>PARÂMETROS EM AÇÃO. Essa ativida<strong>de</strong> foi planejada para ser realizadaem um contexto <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> educação, propiciandoo estabelecimento <strong>de</strong> vínculos com as práticas locais e tendo comofinalida<strong>de</strong>s:• Apresentar alternativas <strong>de</strong> estudo dos Referenciais Curriculares agrupos <strong>de</strong> professores e a especialistas em educação, <strong>de</strong> modo quepossam servir <strong>de</strong> instrumentos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissional</strong><strong>de</strong>sses educadores.• Analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais (Educação Infantil eEnsino Fundamental) elaboradas pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Educação,norteadoras do trabalho das escolas. 1• Contribuir para o <strong>de</strong>bate e a reflexão sobre o papel da escola e doprofessor na perspectiva do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma prática <strong>de</strong>transformação da ação pedagógica.• Criar espaços <strong>de</strong> aprendizagem coletiva, incentivando a prática <strong>de</strong>encontros para estudar e trocar experiências e trabalho coletivo nasescolas.• I<strong>de</strong>ntificar as idéias nucleares presentes nos ReferenciaisCurriculares e fazer as adaptações locais necessárias, aten<strong>de</strong>ndo às<strong>de</strong>mandas i<strong>de</strong>ntificadas no âmbito do estado/município ou da própriaescola.• Potencializar o uso <strong>de</strong> materiais produzidos pelo MEC.• Incentivar o uso da TV Escola como suporte para ações <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> professores.2. Público-alvo• Professores que atuam no Ensino Fundamental (1ª a 4ª e 5ª a 8ªséries), 2 na Educação Indígena, na Educação Infantil, na Educação <strong>de</strong>Jovens e Adultos.• Especialistas em educação: diretores <strong>de</strong> escola, assistentes <strong>de</strong>1Essas diretrizes precisam ser conhecidas e discutidas pelos coor<strong>de</strong>nadores-geraise <strong>de</strong> grupo.2Incluem-se também professores que atuam em classes <strong>de</strong> alunos portadores<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais, em função <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência auditiva, visual, física oumental.9


qualquer forma, o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ve estar atento para que seja possívelrealizar todas as ativida<strong>de</strong>s, pois elas foram elaboradas com umenca<strong>de</strong>amento intencional.• Finalida<strong>de</strong> do módulo: orienta as metas que se preten<strong>de</strong> atingir coma realização <strong>de</strong> cada módulo e é útil para orientar o coor<strong>de</strong>nador emsuas intervenções.• Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem: capacida<strong>de</strong>s que se espera que osprofessores participantes dos módulos <strong>de</strong>senvolvam, a partir dasativida<strong>de</strong>s propostas, e que servem <strong>de</strong> critérios para a avaliação.• Conteúdos do módulo: principais conceitos, procedimentos eatitu<strong>de</strong>s abordados no módulo.• Materiais necessários: indicação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, textos, imagens, etc. queserão utilizados no <strong>de</strong>senvolvimento do módulo e que, portanto,precisam ser provi<strong>de</strong>nciados com antecedência.• Sugestão <strong>de</strong> materiais complementares: sugestão <strong>de</strong>bibliografia, <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e <strong>de</strong> outros materiais que possamser usados pelo grupo em ativida<strong>de</strong>s intercaladas com os períodos <strong>de</strong>realização dos módulos ou para aprofundamento dos conteúdosabordados. São indicações importantes para a preparação doscoor<strong>de</strong>nadores.• Ativida<strong>de</strong>s: essas aparecem organizadas em seqüências, com osmateriais necessários indicados, encaminhamentos propostos eorientações para os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo. Essas orientações para oscoor<strong>de</strong>nadores procuram <strong>de</strong>ixar claro os objetivos, subsidiar suaintervenção e sugerir possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> flexibilização das ativida<strong>de</strong>s.• Anexos: textos, ilustrações e/ou folhas-tarefa necessários àrealização do módulo.5. Funções do(s) coor<strong>de</strong>nador(es) geral(is)É fundamental que cada secretaria <strong>de</strong> educação estadual ou municipalindique coor<strong>de</strong>nador(es) do <strong>programa</strong>, que farão a articulação entre aequipe SEF/MEC e o grupo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo, responsáveispelo encaminhamento dos trabalhos. Não há uma <strong>de</strong>finição prévia <strong>de</strong>quem serão tais coor<strong>de</strong>nadores, para que cada secretaria possamobilizar para essa tarefa as pessoas da sua localida<strong>de</strong> comprometidas<strong>de</strong> fato com a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>profissional</strong> doseducadores. Em função do número <strong>de</strong> participantes envolvidos nosPARÂMETROS EM AÇÃO, serão indicados os coor<strong>de</strong>nadores, que po<strong>de</strong>matuar em nível <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação-geral e coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> grupo. Sugereseque haja um coor<strong>de</strong>nador-geral para acompanhar o trabalho <strong>de</strong> 16 a20 grupos.Esses coor<strong>de</strong>nadores-gerais incumbir-se-ão <strong>de</strong>:• divulgar o <strong>programa</strong> junto aos diretores <strong>de</strong> escola;• ajudar na organização dos grupos <strong>de</strong> estudo, na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> local(is)<strong>de</strong> funcionamento e na formulação do cronograma;• provi<strong>de</strong>nciar os recursos materiais para o <strong>de</strong>senvolvimento dostrabalhos;• orientar as reuniões em que os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo vão estudaras propostas contidas em cada módulo e preparar seu trabalho com osprofessores;• assessorar e avaliar todo o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>programa</strong>; paratanto, <strong>de</strong>verão organizar um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> registros com a memória do11


projeto que permita a posterior elaboração <strong>de</strong> relatórios a seremenviados à SEF/MEC.6. Funções do coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupoAlém dos coor<strong>de</strong>nadores-gerais, as secretarias estaduais/municipaisindicarão os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo responsáveis peloencaminhamento dos módulos.Po<strong>de</strong>rão ser coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo professores das universida<strong>de</strong>s (sehouver possibilida<strong>de</strong> e interesse <strong>de</strong> ambas as partes), integrantes <strong>de</strong>ONGs, técnicos da equipe pedagógica da secretaria, supervisores <strong>de</strong>ensino, diretores <strong>de</strong> escola e/ou creches, coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos eprofessores que estejam atuando em sala <strong>de</strong> aula. O importante é queesse coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupo tenha disponibilida<strong>de</strong> para atuar comoorganizador e orientador dos trabalhos do grupo, incentivando aparticipação <strong>de</strong> todos e ajudando o grupo a enfrentar os <strong>de</strong>safioscolocados pelas ativida<strong>de</strong>s. Para isso, os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupoprecisam ser pessoas que gozem do reconhecimento dos professores.Para o bom andamento dos trabalhos, é necessário que oscoor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> grupo tomem para si as seguintes tarefas:• Coor<strong>de</strong>nar as reuniões dos grupos, funcionando como orientadores<strong>de</strong> aprendizagem, buscando propiciar a integração dos participantes eindicando a organização <strong>de</strong> pequenos grupos ou o trabalhoindividualizado.• Ler previamente os textos indicados e preparar as ativida<strong>de</strong>s e osmateriais, articulando-os com dados contextualizados na realida<strong>de</strong>local, para enriquecimento dos trabalhos.• Elaborar ativida<strong>de</strong>s complementares para serem <strong>de</strong>senvolvidas pelosprofessores entre um encontro e outro e/ou entre os módulos, <strong>de</strong> formaque os professores possam fazer uso do que apren<strong>de</strong>ram em sua sala<strong>de</strong> aula.• Incentivar os professores a analisarem a própria experiência,relacionando-a aos estudos que estão sendo feitos e a criarem outrasalternativas <strong>de</strong> trabalho.• Planejar e controlar o tempo <strong>de</strong>stinado a cada ativida<strong>de</strong>, bem comoo uso do espaço físico e do equipamento necessário. O tempo indicadonas ativida<strong>de</strong>s é apenas uma referência que, evi<strong>de</strong>ntemente, semodifica em função do número <strong>de</strong> professores que compõe o grupo, sefor mais ou menos numeroso ou se uma ativida<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>u mais oumenos, por uma ou outra razão.• Criar espaços para que os professores possam comunicar suasexperiências (por exemplo, a organização <strong>de</strong> um mural ou ca<strong>de</strong>rnovolante).• Estimular a participação <strong>de</strong> todos os professores nas sessões <strong>de</strong>leitura dos documentos, intervindo para que todos fiquem à vonta<strong>de</strong>para expressar dúvidas <strong>de</strong> qualquer natureza.• Assistir previamente aos <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e filmes que integramos módulos: algumas vezes é importante assistir a eles mais <strong>de</strong> umavez, para po<strong>de</strong>r preparar uma intervenção que potencialize asdiscussões do grupo, especialmente quando o assunto for difícil ourazoavelmente novo para todos.• Ajudar na sistematização do trabalho, propondo aos participantesque organizem seu ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> registro: um ca<strong>de</strong>rno para fazer12


anotações pessoais, escrever conclusões das ativida<strong>de</strong>s, documentaras sínteses das discussões, formular perguntas que não foramrespondidas para serem exploradas nas sessões seguintes, construindoassim um registro do percurso <strong>de</strong> formação ao longo dos módulos. Esseregistro é essencial, inclusive, para o acompanhamento e a avaliaçãodo módulo.• Avaliar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada módulo, o <strong>de</strong>sempenho dosparticipantes e a própria atuação; utilizar essa avaliação para orientarseu trabalho, fazendo mudanças ou adaptações nas propostas; elaborarrelatórios a serem enviados aos coor<strong>de</strong>nadores-gerais. Para tanto, éimportante que o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupo e os professores tenhamclareza, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos trabalhos, <strong>de</strong> quais são as expectativas <strong>de</strong>aprendizagem e os conteúdos previstos para o módulo e <strong>de</strong> como epara que será feita a avaliação. Também é fundamental que, ao longodo trabalho, o grupo faça registros das conclusões e dosencaminhamentos que auxiliem na elaboração dos relatórios.O coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong>ve atentar para o fato <strong>de</strong> que:• É importante que, logo no primeiro encontro, explique aosprofessores a dinâmica dos trabalhos e sua função no grupo, qual seja,a <strong>de</strong> ajudá-los a alcançar o melhor <strong>de</strong>sempenho possível. As discussõesprecisam ser “alimentadas” com questões que façam avançar areflexão. Para isso, é preciso que prepare com antecedência algumasintervenções, partindo do que já sabe a respeito do conhecimento queos professores têm sobre o assunto em pauta.• A proposta <strong>de</strong> trabalho com os módulos pressupõe que asexpectativas <strong>de</strong> aprendizagem sejam compartilhadas com osprofessores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos trabalhos. É importante, portanto, que ocoor<strong>de</strong>nador apresente, no primeiro encontro, a pauta <strong>de</strong> conteúdos <strong>de</strong>todo o módulo (para que os professores possam saber o que serátratado no período) e, <strong>de</strong>pois, a cada encontro, o que está previsto parao dia. Isso ajuda, inclusive, a ter melhores condições <strong>de</strong> controlar otempo, 3 uma vez que todo o grupo conhece a pauta.• É recomendável que os filmes e os <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o sejam vistoscom antecedência e, principalmente, que o coor<strong>de</strong>nador prepare aintervenção que fará durante a apresentação: momentos para fazerpausas, cenas a serem revistas, boas questões a serem colocadas aogrupo, outros pontos <strong>de</strong> discussão, além dos propostos no módulo.• Ao final <strong>de</strong> cada módulo, está prevista uma auto-avaliação para queos professores analisem e registrem o processo <strong>de</strong> aprendizagemvivenciado (individual e coletivamente). Também o coor<strong>de</strong>nador fará suaavaliação em função das expectativas <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong>finidas para omódulo, recuperando-as e posicionando-se em relação a elas e ao queos professores manifestaram.3O controle do tempo é especialmente necessário no caso <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries, poishá módulos comuns aos professores das diferentes áreas intercalados com osmódulos específicos.13


Parte II1. Organização geral dos módulos referentes ao terceiro e quartociclos do Ensino FundamentalPARÂMETROS EM AÇÃO – Terceiro e quarto ciclos – está organizado em<strong>de</strong>z módulos <strong>de</strong>stinados a professores e especialistas em educação queatuam no Ensino Fundamental <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries, a serem <strong>de</strong>senvolvidosem um total aproximado <strong>de</strong> 160 horas.Os módulos foram estruturados prevendo a organização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>professores, que po<strong>de</strong>rão ser compostos por escola ou por pólos(incluindo duas ou mais escolas).A composição dos grupos será <strong>de</strong>finida em cada secretaria <strong>de</strong>educação, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente do número <strong>de</strong>participantes. Sugere-se que o número <strong>de</strong> participantes em cada gruponão exceda trinta.Da mesma forma, é possível <strong>de</strong>finir um cronograma a<strong>de</strong>quado àscondições <strong>de</strong> cada localida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>m ser utilizadas alternativas como:horários <strong>de</strong> trabalho pedagógico, recesso, sábados, etc. e escolhidoslocais que facilitem o acesso dos participantes (escolas, bibliotecas,centros <strong>de</strong> convivência etc.).As reuniões po<strong>de</strong>m ser semanais (com duração <strong>de</strong> 4 ou 8h), quinzenais(com duração <strong>de</strong> 8 ou 16h) ou mensais (com duração <strong>de</strong> 16h),conforme as possibilida<strong>de</strong>s dos grupos locais.Dos <strong>de</strong>z módulos, alguns são comuns, isto é, prevêem o trabalhoconjunto <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> diferentes áreas. São eles:• Módulo 1: Escola, adolescência e juventu<strong>de</strong>: o estabelecimento <strong>de</strong>uma relação mais harmoniosa e significativa.• Módulo 2: Ética: raiz e fruto da vida social.• Módulo 7: Articulando o trabalho das áreas: uma síntese dosmódulos 3 a 6.• Módulo 8B: Como avaliamos em nossa escola.• Módulo 10: Enfim: escola para que e que capacida<strong>de</strong>s esperamosque os alunos <strong>de</strong>senvolvam?14


Os módulos restantes foram elaborados para serem <strong>de</strong>senvolvidos porgrupos <strong>de</strong> professores da mesma área. São eles:• Módulo 3: Novos <strong>de</strong>safios para ensinar e apren<strong>de</strong>r cada área, 1 nasséries finais do Ensino Fundamental.• Módulo 4: Tratando <strong>de</strong> questões sociais em cada área, abordandoconteúdos <strong>de</strong> forma significativa para o jovem.• Módulo 5: O que, por que e como ensinamos, apren<strong>de</strong>mos em cadaárea.• Módulo 6: Que coisas nossos alunos já sabem: evitando rupturas edando continuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem <strong>de</strong> cadaárea nas séries finais do Ensino Fundamental.• Módulo 8A: Avaliação em cada área.• Módulo 9: Projetos <strong>de</strong> trabalho: dando vida aos conteúdos <strong>de</strong>cada área.2. Estrutura interna dos módulosPara cada módulo, estão indicados:• Tempo previsto: período <strong>de</strong> tempo previsto para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cada módulo, que po<strong>de</strong>rá ser ampliado ou reduzido <strong>de</strong> acordo comas peculiarida<strong>de</strong>s locais.• Finalida<strong>de</strong> do módulo: metas que se preten<strong>de</strong> atingir com arealização do módulo.• Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem: capacida<strong>de</strong>s que se espera que osprofessores em formação <strong>de</strong>senvolvam em função das ativida<strong>de</strong>spropostas no módulo e que servirão <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação para ocoor<strong>de</strong>nador do grupo.• Conteúdos do módulo: principais conceitos, procedimentos eatitu<strong>de</strong>s abordados no módulo.• Materiais necessários: indicação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, textos, imagens etc.necessários ao <strong>de</strong>senvolvimento do módulo.• Materiais complementares: sugestão <strong>de</strong> bibliografia, ví<strong>de</strong>os e outrosmateriais que possam ser usados pelo coor<strong>de</strong>nador e pelo grupo paraaprofundamento dos conteúdos tratados no módulo.• Ativida<strong>de</strong>s propostas: seqüências <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s com orientaçõespara a atuação do coor<strong>de</strong>nador do grupo.• Anexos: textos, ilustrações e/ou folhas-tarefa necessárias para arealização do módulo.1Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências Naturais, Arte,Educação Física, Língua Estrangeira.15


MÓDULOSCOMUNS


Módulo 1Escola, adolescênciae juventu<strong>de</strong>: o estabelecimento<strong>de</strong> uma relação mais harmoniosa esignificativa


12 horasPropiciar condições para que professores e especialistas em educaçãoque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental conheçam ecompreendam melhor:• seus alunos, dando-se conta da diversida<strong>de</strong> existente e da expressãodas manifestações culturais;• a adolescência e a juventu<strong>de</strong> como período <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e projetos <strong>de</strong> vida;• a contribuição do trabalho da escola na formação do aluno, parauma atuação mais consciente na relação com o aluno.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores percebam aimportância <strong>de</strong> aspectos como acolhimento e socialização dos alunos,interação escola e comunida<strong>de</strong>, formação para a cidadania como eixoorganizador do Ensino Fundamental e comecem a avaliar sua prática, àluz <strong>de</strong>ssas questões.• Vivência da condição juvenil;• adolescência e juventu<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong> atual;• juventu<strong>de</strong> e cultura;• respeito, acolhimento e compromisso do professor com a formação<strong>de</strong> seus alunos.• Televisão e vi<strong>de</strong>ocassete;• documento <strong>de</strong> Introdução aos PCN <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries.• TV Escola, série Escola hoje: <strong>programa</strong>s 8, 9 e 10: E o aluno?• Filmes: De volta para o futuro 1; Peggy Sue, seu passado a espera.21


1. Túnel do tempo 1 (4h):• Sugere-se iniciar o módulo com a exibição do filme De volta para ofuturo – 1º episódio (ou Peggy Sue, seu passado a espera), com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensibilizar os participantes para a questão das diferençase semelhanças entre gerações. Caso não seja possível utilizar essesfilmes, sugere-se que o grupo organize um painel colando recortes <strong>de</strong>revistas e jornais explicitando as mudanças <strong>de</strong> gerações.• Após a exibição do filme (ou a realização do painel), é proposta umadiscussão em torno da questão: “Se houvesse a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>alterar o percurso da sua história pessoal, o que cada um dosparticipantes faria?”. Nessa reflexão, espera-se que os participantesrecuperem fatos, sentimentos e <strong>de</strong>sejos e as dificulda<strong>de</strong>s por elesvividas na adolescência.• Em seguida, o grupo faz um levantamento a respeito das mudançasmais significativas que ocorreram na vivência da condição juvenil do seutempo para hoje e analisa sua produção com o auxílio da seguinteleitura: Escola, adolescência e juventu<strong>de</strong> – (documento Introdução aosPCN – p. 103 até o 3º parágrafo da p. 114).2. Túnel do tempo 2 (4h):• Em pequenos grupos, os professores são convidados a fazerprevisões relativas ao futuro dos jovens <strong>de</strong> hoje (em diferentes aspectos<strong>de</strong> sua vida).• Na seqüência, <strong>de</strong>lineiam um perfil dos adolescentes/jovens com osquais trabalham em relação a: cultura, lazer e diversão, estilos, roupase imagem corporal, mídia, pertinência a grupos, família etc. ei<strong>de</strong>ntificam características que se mantiveram ao longo do tempo.• Após essas discussões, em subgrupos, fazem a leitura das páginas114 (família) a 125, do documento Introdução aos PCN).3. Como ativida<strong>de</strong> conclusiva <strong>de</strong>ste módulo, os grupos preparam umaapresentação em torno do tema (4h): “Se fôssemos os alunos <strong>de</strong> hoje,o que esperaríamos <strong>de</strong> nossos professores?”. Para essa apresentação,os grupos optam por utilizar linguagens como: música, <strong>de</strong>senho, teatro,textos etc.4. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.22


Módulo 2Ética: raiz e fruto doconvívio social


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas em educaçãoque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamentalcompreendam o significado do trabalho com ética na escola.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores:• reconheçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar conteúdos da Ética naescola;• compreendam que sua aprendizagem ocorre tanto por meio doestudo das áreas quanto nas mais variadas situações do convívioescolar;• reconheçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coerência entre discurso e prática.• Ética e socieda<strong>de</strong>;• Ética na escola;• aprendizagem <strong>de</strong> valores e atitu<strong>de</strong>s;• os conteúdos <strong>de</strong> Ética nos PCN.• Programas da TV Escola, série Parâmetros Curriculares Nacionais –Um compromisso com a cidadania: escola e cidadania.• Série Parâmetros Curriculares Nacionais – Temas Transversais:Ética.1. Leitura e discussão em pequenos grupos (documento TemasTransversais – pp. 49 a 59) – Ética e socieda<strong>de</strong> (2h).2. Exibição do ví<strong>de</strong>o TV Escola, série Parâmetros CurricularesNacionais, Escola e cidadania, para subsidiar a discussão dasquestões (2h):• De que modo o trabalho com Temas Transversais contribui para o<strong>de</strong>senvolvimento da cidadania?25


• Por que se inclui a Ética nesse trabalho?3. Leitura do texto constante do Anexo 1 – Os animais do terrário 1(3h).• Essa leitura po<strong>de</strong> ser feita em voz alta pelo coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> grupo,enquanto os <strong>de</strong>mais acompanham. Esse momento é <strong>de</strong>dicado aoentendimento da situação, para que todas as dúvidas sejamesclarecidas.• Na etapa seguinte, cada professor elabora uma resposta individual,por escrito, justificando e explicando suas opiniões.• Segue-se uma discussão em pequenos grupos para i<strong>de</strong>ntificar asdiferentes opiniões e as razões colocadas, explicitando a gama <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s e nuanças que as respostas possam conter.• Finalmente, realiza-se uma exposição geral dos resultados dasdiscussões e um <strong>de</strong>bate para aprofundamento e reflexão, buscandoi<strong>de</strong>ntificar as possíveis conseqüências <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>cisão tomada.4. Leitura: documento Temas Transversais (pp. 61 a 63 – A Ética naeducação escolar – pp. 75 a 82 – A vivência da Ética no processo <strong>de</strong>ensino e aprendizagem) para sistematizar a reflexão sobre a questão(2h).• Debate sobre a questão: “Como você acredita que apren<strong>de</strong>u osvalores morais e os princípios éticos que norteiam sua vida?”É interessante que, antes <strong>de</strong> se iniciar o <strong>de</strong>bate, haja um tempo paraque os participantes possam recuperar individualmente a memória <strong>de</strong>sua trajetória pessoal para <strong>de</strong>pois compartilhá-la com os <strong>de</strong>mais. Noteseque a ativida<strong>de</strong> não preten<strong>de</strong> explicitar “a verda<strong>de</strong>” sobre a vida <strong>de</strong>cada pessoa, mas chamar a atenção para a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatoresque entram em jogo na nossa formação moral.5. Exibição do <strong>programa</strong> Ética, TV Escola, da série ParâmetrosCurriculares Nacionais (2h).• Síntese no ca<strong>de</strong>rno: cada participante faz uma síntese dasprincipais conclusões a que chegou com o <strong>de</strong>bate e o ví<strong>de</strong>o e anotapossíveis questões para outros <strong>de</strong>bates e estudos.6. Leitura comum aos diferentes grupos (3h): documento TemasTransversais (pp. 83 a 89 – A Ética como Tema Transversal; p. 91 –Objetivos e p. 95 – Conteúdos <strong>de</strong> Ética para o terceiro e quarto ciclos).Leitura diversificada:• Grupo 1: Respeito mútuo (pp. 96 a 99).• Grupo 2: Justiça (pp. 99 a 103).• Grupo 3: Solidarieda<strong>de</strong> (pp. 104 a 107).• Grupo 4: Diálogo (pp. 108 a 113).7. Apresentação do estudo e das discussões realizados nos grupos.Po<strong>de</strong> ser usada a “técnica” conhecida como “estátua”, que é uma1Extraída do livro Ética e valores: métodos para um ensino transversal, <strong>de</strong> JosepMaria Puig, São Paulo, Editora Casa do Psicólogo, 1998.26


técnica <strong>de</strong> representação dramática bastante interessante para essaativida<strong>de</strong> (2h).• Depois <strong>de</strong> estudado e discutido o conteúdo em questão, o grupo<strong>de</strong>ve representá-lo para os outros usando os próprios corpos como sefossem esculturas. As esculturas po<strong>de</strong>m ser feitas com o corpo <strong>de</strong> umaúnica pessoa, com os <strong>de</strong>mais membros <strong>de</strong>cidindo a posição e o gestoque ela <strong>de</strong>verá fazer, ou pelo grupo, formando um conjunto único. Oimportante é procurar <strong>de</strong>monstrar para os <strong>de</strong>mais os aspectos maisimportantes do que se quer representar. O público <strong>de</strong>verá dizer o quecompreen<strong>de</strong>u do que foi exposto.• Debate sobre a seguinte questão: “O que precisamos fazer emnossas escolas para que nossos alunos aprendam princípios éticos e<strong>de</strong>senvolvam atitu<strong>de</strong>s que os levem a agir <strong>de</strong> modo coerente com taisprincípios?”8. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 1Os animais do terrário“Na classe <strong>de</strong> Maria, os alunos exercem diferentes cargos. A cadasemana as responsabilida<strong>de</strong>s são trocadas. Numa semana, têm <strong>de</strong>apagar a lousa, ou distribuir e cuidar do material, ou aguar as plantas,ou outras coisas parecidas. Coube esta semana a Maria dar <strong>de</strong> comeraos animais do terrário. Na quinta-feira, a professora dá-se conta <strong>de</strong>que a maioria dos animais está morta e pergunta o que aconteceu comeles. Maria sabe que estão mortos porque se esqueceu <strong>de</strong> dar comidaa eles. Quando a professora pergunta, não sabe se confessa ou não.Pensa que a castigarão.”• O que você acha que Maria <strong>de</strong>veria fazer? Por quê?• Quais motivos po<strong>de</strong> ter para confessar? E para não confessar?Imagine que Maria não confessou. A professora está muito aborrecidaporque não sabe o motivo da morte dos animais e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> castigar todaa classe se não for esclarecido o que aconteceu. Maria não diz nada,mas João, que é um gran<strong>de</strong> amigo seu, sabe a verda<strong>de</strong>. Sabe que aculpa é <strong>de</strong> Maria, por ela não ter alimentado os animais.• Você acha que João <strong>de</strong>veria contar para a professora? Por quê?• Deve permitir que toda a classe seja castigada? Por quê?• Se João e Maria não fossem tão amigos, o que ele <strong>de</strong>veria fazer?Por quê?• Você acha que a professora conduziu bem a situação? Por quê?27


Módulo 7Articulando o trabalhodas áreas: uma síntesedos módulos 3 a 6


2 horasPropiciar condições para que professores e especialistas em educaçãoque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental discutam opapel que cada área <strong>de</strong>sempenha na formação dos alunos do EnsinoFundamental e, em particular, que metas/mudanças estão sendopropostas pelos PCN, para o terceiro e quarto ciclos, visando a umaatuação mais integrada do trabalho das diferentes áreas.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores percebam aimportância <strong>de</strong> conhecer o trabalho <strong>de</strong> todas as áreas e vislumbrem aspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um trabalho integrado.• Finalida<strong>de</strong>s educativas, objetivos, conteúdos, orientações didáticas etransversalida<strong>de</strong> no ensino e na aprendizagem <strong>de</strong> cada uma das áreas.• PCN – Introdução;• folhas para cartaz;• caneta hidrocor.• Programa <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série Parâmetros CurricularesNacionais – Temas Transversais: Transversalida<strong>de</strong>.31


1. Preparação <strong>de</strong> apresentações: com base nas leituras e nasdiscussões feitas nos módulos anteriores, os professores <strong>de</strong> cada áreapreparam uma apresentação <strong>de</strong> 1 hora (usando transparências,cartazes etc.), ressaltando: as principais mudanças/inovaçõesi<strong>de</strong>ntificadas nos PCN da área, possíveis integrações entre temas eáreas e o que o grupo sugere para incorporação no trabalho que<strong>de</strong>senvolve. É importante que o coor<strong>de</strong>nador do grupo oriente otrabalho para que, ao final das apresentações <strong>de</strong> todos os grupos,sejam visíveis as articulações possíveis entre as áreas e <strong>de</strong>stas com osTemas Transversais, possibilitando a relação <strong>de</strong> projetos que tornem osconteúdos curriculares mais significativos (3h).2. Apresentação dos grupos <strong>de</strong> Língua Portuguesa e História para<strong>de</strong>bate das propostas e encaminhamentos <strong>de</strong> possíveis projetos <strong>de</strong>integração <strong>de</strong> áreas. O coor<strong>de</strong>nador do grupo nomeia um relator queregistrará as discussões e as propostas apresentadas (3h).3. Apresentação dos grupos <strong>de</strong> Arte e Matemática e encaminhamentos<strong>de</strong> possíveis projetos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> áreas. O coor<strong>de</strong>nador do gruponomeia um relator que registrará as discussões e as propostasapresentadas (3h).4. Apresentação dos grupos <strong>de</strong> Ciências Naturais e Geografia eencaminhamentos <strong>de</strong> possíveis projetos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> áreas.O coor<strong>de</strong>nador do grupo nomeia um relator que registrará as discussõese as propostas apresentadas (3h).5. Apresentação dos grupos <strong>de</strong> Língua Estrangeira e Educação Física eencaminhamentos <strong>de</strong> possíveis projetos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> áreas.O coor<strong>de</strong>nador do grupo nomeia um relator que registrará as discussõese as propostas apresentadas (3h).6. Leitura e discussão do documento Introdução aos PCN (pp. 71 a81): A constituição <strong>de</strong> uma referência curricular.7. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.32


Módulo 8BComo avaliamos emnossa escola


8 horasPropiciar condições para que professores e especialistas em educaçãoque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental i<strong>de</strong>ntifiquemas concepções e as estratégias <strong>de</strong> avaliação com as quais trabalham osprofessores das diferentes áreas e a importância <strong>de</strong> articulá-las.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores:• percebam a importância da avaliação na formação geral do aluno;• conheçam suas funções diagnóstica e orientadora do trabalhoeducativo escolar.• Avaliação e suas funções;• relação entre avaliação e objetivos;• critérios <strong>de</strong> avaliação.• PCN – Introdução, <strong>programa</strong>s da TV Escola: Avaliação, série Raízes easas. Cenpec. Brasil, 1995.• Programas da TV Escola: Avaliando a avaliação, série Escola emdiscussão. TV Escola – MEC, 1997.35


1. Discussão, em pequenos grupos, das frases ditas comumente pelosalunos (Anexo 1) sobre avaliação e respon<strong>de</strong>r às seguintes questões(1h):• Por que os alunos têm essa relação com a avaliação?• Como concebemos a avaliação?2. Localização, no documento Introdução aos PCN, das propostas e dasorientações relativas à avaliação. Leitura e discussão <strong>de</strong>ssas propostas(2h).3. Exibição do <strong>programa</strong> Avaliação, série Raízes e asas. Cenpec. Brasil,1995, seguida <strong>de</strong> discussão das seguintes questões (3h):• O terror à avaliação não é aleatório, pois muitas vezes ela é utilizadacomo punição. Por que isso acontece e o que precisaríamos fazer paraacolher os alunos e tornar a avaliação produtiva para eles e para nósprofessores?• Quando estamos dando uma aula, às vezes saímos satisfeitos comnosso trabalho e outras vezes não. Essa sensação resulta da avaliaçãoque fazemos. Como po<strong>de</strong>mos aproveitar essas avaliações para termossensações positivas com maior freqüência?• Para avaliar é importante consi<strong>de</strong>rar diferentes produções dosalunos: texto escrito, texto oral, <strong>de</strong>senhos, construção <strong>de</strong> maquetes etc.Indique outros tipos <strong>de</strong> produção que po<strong>de</strong>riam ser incluídos nessarelação e <strong>de</strong>staque as informações sobre a aprendizagem dos alunosque cada uma <strong>de</strong>las nos po<strong>de</strong> fornecer.• Como utilizar a avaliação para ajustar o ensino às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>aprendizagem dos alunos, principalmente daqueles que não tiveramboas oportunida<strong>de</strong>s durante seu percurso escolar?• A avaliação serve <strong>de</strong> “alimento” não apenas ao trabalho do professore do aluno, mas também da escola. Em que medida esse propósitoestá sendo atingido em nossa escola? Que ações possibilitariamrealizá-lo?4. Elaboração, em pequenos grupos, das propostas para um projeto <strong>de</strong>avaliação do trabalho da escola durante o ano letivo. Apresentação ediscussão das propostas dos grupos para serem consolidadas em umprojeto comum (2h).5. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.36


Anexo 137


Módulo 10Enfim: escola para quee que capacida<strong>de</strong>s esperamos queos alunos <strong>de</strong>senvolvam?


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas em educaçãoque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental façam umasíntese, com base nos estudos/reflexões dos módulos anteriores, doseu papel como educadores e do papel educativo da escola, visando àscapacida<strong>de</strong>s que esperamos que os alunos <strong>de</strong>senvolvam, naperspectiva <strong>de</strong> formação para cidadania.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores formulempropostas <strong>de</strong> trabalho escolar <strong>de</strong> forma integrada e voltadas para osobjetivos gerais do Ensino Fundamental.• Função da escola na socieda<strong>de</strong> brasileira hoje e na nossacomunida<strong>de</strong>;• culturas locais e patrimônio universal;• interação escola-comunida<strong>de</strong>;• relações entre aprendizagem escolar e trabalho;• papel do professor <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries na formação do aluno;• constituição <strong>de</strong> uma referência curricular.• PCN – Introdução;• PCN – Temas Transversais.• Filme: Socieda<strong>de</strong> dos poetas mortos.41


O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste módulo visa a uma apresentação coletiva(utilizando diferentes linguagens: ví<strong>de</strong>o, música, <strong>de</strong>senho, teatro,exposição etc.) sobre o tema “A escola que queremos construir”. Emcada ativida<strong>de</strong>, os professores, em pequenos grupos, discutem essasquestões, lêem o texto indicado e <strong>de</strong>pois planejam e elaboram aapresentação a ser feita no final do módulo.Para tanto, é importante que registrem, no ca<strong>de</strong>rno, as principaisconclusões e os encaminhamentos do grupo.1. Em pequenos grupos, os professores fazem um primeiro <strong>de</strong>bate emtorno das questões (2h):• Qual o papel da escola na socieda<strong>de</strong> brasileira hoje e na nossacomunida<strong>de</strong>?• Quais medidas são necessárias para que o aluno se sinta acolhidona escola?• Que importância tem consi<strong>de</strong>rar o conhecimento do aluno noambiente escolar?• Quais ações po<strong>de</strong>m ser feitas para realizar um trabalho integradocom a comunida<strong>de</strong>?• O que é fundamental que nossos alunos aprendam?2. Leitura: documento Introdução aos PCN (pp. 42 a 45): Papel daescola, e confrontação com as respostas obtidas na Ativida<strong>de</strong> 1 (1h).3. Se possível, exibir o filme: Socieda<strong>de</strong> dos poetas mortos (3h).4. Em seguida, o grupo <strong>de</strong> professores buscará refletir sobre asnecessida<strong>de</strong>s individuais e sociais dos alunos a partir das seguintesquestões (1h):• Em que medida as capacida<strong>de</strong>s indicadas nos objetivos gerais doEnsino Fundamental aten<strong>de</strong>m às necessida<strong>de</strong>s educativas da região?• Que encaminhamentos são necessários e possíveis para aten<strong>de</strong>r aessas necessida<strong>de</strong>s?• Que importância a escola tem na formação para o trabalho?5. Leitura e discussão dos objetivos do Ensino Fundamental(documento Introdução, p. 55) (1h).6. Leitura e discussão do texto: Escola, trabalho e consumo(documento Temas Transversais, pp. 344 e 345) (1h).7. Leitura e discussão: os Parâmetros Curriculares Nacionais e o projetoEducativo da escola (documento Introdução, pp. 85 a 89); os TemasTransversais no projeto Educativo da escola (documento TemasTransversais, pp. 30 a 33) (2h):8. Interpretação do que está escrito nos PCN sobre os pontos comunsdo trabalho escolar, analisando as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança narelação da equipe escolar e entre educadores e alunos (1h).9. Leitura, em subgrupos, do texto: Pontos comuns <strong>de</strong> trabalho dacomunida<strong>de</strong> escolar (documento Introdução, pp. 89 a 99) (1h).42


10. Elaboração, em pequenos grupos, <strong>de</strong> propostas para respon<strong>de</strong>r àquestão: “Como vamos construir o projeto educativo <strong>de</strong> nossa escola?”(1h).11. Apresentação, pelos subgrupos, das propostas elaboradas, enfatizandoas transformações necessárias no ambiente escolar (2h).12. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos. Leitura <strong>de</strong> todas as autoavaliações.43


ARTE


Módulo 3Novos <strong>de</strong>safios para ensinar eapren<strong>de</strong>r Arte nas séries finais doEnsino Fundamental


16 horas• Conhecer Arte e po<strong>de</strong>r participar e <strong>de</strong>sfrutar da produção social <strong>de</strong>todos os tempos e culturas;• perceber que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação social, por intermédioda Arte, quer fazendo, apreciando ou sabendo contextualizar asproduções artísticas, favorece os objetivos educacionais que visam àformação cultivada do cidadão;• compreen<strong>de</strong>r as origens das propostas <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Arte daatualida<strong>de</strong>;• saber criar propostas <strong>de</strong> ensino nas quais o aprendizado da Arte sejaincorporado à experiência <strong>de</strong> vida do aluno, articulando os eixos daaprendizagem significativa na escola: o fazer, o apreciar e ocontextualizar;• valorizar que o aluno <strong>de</strong>senvolva um percurso <strong>de</strong> criação individualcom marca própria a cada ano nas linguagens artísticas que foremtrabalhadas e que ele aprenda a apreciar e saber contextualizar aprodução social <strong>de</strong> Arte.Espera-se que os professores fiquem interessados em planejar e refletirsobre uma reorientação curricular na área <strong>de</strong> Arte na sua escola e fora<strong>de</strong>la.• Caracterização da área <strong>de</strong> Arte e seu papel na formação do aluno;• tendências do ensino <strong>de</strong> Arte por meio da História e na atualida<strong>de</strong>;• orientações atuais no dia-a-dia da escola;• ensino e aprendizagem <strong>de</strong> Arte: reorientação das propostas combase na articulação dos eixos <strong>de</strong> aprendizagem significativa: o fazer, oapreciar e o contextualizar.• Imagem (reprodução da Santa Ceia, <strong>de</strong> Leonardo da Vinci);• fita 5, <strong>programa</strong> 1 da TV Escola: Fazer, observar e refletir;• pincéis, tintas, lápis <strong>de</strong> cera colorido ou material para <strong>de</strong>senhar;• papéis gran<strong>de</strong>s para mural ( craft, sulfite ou cartolina);• texto PCN – Arte (pp. 30 a 37).A manifestação artística (...) sua historicida<strong>de</strong> e sua diversida<strong>de</strong>, ereavalie os pontos que escreveu no ca<strong>de</strong>rno numa discussão final como grupo, documentário: O centenário <strong>de</strong> Segall.49


1. Discussão coletiva (3h30):• Por que Arte é importante na educação?Discussão e reflexão das idéias do grupo e socialização na lousa oupapel em que todos possam ler; fazer oralmente um levantamento <strong>de</strong>como cada um <strong>de</strong>senvolve propostas <strong>de</strong> Arte em suas aulas. Leitura dotrecho do PCN – Arte <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries (pp. 19 a 29 – Após muitos<strong>de</strong>bates (...) apenas como ativida<strong>de</strong>) e realização <strong>de</strong> uma síntese porescrito, com as próprias palavras <strong>de</strong>ste texto no ca<strong>de</strong>rno; reunião e<strong>de</strong>bate com todo o grupo a partir das sugestões que se seguem:• O PCN – Arte propõe que se trabalhe por ano uma linguagemartística escolhendo entre teatro, dança, música ou artes visuais, paraque se tenha profundida<strong>de</strong> e continuida<strong>de</strong>. Imagine quais serão eleitasno planejamento, consi<strong>de</strong>rando os recursos profissionais e materiais<strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong>.• Como você po<strong>de</strong>ria aproveitar os produtores <strong>de</strong> arte locais e teracesso à produção social <strong>de</strong> arte nacional e internacional.• Quais são as manifestações artísticas próprias da sua região quepo<strong>de</strong>m ser incorporadas e estudadas nas aulas <strong>de</strong> Arte.• Qual é a diferença entre “<strong>de</strong>ixar fazer” e orientar um processo <strong>de</strong>aprendizagem em Arte?• Você tem um espaço para que seus alunos possam criar comconstância nas linguagens artísticas?• Como a Arte era ensinada na escola em que você estudou, nesteciclo <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, e como é ensinada hoje. O que se mantém e oque se transformou?• O que falta na sua formação para ser um bom professor <strong>de</strong> Arte ouum professor <strong>de</strong> Arte mais atualizado?• Como preservar um horário para o ensino <strong>de</strong> Arte todas as semanase trabalhar o fazer, o apreciar e o refletir sobre a produção social <strong>de</strong>Arte nos distintos contextos cultural e histórico.Confecção <strong>de</strong> um painel do grupo com a síntese das discussões paradocumentar a primeira ativida<strong>de</strong>.2. Exibição do <strong>programa</strong> 1 da fita 5: Fazer, observar e refletir (1h).Observação: esse ví<strong>de</strong>o, feito com alunos da 1ª a 4ª séries, é bom paraperceber a importância da construção do percurso <strong>de</strong> criação pessoalem Arte.Indicações para a ativida<strong>de</strong>:• Assista ao <strong>programa</strong> 1 da fita 5 dos PCN – TV Escola: Fazer,observar, refletir.• Assista novamente e anote no seu ca<strong>de</strong>rno os pontos relevantespara seu trabalho <strong>de</strong> professor.• Debata com os colegas os conteúdos do ví<strong>de</strong>o e reflita.Em relação às artes visuais:– Como organizar a rotina escolar para dar conta das ativida<strong>de</strong>sartísticas?– Por que é importante que cada aluno fale do seu trabalho e queseus colegas possam escutar?– Por que é importante o professor interagir com o aluno tendo comoponto <strong>de</strong> partida para essa conversa o que o aluno constrói?50


– Por que <strong>de</strong>vemos documentar os trabalhos <strong>de</strong> cada aluno?– Ver imagens <strong>de</strong> Arte é importante para o aluno? Por quê?– Por que cada criança tem seu modo pessoal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar, porexemplo, uma nuvem?– Há um jeito mais correto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar nuvens?– Se o aluno cria fazendo, por que é bom que fale, escreva ou reflitasobre os trabalhos?Faça um painel resumindo a discussão e as conclusões como material<strong>de</strong> síntese <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>.3. Improvisação criadora (1h). Fazer indicação para a divisão da turmaem pequenos grupos e a representação <strong>de</strong> uma cena do cotidiano pormeio <strong>de</strong> mímica para que os outros adivinhem. Fazer a cena com aparticipação <strong>de</strong> todas as pessoas do grupo.Sugestão: a partir <strong>de</strong>ssa vivência <strong>de</strong> criação em um jogo <strong>de</strong>encenação coletiva, analisem em pequenos grupos e compartilhem dasdiscussões coletivamente: quais objetivos gerais pu<strong>de</strong>ram sercontemplados nessa ativida<strong>de</strong> (PCN – Arte, p. 48) e quais objetivosespecíficos <strong>de</strong> teatro você po<strong>de</strong> reconhecer que foram trabalhadosnessa ativida<strong>de</strong> (PCN – Arte, p. 90).4. Exercício criador <strong>de</strong> transposição <strong>de</strong> linguagem (45min). Tendo emconsi<strong>de</strong>ração que todos nós conhecemos e temos praticamentememorizada a cena da Santa Ceia, pintada por Leonardo da Vinci, quefoi reproduzida <strong>de</strong> muitas maneiras, faça indicações para que o alunorealize as ativida<strong>de</strong>s que se seguem.Tente lembrar, sem ver a imagem, e, em pequenos grupos, reapresenteapor meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho ou pintura e cena corporal em equipe,buscando representar todos os <strong>de</strong>talhes. Agora, observe a imagem <strong>de</strong>Leonardo. Faça uma análise do que aconteceu entre o que vocêconstruiu e o que foi composto por Leonardo e reflita:• Que dificulda<strong>de</strong>s você encontrou para <strong>de</strong>senhar ou pintar e montar acena?• Por que não percebemos aquilo que sempre vemos?5. Observação da reprodução da imagem do quadro Guernica, <strong>de</strong>Picasso, na página 33 do PCN – Arte (40min).Descrição no ca<strong>de</strong>rno a partir das orientações:• O que você está vendo?Discussão sobre a imagem trocando idéias e opiniões seguindo oroteiro abaixo:– As pessoas e os animais parecem estar em movimento. Como opintor expressa movimento?– O animal pintado no canto esquerdo superior po<strong>de</strong>ria ter, narealida<strong>de</strong>, seus olhos da forma como foram representados?– Uma das figuras humanas está em uma posição corporal bemdistinta das <strong>de</strong>mais, você po<strong>de</strong> localizá-la?– Esse quadro <strong>de</strong>screve: um baile <strong>de</strong> carnaval no Brasil? Um show <strong>de</strong>música sertaneja? Uma cida<strong>de</strong> em guerra? Uma festa <strong>de</strong> aniversário?– Quantas pessoas e quantos animais você po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar? Quemvocê imagina que sejam?51


– Como você imagina que seria a cena que aconteceu antes <strong>de</strong>ssa equal aconteceria <strong>de</strong>pois?Volte para seu texto inicial do ca<strong>de</strong>rno e observe agora como você sabemais coisas sobre essa imagem.Finalização: Reflexão por escrito no ca<strong>de</strong>rno, sugestões (1h30min):• Por que uma leitura orientada <strong>de</strong> uma imagem <strong>de</strong> Arte amplia nossoconhecimento sobre ela?• Como po<strong>de</strong>mos saber orientar a leitura <strong>de</strong> imagens sem interpretarpara o aluno, <strong>de</strong>ixando-o livre para fazer suas relações?• Por que é importante a leitura em grupo <strong>de</strong> uma mesma imagem?• Existe certo e errado na interpretação que nossos alunos fazem dasimagens? Por quê?• Leia o texto PCN – Arte (pp. 30 a 37 – A manifestação artística (...)sua historicida<strong>de</strong> e sua diversida<strong>de</strong>) e reavalie os pontos que escreveuno ca<strong>de</strong>rno em uma discussão final com o grupo.Retomada das reflexões finais da Ativida<strong>de</strong> 4 e verificação sobre o quepo<strong>de</strong> ser ampliado na compreensão sobre o papel do professor noensino <strong>de</strong> Arte.6. A paisagem local (4h30). Passeio pela cida<strong>de</strong> ou região e registro <strong>de</strong>elementos da natureza construídos pelo homem, por intermédio <strong>de</strong>:escrita, <strong>de</strong>senho, fotografia ou reunião <strong>de</strong> fotos já realizadas.I<strong>de</strong>ntificação dos principais marcos do local, das figuras quecaracterizam a vida cotidiana, os animais, a vegetação e as edificações,os meios <strong>de</strong> transporte, as instituições.Coleta <strong>de</strong> material <strong>de</strong> pesquisa sobre a região e montagem <strong>de</strong> umamaquete ou um painel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções para representar estalocalida<strong>de</strong>.Leitura PCN – Arte (Os Parâmetros (...) artística e estética) e escrita noca<strong>de</strong>rno, a partir <strong>de</strong> como foi para cada um a experiência com os trêseixos <strong>de</strong> aprendizagem: fazer, apreciar e contextualizar, na ativida<strong>de</strong>A paisagem local: qual é a articulação <strong>de</strong>sses três eixos, no processo<strong>de</strong> ensino e aprendizagem em Arte, ou seja, reflexão sobre como po<strong>de</strong>se dar na prática do aluno e nas propostas do professor a articulaçãodos três eixos (pp. 49 e 50).Reunião em subgrupos para <strong>de</strong>bate dos textos do ca<strong>de</strong>rno efechamento <strong>de</strong> uma síntese por escrito (é <strong>de</strong>sejável consultar o PCN –Arte para esta redação).Sugestão: reunir essas sínteses <strong>de</strong> modo que todos possam ter acessoa elas.7. Exibição do documentário (3h) – O centenário <strong>de</strong> Segall.Informação: Segall reúne em sua obra temas ligados à imigração, àguerra, à miséria e ao preconceito racial. Planejamento <strong>de</strong> uma aula apartir <strong>de</strong>sse documentário.Indicações aos alunos: procurem articular os três eixos daaprendizagem significativa – fazer, apreciar e contextualizar – em suaspropostas <strong>de</strong> modo que os alunos possam vivenciá-los ao apren<strong>de</strong>r.Observação: esta aula será planejada para ser concretizada pelossubgrupos <strong>de</strong>sse curso. Assim sendo, nosso planejamento visa à52


educação artística e estética dos adultos participantes. Essaexperiência, por homologia, trará conteúdos <strong>de</strong> aprendizagem para nóscomo educadores.Cada subgrupo po<strong>de</strong> concretizar, <strong>de</strong> fato, as práticas propostas. Odocumentário po<strong>de</strong> ser revisto sempre que necessário.Finalização: <strong>de</strong>bate em equipe nas escolas, <strong>de</strong>pois do curso, sobre areorientação das propostas <strong>de</strong> Arte a partir dos PCN e sobre osconhecimentos adquiridos nessa experiência.8. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.53


Módulo 4Tratando <strong>de</strong> questõessociais em Arte, abordandoconteúdos <strong>de</strong> forma significativapara o jovem


16 horasCriar condições para que os professores percebam as relações entre aArte Musical e os Temas Transversais, favorecendo o avanço nacompreensão da produção, da formação e das características damúsica popular brasileira.Espera-se que, ao final <strong>de</strong>ste módulo, os professores:• construam conhecimentos sobre as contribuições do contextosociocultural, percebendo as participações diferenciadas como as <strong>de</strong>gênero, minorias e etnias, e as influências do tempo histórico e doespaço geográfico, no trabalho com a música popular do final doImpério e início da República, enfocando nesse período principalmentea vida e a obra <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga.• Manifestações pessoais <strong>de</strong> idéias e sentimentos sugeridos pelaescuta musical, levando em conta o imaginário em momentos <strong>de</strong>fruição;• percepção, i<strong>de</strong>ntificação e comparação <strong>de</strong> músicas <strong>de</strong> culturasbrasileiras, observando e analisando características melódicas, rítmicas,dos instrumentos, das vozes, formas <strong>de</strong> articular os sons,interpretações, sonorida<strong>de</strong>s etc.;• i<strong>de</strong>ntificação e caracterização <strong>de</strong> obras e estilos musicais brasileiros<strong>de</strong> distintas culturas, relacionando-os com as épocas em que foramcompostos;• pesquisa, reflexões e discussões sobre origem, transformações ecaracterísticas <strong>de</strong> alguns estilos da música popular brasileira do períodoque vai do final do Império ao início da República;• adoção <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> respeito diante das músicas produzidas pordiferentes culturas, povos, socieda<strong>de</strong>s, e posicionamento crítico sobre adiscriminação <strong>de</strong> gênero, etnias e minorias. Isto na prática daapreciação e interpretação <strong>de</strong> músicas do período do final do Impérioàs primeiras décadas da República, principalmente por meio doconhecimento da vida e da obra <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga;• interpretação e/ou acompanhamento e/ou recriação e/ou arranjos <strong>de</strong>músicas <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga ou então <strong>de</strong> música(s) composta(s)/interpretada(s) neste mesmo período histórico, na cida<strong>de</strong>, região ouestado em que você vive.57


• Papel sulfite;• lousa;• giz colorido;• folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel em três cores diferentes, por exemplo:papel manilha, cartolina...;• pincel atômico <strong>de</strong> quatro cores;• varal;• fita crepe;• aparelho <strong>de</strong> TV e ví<strong>de</strong>o;• aparelho <strong>de</strong> som (para CD e/ou LP);• PCN – Arte – terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental;• PCN – Temas Transversais – terceiro e quarto ciclos do EnsinoFundamental.Anexo 1 – Verbetes extraídos da Enciclopédia da música brasileira:popular, erudita e folclórica. 2ª edição. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.Anexo 2 – IKEDA, Alberto. Ao prazer, ao gozo, ao maxixe (...tambémquero rebolar). In: Revista Cultura Vozes, nº 3 – ano 90/volume 90 –maio-junho <strong>de</strong> 1996.Anexo 3 – TINHORÃO, José Ramos. A música <strong>de</strong> choro e os tangos <strong>de</strong>Nazareth. In: Os sons do Brasil – trajetória da música instrumental.São Paulo: Sesc, 1991.Anexo 4 – TINHORÃO, José Ramos. O frevo <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> Pernambuco. In:Os sons do Brasil – trajetória da música instrumental. São Paulo: Sesc,1991.• Programas da TV Escola – fita 7 – Temas Transversais.• Ví<strong>de</strong>os do Panorama Histórico – A Arte no auge do Império e Nasce aRepública.CD:• CD do Acervo Funarte.• História da Música Brasileira – Período Colonial II/Ricardo Kanji(Orquestra e coro Vox Brasiliensis). Selo Eldorado.• Chiquinha Gonzaga por Clara Sverner. Abril Music.• Chiquinha Gonzaga – 150 anos/Rosária Gatti (com a participação doGrupo Nosso Choro). Selo Eldorado.• Minissérie da TV Globo (1999) – Chiquinha Gonzaga.• História da música popular brasileira – Edição quinzenal da AbrilCultural, com publicação e disco em vinil, nº 40 – Ernesto Nazareth/Chiquinha Gonzaga; nº 48 – Donga e os primitivos. (Publicação dosanos 70).Livros:• DINIZ, Edinho. Chiquinha Gonzaga: uma história <strong>de</strong> vida. 6ª ed. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Record/Rosa dos Ventos, 1999.• Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica.2ª ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.• GONZAGA, Chiquinha. O melhor <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga/Peçasoriginais e arranjos para piano/ampliada: melodias e cifras. 5ª ed.São Paulo: Irmãos Vitale, 1999.58


• KIEFER, B. Música e dança popular – sua influência na música erudita.3ª ed. Porto Alegre: Editora Movimento, 1990.• KIEFER, B. História da música brasileira. 4ª ed. Porto Alegre: EditoraMovimento, 1997.• TINHORÃO, J. R. História social da música popular brasileira. 1ª ed.São Paulo: Editora 34, 1998.• TINHORÃO, J. R. Música popular – um tema em <strong>de</strong>bate. 3ª ed. SãoPaulo: Editora 34, 1997.• TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da modinha àlambada. 6ª ed. São Paulo: Art Editora, 1991.• TINHORÃO, J. R. Os sons dos negros no Brasil/Contos – danças –folguedos: origens. São Paulo: Art Editora, 1988.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s I (4h):1. Audição <strong>de</strong> algumas músicas fruindo e apreciando: valsa, lundu,modinha, lambada, polca, axé music, choro, samba, maxixe, frevo.Contribuições para encaminhamento do trabalho: esses são estilosmusicais e/ou danças <strong>de</strong> nossa música popular. Qual <strong>de</strong>les vocêsreconhecem? Sabem qual o estilo? Ou qual o nome da música, seucompositor ou intérprete?Escutar novamente e imaginar a cena que nos vem ao pensamento aoouvirmos cada uma <strong>de</strong>las: instrumentos, músicos, dançarinos,cantores, locais on<strong>de</strong> estão, época, sentimentos, emoções... Procurari<strong>de</strong>ntificar o que ouvir. Durante esta audição <strong>de</strong> músicas, ir fazendoanotações/observações em uma folha <strong>de</strong> papel ou em seu ca<strong>de</strong>rno.Em pequenos grupos, buscar reconhecer os estilos musicais. Para isso,cada grupo recebe o material preparado com o auxílio do Anexo 1, quecontém uma síntese <strong>de</strong> estilos trazidos para audição dos participantes.Análise, pelos participantes, das características <strong>de</strong> composições einterpretações. É interessante que cada um o faça a partir dorelacionamento com seu universo musical, e comentando sobre assemelhanças e as diferenças entre elas, consi<strong>de</strong>rando as característicasrítmicas, melódicas, instrumentos, vozes, interpretações, sonorida<strong>de</strong>s.A seguir, o coor<strong>de</strong>nador fará o fechamento complementandoinformações e fazendo consi<strong>de</strong>rações gerais sobre o que foi enfocado.2. Leitura e discussão em grupo do texto Ao prazer, ao gozo, ao maxixe(...) também quero rebolar, <strong>de</strong> Alberto Ikeda (Anexo 2). Para essaleitura, é importante alertar os participantes, que façam conexões como que foi trabalhado anteriormente.Cada grupo <strong>de</strong>verá apresentar comentários e consi<strong>de</strong>rações discutidas,anotando, em folha gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> papel manilha ou cartolina, os itens dasconexões feitas. Cada grupo, ao se apresentar, afixará na lousa suarespectiva folha para melhor acompanhamento/registro dos relatos.3. Exibição do <strong>programa</strong> TV Escola – fita 7 – <strong>programa</strong>s 1 e 4(Transversalida<strong>de</strong> e Ética).Assistir aos dois <strong>programa</strong>s fazendo anotações individuais escritas.Discuti-las no gran<strong>de</strong> grupo, fazendo relações e comentários a respeitodo que foi tratado nos itens 1 e 2.59


Para o próximo dia <strong>de</strong> encontro ler o documento Temas Transversais(pp. 26 a 30) e fazer breves comentários por escrito.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s II (4h):1. Apresentação, em gran<strong>de</strong> roda, dos comentários da leitura solicitadana Ativida<strong>de</strong> I, abrindo para discussões.2. Exibição dos ví<strong>de</strong>os A Arte no auge do Império e Nasce a República,da série Panorama Histórico.Os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong>verão alertar os participantes para assistir a eles,dando especial atenção ao relatado, às imagens, às músicas, bemcomo às semelhanças e diferenças entre culturas, povos, socieda<strong>de</strong>s.E, ainda, o posicionamento crítico quanto a questões <strong>de</strong> gênero, etniase minorias.Após o término <strong>de</strong> cada ví<strong>de</strong>o, abrir para análise geral com brevesanotações na lousa dos assuntos levantados.Comentários gerais das músicas apresentadas nas fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o,observando funções, valores e usos e estabelecendo relações entre elas.Retomada dos estilos musicais abordados no material escrito entreguena Ativida<strong>de</strong> 1, acrescentando elementos segundo o ponto <strong>de</strong> vista dosparticipantes. Solicitar que tragam para o próximo encontro, Ativida<strong>de</strong>3, o que tiverem <strong>de</strong> material (escrito, visual, sonoro) da chamada“música clássica/erudita” para ampliar o conhecimento a partir doselementos levantados pelos participantes.3. Introduzir Chiquinha Gonzaga ouvindo músicas <strong>de</strong> sua autoria,estabelecendo paralelos, semelhanças e diferenças entre sua vida eobra e o mundo em que viveu.Para isso, utilizar o conhecimento prévio dos participantes: por meio daminissérie Chiquinha Gonzaga, que foi apresentada neste ano <strong>de</strong> 1999pela TV Globo, e/ou outras fontes <strong>de</strong> informação, bem como o que já foiabordado neste módulo.4. Leitura e discussão, em pequenos grupos, do documento TemasTransversais (pp. 35 a 39), relacionando e comentando ascontribuições <strong>de</strong>ssa leitura na análise da vida e da obra <strong>de</strong> ChiquinhaGonzaga: do ponto <strong>de</strong> vista da época em que viveu e do ponto <strong>de</strong> vistados nossos dias, com posterior discussão coletiva.5. Pesquisa, em grupos, com colegas, familiares, músicos dacida<strong>de</strong>, pessoas mais velhas, bibliotecas, discotecas, vi<strong>de</strong>otecas,sobre estilos musicais do período que estamos estudando. Pesquisartanto os estilos citados como outros com significativa presençaem sua cida<strong>de</strong>. Se possível, é interessante trazer para o curso algumagravação sonora.Fazer um levantamento das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuição das pessoasda cida<strong>de</strong> que compõem, dançam ou interpretam essas músicas.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s III (4h):1. Apresentação, por parte <strong>de</strong> professores e especialistas, do materialque trouxeram sobre “música clássica/erudita”.60


2. Exibição dos <strong>programa</strong>s 2 e 6, fita 7, da TV Escola (Orientaçãosexual/Pluralida<strong>de</strong> cultural).Após o término <strong>de</strong> cada <strong>programa</strong>, é importante que o grupo ou duplastroquem idéias e registrem, resumidamente: a) conexões entre asquestões sociais (como discriminação <strong>de</strong> gênero, minorias, etnias,culturas, entre outras) abordadas nesses dois ví<strong>de</strong>os; b) relações com oamplo contexto do período do final do Império e início da República;c) a vida e a obra <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga, utilizando nesta análise asanotações, feitas em papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão, do encontro anterior.3. Registro em lousa dos tópicos abordados nos comentários e nasreflexões realizadas pelo grupo todo.4. Apresentação, pelos grupos, do andamento da pesquisa grupal quefoi solicitada na Ativida<strong>de</strong> II.Observação: lembrar ao grupo que <strong>de</strong>verá trazer para a Ativida<strong>de</strong> IV umainterpretação, recriação ou arranjos <strong>de</strong> músicas <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga,ou <strong>de</strong> alguma(s) música(s) interpretada(s) nesse mesmo período emsua cida<strong>de</strong>, região ou estado.5. Audição, fruição e apreciação musical <strong>de</strong> choro, tango brasileiro efrevo. O coor<strong>de</strong>nador do módulo po<strong>de</strong>rá apresentar apenascomposições do final do século passado e início do atual, ou então, sepossível, das duas épocas.6. Leitura <strong>de</strong> dois textos. Alguns grupos ficarão com o texto A e outroscom o texto B:Texto A: A música <strong>de</strong> choro e os tangos <strong>de</strong> Nazareth – José RamosTinhorão (Anexo 3).Texto B: O frevo <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> Pernambuco – José Ramos Tinhorão(Anexo 4).Ao ler os textos, os grupos procurarão respon<strong>de</strong>r às questões:• Quais elementos estão sendo acrescentados, por meio <strong>de</strong>sse texto,ao conhecimento que estamos construindo sobre esse períodohistórico?• Há presença <strong>de</strong> choro, maxixe e frevo nas últimas décadas do nossoséculo? Se houver, como eram no século passado e como têm semanifestado hoje? Neste momento, retomar o texto <strong>de</strong> Alberto Ikedapara ampliar essa resposta (Anexo 2).• Elencar os elementos em folha gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> papel, utilizando pincelatômico. Ir colocando no varal já montado anteriormente na classe.• Oralmente, um representante <strong>de</strong> cada grupo apresentará asconclusões ou os questionamentos resultantes dos trabalhos.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s IV (4h):1. Iniciar elencando, com todo o grupo, tópicos referentes à música doperíodo do final do Império e início da República tendo em vista:contexto sociocultural, questões <strong>de</strong> gênero, minorias e etnias,influências do tempo histórico e do espaço geográfico, enfocandotambém a vida e a obra <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga.61


2. Apresentação dos trabalhos grupais <strong>de</strong> pesquisa local einterpretação musical. (Caso os grupos encontrem dificulda<strong>de</strong>s em seapresentarem, po<strong>de</strong>rão trazer pessoas da comunida<strong>de</strong> para fazê-lo; ou,então, utilizar as duas alternativas.)3. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Orientação especial ao coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ste módulo:• Este é um módulo que investe na figura do coor<strong>de</strong>nador que estuda,pesquisa e cria algumas dinâmicas ou <strong>de</strong>sdobramentos.• O coor<strong>de</strong>nador do grupo <strong>de</strong>verá preparar com antecedência aspartes das músicas que serão ouvidas (uma <strong>de</strong> cada estilo citado naAtivida<strong>de</strong> I). Preparará também, com o Anexo 1, material cominformações sobre cada um dos estilos e, se possível, também, sobreas músicas, compositores(as), intérpretes, para disponibilizar aosparticipantes.• Sugerimos colocar músicas <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga para osparticipantes ouvirem sempre que chegarem antes do início dostrabalhos. Escolha algumas e as vá repetindo. A repetição <strong>de</strong> algumasmúsicas as tornam conhecidas. CD, LP e outros materiais, comoencartes, livros, publicações, po<strong>de</strong>m ficar à mostra para osparticipantes conhecerem e conversarem sobre eles.• Colecione os materiais que encontrar sobre Chiquinha Gonzaga e operíodo em que ela viveu: final do Império e início da República.Procure livros, discos, ví<strong>de</strong>os, gravações em áudio, textos, matériasjornalísticas... Converse com as pessoas que se interessam porassuntos como esse. Enfim, vá atrás!• Ao utilizar os textos dos anexos, provi<strong>de</strong>ncie alguns dicionários <strong>de</strong>Língua Portuguesa e <strong>de</strong>ixe à disposição dos participantes. Ou então,faça um glossário com as palavras que po<strong>de</strong>rão apresentar dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> entendimento. Você po<strong>de</strong>rá, também, utilizar alternadamente osdois procedimentos.• Ao iniciar os trabalhos, apresente ao grupo as Finalida<strong>de</strong>s,Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem, Conteúdos, Avaliação e Auto-avaliação<strong>de</strong>ste módulo. Explicite, também, as dinâmicas/procedimentos queserão utilizados.• Muito importante é falar da pesquisa e da produção musical que<strong>de</strong>verão ser feitas fora do espaço da sala <strong>de</strong> aula, com as iniciativasdos grupos.A proposta é a seguinte:Solicitar ao grupo que traga para a Ativida<strong>de</strong> IV (no último dia do módulo),uma interpretação, recriação ou arranjo(s) <strong>de</strong> música(s) <strong>de</strong> ChiquinhaGonzaga; ou <strong>de</strong> alguma(s) música(s) interpretada(s) no período do finaldo Império e início da República, em sua cida<strong>de</strong>, região ou estado.• Prepare-se lendo, estudando e fazendo resumos dos textos. Sequiser, po<strong>de</strong>rá preparar transparências para utilizar em retroprojetor, oucartazes, para auxiliar no fechamento <strong>de</strong> algum dos temas abordados.62


Anexo 1Alguns verbetes para auxiliar no entendimento do período da músicapopular brasileira abordado no Módulo 4.Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. 2ª ed.São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.valsa s.f. Dança <strong>de</strong> pares in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e enlaçados, originária daÁustria (meados do séc. XVIII). Música <strong>de</strong> ritmo ternário e andamentorápido (vienense) ou mo<strong>de</strong>rado (francesa). Teve gran<strong>de</strong> difusão nascapitais européias no fim do séc. XVIII. No Brasil, a primeira voga davalsa <strong>de</strong> salão <strong>de</strong>u-se com a vinda da família real portuguesa ao Brasil.Sigismund Neukomm – que viveu no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ) <strong>de</strong> 1816 a1821 – <strong>de</strong>ixou anotado, no seu catálogo <strong>de</strong> obras, duas Fantasias agran<strong>de</strong> orquestra, sobre pequenas valsas <strong>de</strong> S. A. R., o príncipe D.Pedro. A partir <strong>de</strong> então, dá-se a popularização da valsa. Por influência<strong>de</strong>sta, e para os fins do século, a modinha toma ritmo ternário. Porintermédio dos conjuntos <strong>de</strong> choro, a valsa tornou-se no Brasil umgênero seresteiro. Nos salões era gênero obrigatório para os aprendizesdo teclado, e nas composições <strong>de</strong> Ernesto Nazaré aclimatou-se aoinstrumento, guardando traços já sedimentados da criação musicalbrasileira. No início do séc. XX, foi cultivada em salas <strong>de</strong> diversão econfeitarias. O gênero esteve representado nas primeiras gravaçõesrealizadas no Brasil. Na década <strong>de</strong> 1930, reapareceu nas composições<strong>de</strong> autores populares. A valsa cantada tornou-se, ao lado da modinha,um dos gêneros mais cultivados pelos cantores <strong>de</strong> serenatas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oséculo XIX, passando ao disco no início do século XX e às rádios nadécada <strong>de</strong> 1930, quando encontrou seu apogeu nas vozes <strong>de</strong>intérpretes como Carlos Galhardo, Francisco Alves, Orlando Silva,Gilberto Alves e Augusto Calheiros, entre outros. Na área erudita, avalsa chamou a atenção dos compositores brasileiros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> CarlosGomes, que compôs valsas para concerto, até, mais recentemente,Camargo Guarnieri, Radamés Gnatalli e Francisco Mignone, o qualescreveu, para piano, as séries Valsas <strong>de</strong> esquina e Valsas-choro.CDValsas brasileiras – vol. 1, 1993, Revivendo RVCD-048;Valsas brasileiras – vol. 2, 1994, Revivendo RVCD-094.samba s.m. (Folcl.) 1) Palavra provavelmente proce<strong>de</strong>nte doquimbundo semba (umbigada), empregada para <strong>de</strong>signar dança <strong>de</strong>roda (<strong>de</strong> coreografia semelhante à do batuque) popular em todo oBrasil, geralmente com dançarinos solistas, aparecendo quase semprea umbigada. Os sambas mais conhecidos são os da Bahia, Rio <strong>de</strong>Janeiro (RJ) e São Paulo. Na Bahia, adquire <strong>de</strong>nominaçõessuplementares, conforme as variações coreográficas: samba-<strong>de</strong>-chave,em que o dançarino solista finge procurar no meio da roda uma chave;quando a encontra, é substituído. A estrutura poético-musical dosamba baiano obe<strong>de</strong>ce à forma verso-e-refrão, ou seja, compõe-se <strong>de</strong>um verso único solista, a que se segue outro, repetido pelo coro dos63


dançarinos da roda como estribilho. Não havendo refrão, o samba é<strong>de</strong>nominado samba-corrido, variante pouco comum. Os cantos sãotirados por um cantador, que é um dos instrumentistas ou o dançarinosolista. Outra particularida<strong>de</strong> do samba baiano é a forma <strong>de</strong> concursoque a dança às vezes apresenta: há disputa entre os participantes paraver quem melhor executa seus <strong>de</strong>talhes solistas. Afora a umbigada,comum a todo samba, o da Bahia apresenta três passos fundamentais:corta-a-jaca, separa-o-visgo, apanha-o-bago. Há também outroelemento coreográfico, dançado pelas mulheres: o miudinho. Estetambém aparece em São Paulo, como dança <strong>de</strong> solistas em centro <strong>de</strong>roda. São instrumentos do samba bahiano o pan<strong>de</strong>iro, o violão, ochocalho e às vezes as castanholas e os berimbaus. Em São Paulo, osamba passou do domínio negro para o caboclo. E, na zona rural, po<strong>de</strong>apresentar-se sem a tradicional umbigada. Há, também, outrasvariantes coreográficas, po<strong>de</strong>ndo os dançarinos dispor-se em fileirasopostas, homens <strong>de</strong> um lado, mulheres <strong>de</strong> outro. São instrumentos <strong>de</strong>samba em São Paulo as violas, os adufes, os pan<strong>de</strong>iros. Existemreferências a esse tipo <strong>de</strong> samba <strong>de</strong> fileiras em Goiás, com a diferença<strong>de</strong> que lá foi conservada a umbigada. É possível que a disposiçãoprimitiva <strong>de</strong> roda, em Goiás, tenha sido alterada por influência daquadrilha ou do cateretê. Segundo Luís da Câmara Cascudo, po<strong>de</strong>-seobservar a influência da cida<strong>de</strong> no samba pelo fato <strong>de</strong> ele ser tambémdançado por par enlaçado. Quanto à instrumentação, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>faz uma observação válida para as <strong>de</strong>mais danças afro-brasileiras compredomínio <strong>de</strong> percussão: “Os instrumentos não obe<strong>de</strong>cem a nenhumcritério seletivo, sendo livre a contribuição dos tocadores”. No Rio <strong>de</strong>Janeiro, o samba era inicialmente dança <strong>de</strong> roda entre os habitantesdos morros. Foi daí que nasceu o samba urbano carioca, espalhadohoje por todo o Brasil. São seus instrumentos o tamborim, o violão, opan<strong>de</strong>iro, o cavaquinho, a cuíca, o surdo, as caixas etc. 2) Da mesmaforma que o batuque, já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do séc. XIX a palavra samba seesten<strong>de</strong>u como <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> baile popular, sinônimo<strong>de</strong> arrasta-pé, bate-chinela, brinca<strong>de</strong>ira, balança-flandre, baianá,cateretê, fandango, fobó, forró, forrobodó, função, fungangá, pago<strong>de</strong>,xiba, zambê etc. (Pop.) 1) Dança popular e música <strong>de</strong> compasso binárioe ritmo sincopado reveladores <strong>de</strong> sua ligação original com os ritmosbatucados, acompanhados por palmas, dos bailes folclóricos<strong>de</strong>nominados sambas. 2) Gênero <strong>de</strong> canção popular <strong>de</strong> ritmobasicamente 2/4 e andamento variado, surgido a partir do início do séc.XX como aproveitamento consciente das possibilida<strong>de</strong>s dos estribilhoscantados ao som <strong>de</strong> palmas e ritmo batucado, e aos quais seriamacrescentadas uma ou mais partes, ou estâncias, <strong>de</strong> versos<strong>de</strong>clamatórios. 3) Samba <strong>de</strong> breque loc. subst. m. Samba <strong>de</strong> ritmoacentuadamente sincopado, com paradas súbitas chamadas breques(do inglês break, nome popularizado no Brasil para os freios <strong>de</strong>automóveis, que continuam chamados breques), dando tempo aocantor para encaixar comentários, falados geralmente, <strong>de</strong> caráterhumorístico, alusivos ao tema. Variante do samba-choro, nasceu emmeados da década <strong>de</strong> 1930). 4) Samba-canção s.m. Samba cujaênfase musical recai sobre a melodia, geralmente romântica e64


sentimental, contribuindo para amolecer o ritmo que se torna maiscontido. Modalida<strong>de</strong> surgida na década <strong>de</strong> 1920 e firmada na décadaseguinte. Cultivada inicialmente apenas por músicos do teatro <strong>de</strong>revista do Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), teria passado a interessar aoscompositores em geral a partir do sucesso da composição laiá ou Ai,ioiô (Henrique Vogeler e Marques Porto e letra <strong>de</strong> Luís Peixoto), lançadano teatro e em disco pela cantora Araci Cortes, respectivamente em fins<strong>de</strong> 1928 e inícios <strong>de</strong> 1929. Por serem os discos com sambas-cançõeslançados sempre fora do período carnavalesco (época reservada àsmúsicas <strong>de</strong> ritmo vivo), estes seriam também genericamenteconhecidos como sambas <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> ano. 5) Samba carnavalesco loc.subst. m. Nome genérico atribuído aos sambas compostos e lançadoscom intenção <strong>de</strong> vê-los e ouvi-los dançados e cantados durante asfestas do carnaval. 6) Samba-choro s.m. Melodia que aproveita ofraseado instrumental do choro (um samba com fraseado <strong>de</strong> flauta navoz, na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Vasco Mariz em seu livro A canção brasileira, Rio<strong>de</strong> Janeiro, 1959) e o une ao batuque do samba. Surgiu no início dadécada <strong>de</strong> 1930, ao que tudo indica a partir da composição Amor emexcesso (Gadé e Valfrido Silva), gravada em 1932, em disco cujo selosó trazia a indicação: choro. 7) Samba-enredo s.m. Modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>samba criado por compositores componentes <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> samba doRio <strong>de</strong> Janeiro, a partir <strong>de</strong> inícios da década <strong>de</strong> 1930, cuja letra <strong>de</strong>vecompreen<strong>de</strong>r o resumo poético do tema histórico, folclórico, literário,biográfico ou mesmo <strong>de</strong> criação livre que for escolhido para enredo ouassunto da apresentação da escola <strong>de</strong> samba em seu <strong>de</strong>sfileespetáculo diante do público. Inicialmente cantado apenas durante os<strong>de</strong>sfiles das escolas <strong>de</strong> samba na Praça Onze <strong>de</strong> Junho, no Rio <strong>de</strong>Janeiro, os sambas <strong>de</strong> enredo passaram a interessar também aoscantores profissionais a partir da década <strong>de</strong> 1940, figurando comoprimeira gravação comercial <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> osamba-enredo Natureza bela!... (O<strong>de</strong>on nº 12.032-A, junho <strong>de</strong> 1942),cantado por Gilberto Alves. Natureza bela do meu Brasil (título tirado <strong>de</strong>seu primeiro verso) fora o samba <strong>de</strong> enredo da escola <strong>de</strong> samba Unidosda Tijuca, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em seu <strong>de</strong>sfile do ano <strong>de</strong> 1936. Comosinal dos tempos, esse samba-enredo, <strong>de</strong> autoria do compositorpopular Henrique Mesquita, aparece em sua gravação acrescido donome <strong>de</strong> um parceiro: o compositor <strong>profissional</strong> Felisberto Martins.8) Samba-exaltação s.m. Também chamado samba <strong>de</strong> exaltação,samba <strong>de</strong> melodia extensa e letra <strong>de</strong> tema patriótico, cuja ênfasemusical recai sobre o arranjo orquestral que busca um caráter <strong>de</strong>grandiosida<strong>de</strong>, inclusive com recursos sinfônicos. Modalida<strong>de</strong> muitocultivada por compositores profissionais do teatro musicado e dosmeios <strong>de</strong> rádio e do disco a partir do sucesso da composição Aquarelado Brasil (Ari Barroso), gravada em 1939 por Francisco Alves. A músicaocupava as duas faces do disco <strong>de</strong> 78 rpm O<strong>de</strong>on nº 11.768 e traziacomo indicação “Cena brasileira”, tendo o acompanhamento daOrquestra <strong>de</strong> Radamés Gnatalli, colaborador do autor na parte doarranjo. 9) Samba <strong>de</strong> gafieira loc. subst. m. Modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> samba <strong>de</strong>ritmo sincopado, geralmente apenas instrumental, feito para dançar,criado durante a década <strong>de</strong> 1940 pelas orquestras <strong>de</strong> salões <strong>de</strong> danças65


públicas (gafieiras, dancings e cabarés). Na realida<strong>de</strong>, não sendo umgênero, mas forma especial <strong>de</strong> tocar samba para dançar, o samba <strong>de</strong>gafieira revela em sua forma instrumental – principalmente na parte dosmetais – nítida influência do estilo <strong>de</strong> orquestras <strong>de</strong> música comercialnorte-americana do período da Segunda Guerra Mundial. 10) Samba <strong>de</strong>morro loc. subst. m. Samba <strong>de</strong> ritmo vivo acompanhado por pan<strong>de</strong>iro,tamborim, cuíca e surdo, criado e difundido na década <strong>de</strong> 1930, no Rio<strong>de</strong> Janeiro, por compositores que freqüentavam as rodas <strong>de</strong> samba doEstácio. 11) Samba <strong>de</strong> partido-alto loc. subst. m. Também chamadosamba do partido-alto, gênero <strong>de</strong> samba surgido no início do séc. XX,conciliando formas antigas (o partido-alto bahiano, por exemplo) emo<strong>de</strong>rnas do samba-dança-batuque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os versos improvisados àtendência <strong>de</strong> estruturação em forma fixa <strong>de</strong> canção, e que era cultivadoinicialmente apenas por velhos conhecedores dos segredos do sambadançamais antigo, o que explica o próprio nome <strong>de</strong> partido-alto(equivalente da expressão mo<strong>de</strong>rna “alto gabarito”). Inicialmentecaracterizado por longas estrofes ou estâncias <strong>de</strong> seis e mais versosapoiados em refrões curtos, o samba <strong>de</strong> partido-alto ressurge a partirda década <strong>de</strong> 1940, cultivado pelos moradores dos morros cariocasligados às escolas <strong>de</strong> samba, mas já agora não incluindonecessariamente a roda <strong>de</strong> dança e reduzido à improvisação individual,pelos participantes, <strong>de</strong> quadras cantadas em intervalos <strong>de</strong> estribilhosgeralmente conhecidos <strong>de</strong> todos. 12) Samba <strong>de</strong> quadra loc. subst. m.Também chamado samba <strong>de</strong> terreiro, samba-canção ou <strong>de</strong> ritmo maisvivo, mas incluído necessariamente na categoria <strong>de</strong> samba <strong>de</strong> meio <strong>de</strong>ano, que os compositores <strong>de</strong> escola <strong>de</strong> samba compõem para cantarfora do período <strong>de</strong> ensaio dos sambas-enredo e que são apresentadoscomo diversão na própria quadra <strong>de</strong> ensaio ou terreiro, nas reuniões enos encontros <strong>de</strong> sambistas, em almoços <strong>de</strong> confraternização, festaspromovidas por aniversariantes da comunida<strong>de</strong>. Mo<strong>de</strong>rnamente, étambém <strong>de</strong> caráter promocional-comercial, em apresentações <strong>de</strong>teatro, na televisão ou nas chamadas noitadas <strong>de</strong> samba. 13) Sambaraiado loc. subst. m. Trazido para o Rio <strong>de</strong> Janeiro pelas “tias” baianas,no início do séc. XX, variante do samba-<strong>de</strong>-roda, era sempreacompanhado por palmas e o ruído forte e estri<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> pratos <strong>de</strong>louça raspados com facas <strong>de</strong> metal. 14) Sambalada s.m. Sambacançãocom ritmo lento, semelhante aos das músicas comerciaisestrangeiras lançadas no mercado brasileiro, a partir do início dadécada <strong>de</strong> 1950, sob o nome genérico <strong>de</strong> baladas. 15) Sambalanços.m. Gênero <strong>de</strong> samba também chamado samba <strong>de</strong> balanço,caracterizado pelo <strong>de</strong>slocamento da acentuação rítmica, introduzido nameta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1950 por profissionais ligados à música <strong>de</strong>dança produzida por orquestras e conjuntos <strong>de</strong> boates cariocas epaulistas, influenciados pelos gêneros musicais norte-americanos daépoca, sobretudo o jazz. Já na década <strong>de</strong> 1960, evoluiu para umamistura <strong>de</strong> bossa nova, maracatu, jongo e rhythm & blues, dandoorigem a samba-rock mais recente. 16) Sambão subst. m. aum. Nomecunhado e difundido durante a década <strong>de</strong> 1970, referia-se ao sambacomposto e gravado com objetivo essencialmente comercial.17) Sambolero s.m. Samba-canção <strong>de</strong> ritmo abolerado, representativo66


da música popular comercial da década <strong>de</strong> 1950, submetida aoimpacto do primeiro gênero <strong>de</strong> música <strong>de</strong> massa imposta pelas gran<strong>de</strong>sfábricas <strong>de</strong> discos internacionais, o bolero. Ver PELO TELEFONE.polca s.f. Originalmente, dança rústica da Boêmia (parte do impérioaustro-húngaro e atual província da Checoslováquia), chegou à capitalPraga em 1837, on<strong>de</strong> se transformou em dança <strong>de</strong> salão. Nesse ano,editou-se a primeira partitura para piano da dança que iria espalhar-serapidamente pela Europa. Binária <strong>de</strong> andamento allegro, a polcaapresenta melodia saltitante e configuração rítmica baseada emcolcheias e semicolcheias com pausas no segundo tempo do binário.No Brasil foi apresentada pela primeira vez em 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1845, noTeatro São Pedro, no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ). Tornou-se mania, a ponto <strong>de</strong>ocasionar a formação da Socieda<strong>de</strong> Constante Polca, no ano seguinte.Começando como dança <strong>de</strong> salão, a polca logo ganhou teatros e ruas,tornando-se música eminentemente popular. Praticaram-na conjuntos<strong>de</strong> choro e gran<strong>de</strong>s socieda<strong>de</strong>s carnavalescas. Calado, Irineu <strong>de</strong>Almeida, Miguel Emílio Pestana, Henrique Alves <strong>de</strong> Mesquita, Anacleto<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e Ernesto Nazaré compuseram polcas famosas. Fundindosecom outros gêneros, chegou a ser polca-lundu, polcafadinho, polcamilitar.Completando o ciclo, ganhou a polca o mundo rural,folclorizando-se.modinha s.f.dim. Canção lírica, sentimental, <strong>de</strong>rivada da modaportuguesa. Nos fins do séc. XVIII, em Portugal, a palavra moda tomousentido genérico e com ela se <strong>de</strong>signavam várias cantigas ou romances<strong>de</strong> salão. A voga que essa música vocal <strong>de</strong> salão adquiriu no reinado <strong>de</strong>Maria I se traduziu no trocadilho que se tornou <strong>de</strong> uso comum entrecronistas da época, “era moda, na corte <strong>de</strong> Maria I, cantar a moda”,cujos autores eram músicos <strong>de</strong> escola formados na Itália: João <strong>de</strong>Sousa Carvalho, Leal Moreira, Marcos Portugal. Quebrando oformalismo <strong>de</strong>ssas modas cortesãs, surgiu nos serenins dos palácios <strong>de</strong>Bemposta, <strong>de</strong> Belém ou <strong>de</strong> Queluz, Portugal, a figura do brasileiroDomingos Caldas Barbosa (?1740-1800), poeta e tocador <strong>de</strong> viola.Protegido dos marqueses <strong>de</strong> Castelo Melhor, Caldas Barbosa, o Lerenoda Nova Arcádia, sofreu a reação violenta dos poetas e escritoresportugueses da época, principalmente Bocage, Filinto Elisio e AntônioRibeiro dos Santos, que chegou a consi<strong>de</strong>rar sua presença como indícioda dissolução dos costumes da corte portuguesa. Domingos CaldasBarbosa <strong>de</strong>ixou o Brasil em 1770. Só cinco anos <strong>de</strong>pois, já investido <strong>de</strong>or<strong>de</strong>ns menores, apareceram suas primeiras obras e por elas se verificaque o padre mulato, cobrindo-se com a batina para disfarçar o fatoradverso da cor, não se <strong>de</strong>ixou atingir pelos apodos virulentos dos seusrivais. Músico sem conhecer música, cantor sem haver estudado canto,Caldas Barbosa substituiu o cravo e o pianoforte pela viola <strong>de</strong> arame ecom ela granjeou a simpatia dos áulicos e das açafatas da rainha. Nãose conhecem documentos que atestem a existência da modinha antesda apresentação <strong>de</strong> Caldas nos saraus lisboetas <strong>de</strong> 1775. Historiadoresbrasileiros mencionam os nomes <strong>de</strong> Gregório <strong>de</strong> Matos (1633-1696),Antônio José da Silva, o Ju<strong>de</strong>u (1705-1739) e Tomás Antônio Gonzaga67


(1744-?1808) como precursores da modinha. A documentaçãopesquisada não confirma a suposição <strong>de</strong>sses historiadores. O próprioCaldas Barbosa, evitando a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> moda, usada peloscompositores eruditos, intitulou <strong>de</strong> cantigas as canções enfeixadas noseu Viola <strong>de</strong> Lereno: coleção das suas cantigas, oferecidas aos seusamigos (volume I: Oficina Nunesiana, Lisboa, 1798; volume II:Tipografia Lacerdina, Lisboa, 1826). No texto <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas cantigas,refere-se às suas modas, palavra que, por modéstia ou humilda<strong>de</strong>,preferiu usar no diminutivo modinhas, criando assim o gênero poéticomusicalque iria converter-se na “mais rica das formas por que semanifesta a inspiração poética do nosso povo” (José Veríssimo).É numerosa a bibliografia dos fins <strong>de</strong> setecentos e começos <strong>de</strong>oitocentos relativa à modinha, e nela é manifesta a primazia queescritores e viajantes dão à modinha brasileira, em confronto com amodinha portuguesa. O <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> William Beckford (1760-1844),datado <strong>de</strong> 1787, não <strong>de</strong>ixa dúvida quanto à priorida<strong>de</strong> da modinhabrasileira sobre a portuguesa. Teófilo Braga não hesita em afirmar aprocedência brasileira da modinha. Já a documentação musicográficasofre a contingência <strong>de</strong> não ter tido o Brasil uma imprensa quedocumentasse a produção musical da época. Os mais antigosdocumentos saíram das oficinas e tipografias <strong>de</strong> Lisboa e Coimbra.Merece menção o Jornal/<strong>de</strong>/Modinhas/com acompanhamento <strong>de</strong> cravo/pelos melhores autores/<strong>de</strong>dicado/A Sua Alteza Real/Princesa do Brasil/por P. A. Marchal Milcent/no primeiro dia e no quinze <strong>de</strong> cada mez,sairá/uma modinha nova/Preço 200 Rs/Lisboa/. Esse jornal foi editado apartir <strong>de</strong> 1792 e nele aparecem modinhas <strong>de</strong> Caldas Barbosa, cujosucesso se refletiu no Brasil nas modinhas <strong>de</strong> Joaquim Manuel, outromestiço brasileiro que teve a honra <strong>de</strong> ser editado em Paris, em 1824,num álbum <strong>de</strong> vinte modinhas harmonizadas por Sigismund Neukomm,o discípulo preferido <strong>de</strong> Joseph Haydn (1732-1809) que morou no Rio<strong>de</strong> Janeiro (RJ) <strong>de</strong> 1816 a 1821. Embora cultivada em Lisboa comomúsica da aristocracia, foi no Brasil que a modinha se enraizou.Floresceu no I Reinado na obra <strong>de</strong> Cândido Inácio da Silva, GabrielFernan<strong>de</strong>s da Trinda<strong>de</strong>, padre José Maurício Nunes Garcia, padre Teles,Leal e outros. No II Reinado, a produção modinheira enriqueceu-se compoemas dos melhores poetas, como Gonçalves Dias, Castro Alves,Álvares <strong>de</strong> Azevedo, Fagun<strong>de</strong>s Varela, Casimiro <strong>de</strong> Abreu.Musicalmente, porém, as edições brasileiras <strong>de</strong> então traziam o nome<strong>de</strong> compositores estrangeiros, que, atrelados ao estilo e ao gosto daárea da ópera italiana, não afinavam com o caráter nacional que amodinha já adquirira. Só nos fins do Império e começos da República, amodinha, já inteiramente aculturada, reflete a sensibilida<strong>de</strong> e o gostodo povo brasileiro. A modinha populariza-se. Deixa o recinto fechadodos salões e expan<strong>de</strong>-se nas ruas, ao relento, nas noites enluaradas,envolta nos acor<strong>de</strong>s do instrumento que, no Brasil, se tornou o seucompanheiro inseparável – o violão. É a fase em que pontificamLaurindo Rabelo, Xisto Bahia, Melo Morais Filho, Catulo da PaixãoCearense.68


maxixe s.m. Dança urbana, surgiu nos forrós da Cida<strong>de</strong> Nova e noscabarés da Lapa, no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), por volta <strong>de</strong> 1875.Esten<strong>de</strong>ndo-se aos clubes carnavalescos e aos palcos dos teatros <strong>de</strong>revista, enriqueceu-se com gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> passos e figurações:parafuso, saca-rolha, balão, carrapeta, corta-capim etc. Dançadoinicialmente ao ritmo <strong>de</strong> tango, havaneira, polca ou lundu, só nos finsdo séc. XIX as casas editoras o consi<strong>de</strong>raram um gênero musical,imprimindo as músicas com essa qualificação. Primeira dançagenuinamente brasileira, do ponto <strong>de</strong> vista musical resultou da fusão dotango e da havaneira pela rítmica, da polca pela andadura, comadaptação da síncopa afro-lusitana (Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>). No início doséculo, alcançou gran<strong>de</strong> sucesso nos palcos europeus, sendoapresentada com requintes coreográficos pelo dançarino Duque emParis, França, e Londres, Inglaterra, em 1914 e 1922. Confundido poralguns historiadores com o tango espanhol e a habanera cubana,distingue-se, entretanto, <strong>de</strong>sses gêneros pelo caráter lúbrico e lascivoda dança, pela sincopação, pela vivacida<strong>de</strong> rítmica da música e pelautilização freqüente da gíria carioca, quando cantado.lundu ou lundum s.m. Dança <strong>de</strong> origem afro-negra, trazida pelos escravosbantos da região <strong>de</strong> Angola e Congo. Não se po<strong>de</strong> precisar quando apalavra aparece no Brasil. As primeiras referências conhecidas trazem adata <strong>de</strong> 1780 e <strong>de</strong>screvem a dança como licenciosa e in<strong>de</strong>cente,havendo autores que a confun<strong>de</strong>m com o batuque das senzalas. Paraos fins do séc. XVIII, no entanto, o lundu já aparece como cançãosolista, tanto no Brasil como em Portugal, on<strong>de</strong> o poeta cariocaDomingos Caldas Barbosa (?1740-1800), acompanhando-se à viola,em Lisboa, o apresenta na corte <strong>de</strong> Maria I. Em 1792, o Jornal <strong>de</strong>Modinhas, editado pelos franceses Francisco Domingos Milcent e PedroAnselmo Marchal, publica os primeiros exemplares <strong>de</strong> lundu (Moda dolundu, Dueto novo por modo <strong>de</strong> lundu) para duas vozes e piano, emharmonizações eruditas, para serem executadas, ao lado da modinha,nas serenatas da corte portuguesa. No Brasil, somente a partir daterceira década do séc. XIX há notícia <strong>de</strong> oficinas gravadoras <strong>de</strong> músicaregularmente instaladas, entre as quais a Estamparia <strong>de</strong> Pierre Laforge,estabelecida na Rua da Ca<strong>de</strong>ia (Rua da Assembléia), nº 89, Rio <strong>de</strong>Janeiro (RJ), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saíram, provavelmente, os primeiros lundus emodinhas impressos no Brasil. Transportado para o pentagrama, olundu galga os salões da média e da alta burguesia, como cançãoacompanhada e até como dança refinada. A partir do início do séc. XIX,aparecem variantes do lundu, como a tirana, <strong>de</strong> caráter espanholado, achula, o fado batido, o miudinho, dança sobre a qual o próprio Pedro Icompõe umas Variações, e o baiano, modalida<strong>de</strong> do lundu oriunda dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador (BA). Aceito por todas as camadas sociais e comentrada franca nos meios da aristocracia, o lundu passa a serapresentado no teatro, quer como dança, <strong>de</strong> caráter lúbrico elicencioso, quer como canção solista, <strong>de</strong> sentido sensual ou cômico.A voga do lundu esten<strong>de</strong>-se dos primeiros anos do séc. XIX até por volta<strong>de</strong> 1920. Por meados do séc. XIX e a partir do aparecimento da polca,em 1845, as casas impressoras <strong>de</strong> música começam a lançar no69


mercado exemplares que <strong>de</strong>nunciam o processo <strong>de</strong> fusão do lundu comoutras danças binárias importadas. As últimas décadas do séc. XIXmarcam o apogeu do lundu que, fundido com outras danças (o tango, ahavaneira, a polca), daria origem à primeira dança genuinamentebrasileira – o maxixe. Ao compositor popular, cantor e violonista XistoBahia <strong>de</strong>vem-se os mais celebrados lundus brasileiros.forró s.m. Abreviatura <strong>de</strong> forrobodó e forrobodança, <strong>de</strong> uso comum naimprensa pernambucana da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX, para<strong>de</strong>signar o local on<strong>de</strong> acontecia <strong>de</strong>terminado baile popular. O vernáculoé bem brasileiro, nada tendo a ver com for all, como querem alguns<strong>de</strong>scobridores <strong>de</strong> anglicismos. Seu uso tornou-se comum na imprensa<strong>de</strong> Recife (PE) (América Ilustrada, nº 25, 1882, e Mephistopheles, nº15, 1883), sendo classificado por Rodrigues <strong>de</strong> Carvalho (inCancioneiro do Norte, Fortaleza, 1903) como “bailes da canalha” e porPereira da Costa (in Vocabulário pernambucano, 1908) como“divertimento, pago<strong>de</strong>ira, festança”. Com o uso <strong>continuado</strong>, o vocábuloforrobodó passou a ser utilizado em sua forma forrobodança, assim<strong>de</strong>finido em A Lanceta, nº 121, 1913: “[...] é um baile maisaristocrático do que o Chorão do Rio <strong>de</strong> Janeiro, obrigado a violão,sanfona, reco-reco e aguar<strong>de</strong>nte. Nele tomam parte indivíduos <strong>de</strong> baixaesfera social, a ralé... A socieda<strong>de</strong> que toma parte do nossoforrobodança é mesclada; há <strong>de</strong> tudo. Várias vezes verificam-se turras<strong>de</strong> banzés sem que haja morte ou ferimentos. Fica sempre tudo muitocamarada; muito bem, muito obrigado”. Imagem diferente é contada, jána década <strong>de</strong> 1950, por Zédantas (José <strong>de</strong> Sousa Dantas Filho), emForró do Mané Vito, gravado por Luís Gonzaga em 1949; aindaZédantas, Forró em Caruaru, gravado por Jackson do Pan<strong>de</strong>iro em1955; Edgar Ferreira, em Forró em Limoeiro, gravado por Jackson doPan<strong>de</strong>iro, e, novamente, Zédantas, em Forró <strong>de</strong> Zé Antão, tambémgravado por Luís Gonzaga em 1962. No final dos anos 1950, com aconstrução <strong>de</strong> Brasília (DF), foram transferidos <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong>nor<strong>de</strong>stinos para o Planalto Central, que, a exemplo do que já vinhaacontecendo no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), ali estabeleceramseus bailes populares com o título <strong>de</strong> forró, geralmente antece<strong>de</strong>ndo onome do proprietário: “o forró <strong>de</strong> zé do Baile toca o ano todo/toca oano todo...”. As chamadas Casas <strong>de</strong> Forró surgiram, na década <strong>de</strong>1970, com gran<strong>de</strong> presença <strong>de</strong> artistas do Nor<strong>de</strong>ste, como local <strong>de</strong>divertimento dos migrantes daquela região, sendo freqüentadas portrabalhadores da construção civil, empregadas domésticas, segmentosoutros da comunida<strong>de</strong> subalterna, bem como por gente da classemédia saudosa dos ritmos regionais. Nos anos 1970, as Casas <strong>de</strong>Forró, não só no Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas também em São Paulo, Recife,Natal (RN) e outras cida<strong>de</strong>s, passaram a receber a freqüência doschamados <strong>de</strong>fensores da música popular brasileira, <strong>de</strong>spertando assimo interesse da juventu<strong>de</strong> universitária que via no ambiente uma forma<strong>de</strong> diversão autêntica e barata. Artistas como Luís Gonzaga,Dominguinhos, Marinês e Sua Gente, Trio Nor<strong>de</strong>stino, Abdias, ZéGonzaga e Genival Lacerda tornaram-se assíduos nas apresentações,abrindo assim um mercado que se encontrava em baixa. Na década <strong>de</strong>70


1990, <strong>de</strong>ntro do forró, a exemplo do baião nos anos 1950, existe lugarpara todos os ritmos rurais do Nor<strong>de</strong>ste e até <strong>de</strong> outras regiões. Sobseu rótulo, vamos encontrar o xote, o rojão, a marcha <strong>de</strong> roda e amarcha junina (ambas oriundas da marca popular portuguesa), oxenhenhém, a toada, o samba rural, o xaxado, o coco, a mazurca, arancheira e o próprio baião, bem como ritmos estrangeiros como omerengue, que aparece travestido <strong>de</strong> lambada, e a quadrilha.Aproveitando a onda <strong>de</strong> modismo da juventu<strong>de</strong>, o forró tornou-se apalavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, integrando o repertório <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> conjuntos dogênero existentes em Pernambuco e no Ceará: Mel com Terra, Mastruzcom Leite, Caviar com Rapadura, Flor <strong>de</strong> Cheiro, Cavalo <strong>de</strong> Pau,Catuaba com Amendoim, Calango Aceso, Balaio <strong>de</strong> Gato, MestreAmbrósio, Cascabulho, Limão com Mel, entre outros.choro s.m. Os primeiros conjuntos <strong>de</strong> choro surgiram por volta <strong>de</strong>1880, no Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ). Eram pequenos grupos <strong>de</strong> músicos,muitos <strong>de</strong>les mo<strong>de</strong>stos funcionários da Alfân<strong>de</strong>ga, dos Correios eTelégrafos, da Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do Brasil, que se reuniam nossubúrbios cariocas ou nas residências do bairro da Cida<strong>de</strong> Nova, on<strong>de</strong>muitos moravam. Do caráter plangente, choroso, da música que essespequenos conjuntos faziam, surgiu o nome choro. A composiçãoinstrumental <strong>de</strong>sses primeiros grupos girava em torno do terno: flauta,violão e cavaquinho. A flauta como solista, o cavaquinho como “centro”e o violão na “baixaria”. A esse núcleo inicial do choro dava-se tambémo nome <strong>de</strong> “pau-e-corda”, por serem <strong>de</strong> ébano as flautas usadas. Asmais antigas referências a esses grupos <strong>de</strong> músicos mencionam onome do flautista Calado – Joaquim Antônio da Silva Calado – como oiniciador e organizador <strong>de</strong>sses primeiros conjuntos. Músico <strong>de</strong> boaformação, Calado reuniu em torno <strong>de</strong> si os melhores executantes daépoca, que, movidos pelo único <strong>de</strong>sejo e pelo prazer <strong>de</strong>sinteressado <strong>de</strong>fazer música, se encontravam por acaso, sem qualquer idéia préviaquanto à composição instrumental ou quanto ao número <strong>de</strong> figurantes<strong>de</strong> cada grupo. A partir dos primeiros anos da República, há menção <strong>de</strong>conjuntos já com outros instrumentos <strong>de</strong> corda, assim como cominstrumentos <strong>de</strong> banda, com função solista ou concertante <strong>de</strong>ntro dosgrupos: bandolim, bandola, bandurra, flautim, clarineta, saxofone,pistom, bombardino, bombardão, trombone, oficli<strong>de</strong>. A participaçãoocasional ou improvisada <strong>de</strong>sses instrumentos é que <strong>de</strong>terminava afunção <strong>de</strong> cada um no conjunto musical. Daí o caráter alegatório doinstrumento, que, em função da capacida<strong>de</strong> do executante, tanto podiaincumbir-se do solo como do contracanto, ou, alternadamente, dasduas coisas. O próprio cavaquinho assumia, muitas vezes, a funçãosolista, tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das circunstâncias do momento.A improvisação é condição básica do bom chorão, nome que passou aser aplicado ao músico integrante do choro. Quanto ao repertório dosconjuntos, constituído <strong>de</strong> polcas, xotes, tangos, valsas, há quemencionar o fato <strong>de</strong> ser todo ele assinado por autores nacionais,integrantes, em sua maioria, dos próprios conjuntos. O choro foi orecurso <strong>de</strong> que se utilizou o músico popular para executar, a seu modo,a música importada, que era consumida, a partir da meta<strong>de</strong> do séc.71


XIX, nos salões e bailes da alta socieda<strong>de</strong>. A música gerada sob oimpulso criador e improvisatório dos chorões logo per<strong>de</strong>u ascaracterísticas dos países <strong>de</strong> origem, adquirindo feição e caráterperfeitamente brasileiros, a ponto <strong>de</strong> se tornar impossível confundiruma Polka da Boêmia, um Schottische teuto-escocês ou uma Walsaalemã ou francesa com o respectivo similar brasileiro, saído da inventiva<strong>de</strong>sses chorões que se chamaram Calado, Chiquinha Gonzaga, Anacleto<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Irineu Batina, Mário Cavaquinho, Sátiro Bilhar, CandinhoTrombone, Pixinguinha. Esse propósito <strong>de</strong> nacionalização manifestou-senão só no estilo interpretativo a que era submetida a música importada,mas também no sentido magoado, nostálgico, choroso dascomposições. Já nas primeiras décadas <strong>de</strong>ste século, polcas, xotes,tangos e havaneiras passaram a ser <strong>de</strong>signados simplesmente choros,nome que, por extensão, passou a rotular, como indicativo do gênero, aprodução dos compositores chorões. Quanto ao gênero choro, nãodispensa o uso <strong>de</strong> modulações imprevistas, armadas com o propósito<strong>de</strong> pôr à prova a capacida<strong>de</strong> ou o senso polifônico dosacompanhadores. Foi essa riqueza do choro que induziu Vila-Lobos àcriação <strong>de</strong> uma das mais importantes séries <strong>de</strong> seu catálogo <strong>de</strong>composições: os choros. Como composição musical ou forma <strong>de</strong> tocar,o choro não se estagnou nas décadas <strong>de</strong> 1940-1950, continuando aser praticado também por músicos das novas gerações. A década <strong>de</strong>1970 testemunhou um renascimento do gênero junto ao gran<strong>de</strong>público: em 1973, o show Sarau, montado no Rio <strong>de</strong> Janeiro por SérgioCabral, reuniu o Conjunto Época <strong>de</strong> Ouro e Paulinho da Viola; em 1976,Paulinho da Viola lançou o LP Memórias chorando. Outro discoimportante foi Chorada, chorões, chorinhos, um LP duplo comsupervisão <strong>de</strong> Mozart <strong>de</strong> Araújo e Ricardo Cravo Albin, brin<strong>de</strong> <strong>de</strong>Companhia Internacional <strong>de</strong> Seguros no Natal <strong>de</strong> 1976. A TVBan<strong>de</strong>irantes <strong>de</strong> São Paulo promoveu duas edições do Festival Nacionaldo Choro – Brasileirinho, em 1977, teve mil e duzentas composiçõesinscritas; a vencedora foi Ansieda<strong>de</strong>, do bandolinista Rossini Ferreira, eo quinto lugar coube a Espírito infantil, do grupo carioca A Cor do Som,que unia a linguagem do choro a instrumentos elétricos normalmenteassociados ao pop-rock. Na segunda edição, Carinhoso, realizada em1978, a composição vencedora foi Manda brasa, do veteranosaxofonista K-Ximbinho. Os dois festivais tiveram seus respectivos LPs,pelo selo Band. Pela mesma época, a TV Cultura <strong>de</strong> São Pauloapresentou uma longa série, Choro das sextas-feiras, com o grupo <strong>de</strong>choro amador paulistano Conjunto Atlântico, <strong>de</strong> Antônio d’Áuria. Logoapós, a televisão passa a se interessar também pelo gênero, incluindochoros nas trilhas sonoras <strong>de</strong> suas novelas, como O boêmio, <strong>de</strong>Anacleto <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, na novela Pecado capital, pela TV Globo. Aindaem fins dos anos 1970, a cantora Baby Consuelo revela-se boadiscípula <strong>de</strong> A<strong>de</strong>mil<strong>de</strong> Fonseca ao regravar clássicos do choro cantado(também chamado <strong>de</strong> chorinho), como Brasileirinho (Valdir Azevedo),Assanhado (Jacó do Bandolim) e O que vier eu traço (Alvaia<strong>de</strong> e ZéMaria). Entre os diversos choros cantados ou samba-choros (ouchorinhos) compostos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> por volta <strong>de</strong> 1970, vale <strong>de</strong>stacar Sessãodas 10 (Raul Seixas), 1971; Choro chorado (Martinho da Vila), 1976;72


Meu caro amigo (Chico Buarque e Francis Hime), 1977; De maisninguém (Arnaldo Antunes e Marisa Monte), 1994; Perambulando (EduLobo), 1995. O grupo paulistano Premeditando o Breque, surgido em1979, compôs e gravou vários choros, como Marana, 1981, e Chorodo Manga, 1983. Entre os chorões das décadas <strong>de</strong> 1980 e 1990estão o grupo Água <strong>de</strong> Moringa, <strong>de</strong> Niterói (RJ), que faz uma fusão dotípico regional com a música <strong>de</strong> câmara; o carioca Galo Preto, quelançou, entre outros, o CD Galo Preto só Paulinho da Viola (1994); ogrupo paulistano Vou Vivendo, que lançou o CD Brasil revive o chorinho(Movieplay); o grupo paranaense Ou Vai Ou Racha; o conjunto Gente <strong>de</strong>Choro, que se apresenta e grava em Belém (PA) e São Luís (MA): e aEscola Brasileira <strong>de</strong> Choro (1995), em Brasília (DF). Entre os chorõesda última geração, Armandinho juntou choro clássico e choroinfluenciado pelo rock no CD Armandinho e Época <strong>de</strong> Ouro, <strong>de</strong> 1996;Henrique Cazes lançou o CD Relendo Valdir Azevedo. Na área daspublicações especializadas, o renascimento do choro evi<strong>de</strong>ncia-se nolançamento, em 1995, da revista Roda <strong>de</strong> Choro, no Rio <strong>de</strong> Janeiro.CDs.Choros, 1994, BMG 100053-2; Os melhores choros <strong>de</strong> todos ostempos, 1994-1995, Marcus Pereira 10082-2.Anexo 2IKEDA, Alberto. Ao prazer, ao gozo, ao maxixe (... também querorebolar). In: Revista Cultura Vozes, nº 3 – Ano 90 – volume 90 / maiojunho<strong>de</strong> 1996.Ao prazer, ao gozo, ao maxixe (... também quero rebolar)Alberto T. Ikeda*Surgido no Rio <strong>de</strong> Janeiro nos finais do século XIX, o maxixe manteve-sepor mais <strong>de</strong> 50 anos como dança catalisadora das ativida<strong>de</strong>s festivoassociativasdas populações pobres e marginalizadas, notadamente <strong>de</strong>negros e mestiços. Muito combatida por suas características sensuais,a dança do maxixe constituiu uma forma <strong>de</strong> busca e afirmação dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social dos baixos estratos da socieda<strong>de</strong>, fato esse que teveprosseguimento com o samba, após a década <strong>de</strong> 1930.Requebrar, mexer, remexer, sacudir, rebolar. Ao ler esses verbos, é bemprovável que boa parte dos leitores os relacionem com algumasmúsicas e danças do estilo <strong>de</strong>nominado samba-reggae, da Bahia,divulgadas a partir <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 1980, ou com a lambada,muito em voga entre fins dos anos 1980 até por volta <strong>de</strong> 1991. 1* Estudioso da cultura popular e etnomusicólogo. Mestre e doutor pela Escola <strong>de</strong>Comunicações e Artes da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP). Professor do Instituto <strong>de</strong>Artes da Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista (Unesp), Campus <strong>de</strong> São Paulo. Membro doConselho Editorial da Revista ARTEunesp.1Comunicadores e jornalistas do Sul do país usam comumente o termo axé-music para<strong>de</strong>signar esse estilo musical. Sobre o assunto, ver: Antonio Risério, Carnaval Ijexá: notassobre afoxés e blocos do novo carnaval afro-baiano, Salvador, Corrupio, 1981.73


Muitos po<strong>de</strong>rão associá-los com a música <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sucesso,Requebra, gravada em 1993, pela Banda Olodum:Requebra, requebra, requebra assimPo<strong>de</strong> falar, po<strong>de</strong> rir <strong>de</strong> mim (bis). 2Da mesma forma, outros se recordarão da coreografia <strong>de</strong> outra músicamuito executada entre fins <strong>de</strong> 1995 e inícios <strong>de</strong> 1996, do Grupo GeraSamba, conhecida popularmente como A música do tchan (Segura otchan):Segura o tchan, amarra o tchan.Segura o tchan, tchan, tchan, tchan, tchan (bis). 3No entanto, esses verbos estavam, há mais <strong>de</strong> cem anos, indicando amaneira <strong>de</strong> se dançar o maxixe, surgido por volta <strong>de</strong> 1870 e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>popularida<strong>de</strong> até a década <strong>de</strong> 1920. Mais especificamente, a dança foicriada no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no período entre 1870 e 1880, conformeaponta Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. 4 Surgida junto à população marginalizada,sobretudo entre negros e mestiços, a dança fazia-se aos pares, <strong>de</strong>corpos unidos, caracterizando-se especialmente pela maneira lascivaexecutada pelos casais, cujos movimentos corporais lembravam aprópria performance sexual, no entrecruzamento das coxas e nosavanços, recuos e volteios rebolantes dos quadris e dos corpos coladosdos dançarinos. Tudo, como se percebe, não muito diferente do que sevê comumente ainda hoje no período carnavalesco.A maioria dos estudiosos enten<strong>de</strong> que o maxixe se <strong>de</strong>sfuncionalizou nadécada <strong>de</strong> 1930, sendo substituído pelo samba. 5 Embora seja corretoque nos bailes e no teatro popular a dança tenha alcançado o augeentre fins do século passado e a década <strong>de</strong> 1920, é preferível não sefalar propriamente em substituição, <strong>de</strong> maneira sumária, já que entre omaxixe e algumas variantes do samba (sobretudo a gafieira) existecontigüida<strong>de</strong> em muitos aspectos, na forma <strong>de</strong> se dançar e ainda emalgumas peculiarida<strong>de</strong>s rítmico-melódicas. Percebe-se que, já nadécada <strong>de</strong> 1920, muitos maxixes estavam sendo classificados comosamba. Bom exemplo é a música Dorinha, meu amor, <strong>de</strong> José2Requebra, música <strong>de</strong> Pierre Onasis e Nêgo; CD O Movimento Olodum; grav. WarnerMusic.3Trata-se <strong>de</strong> uma colagem das músicas Melô do tchan, <strong>de</strong> Bicco do Tchan e Cissinho,e Pau que nasce torto, <strong>de</strong> Cao Lima; Grupo Gera Samba; grav. Polydor/Polygram, nº529.216-2. Logo na introdução da música, po<strong>de</strong>-se reconhecer o mesmo estilo <strong>de</strong>arranjos dos maxixes do início do século.4Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Música, doce música, São Paulo, Martins, 1963, p. 128, “Nota1”. A afirmação foi feita em sua conferência intitulada “Ernesto Nazaré”, <strong>de</strong> 1926, naqual o autor expõe: “O que me parece já certo é que o maxixe, como tal, apareceu<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1870. As pesquisas <strong>de</strong>vem mesmo se estabelecer na década <strong>de</strong> 1970 para1980. Já estou em condições <strong>de</strong> fixar essa década como aquela em que maisprovavelmente o maxixe surgiu”. Inúmeros autores, posteriormente, voltaram-se para oassunto, porém este período foi aceito sem questionamento.5Ver J. R. Tinhorão, Pequena história da música popular: da modinha à lambada,6ª ed., São Paulo, Art Editora, 1991, pp. 127-128.74


Francisco <strong>de</strong> Freitas, gran<strong>de</strong> sucesso do carnaval <strong>de</strong> 1929, que, apesardas suas características musicais <strong>de</strong> um autêntico maxixe, aparece napartitura classificada como “samba apaixonado”. O mesmo po<strong>de</strong> serdito em relação a uma dança anterior a estas que seria o lundu,conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII. 6 A esse respeito, observa Muniz Sodré:..., parece-nos lícito <strong>de</strong>stacar a articulação lundu-maxixe-samba a partirdo final do século XIX. É nesta época, não muito distante daIn<strong>de</strong>pendência, que têm início os rudimentos do processo <strong>de</strong> sínteseurbana das diversas expressões musicais (indígenas, negras,portuguesas) na formação social brasileira. 7Po<strong>de</strong>-se mesmo supor que bem antes da consagração da nomenclaturamaxixe, 8 na década <strong>de</strong> 1870-1880, a dança já se fazia presente nasreuniões festivas das populações periféricas da cida<strong>de</strong>. Todas elasforam originalmente praticadas pela população <strong>de</strong> negros, mestiços eseus pares brancos, tendo a sensualida<strong>de</strong> como tônica, o que, muitasvezes, se estendia aos próprios textos das músicas. Mas o lundu, assimcomo o que genericamente se conhecia, antes, como batuque (dosnegros), era <strong>de</strong>scrito como dança <strong>de</strong> roda, com pares solistas aocentro, evoluindo em sintonia, <strong>de</strong> forma lúbrica, mas separadamente.Será correto afirmar que o maxixe resultou da fusão <strong>de</strong> váriasexpressões coreográficas, juntando a sensualida<strong>de</strong> gestual dos negroscom a dança <strong>de</strong> pares, <strong>de</strong> corpos unidos, <strong>de</strong> algumas dançaseuropéias. A esse respeito, J. R. Tinhorão esclarece:“Nascido da maneira livre <strong>de</strong> dançar, os gêneros <strong>de</strong> música em voga naépoca – principalmente a polca, a schottisch, a mazurca – o maxixeresultou do esforço dos músicos <strong>de</strong> choro em adaptar o ritmo dasmúsicas à tendência aos volteios e requebros <strong>de</strong> corpo com quemestiços, negros e brancos do povo teimavam em complicar os passosdas danças <strong>de</strong> salão”. 9Observe-se neste procedimento que, bem antes da proposta “<strong>de</strong>vanguarda” do Movimento Antropofágico (1928), <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>e outros mo<strong>de</strong>rnistas, na cultura popular praticava-se há muito, comosempre, a tendência, nesse sentido então vanguardista, <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição,6Ver Mozart <strong>de</strong> Araújo, A modinha e o lundu no século XVIII, São Paulo, Ricordi, 1963,e Baptista Siqueira, Lundun & lundu, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong>Janeiro, 1970.7Muniz Sodré, O samba: o dono do corpo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Co<strong>de</strong>cri, 1979, p. 27.8Das várias hipóteses sobre a origem do termo maxixe, soa ter boa lógica a que orelaciona ao fruto <strong>de</strong> mesmo nome, da família das cucurbitáceas. Inicialmente, o termosignificava baile da ralé, pela possível semelhança que havia entre as sementes do frutomaduro, pretas e em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, e as cabeças ou as pessoas <strong>de</strong>ntro dosapertados salões <strong>de</strong> baile. Por outro lado, por ser planta muito comum nos quintais dasresidências (nas cercas), <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> reprodutiva, associava-se o fruto acoisas vulgares, banais, sem importância, relacionando-o, assim, com esses bailespopulares (da mesma forma como se diz: “como chuchu, no pé da serra”).9J. R. Tinhorão, op. cit., p. 57. Também J. Efegê, Maxixe: a dança excomungada, Rio<strong>de</strong> Janeiro, Conquista, 1974, expõe: “Maxixava-se então ao ritmo das polcas, dostangos e tanguinhos, dos lundus e <strong>de</strong>pois, até e principalmente, dos sambas...”, p. 15.No que se refere à música, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> afirma: Foi da fusão da habanera (dança<strong>de</strong> origem cubana), pela rítmica, e da polca pela andadura, com adaptação da síncopaafro-lusitana que se originou o maxixe (...)”, conf. “Ernesto Nazaré”, in Música, docemúsica, São Paulo, Martins, 1963, p. 125.75


adaptação ou mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svirtuamento e contraposição ao que noschegava das matrizes européias e era incorporado, acriticamente, comomo<strong>de</strong>lo, pelas nossas elites. É importante lembrar que o maxixe surgiue se consagrou nas camadas populares do Rio <strong>de</strong> Janeiro, num período<strong>de</strong> marcantes transformações sociais. Em meio às campanhasabolicionistas e republicanas, vivia-se ali um estilo <strong>de</strong> vida já marcadopor estratificações sociais, resultantes da mo<strong>de</strong>rnização e daurbanização possibilitadas, entre outros motivos, pelos lucros daeconomia cafeeira do Vale do Paraíba. O processo <strong>de</strong> industrialização ea dinamização do comércio – nos mol<strong>de</strong>s da economia nãoescravagista – provocaram um afluxo <strong>de</strong> imigrantes e, principalmente, amigração dos meios rurais e <strong>de</strong> outras províncias, transformando oespaço urbano carioca num campo <strong>de</strong> vivências culturais múltiplas.Ainda, a crise da lavoura cafeeira no Vale do Paraíba fluminense, porvolta <strong>de</strong> 1870, 10 e as várias medidas <strong>de</strong> alforria <strong>de</strong> escravos, anterioresà Lei Áurea <strong>de</strong> 1888, provocaram a presença <strong>de</strong> muitos negros e seusmestiços na cida<strong>de</strong>, surgindo bairros populosos <strong>de</strong> vivência tipicamentemarginal, 11 on<strong>de</strong> a dança se consagrou. Ali, os maxixes (bailes)constituíam-se locais <strong>de</strong> lazer, mas também <strong>de</strong> busca e manutenção dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos elementos <strong>de</strong>sses estratos socialmente excluídos. Logoa prática maxixeira atingiu os bailes carnavalescos e os espetáculosteatrais (as Revistas) voltados para as classes médias. 12 Por intermédiodos artistas <strong>de</strong> palco, o maxixe alcançou outras regiões brasileiras enotabilizou-se também em cida<strong>de</strong>s da Europa, após a sua consagraçãoinicial em Paris. Como se nota no anúncio do Teatro São Pedro, nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, por ocasião do carnaval <strong>de</strong> 1918, a dançaprestava-se, em todos os locais, aos apelos eróticos:Aí rapaziada! Prepare bem os pése ‘las gambias tuertas’ para osRag-times 13 e maxixes e os braços para comprimir ‘tout doucement’as <strong>de</strong>usas do amar e da folida!Evohé! Evohé! Evohé! Evohé! 14Antes, no entanto, po<strong>de</strong>-se imaginar, diante da sua origem nos baixosestratos da socieda<strong>de</strong> e da sua forma dionisíaca, quão forte foi a carga<strong>de</strong> preconceito e hostilida<strong>de</strong> que pairou sobre a dança diante doshábitos conservadores do pensamento católico-patriarcal <strong>de</strong> então.Principalmente nos ambientes aristocráticos, <strong>de</strong> padrões europeus,apolíneos, supostamente mais refinados, o maxixe constituía umaverda<strong>de</strong>ira afronta, uma forma simbólica <strong>de</strong> questionamento ao statusquo. Esse aspecto contestatório, por distinção ao que então se10Ver Alves Motta Sobrinho, A civilização do café (1820-1920), São Paulo, Brasiliense,1978, p. 24.11Ver Roberto Moura, Tia Ciata e a Pequena África no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Rio <strong>de</strong> Janeiro,Funarte/INM, 1983, pp. 30-34.12Efegê, op. cit., p. 73, explica que o maxixe foi apresentado inicialmente em palcos<strong>de</strong> teatro em 1883.13Dança norte-americana do início do século.14O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, nº 915, <strong>de</strong> 11/02/1918, p. 8.76


estabelecia hegemonicamente, contido no próprio “discurso” corporalda dança (quebrada, requebrada, <strong>de</strong>sregrada), potencializava-sesobremaneira pela incorporação do maxixe nos espetáculos dos teatros<strong>de</strong> revista, que primavam por esse mesmo sentido, da crítica política edos costumes, por meio da sátira, do humor. Um exemplo disto se notano Maxixe do Dudu, da revista O sogra (sic), <strong>de</strong> Olímpio Nogueira eJoão Só, <strong>de</strong> 1915, uma clara sátira ao Marechal Hermes da Fonseca,Presi<strong>de</strong>nte da República <strong>de</strong> 1910 a 1914: 15Maxixe do DuduSeu Dudu sai a cavaloO cavalo logo empacaSó começa a andarAo ouvir o corta-jacaAi Filomena – se eu fossecomo tuTirava a urucubaca da careca do Dudu.Assim, setores conservadores da socieda<strong>de</strong> atacavam e até proibiam omaxixe, conforme ocorria costumeiramente por parte <strong>de</strong> membros doclero. O próprio Marechal Hermes da Fonseca, quando Ministro daGuerra, chegou a proibir, em 1907, a execução do gênero (que naépoca também era chamado “tango brasileiro” ou “tanguinho”) nasbandas militares, nas solenida<strong>de</strong>s oficiais. 16Mesmo assim, bem antes <strong>de</strong> as mulatas, os passistas e os grupos <strong>de</strong>pago<strong>de</strong>s e escolas <strong>de</strong> samba se transformarem em produtos <strong>de</strong>exportação, divulgando internacionalmente a lascívia do samba, aEuropa já tinha tomado conhecimento e experimentado este modobrasileiro <strong>de</strong> dançar: o maxixe.As informações sobre as primeiras apresentações são um tanto<strong>de</strong>sencontradas, havendo registros <strong>de</strong> que, já em 1889, a atriz-cantoraPlácida dos Santos se apresentara na capital francesa dançando omaxixe, conforme indica Jota Efegê. 17 A partir do final da primeiradécada <strong>de</strong>ste século, são mais freqüentes as referências à dança,sendo apresentada em outros países (Argentina, França, Portugal,Inglaterra, Alemanha), po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>stacada, entre os artistas, adupla Os Geraldos, formada pelos mulatos Geraldo Magalhães e NinaTeixeira, que estiveram em Paris em 1908. Naquele início <strong>de</strong> século,além dos artistas ao vivo, também as partituras musicais e os discos(gravados no Brasil a partir <strong>de</strong> 1902) serviam para a divulgação damúsica no estrangeiro. Mas foi mesmo pela presença viva <strong>de</strong> artistasbrasileiros, nos teatros e salões dançantes daqueles países, que omaxixe ficou bem conhecido, provocando gran<strong>de</strong> furor e também muitacontrovérsia, notadamente <strong>de</strong>pois das apresentações do dançarinobaiano Antonio Lopes <strong>de</strong> Amorim Diniz – conhecido como Duque – e15Conf. J. Efegê, op. cit., p. 94.16Ibid., p. 157. Esse mesmo procedimento, por parte <strong>de</strong> religiosos, <strong>de</strong>u-se quando davoga da lambada em vários países, há alguns anos.17Ibid., p. 141.77


sua primeira parceira Maria Lino, a partir <strong>de</strong> 1909, em Paris. 18 A dançatransformou-se em verda<strong>de</strong>ira moda entre os parisienses, mas foiconsi<strong>de</strong>rada imoral por parte <strong>de</strong> membros da Igreja e <strong>de</strong> setoresreacionários daquela socieda<strong>de</strong>, que buscavam combatê-laferrenhamente, fazendo com que seus seguidores não a dançassem.Entretanto, nada havia <strong>de</strong> novida<strong>de</strong> nesses posicionamentos, já quetambém no Brasil a dança tinha <strong>de</strong>tratores ferozes. Prevendo esse tipo<strong>de</strong> problema, e lembrando os modos bem mais apolíneos das dançaseuropéias <strong>de</strong> salão, as apresentações <strong>de</strong> Duque fizeram-se <strong>de</strong> maneirabem “estilizada”, com o abrandamento e mesmo a exclusão dosmovimentos mais lascivos que caracterizavam a dança nas suasorigens. Entretanto, muitos a consi<strong>de</strong>ravam ofensiva aos “bonscostumes” e recomendavam que não a praticassem e nem assistissemàs suas apresentações nos teatros e salões <strong>de</strong> dança. Mas, afinal, osucesso da dança em Paris, <strong>de</strong>vidamente “civilizada” por Duque, fezcom que, também no Brasil, o maxixe alcançasse os salões maisrequintados, conforme aparece na Revista Fon-Fon, <strong>de</strong> 13/9/1913:“É engraçado! enquanto o maxixe não se <strong>de</strong>u ao luxo <strong>de</strong> viajar e nãoteve os aplausos <strong>de</strong> Pariz muita gente o consi<strong>de</strong>rava como uma dançaimprópria e simplesmente digna dos clubs carnavalescos. Agora quePariz o adoptou sob o vago nome <strong>de</strong> tango, modificando-lhe apenas oexagero dos requebros, eis que elle surge nos nossos bailesofficiaes...” 19Evi<strong>de</strong>ntemente, o maxixe retornado via Paris era bem diferente daquiloque se praticava nas camadas populares do Brasil. Constituía, sim, um“maxixe aristocrático”, polido, <strong>de</strong>sfalcado dos elementos <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação, resistência social e até originalmente contestadores doponto <strong>de</strong> vista simbólico. Mas esse disciplinamento para chegar aossetores médios e dominantes dava-se apenas na sua forma. O princípioreformista conservador não conseguia atingir a prática da dança nosseus ambientes originais. A permanência do espírito dionisíacomantinha-se nas camadas populares. No que toca à lascívia presentenas danças secularizadas das comunida<strong>de</strong>s negras, po<strong>de</strong>-se afirmarque se tratava <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> resistência, <strong>de</strong> práticas rituaisancestrais. Daí a sua continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época colonial, no batuque,no lundu, passando pelo maxixe, chegando ao samba, ao forró, àlambada e ao samba-reggae dos anos 1990.Na verda<strong>de</strong>, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disciplinamento das formas expressivaspopulares <strong>de</strong> base negra não estava relacionada apenas ao moralismocircunspecto patriarcal <strong>de</strong> então. Tais formas artísticas, além do aspectoassociativo, i<strong>de</strong>ntificavam não apenas um procedimento coreográfico ou18Há controvérsias quanto à época das primeiras apresentações <strong>de</strong>ssa dupla em Paris.J. R. Tinhorão aponta o ano <strong>de</strong> 1909 (op. cit., p. 82), enquanto J. Efegê questiona estadata, indicando a chegada <strong>de</strong> Duque a Paris entre 1912 (op. cit., p. 141). Duqueobteve gran<strong>de</strong> notorieda<strong>de</strong> internacional em dupla com outra parceira, a francesa Gaby,com a qual se apresentou em Berlim, Londres, Roma e outras cida<strong>de</strong>s.19Conf. Alberto T. Ikeda, Música na cida<strong>de</strong> em tempo <strong>de</strong> transformação – São Paulo1900-1930 (Dissertação, Escola <strong>de</strong> Comunicações e Artes – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo(USP), 1988), p. 69. Conforme se lê no final, <strong>de</strong> fato, o maxixe foi confundido com otango argentino, que na mesma época fazia sucesso nos salões da capital francesa.78


a busca do lazer, mas representavam um estilo <strong>de</strong> vida, uma “visão <strong>de</strong>mundo”, muitas vezes carnavalizada, cujo sentido era a alegria, a busca<strong>de</strong> um viver prazeroso, que se contrapunha aos interesses do setorprodutivista da socieda<strong>de</strong> capitalista ligada ao trabalho, mantido pelascamadas dominantes.Entretanto, se outrora a cultura do prazer, da euforia erotizada,carnavalizada, podia significar socialmente oposição, sendo portantocombatida, com o tempo o quadro inverteu-se. Afinal, a libidinagem, aexistência festiva tornou-se parte integrante da socieda<strong>de</strong>contemporânea, <strong>de</strong>nominada pós-mo<strong>de</strong>rna. O erotismo foi efetivamenteinserido no sistema <strong>de</strong> reprodução do capital. Tornou-se, em si, produto<strong>de</strong> consumo, uma indústria do erótico. A lascívia, do tipo maxixesco, doinício do século, foi potencializada e incentivada, prestando-se àcomercialização <strong>de</strong> discos, fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, revistas e outros produtos <strong>de</strong>consumo, e promovendo todo um sistema relacionado às ativida<strong>de</strong>sartísticas massivas. Atualmente, as jovens – brancas, morenas oulouras – longe <strong>de</strong> hostilizarem o erotismo na dança, pelo contrário,esforçam-se em dominar a arte <strong>de</strong> rebolar e requebrar, à maneira doque se consi<strong>de</strong>rava, no início do século, imoralida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>spudor dascomunida<strong>de</strong>s negras. Nos bailes e <strong>de</strong>sfiles momescos, hoje têmprestígio aquelas que dançam libidinosamente. Afinal, até nabrinca<strong>de</strong>ira folclórica, <strong>de</strong> roda, as meninas brasileiras, embora semmalícia, cantam:Rebola, bola, você diz que dá... e dáVocê diz que dá na bola, na bola você não dáRebola o pai, rebola a mãe, rebola a filhaEu também sou da família, também quero rebolá.BibliografiaALMEIDA, Renato. História da música brasileira. 2ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:F. Briguiet, 1942.ALVARENGA, Dneyda. Música popular brasileira. Porto Alegre: Globo,1950.ANDRADE, Mário <strong>de</strong>. “Ernesto Nazaré”. In Música, doce música. SãoPaulo: Martins, 1963.__. Dicionário musical brasileiro. São Paulo: IEB-USP/Itatiaia/Min.Cultura, 1989.EFEGÊ, Jota. Maxixe: a dança excomungada. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Conquista,1974.KIEFER, Bruno. A modinha e o lundu: duas raízes da música brasileira.Porto Alegre: Movimento/Univ. Fed. Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, 1977.__. Música e dança popular: sua influência na música erudita. PortoAlegre: Movimento, 1979.LIRA, Mariza. Brasil sonoro: gêneros e compositores populares. Rio <strong>de</strong>Janeiro: A Noite, s/d (1938?).MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Funarte, 1983.PAIVA, Salvyano Cavalcanti. Viva o rebolado: vida e morte do teatro <strong>de</strong>revista brasileiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1991.79


SIQUEIRA, Baptista. Lundum & lundu. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Univ. Fed. do Rio<strong>de</strong> Janeiro, 1970.__. Três vultos históricos da música brasileira (Mesquita, Callado,Anacleto). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Autor, 1969.Anexo 3TINHORÃO, José Ramos. A música <strong>de</strong> choro e os tangos <strong>de</strong> Nazaré. In:Os sons do Brasil – trajetória da música instrumental. São Paulo: Sesc,1991.(Edição, pesquisa e texto <strong>de</strong> José Ramos Tinhorão/<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1991)A música <strong>de</strong> choro e os tangos <strong>de</strong> NazaréO aparecimento do choro – forma <strong>de</strong> tocar valsas, polcas, schottisches,mazurcas e quadrilhas importadas, e não gênero <strong>de</strong> música (às vezescom letra) só criado mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong>pois – ocorreu por volta <strong>de</strong>1870, marcando a entrada da baixa classe média urbana do Rio <strong>de</strong>Janeiro no cenário da música popular.A aceleração do processo <strong>de</strong> urbanização da então capital do Império,após a Guerra do Paraguai, fazia surgir em bairros recém-formados,como a Cida<strong>de</strong> Nova, um novo contingente social – operários <strong>de</strong>fábricas têxteis, <strong>de</strong> chapéus, <strong>de</strong> calçados, pequenos funcionários <strong>de</strong>repartições civis e militares dos Correios e Telégrafos, Casa da Moeda,Arsenal <strong>de</strong> Marinha, Estrada <strong>de</strong> Ferro Central do Brasil – ainda semlugar certo na acanhada estrutura do antigo mo<strong>de</strong>lo agrário. Foi, pois,para aten<strong>de</strong>r à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversão <strong>de</strong>sses emergentes grupos <strong>de</strong>trabalhadores especializados e pequenos burocratas que iam surgir,inicialmente no Rio <strong>de</strong> Janeiro (e logo por todos os principais centrosurbanos do Brasil), conjuntos <strong>de</strong> tocadores <strong>de</strong> flauta, violão ecavaquinho, especialistas em música para festas <strong>de</strong> aniversário e bailesfamiliares <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> visitas.A característica musical <strong>de</strong>sses pequenos conjuntos era a improvisação<strong>de</strong> modulações no acompanhamento <strong>de</strong> uma melodia solista – a flauta<strong>de</strong>senvolvendo a linha melódica, os violões exercitando-se em<strong>de</strong>senhos modulatórios nos tons mais graves, na <strong>de</strong>pois chamadabaixaria – tudo envolto em clima algo plangente, que acabariaconferindo o nome <strong>de</strong> choro a essa forma <strong>de</strong> tocar e, por extensão, a<strong>de</strong>signação <strong>de</strong> chorões para os seus músicos.O maestro Batista Siqueira, entusiasta do gran<strong>de</strong> flautista e compositorAntonio Calado Jr. (Rio, 11/7/1848 – id., 20/3/1880) dá o nascimentodo choro a partir da inclusão da flauta, expressamente por aquelemúsico, ao grupo <strong>de</strong> cordas e ritmo, escrevendo em seu livro Três vultoshistóricos da música brasileira: “Ficou então constituído o mais originalgrupamento reduzido do nosso país – O Choro, <strong>de</strong> Calado”. No entanto,80


embora não haja dúvida quanto ao fato <strong>de</strong> Calado ter sido autênticomúsico <strong>de</strong> choro (o próprio Batista Siqueira observa que suas partiturasparecem exageradamente simples, mas por não traduzirem a riquezadas improvisações), seria reduzir <strong>de</strong>mais a amplitu<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong>criação da música do choro atribuir o estilo a um único instrumentista.De qualquer forma, os conjuntos formados por Calado antes <strong>de</strong> suamorte em 1880, e que incluíam entre seus componentes alguns dosmais competentes músicos da época, como a jovem pianista ChiquinhaGonzaga, seriam por certo os mais importantes <strong>de</strong>ssa primeira fase <strong>de</strong>fixação da forma choro <strong>de</strong> tocar. O <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> Calado, noentanto, ao permitir a revelação, como seu sucessor, <strong>de</strong> outro gran<strong>de</strong>flautista na figura <strong>de</strong> Viriato Figueira da Silva (Macaé (RJ), 1851 – Rio,24/4/1883), viria mostrar que o estilo ao mesmo tempo malicioso echoroso <strong>de</strong> tocar já se havia estruturado, e começava a inspirarcomposições com caráter próprio. E um exemplo seria a polca dopróprio flautista Viriato, Caiu, não disse?, que indicava a partir do títuloa preocupação virtuosista dos solistas chorões <strong>de</strong> introduzirempassagens (modulações) imprevistas na tentativa <strong>de</strong> “<strong>de</strong>rrubar” osacompanhadores. Assim também como outra pioneira. ChiquinhaGonzaga, po<strong>de</strong>ria já em 1899 documentar a existência consciente donovo estilo ainda por meio da escolha do título <strong>de</strong> seu “tangocaracterístico”: Só no choro.Já a partir da década <strong>de</strong> 1880, aliás, com a proliferação dos pequenosconjuntos <strong>de</strong> flauta, violão e cavaquinho, inclusive comoacompanhadores do canto <strong>de</strong> modinhas em serenatas, espalha-sedurante meio século por todo o Brasil o achado da baixaria do choro,para só vir a ser <strong>de</strong>stronada na década <strong>de</strong> 1930 – em plena explosãodo rádio –, quando os chamados conjuntos regionais da era do sambabatucado adotam o acompanhamento rítmico <strong>de</strong> percussão como suabase. Era o fim da ida<strong>de</strong> do choro, pois, após o surgimento do maxixeno início do século por ação das bandas que substituíram os velhosconjuntos <strong>de</strong> pau-e-corda na música para dançar, havia surgidotambém o samba vindo das camadas mais baixas disposto a disputar,junto à classe média, o interesse que esta <strong>de</strong>monstrava agora pelamúsica norte-americana igualmente barulhenta dos jazz-bands.Em sua fixação por assim dizer coletiva <strong>de</strong> constâncias musicaisbrasileiras – consi<strong>de</strong>rando-se a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação garantida a seusmúsicos –, o choro não se retiraria entretanto <strong>de</strong> cena sem antescontribuir, embora indiretamente, para o aparecimento da mais originale talvez única figura <strong>de</strong> compositor estritamente pianístico do Brasil:Ernesto Nazaré.Nascido no Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1863, em plena loucura da polca(chegou a criar-se o verbo polcar, e até Machado <strong>de</strong> Assis saudava emversos: “A polca veio/<strong>de</strong> longes terras estranhas/galgando o que achou<strong>de</strong> permeio/mares, cida<strong>de</strong>s, montanhas”/”Aqui ficou aqui mora”),Ernesto, Júlio <strong>de</strong> Nazaré, filho <strong>de</strong> pai pequeno funcionário e mãepianista diletante, foi naturalmente iniciado na música entre <strong>de</strong>vaneiosromânticos <strong>de</strong> Chopin e saltitantes polcas <strong>de</strong> Calado. E foi assim que,começando a compor polcas ele mesmo a partir <strong>de</strong> 1880 (Gentes, oimposto pegou?, Graciette, Fonte do suspiro, Beija-flor, Quebradinho),81


ia tornar-se a partir da década seguinte o fixador do gênero tangobrasileiro, lançado em 1871 por Henrique Alves <strong>de</strong> Mesquita comoabrasileiramento dos tangos espanhóis e franceses trazidos ao Rio porcompanhias <strong>de</strong> teatro musicado europeu.Com o lançamento em 1874 <strong>de</strong> sua polca Cruz, perigo!, Nazaré vinha<strong>de</strong> fato dar a público, segundo o crítico Andra<strong>de</strong> Murici, “seu primeirotango, pelo que apresenta <strong>de</strong> indícios precursores do gênero em querealizou as suas obras mais características, e a que chamou tangobrasileiro”. Por trás <strong>de</strong>ssa criação <strong>de</strong> Nazaré, no entanto, estava amúsica dos choros, como <strong>de</strong>monstraria seu biógrafo, maestro BatistaSiqueira, ao escrever: “O que Ernesto Nazaré fez foi dar ênfase aosgrupos rítmicos excepcionais da música brasileira, já empregadosabundantemente por autores antigos, como po<strong>de</strong>mos ver em Calado,Chiquinha Gonzaga e até no velho autor <strong>de</strong> nosso Hino Nacional,Francisco Manuel, no Lundu da marrequinha”.Como seria <strong>de</strong>monstrado já neste século por Luciano Gallet, por Mário<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e, mais mo<strong>de</strong>rnamente, por Batista Siqueira, a criação dotango brasileiro situaria o compositor Ernesto Nazaré em posição muitoespecial no panorama da música brasileira. Po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>radopopular quando eventualmente alguma <strong>de</strong> suas músicas recebem letras(como aconteceu em 1968, após os versos <strong>de</strong> Vinicius <strong>de</strong> Moraes parao tango O<strong>de</strong>on), Nazaré, permanece em muitas <strong>de</strong> suas composiçõesno limite do erudito, se a análise recai sobre a escritura pianística.Ironicamente, entretanto, esse autor <strong>de</strong> tangos como Brejeiro eEscovado, que o compositor francês Darius Milhaud não hesitou emcitar na suíte para balé Le Boeuf sur le toit, morreria louco em fevereiro<strong>de</strong> 1934, em Jacarepaguá, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, para ser enterrado no diaseguinte, quase anonimamente, enquanto a população se mobilizavapara a chegada do Rei Momo. Era dia da abertura oficial do carnaval,que, com suas marchas, sambas e batucadas, ajudará a eclipsar seustangos, <strong>de</strong> fama já abalada pelos maxixes e frevos com que as bandasanimavam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira década do século, os bailes da classemédia.Anexo 4TINHORÃO, José Ramos. O frevo <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> Pernambuco. In: Os sons doBrasil – trajetória da música instrumental. São Paulo: Sesc, <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 1991.(Edição, pesquisa e texto <strong>de</strong> José Ramos Tinhorão)O frevo <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> PernambucoO frevo <strong>de</strong> rua pernambucano figura, ao lado do maxixe carioca, entreas mais originais criações da mistura <strong>de</strong> brancos, negros e mestiços dopovo mais humil<strong>de</strong> e baixa classe média que compunha os quadros <strong>de</strong>músicos das bandas militares nos dois últimos <strong>de</strong>cênios do séc. XIX.82


E, curiosamente, ainda como no caso do maxixe, surgiu como gênero<strong>de</strong> música instrumental da interação entre música e dança, a ponto <strong>de</strong>não po<strong>de</strong>r distinguir – como lembrou o estudioso pernambucanoVal<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Oliveira – “se o frevo, que é a música, trouxe o passo ouse o passo, que é a dança, trouxe o frevo”.O frevo, realmente, teve sua estrutura fixada numa vertiginosa evoluçãoda música das bandas em <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> rua, <strong>de</strong> inícios da década <strong>de</strong> 1880até os primeiros anos do séc. XX.Os estudiosos do frevo, embora discordando nos pormenores, sãounânimes em concordar que as origens do passo (as figuraçõesimprovisadas pelos dançarinos ao som da música) se pren<strong>de</strong>m àpresença <strong>de</strong> capoeiras à frente dos <strong>de</strong>sfiles das duas mais famosasbandas militares do Recife da segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX: a banda do4º Batalhão <strong>de</strong> Artilharia, chamada o Quarto, e a da Guarda Nacional,conhecida por Espanha por ter como mestre o músico espanhol PedroGarrido.Ao ritmo certamente marcial <strong>de</strong>ssas bandas, os capoeiras do Recifealém <strong>de</strong> começarem a transformar seu gingado em dança,improvisavam versos <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio ao grupo rival, como os da quadracoligida pelo folclorista Pereira da Costa:“Viva o QuartoMorra Espanha,Cabeça secaÉ quem apanha”.E após explicar a expressão cabeça seca como xingamento aosadversários, uma vez que os escravos eram obrigados a recolher-se àsnove da noite, não chegando assim a molhar a cabeça com o sereno, omesmo autor explicava que, quando acontecia <strong>de</strong> a música executadanão se prestar à elaboração <strong>de</strong> quadras <strong>de</strong>sse tipo, os capoeirasritmavam seus volteios e negaças com palavras curtas, aparentemente<strong>de</strong>sconexas, mas <strong>de</strong> sentimento bastante concreto para os adversários:“Cresceu,Caiu!PartiuMorreu!”Ora, é <strong>de</strong> supor-se que, estabelecida essa íntima relação entre asfigurações coreográficas dos capoeiras e a música executada pelasbandas em passeata, os próprios instrumentistas não <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong> seinfluenciar pelos <strong>de</strong>senhos das bruscas paradas, quedas, avançosacelerados, dobras <strong>de</strong> corpo e <strong>de</strong>scaídas dos dançarinos, parapromover sob sua sugestão “a sucessão galopante <strong>de</strong> semicolcheias,os imprevistos das síncopas, as alturas da tessitura, as negaças dalinha melódica”, a que se refere Val<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Oliveira em seu livroFrevo, capoeira e passo.Em artigo escrito em 1960 para a Revista Esso, o mesmo Val<strong>de</strong>mar <strong>de</strong>Oliveira observava que as primeiras composições produzidas para a83


explosão da cabroeira, no meio da rua, era “meio choro, meio polca,meio dobrado, meio cantoria <strong>de</strong> mestres e contramestres”,acrescentando que “os primeiros frevos <strong>de</strong> rua foram cantados”.Quando, porém, a partir do início do séc. XX rompe-se o sistema <strong>de</strong>relações da antiga economia agrária, ante a presença das indústriastêxtil e açucareira, que empregam trabalhadores proce<strong>de</strong>ntes da zonarural dissociados das tradições locais do Recife, esses novos moradoresdos mocambos da zona alagada permitem o advento do frevo <strong>de</strong> ruaestritamente orquestral, <strong>de</strong>stinado pura e simplesmente à cegalibertação <strong>de</strong> energia dos pés-<strong>de</strong>-poeira.Para a música produzida pelas fanfarras em suas passeatascarnavalescas, isso queria dizer que não havia mais qualquercompromisso com o repertório ora marcial, ora folclórico herdado doséculo XIX, e os metais podiam enfim explodir em colcheias esemicolcheias nas introduções que <strong>de</strong>senhavam uma melodia marcadapor síncopas, enquanto o ritmo, <strong>de</strong>sprezando as medidas <strong>de</strong> tempo,produzia a ginga visivelmente inspirada nas <strong>de</strong>sarticulações do corpodos dançarinos entregues à loucura do passo.Segundo o historiador pernambucano Mário Melo, o responsável pelafixação <strong>de</strong>sse novo gênero finalmente chamado <strong>de</strong> frevo na primeiradécada do séc. XX (a multidão caindo no passo parecia uma superfícielíquida fervendo, o que o povo chamava frever) teria sido o Capitão JoséLourenço da Silva, o regente da banda do 40º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria doRecife, conhecido por Zuzinha, que o teria finalmente diferençado damarcha-polca.O fato é que, encontrada a partir da primeira década do século, a formafinal do frevo <strong>de</strong> rua, exclusivamente instrumental, e à base <strong>de</strong> fanfarra,a criação coletiva dos músicos e dos passistas do povo recifense entroua interessar aos compositores pernambucanos mais bem comportados,que enfraqueceriam o gênero com a criação <strong>de</strong> marchas-frevo ou frevocanções.Conforme <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> velhos pioneiros do carnaval pernambucano,as bandas <strong>de</strong> clubes <strong>de</strong> frevo, além <strong>de</strong> sua vanguarda <strong>de</strong>improvisadores <strong>de</strong> passos, contaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo com grupos que selimitavam a seguir a música evoluindo sob a forma <strong>de</strong> cordões. Pois nasegunda década do século atual, quando pernambucanos <strong>de</strong> passagempelo Rio levaram <strong>de</strong> volta a notícia do sucesso dos <strong>de</strong>sfiles <strong>de</strong> ranchoscariocas, esses acompanhadores <strong>de</strong> bandas <strong>de</strong>scobriram afinal afórmula <strong>de</strong> ganhar um lugar nas ruas do Recife, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seacotovelarem em meio à fervura do passo, ainda tão preso ao estiloviolento dos capoeiras.Segundo Val<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Oliveira, isso se <strong>de</strong>u a partir <strong>de</strong> 1915, com oaparecimento dos blocos, “invenção <strong>de</strong> violonista, brinca<strong>de</strong>ira para asjovens que não agüentam rojão do frevo, grêmios familiares <strong>de</strong> moças,braço com braço, o pai por perto, pegado num violino ou num violão”.Foi, pois, para aten<strong>de</strong>r à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ritmo mais acessível,<strong>de</strong>stinado às <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>sses novos grupos <strong>de</strong> carnavalescos daclasse média, que se criaram esses frevos <strong>de</strong> ritmo marchado e comparte <strong>de</strong> canto, <strong>de</strong> que seriam expoentes, a partir da década <strong>de</strong> 1930,a dupla <strong>de</strong> compositores Capiba e Nelson Ferreira, com suas84


introduções <strong>de</strong> frevo seguidas <strong>de</strong> uma melodia cantada que não andavalonge do estilo das marchas <strong>de</strong> carnaval carioca.Aliás, os próprios amantes do frevo ortodoxo, ligados aos clubescarnavalescos tradicionais, como o Vassourinhas, acabariamincorporando <strong>de</strong> certa maneira o frevo-canção sob a forma <strong>de</strong> marcharegresso,ou seja, o frevo <strong>de</strong> tom lamentoso cantado alta noite pelospassistas cansados, <strong>de</strong> volta ao seu bairro:Se essa rua fosse minhaEu mandava ladrilharCom pedrinhas <strong>de</strong> brilhantePara o meu amor passarA sauda<strong>de</strong>, ó Vassourinhas,Invadiu meu coração,Ao pensar que talvez nunca,Nunca mais te veja não.A sauda<strong>de</strong>, ó Vassourinhas,Enche d’água os olhos meus,Ao pensar, ó Vassourinhas,Neste <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro a<strong>de</strong>us”.De qualquer forma, consi<strong>de</strong>rado seu virtuosismo, só um verda<strong>de</strong>iromúsico po<strong>de</strong> compor um frevo, porque, como observaria Guerra Peixe,se trata <strong>de</strong> um gênero <strong>de</strong> música para dança sem exemplo no mundo,pois é a única “em que o dançarino dança a orquestração”.85


Módulo 5O que, por que e comoensinamos, apren<strong>de</strong>mosem Arte


24 horas• Compreen<strong>de</strong>r os tipos <strong>de</strong> conteúdos que estão em jogo nassituações <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> aprendizagem em Arte: conceitos, princípios,fatos, procedimentos, valores e atitu<strong>de</strong>s.• Compreen<strong>de</strong>r o planejamento como articulação entre objetivos,conteúdos e orientações didáticas.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores ganhemautonomia para projetar os <strong>de</strong>senhos curriculares locais em Arte.• A tipologia dos conteúdos em Arte;• modos <strong>de</strong> ensino orientados pelos conteúdos;• modos <strong>de</strong> aprendizagem orientados pelos conteúdos;• critérios <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> conteúdos;• articulação entre objetivos, conteúdos e orientações didáticas emArte.• Programa 3, Objetivos do Ensino Fundamental, da fita 5, do PCN –TV Escola;• <strong>programa</strong> 4, O papel dos conteúdos na formação do aluno, da fita 5,do PCN – TV Escola;• <strong>programa</strong> 5, Ensinar – Apren<strong>de</strong>r, da fita 5, do PCN – TV Escola.• documentário: O centenário <strong>de</strong> Segall.• PCN <strong>de</strong> Arte.• imagem: A paisagem brasileira, <strong>de</strong> Lasar Segall.• pincéis;• tinta;• lápis colorido;• giz <strong>de</strong> cera;• papéis variados.89


1. Introdução (1h30).Levantamento inicial: Conversa informal dos participantes sobre o queacreditam que <strong>de</strong>vemos ensinar em Arte na escola, questionando seArte tem conteúdo e tentando explicitar quais são.Exibição do <strong>programa</strong> 3, Objetivos do Ensino Fundamental, fita 5,do PCN – TV Escola.Sugestão: assistir novamente e fazer anotações <strong>de</strong> pontos relevantesno ca<strong>de</strong>rno.Debate em pequenos grupos sobre os seguintes aspectos:• Por que os objetivos são importantes no planejamento?• Como po<strong>de</strong>mos conhecer nosso país por meio da Arte?• Enumere músicas, danças, peças <strong>de</strong> teatro, obras <strong>de</strong> artes plásticas,filmes etc. que você conhece da sua comunida<strong>de</strong>, do Brasil ou <strong>de</strong>outros países que colaboram para a educação voltada para a cidadania.Socializar as obras e indicar como ou on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser encontradas.2. Ler Objetivos gerais do ensino da Arte (p. 48) (1h30).• Leitura e escrita no ca<strong>de</strong>rno sobre o que cada objetivo significa paravocê.• Descrição <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arte em qualquer linguagem quecumpra com os propósitos do 2º objetivo geral.• Em grupos, planejar uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arte para cumprir ospropósitos do 6º objetivo geral.• Debater sobre como realizar o último objetivo utilizando recursos dasua comunida<strong>de</strong>.3. Exibição do <strong>programa</strong> 4, da fita 5, PCN – TV Escola: O papel dosconteúdos na formação do aluno (1h).Leitura PCN – Arte (pp. 51 e 52), Conteúdos <strong>de</strong> Arte.(Os conteúdos <strong>de</strong> Arte...momentos históricos).Questão para reflexão:“Como você percebe a importância <strong>de</strong>sses conteúdos na formação doaluno?” Explicite o valor <strong>de</strong> cada conteúdo, seja em música, dança,teatro ou artes visuais. (Trabalhe individualmente por escrito em seuca<strong>de</strong>rno e <strong>de</strong>pois discuta com um grupo <strong>de</strong> colegas.)4. Leitura e discussão PCN – Arte (pp. 66 a 69), Conteúdos <strong>de</strong> artesvisuais (...) estrangeiros no país (2h30).Em duplas, ou pequenos grupos, relacionar cada conteúdo com osObjetivos gerais <strong>de</strong> artes visuais (pp. 65 e 66).Conteúdo: representação e comunicação das formas visuais,concretizando as próprias intenções e aprimorando o domínio <strong>de</strong>ssasações.Entre outros objetivos gerais, esse conteúdo po<strong>de</strong> estar articulado aoseguinte objetivo geral <strong>de</strong> artes visuais:• Expressar, representar idéias, emoções, sensações por meio daarticulação <strong>de</strong> poéticas pessoais, <strong>de</strong>senvolvendo trabalhos individuais egrupais.• Seguir estabelecendo as articulações por escrito no ca<strong>de</strong>rno para os<strong>de</strong>mais 24 conteúdos.90


• Socializar as <strong>de</strong>scobertas com todos e observar que cada conteúdopo<strong>de</strong> estar vinculado a mais <strong>de</strong> um objetivo e vice-versa.5. Exibição do documentário: O centenário <strong>de</strong> Segall (2h30).Nesta ativida<strong>de</strong> é importante fazer anotações sobre conteúdos relevantesa serem trabalhados para i<strong>de</strong>ntificar dados da vida e da obra do artista, asquestões sociais tratadas em sua obra, as relações entre sua obra e nossopaís, a Arte Mo<strong>de</strong>rna, o museu do artista e seu trabalho, o elogio à raçanegra, entre outros conteúdos a serem selecionados.Leitura PCN – Arte (pp. 43 a 47), Apren<strong>de</strong>r e ensinar Arte (A área <strong>de</strong>Arte (...) modalida<strong>de</strong> artística).Debate, em pequenos grupos, <strong>de</strong> como se apren<strong>de</strong> fatos, conceitos,princípios, valores e atitu<strong>de</strong>s e seleção dos diferentes tipos <strong>de</strong> conteúdo<strong>de</strong>stes documentários: O centenário <strong>de</strong> Segall, ví<strong>de</strong>o especificandoconceitos, fatos, procedimentos, valores e atitu<strong>de</strong>s e planejamento, porescrito, <strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong> aulas para ensiná-los.Elaboração <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s nas quais os alunos possam articular pelomenos dois eixos das experiências <strong>de</strong> aprendizagem: fazer arte, apreciararte e contextualizar arte.Exposição <strong>de</strong> planejamentos realizados em pequenos grupos para quetodos possam observar a varieda<strong>de</strong> com que po<strong>de</strong>mos ensinar ouselecionar conteúdos a partir <strong>de</strong> uma mesma fonte <strong>de</strong> informação.6. Apreciação da reprodução da obra A paisagem brasileira, <strong>de</strong> LasarSegall (2h).Realização das ativida<strong>de</strong>s: observe atentamente a imagem e:• 1º tente <strong>de</strong>senhá-la na íntegra;• 2º faça sua paisagem brasileira;• 3º busque <strong>de</strong> memória uma paisagem da sua localida<strong>de</strong> que acaracteriza e construa essa imagem.7. Exibição do <strong>programa</strong> 5, da fita 5, TV Escola: Ensinar – Apren<strong>de</strong>r(2h30).Após a exibição, discuta, em pequenos grupos, como po<strong>de</strong>ríamosrelacionar os conteúdos trabalhados com o cotidiano <strong>de</strong> nossa região.Nossas temáticas sociais, paisagens, tragédias, sofrimentos e belezas.Planejamento <strong>de</strong> tarefas para trabalhar os conteúdos do ví<strong>de</strong>o com osalunos <strong>de</strong> sua localida<strong>de</strong>.Cada grupo propõe para outro uma orientação <strong>de</strong> trabalho e recebeoutras orientações e, assim, sucessivamente até que se feche o círculo,com todos presentes.Sugestão: po<strong>de</strong>m ser criadas ativida<strong>de</strong>s que levem os participantes asair a campo.Organização dos trabalhos <strong>de</strong> cada grupo <strong>de</strong> modo que todos possamcompartilhar dos resultados.8. Leitura e discussão em pequenos grupos: orientações didáticas (pp.94 a 101) Orientações... trabalho dos alunos (2h30).Questões para <strong>de</strong>bate:• Por que copiar mo<strong>de</strong>los prontos por meio <strong>de</strong> imitação mecânica nãoé uma boa situação <strong>de</strong> aprendizagem para Arte?91


• Que critérios você usaria para selecionar conteúdos <strong>de</strong> Arte paraensinar?• Como po<strong>de</strong>mos ajudar nosso aluno com dificulda<strong>de</strong>s técnicas?• Na sua escola, como você organiza o espaço e o tempo <strong>de</strong> trabalhoem Arte? Tal organização é a<strong>de</strong>quada ou po<strong>de</strong>ria ser diferente?Justifique.• Você registra e documenta as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus alunos? Por que adocumentação é importante?• Como você organiza as tarefas antes da aula?• Qual tem sido seu trabalho em Arte durante a aula?• Como você reflete sobre sua prática <strong>de</strong>pois da aula?• Por que a atitu<strong>de</strong> do professor se reflete na dos alunos?• O que falta na sua formação para aprimorar suas ações didáticas?• Quais das suas características, no âmbito pessoal, colaboram com ocotidiano <strong>de</strong> trabalho e quais o atrapalham?9. Leitura <strong>de</strong> Conteúdos relativos a atitu<strong>de</strong>s e valores (pp. 52 e 53 –Este bloco... própria cultura) (3h).Elaboração <strong>de</strong> <strong>de</strong>z ativida<strong>de</strong>s em subgrupos, contemplando aaprendizagem <strong>de</strong> dois conteúdos escolhidos <strong>de</strong>ste bloco e, por fim,planejamento <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> para o último conteúdo, dada suarelevância.Descrição documental dos resultados para todo grupo como banco <strong>de</strong>propostas e ativida<strong>de</strong>s nas escolas.10. Projetos <strong>de</strong> trabalho (1h30).Exibição do <strong>programa</strong> 2, da fita 5, Desenhar é importante na escola.Leitura <strong>de</strong>: Trabalho por projetos (pp. 101 a 103) e planejamento emsubgrupo <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> trabalho em Arte, envolvendo o <strong>de</strong>senhocomo ativida<strong>de</strong> importante das ações dos alunos.11. Trabalho <strong>de</strong> campo em pequenos grupos (3h30).Pesquisa na localida<strong>de</strong>: quem são os agentes que produzem Arte(artistas e artesãos) e levantamento <strong>de</strong> quais conteúdos dos PCN – Artepo<strong>de</strong>riam ser contemplados no estudo <strong>de</strong> suas obras. Elaboração apartir <strong>de</strong> entrevista com eles do material <strong>de</strong> pesquisa sobre suasativida<strong>de</strong>s para ser utillizado como fonte informativa nas escolas.12. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.92


Módulo 6Que coisas nossos alunosjá sabem: evitandorupturas e dando continuida<strong>de</strong>ao processo <strong>de</strong> ensinoe aprendizagem <strong>de</strong> Artesnas séries finais doEnsino Fundamental


12 horas• Relembrar os conhecimentos musicais já adquiridos pelosprofessores em suas histórias <strong>de</strong> vida em aprendizagem informal eformal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua infância.• Conhecer aspectos gerais do histórico do ensino <strong>de</strong> Música no Brasile estabelecer paralelos com as práticas relatadas pelos professores.• Refletir sobre o aprendizado <strong>de</strong> Música na escola e fora <strong>de</strong>la e anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar com músicas do meio sociocultural e doconhecimento musical historicamente construído pela humanida<strong>de</strong>.Espera-se que, ao final <strong>de</strong>ste módulo, os professores:• repensem a trajetória do ensino <strong>de</strong> Música nas escolas, projetandocaminhos para os dias <strong>de</strong> hoje;• reconheçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar: em conexão com amúsica do meio sociocultural e com o conhecimento musicalhistoricamente construído pela humanida<strong>de</strong>;• conheçam o que os PCN – Arte das séries iniciais propõem, nosentido <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> e coerência ao processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem das séries finais do Ensino Fundamental;• compreendam e sintam-se instigados a trabalhar com os três eixos<strong>de</strong> aprendizagem em Arte Musical: produção (interpretação,improvisação, composição), apreciação e contextualização, propostospelos PCN – Arte.• Histórico do ensino <strong>de</strong> Música no Brasil: teorias e práticas;• o ensino-aprendizagem <strong>de</strong> Música na escola <strong>de</strong> hoje em conexãocom a educação informal e com o contemporâneo que a socieda<strong>de</strong>apresenta;• os três eixos <strong>de</strong> aprendizagem em Arte Musical: produção(interpretação, improvisação, composição), apreciação econtextualização;• inserção e valorização da música no contexto sociocultural e doconhecimento construído no <strong>de</strong>correr dos tempos pela humanida<strong>de</strong>, notrabalho com os três eixos da aprendizagem.• PCN – Arte – séries iniciais do Ensino Fundamental, PCN – Arte –terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental;• folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel em três cores diferentes, por exemplo: papelpardo, cartolina...;• pincel atômico <strong>de</strong> quatro cores;• papel sulfite;• fita crepe;• varal;95


• lousa;• giz colorido;• aparelhos <strong>de</strong> TV e ví<strong>de</strong>o.Fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e publicações:• Sinfonia do Alto Ribeira – Projeto Bagre-Cego – Introdução/1º e 2ºMovimentos.• Fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o da TV Escola: Ensinar – apren<strong>de</strong>r/<strong>programa</strong> 5 da fitaPCN – Um compromisso com a cidadania.• Música e dança – Programa nº 11 da série: Menino, quem foi teumestre?Anexo 1 – publicação (encarte) que acompanha a fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o: Sinfoniado Alto Ribeira – Projeto Bagre-Cego.Anexo 2 – Música e dança – texto nº 11, Professor da pré-escola, vol. II.Anexo 3 – Hermeto Paschoal (verbete) Enciclopédia da músicabrasileira: popular, erudita e folclórica. 2ª ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s I (3h)1. Trabalhar com a memória a partir das questões:Como, quando e em que momento a música entrou em sua vida?O que lhe diz sobre isso sua memória da infância: do período antes <strong>de</strong>entrar para a escola e durante seus primeiros quatro anos nela? E nasséries finais do Ensino Fundamental? Quais são as lembranças?Sensações? Emoções?Você ouvia música? Tocava e/ou cantava música que lhe ensinaram?Quem lhe ensinou, ou você foi apren<strong>de</strong>ndo com algum grupo? Brincava,improvisava, experimentava algum instrumento ou diferentes sonsvocais? Inventava alguma coisa? Participou <strong>de</strong> algum conjunto musicalou banda?Já teve uma experiência significativa em música (positiva ou negativa)?Como foi? Foi antes ou após você iniciar seu período escolar? Queida<strong>de</strong> aproximada você tinha?Você teve aulas <strong>de</strong> música na escola? E fora <strong>de</strong>la? Como eram? Seuscontatos mais significativos com a música aconteciam <strong>de</strong>ntro e/ou forada escola? Eram prazerosos, envolventes? Chatos, tristes ou<strong>de</strong>cepcionantes?O que você pensa hoje sobre essa sua trajetória?2. Relatos orais, em gran<strong>de</strong> grupo, sobre as memórias <strong>de</strong> cada um.3. Registrar sinteticamente (construindo um quadro geral em folhasseparadas <strong>de</strong> papel manilha) lembranças positivas e negativas docontato <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> professores e especialistas com a música.Lembranças do período: anterior à entrada na escola; em que cursavaas séries iniciais (<strong>de</strong>ntro e fora da escola); em que cursava as sériesfinais (<strong>de</strong>ntro e fora da escola).4. Discussões e <strong>de</strong>bates analisando o resultado do quadro geral <strong>de</strong>96


Memórias dos participantes (construído nas folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel), eno que ele nos auxilia a repensar o ensino-aprendizagem <strong>de</strong> música hoje.5. Exibição do ví<strong>de</strong>o: Música e dançaRefletir antes <strong>de</strong> assistir ao ví<strong>de</strong>o: “O que é música para você?”Pistas para assistir ao ví<strong>de</strong>o: observar o conceito <strong>de</strong> música que eleapresenta, as relações com o meio sociocultural, com o conhecimentomusical historicamente construído, as idéias centrais que ele traz.Após assistir ao ví<strong>de</strong>o discutir em grupo:• O que é música?• Quais as idéias fundamentais que o ví<strong>de</strong>o Música e dança trazem?• Qual(is) aspecto(s) enfocado(s) nesse ví<strong>de</strong>o chamou(aram) mais aatenção do grupo? Por quê?• Quais relações com o meio sociocultural e o conhecimentohistoricamente construído vocês encontraram?6. Ler o texto Música e dança (Anexo 2), e trazer por escrito para aAtivida<strong>de</strong> II: algumas reflexões ou comentários, traçando paralelos entreo ví<strong>de</strong>o e o texto Música e dança.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s II (3h)1. Estabelecer relações entre o ví<strong>de</strong>o e o texto Música e dança –retornando e analisando a seguir, sob nova ótica, o quadro gerallevantado pelos participantes na Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s I.A partir dos registros escritos e <strong>de</strong>poimentos orais das leituras feitas, ocoor<strong>de</strong>nador do módulo <strong>de</strong>verá dar fechamentos sintetizando osconceitos e as idéias fundamentais.2. Rever o ví<strong>de</strong>o Música e dança, agora com um novo “olhar/ouvir/sentir”, oferecendo espaço para livre manifestação dos participantes.3. Leitura em pequenos grupos do PCN – Arte – terceiro e quarto ciclosdo Ensino Fundamental: histórico do ensino da Arte no Brasil eperspectivas (pp. 23 a 25) e o ensino <strong>de</strong> Arte no currículo escolar:legislação e prática (pp. 26 a 29). Meta<strong>de</strong> do grupo <strong>de</strong> professores eespecialistas lerá parte do histórico e meta<strong>de</strong> o que se refere àlegislação e prática. Cada grupo faz sua opção.Ao fazer a leitura, o grupo procurará: dar especial atenção e trabalharcom o que se refere ao ensino <strong>de</strong> música; fazer relações com as“memórias” que a classe relatou na Ativida<strong>de</strong> I, localizando-as nasfases do ensino da arte musical (o quadro geral <strong>de</strong> Memórias dosparticipantes <strong>de</strong>verá estar fixado na lousa para eventuais consultas);apresentar verbalmente o resultado do trabalho por intermédio <strong>de</strong> umparticipante <strong>de</strong> cada grupo.O coor<strong>de</strong>nador do módulo po<strong>de</strong>rá fazer complementações:• com a história do ensino da música em seu estado ou região;• com alguns aspectos das legislações específicas: fe<strong>de</strong>ral e estadual,e/ou provi<strong>de</strong>nciá-las para eventuais consultas ou esclarecimentos dosgrupos.97


4. Discussão dos eixos <strong>de</strong> aprendizagem na arte musical: produção(interpretação, improvisação, composição); apreciação;contextualização, tendo como elemento <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ador a questão:A partir das histórias <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada um e do histórico do ensino damúsica no país, quais eixos têm sido ou não trabalhados?Verificar a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada eixo com a classe e abrir espaço paramanifestações e colocações individuais.Trazer assinalado para a Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s III: “o que eu sei” e “oque eu preciso saber”Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s III (3h)1. Exibição da fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o: Sinfonia do Alto Ribeira – ProjetoBagre-Cego – documentário sobre o trabalho <strong>de</strong> experimentaçãomusical realizado por Hermeto Paschoal e seus músicos naregião do Alto Ribeira (Anexo 1). Deverá ser lido pelocoor<strong>de</strong>nador do módulo, pois contém elementos importantes para otrabalho.Essa sinfonia tem quatro movimentos (partes), cada qual com cerca <strong>de</strong>15 minutos, e uma duração total <strong>de</strong> 45 minutos. O coor<strong>de</strong>nador domódulo <strong>de</strong>verá assistir ao ví<strong>de</strong>o todo para conhecimento integral daobra. No entanto, exibirá a Introdução, o 1º e o 2º Movimentos,procurando fazer com que esses movimentos contribuam para ampliaro conceito e o ensino <strong>de</strong> música.Proposta aos participantes:“Após cada um dos movimentos escolhidos, pare a fita e peça aosprofessores e especialistas que digam palavras que vieram à sua menteao assistir aquele movimento, registrando rapidamente na lousa o quesentiram com a apreciação <strong>de</strong>sta sinfonia”.Após essas ativida<strong>de</strong>s, o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>verá falar sobre a Sinfonia doAlto Ribeira – Projeto Bagre-Cego e sobre a biografia do compositorHermeto Paschoal (Anexo 3).Discussão coletiva com os professores a partir da questão: “Qual acontribuição do trabalho <strong>de</strong> Hermeto Paschoal para a minha prática emeu conceito <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> música?”2. Leitura e discussão, em grupos, do PCN – Arte – séries iniciais doEnsino Fundamental (pp. 78 a 81).• Comunicação e expressão em música: interpretação, improvisação ecomposição.• Apreciação significativa em música: escuta, envolvimento ecompreensão da linguagem musical.• A música como produto cultural e histórico: música e sons domundo.Em grupo:• discutir, procurar contribuir, esclarecendo dúvidas dos colegas (“oque eu sei”) e, também, procurar solucionar suas dúvidas com colegas(“o que eu preciso saber”);• levantar experiências bem-sucedidas na escola, relacionadas com osconteúdos lidos;98


• a seguir, tendo em vista o conteúdo das páginas 78 a 81, relacionar:quais os problemas do grupo; quais as sugestões do grupo; quais asformas <strong>de</strong> ação (ações necessárias) para solucioná-los; quais as formas<strong>de</strong> encaminhamento (como e para quem encaminhá-los); o que nós,professores participantes <strong>de</strong>ste módulo, po<strong>de</strong>mos fazer.3. Trazer para o próximo encontro, anotadas, idéias <strong>de</strong> como iniciar umtrabalho em música na 5ª série com alunos que não tiveram estalinguagem <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s IV (3h)1. Exibição e discussão coletiva do ví<strong>de</strong>o da TV Escola: Ensinar –Apren<strong>de</strong>r – <strong>programa</strong> 5 (15min), da fita PCN – Um compromisso com acidadania.Fazer anotações individuais durante a apresentação do ví<strong>de</strong>o paraauxiliar na discussão posterior.Discussão coletiva e registro na lousa dos elementos fundamentais queessa fita trouxe para o Ensinar – apren<strong>de</strong>r.2. Discussão grupal (a partir <strong>de</strong> registros individuais feitos com o auxíliodo PCN – Arte <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries) e elaboração <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> música <strong>de</strong>stinada a classes <strong>de</strong> 5ª séries, que não tiveram<strong>de</strong>senvolvimento da linguagem musical <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries.Fazer oralmente com o grupo uma recapitulação das reflexões, dasdiscussões e dos itens abordados. Para isso, é interessante que ocoor<strong>de</strong>nador retome, na véspera da Ativida<strong>de</strong> IV, as finalida<strong>de</strong>s, asexpectativas e os conteúdos <strong>de</strong>ste módulo, fazendo suas própriasanotações, que irão auxiliá-lo nessa recapitulação.Deve ser dada atenção ao que é essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>uma linguagem musical própria e ao que apresente os três eixos <strong>de</strong>aprendizagem em música: produção (interpretação, improvisação,criação/composição), apreciação e contextualização.3. Elaboração da proposta.Oferecer a cada grupo folha <strong>de</strong> papel gran<strong>de</strong> e pincel atômico pararegistrar a síntese do trabalho.4. Painel apresentando as propostas <strong>de</strong> cada grupo para <strong>de</strong>bates,dúvidas e questionamentos.5. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.99


Anexo 1Projeto Bagre-Cego(Encarte/publicação que acompanha a fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o Sinfonia do AltoRibeira)Sinfônia do Alto RibeiraProjeto Bagre-CegoO bagre-cego, símbolo do Petar (Parque Estadual Turístico do AltoRibeira), é um peixe sem pigmentação e com olhos atrofiados, que viveno rio <strong>de</strong> uma caverna do Alto Vale do Ribeira.O cineasta Ricardo Lua incluiu-o nas filmagens <strong>de</strong> seu documentário,tomando o máximo cuidado para não ferir o peixe. Foram transportadosdois peixes para o acampamento e acondicionados num tanque comágua <strong>de</strong> seu habitat e mais oxigenação específica, para que nadasofressem.No início do documentário, procura-se fazer um retorno à gênese,focalizando os elementos primários até o que consi<strong>de</strong>ra a presença dohomem na região.Reproduziu-se, ainda, uma manifestação religiosa, da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Iporanga, que ocorre no dia 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – a Procissão <strong>de</strong> NossaSenhora do Livramento. Uma balsa levando a imagem da Virgem <strong>de</strong>sceo rio, seguida por canoas enfeitadas, e o andor encontra no porto o dosanto padroeiro.A parte final do documentário focaliza a ação da <strong>de</strong>struição do homemna região, por meio <strong>de</strong> queimadas e <strong>de</strong>rrubadas <strong>de</strong> árvores.Nesse trabalho <strong>de</strong> filmagem, o “som” é que conduziu os trabalhos <strong>de</strong>cena do filme.A Sinfonia do Alto Ribeira surgiu quando Hermeto Paschoal foiconvidado a documentar musicalmente a região do Alto Ribeira para aprodução <strong>de</strong> um filme e <strong>de</strong> um vi<strong>de</strong>oclip. Mais do que isso, esse<strong>programa</strong> era um projeto, financiado pela CESP, com o apoio dasSecretarias <strong>de</strong> Estado do Interior e da Cultura, do Instituto Florestal, doConselho do Meio Ambiente (Consema) e <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> vinte empresas.O objetivo do projeto era alertar a população para a importância doParque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), cuja <strong>de</strong>marcação aindaestá no papel; para a exploração indiscriminada <strong>de</strong> recursos minerais e<strong>de</strong> certos vegetais; para as culturas <strong>de</strong> subsistência sem planejamento;para a <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras nobres sem replantio.Hermeto compôs essa sinfonia, inspirando-se nos sons do local,documentando musicalmente o Alto Vale do Ribeira, localizado em SãoPaulo. Essa região possui o maior número <strong>de</strong> cavernas do Brasil e umavasta reserva <strong>de</strong> flora e fauna.Na Caverna <strong>de</strong> Santana, Hermeto <strong>de</strong>scobriu, tocando em váriasestalactites, que cada uma <strong>de</strong>las proporciona um som diferente, que seaproxima <strong>de</strong> um instrumento musical. Os sons foram reproduzidos peloscomponentes <strong>de</strong> sua banda, e Hermeto acrescentou à composição osolo <strong>de</strong> uma flauta. Explorou ainda o som da flauta <strong>de</strong>ntro da água <strong>de</strong>100


uma cachoeira e os vários sons vindos da água, fazendo assim uma<strong>de</strong>scoberta natural que foi incluída na composição. Além dos sons danatureza, foram incluídos também sons do próprio corpo humano,como tosse, riso, gargarejos etc., juntamente com instrumentos <strong>de</strong>percussão e <strong>de</strong> sopro (rústicos), fazendo uma mistura <strong>de</strong> ritmos.Hermeto representa a quebra das tradições, das convenções. Ele buscasempre inovar, criar formas diferentes e usar diversos materiais paranos mostrar a gran<strong>de</strong> imensidão <strong>de</strong> sons existentes na natureza.A melhor das parceriasÀ maneira <strong>de</strong> Fitzcarraldo – o obstinado personagem do filme <strong>de</strong> WernerHerzog que fez um navio atravessar, a seco, um trecho da mataamazônica –, o cineasta Ricardo Lua e sua equipe viveram momentosdifíceis e emocionantes na produção do especial Sinfonia do AltoRibeira – Bagre-Cego, que será apresentado na Re<strong>de</strong> Manchete no dia4 <strong>de</strong> junho (terça-feira), às 21h20. Hermeto Paschoal foi o protagonistana aventura <strong>de</strong> documentar musicalmente a belíssima área do Alto Valedo Ribeira. Localizada em São Paulo, essa região concentra o maiornúmero <strong>de</strong> cavernas do Brasil – cerca <strong>de</strong> duzentas estão cadastradas –,configurando-se, assim, em uma consi<strong>de</strong>rável reserva <strong>de</strong> flora, fauna(sobretudo a cavernícola) e pistas arqueológicas e paleontológicas <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> valor científico.Sinfonia do Alto Ribeira – Bagre-Cego, porém, é mais do que o título <strong>de</strong>um <strong>programa</strong> <strong>de</strong> TV, <strong>de</strong> um filme que será lançado em agosto, <strong>de</strong> umdisco acompanhado <strong>de</strong> um álbum e <strong>de</strong> um vi<strong>de</strong>oclip promocional. É umprojeto, financiado pela CESP, com o apoio das Secretarias <strong>de</strong> Estadodo Interior e da Cultura, do Instituto Florestal, do Conselho do MeioAmbiente (Consema) e <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> vinte empresas. O objetivo é alertara população para a importância do Parque Estadual Turístico do AltoRibeira (Petar), cuja <strong>de</strong>marcação ainda está no papel. A exploraçãoindiscriminada <strong>de</strong> recursos minerais e <strong>de</strong> certos vegetais, as culturas <strong>de</strong>subsistência sem planejamento e a <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras nobres semreplantio são algumas das ameaças à região que ainda correspon<strong>de</strong> àgran<strong>de</strong> porcentagem dos <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iros 5% <strong>de</strong> cobertura vegetal primáriado Estado <strong>de</strong> São Paulo.Orquestra ecológica – O bagre-cego, símbolo do Petar e subtítulo doprojeto, é um peixe sem pigmentação e com olhos atrofiados, que viveno rio <strong>de</strong> uma caverna do Alto Vale do Ribeira – ele nunca esteve à luzdo dia. Querendo incluí-lo nas filmagens, mas temendo dizimar, com luzmuito forte, os cem espécimes ainda existentes, Ricardo Lua resolveutransportar dois exemplares para o acampamento. Tomou-se o máximo<strong>de</strong> precaução: os dois bagres-cegos foram acondicionados emcontêineres com 50 litros <strong>de</strong> água <strong>de</strong> seu habitat e mais oxigenaçãoespecífica. “As luzes só foram ligadas na hora da filmagem; os dois nãomorreram e nós os levamos <strong>de</strong> volta à caverna”, festeja Lua. Cerca <strong>de</strong>oitenta pessoas – a equipe <strong>de</strong> produção – ficaram acampadas, durantequinze dias, às margens do rio Bethary, afluente do Ribeira <strong>de</strong> Iguape.O auxílio “tático” foi dado por um <strong>de</strong>stacamento do Comando <strong>de</strong>Operações Especiais do Exército. Mosquitos, cobras e aranhas fizeramparte do cotidiano da equipe.101


Mesmo apresentando riscos e muito <strong>de</strong>sconforto, a região, por suabeleza, tem atraído jovens que ali fazem campings. O interesse dosespeleólogos sempre existiu, porque somente a caverna <strong>de</strong> Santana –on<strong>de</strong> foi gravada a maior parte do especial – tem 6 km <strong>de</strong> extensão.O Alto Vale do Ribeira foi palco para alguns shows <strong>de</strong> música, embriõesda idéia que culminou com o convite feito a Hermeto Paschoal paracompor uma sinfonia especial para a região.Ele compôs inspirando-se (ou literalmente extraindo?) nos sons dolocal. Na caverna <strong>de</strong> Santana, Hermeto <strong>de</strong>scobriu, tocando em váriosconjuntos <strong>de</strong> estalactites, que “cada um proporciona um som diferenteque se aproxima <strong>de</strong> um instrumento musical”. Os sons eramreproduzidos pelos componentes <strong>de</strong> sua banda. Mais tar<strong>de</strong>, eleacrescentaria à composição o solo <strong>de</strong> uma flauta. “De repente, <strong>de</strong>u-mevonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar a flauta <strong>de</strong>ntro da água <strong>de</strong> uma cachoeira, e dalisaiu um som que, no meu enten<strong>de</strong>r, era mais uma <strong>de</strong>scoberta naturalque po<strong>de</strong>ríamos incluir experimentalmente na composição. Percebi osvários sons vindos da água. Imaginei-me voltando à infância, na minhaterra natal, Lagoa <strong>de</strong> Canoas, em Alagoas, e fui <strong>de</strong>ixando que as coisasacontecessem naturalmente, como ocorrem na natureza”, contaHermeto, animado com o que <strong>de</strong>nominou “22 instrumentos naturais <strong>de</strong>minha orquestra sinfônica ecológica”.Retorno à gênese – “No princípio, era o fundo das cavernas.” A frase,sublinhada pelo estrondo <strong>de</strong> um trovão, inicia o especial para atelevisão, enquanto a imagem se <strong>de</strong>tém em um foco <strong>de</strong> luz que passa ailuminar a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma caverna. Os “relâmpagos” foram gravados naGaleria do Rio Ver<strong>de</strong>, na caverna <strong>de</strong> Santana. O especial localiza <strong>de</strong>s<strong>de</strong>os elementos primários até o que consi<strong>de</strong>ra a “presença positiva dohomem” na região.A pequena cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Iporanga, tombada pelo Con<strong>de</strong>phaat, viveu dias<strong>de</strong> esplendor quando sua economia era a mineração do ouro. Naépoca, o transporte era fluvial, o que originou uma tradição religiosaque se mantém viva: a Procissão <strong>de</strong> Nossa Senhora do Livramento,realizada a cada 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro. Uma balsa levando a imagem daVirgem <strong>de</strong>sce o rio, seguida por canoas enfeitadas, e o andor encontrano porto o do santo padroeiro.Tomando conhecimento da manifestação religiosa, Ricardo Lua <strong>de</strong>cidiuincluí-la no roteiro. Mas como promover a festa fora do calendário se aprodução do especial estava sendo realizada em abril? A solução foiconvocar, com ajuda do padre e do prefeito, a população para que aprocissão fosse realizada. A comunida<strong>de</strong> recebeu uma verba daprodução para pintar as canoas e enfeitá-las com capricho. Mesmoassim, restava uma preocupação: e a chuva que todo ano cai nacerimônia <strong>de</strong> encontro das imagens? Conta Lua: “Fui filmando ascanoas enfeitadas com flores e ban<strong>de</strong>irolas e, quando os andoresestavam frente a frente, <strong>de</strong>sabou o maior toró. Foi um momento <strong>de</strong>choque”.Sons e imagens – Em noventa minutos, Hermeto compôs umamúsica em homenagem à Lira <strong>de</strong> Iporanga, que a interpretou, juntocom a banda do compositor, no interior da igreja.A quarta parte do Alto do Ribeira – Bagre-Cego focaliza a ação102


<strong>de</strong>vastadora do homem na região. “A música fúnebre composta porHermeto expressa toda a tragédia e, ao escutá-la, senti uma dor nopeito que durou horas”, conta Ricardo Lua. A música iria sensibilizartambém o cameraman, que, ao escutá-la nos fones <strong>de</strong> ouvido, resolveufazer tremer as imagens. “Os filmes costumam privilegiar a imagem,mas <strong>de</strong>sta vez a cena e o próprio filme foram construídos em função dosom.”Hermeto Paschoal chegou à região para uma estada <strong>de</strong> dois dias, masacabou ficando uma semana, só indo embora por causa <strong>de</strong>compromissos já assumidos. “Essa experiência na minha carreira, além<strong>de</strong> inovadora, serviu como um reencontro com as minhas maisautênticas raízes”, comemora. “Sendo homem do mato, voltei aconviver com a mata, os bichos, as águas e o coração da terra. Estefilme vai levar aos espectadores as mensagens divinas que noscercam.”Anexo 2Música e dança (texto nº 11). In: Professor da pré-escola.Música e dançaO sax da alta madrugada, as duplas caipiras tocam cedo porque ostrabalhadores do campo começam cedo, a música-geral <strong>de</strong> acordar acida<strong>de</strong>, os funcionários motorizados, os motoristas <strong>de</strong> táxi, o rádio daempregada ligado o dia inteiro, o rádio <strong>de</strong> pilha do operário daconstrução, a música <strong>de</strong> fundo das lojas, o som em freqüênciamodulada, o quarto dos adolescentes, as sinfonias e quartetos <strong>de</strong>poisdas refeições. A música por todos os lados, uma espécie <strong>de</strong> hábito,uma espécie <strong>de</strong> habitat, algo que completa o lugar <strong>de</strong> morar, o lugar <strong>de</strong>trabalhar, seu uso constante num preencher os hiatos do meioambiente, do meio ambiente físico e subjetivo, a música distração,distrai o trabalho, distrai o lazer, faz contraponto cego com o que eu voufazer, papel <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>, pano <strong>de</strong> fundo, ponto <strong>de</strong> fuga,acompanhamento em harmônico, agudo, da ativida<strong>de</strong> viver, em todaparte, uma espécie <strong>de</strong> cenário, jardim portátil.O Minuto e o Milênioou Por Favor, Professor,Uma Década <strong>de</strong> Cada Vez.(José Miguel Wisnik)O processo <strong>de</strong> educação das crianças em uma cultura, seja ela qual for,passa pela aprendizagem <strong>de</strong> todos os elementos que a constituem: aorganização social e econômica, a estrutura das relações <strong>de</strong>parentesco, a língua, a religião, a música, a dança etc. Cabe aosadultos educar as crianças, isto é, fazer com que elas conheçam esseselementos para que cresçam contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento dos103


aspectos <strong>de</strong>finidores <strong>de</strong> seu povo, enquanto se <strong>de</strong>senvolvemindividualmente, alimentadas pela cultura que já encontram ao nascer.Como já vimos, a escola é, em socieda<strong>de</strong>s como a nossa, um lugarcriado para que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sse processo educativo aconteça.Muitos dos elementos culturais que há cem anos o espaço familiar seencarregava <strong>de</strong> transmitir às novas gerações passaram, neste século, aser responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições escolares especializadas. Entre elesestão a música e a dança, que se tornaram então “estudos especiais”,algumas vezes (principalmente a música) incorporados ao curriculum <strong>de</strong>Arte das escolas, <strong>de</strong>scaracterizados como objetos socioculturaisespecíficos.Música e dança sempre fizeram parte da vida dos homens emsocieda<strong>de</strong>.As origens da música e da dança como expressões humanas se per<strong>de</strong>mna história remota da vida dos homens. Até hoje, os especialistas nahistória <strong>de</strong>ssas artes não chegaram a um acordo a cerca <strong>de</strong> suasorigens. Alguns acreditam que a música teve início com o canto,enquanto outros afirmam que ela principiou com ritmos tamboriladosque provavelmente acompanhavam danças em rituais para aumentar ascolheitas ou assegurar boas caçadas.De acordo com outros autores, a música originou-se <strong>de</strong> tentativas dohomem <strong>de</strong> domar aspectos da Natureza que consi<strong>de</strong>rava perigosos. Osruídos caóticos do trovão, das tempesta<strong>de</strong>s e dos rugidos <strong>de</strong> animaiseram organizados em rituais em que se produziam sons cominstrumentos feitos <strong>de</strong> materiais obtidos <strong>de</strong> animais mortos – a peletransformava-se em tambores, os ossos em instrumentos <strong>de</strong> sopro, asvísceras em instrumentos <strong>de</strong> corda. Agindo <strong>de</strong>ssa forma, os homenssentiam-se um pouco mais seguros diante das forças indomáveis daNatureza.A dança, para os povos primitivos, constituía também uma linguagemfundamental. Segundo alguns estudiosos, em todas as circunstânciasimportantes da existência a dança era a representação daquilo que játinha acontecido, do que estava acontecendo, ou do que se queriafazer acontecer: as relações sexuais, a caça, a guerra, o ciclo dasestações, a vida e a morte. Em todas estas danças, o aspecto e ocomportamento dos dançarinos seguiam normas <strong>de</strong> uma linguagemritual feita <strong>de</strong> gestos, ritmos e sons, máscaras, roupas e acessóriosvariados. Constituía-se, assim, uma linguagem sagrada que consistiaem evocar imagens e situações mitológicas nas quais se reconheciatudo o que <strong>de</strong> essencial podia acontecer na coletivida<strong>de</strong>.Apesar dos diferentes pontos <strong>de</strong> vista, uma coisa é certa: música edança são ativida<strong>de</strong>s existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tempos primitivos e, em suashistórias, elas aparecem freqüentemente associadas.Música à nossa voltaA música é uma arte. A arte <strong>de</strong> preencher uma <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> tempo com sons organizados <strong>de</strong> forma a “raptar” a atenção <strong>de</strong>quem a escute.Uma criança, ao nascer, encontra-se <strong>de</strong> imediato envolvida pela“paisagem sonora” em que vive sua família e a comunida<strong>de</strong> a que104


pertence. A “paisagem sonora” – soundscape, expressão criada pelocompositor cana<strong>de</strong>nse Murray Shaffer – é este vasto ambiente musicalem que estamos imersos, composto dos mais diversos elementos.Capa época, cada socieda<strong>de</strong>, cada comunida<strong>de</strong> tem sua “paisagemsonora” particular, embora sejam inúmeros os elementos comuns entreessas diferentes “paisagens”. Os instrumentos, os ritmos e as formasmusicais têm se tornado, ao longo da história da música, cada vez maisuniversais, havendo uma interpenetração, no espaço e no tempo, <strong>de</strong>“paisagens sonoras” diferentes. Por exemplo: a música popularbrasileira e a norte-americana compõem a “paisagem sonora” não sódas socieda<strong>de</strong>s brasileira e americana como também da européia emesmo da japonesa, na medida em que compositores como Jorge Bene Michael Jackson são tocados com freqüência nas rádios <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>scomo Tóquio ou Paris. Muitos dos cânticos que atualmente sãoentoados nas igrejas católicas <strong>de</strong> diferentes cida<strong>de</strong>s brasileiras sãocomposições que têm origem na Ida<strong>de</strong> Média – no canto gregoriano.Dessa maneira, a música da Ida<strong>de</strong> Média também compõe nossa“paisagem sonora” contemporânea.Uma criança pequena está imersa no “ambiente sonoro” <strong>de</strong> suafamília e está também exposta à “paisagem sonora” <strong>de</strong> suaépoca. Ao conviver com seu grupo social e pelo contatocom os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa (rádio, televisão, discosetc.), ela irá construindo o seu repertório musical. Quanto mais seuambiente sonoro pu<strong>de</strong>r se expandir, mais ampla será sua educaçãomusical, ou seja, quanto mais oportunida<strong>de</strong>s a criança tiver <strong>de</strong> ouvirmúsica <strong>de</strong> diferentes qualida<strong>de</strong>s – do cancioneiro popular, datradição cultural (folclore) e religiosa da comunida<strong>de</strong>, músicaerudita <strong>de</strong> diferentes épocas e tipos etc. –, mais alimento terá para aconstrução <strong>de</strong> conhecimentos sobre música e para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escuta musical, capacida<strong>de</strong> que lhe darácondições <strong>de</strong> selecionar, do que ouve, aquilo que constituirá o seu“gosto musical”.As crianças também têm contato, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenas, com diferentesexpressões do mundo da dança em festas da cultura popular (carnaval,festas folclóricas, bailes etc.), por meio da televisão, do cinema e doteatro. As crianças sabem que dançar é uma ativida<strong>de</strong> associada àmúsica, isto é, que dançar é produzir com o corpo movimentos queacompanham <strong>de</strong>terminado ritmo musical. Po<strong>de</strong>mos observar que,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito pequenas, elas já acompanham as músicas que ouvemcom palmas, sapateados, volteios <strong>de</strong> cabeça ou <strong>de</strong> quadris.Da mesma forma como acontecerá com o <strong>de</strong>senvolvimento musical,quanto mais as crianças tiverem acesso a situações em que possamrelacionar-se com expressões <strong>de</strong> dança – dançando ou assistindo aoutras pessoas dançar – mais conhecimento po<strong>de</strong>rão construir sobreessa forma <strong>de</strong> expressão.Música e dança na pré-escolaExistem algumas propostas <strong>de</strong> trabalho com música e dança para aspré-escolas. Po<strong>de</strong>mos observar, entretanto, que estas aparecemgeralmente incorporadas às rotinas das classes como instrumentos105


para que alguns objetivos sejam alcançados: objetivos relacionados ao<strong>de</strong>senvolvimento social e emocional da criança e também, algumasvezes, à aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s psicomotoras específicas.Há também algumas práticas que visam preparar a criança pequenapara um aprendizado posterior. São, por exemplo, propostas <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificar ruídos provenientes <strong>de</strong> várias fontes ouvir edistinguir ruídos provenientes do meio natural e humano, diferenciarausência e presença <strong>de</strong> som, acompanhar com palmas movimentos <strong>de</strong>corpo ou batuques <strong>de</strong> diferentes ritmos. Todas estas ativida<strong>de</strong>s visampreparar as crianças para estudos posteriores mais aprofundados.A partir <strong>de</strong>sses pontos <strong>de</strong> vista, música e dança, quando não sãotomados como simples instrumentos, transformam-se em conteúdospara a aprendizagem dos quais cabe à pré-escola preparar as crianças.Escolarizadas, essas linguagens, meios genuínos <strong>de</strong> expressão ecomunicação humana, ficam <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> suas características <strong>de</strong>objetos <strong>de</strong> conhecimento socialmente produzidos e historicamenteconstruídos, com os quais as crianças entram em contato <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitopequenas e sobre os quais começam a construir conhecimento muitoantes <strong>de</strong> entrar na escola. Assim, não se consi<strong>de</strong>ra o prazer <strong>de</strong> produzirou, simplesmente, <strong>de</strong> usufruir a beleza e a alegria que música e dançapo<strong>de</strong>m proporcionar.A escola, como espaço institucional para transmissão <strong>de</strong>conhecimentos socialmente construídos, po<strong>de</strong> se ocupar em promovera aproximação das crianças com outras proprieda<strong>de</strong>s da música quenão aquelas reconhecidas por elas na sua atuação direta, na suarelação espontânea com a música.Isso po<strong>de</strong> realizar-se por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que promovam a ampliaçãoe a transformação do ambiente sonoro das crianças (aquilo que elas jáconhecem da música quando chegam à escola) e que as coloquem emcontato com a história <strong>de</strong>sta arte que vem sendo construída peloshomens através dos séculos.Cabe aos professores criar situações <strong>de</strong> aprendizagem nas quais ascrianças possam estar em relação com um número variado <strong>de</strong>produções musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro,mas, se possível, também <strong>de</strong> origens diversas:• <strong>de</strong> outras famílias, <strong>de</strong> outras comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> outras culturas;• <strong>de</strong> diferentes qualida<strong>de</strong>s: folclore, música popular, música eruditaetc.;• <strong>de</strong> diferentes épocas: Ida<strong>de</strong> Média, Renascença, séc. XIX,Contemporânea etc.;• <strong>de</strong> diferentes formas musicais: sinfonia, música <strong>de</strong> câmara, sambaenredo,hino, rock etc.;• <strong>de</strong> diferentes compositores populares e eruditos.Essas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem partir do que as crianças já conhecem – dorepertório pessoal <strong>de</strong> cada criança e do repertório comum à classe – e<strong>de</strong>senvolver-se <strong>de</strong>ntro das condições e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<strong>de</strong> cada professor.“Até a adolescência tardia, minhas relações com produções artísticasconcentravam-se na música e na dança. A música popular era um106


alimento diário – minha mãe era fã incondicional da Emilinha Borba(jamais da Marlene), do Nélson Gonçalves e do Orlando Silva. Osamericanos chegaram – blues e jazz – na puberda<strong>de</strong> e eu ‘caí <strong>de</strong> boca’.A música erudita, chamada clássica, chegou por meio <strong>de</strong> uma coleçãoda Abril Cultural e eu adorava os compositores românticos.A dança clássica era o meu sonho. Eu queria ser bailarina, mas opreconceito paterno, que via nesta profissão uma ‘nódoa’ na família,impediu-me <strong>de</strong> rivalizar com a Isadora Duncan. Resignei-me a ficartentando, em casa, repetir os passos da Rita Hayworth, do Fred Astairee dos companheiros do Gene Kelly: ‘Dançando na chuva’ e nos salõesdo clube <strong>de</strong> bairro nas festas da Rainha da Primavera.”Depoimento da professora Vitória Lima, do Rio <strong>de</strong> Janeiro.É o professor quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, a partir do seu próprio conhecimento e <strong>de</strong>suas preferências musicais, quais as melhores fontes on<strong>de</strong> buscarinformações sobre aspectos que a música envolve e que não sãodiretamente observáveis: os instrumentos, suas características e suahistória; os compositores, sua biografia, época e produção; as<strong>de</strong>signações das diferentes formas musicais e <strong>de</strong> como po<strong>de</strong>m serexecutadas (os concertos são executados por orquestras sinfônicas, osamba-enredo por coro <strong>de</strong> vozes e bateria etc.).Essas fontes <strong>de</strong> informação po<strong>de</strong>m ser, por exemplo, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>pessoas da comunida<strong>de</strong> (instrumentistas, compositores, cantores,estudiosos da História da Música), participação em eventos públicosreligiosos ou laicos, material fonográfico (discos e fitas), materialimpresso (jornais, revistas, livros <strong>de</strong> História da Música, partituras etc.).Não existem temas ou músicas ina<strong>de</strong>quadas ou inacessíveis acrianças, quando são introduzidas <strong>de</strong> maneira a respeitar suascondições <strong>de</strong> aprendizagem.É também uma ilusão pensar que a falta <strong>de</strong> recursos tecnológicos (dotipo gravadores, vitrolas, discos, fitas) ou instrumentos musicais emclasse impossibilite um bom trabalho com música. O professor e ascrianças trazem consigo todo o tempo os instrumentos necessáriospara esse trabalho: a própria voz e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir e reproduzircom o canto tudo o que pu<strong>de</strong>r ir sendo incorporado ao repertório daclasse.O canto é a mais pessoal e íntima das formas musicais. Cada pessoapossui a sua própria “impressão musical”, assim como tem sua“impressão digital”, com características únicas. Se o professor pu<strong>de</strong>rconsi<strong>de</strong>rar as particularida<strong>de</strong>s e as possibilida<strong>de</strong>s da voz <strong>de</strong> cadacriança, saberá que tem em sua classe um número incalculável <strong>de</strong>instrumentos com os quais po<strong>de</strong>rá realizar seu trabalho.As crianças sabem que se dança música, isto é, que a dança estáassociada à música, e geralmente sentem gran<strong>de</strong> prazer em dançar. Seos professores levarem isso em conta e consi<strong>de</strong>rarem como ponto <strong>de</strong>partida o repertório atual <strong>de</strong> sua classe (o das crianças e o seu próprio)e pu<strong>de</strong>rem expandir este repertório comum com o repertório do seugrupo cultural e <strong>de</strong> outros grupos, criando situações em que as criançaspossam dançar, certamente estarão contribuindo significativamentepara a formação das crianças.107


É necessário que os professores se reconheçam como sujeitosmediadores <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong>ntro do processo educativo infantil e quelevem em conta a importância do aprendizado das artes no<strong>de</strong>senvolvimento e na formação das crianças como indivíduosprodutores e reprodutores <strong>de</strong> cultura. Só assim po<strong>de</strong>rão procurar ereconhecer todos os meios que têm em mãos para criar, à sua maneira,situações <strong>de</strong> aprendizagem que dêem condições às crianças <strong>de</strong>construir conhecimento sobre música e dança.Anexo 3Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. 2ª ed.São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998.Paschoal, Hermeto. Instr., arranj., comp. Arapiraca-AL 22/6/1939-.Nascido no distrito <strong>de</strong> Lagoa da Canoa, aos sete anos conseguiu umasanfona <strong>de</strong> oito baixos, logo começando a tocar. Mais tar<strong>de</strong>, quandoganhou outra do pai, que era sanfoneiro, com 32 baixos, passou a seinteressar por diferentes instrumentos <strong>de</strong> teclado. Por volta dos11 anos, tocava em bailes e forrós com o irmão José Neto. Em 1950 afamília transferiu-se para Recife-PE, on<strong>de</strong> começou a atuar, ainda emdupla com o irmão, em <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> rádio, seguindo <strong>de</strong>pois paraCaruaru-PE e apresentando-se na emissora local. No Recife, em 1956,tocava acor<strong>de</strong>om para acompanhar calouros na Rádio Jornal doComércio. Dois anos <strong>de</strong>pois mudou-se para o Rio <strong>de</strong> Janeiro-RJ, on<strong>de</strong>,no ano seguinte, tocou no Regional <strong>de</strong> Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro e comos conjuntos <strong>de</strong> Fafá Lemos e Copinha. Em 1960 atuou na RádioMauá, do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e um ano <strong>de</strong>pois foi para São Paulo-SP,apresentando-se nas boates Chicote, Stardust e outras casas noturnaspaulistanas. Por essa época, começou a se interessar por flauta eoutros instrumentos <strong>de</strong> sopro, e formou o conjunto Som Quatro, comPapudinho (pistom), Dilson (bateria) e Azeitona (contrabaixo). Em 1964passou a integrar o Sambrasa Trio, com Claiber (contrabaixo) e AirtoMoreira (bateria), até o ano seguinte. Em 1965 fez sua primeiragravação, participando como instrumentista do LP Caminho, do cantorWalter Santos. Um ano <strong>de</strong>pois, entrou, como pianista e flautista, para oQuarteto Novo, com Heraldo (viola e guitarra), Teo <strong>de</strong> Barros(contrabaixo e violão) e Airto Moreira (percussão). Sua primeiracomposição gravada foi O ovo, com o Quarteto Novo, pela O<strong>de</strong>on, em1967, que fazia parte do único LP gravado por esse conjunto. Com omesmo grupo acompanhou Edu Lobo em Ponteio (Edu Lobo eCapinam), música vencedora da III FMPB, da TV Record, <strong>de</strong> São Paulo,em outubro <strong>de</strong> 1967 e, a partir <strong>de</strong> 1969, após a dissolução doQuarteto Novo, atuou em shows do compositor. Ainda em 1968,apresentou-se na França. Três anos <strong>de</strong>pois, nos EUA, convidado pelopercussionista Airto Moreira, gravou com o pistonista Miles Davis.Participou da gravação como instrumentista e compositor, embora suasduas músicas incluídas no LP (Miles Davis Live), A igrejinha e Nenhum108


talvez, tenham sido lançadas como <strong>de</strong> autoria do pistonista norteamericano.No mesmo ano, em Nova York, gravou seu primeiro LP,produzido por Flora Purim e Airto Moreira para a etiqueta Cobblestone.Ainda em 1971, gravou um LP com Airto Moreira, que incluiu Gaio daroseira, música criada por seus pais, que a cantavam trabalhando, porvolta <strong>de</strong> 1941. Com arranjo seu, a música foi apontada pela críticainglesa como uma das melhores do ano. Em 1972, excursionou pelosEUA e México, e retornou ao Brasil, gravando na Philips seu primeiro LPno país, A música livre <strong>de</strong> Hermeto. O disco, produzido pelo baterista doZimbo Trio, Rubinho, incluía suas composições Plin e Bebê e maisCarinhoso (Pixinguinha e João <strong>de</strong> Barro) e Gaio da roseira. Ainda em1972, recebeu o prêmio <strong>de</strong> melhor solista, da APCA, e, no anoseguinte, pela mesma associação, prêmio <strong>de</strong> melhor arranjador. Em1974 foi novamente aos EUA e, no ano seguinte, participou do FestivalAbertura, da Re<strong>de</strong> Globo <strong>de</strong> Televisão, em São Paulo, com a músicaPorco na festa, que obteve o prêmio <strong>de</strong> melhor arranjo. Em 1979participou do Festival <strong>de</strong> Jazz <strong>de</strong> Montreux, Suíça, lançando em LPduplo sua performance: Hermeto Paschoal ao vivo, pela Warner. No anoseguinte, também pela Warner, gravou o LP Cérebro magnético.A gravadora Som da Gente, especializada em música instrumental,lançou 5 LPs nos anos 1980 com músicas suas. De gran<strong>de</strong>versatilida<strong>de</strong>, compôs também peças sinfônicas, e, em 1996,concretizou o projeto <strong>de</strong> compor uma música para cada dia do ano,trabalho a ser publicado em forma <strong>de</strong> songbook. Também em 1996,recebeu o Prêmio Sharp <strong>de</strong> melhor arranjo instrumental, pelos arranjosdo CD Kids of Brazil, do Duofel, e o Prêmio Ari Barroso. Toca tambéminstrumentos que inventou e utiliza a sonorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> objetos comogarrafas, panelas ou latas em suas músicas. Um dos mais criativosmúsicos brasileiros, tem apresentado arranjos, composições eexecuções nos inúmeros instrumentos que domina (teclado, flauta,violão e saxofone), apesar <strong>de</strong> autodidata. Excursiona todos os anos pelaEuropa, on<strong>de</strong> sua música é muito apreciada. Ver QUARTETO NOVO.109


Módulo 8AAvaliação em Arte


8 horasPropiciar que os professores e especialistas em Arte:• observem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar avaliação em Arte porintermédio <strong>de</strong> ações que favoreçam a aprendizagem na área;• percebam que a avaliação é feita a partir <strong>de</strong> alguns critérios e queessa envolve tanto os processos como os produtos da aprendizagem ea consi<strong>de</strong>ração sobre os modos <strong>de</strong> ensinar os conteúdos.• Perceber e criar diferentes formas <strong>de</strong> avaliar incluindo os trêsâmbitos <strong>de</strong> aprendizagem significativa e sua articulação: fazer, apreciare contextualizar no processo <strong>de</strong> avaliação.Princípios que orientam a avaliação em Arte e compreensão doscritérios <strong>de</strong> avaliação em Arte nas distintas linguagens.(Duração: 8h)• PCN – Arte.• Materiais disponíveis para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> artesvisuais, música, teatro e dança (tintas, pincéis, papéis, lápis <strong>de</strong> cera,argila, tesouras, cola, instrumentos musicais, sucatas e tecidos variadospara confecção <strong>de</strong> cenários, figurinos, maquiagens e outrosequipamentos ou materiais disponíveis na escola para as aulas <strong>de</strong> Arte,como, por exemplo: livros com imagens, gravadores, toca-fitas e discos,TV, ví<strong>de</strong>os, retroprojetor etc.).1. Debate em pequenos grupos sobre avaliação a partir das seguintesquestões (1h30):• O trabalho <strong>de</strong> Arte dos alunos po<strong>de</strong> ser avaliado? Como?• Ao ser avaliado em suas criações em artes visuais, dança, teatro oumúsica, o aluno po<strong>de</strong> ficar bloqueado para seguir participando dasaulas? Quando isso po<strong>de</strong> acontecer e como po<strong>de</strong> ser evitado?• Quais formas <strong>de</strong> avaliação po<strong>de</strong>riam ser a<strong>de</strong>quadas para estabelecer113


elações entre o que planejamos ensinar e o que foi aprendido pelosalunos em Arte?• O que po<strong>de</strong> ser avaliado em Arte?Observação: é interessante que alguém do grupo registre as principaisconclusões do <strong>de</strong>bate para que <strong>de</strong>pois todos possam copiá-las e tê-lascomo referência.Peça aos participantes que escrevam suas conclusões em uma folha eelejam um relator do grupo para socializarem as discussões. Orienteque elejam um professor para fazer uma síntese dos relatos dos gruposem um papel gran<strong>de</strong> ou lousa <strong>de</strong> modo que todos possam acompanhar.2. Leitura das páginas 53 a 57 dos PCN – Arte <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries(1h30).Planejamento em pequenos grupos <strong>de</strong> uma aula <strong>de</strong> Arte (cada grupoescolherá uma das linguagens: teatro, dança, música ou artes visuais),na qual a observação das roupas dos participantes <strong>de</strong> cada grupo seráo ponto <strong>de</strong> partida para o trabalho a ser proposto.Seleção <strong>de</strong> conteúdos a partir <strong>de</strong> estímulos variados presentes nasvestimentas: estampas, cores, formas, tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cote, comprimentos,mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> calças, saias, tipos <strong>de</strong> tecido (sintético, natural), técnicas<strong>de</strong> confecção (industrial, artesanal), estilos (clássico, regional,esportivo, jovem), camisas, camisetas, mo<strong>de</strong>los femininos, masculinosou unissex, estabelecendo as relações mais variadas para estruturar aspropostas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Por exemplo: as relações entre estampas eritmos, cores e sons, roupas e personagens, roupas e movimentos,estampa e projeto gráfico, imagem e reprodução, transformações erecombinações das partes das peças, relações entre roupa eambiente etc.Aspectos para reflexão: ano em que alguma peça passou a existir,origem <strong>de</strong> algumas roupas produzidas localmente, preço, processo <strong>de</strong>produção e distribuição, a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> contextos sociais <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>ssasroupas na comunida<strong>de</strong>, a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> gênero para <strong>de</strong>terminadaspeças, intenção estética dos produtores.Levantamento dos conteúdos a serem ensinados e aprendidos em cadagrupo para planejamento <strong>de</strong> uma aula para os <strong>de</strong>mais colegas do curso.Observação: é interessante que se planejem ações a seremexperimentadas pelos “alunos”, envolvendo o fazer Arte, o apreciar e ocontextualizar das distintas linguagens.(Para isso, indique que releiam, caso seja necessário, nos PCN – Arte<strong>de</strong> 5ª a 8ª séries, sobre os eixos <strong>de</strong> aprendizagem significativa – pp. 49a 51).3. Leitura e discussão pelos grupos que planejarama aula do texto sobre critérios <strong>de</strong> avaliação correspon<strong>de</strong>nte àlinguagem escolhida nos PCN – Arte respectivamente para artesvisuais (pp. 69 e 70); dança (pp. 77 e 78); música (pp. 87 e 88)e teatro (pp. 93 e 94).4. Apresentação das aulas; cada grupo ministrará a aula preparadapara o restante da turma (2h30).114


Observação: o controle do tempo é essencial, pois cada grupoapresentará seu trabalho.5. Fazer a avaliação com o grupo <strong>de</strong> “alunos’’. É importante retomar asindicações do texto das páginas 53 a 57 dos PCN – Arte e as leiturasrealizadas na Ativida<strong>de</strong> 3 (1h20).6. Em grupo, fazer uma síntese dos processos vividos durante o móduloe anotar no ca<strong>de</strong>rno para que possa ser utilizada nos módulosseguintes (40min).115


Módulo 9Projetos <strong>de</strong> trabalho:dando vida aos conteúdos<strong>de</strong> Música


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental, ao trabalhar com os TemasTransversais, Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong>:• estabeleçam conexões entre os blocos <strong>de</strong> conteúdos/eixos dalinguagem musical;• percebam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar, simultaneamente, conteúdos<strong>de</strong> diferentes blocos das linguagens musicais e <strong>de</strong> artes visuais;• estabeleçam conexão com outras áreas, <strong>de</strong>vendo elaborar propostas<strong>de</strong> trabalho integradoras.Espera-se que, ao final <strong>de</strong>ste módulo, os professores, por meio dosTemas Transversais que estamos enfocando, Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong>:• trabalhem com “paisagens sonoras” <strong>de</strong> diferentes tempos eespaços, utilizando conhecimentos <strong>de</strong> ecologia acústica, <strong>de</strong>senvolvendouma nova escuta do ambiente sonoro;• façam uso <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> registros sonoros não convencionais nagrafia e leitura <strong>de</strong> produções musicais próprias ou <strong>de</strong> outros;• compreendam, analisem e construam relações entre música, artesvisuais, bem como com as outras áreas do conhecimento: CiênciasNaturais, História, Geografia, Educação Física, Língua Estrangeira,Língua Portuguesa, Matemática.Expressão e comunicação em Música: improvisação, composiçãoe interpretação• Experimentação, improvisação e composição a partir <strong>de</strong> propostasda própria linguagem referentes a paisagens sonoras <strong>de</strong> distintosespaços geográficos (bairros, ruas, cida<strong>de</strong>s) e épocas históricas.• Elaboração e leitura <strong>de</strong> trechos simples <strong>de</strong> criação sonora grafados<strong>de</strong> modo não convencional que registrem: altura, duração, intensida<strong>de</strong>,timbre, textura e silêncio, procurando <strong>de</strong>senvolver a leitura musical evalorizar processos pessoais e grupais.Apreciação significativa em Música: escuta, envolvimento ecompreensão da linguagem musical• Manifestações pessoais <strong>de</strong> idéias e sentimentos sugeridos pelamemória e escuta musical, levando em conta o imaginário.• Reflexões sobre os efeitos causados na audição, no temperamento,na saú<strong>de</strong> das pessoas, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, pelos hábitos <strong>de</strong> utilização<strong>de</strong> volume alto nos aparelhos <strong>de</strong> som e pela poluição sonora do mundocontemporâneo, discutindo sobre prevenção, cuidados e modificaçõesnecessárias nas ativida<strong>de</strong>s cotidianas.Compreensão da Música como produto cultural e histórico• Contextualização no tempo e no espaço das paisagens sonoras <strong>de</strong>diversos meios ambientes, reflexão e posicionamento sobre as causas eas conseqüências da qualida<strong>de</strong> atual <strong>de</strong> nosso ambiente sonoro,119


projetando transformações <strong>de</strong>sejáveis.• Conhecimento <strong>de</strong> algumas transformações pelas quais passaram asgrafias musicais ao longo da História e respectivas modificações pelasquais passou a linguagem musical.• Papel ofício;• lousa;• giz colorido;• folhas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> papel pardo/pincel atômico;• giz <strong>de</strong> cera;• fita crepe;• aparelho <strong>de</strong> TV e ví<strong>de</strong>o;• aparelho <strong>de</strong> som (para CD e/ou LP, com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazergravação sonora do ambiente);• fita cassete;• retroprojetor <strong>de</strong> transparências;• PCN para o 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental <strong>de</strong> todas as áreas,para utilização em grupos (alguns jogos completos);• fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o/discos/reproduções <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> artes visuais epublicações.Fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e publicações:• Aqua – fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o nº 284 da vi<strong>de</strong>oteca da FDE (ví<strong>de</strong>o produzidopela FDE/SP). Duração: 11 min.• Fita <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o Sinfonia do Alto Ribeira – Projeto Bagre-Cego –Introdução/3º e 4º movimentos (documentário sobre o trabalho <strong>de</strong>experimentação musical realizado por Hermeto Paschoal e seusmúsicos na região do Alto Ribeira), fita nº 187 da vi<strong>de</strong>oteca da FDE.• Programas da TV Escola – fita 7 – Temas Transversais, <strong>programa</strong>s n os3 e 5 (Saú<strong>de</strong>, Meio Ambiente).Anexo 1 – SCHAFFER, M. A nova paisagem sonora. In: O ouvidopensante. São Paulo: Editora Unesp, 1991.Anexo 2 – FERNANDES, I. M. B. A. Música na escola. In: FDE/APEOESP(org.) Educação artística. São Paulo, FDE/APEOESP, 1992, pp. 4-7.Anexo 3 – FERNANDES, Ivete Maria Borges (org.). Algumastransformações pelas quais tem passado a grafia musical no <strong>de</strong>correrdos tempos.– FERRAZ, M. H. C. <strong>de</strong> T. Metodologia do ensino <strong>de</strong> arte. São Paulo:Cortez, 1993.– Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria <strong>de</strong> Educação àDistância – Projetos <strong>de</strong> trabalho. In: Ca<strong>de</strong>rnos da TV Escola PCN daescola, Nº 3, 1998.– MARTINS, M. C. F. D.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T. G. Didática doensino da Arte; a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer Arte.São Paulo: FTD, 1998.– MORAES, J. J. <strong>de</strong>. O que é música. São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 1986.120


Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> I (4h)1. Vamos trabalhar com um passado distante e com os dias <strong>de</strong> hoje.Para isso vamos mergulhar em nosso imaginário.Vamos pensar em uma vila, uma al<strong>de</strong>ia do século XVI, ou em cida<strong>de</strong>sbrasileiras do Brasil Império. O que teria na praça, nas ruas, nas casas<strong>de</strong>ssa vila? Que sons po<strong>de</strong>ríamos ouvir se estivéssemos lá? O que seuimaginário lhe traz? O que <strong>de</strong>veria estar acontecendo por lá? Quais equantas pessoas po<strong>de</strong>ríamos ver? Qual era a “paisagem sonora” <strong>de</strong>sselugar? (O coor<strong>de</strong>nador do módulo po<strong>de</strong>rá, também, provi<strong>de</strong>nciar umareprodução <strong>de</strong> obra <strong>de</strong> arte com essas características e/ou fazertransparência para trabalhar com a classe. Há pinturas <strong>de</strong> Frans Post,Rugendas, Debret, e outros mais.)Expressão <strong>de</strong> idéias e sentimentos sugeridos pela memória e escutamusical por meio do imaginário. Após a participação e colocação <strong>de</strong>várias pessoas, dá-se continuida<strong>de</strong>.E hoje? Como são as cida<strong>de</strong>s? Pessoas? Movimentos? O que mudou?Houve inclusão e/ou exclusão <strong>de</strong> algum elemento? Quais são seussons? O que mudou? Por quê?Reflexão, em gran<strong>de</strong> grupo, sobre as causas e as conseqüências daqualida<strong>de</strong> atual <strong>de</strong> nosso ambiente sonoro, projetando transformações<strong>de</strong>sejáveis.2. Pensando nestes dois extremos, vamos tentar produzir os sons queimaginamos.Dividir a classe em pequenos grupos, em círculos, com as pessoas bempróximas. Cada grupo escolhe se trabalhará com os sons <strong>de</strong> temposmais remotos ou com os sons contemporâneos. A proposta é:improvisar, brincar com os sons, colocar uns, silenciar outros. Irpensando nessa cida<strong>de</strong> imaginária e, também, ir sentindo os sons e asentradas <strong>de</strong> cada um dos colegas do grupo, usando a empatia, aintuição, ir colocando seus sons procurando “se ligar” ao grupo, ircolocando seu(s) som(ns) nos momentos que achar que fica melhor.É uma improvisação, uma “brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> sons” <strong>de</strong> nosso imaginário.Enquanto a classe vai experimentando, procurando, improvisando, oprofessor(a) segue pela classe observando, contribuindo e orientando,quando necessário.3. Após essa dinâmica, vamos gravar cada um dos grupos, para quetodos possam ouvir seu próprio grupo e, também, apren<strong>de</strong>r com ooutro.Gravamos, escutamos e passamos a falar sobre essa improvisação.Cada grupo fala <strong>de</strong> seu próprio trabalho: o que foi prazeroso ou gerouansieda<strong>de</strong>, o que fazer para melhorar o resultado. E, também,comentários sobre elementos da linguagem musical: som, duração,timbre, textura, dinâmica. Retomaremos esse trabalho no próximoencontro. Mas antes vamos fazer registros gráficos <strong>de</strong>sses sons.Alguém tem uma idéia? Querem discuti-la? Cada um inventa, cria seussinais e códigos (fornecemos giz <strong>de</strong> cera e papel sulfite) e fazemos umaavaliação conjunta.121


4. A seguir, trabalhar com reproduções <strong>de</strong> paisagens imaginandoquais sons <strong>de</strong>veriam estar ali. Reiniciar o processo, agora procurandodar som às imagens. Um trabalho com sons por meio da visualida<strong>de</strong>.5. Após trabalhar com improvisação, gravá-las para audição. A criaçãosonora será retomada no próximo encontro. Mas, para isso, uma tarefa:trazer para o próximo encontro um diário <strong>de</strong> sons do nosso cotidiano.Qualquer tipo <strong>de</strong> som: agradável ou não.6. Apresentar ao grupo <strong>de</strong> participantes o texto <strong>de</strong> Murray Shafer.Dividir a classe em grupos para que leiam trechos do capítulo A novapaisagem sonora e preparem apresentação em painéis para o 3ºencontro (Anexo 1).7. Leitura do documento dos PCN – Arte (pp. 78 a 80). Lê-logrupalmente e respon<strong>de</strong>r à questão abaixo, por meio <strong>de</strong> umrepresentante <strong>de</strong> cada grupo:“Que contribuições esse texto nos dá para um projeto <strong>de</strong> trabalho comconteúdos <strong>de</strong> música no qual os Temas Transversais: Meio Ambiente eSaú<strong>de</strong> estão presentes?”8. Finalização dos trabalhos do dia assistindo aos <strong>programa</strong>s da TVEscola que abordam Saú<strong>de</strong> e Meio Ambiente, cada um fazendoregistros individuais que serão utilizados no próximo encontro.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s II (4h)1. Iniciar retomando e discutindo os itens abordados nos ví<strong>de</strong>os dosTemas Transversais: Saú<strong>de</strong> e Meio Ambiente.2. Introduzir reflexões sobre os efeitos causados na audição, notemperamento, na saú<strong>de</strong> das pessoas, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, peloshábitos <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> volume alto nos aparelhos <strong>de</strong> som e pelapoluição sonora do mundo contemporâneo, discutindo sobreprevenção, cuidados e modificações necessárias às ativida<strong>de</strong>scotidianas. Utilizar as anotações feitas no “diário <strong>de</strong> sons” comocontribuição para esta discussão.3. Disponibilizar aos grupos alguns conjuntos dos PCN, <strong>de</strong> forma quecada grupo possa ter um exemplar, quer seja <strong>de</strong> História, Ciências,Matemática etc., enfim, um por grupo. Porém, as páginas relativas aosobjetivos e aos conteúdos <strong>de</strong>vem ser xerocadas <strong>de</strong> forma que cadaparticipante tenha seu material. (Uma leitura feita por apenas umelemento do grupo faz com que o trabalho se disperse, com a baixaconcentração.)A proposta <strong>de</strong> trabalho é: analisar e construir relações entre Música,artes visuais e as outras áreas do conhecimento, tendo como fiocondutor os Temas Transversais Saú<strong>de</strong> e Meio Ambiente. Anotar asrelações estabelecidas com pincel atômico, em folha <strong>de</strong> cartolina oupapel manilha, fixando na lousa, varal ou pare<strong>de</strong>.122


4. Ler em duplas o texto Música na escola (Fernan<strong>de</strong>s, I.M.B.A.) (Anexo2) reunindo-se, a seguir, em grupos <strong>de</strong> quatro elementos para comentaro texto e fazer relações do trabalho prático <strong>de</strong> improvisação e criaçãodo encontro anterior com o texto lido.Abrir espaço para observações verbais, cuja proposta po<strong>de</strong> ser: “O quefizemos no encontro anterior em produção musical (improvisação ecriação) que po<strong>de</strong>/<strong>de</strong>ve ser melhorado? O que chamou mais a suaatenção neste texto?”5. Retomar os trabalhos <strong>de</strong> criação/composição sonora, procurandointroduzir novos sons e organização sonora, tendo como suporte asanotações feitas no “diário <strong>de</strong> sons”. (Repetir os procedimentos doencontro anterior.)Cada grupo <strong>de</strong>verá fazer registros gráficos <strong>de</strong>sta nova organizaçãosonora que inventou os sons, procurando, para o próximo encontro,enriquecê-los.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s III1. Assistir ao ví<strong>de</strong>o Aqua procurando apreciar, numa primeira vez, avisualida<strong>de</strong>; e, numa segunda vez, as músicas e as relações dasmesmas com as imagens que o ví<strong>de</strong>o vai apresentando. Logo após,externar sentimentos sugeridos pela escuta musical e pela memória.Estabelecer inter-relações entre essas duas modalida<strong>de</strong>s artísticas e as<strong>de</strong>mais áreas do conhecimento.2. Retomar a leitura feita no encontro anterior. O coor<strong>de</strong>nador do grupojá <strong>de</strong>verá ter preparado uma síntese em transparência ou em cartolinapara discussão dos elementos que o texto traz, levantando, também, aconexão do mesmo com as oficinas <strong>de</strong> criação sonora.3. Refletir com os participantes sobre as grafias contemporâneas e amutabilida<strong>de</strong> das grafias musicais no <strong>de</strong>correr dos tempos, que darãouma boa contribuição para o trabalho que eles estão fazendo <strong>de</strong>registro gráfico <strong>de</strong> suas criações/composições sonoras (Anexo 3).Algumas transformações pelas quais tem passado a grafia musical no<strong>de</strong>correr dos tempos.4. Apresentação <strong>de</strong> painéis sobre o capítulo A nova paisagem sonora<strong>de</strong> Schafer, incorporando, na análise, elementos que já foramdiscutidos neste módulo. Cada grupo, nessa Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sIII, apresentará o encaminhamento <strong>de</strong> seu Projeto <strong>de</strong> trabalhoconectando as distintas áreas do conhecimento.Seqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s IV1. Exibição do ví<strong>de</strong>o Sinfonia Alto Ribeira (Hermeto Paschoal) –Introdução, 3º e 4º movimentos.Apreciação visual e musical; conexão com os Temas Transversais –Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong>; comentários que po<strong>de</strong>rão advirdas leituras feitas dos PCN <strong>de</strong> outras áreas e <strong>de</strong>mais leituras ouvivências.123


2. Apresentação dos projetos <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> cada grupo, seguida <strong>de</strong>comentários e discussões, bem como contribuições pela coor<strong>de</strong>naçãodo módulo.3. Término do trabalho <strong>de</strong> criação/composição musical (interpretação e/ou improvisação) com paisagens sonoras, tanto da atualida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>outros períodos históricos (por intermédio do imaginário), afixando nalousa as “partituras” <strong>de</strong> cada grupo, lendo-as ao executá-las.Análise com os grupos dos elementos da linguagem musical (som,duração, timbre, textura, dinâmica, forma etc.)Orientação para o coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ste módulo:• É importante combinar com todos os grupos que se formarão umhorário <strong>de</strong> planejamento e estudo, fora das horas <strong>de</strong>stinadas aosencontros do módulo.• É também bastante enriquecedor utilizar livros e textos que orientemna elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> trabalho.Anexo 1A nova paisagem sonora. In: SCHAFER, R. Murray. Ouvido pensante.Tradução Marisa Trench <strong>de</strong> O. Fonterrada, Magda R. Gomes da Silva,Maria Lucia Pascoal. São Paulo: Editora Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista,1991.A nova paisagem sonoraEntreouvido no saguão, <strong>de</strong>pois da primeira apresentação da Quinta, <strong>de</strong>Beethoven: – Sim, mas isso é música?Entreouvido no saguão, <strong>de</strong>pois da primeira apresentação do Tristão, <strong>de</strong>Wagner: – Sim, mas isso é música?Entreouvido no saguão, <strong>de</strong>pois da primeira apresentação da Sagração,<strong>de</strong> Stravinsky: – Sim, mas isso é música?Entreouvido no saguão, <strong>de</strong>pois da primeira apresentação do Poèmeélectronique, <strong>de</strong> Varèse: – Sim, mas isso é música?Um avião a jato arranha o céu por sobre minha cabeça, e eu pergunto:– Sim, mas isso é música? Talvez o piloto tenha errado <strong>de</strong> profissão?SIM, MAS ISSO É MÚSICA?MÚSICA: Arte <strong>de</strong> combinar sons visando à beleza da forma e àexpressão das emoções; os sons assim produzidos; som agradável, porexemplo o canto <strong>de</strong> um pássaro, o murmúrio <strong>de</strong> um riacho, o latido <strong>de</strong>cães (The Concise Oxford English Dictionary, 4ª edição, 1956).Era um dos meus primeiros dias na sala <strong>de</strong> música. A fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobriro que <strong>de</strong>veríamos estar fazendo ali, propus à classe um problema.Inocentemente perguntei: – “O que é música?”Passamos dois dias inteiros tateando em busca <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição.Descobrimos que tínhamos <strong>de</strong> rejeitar todas as <strong>de</strong>finições costumeirasporque elas não eram suficientemente abrangentes, e não se po<strong>de</strong> ter124


uma <strong>de</strong>finição que não inclua todos os objetos ou ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suacategoria. A <strong>de</strong>finição a que chegamos e a transcrição da nossatrajetória <strong>de</strong> pensamento são relatadas em “O compositor na sala <strong>de</strong>aula”. Um sem-número <strong>de</strong> pessoas solícitas tem chamado a atençãopara ina<strong>de</strong>quações naquela <strong>de</strong>finição. Concordo com suas críticas.O simples fato é que, à medida que a crescente margem a quechamamos <strong>de</strong> vanguarda continua suas explorações pelas fronteiras dosom, qualquer <strong>de</strong>finição se torna difícil. Quando John Cage abre a portada sala <strong>de</strong> concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessarem suascomposições, ele ventila a arte da música com conceitos novos eaparentemente sem forma.Apesar disso, eu não gostava <strong>de</strong> pensar que a questão <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir oobjeto a que estamos <strong>de</strong>votando nossas vidas fosse totalmenteimpossível. Eu achava que John Cage também não pensaria isso, eentão encrevi para ele e lhe pedi sua <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> música. Suaresposta:“Música é sons, sons à nossa volta, quer estejamos <strong>de</strong>ntro ou fora <strong>de</strong>salas <strong>de</strong> concerto” – veja Thoreau.A referência é ao Wal<strong>de</strong>n, <strong>de</strong> Thoreau, em que o autor <strong>de</strong>scobre uminesgotável entretenimento nos sons e visões da natureza.Definir música meramente como “sons” teria sido impensável hápoucos anos, mas hoje são as <strong>de</strong>finições mais restritas que estão serevelando inaceitáveis. Pouco a pouco, no <strong>de</strong>correr do século XX, todasas <strong>de</strong>finições convencionais <strong>de</strong> música vêm sendo <strong>de</strong>sacreditadas pelasabundantes ativida<strong>de</strong>s dos próprios músicos.Primeiro, com a tremenda expansão dos instrumentos <strong>de</strong> percussão emnossas orquestras, muitos dos quais produzem sons arrítmicos e semaltura <strong>de</strong>finida; em seguida, pela introdução <strong>de</strong> procedimentosaleatórios em que todas as tentativas <strong>de</strong> organizar racionalmente ossons <strong>de</strong> uma composição se ren<strong>de</strong>m às leis “mais altas” da entropia;<strong>de</strong>pois disso, pela abertura dos receptáculos <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> espaço aque chamamos <strong>de</strong> composições e salas <strong>de</strong> concerto, para permitir aintrodução <strong>de</strong> todo um novo mundo <strong>de</strong> sons que estavam fora <strong>de</strong>les.(No 4’33” Silence, <strong>de</strong> Cage, ouvimos apenas os sons externos àcomposição em si, a qual é meramente uma censura prolongada.)Finalmente, nas práticas da música concreta* torna-se possível inserirnuma composição qualquer som do ambiente por meio <strong>de</strong> uma fitamagnética, ao passo que, na música eletrônica, o som hard-edged**do gerador <strong>de</strong> sinais po<strong>de</strong> ser indistinguível da sirene da polícia ou daescova <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes elétrica. Hoje todos os sons pertencem a um campocontínuo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s, situado <strong>de</strong>ntro do domínio abrangente damúsica.* Em francês no original – musique concrète. (N.T.)** Hard-edged é um termo utilizado na arte mo<strong>de</strong>rna e refere-se a um tipo <strong>de</strong> pinturana qual as formas são geométricas, e as cores empregadas são monótonas e não semisturam. Estou utilizando esse termo para referir-me à paisagem sonora das mo<strong>de</strong>rnasvias expressas, porque os sons dos veículos são também linhas penetrantes (cortantes,agressivas) e monótonas, que não se misturam com os outros sons da paisagemsonora. (N.A.)125


Eis a nova orquestra: o universo sônico!E os novos músicos: qualquer um e qualquer coisa que soe! Isso temum corolário arrasador para todos os educadores musicais, pois oseducadores musicais são os guardiões da teoria e da prática da música.E toda a natureza <strong>de</strong>ssa teoria e prática terá agora que serinteiramente reconsi<strong>de</strong>rada.O ensino da música tradicional tem seus objetivos especiais: o domíniotécnico <strong>de</strong> instrumentos como o piano, o trompete ou o violino paraexecução <strong>de</strong> uma literatura que abrange várias centenas <strong>de</strong> anos. Como propósito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong>ssa música, foi <strong>de</strong>senvolvidoum vocabulário teórico que capacita o estudante a executar, <strong>de</strong> modoaparentemente aceitável, qualquer obra da música oci<strong>de</strong>ntal escritaentre a Renascença e nossa própria época.Não há nada <strong>de</strong> permanente ou perfeito nessa prática ou teoria,naturalmente, e a música da Ida<strong>de</strong> Média ou da China não po<strong>de</strong> seravaliada pelas regras da teoria clássica, do mesmo modo que não po<strong>de</strong>ser executada nos instrumentos da orquestra clássica. A amplidãocultural histórica e geográfica que caracteriza o nosso tempo nos tornoumuito conscientes da falácia <strong>de</strong> controlar o temperamento <strong>de</strong> todas asfilosofias musicais pelo mesmo diapasão.Os novos recursos musicais que tentarei focalizar a seguir exigirãoatitu<strong>de</strong>s inteiramente novas no que se refere à ênfase do estudo.Novas disciplinas são necessárias no currículo, e elas nos levarãolonge pelos contornos mutantes do conhecimento interdisciplinara<strong>de</strong>ntro.O novo estudante terá que estar informado sobre áreas tão diversas,como acústica, psicoacústica, eletrônica, jogos e teoria da informação.São estes últimos, juntamente com o conhecimento dos processos <strong>de</strong>construção e dissolução da forma, observados nas ciências naturais,que serão necessários para registrar as formas e as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s dasnovas configurações sonoras da música <strong>de</strong> hoje e da <strong>de</strong> amanhã. Hojese ouve mais música por meio <strong>de</strong> reprodução eletroacústica do que nasua forma natural, o que nos leva a perguntar se a música nessa formanão é talvez a mais “natural” para o ouvinte contemporâneo; e, se forassim, não <strong>de</strong>veria o estudante compreen<strong>de</strong>r o que acontece quando amúsica é reproduzida <strong>de</strong>sse modo?O vocabulário básico da música modificar-se-á. Falaremos talvez <strong>de</strong>“objetos sonoros”, <strong>de</strong> “envelopes” e “transientes <strong>de</strong> ataque” em vez <strong>de</strong>“tría<strong>de</strong>s”, sforzando e appoggiatura. Sons isolados serão estudadosmais atentamente, e prestar-se-á atenção aos componentes <strong>de</strong> seusespectros harmônicos e às suas características <strong>de</strong> ataque e queda.O estudo será talvez dirigido à <strong>de</strong>scrição da música em termos <strong>de</strong>freqüências exatas ou faixas <strong>de</strong> freqüência, em vez da limitadanomenclatura do sistema tonal. Também a dinâmica po<strong>de</strong>ria ser melhor<strong>de</strong>scrita em relação a algum padrão <strong>de</strong> referência como o fon (volume)ou o <strong>de</strong>cibel (intensida<strong>de</strong>) em vez <strong>de</strong> algumas antigas intuições italianassobre o assunto.A psicologia e a fisiologia da percepção <strong>de</strong> padrões auditivos126


suplantarão muitos estudos musicais passados, em que os sonsmusicais eram emu<strong>de</strong>cidos por exercícios escritos. (Os livrostradicionais <strong>de</strong> teoria negam vida aos sons, consi<strong>de</strong>rando-os comocadáveres imóveis.) Por fim, em algum lugar se po<strong>de</strong>ria começar atrabalhar numa história da percepção auditiva, muito necessária, quenos mostre como é que diferentes períodos ou diferentes culturasmusicais realmente escutam coisas “diferentes” quando ouvem música.Um dos propósitos <strong>de</strong>sta parte do livro é dirigir os ouvidos dos ouvintespara a nova paisagem sonora da vida contemporânea e familiarizá-loscom um vocabulário <strong>de</strong> sons que se po<strong>de</strong> esperar ouvir, tanto <strong>de</strong>ntrocomo fora das salas <strong>de</strong> concerto. Po<strong>de</strong> ser que os ouvintes não gostem<strong>de</strong> todos os sons <strong>de</strong>ssa nova música, e isso também será bom, pois,juntamente com outras formas <strong>de</strong> poluição, o esgoto sonoro <strong>de</strong> nossoambiente contemporâneo não tem prece<strong>de</strong>ntes na história humana.Isso me traz ao meu outro propósito. Nos últimos anos, a Medicina vemoperando uma dramática mudança <strong>de</strong> ênfase, da cura da doença parasua prevenção. É uma mudança tão pronunciada que o termo“medicina preventiva” não precisa <strong>de</strong> explicação. Estou a ponto <strong>de</strong>sugerir que é chegada a hora, no <strong>de</strong>senvolvimento da música, <strong>de</strong> nosocuparmos tanto com a prevenção dos sons como com sua produção.Observando o sonógrafo do mundo, o novo educador musicalincentivará os sons saudáveis à vida humana e se enfurecerá contraaqueles hostis a ela. Será mais importante conhecer a respeito doslimiares da dor que se preocupar se o diabo ainda habita o trítono. Será<strong>de</strong> maior interesse tornar-se membro da International Society for NoiseAbatement* que da Registered Music Teachers Association** local.Se esta sugestão atingir o leitor como uma piada, somente possoesperar que as páginas seguintes tenham um efeito mo<strong>de</strong>rador.É que eu consi<strong>de</strong>ro a questão <strong>de</strong> prevenção sonora inevitávele urgente.“A Nova Paisagem Sonora” não é um texto técnico. Ele se constitui<strong>de</strong> algumas incursões preliminares, em pensamento, pelaslinhas da questão que acabo <strong>de</strong> levantar. Po<strong>de</strong> ser que, <strong>de</strong> vezem quando, alguns <strong>de</strong> meus alunos do primeiro ano da universida<strong>de</strong>se tornem participantes. Por que não? Eles estão à minha voltaenquanto escrevo.O ambiente sônicoQualquer coisa que se mova, em nosso mundo, vibra o ar.Caso ela se mova <strong>de</strong> modo a oscilar mais que 16 vezes por segundo,esse movimento é ouvido como som.O mundo, então, está cheio <strong>de</strong> sons. Ouça.Abertamente atento a tudo que estiver vibrando, ouça.Sente-se em silêncio por um momento e receba os sons.A classe tinha feito isso por quatro dias seguidos, <strong>de</strong>z minutos a cadadia, ca<strong>de</strong>iras voltadas para a pare<strong>de</strong>, recebendo mensagens sonoras.No quinto dia, foi-lhes pedido que <strong>de</strong>screvessem o que tinham ouvido.* Socieda<strong>de</strong> Internacional para a Diminuição do Ruído. (N.T.)** Associação dos Professores <strong>de</strong> Música Registrados. (N.T.)127


Àquela altura todos tinham ouvido um bocado <strong>de</strong> sons – passos,respiração, movimento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iras, vozes distantes, uma campainha,um trem etc. Mas eles estavam <strong>de</strong>screvendo o que tinham ouvido?Aquilo não era meramente uma lista <strong>de</strong> palavras comuns? Todo mundosabe como é que soa um passo, ou uma tosse, ou uma campainha.Mas a diferença entre meus passos e os seus, ou a tosse <strong>de</strong>le e a <strong>de</strong>la,como <strong>de</strong>veríamos <strong>de</strong>screver isso? Um ou dois tentaram expressar adiferença fazendo <strong>de</strong>senhos. Não ajudou muito.Se a nova orquestra é o universo sônico, como diferenciarmos osinstrumentos? Como po<strong>de</strong>ríamos escrever a biografia completa <strong>de</strong> umpasso, <strong>de</strong> modo a sabermos que era a história do seu passo e não domeu?Uma garota <strong>de</strong>cidida foi até uma esquina no sábado e tentou elaboraruma notação <strong>de</strong>scritiva para os diferentes pés dos passantes. Elaobservou e ouviu a coreografia dos pés e anotou o tamanho do sapatoou bota; a altura <strong>de</strong> seu passo, agudo ou grave; o timbre <strong>de</strong> seu som,metálico, arrastado ou pesado; e o tempo <strong>de</strong> seu movimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oágil tique-taque dos saltos pontiagudos até o abafado arrastar <strong>de</strong> péserrantes.Os sons da orquestra universal são infinitamente variados. Foi pedido atodos que passassem <strong>de</strong>z minutos por dia ouvindo em casa, numônibus, na rua, numa festa. Foram preparadas listas <strong>de</strong> sons. Maislistas foram entregues, ainda não <strong>de</strong>scritivas.Mas uma coisa <strong>de</strong>scobrimos que po<strong>de</strong>ríamos dizer. Os sons ouvidospodiam ser divididos em sons produzidos pela natureza, por sereshumanos e por engenhocas elétricas ou mecânicas. Dois alunoscatalogaram os sons. Será que as pessoas sempre escutaram osmesmos sons que escutamos hoje? Para fazer um estudo comparativo,foi pedido a todos que tomassem um documento histórico e listassemtodos os sons ou sons em potencial contidos nele. Qualquerdocumento serviria: uma pintura, um poema, a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> umevento, uma fotografia. Alguém tomou A batalha entre o carnaval e aQuaresma, <strong>de</strong> Pieter Brueghel, o Velho, e nos apresentou os sons <strong>de</strong>uma paisagem urbana holan<strong>de</strong>sa do século XVI. Outra pessoa tomouum trecho <strong>de</strong> um romance <strong>de</strong> Arnold Bennett e nos apresentou os sons<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> industrial do norte da Inglaterra no século XIX. Outrapessoa tomou uma al<strong>de</strong>ia indígena norte-americana; outra, uma cenabíblica, e assim por diante.Tínhamos somente amostras aleatórias, naturalmente,mas talvez pudéssemos extrair <strong>de</strong>las algumas conclusões.Por exemplo, <strong>de</strong>scobrimos que a princípio, quando havia poucaspessoas e elas levavam uma existência pastoril, os sons danatureza pareciam predominar: ventos, água, aves, animais,trovões. As pessoas usavam seus ouvidos para <strong>de</strong>cifrar os presságiossonoros da natureza. Mais tar<strong>de</strong>, na paisagem urbana, as vozes daspessoas, seu riso e o som <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s artesanais pareceramassumir o primeiro plano. Ainda mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois da RevoluçãoIndustrial, os sons mecânicos abafaram tanto os sons humanosquanto os naturais, com seu onipresente zunido. E hoje?128


Eis uma <strong>de</strong> nossas tabelas:Os Sons <strong>de</strong>Sons Sons UtensíliosNaturais Humanos e TecnologiaCulturas Primitivas 69% 26% 5%Culturas Medieval,Renascentista e 34% 53% 14%Pré-IndustrialCulturas Pós-Industriais 9% 25% 66%Hoje 6% 26% 68%A respeito do silêncioCom a intensida<strong>de</strong> da barragem sonora se ampliando em todas asdireções, tornou-se moda falar <strong>de</strong> silêncio. Portanto, falemos <strong>de</strong>silêncio.Antigamente, havia santuários silenciosos on<strong>de</strong> qualquer pessoa queestivesse sofrendo <strong>de</strong> fadiga sonora po<strong>de</strong>ria refugiar-se para recompor apsique. Podia ser no bosque, ou em alto-mar, ou numa encosta <strong>de</strong>montanha coberta <strong>de</strong> neve, no inverno. Olhar-se-ia para as estrelas oupara o planar silencioso das aves e ficar-se-ia em paz.Estava subentendido que cada ser humano tinha o inalienável direito àtranqüilida<strong>de</strong>. Este era um artigo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor, num código nãoescrito <strong>de</strong> direitos humanos.“Apoiando-nos em nossas sólidas bengalas <strong>de</strong> carvalho, bornais àscostas, subíamos a estrada calçada <strong>de</strong> pedras redondas que levava aKaryés, atravessando uma <strong>de</strong>nsa floresta <strong>de</strong> castanheiras meio<strong>de</strong>sfolhadas, pistacheiros e loureiros <strong>de</strong> folhas largas. O ar cheirava aincenso, ou assim nos parecia. Sentíamos que havíamos a<strong>de</strong>ntradouma colossal igreja composta <strong>de</strong> mar, montanhas e floresta <strong>de</strong>castanheiras, e cujo telhado era o céu aberto em vez <strong>de</strong> uma cúpula.Virei-me para meu amigo; eu queria quebrar o silêncio que começava apesar sobre mim.– Por que não conversamos um pouco? – sugeri.– Estamos conversando – respon<strong>de</strong>u meu amigo, tocando <strong>de</strong> leve omeu ombro.– Estamos conversando, mas com o silêncio, a língua dos anjos.Então, <strong>de</strong> repente, ele pareceu ficar zangado.– O que você espera que digamos? Que isso é bonito, que nossoscorações criaram asas e querem voar, que estamos caminhando poruma estrada que leva ao Paraíso?Palavras, palavras, palavras. Fique quieto! 1Até mesmo no coração das cida<strong>de</strong>s havia reservatórios <strong>de</strong> quietu<strong>de</strong>. Asigrejas eram esses santuários, e também as bibliotecas. Na sala <strong>de</strong>concerto, ainda hoje o silêncio toma conta da platéia quando a músicaestá para começar, para que esta possa ser carinhosamente <strong>de</strong>positadanum receptáculo <strong>de</strong> silêncio.1Nikos Kazantzakis, Report to Greco. New York: Simon and Schuster, 1965, p. 189.129


Enquanto essas tradições existiram, o conceito <strong>de</strong> silêncio era real etinha dignida<strong>de</strong>. Pensava-se no silêncio mais em termos figurativos doque físicos, pois um mundo fisicamente silencioso era, naquele tempo,tão altamente improvável como é hoje. A diferença é que o nível sonoromédio do ambiente era suficientemente baixo para permitir que aspessoas meditassem sem um contínuo recital <strong>de</strong> incursões sônicas emseu fluxo <strong>de</strong> pensamento. (As frases <strong>de</strong> nossos pensamentos tornaramseindubitavelmente mais curtas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a invenção do telefone!)Mas, contemplar um silêncio absoluto, isso é negativo e aterrorizante.Assim, quando o telescópio <strong>de</strong> Galileu sugeriu a infinida<strong>de</strong> do espaçopela primeira vez, o filósofo Pascal ficou profundamente assustado coma perspectiva <strong>de</strong> um silêncio infinito e eterno.Le silence éternal <strong>de</strong> ces espaces infinis m’effraye.* 2Quando se entra numa câmara anecóica – isto é, uma salacompletamente à prova <strong>de</strong> som –, sente-se um pouco do mesmo terror.Fala-se e o som parece <strong>de</strong>spencar dos lábios para o chão. Os ouvidosapuram-se para colher evidências <strong>de</strong> que há vida no mundo.Quando John Cage entrou numa sala assim, entretanto, ele ouviu doissons, um agudo e um grave.“Quando eu os <strong>de</strong>screvi para o engenheiro responsável, ele meinformou que o agudo era meu próprio sistema nervoso emfuncionamento, e o grave era meu sangue circulando.”A conclusão <strong>de</strong> Cage:“O silêncio não existe. Sempre está acontecendo alguma coisa queproduz som.” 3Cage havia <strong>de</strong>tectado a relativida<strong>de</strong> do silêncio, e ao intitular seu livro<strong>de</strong> Silence** enfatizou que, doravante, qualquer uso <strong>de</strong>ssa palavra <strong>de</strong>veser qualificado ou aceito como irônico.O mito do silêncio foi <strong>de</strong>sacreditado. De agora em diante na músicatradicional, por exemplo, quando falarmos <strong>de</strong> silêncio, isso nãosignificará silêncio absoluto ou físico, mas meramente a ausência <strong>de</strong>sons musicais tradicionais.Na psicologia da percepção visual, fala-se da alternância entre figura efundo: qualquer dos dois po<strong>de</strong> tornar-se a mensagem visual para oolho, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do que este quer ver. Em certos <strong>de</strong>senhos, as formasidênticas combinam-se para produzir dois objetos, sendo que qualquerum <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> ser visto em relevo sobre um fundo neutro. É possívelque, por muito tempo, vejamos apenas uma imagem, e, então, comuma oscilação repentina, a relação seja invertida. Semelhantemente, oengenheiro <strong>de</strong> som fala da diferença entre sinal e ruído, os sons<strong>de</strong>sejados e os não <strong>de</strong>sejados. Por trás <strong>de</strong> cada peça musical oculta-seoutra peça musical – o minúsculo mundo <strong>de</strong> eventos sonoros que* O silêncio eterno <strong>de</strong>sses espaços infinitos me assusta. (Em francês no original.) (N.T.)2Pascal, Pensées, ed. Ch. M. <strong>de</strong>s Granges. Paris: Garnier Fréres, 1964, p. 131.3John Cage, Silence: lectures and writings. Middletown, Connecticut: WesleyanUniversity Press, 1961, pp. 8 e 191.** Silêncio. (N.T.)130


temos <strong>de</strong>scuidadamente aceito como “silenciosos”. No momento emque esses eventos irrompem no primeiro plano, nós os chamamos <strong>de</strong>ruído. Qualquer reavaliação da música terá muito o que dizer sobreruído, pois ruído é som que fomos treinados a ignorar.Se você ouvir atentamente os espaços entre os gigantescos acor<strong>de</strong>sque abrem a Sinfonia heróica, <strong>de</strong> Beethoven, você <strong>de</strong>scobrirá uma<strong>de</strong>nsa população <strong>de</strong> eventos sonoros “anti-heróicos” – tosse, arrastar<strong>de</strong> pés, chiados na gravação, ou seja, o que for. Como a distinção entrefigura e fundo num <strong>de</strong>senho, você agora po<strong>de</strong> distinguir entre figura efundo também na escuta musical. Tente, por exemplo, ouvir umaexecução musical concentrando-se não na música em si, mas emtodos os sons não-musicais exteriores a ela, que a ro<strong>de</strong>iam e forçamcaminho durante suas pausas momentâneas. Meus alunos o fizeram.É um exercício estranhamente sensibilizador para refocalizar o ouvido.Mas nós começamos falando <strong>de</strong> santuários sossegados, um aluno noslembra. Não <strong>de</strong>veríamos tentar proteger a boa música das intrusões,continuando a construir salas melhores para a sua execução e exigindomais gravações <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>?Sem dúvida. Talvez, outro aluno sugere, a nova sala <strong>de</strong> concerto venhaa ser o aparelho <strong>de</strong> som da sala <strong>de</strong> estar.Certamente ela é uma nova sala <strong>de</strong> concerto. Não se <strong>de</strong>ve entãoconcluir que nossa sala <strong>de</strong> estar ou sala <strong>de</strong> música teria <strong>de</strong> receber osmesmos cuidados quanto ao isolamento e à acústica que a atual sala<strong>de</strong> concerto! Quantos <strong>de</strong> nós temos salas à prova <strong>de</strong> som em nossascasas? Quanto custaria aos construtores para criá-las? E assimencontramos uma tarefa: pesquisar junto ao ramo da construção civilpara <strong>de</strong>scobrir quais os atuais regulamentos <strong>de</strong> isolamento acústico ecomo eles po<strong>de</strong>riam ser melhorados.Depois <strong>de</strong> nossa investigação, <strong>de</strong>scobrimos que tínhamos aprendidomuito sobre os materiais <strong>de</strong> isolamento acústico e a condução do sompela ma<strong>de</strong>ira, vidro e outros materiais. Descobrimos, por exemplo, queem nossa própria cida<strong>de</strong> não há regulamentos mínimos a respeito dotratamento acústico <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s em casas e apartamentos. Decidimosque, em nossa “casa i<strong>de</strong>al”, <strong>de</strong>veríamos po<strong>de</strong>r especificar ao construtorqual o nível <strong>de</strong> ruído que estaríamos preparados para tolerar em seuinterior. Assim, levamos um medidor <strong>de</strong> nível sonoro* bem para <strong>de</strong>ntrodo bosque, para medir a quietu<strong>de</strong> ali. Primeiro, paz; então um aviãozumbiu por sobre nós. Depois que ele se foi, fizemos uma leitura: 20<strong>de</strong>cibéis (20 db).Então fomos para a casa <strong>de</strong> Jeff B., que disse morar num apartamentoterrivelmente barulhento, para medir o nível <strong>de</strong> ruído. Um rádio estavatocando no apartamento ao lado. Havia crianças gritando no corredor.Nossa leitura: 64 db.Aí entramos numa discussão sobre se aquilo era ruído ou não. Éramoscinco pessoas: Barbara, Donna, Jeff, Doug, e eu. Barbara gostava damúsica do rádio...* Um medidor <strong>de</strong> nível sonoro é um dispositivo que me<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> do som em<strong>de</strong>cibéis, com o db estabelecido ao nível do limiar <strong>de</strong> audição. (N.A.)131


Uma nova <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ruído*Caminhamos por ali um pouco falando sobre ruído. Doug carregava omedidor <strong>de</strong> nível sonoro, medindo, medindo. Paramos na esquina <strong>de</strong>uma rua resi<strong>de</strong>ncial (35 db), e eu perguntei a Jeff por que ele achavabarulhento o rádio <strong>de</strong> seu vizinho.JEFF: – Porque ele fica ligado o dia inteiro, e eu não gosto dos<strong>programa</strong>s que eles ouvem.BARBARA: – Bem, eu não o achei <strong>de</strong>sagradável (a 40 db).SCHAFER: – Está bem. Então, como você <strong>de</strong>finiria ruído?BARBARA: – Um som feio.Passou um ônibus (80 db).SCHAFER: – Você achou feio?BARBARA: – O quê?SCHAFER: – O ônibus.BARBARA: – Bem, foi alto, mas muito menos feio que os sons daquelapeça que você tocou para nós outro dia. Estivéramos ouvindo“Déserts”, <strong>de</strong> Edgar Varèse.Jeff achou aquilo muito engraçado e riu (68 db).SCHAFER: – O que faz um som ser feio?Exatamente nesse momento passou por nós uma motocicleta a toda(98 db).JEFF: – Aquela é uma Harley-Davidson, sessenta e dois HP. Que beleza!SCHAFER: – Feio?JEFF: – Não, liiiindo!SCHAFER: – Ah!Andamos um pouco, sem falar. Virando uma esquina, entramos numparque e nos sentamos (35 db). De longe, o som <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra <strong>de</strong>um cortador <strong>de</strong> grama veio em nossa direção, empurrando o medidorpara 75 db. Comecei a pensar nas muitas confusões que ro<strong>de</strong>iam apalavra “ruído”. Era uma questão <strong>de</strong> dissonância, <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, ousimplesmente <strong>de</strong> (<strong>de</strong>s)gosto pessoal.Os instrumentos <strong>de</strong> percussão foram introduzidos na orquestra pelaaudácia <strong>de</strong> compositores interessados em romper novas barreiras dosom. Beethoven foi tão audacioso ao dar um solo para os tímpanos <strong>de</strong>scherzo <strong>de</strong> sua Nona Sinfonia como foi George Antheil ao introduzirhélices <strong>de</strong> avião e sirenes em seu Ballet mechanique.No passado, as pessoas pensavam menos na intensida<strong>de</strong> ou no volumedos sons, provavelmente porque havia uma quantida<strong>de</strong> muito menor <strong>de</strong>sons brutalmente fortes em suas vidas. Foi somente após a RevoluçãoIndustrial que a poluição sonora veio a existir como um problema sério.Foi no começo <strong>de</strong>ste século que o compositor futurista italiano LuigiRussolo, reconhecendo que nossas vidas estavam <strong>de</strong> qualquer mododominadas por “ruídos”, sugeriu que esses <strong>de</strong>veriam sercompletamente incorporados à música. Em 1913, ele escreveu um* A palavra noise, utilizada pelo autor, po<strong>de</strong> ser traduzida igualmente como “ruído” ou“barulho”, enquanto o adjetivo noisy po<strong>de</strong> ser “ruidoso(a)” ou “barulhento(a)”. Napresente tradução optamos, na maior parte das vezes, por ruído/ruidoso(a) nos contextoscientíficos ou formais, e por barulho/barulhento(a) nos contextos coloquiais ou informais.O leitor <strong>de</strong>ve, porém, ter em mente que a palavra original engloba ambas as formas.(N.T.)132


manifesto intitulado L’arte <strong>de</strong>i rumori (“A arte dos ruídos”), no qual<strong>de</strong>monstrou que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a invenção da máquina, o homem estavasendo gradualmente condicionado por esses novos ruídos, e essecondicionamento estava modificando sua suscetibilida<strong>de</strong> musical.Russolo <strong>de</strong>fendia o fim do exílio do “ruído” na esfera do <strong>de</strong>sagradável einsistia em que as pessoas abrissem seus ouvidos para a nova músicado futuro. Agora que é precisamente isso o que está ocorrendo, o atéentão pouco conhecido Russolo surge como uma espécie <strong>de</strong> profeta.Esta é, portanto, a essência <strong>de</strong> nossa <strong>de</strong>finição revista <strong>de</strong> “ruído”.Quem a <strong>de</strong>u para nós foram os engenheiros da comunicação. Quandoalguém está transmitindo uma mensagem, qualquer som ouinterferência que prejudique sua transmissão e recepção corretas éclassificado como ruído.Ruído é qualquer som in<strong>de</strong>sejadoÉ certo que isso faz <strong>de</strong> “ruído” um termo relativo; porém dá-nos aflexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que necessitamos quando nos referimos ao som. Numconcerto, se o trânsito do lado <strong>de</strong> fora da sala atrapalha a música, istoé ruído. Porém se, como fez John Cage, as portas são escancaradas e opúblico é informado <strong>de</strong> que o trânsito faz parte da textura da peça, seussons <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser ruídos.Ainda po<strong>de</strong>mos falar em sons periódicos e aperiódicos para distinguirentre duas qualida<strong>de</strong>s bem diferentes <strong>de</strong> som; porém, <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixarpara <strong>de</strong>cidir se elas são música ou ruído <strong>de</strong>pois que <strong>de</strong>terminarmos seconstam da mensagem que se quer fazer ouvir ou se são interferênciasmisturadas a ela.Ruído é qualquer som in<strong>de</strong>sejávelAlguns dias mais tar<strong>de</strong>, um grupo <strong>de</strong> música pop estava tocando nopátio <strong>de</strong> nossa escola, com as guitarras e os amplificadores no últimovolume. Jeff mediu-o em 101 db – Como você agüenta?, gritei parauma garota em pé ao meu lado. – Hein?, respon<strong>de</strong>u ela. – Deixe paralá, disse eu. – Não estou te ouvindo, ela respon<strong>de</strong>u.Esgoto sonoro: uma colagem.RUÍDO: qualquer som in<strong>de</strong>sejado.O prédio está situado numa base militar em algum lugar dos EstadosUnidos... Dentro <strong>de</strong>le há pesa<strong>de</strong>los.Num dos amplos laboratórios, dois físicos e um biólogo estão <strong>de</strong> pé emvolta <strong>de</strong> uma pesada mesa <strong>de</strong> metal. Estão usando grossos tapaouvidos.Sobre a mesa há um dispositivo aproximadamente dotamanho e formato <strong>de</strong> um televisor, com um mostrador e uma buzinaem forma <strong>de</strong> corneta que sai <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus lados. O dispositivo é umaespécie <strong>de</strong> sirene projetada para gerar um som <strong>de</strong> alta-freqüência,numa intensida<strong>de</strong> monstruosa. Os cientistas estão pesquisando osefeitos <strong>de</strong>sse som e objetos, animais e homens. Eles querem saber seo som po<strong>de</strong> ser usado como arma...Um dos físicos começa a <strong>de</strong>monstração apanhando um chumaço <strong>de</strong>133


palha <strong>de</strong> aço com um instrumento em forma <strong>de</strong> pinça que está naponta <strong>de</strong> uma vara comprida. Ele mantém a palha <strong>de</strong> aço <strong>de</strong>ntro doinvisível raio <strong>de</strong> som que emana da buzina. A palha <strong>de</strong> aço explo<strong>de</strong>numa rodopiante cascata <strong>de</strong> faíscas incan<strong>de</strong>scentes...O biólogo trouxe para a sala um rato branco numa pequena gaiola.O rato está correndo ao redor da gaiola, parecendo infeliz com todo obarulho. Mas suas preocupações não duram muito. O biólogo levanta agaiola até o campo sonoro. O rato retesa-se, ergue-se esticando aspernas ao máximo, arqueia o dorso, abre bem a boca, e tomba. Estámorto. Uma autópsia revelará que ele morreu <strong>de</strong> superaquecimentoinstantâneo e um caso grave <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompressão. Há bolhasem suas veias e órgãos internos. 4A NASA quer saber o que os fortes ruídos <strong>de</strong> foguetes causam àspessoas ao redor <strong>de</strong> uma plataforma <strong>de</strong> lançamento, e por que essesruídos ocasionalmente provocam náuseas, <strong>de</strong>smaios e crisesepileptiformes. 5Testes científicos... revelam que modificações na circulação sanguíneae no funcionamento do coração ocorrem quando uma pessoa é expostaa uma <strong>de</strong>terminada intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruído. Até mesmo breves períodos<strong>de</strong> conversa em voz alta são suficientes para afetar o sistema nervoso eassim provocar constrições em gran<strong>de</strong> parte do sistema circulatório...Desse modo, pessoas que trabalham perto <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>iras, por exemplo,sofrem <strong>de</strong> uma circulação constantemente prejudicada na epi<strong>de</strong>rme. 6O professor Rudnick e seus colegas construíram a mais po<strong>de</strong>rosa sireneconcebida até então. Ela gerava o que era, até on<strong>de</strong> se sabia, o maisforte som contínuo ouvido na Terra até ali: 175 db, umas 10.000 vezesmais forte que o barulho ensur<strong>de</strong>cedor <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> rebita<strong>de</strong>irapneumática. A freqüência <strong>de</strong>sse uivo colossal variava <strong>de</strong>aproximadamente 3.000 ciclos por segundo (próximo ao registro maisagudo do piano) até 34.000 cps, na faixa ultra-sônica.Aconteciam coisas estranhas nesse apavorante campo sonoro. Se umhomem pusesse a mão diretamente no raio do som, isso lhe causavauma dolorosa queimadura entre os <strong>de</strong>dos. Quando a sirene eraapontada para cima, pedaços <strong>de</strong> mármore <strong>de</strong> 2 cm flutuavampreguiçosamente ao redor <strong>de</strong>la em <strong>de</strong>terminados pontos do campoharmônico, sustentados pela monstruosa pressão acústica. Variando aestrutura harmônica do campo, o prof. Rudnick podia fazer moedinhasdançarem sobre um anteparo <strong>de</strong> seda com a precisão <strong>de</strong> coristas. Elepodia até mesmo fazer uma moeda se erguer <strong>de</strong>vagarinho para aposição vertical e enquanto isso equilibrar outra moeda sobre um doslados da primeira. Um chumaço <strong>de</strong> algodão colocado <strong>de</strong>ntro do campoirromperia em chamas em cerca <strong>de</strong> seis segundos. – “Para satisfazer4Max Gunther, “The Sonics Book”, Playboy, May 1967.5Ibid.6Gunther Lehmann, “Noise and Health”, The Unesco Courier, July 1967 (insue titled“Noise Pollution”).134


um colega cético”, revela o prof. Rudnick, “acen<strong>de</strong>mos o seu cachimboexpondo a abertura do fornilho ao campo.” 7Pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal, queremsaber por que as pessoas que trabalham em lugares barulhentos, comofundições <strong>de</strong> ferro, têm mais problemas emocionais e familiares do queas que trabalham em lugares mais sossegados. 8Há pessoas, é certo – mais que isso, há muitas pessoas –, que sorriemindiferentes a tais coisas porque não são sensíveis ao ruído; mas essassão exatamente as mesmas pessoas que também não são sensíveis àargumentação ou à reflexão, ou à poesia, ou à arte, em suma, anenhuma espécie <strong>de</strong> influência intelectual. A razão disso é que o tecido<strong>de</strong> seus cérebros é <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> muito grosseira e ordinária. Poroutro lado, o ruído é uma tortura para pessoas intelectuais. 9A conhecida exclamação “silêncio, por favor!” po<strong>de</strong> ser traduzida para aterminologia científica da seguinte maneira: “Meu trabalho exige gran<strong>de</strong>concentração e, por isso, <strong>de</strong>vo preservar as funções corretivas <strong>de</strong> meucórtex cerebral. Não posso permitir-me enfraquecer os processosinibitórios e tenho que preservar as condições <strong>de</strong> funcionamento domeu sistema nervoso.” 10O progresso das civilizações criará mais ruído, e não menos. Dissoestamos certos. Com toda a probabilida<strong>de</strong>, o nível <strong>de</strong> ruído aumentaránão só nos centros urbanos, mas, com o aumento da população e aproliferação das máquinas, o ruído invadirá os poucos refúgios <strong>de</strong>silêncio restantes no mundo. Daqui a um século, quando o homemquiser fugir para um local silencioso, po<strong>de</strong> ser que não tenha sobradonenhum lugar para on<strong>de</strong> ir. 11Mas há apenas <strong>de</strong>z anos, em vários países europeus, foram fundadasorganizações para empreen<strong>de</strong>r campanhas contra o alastramento doruído. Esses grupos... <strong>de</strong>cidiram unificar suas forças e em 1959formaram a International Association Against Noise...* Uma vez que suadiretoria sempre incluiu um médico, um engenheiro, um especialista emacústica e dois juristas, a International Association está em condições<strong>de</strong> dar opiniões imediatas e abalizadas sobre questões <strong>de</strong> alcanceinternacional, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua esfera. 12As motocicletas são o nosso problema atualmente. Há em nossacida<strong>de</strong> uma motocicleta ou motoneta para cada 12 pessoas...7Gunther, op. cit.8Ibid.9Arthur Schopenhauer, “On Noise”, Studies in Pessimism, ed. H. E. Barnes, trans. T.B.saun<strong>de</strong>r, Lincoln, Nebraska: University of Nebraska, 1964.10Stramentov, op. cit.11Leo L. Baranek, “Street and Air Traffic Noise – and What Can Be Done About It”,“Noise Pollution”.* Associação Internacional Contra o Ruído. (N.T.)12Schenker-Sprungli, op. cit.135


Em Córdoba, nós estudamos alguns dos aspectos psicológicos dasinfrações do ruído. Por exemplo: por que é que os motoristas, eespecialmente os motociclistas, modificam os escapamentos <strong>de</strong> seusveículos? Seria porque um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> os leva a apreciar oexcesso <strong>de</strong> barulho? Ou será que o ambiente urbano barulhento lhes dáuma espécie <strong>de</strong> “se<strong>de</strong> <strong>de</strong> barulho”? 13O incremento do transporte motorizado nos últimos vinte anos temlevado muitos países a revisarem suas leis <strong>de</strong> trânsito – às vezes,<strong>de</strong>safiando a opinião pública. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> proibir o uso <strong>de</strong> buzinas emParis foi um <strong>de</strong>sses lances polêmicos, e especialmente os motoristasprognosticaram que aumentaria o número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes nas ruas. Naprática, a medida foi notavelmente bem-sucedida. Numa <strong>de</strong>monstração<strong>de</strong> autodomínio, que surpreen<strong>de</strong>u os próprios parisienses, o grasnido eclangor das buzinas foi silenciado <strong>de</strong> um dia para o outro. Paris agorase admira <strong>de</strong> ter um dia conseguido suportar uma barulhada tão inútil eirritante. 14Outra <strong>de</strong> nossas <strong>de</strong>scobertas é que as pessoas cultas (cientistas,artistas e profissionais das ciências humanas) são muito maissuscetíveis ao barulho do trânsito que as pessoas relativamenteincultas. 15Em agosto <strong>de</strong> 1956, o uso <strong>de</strong> buzinas tornou-se ilegal em Moscou, e onível <strong>de</strong> ruído nas ruas imediatamente caiu para oito a <strong>de</strong>z fons. 16Um arranha-céu concluído no ano passado, em Nova York, mostrou quese po<strong>de</strong> construir edifícios <strong>de</strong> maneira silenciosa. As pessoas quetrabalhavam nos escritórios próximos ao edifício, <strong>de</strong> 52 andares,relataram que os cortadores <strong>de</strong> grama elétricos zumbindo ao redor <strong>de</strong>suas casas nos subúrbios perturbavam-nos mais que a obra. A explosão<strong>de</strong> dinamite era abafada por mantas especiais <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> aço, cadauma pesando várias toneladas. Estendidas por guindastes sobre o locala ser dinamitado, elas mantinham os fragmentos em segurança, <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> uma área confinada. Todas as juntas da estrutura <strong>de</strong> 14.000toneladas <strong>de</strong> aço foram soldadas <strong>de</strong> modo silencioso, para eliminar oabominável e estilhaçante barulho do rebitamento ou cavilhagemconvencionais. 17O objetivo do <strong>de</strong>senvolvimento técnico <strong>de</strong>veria servir ao homem, tornarsua vida mais agradável e enriquecê-la. Assim, logicamente, progressotécnico <strong>de</strong>veria conduzir a menos ruído e não a mais. 1813G. L. Fuchs, “Córdoba (Argentina) Takes Noise Abatement by the Horns”, “NoisePollution”.14“Noise Pollution”.15Fuchs, op. cit.16Stramentov, op. cit.17Ibid.18Lehmann, op. cit.136


Um ruído repentino e muito forte, como o <strong>de</strong> uma arma <strong>de</strong> fogo, com aduração <strong>de</strong> somente frações <strong>de</strong> segundo, po<strong>de</strong> danificar o mecanismoauditivo <strong>de</strong> uma pessoa e produzir uma perda duradoura da audição ousur<strong>de</strong>z parcial. Mas a exposição aos níveis <strong>de</strong> ruído bastante comuns naindústria – e indubitavelmente característicos <strong>de</strong> certos ramos daindústria pesada, como forjamento e corte <strong>de</strong> metal – levaprogressivamente à “sur<strong>de</strong>z perceptiva”, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo em cada caso daintensida<strong>de</strong> do ruído e da duração da exposição. Uma vez que um<strong>de</strong>feito auditivo <strong>de</strong>ssa espécie se tenha estabelecido, nada po<strong>de</strong> serfeito. Dispositivos <strong>de</strong> proteção po<strong>de</strong>m ajudar a adiá-lo e a reduzir avelocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento, mas, uma vez que o dano estejafeito, ele é irreparável. 19Nos Estados Unidos, estima-se que aproximadamente um milhão <strong>de</strong>trabalhadores tenha grave perda auditiva <strong>de</strong>vido a altos níveis <strong>de</strong> ruídosem seus locais <strong>de</strong> trabalho. 20Caros Alunos:É hora <strong>de</strong> se familiarizarem com uma nova disciplina: Acústica Forense,o estudo do crescente número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> perdas por ruído e danosauditivos que são levados aos tribunais. Seu velho mestre espera quevocês possam também interessar-se em apren<strong>de</strong>r sobre o trabalho <strong>de</strong>sua socieda<strong>de</strong> local para a redução do ruído, ou, se sua comunida<strong>de</strong>ainda não possui uma, que vocês mesmos possam formar talsocieda<strong>de</strong>. En<strong>de</strong>reço da International Society Against Noise:*Sihlstrasse 17, Zurich, Switzerland.Anexo 2FERNANDES, Iveta Maria Borges Ávila. Música na Escola. In: Educaçãoartística. São Paulo: FDE, 1992.Música na escolaIveta Maria B. Ávila Fernan<strong>de</strong>s**A maioria dos nossos alunos está envolvida com música das maisdiversas formas. Os alunos “curtem”, trocam fitas sonoras e discos,ouvem rádio, “MTV”, discutem o gosto musical, os compositores, osintérpretes e os diferentes estilos. No entanto, a quase totalida<strong>de</strong><strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s ocorre fora da sala <strong>de</strong> aula!19Lehmann, op. cit.20“Noise Pollution”.* Socieda<strong>de</strong> Internacional para a Redução do Ruído. (N.T.)** Professora <strong>de</strong> Ed. Artística: Assistente pedagógica da 14ª DE; formada em EducaçãoMusical e Artística, com bacharelado e licenciatura em piano - Fac. Sta. Marcelina;especialista em Arte-Educação pela ECA/USP.137


Como educadores sabemos que <strong>de</strong>vemos estar a par das novas<strong>de</strong>scobertas, dos acontecimentos do mundo musical. Mas o que ocorreé que a escola está muitos anos atrasada em relação ao<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>. A música na escola está necessitandorelacionar-se com o progresso que o século XX apresenta.A maioria dos ouvintes da chamada, no Brasil, música “clássica” ou“erudita” está mais acostumada à música dos séculos passados. JohnPaynter, 1 ao relacionar a música contemporânea com as <strong>de</strong>mais,escreve que Beethoven disse coisas em sua música a respeito domundo em que ele vivia, <strong>de</strong> sua or<strong>de</strong>m social, <strong>de</strong> seu mundo natural edos sons que pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e imaginar. Agora vivemos temposdiferentes, e os artistas falam em um idioma a<strong>de</strong>quado à nossasocieda<strong>de</strong>, com seus horizontes ampliados e toda sua diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pensamento e expressão. Sua arte era para sua época, e a arte <strong>de</strong>nossa época é para nós. As mudanças na forma <strong>de</strong> viver afetaram amaneira <strong>de</strong> falar, <strong>de</strong> escrever e também <strong>de</strong> compor música.Como reflexo <strong>de</strong>sta contemporaneida<strong>de</strong> temos educadores musicaiscomo Schafer (Canadá), Gainza (Argentina), John Paynter (Inglaterra)que têm inovado nesta área. Suas propostas apresentam novas formas<strong>de</strong> apreensão do conhecimento musical e enfatizam o <strong>de</strong>senvolvimentoda auto-expressão e da criação sonora. São pontos importantes daspropostas: imaginação, <strong>de</strong>senvolvimento do potencial criativo,experimentação <strong>de</strong> materiais diversos e trabalho com sons doambiente. O educador musical teria duas metas: a <strong>de</strong> manter vivo orepertório musical da humanida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong> continuar a ampliar esterepertório.A educação musical, vista <strong>de</strong>sta maneira, contribui para o<strong>de</strong>senvolvimento da personalida<strong>de</strong> do aluno. Em seu livro Laimprovisación musical, Gainza diz que “é indispensável ter apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar com a música própria, a que levamos <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> nós, para po<strong>de</strong>r integrar melhor a música <strong>de</strong> fora. Por isso partimose nos apoiamos sempre naquilo que o aluno traz ou ocasiona noprocesso educativo (...). A pessoa que explora sua voz ou seuinstrumento mediante um jogo improvisatório, ao mesmo tempo queafirma com sólidas bases sua relação pessoal com a música e oinstrumento, exercita seu ouvido – o sentido específico da arte dos sons– como assim mesmo sua sensibilida<strong>de</strong> e seu sentido estético: semesquecer suas faculda<strong>de</strong>s intelectuais, sua imaginação e sua memória,ao mesmo tempo que adquire e reafirma conhecimentos eexperiências”. 2Gainza cita objetivos e finalida<strong>de</strong> da improvisação como recursodidático. Objetivos:1. Promover processos on<strong>de</strong> predominam a expressão, comunicação e“<strong>de</strong>scarga” do educando, que compreendam, principalmente, as formaslivres – por meio das quais o professor po<strong>de</strong> diagnosticar esupervisionar as vivências musicais do aluno – e os processos sonorosproduzidos a partir <strong>de</strong> propostas globais, abertas e extramusicais.1John Paynter, Oir, aqui y ahora, Buenos Aires, Ricordi, 1991.2Violeta H. <strong>de</strong> Gainza, La improvisación musical, Buenos Aires, Ricordi, 1986, pp. 7-8.138


2. Promover processos centrados na absorção, na incorporação <strong>de</strong>materiais, sensações, idéias e conceitos. Por exemplo, exercitar<strong>de</strong>terminado ritmo, conhecer, investigar, expressar, comunicar a partir<strong>de</strong> um objeto ou conduta sonoro-musical.A finalida<strong>de</strong> consiste em respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira funcional a:1. Necessida<strong>de</strong>s do educando em seu processo <strong>de</strong> aprendizagem. Porexemplo, concentração, sensibilida<strong>de</strong> ante o som.2. Propostas específicas das diferentes matérias ou especialida<strong>de</strong>smusicais. Por exemplo, em aula <strong>de</strong> educação auditiva, gravar umaimprovisação e logo “<strong>de</strong>sgravar” e anotar em um pentagrama(autoditado). 3O professor <strong>de</strong> música <strong>de</strong>ve conhecer características das etapasevolutivas <strong>de</strong> seus alunos. Ainda pelas palavras <strong>de</strong> Gainza: “Aspropostas <strong>de</strong> jogo e a improvisação <strong>de</strong>vem começar quanto antes paraque seus benefícios possam fazer-se presentes antes da préadolescência(10 ou 11 anos), que é um período <strong>de</strong> reticência...A conduta espontânea da primeira infância servirá para o pedagogocomo fonte <strong>de</strong> aprendizagem e inspiração, principalmente para tratarcom paciência e otimismo dificulda<strong>de</strong>s que possa encontrar no trabalhomusical com adultos, às vezes bastante bloqueados em sua expressãomusical. A ansieda<strong>de</strong> e a impulsivida<strong>de</strong> do adolescente, <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong>expressar-se por meio da música, às vezes o impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> encontraratitu<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada ante a improvisação. Já após 18 ou 20 anos, o jovemvolta a estabelecer ligação com sua ativida<strong>de</strong> por meio da improvisação”. 4Neste processo <strong>de</strong> improvisação e criação sonora (que é uma das duasmetas do educador musical, citadas no início <strong>de</strong>ste texto), algunspassos po<strong>de</strong>m ser seguidos:• pesquisa sonora do ambiente ou do material escolhido;• improvisações com os sons encontrados; 5• experimentação e organização grupal <strong>de</strong>stes sons;• gravação e audição das produções dos grupos com comentáriosavaliatórios visando um melhor resultado. (Este momento po<strong>de</strong> serrepetido <strong>de</strong> acordo com o interesse e o envolvimento dos alunos.);• gravação final das composições sonoras dos grupos;• registros gráficos das criações musicais.O envolvimento e o entusiasmo dos alunos são gran<strong>de</strong>s quando aescolha do ambiente sonoro ou a dos materiais são <strong>de</strong> seu interesse.Alguns alunos improvisam timidamente e aos poucos se soltam. Outrossão <strong>de</strong>sinibidos e fazem “seu som” com bastante intensida<strong>de</strong>. Outrosainda, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> algumas tentativas, se encontram improvisandoserenamente, entrando num jogo grupal com naturalida<strong>de</strong> e soltura.Muitos têm dificulda<strong>de</strong>s no início, uma vez que a proposta não traz em3I<strong>de</strong>m, A improvisação musical como prática pedagógica. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Estudo.Educação Musical. São Paulo, Através – Associação Artístico-Cultural/UFMG/Escola <strong>de</strong>Música, nº 1, ago. 1990, pp. 23-24.4Op. cit., p. 26.5Estes dois primeiros passos foram apresentados no ví<strong>de</strong>o que acompanha este texto,com crianças que iniciavam o Ciclo Básico, na EEPG Cesar Martinez, São Paulo, 1990.139


si o que a escola tem feito há muito tempo, ou seja, o informar e omemorizar. Pelo contrário, a proposta pe<strong>de</strong> que o aluno procure e tragaseu som, do “seu jeito”, com a sua marca pessoal. Assim, ele vaiconstruindo e avaliando com seu grupo os resultados e aspossibilida<strong>de</strong>s. Certa vez um aluno <strong>de</strong> 7 anos, numa das estapas <strong>de</strong>avaliação, disse insatisfeito: “Eu não gostei, saiu um som forte <strong>de</strong>mim”, e seu grupo reiniciou o trabalho.Geralmente, após a gravação final, os relatos dos alunos são <strong>de</strong>ansieda<strong>de</strong> – nos momentos em que cada grupo apresenta seu trabalhoe estes são gravados – e <strong>de</strong> prazer pelo resultado finalmenteconseguido. Aí então a gente nota nos alunos confiança e segurançaneles mesmos e nas suas possibilida<strong>de</strong>s. (Em dias como esse, eu sintocomo é bom ser professora!)Quanto aos registros gráficos das composições sonoras, que po<strong>de</strong>m ser<strong>de</strong> criação espontânea ou por meio da notação musical tradicional, umnovo processo se inicia. Quando são registros espontâneos, o próprioaluno cria seus <strong>de</strong>senhos, sinais e códigos que po<strong>de</strong>rão ser discutidoscom o grupo e a partir daí surgir uma convenção grupal <strong>de</strong> significados.Ou então, no caso <strong>de</strong> grupos já mais habituados a estes trabalhos, acriação e a convenção gráfica vão surgindo coletivamente, comintervenções e contribuições <strong>de</strong> cada aluno. Se estiver sendo usada anotação tradicional, o professor é aquele que auxilia e está atento paraque o que está sendo registrado no pentagrama (clave, fórmula <strong>de</strong>compasso, notas, figuras musicais, formação dos compassos...) esteja<strong>de</strong> acordo com as frases e os períodos musicais criados.Jorge Antunes 6 faz uma série <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações e relatos <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong>pesquisa, improvisação e criação musicais no contexto escolar quepo<strong>de</strong>rão ser lidos para ampliar este conhecimento.É importante o aluno saber que a escrita musical não é imutável e quese transformou no <strong>de</strong>correr dos tempos, assim como se transformou aprópria música. A evolução pelas quais os sistemas musicais passaramdo cantochão à polifonia, a<strong>de</strong>ntrando pelo tonalismo e dispersando-seno atonalismo, serialismo e música eletrônica, se reflete no modo <strong>de</strong>escrever estas músicas. Um enfoque bastante interessante é abordaruma das vertentes da música contemporânea – a música eletrônica –,mostrando sua presença tanto no rock – inicialmente com as guitarrase seus complementos, como os pedais <strong>de</strong> efeito, e, posteriormente,com o uso <strong>de</strong> sintetizadores – quanto na música erudita, com a criação<strong>de</strong> novos processos <strong>de</strong> composição com códigos e combinaçõessonoras até então <strong>de</strong>sconhecidos. Nesta última, compositores comoPierre Schaeffer, Edgar Varèse, Schoenberg, Stockhausen, John Cage<strong>de</strong>vem ser lembrados.A gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> instrumentos e objetos sonoros introduzidos, osprocedimentos aleatórios que vários compositores adotaram e a6Jorge Antunes, Criativida<strong>de</strong> e música contemporânea. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Estudo. EducaçãoMusical. São Paulo: Através – Associação Artístico-Cultural/UFMG/Escola da Música,nº 1, ago. 1990.140


pesquisa constante da música contemporânea po<strong>de</strong>m ser levados àsala <strong>de</strong> aula para serem ouvidos, analisados e, entre tantos outrosobjetivos, contribuírem para a improvisação, a criação sonora e acriação gráfica dos trabalhos dos alunos.Mas, para manter vivo o repertório musical da humanida<strong>de</strong> (que é aoutra das metas do educador musical), não nos basta, é óbvio,ficarmos nos autores do nosso século e na música oci<strong>de</strong>ntal. O alunoprecisa ter contato com os pontos fundamentais do universomultifacetado da produção musical humana, tanto historicamentequanto no que diz respeito a tipos ou estilos <strong>de</strong> música. E isto <strong>de</strong>veriaser construído no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> todo o trajeto que o aluno percorre naescola. Daí a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um planejamento, tanto horizontal comovertical, que garanta este todo do qual falei.Para este trabalho é preciso a presença do professor <strong>de</strong> música, doespecialista! É necessário a este professor <strong>de</strong> música – atento àsinovações que possam surgir em sua área – estar <strong>de</strong> posse doconhecimento musical, do “saber música” e da teoria e práticapedagógicas. Visitando e revisitando os teóricos, ampliando seu saber eprática musicais, avaliando no <strong>de</strong>correr do tempo sua práticapedagógica, colocando presente aos alunos as diversida<strong>de</strong>smusicais e dando um cunho todo pessoal e envolvente às suaspróprias aulas, este é o caminho do educador musical! E isso étarefa <strong>de</strong> uma vida.Anexo 3Algumas transformações pelas quais tem passadoa grafia musical no <strong>de</strong>correr dos temposIveta Maria Borges Ávila Fernan<strong>de</strong>s(organizadora)Assim como a linguagem escrita, a grafia musical foi modificando-se.Hoje, quando falamos em escrita musical, muitos logo pensam nasnotas (do-re-mi-fá...), nas figuras (semibreve, mínima, semínima...), nopentagrama (a pauta <strong>de</strong> 5 linhas on<strong>de</strong> esta notação musical é escrita).Mas nem sempre foi assim e, contemporaneamente, muita coisamudou.Nossa intenção, ao apresentar logo a seguir alguns exemplos <strong>de</strong> grafiamusical, é trazer mais próximo da escola e <strong>de</strong> nossos alunos adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registros gráficos sonoros que a cultura humanaproduziu.141


Representar graficamente a música – eis a aventura à qual seentregaram várias civilizações, sem gran<strong>de</strong> sucesso. (Fragmento <strong>de</strong>Orestes <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rado um dos documentos <strong>de</strong> notação<strong>de</strong>cifrável mais antigos da Antigüida<strong>de</strong>. O papiro, entretanto, provémdos séculos I ou II <strong>de</strong> nossa era.)142


No Oci<strong>de</strong>nte, a representação do mundo dos sons por meio <strong>de</strong>símbolos gráficos levou a música – agora escrita – a <strong>de</strong>senvolvimentosinsuspeitados. (Manuscrito alemão do final do século XIII.)As alturas dos sons, assim como a sua duração relativa, são fixadasaqui nesta partitura para ser lida <strong>de</strong> um instrumento <strong>de</strong> teclado, pormãos, olhos e ouvidos inteiramente treinados. ( Ária inicial das VariaçõesGoldberg, <strong>de</strong> J. S. Bach, segunda meta<strong>de</strong> do século XVIII.)143


Todos os parâmetros do som são aqui notados, incluindo o timbre,proveniente dos instrumentos <strong>de</strong> orquestra, os quais são indicados àesquerda dos pentagramas. E mais a “expressão” (“um pouco tenso”)que o compositor <strong>de</strong>sejou emprestar ao início da sua obra. ( PrimeiraSinfonia, Op. 68, <strong>de</strong> Johannes Brahms, segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX.)Em nosso século, a partitura – além <strong>de</strong> representar a música – po<strong>de</strong>assumir o aspecto visual do motivo que a instigou; aqui, o <strong>de</strong>senhoespiralante <strong>de</strong> uma galáxia. (De Makrokosmos, do norte-americanoGeorge Crumb, segunda meta<strong>de</strong> do século XX.)144


Neste exercício <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, os músicos são convidados a improvisara partir <strong>de</strong> elementos provenientes <strong>de</strong> várias linguagens. A partitura,assim, torna-se um estopim para uma música que é sempre diferentea cada nova audição. (Trecho <strong>de</strong> Ouviver a música, <strong>de</strong> W. Corrêa <strong>de</strong>Oliveira, segunda meta<strong>de</strong> do século XX.)Estes seis exemplos <strong>de</strong> grafias musicais foram extraídos <strong>de</strong>:MORAIS, J. Jota <strong>de</strong>.O que é música.São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense,1986 (Coleção Primeiros Passos).Trecho da partitura manuscrita <strong>de</strong> Kontakte, <strong>de</strong> Stockhausen, parapiano, percussão e fita gravada.Partitura <strong>de</strong> Fontana Mix (1958), <strong>de</strong> Cage, com ampla margem <strong>de</strong>improvisação para o intérprete. (Copyright © 1960 by Henmar Press Inc.)Grafias sonoras contemporâneas extraídas do livro <strong>de</strong> GRIFFITHS, Paul.A música mo<strong>de</strong>rna. Uma história concisa e ilustrada <strong>de</strong> Debussy aBoulez. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda., 1987.145


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EDUCAÇÃO FÍSICA


Módulo 3Novos <strong>de</strong>safios para ensinare apren<strong>de</strong>r Educação Físicanas séries finais doEnsino Fundamental


14 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental i<strong>de</strong>ntifiquem: como sua áreapo<strong>de</strong> contribuir para a construção <strong>de</strong> cidadania; que transformaçõescurriculares aconteceram (e por que aconteceram) ao longo dos últimosanos; a relação entre a qualida<strong>de</strong> da aprendizagem e a qualida<strong>de</strong> doensino.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sintamnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter-se atualizados e <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> discussõescurriculares.• Caracterização da área: seu objeto <strong>de</strong> estudo e seu papel naformação do aluno;• orientações curriculares: retrospectiva histórica e tendências atuais;• ensino e aprendizagem: a prática nossa do dia-a-dia;• ensino e aprendizagem na área: novos olhares.• PCN <strong>de</strong> Educação Física 3º e 4º ciclos;• ví<strong>de</strong>o TV Escola, série Parâmetros Curriculares Nacionais, EducaçãoFísica, fita nº 2, <strong>programa</strong> 1: A Educação Física é para todos;• sala com lousa ou similar, quadra ou similar;• bolas;• cordas;• tacos;• raquetes;• colchões;• bambolês.1. Leitura, em grupos, do PCN – Educação Física: objetivos gerais (p.63); Educação Física e cultura corporal <strong>de</strong> movimento, Educação Físicae cidadania, Mídia e cultura corporal <strong>de</strong> movimento (pp. 27 a 34). Emseguida, <strong>de</strong>bate sobre as seguintes questões (2h):• Qual o papel da Educação Física na formação do aluno e em quemedida o trabalho realizado é coerente com esse papel?151


• De que modo a Educação Física está articulada com o projetopedagógico global da escola?• Quais as principais dificulda<strong>de</strong>s para essa integração e quesugestões o grupo traz para caminhar nessa direção?Elaboração, por cada subgrupo, <strong>de</strong> um texto síntese <strong>de</strong>ssa reflexão.Discussão com todos os participantes sobre o papel da Educação Físicana construção da cidadania.2. Construção <strong>de</strong> uma linha do tempo representando as mudançasmais importantes que i<strong>de</strong>ntificam nas concepções <strong>de</strong> ensino eaprendizagem da área, tendo como base a própria memória, o processo<strong>de</strong> formação <strong>profissional</strong> e a situação atual <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> formaçãocontinuada (2h).Leitura, em grupos, do PCN – Educação Física – Caracterização da área– Influências, tendências e quadro atual (pp. 21 a 27) para subsidiar apróxima ativida<strong>de</strong>.Preparação <strong>de</strong> um painel sobre as abordagens crítica, psicomotora,construtivista e <strong>de</strong>senvolvimentista, sendo que cada um dos grupos seresponsabiliza pela apresentação <strong>de</strong> uma das abordagens, <strong>de</strong>stacando:• O contexto histórico e educacional em que cada uma das tendênciassurge.• Quais suas principais contribuições e limitações para a inclusão dosalunos na aprendizagem.Apresentação do painel e <strong>de</strong>bate sobre as possíveis divergências edúvidas. Síntese coletiva do processo histórico da área, salientando apresença, nas práticas dos professores, da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepções<strong>de</strong> ensino e aprendizagem estudadas.3. Elaboração, em pequenos grupos, <strong>de</strong> uma dinâmica (jogo ouativida<strong>de</strong>) que represente o modo como as correntes discutidas nopainel abordam o processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem (4h). Cada grupose responsabiliza por uma dinâmica, correspon<strong>de</strong>nte a uma dascorrentes estudadas, buscando explicitar:• Quais conteúdos serão trabalhados, e com que objetivos.• Qual a faixa etária dos alunos.• Quantos alunos por turma.• Se serão turmas mistas ou separadas por gênero.• Quais os materiais e os espaços necessários.Vivência: cada subgrupo apresenta sua dinâmica, organiza e coor<strong>de</strong>na avivência da ativida<strong>de</strong> por todos os participantes do módulo.Síntese dos trabalhos apresentados, pontuando-se as dificulda<strong>de</strong>sencontradas, valorizando a compreensão das abordagens esalientando-se a importância <strong>de</strong> conhecer e i<strong>de</strong>ntificar cada uma, paraque haja uma maior correspondência entre discurso conceitual eprática.4. Organizados em duplas, os professores fazem uma análise <strong>de</strong> duassituações-aula (Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo), contrapondo os mo<strong>de</strong>losexplicação – ação e ação – reflexão – ação, para aprofundar questõescomo as que se seguem (6h):152


• O que é mais comumente feito nas aulas <strong>de</strong> Educação Física?• Qual a contribuição das novas abordagens?• O que os alunos apren<strong>de</strong>m em cada uma das situações?• Que capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolveram?• A noção <strong>de</strong> erro partiu apenas do professor ou os alunos tambémpu<strong>de</strong>ram refletir sobre isso?• Qual o grau <strong>de</strong> autonomia que o grupo <strong>de</strong> alunos exerceu nalocalização dos problemas enfrentados e na criação <strong>de</strong> situaçõesfavoráveis à sua superação?• Como o professor se posiciona perante essa autonomia?Exposição para a classe da análise realizada pelos grupos, seguida <strong>de</strong><strong>de</strong>bate.Leitura do PCN <strong>de</strong> Educação Física – Apren<strong>de</strong>r e ensinar EducaçãoFísica (pp. 45 a 58), relacionando o texto com a análise das situações,feita na ativida<strong>de</strong> anterior.Elaboração <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> abordagem dos conteúdos. Os professores,ainda organizados em duplas, fazem uma listagem dos conteúdos daspráticas da cultura corporal <strong>de</strong> movimento, que usualmente sãotrabalhados nas aulas <strong>de</strong> suas escolas. Formulam sugestões <strong>de</strong> comotrabalhá-los, incluindo a participação dos alunos na organização dasativida<strong>de</strong>s. Relato das sugestões para toda a classe. Debate sobre oque po<strong>de</strong>rá ser incluído no trabalho atualmente <strong>de</strong>senvolvido com osalunos.5. Exibição do <strong>programa</strong> TV Escola A Educação Física é para todos paraobservação e anotação dos movimentos e habilida<strong>de</strong>s motoras queaparecem no ví<strong>de</strong>o, realizados pelos alunos (2h).• Levantamento e registro num quadro <strong>de</strong> todas as anotações feitas.• Classificação dos movimentos e habilida<strong>de</strong>s segundo o contexto emque aparecem sendo exercidos. Exemplos: arremessar com as duasmãos – treinamento <strong>de</strong> basquete; arremessar com uma das mãos –jogo pré-<strong>de</strong>sportivo; saltar com as duas pernas – brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> pularcorda; saltar com uma das pernas – comemoração <strong>de</strong> gol.Observação: se necessário, repetir a exibição do ví<strong>de</strong>o para ampliar aleitura dos movimentos realizados, o que se consegue melhorassistindo ao ví<strong>de</strong>o sem som.6. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 11ª SITUAÇÃOOs alunos são colocados em fila, em direção a uma tabela <strong>de</strong> basquetee o professor comanda o grupo para que realize o movimento <strong>de</strong>ban<strong>de</strong>ja. O grupo repete esse exercício até que cada aluno tenha153


ealizado 10 arremessos. O professor vai sugerindo correções nosmovimentos dos alunos. Após os arremessos, o professor organiza ojogo <strong>de</strong> basquete, explicando as principais regras.2ª SITUAÇÃOO professor propõe aos alunos um jogo <strong>de</strong> basquete e solicita queexponham o que conhecem sobre o jogo, como: regras, número <strong>de</strong>jogadores e se já jogaram anteriormente. Combina com o grupo asprincipais regras que estarão valendo e solicita uma opção para aescolha dos times. O jogo inicia-se e o professor faz anotações sobre oque acha pertinente comentar com os alunos, consi<strong>de</strong>rando o níveltécnico apresentado com relação à ida<strong>de</strong>. Após todos terem participadopor um tempo suficiente para as observações do professor, esteinterrompe e propõe ao grupo refletir sobre as principais dificulda<strong>de</strong>sencontradas, por exemplo: arremessos à cesta, passes, faltascometidas etc. Solicita ao grupo <strong>de</strong> alunos que formule formas <strong>de</strong>treinar algumas habilida<strong>de</strong>s para melhorar o jogo, tendo como critérioprincipal a inclusão <strong>de</strong> todos na ativida<strong>de</strong>. Auxilia a organização <strong>de</strong>pequenos grupos para treinamento <strong>de</strong> diferentes habilida<strong>de</strong>s,improvisando materiais auxiliares, como caixas <strong>de</strong> papelão emdiferentes alturas, incentivando a criação <strong>de</strong> jogos que contemplem ashabilida<strong>de</strong>s ou fundamentos localizados na discussão.154


Módulo 4Tratando <strong>de</strong> questões sociaisem Educação Física, abordandoconteúdos <strong>de</strong> formasignificativa para o jovem


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental: percebam relações entresua área e os Temas Transversais; interessem-se pela busca <strong>de</strong>informações sobre os diversos Temas Transversais; compreendam osentido da relação <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong> entre temas e áreas.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores valorizem otrabalho com os Temas Transversais e sintam-se capazes <strong>de</strong> explorá-losem Educação Física.• Relação entre Educação Física e os Temas Transversais;• a inserção dos Temas Transversais na área <strong>de</strong> Educação Física;• objetivos dos Temas Transversais.• PCN dos Temas Transversais;• PCN da área <strong>de</strong> Educação Física;• ví<strong>de</strong>o da TV Escola – Temas Transversais (fita nº 7).Ví<strong>de</strong>o Diário <strong>de</strong> um adolescente e Kids.157


1. Leitura, em seis subgrupos, do PCN – Educação Física (pp. 34 a 43)– Educação Física e os Temas Transversais (2h).Em seguida, cada um dos sub-grupos escolhe um dos TemasTransversais e, após a leitura dos objetivos específicos <strong>de</strong> cada tema,realiza uma reflexão pautada nos seguintes aspectos:• Qual é a função social da escola nestas questões?• Em que momentos do trabalho realizado é possível fazer conexõescom esses temas?• Em que medida a presença do tema se dá no plano do discurso doprofessor ou na vivência concreta do aluno?O resultado <strong>de</strong>ssa discussão <strong>de</strong>ve ser registrado por escrito (parautilização nas ativida<strong>de</strong>s posteriores).Textos:PCN dos Temas Transversais – objetivos – Ética (p. 91).PCN dos Temas Transversais – objetivos – Pluralida<strong>de</strong> Cultural (p. 143).PCN dos Temas Transversais – objetivos – Meio Ambiente (pp. 197e 198).PCN dos Temas Transversais – objetivos – Saú<strong>de</strong> (p. 269).PCN dos Temas Transversais – objetivos – Orientação Sexual (pp. 311e 312).PCN dos Temas Transversais – objetivos – Trabalho e Consumo (pp. 373e 374).Apresentação da discussão e <strong>de</strong>bate com o grupo todo.2. Exibição do <strong>programa</strong> da TV Escola, série Parâmetros CurrricularesNacionais, fita nº 7, Temas Transversais, todos os <strong>programa</strong>s (2h).Em seguida à exibição, os mesmos subgrupos da ativida<strong>de</strong> anterioracrescentam outras alternativas <strong>de</strong> inclusão dos Temas Transversais notrabalho realizado nas respectivas escolas (2h).3. Planejamento <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> que represente, no senso comum, arelação mais estereotipada possível entre a sua prática e o gênero(3h). Por exemplo: futebol para os homens e dança para as mulheres.Se o número <strong>de</strong> participantes permitir, será muito interessante que osprofessores se dividam por gênero, em subgrupos <strong>de</strong> professores eprofessoras. As professoras organizam uma ativida<strong>de</strong> com dança para avivência dos homens, e os homens uma ativida<strong>de</strong> com futebol para asmulheres. Não sendo possível, ou sendo muito reduzido o número <strong>de</strong>um dos sexos, os grupos são organizados aleatoriamente e um organizauma ativida<strong>de</strong> mais estereotipada possível masculina e o outro umaestereotipada feminina.Cada grupo escolhe uma ativida<strong>de</strong> e planeja uma dinâmica <strong>de</strong>aprendizagem do tema escolhido, explicitando por escrito os objetivos eos conteúdos focalizados.Em seguida, o grupo <strong>de</strong> professores ministra a dinâmica para o grupo<strong>de</strong> professoras e vice-versa (quando a divisão permitir; caso contráriosão grupos formados aleatoriamente).Ao final das dinâmicas, o grupo todo faz uma discussão levantando asseguintes questões:• Quais foram as principais dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem vivenciadas?158


• Dentre elas, quais dizem respeito à falta <strong>de</strong> experiência anterior(envolvendo gestos ou regras) e quais estiveram relacionadas àvergonha pela situação <strong>de</strong> exposição diante <strong>de</strong> outro grupo(teoricamente) mais habilidoso?• Quais <strong>de</strong>ssas situações po<strong>de</strong>m ser relacionadas com o universo dosalunos?• Que interferências o professor po<strong>de</strong> fazer no processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem consi<strong>de</strong>rando essas reflexões?4. Mantendo-se os subgrupos utilizados nas Ativida<strong>de</strong>s 1 e 2, elege-seum esporte coletivo para ser objeto <strong>de</strong> aprendizagem (2h).Cada grupo formula duas aulas tendo esse esporte como tema, sendoque na primeira aula as turmas <strong>de</strong> alunos estarão separadas porgênero, e na segunda a turma será mista.Analisar os dois planejamentos, comparando o <strong>de</strong>senvolvimento doconteúdo que é previsto para os grupos misto e separado por gênero,justificando o motivo dos diferentes encaminhamentos.Discussão do grupo todo sobre as duas versões apresentadas por cadasubgrupo, pontuando:• pontos positivos e pontos negativos das escolhas feitas e suasjustificativas;• dois critérios claros para orientar a opção <strong>de</strong> trabalhar com turmasmistas ou separadas por gênero;• qual a porcentagem a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong>ssas opções durante um ano <strong>de</strong>trabalho.O registro <strong>de</strong>ste trabalho será utilizado em outras ativida<strong>de</strong>s.5. Leitura, nos mesmos subgrupos, dos textos do PCN dos TemasTransversais – A transversalida<strong>de</strong> (pp. 26 a 30) e A inserção dos TemasTransversais (pp. 35 a 39), para reflexão sobre a relação entre o que osalunos apren<strong>de</strong>m na escola e sua atuação social como cidadãos.A discussão do grupo <strong>de</strong>ve tentar respon<strong>de</strong>r às seguintes questões(3h):• O que é preciso mudar no trabalho para aten<strong>de</strong>r a esses objetivos?• O que essa mudança po<strong>de</strong> provocar na vida dos alunos?Leitura do documento Temas Transversais (pp. 19 a 26) para elaboraruma síntese sobre a justificativa do trabalho com Temas Transversais edos critérios adotados na eleição dos temas.Redação <strong>de</strong> um texto, em subgrupos, explicitando: a compreensão quecada grupo tem até o momento do trabalho com Temas Transversais, aspossíveis dificulda<strong>de</strong>s encontradas e a sugestão <strong>de</strong> algum tema a maisa ser trabalhado, ou que possa ser vinculado a algum dos temasapresentados, por representar urgência na realida<strong>de</strong> local on<strong>de</strong> atuam.(Esse texto será utilizado em uma próxima ativida<strong>de</strong>.)6. Debate coletivo sobre as questões sociais da localida<strong>de</strong>, fazendouma análise que leve em conta, por exemplo (4h):• Quais os problemas mais graves?• Qual é, e qual <strong>de</strong>veria ser, a função social da escola nessasquestões?159


• Em que medida o trabalho <strong>de</strong> autonomia na construção <strong>de</strong> valorescom os alunos po<strong>de</strong> favorecer a construção <strong>de</strong> sujeitos proativos (queassumem as conseqüências <strong>de</strong> seus atos sem se justificar culpandooutros) em contrapartida a sujeitos reativos (que sempre atribuem asconseqüências do que ocorre em suas vidas aos outros).Observação: se possível, esta ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser precedida daexibição dos ví<strong>de</strong>os Diário <strong>de</strong> um adolescente e Kids, solicitando aosprofessores que anotem todas as situações relacionadas com os TemasTransversais (exemplo: drogas e o esporte, as questões da sexualida<strong>de</strong>,os preconceitos etc.). Se for necessário, optar entre um ou outro, apriorida<strong>de</strong> é do Diário <strong>de</strong> um adolescente, por ser mais diretamenterelacionado com a área.Ao final da exibição, abre-se o <strong>de</strong>bate. (Sugestão <strong>de</strong> roteiro no Anexo 1<strong>de</strong>ste módulo.)Leitura e revisão dos textos elaborados anteriormente (Ativida<strong>de</strong>s 2e 7). Os professores retornam aos grupos originais para rever o queproduziram anteriormente, consi<strong>de</strong>rando, por exemplo, se alterariam asporcentagens <strong>de</strong> trabalho misto e/ou as justificativas.Deverão também elencar possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interseção dos conteúdosda área com os Temas Transversais expressas em ações <strong>de</strong> trabalho,isto é, exemplos <strong>de</strong> estratégias e situações <strong>de</strong> aprendizagem préorganizadas.7. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 1DOIS ROTEIROS PARA A DISCUSSÃO DOS FILMES:Kids1. Em que contexto se <strong>de</strong>senvolve o filme (faixa etária do grupo <strong>de</strong>adolescentes, perfil <strong>de</strong> opções que se apresentam para a ocupação,relações com a família, condição financeira)?2. Quais as expectativas dos adolescentes retratados no filme, <strong>de</strong>sejos,sonhos, projeção <strong>de</strong> futuro?3. O que é apresentado como valores do jovem quanto à sexualida<strong>de</strong>?4. Existe diferença <strong>de</strong> valores entre meninos e meninas explicitada nofilme?5. Existem oportunida<strong>de</strong>s para que ocorra esse encontro <strong>de</strong>expectativas dos meninos com as meninas?160


6. Com relação à questão anterior, em quantas outras situações, quenão exclusivamente a sexualida<strong>de</strong>, meninos e meninas po<strong>de</strong>m tervisões diferenciadas? (Listá-las.)7. Quantas oportunida<strong>de</strong>s são promovidas para confrontar essas visões(exemplo: diferenças no esporte e valores atribuídos a: estética,<strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> coragem diante do grupo exibindo-se e arriscandose,preconceitos, incidência na utilização <strong>de</strong> drogas, fumo, álcool etc.)?8. Qual é a droga mais enfocada naquele contexto e qual é a drogapresente na nossa comunida<strong>de</strong>?9. Por ser um filme que invoca um estado <strong>de</strong> alerta, é um filme pesado.Como está sendo discutida a prevenção das doenças sexualmentetransmissíveis na sua escola?10. Quais são as sensações que ficaram nos professores após aapresentação do ví<strong>de</strong>o?11. Existe um sentimento <strong>de</strong> mobilização quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atuarmos junto aos adolescentes?12. O que o grupo po<strong>de</strong>ria imaginar para atuar naquela realida<strong>de</strong>?13. Quais seriam as vias <strong>de</strong> acesso para chegar até aquelesadolescentes?Diário <strong>de</strong> um adolescente1. O filme relata o percurso <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> adolescentes. O que elesapresentam como necessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos e expectativas <strong>de</strong> vida noinício do filme?2. Como o grupo <strong>de</strong>screveria a relação entre os integrantes do grupo?3. Quem exercia o papel <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r nas diferentes situações apresentadasno filme?4. Quais as principais afinida<strong>de</strong>s que mantinham o grupo?5. Quantas situações po<strong>de</strong>mos apontar nas quais os personagenstiveram uma opção <strong>de</strong> escolha que po<strong>de</strong>ria mudar o enredo?6. Qual relação o grupo estabeleceu entre o uso <strong>de</strong> drogas e o esporte?7. Qual o papel que a droga assumiu ao longo do enredo?8. De que modo po<strong>de</strong> a escola ocupar um espaço <strong>de</strong>ntro dacomunida<strong>de</strong> e estabelecer um pólo <strong>de</strong> trabalho com as questões queenvolvem drogas, sexualida<strong>de</strong>, violência etc.?161


9. De que modo po<strong>de</strong>mos organizar nossa relação diária com oadolescente que favoreça o <strong>de</strong>senvolvimento da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estabelecer relações <strong>de</strong> autonomia?10. Em que medida o trabalho <strong>de</strong> autonomia na construção <strong>de</strong> valorescom os alunos po<strong>de</strong> favorecer a construção <strong>de</strong> sujeitos proativos (queassumem as conseqüências <strong>de</strong> seus atos sem se justificar culpandooutros) em contrapartida a sujeitos reativos (que sempre atribuem asconseqüências do que ocorre em suas vidas aos outros)?11. Consi<strong>de</strong>rar, para a discussão, as situações do filme nas quaisocorreram possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> opção que mudariam o enredo, e nasquais isso efetivamente ocorreu com os personagens (exemplo: garotoque assumiu diante do grupo não tomar nada antes do jogo, percursoda recuperação com os momentos <strong>de</strong> ajuda e <strong>de</strong> esforço próprio).162


Módulo 5O que, por que e comoensinamos, apren<strong>de</strong>mos emEducação Física


24 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental <strong>de</strong>senvolvam: uma visãomais ampla do significado dos conteúdos escolares (conceitos,procedimentos e atitu<strong>de</strong>s); a competência necessária para articularobjetivos, conteúdos, orientações didáticas e critérios <strong>de</strong> avaliação,buscando transformar seu planejamento num instrumento importante<strong>de</strong> trabalho.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sejam capazes <strong>de</strong>:• i<strong>de</strong>ntificar nos conteúdos específicos da área <strong>de</strong> Educação Física asdimensões conceituais, procedimentais e atitudinais;• elaborar um planejamento que seja um instrumento útil para o<strong>de</strong>senvolvimento e a avaliação do trabalho escolar, e possibilite articulálocom a <strong>de</strong>manda da comunida<strong>de</strong> da qual faz parte.• Orientações didáticas;• os conteúdos da área: critérios <strong>de</strong> seleção, <strong>de</strong> organização ediferentes tipos <strong>de</strong> conteúdos;• articulação entre os conteúdos, objetivos e orientações didáticas.• O documento da Educação Física para o 3º e 4º ciclos.1. Leitura, em pequenos grupos, da parte do documento <strong>de</strong> EducaçãoFísica sobre Critérios <strong>de</strong> seleção e organização dos conteúdos (pp. 67 a79) e do texto do Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo para elaboração <strong>de</strong> umasíntese do que tratam os textos (8h).• Relato pessoal sobre o conteúdo do planejamento <strong>de</strong> cada um, aforma como é <strong>de</strong>senvolvido e o que po<strong>de</strong> ser incorporado daquilo queacabou <strong>de</strong> ser lido.165


• Apresentação, para a classe, do que foi discutido em cada grupo.• Debate, com a participação <strong>de</strong> todos, sobre a importância dadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdos e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incluir no planejamentoconteúdos das categorias conceitual, procedimental e atitudinal, paraque não sejam <strong>de</strong>senvolvidos como conteúdos ocultos.Análise e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong>: O jogo <strong>de</strong> futebol – asregras e habilida<strong>de</strong>s envolvidas. Formam-se 3 grupos:O primeiro grupo apresenta uma ativida<strong>de</strong> relacionada ao tema O jogo<strong>de</strong> futebol – as regras e habilida<strong>de</strong>s envolvidas, <strong>de</strong>stacando osconteúdos conceituais que serão trabalhados durante aquela ativida<strong>de</strong>.Determina para qual faixa etária a ativida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stina. Todos osprofessores vivenciam na prática a ativida<strong>de</strong>. Todos comentam sobre o<strong>de</strong>senvolvimento do trabalho, sugerem complementações, discutindo asprincipais dificulda<strong>de</strong>s e dúvidas.O primeiro grupo formula, apresenta e dirige a vivência <strong>de</strong> umaativida<strong>de</strong> relacionada ao tema O jogo <strong>de</strong> futebol – as regras ehabilida<strong>de</strong>s envolvidas, <strong>de</strong>terminando para qual faixa etária a ativida<strong>de</strong>se <strong>de</strong>stina, <strong>de</strong>stacando os conteúdos conceituais que serão trabalhadosdurante aquela ativida<strong>de</strong>. Todos os professores vivenciam na prática aativida<strong>de</strong>. Todos comentam o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho, sugeremcomplementações, discutindo as principais dificulda<strong>de</strong>s e dúvidas.O segundo grupo faz o mesmo que o primeiro, dando <strong>de</strong>staque aosconteúdos procedimentais.O terceiro grupo também faz o mesmo que o primeiro, dando <strong>de</strong>staqueaos conteúdos atitudinais.Após a vivência das duas primeiras ativida<strong>de</strong>s, faz-se uma discussãocoletiva, procurando relacionar os conteúdos trabalhados na primeiraativida<strong>de</strong> com os trabalhados na segunda ativida<strong>de</strong>, reforçando a idéia<strong>de</strong> que as categorias <strong>de</strong> conteúdo são trabalhadas simultaneamente, eque o olhar do professor <strong>de</strong>ve ser ampliado para essa simultaneida<strong>de</strong>.Ao final da vivência da 3ª ativida<strong>de</strong> (relativa aos conteúdos atitudinais),novamente os professores <strong>de</strong>vem procurar relacionar os conteúdostrabalhados na terceira ativida<strong>de</strong> com os das duas ativida<strong>de</strong>s anteriores,procurando refletir sobre as seguintes questões:• Como po<strong>de</strong>mos organizar o trabalho em aula, <strong>de</strong> maneira acontemplar as 3 categorias dos conteúdos?• Como fazer isso sem que ocorram dinâmicas artificiais e sem que otratamento <strong>de</strong>sses conteúdos seja feito <strong>de</strong> modo compartimentalizado?• O que aconteceria se adotássemos uma aula em classe paraconteúdos conceituais intercalada com duas práticas para conteúdosprocedimentais e atitudinais?• Conteúdos conceituais não precisam ser <strong>de</strong>senvolvidos em classe,ao contrário, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ter seus significados expressos no fazer.2. Leitura, em pequenos grupos, do item orientações didáticas (pp.103 a 108), procurando eleger o aspecto que consi<strong>de</strong>ram maisrelevante (8h).Em seguida, os professores planejam uma aula para ser <strong>de</strong>senvolvidacom uma turma mista, na qual esse aspecto esteja presente. Cadagrupo elabora sua aula no campo <strong>de</strong> uma das práticas da cultura166


corporal: jogos, esportes, lutas, ginástica ou danças. O texto dos PCN3º e 4º ciclos (pp. 67 a 79 e 89 a 99) é útil como material <strong>de</strong> apoiopara esse trabalho.O planejamento da aula é feito em duas etapas, cujas <strong>de</strong>finições sãodiscutidas pelo grupo e registradas por escrito:1ª etapa:• Faixa etária a que se <strong>de</strong>stina.• Número <strong>de</strong> alunos que compõe o grupo.• Por que/para que fazer essa ativida<strong>de</strong>.• O que os alunos vão apren<strong>de</strong>r? Especificar as dimensõesconceituais, atitudinais e procedimentais da aprendizagem.• O que os alunos já sabem que lhes po<strong>de</strong> auxiliar nesta novaaprendizagem?• O que os alunos vão ter <strong>de</strong> fazer?• O que vai ser dito a eles?• Como os alunos estarão organizados?• Uma ou mais ativida<strong>de</strong>s estarão sendo <strong>de</strong>senvolvidassimultaneamente?• Que material vai ser utilizado? Que improvisações po<strong>de</strong>m ser feitas,para viabilizar a ativida<strong>de</strong>?• Qual vai ser o tempo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>?2ª etapa:• Os grupos fazem a leitura dos objetivos da área nos ciclos finais edos critérios <strong>de</strong> avaliação.• Após as leituras, os professores iniciam a discussão <strong>de</strong> como osobjetivos e os conteúdos po<strong>de</strong>m ser utilizados/adaptados em suaescola.• Os grupos registram suas conclusões e sugestões na mesma folhaem que registraram a 1ª etapa do trabalho.• Ao término do planejamento, os grupos ou seus representantes,apresentam-no aos <strong>de</strong>mais para uma discussão das dificulda<strong>de</strong>senfrentadas, dúvidas, dificulda<strong>de</strong>s com repertório, a<strong>de</strong>quações etc.• O último grupo a se apresentar <strong>de</strong>ve ser responsável pela ativida<strong>de</strong><strong>de</strong> dança, para que, em seguida à apresentação, seja feita sua vivênciacom todos os participantes do módulo, sob a orientação do grupo que aelaborou.3. Finalizando, abre-se um <strong>de</strong>bate sobre a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dança,levantando-se os conhecimentos dos participantes sobre: as dançaspresentes na cultura local, algumas danças da cultura do nosso paíspossíveis <strong>de</strong> serem trabalhadas na escola, as danças com que osjovens da comunida<strong>de</strong> se estão i<strong>de</strong>ntificando, a origem <strong>de</strong>ssas danças,os ritmos e os possíveis valores a elas agregados (8h), buscandorespon<strong>de</strong>r a algumas questões como:• São originárias <strong>de</strong> outros países e criadas por grupos distintos?Exemplo: rap, funk, samba etc.• São dançadas por grupos distintos que se <strong>de</strong>finem por um jeitocaracterístico <strong>de</strong> vestir, falar etc.?• Transmitem valores enquanto dançam para quem assiste? Exemplo:sensualida<strong>de</strong>, malícia, <strong>de</strong>scaso etc.167


• Tecnicamente favorecem a inclusão <strong>de</strong> todos com facilida<strong>de</strong>?• É necessária uma aprendizagem sistemática ou permitem umaaprendizagem mais espontânea?Observação: na discussão sobre o trabalho com dança é interessanteenfatizar suas características específicas, tais como: a ausência <strong>de</strong>competição, a aprendizagem que ocorre em outros contextos além daescola, a valorização do conhecimento dos alunos e <strong>de</strong> algunsintegrantes da comunida<strong>de</strong> como transmissores do conhecimento.Também é possível estabelecer relações com outros blocos <strong>de</strong>conteúdo, comparando como ocorrem as diferentes aprendizagens eincluindo as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalhar os Temas Transversais. Osprofessores po<strong>de</strong>m contar com os dois textos do Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulopara subsidiar as discussões.4. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 1É importante ressaltar que o histórico da área <strong>de</strong> Educação Física temcomo predominância o <strong>de</strong>senvolvimento dos conteúdos <strong>de</strong> uma únicacategoria, a procedimental. Isso se dá em função <strong>de</strong> um históricopapel, exercido pelos instrutores e pelos profissionais da área, queensinam como fazer.Entretanto, a aprendizagem do como fazer (conteúdos procedimentais)envolve também conceitos e valores, que, pela característica dadisciplina, po<strong>de</strong>m, na maioria das vezes, ser <strong>de</strong>senvolvidossimultaneamente.Porém, os conteúdos atitudinais ocorrem, em sua maioria, ao acaso,sem um planejamento para o seu <strong>de</strong>senvolvimento. É comum ouvir dosque trabalham na área, que <strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolve acooperação, ou ainda, que se apren<strong>de</strong> com ela a ganhar e a per<strong>de</strong>r,respeitando os colegas. É importante ressaltar que <strong>de</strong>terminadasaprendizagens necessitam da interferência ou da mediação doprofessor para que ocorram, e que essas situações po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem serplanejadas para que, como objetivos e conteúdos, também sejamavaliadas.Anexo 21. Texto publicado pela TV Escola, Conteúdos curriculares, sérieEducação Física – Ensino Fundamental.Programa 3: On<strong>de</strong> está a dança?Autor: Marcelo Barros da SilvaCoor<strong>de</strong>nação-Geral SEF/MEC: Maria Cristina PereiraClaudia Rosemberg Aratangy168


Um pequeno histórico:Po<strong>de</strong>-se dizer que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre a humanida<strong>de</strong> dança. Há registros empinturas pré-históricas que indicam que talvez antes mesmo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rfalar já dançávamos. Nossos ancestrais dançavam pelas mais diversasmotivações: invocar as forças da natureza para ajudá-los na caça, napreparação para a guerra, para fertilizar a terra, entre inúmeras outras,ou simplesmente pelo puro prazer <strong>de</strong> se movimentar.Na Grécia Antiga, algumas mulheres dançavam até entrar em transepara po<strong>de</strong>r ver a sua <strong>de</strong>usa-mãe. Na Índia, Shiva, um dos <strong>de</strong>uses maisimportantes da mitologia, é um <strong>de</strong>us dançante. Na Ida<strong>de</strong> Média, naEuropa dançava-se nas ruas e, mais tar<strong>de</strong>, a dança era adotada pelanobreza para ganhar os palcos. No Brasil, a dança também estevesempre presente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os rituais indígenas até as manifestaçõesculturais vindas da Europa, passando pelas tradições das maisdiferentes etnias africanas. Na atualida<strong>de</strong>, a maior festa nacional, ocarnaval, é dançada <strong>de</strong> muitas maneiras diferentes: nas ruas, nossalões, na praia; o samba, o frevo, o afoxé etc.A dança não requer materiais específicos, lugares requintados: para sedançar só é preciso o próprio corpo e um ritmo (que po<strong>de</strong> ser imprimidopelo próprio dançarino). Por isso, talvez, seja uma das formas <strong>de</strong>expressão (<strong>de</strong> Arte) mais populares que existe. Obviamente há umadiferença entre a dança que é apresentada nos teatros e aqueladançada nas festas, nas praças, nas ruas etc., da mesma formacomo po<strong>de</strong>mos diferenciar o futebol jogado nos estádios do futebol quese joga nas ruas ou campinhos. Entretanto, é possível encontraraqueles (e mais ainda, aquelas) que nunca jogaram futebol, mas édifícil achar alguém que nunca tenha dançado pelo menos umavez na vida.No Brasil, inúmeras formas <strong>de</strong> dança se <strong>de</strong>senvolveram e ainda se<strong>de</strong>senvolvem por todo o país. Nossa pluriculturalida<strong>de</strong>, nossa facilida<strong>de</strong>em absorver influências e imprimir nossa marca, faz com que se tenhauma diversida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> danças. “…tivemos influências tãodiversas quanto o clima, os imigrantes que nos colonizaram, osafricanos <strong>de</strong> diferentes etnias que para cá vieram como escravos, osmeios <strong>de</strong> subsistência da população, seu <strong>de</strong>senvolvimento social ecultural...” (FARO, A. J. Pequena história da dança).Quais são as ocasiões em que se dança? Para começo <strong>de</strong> conversa,cada estado, região ou lugar brasileiros têm suas festas e danças.Alguns exemplos: Moçambique, maculelê, maracatu, reisados, folias,cheganças, bumba-meu-boi, forrós, baião, xote, xaxado, samba,cateretê, balaio, pezinho, congada, pastoris, quadrilha… Danças doNorte, Nor<strong>de</strong>ste, Centro-oeste, Su<strong>de</strong>ste e Sul.Cada uma <strong>de</strong>ssas manifestações tem uma história, uma razão <strong>de</strong> ser,um pedacinho da história do Brasil, que foi contada, recontada,recortada, ampliada. Têm características também das danças populares<strong>de</strong> vários lugares do mundo: a presença <strong>de</strong> traços da religiosida<strong>de</strong>, dopaganismo, as simbologias que evocam a luta do bem contra o mal;são marcadas também pelo tipo <strong>de</strong> colonização e pelo ambiente emque se <strong>de</strong>senvolveram: área <strong>de</strong> pesca, da agricultura, da mineração,pastoreio e floresta amazônica.169


As regiões metropolitanas, os centros urbanos, têm também suastradições: bailes funk, bailes, forrós e lambadas, escolas <strong>de</strong> samba,gafieiras, domingueiras, mingaus <strong>de</strong> clubes, “discos”, carnaval <strong>de</strong> rua epago<strong>de</strong>s.As danças, nesses lugares, têm características diferentes das dançasregionais, mas, também como elas, foram criadas por grupos culturais,i<strong>de</strong>ntificam esses grupos, e estão repletas <strong>de</strong> significado social.Há também a dança que é apresentada por grupos profissionais, aovivo, em teatros, ou por meio da televisão. Esses grupos são, comooutros produtores <strong>de</strong> Arte, compostos por pessoas que estudam astécnicas, <strong>de</strong>senvolvem-nas, criam e recriam linguagens, compõem e resignificamcoreografias. Alguns dos grupos <strong>de</strong> dança profissionaispartem <strong>de</strong> danças étnicas, tradicionais e/ou da cultura popular e dão aelas novos significados, novas interpretações. Qualquer pessoa quequeira conhecer o significado da dança como uma forma <strong>de</strong> expressão<strong>de</strong> idéias e emoções, ou para entrar em contato com a Arte em umadas suas formas mais universais e belas, <strong>de</strong>ve procurar conhecer otrabalho <strong>de</strong>stes grupos.Como e por que as pessoas apren<strong>de</strong>m a dançar?A dança é uma profissão para algumas pessoas que a apren<strong>de</strong>m,estudam, praticam, recriam-na e apresentam-na para o público. Assimcomo um esportista <strong>profissional</strong>, o dançarino não dança pelo simplesprazer <strong>de</strong> dançar e po<strong>de</strong> tornar-se referência para pessoas queapreciam dança. A maioria das pessoas, entretanto, apren<strong>de</strong> a dançarsem professor e dança por pura diversão, pois, para estas, dançar éacima <strong>de</strong> tudo um prazer. Como nos jogos e brinca<strong>de</strong>iras, também nãotem nenhum fim prático: é pura diversão para quem participa. Mas,também como nos jogos e brinca<strong>de</strong>iras, muito conhecimento écolocado em movimento quando se dança. Movimentar-se com ritmo,fazendo gestos diferentes dos gestos utilitários e cotidianos, estar emsintonia (ou sincronia) com a música, com outras pessoas ou com ospróprios sentimentos, é uma experiência agradável e repleta <strong>de</strong><strong>de</strong>safios, não apenas corporais.Mesmo nunca tendo tido aulas <strong>de</strong> dança, a maioria das pessoas écapaz <strong>de</strong> arriscar uns passinhos. A dança, como a música, faz parte docotidiano do brasileiro: das festas <strong>de</strong> aniversário ao carnaval, asocasiões em que a dança aparece no convívio social são muitas: emroda, aos pares, em grupo, as pessoas compartilham uma experiênciaprazerosa.Observando e participando <strong>de</strong> situações dançantes, é assim que muitagente apren<strong>de</strong> a dançar. Na rua com os amigos, em casa com a família,nas festas da coletivida<strong>de</strong>, por meio da televisão etc.E a escola, dança?Talvez por preconceito (por achar que aquilo que diverte não contémconhecimento) ou por insegurança em trabalhar um conteúdo com oqual se tem pouca familiarida<strong>de</strong> (como um conteúdo formal). Osprofessores têm dado um chá <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ira na dança, <strong>de</strong>ixando-a <strong>de</strong> forado cotidiano da sala <strong>de</strong> aula.170


Com raríssimas exceções, a única ocasião em que a dança entra naescola é na época das festas juninas, quando os alunos ensaiam aquadrilha. Mesmo nesse caso, muitas vezes é dançada <strong>de</strong> formaautomática, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> sentido, sem que os alunos saibam suasorigens e significados. Na maioria das vezes, quando se dança é porconta das próprias crianças (meninas) que se organizam para imitardanças divulgadas pela mídia (Xuxa, Eliana, Tchan etc.)A dança, como objeto <strong>de</strong> ensino e aprendizagem escolar, tem <strong>de</strong>ixadomuito a <strong>de</strong>sejar.2. Texto publicado pela TV Escola, Conteúdos curriculares, sérieEducação Física – Ensino Fundamental.Programa 4: A escola entra na dança.Autor: Marcelo Barros da Silva.Coor<strong>de</strong>nação-Geral SEF/MEC: Maria Cristina Pereira.Claudia Rosemberg Aratangy.Por que trazer a dança para <strong>de</strong>ntro da escola?A dança é um campo <strong>de</strong> aprendizagem privilegiado: é uma forma <strong>de</strong>Arte composta pelo corpo e seus movimentos. Essa sua característicapossibilita que as crianças <strong>de</strong>senvolvam várias capacida<strong>de</strong>s.Estética: movimentar-se <strong>de</strong> forma harmoniosa, perceber a beleza <strong>de</strong>seus próprios movimentos, dos movimentos <strong>de</strong> seus pares ou <strong>de</strong> outraspessoas que dancem, observar as formas, os ritmos, as relações quecompõem as danças.Corporal: usar o corpo <strong>de</strong> forma expressiva, fazer movimentos diferentesdaqueles do cotidiano; relacionar-se com os outros, com o espaço e,em alguns casos, com objetos, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ritmos; coor<strong>de</strong>nar gestos <strong>de</strong>diferentes partes do corpo em um mesmo movimento; perceber asalterações nas sensações corporais: calor, suor, cansaço, aceleraçãodos batimentos, apetite, se<strong>de</strong>, alegria, tranquilida<strong>de</strong> etc.; conscientizarse<strong>de</strong> alguns limites e alcances do próprio corpo.Ética: conhecer a dança como manifestação <strong>de</strong> diferentes culturas,valorizando-a e respeitando-a; enten<strong>de</strong>r a dança como uma forma <strong>de</strong>expressão legítima, tanto <strong>de</strong> homens como <strong>de</strong> mulheres; apreciarcriticamente as danças veiculadas pela mídia.Cognitiva: organizar-se no espaço e no tempo, compreen<strong>de</strong>r e conceberdanças.Inserção social: perceber a dança como uma manifestação <strong>de</strong> sua própriacultura, como uma forma prazerosa <strong>de</strong> interagir com as pessoas.Relação interpessoal/afetiva: sentir-se à vonta<strong>de</strong> para dançar, respeitare auxiliar colegas que tenham dificulda<strong>de</strong>s, expressar sentimentos eemoções; integrar-se com seus pares diferentemente da maneiracotidiana.Como?Um dos maiores empecilhos para a adoção da dança como objeto <strong>de</strong>ensino e aprendizagem na escola resi<strong>de</strong> na dificulda<strong>de</strong> dos professoresem sentirem-se seguros para tratar do assunto. Como não são donosda matéria, preferem usar, nas aulas <strong>de</strong> Educação Física, jogos e171


inca<strong>de</strong>iras, que conhecem melhor. Entretanto, não se trata <strong>de</strong> formarbailarinos (como também não se trata <strong>de</strong> formar jogadores <strong>de</strong> futebolou atletas profissionais), e sim <strong>de</strong> tirar proveito <strong>de</strong> todas ascapacida<strong>de</strong>s que a dança po<strong>de</strong> ajudar a <strong>de</strong>senvolver.Não existe lugar sem dança. Nas gran<strong>de</strong>s metrópoles ou nas áreasrurais, todo lugar tem suas danças: mais ou menos tradicionais, commúsica ao vivo ou gravada, coletivas, individuais ou em pares. A dançaque está ao redor <strong>de</strong>ve ser convidada a entrar na escola, por meio <strong>de</strong>pessoas da coletivida<strong>de</strong>, dos professores, dos pais dos alunos e àsvezes dos próprios alunos que têm oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dançar fora daescola.Em lugares do interior, on<strong>de</strong> a dança tradicional vai mal das pernas, écomum encontrarmos pessoas da comunida<strong>de</strong> que se preocupam emtentar manter vivas tais tradições e que po<strong>de</strong>riam aliar-se às escolaspara um trabalho educativo. Nos centros urbanos, as dançasconhecidas dos adolescentes, como o samba, o break e o funk, porexemplo, po<strong>de</strong>m ser trazidas por eles.Cuidados com o ensino e a aprendizagem da dança• Espaço, roupas e outros <strong>de</strong>talhes:Para se dançar não é preciso uma sala com chão liso <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, umaparelho <strong>de</strong> som sofisticadíssimo ou um piano e colants e sapatilhas.Fundamental é que haja espaço para que todos possam movimentar-secom razoável liberda<strong>de</strong>, e que a roupa permita gestos mais amplos semtornar-se <strong>de</strong>sconfortável ou expor <strong>de</strong>mais quem a está vestindo. Músicagravada po<strong>de</strong> ser muito útil, mas, na falta <strong>de</strong>sta, cantar e/ou marcar oritmo com algum instrumento simples (chocalho, pan<strong>de</strong>iro) é umaalternativa viável.• Timi<strong>de</strong>z/correções/apresentações:Algumas crianças são mais inibidas que outras e po<strong>de</strong>m sentir-seconstrangidas a dançar na frente dos outros. Há que se preservar estascrianças <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> exposição que acabam por afastá-las<strong>de</strong>finitivamente da dança. Corrigi-las discretamente, auxiliá-las asentirem-se seguras e confiantes antes <strong>de</strong> qualquer apresentação evalorizar sua participação acima <strong>de</strong> tudo é fundamental para quepossam <strong>de</strong>senvolver suas capacida<strong>de</strong>s e experimentar o prazer <strong>de</strong>dançar.• Meninos e meninas:Embora historicamente os homens tenham sido os primeiros a dançar,existe muito preconceito e discriminação em relação àqueles queparticipem <strong>de</strong> algum grupo, façam aula ou apreciem a dança. NoEnsino Fundamental este preconceito já aparece, mas ainda <strong>de</strong> formaatenuada. Po<strong>de</strong>-se então trabalhar para que ele não se fortaleça.Garantir aos meninos que sua participação não os torna menoshomens, que dança é coisa <strong>de</strong> meninos também e discutir oscomentários que porventura surgirem a esse respeito é uma atitu<strong>de</strong> quepo<strong>de</strong> ensinar muito sobre as questões <strong>de</strong> gênero.• Histórico/estética/pluricultural:Conhecer um pouco das origens das danças é conhecer um pouco maissobre a nossa e outras culturas e conhecer mais sobre os outros e172


sobre nós mesmos. As danças contam histórias, trazem símbolos <strong>de</strong>outros tempos, expressam valores estéticos. Conhecer, discutir, apreciaras danças é uma forma <strong>de</strong> enxergar como elas nascem, <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>rseus significados e até <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dançar melhor.• Momentos <strong>de</strong> criação:Conhecer danças e coreografias é básico para se enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que umadança se compõe, como uma coreografia é montada: <strong>de</strong> passos,ritmos, movimentos, interação entre pessoas, uso do espaço. Daroportunida<strong>de</strong> aos alunos <strong>de</strong> criarem suas danças, baseadas, ou não,em danças conhecidas, <strong>de</strong> modo que possam reapresentar osconhecimentos adquiridos e vivenciar uma parte importante do trabalhocom dança: a criação.• Interdisciplinarida<strong>de</strong>:É possível <strong>de</strong>senvolver projetos <strong>de</strong> dança integrando diferentes áreas doconhecimento. Geografia, História e Artes, principalmente, po<strong>de</strong>m daruma visão das relações entre aspectos socioculturais e artísticos.• As danças da TV:Cabe aqui abordar esse ponto polêmico: a escola <strong>de</strong>ve ou nãoincentivar as danças divulgadas pelos meios <strong>de</strong> comunicação?Freqüentemente, a mídia torna populares músicas e danças <strong>de</strong> gostoduvidoso, e os professores acabam utilizando-as, pois são do interessedas crianças. É necessário então separar o joio do trigo. Muitas <strong>de</strong>ssasdanças e músicas têm um ritmo bastante brasileiro e uma coreografiasimples que realmente convidam a dançar, entretanto sua letra ecoreografia, extremamente vulgares, não po<strong>de</strong>m ser adotados pelaescola como objetos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem. As crianças gostam <strong>de</strong>dançar e essas danças são ensinadas a elas pela TV. Provavelmente, sea escola passar a trabalhar com dança, esse tipo <strong>de</strong> coreografia e <strong>de</strong>música divulgados pela mídia não serão tão atraentes. Apresentar aosalunos músicas com ritmos semelhantes a essas que tenham letrasmais significativas e menos apelativas, bem como apresentar passoscoreográficos simples mas sem tanta erotização, po<strong>de</strong> ser uma forma<strong>de</strong> construir uma postura mais crítica diante <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> produtocomercial <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> valorização daquilo que é autêntico.Para saber maisUma das melhores maneiras <strong>de</strong> saber mais é assistir a apresentações<strong>de</strong> dança ao vivo. Entretanto, sabemos que isso nem sempre épossível. Passar a observar as danças da vida cotidiana com olhos <strong>de</strong>educador po<strong>de</strong> ser útil. Sugerimos também uma pequena bibliografiaque aborda diferentes aspectos da dança:• Danças dramáticas do Brasil – Mario <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.• A dança – Miriam Garcia Men<strong>de</strong>s.• Método dança-Educação Física – Edson Claro.• Cidadão corpo – Ivaldo Bertazzo.• História da dança – Maribel Portinari.173


Módulo 6Que coisas nossos alunos jásabem: evitando rupturas e dandocontinuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong>ensino e aprendizagem <strong>de</strong>Educação Física nas séries finaisdo Ensino Fundamental


12 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental conheçam a proposta dosPCN <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental <strong>de</strong> sua área, no sentido<strong>de</strong> possibilitar a continuida<strong>de</strong> e a coerência do processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores conheçam otrabalho proposto nos PCN para as séries iniciais do EnsinoFundamental e que percebam a importância <strong>de</strong> se co-responsabilizarempela aprendizagem <strong>de</strong> seus alunos.• Propostas da área nos PCN – séries iniciais;• flexibilização curricular e ajustes metodológicos para a<strong>de</strong>quação àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem dos alunos.• PCN 1º e 2º ciclos;• <strong>programa</strong> TV Escola, série Parâmetros Curriculares Nacionais, fita nº2, <strong>programa</strong>s A Educação Física é para todos, O que está em jogo nojogo, Movimento e seus momentos.• Aparelho <strong>de</strong> som.177


1. Análise e discussão <strong>de</strong> uma charge (mostrando grupos <strong>de</strong>:professores <strong>de</strong> 1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries, ensino médio e alunos, comfalas recorrentes <strong>de</strong> reclamações contra terceiros, para evi<strong>de</strong>nciar anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração entre os diferentes atores da escola),procurando localizar seu conteúdo no contexto do cotidiano escolar, <strong>de</strong>modo geral e como ocorre na área <strong>de</strong> Educação Física (4h).• Resgate, na memória pessoal dos professores, dos momentos dainfância, <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> jogos, brinca<strong>de</strong>iras, danças, esportes ou lutas:– Localizar se essas vivências ocorriam no contexto escolar ou fora <strong>de</strong>le.– Discutir como se aprendia sobre essas práticas (com professores ouadultos, na rua, com crianças mais velhas, pela TV, se os grupos eramseparados em gênero ou não etc.).Observação: esse trabalho é realizado individualmente, se possível comuma música <strong>de</strong> fundo e um relaxamento, remontando uma linha dotempo com início aos 6 anos e até aproximadamente os 10 anos.O formador conduz o trabalho indicando ano a ano quais as principaislembranças que surgem dos jogos e brinca<strong>de</strong>iras, quais as sensações<strong>de</strong>ssas lembranças, quem eram os personagens que participavam, e seexistiam professores e ou adultos durante as ativida<strong>de</strong>s.– Levantamento oral e registro escrito das lembranças, na lousa,separadas em duas colunas: as boas e as más lembranças.– Análise, em pequenos grupos, <strong>de</strong> situações positivas e negativasrelatadas, formulando hipóteses sobre o que contribuiu para asexperiências serem positivas, e sobre o que contribuiu para asexperiências serem negativas. O grupo registra possíveis interferênciasdo professor como mediador da aprendizagem dos alunos, contribuindopara que se consoli<strong>de</strong> uma aprendizagem prazerosa, que efetivamentecontribua com a auto-estima positiva.– Apresentação para a classe das discussões e das sugestões dosgrupos.Exibição do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série Parâmetros Curriculares Nacionais,fita nº 2, os 3 <strong>programa</strong>s A Educação Física é para todos, O que estáem jogo no jogo e Movimento e seus momentos, que abordam otrabalho da área no 1º e 2º ciclos. Leitura do documento <strong>de</strong> 1º e 2ºciclos (pp. 59 a 77).2. Elaboração, em pequenos grupos, <strong>de</strong> uma proposta para trabalharcom os diferentes níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> apresentados pelos alunos,consi<strong>de</strong>rando as possíveis diferenças entre os alunos e os dados darealida<strong>de</strong> local. Cada grupo elabora um plano <strong>de</strong> 8 aulas para cada umdos conteúdos da cultura corporal <strong>de</strong> movimento (4h): 1º grupo – jogos;2º grupo – esportes; 3º grupo – ginástica; 4º grupo – lutas; 5º grupo –dança. (Orientação para construção dos planos <strong>de</strong> aula no Anexo 1<strong>de</strong>ste módulo.)3. Apresentação dos planos <strong>de</strong> aula à classe para que todos participemfazendo sugestões e apontando dúvidas, <strong>de</strong> modo que cada plano sejao resultado <strong>de</strong> uma construção coletiva (4h).4. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação ao178


seu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 1Orientação para o plano <strong>de</strong> aulaO plano <strong>de</strong>verá:1. Explicitar qual é o objetivo do trabalho.2. Apontar como o professor diagnosticará o conhecimento que osalunos têm do conteúdo a ser trabalhado.3. Destacar o trabalho do conteúdo escolhido nas suas dimensõesconceitual/procedimental e atitudinal.4. Determinar quantos alunos estarão participando das aulas, quaismateriais serão utilizados e quais materiais po<strong>de</strong>rão ser improvisados.5. I<strong>de</strong>ntificar qual é a expectativa <strong>de</strong> aprendizagem esperada para ofinal das 8 aulas.6. Mostrar qual o grau <strong>de</strong> autonomia dos alunos durante o trabalho (asaulas serão totalmente conduzidas pelo professor com uma ativida<strong>de</strong>para todo o grupo; o professor apresenta vários espaços <strong>de</strong> trabalho eos alunos se organizam; o professor e os alunos organizam váriosespaços <strong>de</strong> trabalho no mesmo módulo <strong>de</strong> aprendizagem etc.)7. Especificar quando uma ou outra das opções <strong>de</strong> trabalhoapresentadas acima é <strong>de</strong>terminada, o que está sendo favorecidonaquele momento com aquela dinâmica ou o que, naquele momento,está justificando aquela opção <strong>de</strong> trabalho.8. Conter as articulações possíveis com os Temas Transversais.9. Relatar como o grupo propõe a continuida<strong>de</strong> (exemplo: alternar osconteúdos e retomá-los em um próximo ano, prolongar o trabalho comesse conteúdo até que se esgote o interesse). Justificar a opção.179


Módulo 8AAvaliação emEducação Física


8 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental discutam como é feita aavaliação em Educação Física e analisem a proposta <strong>de</strong> avaliaçãocontida nos PCN, em particular os critérios <strong>de</strong> avaliação apresentados.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores ampliem a suacompreensão sobre a função da avaliação em Educação Física, asdiferentes formas e instrumentos <strong>de</strong> avaliação e a finalida<strong>de</strong> doestabelecimento <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação.• Função e natureza da avaliação;• critérios <strong>de</strong> avaliação.• PCN <strong>de</strong> 1º e 2º ciclos e 3º e 4º ciclos;• registros dos planos <strong>de</strong> aula elaborados pelos professores no últimomódulo.1. Leitura e discussão em grupos, mantendo-se os mesmos do móduloanterior, dos textos sobre avaliação (2h):• PCN Educação Física 1ª a 4ª séries (pp. 55, 67 e 77).• PCN Educação Física 5ª a 8ª séries (pp. 58 a 61, 101 e 102).2. Inclusão da avaliação no plano <strong>de</strong> aula. Os grupos discutem o texto,formulam critérios <strong>de</strong> avaliação para o plano <strong>de</strong> aula elaborado no183


último módulo e <strong>de</strong>screvem os instrumentos <strong>de</strong> avaliação que serãoutilizados para (2h):• Localizar em que momento do processo <strong>de</strong> aprendizagem seencontram os alunos, no início e ao longo do processo.• Avaliar o que os alunos apren<strong>de</strong>ram ao final das 8 aulas (incluindoconteúdos <strong>de</strong> natureza conceitual, procedimental e atitudinal).• Avaliar o processo <strong>de</strong> ensino utilizado pelo professor.• Projetar os próximos objetivos e conteúdos a partir da avaliação das8 seções.3. Os grupos fazem uma apresentação repassando o plano elaboradono último módulo com as inclusões feitas após a 1ª apresentação,expõem seus critérios e instrumentos <strong>de</strong> avaliação (3h).4. Levantamento, a ser feito com todo o grupo <strong>de</strong> participantes, <strong>de</strong>todos os conteúdos abordados nos módulos até aqui (1h). Organização<strong>de</strong> um arquivo das produções e/ou <strong>de</strong> um jornal mural para comunicálasaos <strong>de</strong>mais professores.5. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.184


Módulo 9Projetos <strong>de</strong> trabalho:dando vida aos conteúdosem Educação Física


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental: estabeleçam conexão entreos blocos <strong>de</strong> conteúdo/eixos <strong>de</strong> sua área; percebam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>trabalhar, simultaneamente, conteúdos <strong>de</strong> diferentes blocos;estabeleçam conexão com outras áreas e temas tendo em vista oalcance <strong>de</strong> objetivos.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sejam capazes <strong>de</strong>elaborar propostas <strong>de</strong> trabalho integradoras, superando uma visãoestrita do trabalho voltado unicamente para a área <strong>de</strong> Educação Física.• A contribuição <strong>de</strong> diferentes conteúdos para a consecução <strong>de</strong> ummesmo objetivo;• análise dos blocos <strong>de</strong> conteúdo da área <strong>de</strong> Educação Física;• elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> trabalho.• PCN – Educação Física, 3º e 4º ciclos;• cópia dos projetos em anexo para os integrantes do módulo.1. Ler o texto referente aos blocos <strong>de</strong> conteúdo (pp. 67 a 79) ei<strong>de</strong>ntificar quais conteúdos contribuem para o trabalho com os TemasTransversais Saú<strong>de</strong> e Ética (2h).2. Analisar os dois projetos <strong>de</strong> trabalho da área (no Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo)para verificar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incluir conteúdos <strong>de</strong> diferentes blocos/eixos <strong>de</strong> outras áreas – Temas Transversais no mesmo projeto (3h).187


Pesquisar em documentos <strong>de</strong> outras áreas e Temas Transversaisconteúdos que sejam potencialmente interessantes para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um trabalho articulado.3. Elaborar um projeto <strong>de</strong> trabalho a ser <strong>de</strong>senvolvido com uma <strong>de</strong>suas turmas, a ser avaliado e reelaborado em função dos resultados(usar as conclusões da discussão sobre os objetivos dos TemasTransversais, feita no módulo 4) (11h).Indicações para a elaboração <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> trabalho:• Os professores organizam-se em pequenos grupos para:– Estabelecer a faixa etária a que se <strong>de</strong>stinará o projeto <strong>de</strong> trabalho.– Estabelecer o fio condutor (que bloco <strong>de</strong> conteúdo e quais TemasTransversais serão abordados).– Estabelecer o percurso por um tema que gere questões para osalunos (i<strong>de</strong>ntificar no Projeto 1 o que motivou as pesquisas).– Prever on<strong>de</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento do projeto predominará uma atitu<strong>de</strong><strong>de</strong> cooperação. O professor também será um aprendiz e não umespecialista (pois ajuda a apren<strong>de</strong>r sobre os temas que irá estudar comos alunos).• Nos mesmos grupos e <strong>de</strong> posse do material produzido, osprofessores ampliarão as reflexões sobre o projeto incluindo:A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o projeto, quando em <strong>de</strong>senvolvimento, assumirdiferentes caminhos para sua concretização, pois cada percurso ésingular e trabalha com diferentes tipos <strong>de</strong> informação.O papel do docente ensinando a escutar – “do que os outros dizem,também po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r”.Que há diferentes formas <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r aquilo que queremos ensinar (enão sabemos <strong>de</strong> antemão se apren<strong>de</strong>rão isso ou outras coisas).Diante <strong>de</strong>ssas reflexões, os grupos terminam <strong>de</strong> <strong>de</strong>linear o projetoconsi<strong>de</strong>rando a previsão do tempo <strong>de</strong> duração; como po<strong>de</strong>rão auxiliaros alunos na busca das informações necessárias ao <strong>de</strong>senvolvimentodo projeto (quais fontes são disponíveis na minha comunida<strong>de</strong> paraesse projeto, por exemplo: revistas, pessoas, livros da biblioteca,alguma visita a um lugar específico, entrevistas etc.); comoorganizaremos as informações obtidas na pesquisa (quanto tempodispomos para selecioná-las com os alunos, que outras disciplinasestarão envolvidas nesta etapa, quais os critérios para direcionar essasinformações no projeto etc.); o que esperamos que ocorra comoaprendizagem; e como avaliaremos esse projeto (critérios, instrumentos<strong>de</strong> avaliação etc.).• Apresentação dos grupos dos projetos elaborados.• Complementação dos projetos, incluindo sugestões apontadasdurante as apresentações e anotações pessoais.Revisão do que foi aprendido no módulo.Anexo 1PROJETO AProjeto basquete – biótipos – diversida<strong>de</strong> e igualda<strong>de</strong> das condições.188


A partir da disponibilida<strong>de</strong> e do envolvimento <strong>de</strong> alunos e professores, oprojeto envolverá as áreas <strong>de</strong> Educação Física, Matemática e Ciências,na organização e direcionamento dos dados <strong>de</strong> pesquisa. As interfacescom temas relacionados às mudanças corporais da puberda<strong>de</strong>,preconceitos e o relacionamento entre os integrantes do grupo serãoobjeto <strong>de</strong> estudo para todas as áreas, cada uma fazendo as interfacespossíveis, po<strong>de</strong>ndo resultar em uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundamento econvergência das áreas com os Temas Transversais.Turmas: Alunos <strong>de</strong> 6ª e 7ª séries.Conteúdos a serem trabalhados:Os conteúdos po<strong>de</strong>rão ser enfocados com maior ou menorprofundida<strong>de</strong> em função do significado que representam para cadagrupo específico.Os <strong>de</strong>sdobramentos e as aprendizagens incluirão:• Valores significativos para a faixa etária, que contribuam para asdiscussões emergentes no grupo, aspectos relacionados à estética, asdiferenças entre gênero masculino e feminino, os preconceitos, asdrogas (presentes no esporte <strong>de</strong> alto nível e as presentes no grupo <strong>de</strong>praticantes como símbolo da tribo) e a mídia.• Ampliação dos conhecimentos sobre o posicionamento dosjogadores em função do biótipo.• Desenvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptar as regras em função daparticipação <strong>de</strong> todos.• Reconhecimento do <strong>de</strong>senvolvimento físico próprio à faixa etáriarelacionado aos benefícios <strong>de</strong> uma prática regular <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicascomo: sua influência no crescimento, no <strong>de</strong>senvolvimento e na saú<strong>de</strong>global.• Concepção do esporte como um instrumento <strong>de</strong> convívio social, <strong>de</strong>ampliação dos relacionamentos, <strong>de</strong> superação dos limites individuais erespeito às diferenças.• Relação entre os aspectos positivos do relacionamento em grupocom a auto-estima e a saú<strong>de</strong>.Espera-se que os alunos, após a vivência dos torneios, tenhamampliado seus conhecimentos em relação a:• diferentes biótipos (fator genético);• diferentes biótipos com relação aos posicionamentos em quadra;• regras em função do nível dos jogadores (esporte <strong>profissional</strong> eesporte recreativo);• concepção do esporte como um instrumento valioso para aampliação do nível <strong>de</strong> relacionamento no grupo, por meio da nãodiscriminação dos colegas por questões relacionadas à habilida<strong>de</strong>, àestética e ao biótipo;• reconhecimento das diferenças relacionadas ao gênero masculino efeminino possibilitando gerar, por meio do jogo e dos conhecimentosobtidos, condições <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> para um momento <strong>de</strong> convivência paratodos.Escolha do tema – Basquete, biótipo e característica do jogo:189


1. Ativida<strong>de</strong> inicial – exibir um ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> basquete (<strong>profissional</strong>)observando o biótipo dos jogadores e colocando, para os alunos, aquestão da função da estatura no jogo <strong>de</strong> basquete.2. Pesquisa com os alunos em diferentes fontes (livros, jornais, revistas,pessoas da família, amigos, organizações – clube esportivo, posto <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, bibliotecas – e pessoas da comunida<strong>de</strong> que possam terinformações sobre o assunto), fazendo um amplo levantamento <strong>de</strong>informações:• Quais foram as principais mudanças nas regras do basquete da suaorigem até os dias <strong>de</strong> hoje? Consi<strong>de</strong>rar a dimensão <strong>profissional</strong> doesporte.• Qual é a estatura média dos jogadores americanos da NBA?• Qual a estatura média da população brasileira (por exemplo, menos<strong>de</strong> 1% da população feminina brasileira atinge a altura <strong>de</strong> 1,75m).• Qual a estatura dos jogadores e jogadoras profissionaisbrasileiros?3. Leitura, discussão e levantamento <strong>de</strong> dados, em textos a seremtrazidos pelo professor e pelos alunos, sobre os fatores que interferemno crescimento nesta faixa etária (puberda<strong>de</strong>), tais como mudançashormonais, principais mudanças corporais na puberda<strong>de</strong>, variação <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> para o início das mudanças, diferenças do tempo <strong>de</strong> crescimentoe das mudanças entre meninos e meninas.A organização dos dados <strong>de</strong>ntro da estrutura do projeto po<strong>de</strong> serorientada <strong>de</strong> várias maneiras; seguem abaixo duas sugestões:a) O professor po<strong>de</strong> dividir a classe em grupos com temas <strong>de</strong> pesquisa:Grupo 1 – Fatores que interferem no crescimento nesta faixa etária(puberda<strong>de</strong>). Grupo 2 – Principais mudanças corporais na puberda<strong>de</strong>.Grupo 3 – Variação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o início das mudanças. Grupo 4 –Diferenças do tempo <strong>de</strong> crescimento e das mudanças entre meninos emeninas.Cada grupo recebe do professor um roteiro para <strong>de</strong>senvolvimento dotrabalho. Esse roteiro aponta possíveis fontes <strong>de</strong> informação, contémalguns textos <strong>de</strong> apoio sobre o tema escolhido, fornecido peloprofessor, contém datas para a organização dos dados obtidos, para aseleção <strong>de</strong>ssas informações em um momento específico para cadagrupo junto ao professor, e um agendamento da data para aapresentação do produto final.O produto final será uma opção que o grupo fará para partilhar com osoutros alunos os conhecimentos que obteve com o trabalho. Po<strong>de</strong>ráser: um seminário, um painel, uma revista, uma apostila, um ví<strong>de</strong>o etc.Cabe ao professor apontar as dificulda<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão surgir dasopções, como recursos financeiros, tempo etc., porém nunca <strong>de</strong>veapontar <strong>de</strong>sestimulando o grupo e sim encorajando-o a superar asdificulda<strong>de</strong>s com criativida<strong>de</strong>. O professor <strong>de</strong>ve ter claro para si que, notrabalho numa metodologia <strong>de</strong> projeto, o produto final não é o maisimportante e sim o processo pelo qual o grupo está passando, comaprendizagens <strong>de</strong> convivência, trabalho em grupo, busca <strong>de</strong>informações etc.b) O professor po<strong>de</strong>rá também organizar o trabalho por etapas,190


mantendo os grupos, mas trabalhando sobre o mesmo tema:• Quais foram as principais mudanças nas regras do basquete da suaorigem até os dias <strong>de</strong> hoje? Consi<strong>de</strong>rar a dimensão <strong>profissional</strong> doesporte.• Qual é a estatura média dos jogadores americanos da NBA?• Qual a estatura média da população brasileira?• Qual a estatura dos jogadores e jogadoras profissionais brasileiros?• Fatores que interferem no crescimento nesta faixa etária(puberda<strong>de</strong>).• Principais mudanças corporais na puberda<strong>de</strong>.• Variação <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para o início das mudanças.• Diferenças do tempo <strong>de</strong> crescimento e das mudanças entre meninose meninas.• O professor vai agendando as datas para as apresentações em cadaetapa <strong>de</strong> trabalho. Po<strong>de</strong>rão ser utilizados <strong>de</strong> acordo com cada temapainéis, gráficos, pequenos seminários etc. Também nesse formato oprofessor procura fornecer textos <strong>de</strong> apoio e apontar possíveis fontes <strong>de</strong>pesquisa.4. Medir, com os alunos, a altura dos meninos e das meninas daclasse. Fazer um gráfico comparativo com as alturas:• dos jogadores americanos e da população brasileira;• dos jogadores e jogadoras profissionais brasileiros;• dos meninos e meninas da turma.Analisar os gráficos pedindo aos alunos que façam <strong>de</strong>duções a partirdos dados. Incluir na discussão a questão dos preconceitos edificulda<strong>de</strong>s em relação às mudanças corporais da adolescência:apelidos e as relações <strong>de</strong>ntro do grupo; os ganhos que o crescimentotraz em relação à infância etc.5. Problematizar com o grupo, consi<strong>de</strong>rando as informações anteriores,quais serão os critérios para a formação das equipes visando a umpequeno torneio:• No torneio separado por gênero masculino e feminino, quais oscritérios que serão consi<strong>de</strong>rados para a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições entreas equipes, participação <strong>de</strong> todos, para o melhor aproveitamento dobiótipo e das habilida<strong>de</strong>s em relação ao aproveitamento em quadra,“posicionamento” (exemplo: mais alto marcando no centro do garrafão,os menores e mais ágeis marcando na frente etc.), e quais regrasestarão sendo consi<strong>de</strong>radas e/ou adaptadas consi<strong>de</strong>rando a habilida<strong>de</strong>do grupo, a fim <strong>de</strong> incluir todos os jogadores.• No torneio misto, quais os critérios que serão consi<strong>de</strong>rados para aigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições entre as equipes, participação <strong>de</strong> todos, para omelhor aproveitamento do biótipo e das habilida<strong>de</strong>s em relação aoaproveitamento em quadra, “posicionamento” (mais alto marcando nocentro do garrafão, os menores e mais ágeis marcando na frente etc.),e quais regras estarão sendo consi<strong>de</strong>radas e/ou adaptadasconsi<strong>de</strong>rando a habilida<strong>de</strong> do grupo, a fim <strong>de</strong> incluir todos os jogadores.191


A avaliação do projeto:• Nas fases <strong>de</strong> levantamento e organização dos dados, o professoravaliará a participação dos integrantes em suas funções e asresponsabilida<strong>de</strong>s que assumiram <strong>de</strong>ntro do grupo.• Nas apresentações dos temas ou do produto final, critérios como:– utilização <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> informação;– preparação do material a ser apresentado;– compreensão das informações que adquiriram com a pesquisa;– capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionar as informações com o projeto.• Na fase do torneio serão consi<strong>de</strong>radas as relações estabelecidasentre o conhecimento teórico e a prática, ou seja:– a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições entre as equipes;– participação <strong>de</strong> todos;– o melhor aproveitamento do biótipo e das habilida<strong>de</strong>s em relação aoaproveitamento em quadra (posicionamento);– quais regras estarão sendo consi<strong>de</strong>radas e ou adaptadas,consi<strong>de</strong>rando a habilida<strong>de</strong> do grupo, a fim <strong>de</strong> incluir todos os jogadores.Nesse momento, a avaliação po<strong>de</strong>rá ser composta <strong>de</strong> fichas <strong>de</strong>observação utilizadas pelo professor e pelos alunos, que se avaliam unsaos outros durante os jogos.PROJETO BProjeto <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> campeonato <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong> campo adaptado(tipo society), envolvendo adolescentes na faixa <strong>de</strong> 12 a 14 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>, que já dominam os fundamentos e os conceitos básicos <strong>de</strong>posicionamento tático (ataque e <strong>de</strong>fesa).Objetivos: esse projeto busca, por meio <strong>de</strong> uma maneira diferenciada<strong>de</strong> compor os times para um campeonato <strong>de</strong> futebol, que osparticipantes vivenciem formas alternativas <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> equipes;que experimentem uma forma solidária <strong>de</strong> praticar esportes; e que apartir da construção supervisionada <strong>de</strong> critérios exerçam comresponsabilida<strong>de</strong> e competência a avaliação do <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> si e dooutro.Expectativas <strong>de</strong> aprendizagem: espera-se que os alunos: percebam asrelações das posições nos diferentes times formados; relacionem oprazer <strong>de</strong> jogar ao jogo e não ao time fixo; participem <strong>de</strong> forma maiscooperativa compreen<strong>de</strong>ndo que os adversários em um jogo po<strong>de</strong>rãoser parceiros <strong>de</strong> uma mesma equipe em um outro jogo; adquiram acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular critérios <strong>de</strong> julgamento objetivos e claros paraobservar os colegas durante o jogo; percebam na dinâmica dos jogos opotencial positivo da competição como superação dos próprios limites.(Além dos limites físicos e das habilida<strong>de</strong>s, também as limitaçõesemocionais, manifestas nas atitu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão integrar um ou maiscritérios <strong>de</strong> julgamento.)Organização: o grupo é composto <strong>de</strong> 70 alunos, todos provenientes <strong>de</strong>uma mesma escola. Os times serão compostos <strong>de</strong> 8 jogadores,distribuídos nas seguintes funções:• 1 goleiro, 3 <strong>de</strong>fensores (esquerdo, central e direito), 2 armadores(direito e esquerdo) e 3 atacantes (esquerdo, central e direito).Antes do início do campeonato, cada jogador estabelece, em acordocom o professor, em qual <strong>de</strong>ssas funções/posições irá atuar durante192


toda a competição. Do total <strong>de</strong> 70 jogadores, teremos, então, 8goleiros, 24 <strong>de</strong>fensores (8 em cada posição), 16 armadores (8 emcada posição) e 24 atacantes (8 em cada posição). Restarão ainda,após esta distribuição, 6 jogadores restantes (para atuar em todas asposições), na reserva dos jogos que serão disputados.Todos os jogadores são i<strong>de</strong>ntificados por meio <strong>de</strong> um número (<strong>de</strong> 1 a8), e uma sigla referente à sua posição <strong>de</strong> atuação. Exemplo: 1-G, 6-DE (<strong>de</strong>fensor-esquerdo), 3-ARC (armador-central), 4-ATD (atacantedireito).Essa i<strong>de</strong>ntificação é utilizada para o sorteio da composição <strong>de</strong>equipes que disputam a fase inicial do campeonato, como será<strong>de</strong>talhado a seguir.O campeonato é disputado em duas fases: uma inicial <strong>de</strong> 40 jogos, eum fase final, <strong>de</strong> 9 jogos.• Fase inicial: A cada rodada, são sorteados os jogadores para comporos times que disputam as partidas, ou seja, o time é composto na horado jogo, e cada jogador tem <strong>de</strong> atuar na sua função/posição, comcompanheiros que são <strong>de</strong>terminados no momento anterior à disputa.Cada rodada é composta <strong>de</strong> 3 jogos, envolvendo 6 times formados pelosorteio realizado no momento da disputa.Os dois times restantes funcionam como comissão julgadora dos timesque estão atuando, na qual cada jogador analisa, em todas as partidasque são disputadas naquela rodada, os jogadores da sua função/posição correspon<strong>de</strong>nte, atribuindo uma nota <strong>de</strong> 1 a 10, em cadapartida observada. Ou seja, goleiro observa goleiro, atacante observaatacante etc. A cada partida, um dos times é observado por um grupo<strong>de</strong> alunos, e o outro, pelo outro grupo <strong>de</strong> alunos, nas funções/posiçõescorrespon<strong>de</strong>ntes.Deve-se criar uma forma <strong>de</strong> garantir que, ao longo da fase inicial, todosos alunos tenham jogado 5 partidas, e também atuado comoavaliadores da performance dos companheiros.Simultaneamente, o(os) professor(es), organizadores do campeonato,realizam a observação das partidas e atribuem uma nota <strong>de</strong> 1 a 10 atodos os jogadores <strong>de</strong> todas as partidas, em todas as posições/funções.Os critérios para essa atribuição <strong>de</strong> notas para o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> cadajogador <strong>de</strong>vem ser previamente estabelecidos entre jogadores eprofessores, e sintetizados em três ou quatro itens, para facilitar aobservação e revestir a atribuição <strong>de</strong> notas da maior objetivida<strong>de</strong>possível.Esses critérios <strong>de</strong>vem ser discutidos e estabelecidos a partir <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong> percepção e observação dos jogadores,com o apoio dos professores. Como sugestão, po<strong>de</strong>-se citar:eficiência, criativida<strong>de</strong>, espírito <strong>de</strong> equipe e não utilização <strong>de</strong>jogo violento. É fundamental estabelecer critérios para <strong>de</strong>svinculara avaliação da performance <strong>de</strong> cada jogador do resultado dojogo em si.Ao final da fase inicial, todos os jogadores terão recebido 2 (duas)notas por partida jogada, uma <strong>de</strong> um aluno que atua na sua função/posição correspon<strong>de</strong>nte, e uma do professor que acompanhou a suaperformance em cada jogo.193


Todas as notas <strong>de</strong> todos os participantes são somadas ao longo daperformance da fase inicial.Todas essas notas são somadas, estabelecendo as melhoresperformances em cada função/posição. E esse total <strong>de</strong>termina osquatro melhores, em cada uma <strong>de</strong>las.Esse grupo, selecionado <strong>de</strong> melhores performances, compõe o grupo<strong>de</strong> jogadores que serão sorteados para formar as quatro equipes quedisputam a fase final.• Fase final: Os times compostos para a fase inicial serão os mesmosdurante essa fase. O sorteio é realizado para a formação das equipes e,durante essa fase, os alunos jogarão 3 partidas numa mesma equipe.Essa fase é disputada com todos os times jogando contra todos ostimes, e o campeão é estabelecido por pontos corridos, utilizando ocritério básico <strong>de</strong> 3 pontos ganhos por vitória, 1 ponto ganho e 1 pontoperdido por empate e 2 pontos perdidos por <strong>de</strong>rrota.Os critérios para o <strong>de</strong>sempate ficam sob a apreciação da comissão <strong>de</strong>professores, que é responsável pela organização.Nas duas fases, os alunos atuarão como juízes das partidas.Avaliação técnica: as mesmas fichas utilizadas durante o <strong>de</strong>senrolar dotorneio serão o feedback para os alunos das aprendizagens realizadasquanto a relações das posições nos diferentes times formados;eficiência, aspectos técnicos específicos da função/posição;criativida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> improvisação e ousadia; espírito <strong>de</strong> equipe,capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar espaços e jogadas em conjunto, equilíbrio entreiniciativa pessoal e jogo <strong>de</strong> conjunto; e não utilização <strong>de</strong> jogo violento;capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular critérios <strong>de</strong> julgamento objetivos e claros paraobservar os colegas durante o jogo.Avaliação da participação no trabalho:• Envolvimento na organização do campeonato.• Responsabilida<strong>de</strong> na atuação como avaliador.194


GEOGRAFIA


Módulo 3Novos <strong>de</strong>safios para ensinar eapren<strong>de</strong>r Geografia nas sériesfinais do Ensino Fundamental


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental i<strong>de</strong>ntifiquem: a importânciasocial dos estudos geográficos na construção da cidadania; astransformações curriculares ocorridas nas últimas décadas no contextodas <strong>de</strong>mais políticas públicas <strong>de</strong> ensino; o modo como os conteúdos daárea <strong>de</strong> Geografia são tratados nestas propostas curriculares (quanto àsabordagens, aos conceitos trabalhados, às orientações didáticas etc); arelação existente entre a qualida<strong>de</strong> do ensino e a qualida<strong>de</strong> daaprendizagem; os problemas a serem superados na prática do ensinoda área <strong>de</strong> Geografia; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualização e formaçãocontinuada na área <strong>de</strong> Geografia.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores percebam aimportância <strong>de</strong> manter-se atualizados, acompanhando as tendênciasteóricas e metodológicas <strong>de</strong>ntro da própria área, assim como <strong>de</strong>participar <strong>de</strong> discussões curriculares.Espera-se, também, que percebam que as políticas públicas <strong>de</strong> ensinose articulam a contextos sociais e políticos, <strong>de</strong>ntro e fora da escola.• Caracterização da área <strong>de</strong> Geografia: o que se estuda e a importânciasocial dos conhecimentos geográficos na formação do aluno; retrospectivahistórica <strong>de</strong> orientações curriculares: conhecer as políticas públicas <strong>de</strong>ensino <strong>de</strong> hoje e <strong>de</strong> outrora, assim como a contextualização política esocial das diferentes propostas analisando as tendências atuais.• A Geografia no contexto das propostas curriculares: uma perspectivahistórica das abordagens da Geografia em diferentes propostas;a Geografia que se ensina e a Geografia que se apren<strong>de</strong> na escola;a Geografia diante dos novos <strong>de</strong>safios do ensino da área: superandovelhos e novos problemas; as abordagens relacionais e plurais daGeografia: humanismo – uma meta <strong>de</strong> ensino.• Papel sulfite;• lápis HB;• pincel atômico (várias cores);• cartolinas <strong>de</strong> diferentes cores;• giz colorido;• cópias xerox <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> jornais, livros e revistassobre conteúdos <strong>de</strong> Geografia;• transparências;199


• retroprojetor;• vi<strong>de</strong>ocassete;• televisão.Ví<strong>de</strong>o: PCN – Geografia – A Geografia e o conhecimento do mundo –Brasil, 1997 – Dir. Cleston T. Teixeira e Cristina Winther – duração: 16minutos e 36 segundos. Realização: TV Escola – MEC. Este <strong>programa</strong>da série sobre os PCN <strong>de</strong> Geografia discute questões como: para queensinar Geografia nos dias <strong>de</strong> hoje? O objetivo é esclarecer o professorsobre qual a relação entre Geografia e o conhecimento sobre o mundo.Texto: PCN – Geografia (5ª a 8ª séries); documento <strong>de</strong> apresentaçãodos PCN.• Em texto:Santos, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.Recomenda-se a leitura do capítulo intitulado Há cidadãos neste país?• Em ví<strong>de</strong>o:Montanhas da Lua – EUA, 1990 – Dir. Bob Rafelson – duração: 135minutos – Distribuição em ví<strong>de</strong>o: LK – Tel ví<strong>de</strong>o.Este filme trata da vida <strong>de</strong> dois viajantes britânicos da era vitoriana. Um<strong>de</strong>les, Richard Burton, é um geógrafo que busca provar as suashipóteses <strong>de</strong> localização das nascentes do rio Nilo no continenteafricano. Para isso <strong>de</strong>safia as teses vigentes e parte em busca <strong>de</strong>comprovação <strong>de</strong> suas idéias numa árdua viagem pela África. O filmetrata <strong>de</strong> todos os embates <strong>de</strong>ssa expedição em busca da comprovaçãodas hipóteses do pesquisador e dos conflitos entre o saber instituído,os valores científicos e o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> um pesquisador em se contraporàquilo que se tem como verda<strong>de</strong>. É um filme interessante, pois tratajustamente dos conflitos entre idéias, visões <strong>de</strong> mundo e do modocomo se constrói o conhecimento.1. Debate, em pequenos grupos, sobre as seguintes questões (4h):• Qual o papel da Geografia na formação dos alunos como cidadãoscríticos, responsáveis e comprometidos com a socieda<strong>de</strong> e com anatureza?• Em que medida nosso trabalho é coerente com esse papel?• Um relator <strong>de</strong> cada grupo socializa a discussão, apresentando paratodos uma síntese do <strong>de</strong>bate do grupo. Essa síntese po<strong>de</strong> ser feita emrelatos orais ou escritos sempre baseados em experiências dosprofessores.• Os relatos são sintetizados em pequenas frases anotadas emverbetes colados em cartelas que serão fixadas num cartaz a sercolocado em lugar visível a todos. Esse cartaz será utilizado naseqüência das <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s.2. Leitura individual do documento <strong>de</strong> Geografia (Caracterização da área<strong>de</strong> Geografia – pp. 19 a 29), procurando grifar as idéias maisimportantes e que remetem às duas questões discutidas na Ativida<strong>de</strong> 1(4h). Elaboração <strong>de</strong> um novo texto, estruturando-o a partir das idéiasque foram grifadas. Leitura <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>ssas produções fazendo200


comparações com a primeira parte da discussão e verificando se hácontrastes, aproximações, fatos novos.Redação coletiva <strong>de</strong> novas frases, montando-se um novo cartaz,<strong>de</strong> cor diferente.3. Exibição (ver material necessário) e discussão coletiva do ví<strong>de</strong>o da TVEscola, série Parâmetros Curriculares Nacionais – Geografia <strong>de</strong> 1ª a 4ªséries. (4h)Apresentação na íntegra ou dos trechos mais pertinentes. Po<strong>de</strong>-setambém utilizar outro ví<strong>de</strong>o que possibilite ampliar a discussão daGeografia no Ensino Fundamental, conforme sugestão nos materiaiscomplementares.• Leitura, em pequenos grupos, da parte do documento da área quetrata do apren<strong>de</strong>r e ensinar Geografia (pp. 29 a 34).• Organização coletiva <strong>de</strong> uma linha do tempo representando asmudanças mais importantes i<strong>de</strong>ntificadas na concepção <strong>de</strong> ensino eaprendizagem na área, assim como dos aspectos da abordagemgeográfica presentes em diferentes propostas curriculares. (Utilizar oscartazes das Ativida<strong>de</strong>s 1 e 2 como fontes <strong>de</strong> informação.)4. Análise do ensino <strong>de</strong> um tema <strong>de</strong> Geografia Física (por exemplo, oestudo do clima, do solo ou do relevo, que são conteúdosfreqüentemente estudados na 5ª série). Os professores organizam-seem duplas para fazer a análise, refletindo sobre questões tais como(4h):• O que é feito comumente para ensinar esses conteúdos?• Quais são as situações <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula mais comuns vividas pelosalunos no processo <strong>de</strong> aprendizagem?• O que eles apren<strong>de</strong>m?• Que capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvem?• Que diferenças existem entre essas práticas mais comuns e aabordagem proposta pelos PCN?• Como os PCN enfocam fatores como o erro, a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>raciocínio e <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista, as <strong>de</strong>scrições, a exposição do professor,o modo como problematizam o tema?• Há diferenças entre a prática dos professores e aquilo que os PCNpropõem que os alunos aprendam e <strong>de</strong>senvolvam?Elaboração <strong>de</strong> um quadro com as conclusões <strong>de</strong> cada dupla.Leitura do documento Introdução aos PCN (pp. 71 e 72), relacionandoo conteúdo do texto com a análise feita anteriormente.Pesquisa <strong>de</strong> artigos, notícias <strong>de</strong> jornais e revistas que tenham relaçãocom as questões abordadas no módulo para a produção coletiva <strong>de</strong> umtexto com o seguinte título: Apren<strong>de</strong>r e ensinar Geografia (as fontes <strong>de</strong>pesquisa po<strong>de</strong>rão ser preparadas também a partir dos materiaiscomplementares sugeridos para este módulo).5. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.201


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Módulo 4Tratando <strong>de</strong> questões sociaisem Geografia, abordandoconteúdos <strong>de</strong> formasignificativa para o jovem


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam naárea <strong>de</strong> Geografia nas quatro séries finais do Ensino Fundamentalpossam: estabelecer relações entre os conteúdos <strong>de</strong> ensino emGeografia e os Temas Transversais; buscar e trabalhar informaçõessobre os diversos Temas Transversais consi<strong>de</strong>rando o contexto vividopelos jovens; compreen<strong>de</strong>r o sentido da relação <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong>entre temas e áreas.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores valorizem otrabalho com os Temas Transversais e sintam-se capazes <strong>de</strong> explorá-losno ensino <strong>de</strong> Geografia.• Análise dos objetivos dos Temas Transversais;• relação entre eixos temáticos <strong>de</strong> Geografia e os Temas Transversais;• a abordagem dos Temas Transversais nos eixos temáticos <strong>de</strong>Geografia;• relação entre a proposta <strong>de</strong> eixos temáticos <strong>de</strong> Geografia, os TemasTransversais e o contexto do jovem brasileiro.• Papel craft (ou cartolina);• pincel atômico (várias cores);• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete;• texto:Revistas, jornais, livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> Geografia e textossobre Meio ambiente;• ví<strong>de</strong>o:PCN – Temas Transversais – Cui<strong>de</strong> do planeta – Brasil, 1997 – Dir.Cleston T. Teixeira e Cristina Winther – duração: 14 minutos. Realização:TV Escola – MEC.O ví<strong>de</strong>o Cui<strong>de</strong> do planeta é um dos seis <strong>programa</strong>s do bloco TemasTransversais que focalizam a gran<strong>de</strong> novida<strong>de</strong> proposta às escolas pelosPCN. Cada um <strong>de</strong>les apresenta e discute questões urgentes dasocieda<strong>de</strong> brasileira, cujos conteúdos passam por todas as áreas,transversalizando as disciplinas convencionais.205


PCN – Temas Transversais – Ética – Brasil, 1997 – Dir. Cleston T.Teixeira e Cristina Winther – duração: 14 minutos. Realização: TV Escola– MEC.Por representar um universo social importante para a criança, a escolatem papel fundamental na construção <strong>de</strong> princípios éticos. O <strong>programa</strong>Ética também faz parte dos seis <strong>programa</strong>s do bloco TemasTransversais. Discute questões urgentes da socieda<strong>de</strong> brasileira, cujosconteúdos passam por todas as áreas, transversalizando as disciplinasconvencionais.PCN – Temas Transversais – Pluralida<strong>de</strong> cultural – Brasil, 1997 – Dir.Cleston T. Teixeira e Cristina Winther – duração: 14 minutos. Realização:TV Escola – MEC.A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser respeitada no cotidiano da escola – adiscriminação não po<strong>de</strong> ser aceita. É o tema <strong>de</strong> Pluralida<strong>de</strong> cultural, umdos seis <strong>programa</strong>s do bloco Temas Transversais. Discute questõesurgentes da socieda<strong>de</strong> brasileira, cujos conteúdos passam por todas asáreas, transversalizando as disciplinas convencionais.Ilha das flores – Porto Alegre (RS), 1989 – Dir. Jorge Furtado – duração:10 minutos – Casa do Cinema <strong>de</strong> Porto Alegre.Imagens e texto compõem uma mensagem contun<strong>de</strong>nte e nadaconvencional sobre o aproveitamento <strong>de</strong> alimentos num <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> lixoem Porto Alegre. A locução expressiva e irônica do ator Paulo Josépren<strong>de</strong> ainda mais a atenção, já aguçada pela forma como o roteiro foi<strong>de</strong>senvolvido. Os minutos finais do ví<strong>de</strong>o levam a uma explosão <strong>de</strong>emoções diante do absoluto contraste entre a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>humana apresentada e aquilo que se acabou <strong>de</strong> ver.Texto: PCN – Geografia (5ª a 8ª séries); PCN – Temas Transversais (5ª a8ª séries); jornais, revistas e livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong>Geografia.• Em texto:ANGELO-FURLAN, Sueli. Conservação <strong>de</strong> florestas tropicais: pensar eutilizar com responsabilida<strong>de</strong> nossas florestas. São Paulo: Atual, 1999.CONTI, José Bueno Conti. Clima e meio ambiente. São Paulo: Atual,1998.GIANSANTI, Roberto. O <strong>de</strong>safio do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. SãoPaulo: Atual, 1998.ROSA, Antonio Victor. Agricultura e meio ambiente. São Paulo: Atual,1998.SCARLATO, Francisco Capuano. Ambiente urbano. São Paulo: Atual,1999.SCARLATO, Francisco Capuano & PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho aolixo: ambiente, socieda<strong>de</strong> e educação. São Paulo: Atual, 1992.• Em ví<strong>de</strong>o:Derzu Usala – Rússia, – Dir. Akira Kurozawa.Este filme é uma produção russa do gran<strong>de</strong> cineasta japonês. É um dosmais belos exemplos da complexida<strong>de</strong> das relações entre o homem e anatureza. A história trata <strong>de</strong> uma expedição militar do Império Russoque se dirige à Sibéria em missão cartográfica, no final do século XIX.Nessa área nyuti fruam tomada por gran<strong>de</strong>s florestas <strong>de</strong> coníferas,206


encontra um caçador <strong>de</strong> origem mongólica (Derzu Usala), com quem ocomandante da missão travará gran<strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. Derzu será o guia damissão e nessa trajetória dará gran<strong>de</strong>s lições <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> conhecimentoe <strong>de</strong> respeito à natureza.1. Debate, em pequenos grupos, sobre o seguinte (1h):• Quais são as gran<strong>de</strong>s questões <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>?As opiniões são anotadas na lousa, na forma <strong>de</strong> painel. Levantamento,em grupo, <strong>de</strong> notícias publicadas em revistas e jornais que tratem dasquestões levantadas (ou outras que eventualmente possam surgir).Organização do material coletado por temas e escolha <strong>de</strong> uma notíciamais significativa para apresentar aos colegas. Discussão do motivo daescolha e da contribuição que um trabalho envolvendo essa temáticapo<strong>de</strong>ria resultar para os alunos. Apresentação para os outros grupos dadiscussão e das conclusões <strong>de</strong> cada grupo.2. Leitura e <strong>de</strong>bate, em grupo, <strong>de</strong> trecho do PCN – Temas Transversais(pp. 19 a 24), com o objetivo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por escrito às questões (1h):• O que são os Temas Transversais?• Por que é proposto o trabalho com os Temas Transversais?Apresentação e <strong>de</strong>bate coletivo das respostas dos grupos.3. Reflexão e <strong>de</strong>bate, em grupo, para respon<strong>de</strong>r às seguintes perguntas(2h):• As gran<strong>de</strong>s questões <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong> são comumente abordadasno ensino <strong>de</strong> Geografia?• Como nós, professores, as abordamos com nossos alunos?• Como essas questões po<strong>de</strong>riam ser trabalhadas nas aulas <strong>de</strong>Geografia?• Os grupos apresentam oralmente suas respostas e discutem-nascom os colegas dos <strong>de</strong>mais grupos. Registram por escrito suasconclusões a respeito do trabalho com os Temas Transversais.Elaboração (em grupos) <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> abordagem <strong>de</strong> umaproblemática atual, a partir do ensino <strong>de</strong> Geografia. Apresentação daproposta para os colegas, que <strong>de</strong>vem analisá-la e <strong>de</strong>batê-la em funçãodo que foi discutido até o momento sobre o trabalho com os TemasTransversais.4. Exibição e discussão do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série ParâmetrosCurriculares Nacionais – Pluralida<strong>de</strong> cultural (ver material necessário)(2h).Leitura do texto do PCN – Temas Transversais (pp. 25 a 39) parasubsidiar um <strong>de</strong>bate que promova a reflexão a respeito das seguintesquestões:• O que significa transversalida<strong>de</strong>?• Quais as diferenças entre transversalida<strong>de</strong> e interdisciplinarida<strong>de</strong>?• Que relações po<strong>de</strong>m existir entre os conteúdos que os alunosapren<strong>de</strong>m na escola e sua vida fora da escola (sua atuação comocidadãos, sua vida pessoal)?• Os conteúdos <strong>de</strong> Geografia atualmente ensinados (que cada207


professor ensina) tratam <strong>de</strong> forma transversal temas socialmenterelevantes?Apresentação oral das respostas e <strong>de</strong>bate coletivo. (É importante que oformador sistematize as conclusões gerais do grupo, <strong>de</strong> modo aconstruir um referencial comum ao grupo.)5. Leitura e discussão, novamente em pequenos grupos, dosobjetivos dos diferentes Temas Transversais – Ética, Pluralida<strong>de</strong> cultural,Meio ambiente, Saú<strong>de</strong>, Orientação sexual e Trabalho e consumo –expostos nas páginas 91, 143, 197, 269, 311 e 373, do volumeTemas Transversais, com o objetivo <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às seguintesperguntas (2h):• O que eles têm em comum?• Que relações se po<strong>de</strong> estabelecer entre eles?• O que é preciso mudar no ensino <strong>de</strong> Geografia e na prática docente<strong>de</strong> uma forma geral para se alcançar esses objetivos?• O que essa mudança po<strong>de</strong> interferir na vida dos alunos?• Quais <strong>de</strong>sses objetivos po<strong>de</strong>m ser incorporados no ensino <strong>de</strong>Geografia?Apresentação oral das respostas para serem <strong>de</strong>batidas coletivamente.6. Leitura do texto do PCN – Geografia, item Geografia e TemasTransversais (pp. 41 a 49), com o objetivo <strong>de</strong> analisar a proposta <strong>de</strong>transversalida<strong>de</strong> feita no documento e refletir sobre ela (1h). Debatesobre questões relativas ao conteúdo do texto, tais como:• Como foi concebida a transversalida<strong>de</strong> no documento <strong>de</strong> Geografia?• Quais são as gran<strong>de</strong>s questões propostas por cada um dos TemasTransversais no trabalho com a área <strong>de</strong> Geografia?• Existem outras questões sociais que não foram propostas? Quais?7. Análise e discussão <strong>de</strong> um exemplo <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> um TemaTransversal no ensino <strong>de</strong> Geografia, enfocando-se Meio Ambiente (2h).• Exibição do ví<strong>de</strong>o Ilha das flores para que os professores:i<strong>de</strong>ntifiquem as questões sociais abordadas; i<strong>de</strong>ntifiquem os conteúdosgeográficos apresentados no filme; listem outros conteúdos geográficosnão citados e que tenham relação com as questões tratadas no filme.Reflexão e <strong>de</strong>bate:• Como os conteúdos geográficos listados po<strong>de</strong>m contribuir para osalunos compreen<strong>de</strong>rem melhor as questões contemporâneas e globaisrelacionadas à poluição ambiental?• Quais são os problemas ambientais locais?• Quais conteúdos específicos <strong>de</strong> Geografia po<strong>de</strong>riam auxiliar osalunos a compreen<strong>de</strong>rem as dimensões e as conseqüências <strong>de</strong>ssesproblemas?• O que é necessário fazer para que essa compreensão se efetive ematitu<strong>de</strong>s pessoais e práticas <strong>de</strong> participação social efetivas?Elaboração <strong>de</strong> um texto escrito que reflita o <strong>de</strong>bate e a justificativa dasconclusões.208


8. Leitura e <strong>de</strong>bate do trecho do PCN – Temas Transversais – Meioambiente (pp. 212 a 219), Socieda<strong>de</strong> e meio ambiente (2h).(Registrar por escrito as conclusões a que chegarem.)• Elaboração <strong>de</strong> um texto síntese dos <strong>de</strong>bates realizados nos grupos,estabelecendo relações entre as questões ambientais e os conteúdosespecíficos <strong>de</strong> Geografia e consi<strong>de</strong>rando a dimensão das interaçõesentre socieda<strong>de</strong> e natureza, o enfoque proposto pela área e as relaçõesentre a escala do local, regional, nacional e mundial.9. Leitura, em grupo, e <strong>de</strong>bate do PCN – Geografia, trechos que tratamdos eixos temáticos Descobrindo a natureza e sua importância para ohomem (terceiro ciclo) e Mo<strong>de</strong>rnização, modo <strong>de</strong> vida e problemáticaambiental (quarto ciclo) (1h).• Que diferentes temáticas relacionadas à questão ambiental po<strong>de</strong>mser trabalhadas no contexto dos eixos selecionados?• Quais são as mudanças sociais necessárias para contemplá-las?• Que atitu<strong>de</strong>s os cidadãos precisam <strong>de</strong>senvolver para agir <strong>de</strong> modocoerente com essa compreensão?• Como os alunos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver tais atitu<strong>de</strong>s enquantoapren<strong>de</strong>m Geografia?• Exposição das conclusões e justificativas formuladas pelos grupos.10. Planejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s didáticas para estudar questõesambientais com os alunos (2h).• Seleção dos temas e organização <strong>de</strong> materiais didáticos que possamser utilizados nas ativida<strong>de</strong>s: textos colhidos <strong>de</strong> livros didáticos eparadidáticos <strong>de</strong> Geografia, notícias <strong>de</strong> jornais e revistas, <strong>de</strong>poimentos<strong>de</strong> pessoas e/ou especialistas no assunto, fotos, filmes etc.• Apresentação dos planejamentos das situações didáticas criadas edos materiais selecionados para cada ativida<strong>de</strong>.• É interessante que um ou mais grupos simule uma das ativida<strong>de</strong>splanejadas, tendo como público os <strong>de</strong>mais professores.11. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.209


Módulo 5O que, por que ecomo ensinamos, apren<strong>de</strong>mosem Geografia


24 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam nasquatro séries finais do Ensino Fundamental <strong>de</strong>senvolvam: uma visão maisampla do significado dos conteúdos escolares (conceitos, procedimentose atitu<strong>de</strong>s); a competência necessária para articular objetivos, conteúdos,orientações didáticas, buscando transformar seu planejamento numinstrumento importante <strong>de</strong> trabalho; a competência para planejar comflexibilida<strong>de</strong>, valorizando igualmente didática e conteúdo.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores consigam propor,planejar e <strong>de</strong>senvolver o currículo escolar, com mais flexibilida<strong>de</strong> e apartir <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong> aprendizagem. Que consigam articular essesobjetivos <strong>de</strong> forma a valorizá-los na escolha <strong>de</strong> conteúdos conceituais,procedimentais e atitudinais.• Os objetivos norteadores do ensino e da aprendizagem <strong>de</strong> Geografia;• critérios para seleção e organização <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> conteúdos(conceituais, procedimentais e atitudinais);• a Geografia que se ensina e que se apren<strong>de</strong> na escola;• planejamento <strong>de</strong> conteúdos a serem trabalhados nas séries finais doEnsino Fundamental;• como articular orientações didáticas, objetivos <strong>de</strong> aprendizagem econteúdos selecionados.• Papel sulfite;• lápis HB;• lápis coloridos ou giz <strong>de</strong> cera;• cópias xerox <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> textos;• cartolinas;• tesoura;• cola;• revistas;• livros didáticos utilizados pelos professores em suas escolas;• transparências;• retroprojetor;• vi<strong>de</strong>ocassete;• televisão;• ví<strong>de</strong>o:Série Paisagens brasileiras – Coração do Pantanal – Corumbá – Brasil,1997 – Dir. Carlos Nacimbeni – duração: 16 minutos e34 segundos. Realização: TV Escola – MEC.213


O ví<strong>de</strong>o trata da vida em uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fronteira do Brasil: a questãodo território, das línguas, das relações entre fronteiras legais,comerciais e culturais;• texto:PCN – Geografia (5ª a 8ª séries); PCN – Temas Transversais(5ª a 8ª séries); jornais, revistas e livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong>Geografia.Em texto:Sugere-se a leitura do texto da série Paisagens brasileiras. É um textoinformativo sobre o conteúdo do ví<strong>de</strong>o (Anexo 1).1. Levantamento, com a participação <strong>de</strong> todo o grupo, daquiloque os professores consi<strong>de</strong>ram que <strong>de</strong>vam ser os objetivos doestudo da Geografia nas séries finais do Ensino Fundamental (3h).Registro no quadro negro ou em cartazes dos objetivos apontados pelosprofessores.Leitura, em pequenos grupos, para análise comparativa entre osobjetivos apresentados no documento <strong>de</strong> Geografia (pp. 53, 54 e 98 a100) e aqueles que foram levantados anteriormente.2. Leitura e discussão, em pequenos grupos, do item: Conteúdos <strong>de</strong>Geografia: critérios <strong>de</strong> seleção e organização (pp. 37 a 49) (2h).• Apresentação, por cada grupo, dos aspectos que consi<strong>de</strong>ram maisrelevantes.3. Escolha <strong>de</strong> um eixo temático e elaboração <strong>de</strong> um rol <strong>de</strong> cincoconteúdos referentes a esse eixo que envolvam conceitos,procedimentos e atitu<strong>de</strong>s, formando, assim, um plano <strong>de</strong> conteúdos(4h). Mantém-se o mesmo grupo da ativida<strong>de</strong> anterior.• Análise comparativa entre o plano <strong>de</strong> conteúdos elaborado pelogrupo e o <strong>de</strong> um livro didático ou uma proposta curricular queconheçam, ou ainda a proposta <strong>de</strong> conteúdos que sua escola trabalha.• Apresentação da comparação por todos os grupos, sob forma <strong>de</strong>painel, po<strong>de</strong>ndo-se utilizar textos e imagens (<strong>de</strong>senho, fotos, grafismos,recortes <strong>de</strong> revistas etc.).4. Leitura, em duplas, no documento <strong>de</strong> Geografia, da parte que tratado ensino e da aprendizagem no terceiro e quarto ciclos (pp. 51 a 53 e91 a 98) (3h).5. Exibição do ví<strong>de</strong>o da série Paisagens brasileiras – Corumbá – coraçãodo Pantanal (ver sugestão <strong>de</strong> material) (4h).Registro <strong>de</strong> 3 cenas que traduzem o que foi discutido no texto <strong>de</strong> cadaárea nas ativida<strong>de</strong>s anteriores.214


Observação do som, da música, dos efeitos e das frases maisimportantes. É interessante passar uma vez a fita inteira e uma segundavez parando nos trechos mais escolhidos para discutir o que foiobservado na fita.Após o ví<strong>de</strong>o, cada professor fala <strong>de</strong> suas impressões e o resultado écolocado no quadro negro ou em outro modo <strong>de</strong> registro escrito paraque todos vejam.Análise coletiva, procurando i<strong>de</strong>ntificar o que o filme procurou retratarquanto aos conteúdos <strong>de</strong> que trata o documento da área. (Exemplo <strong>de</strong>roteiro para a análise no Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulo.)6. Discussão coletiva sobre como cada um julga as relações entresocieda<strong>de</strong> e natureza e como isso po<strong>de</strong> influir nas escolhas e no modocomo se ensina Geografia (2h).Confronto entre as conclusões <strong>de</strong>ssa discussão e as propostas <strong>de</strong>abordagem contidas nas orientações curriculares analisadasanteriormente, neste mesmo módulo.7. Leitura em grupo do documento <strong>de</strong> Geografia (pp. 135 a 147), dotexto relativo às orientações didáticas, para subsidiar a discussão(6h):• Como os objetivos e os conteúdos po<strong>de</strong>m ser utilizados/adaptadosem nossa escola?• Como, em nossa prática <strong>de</strong> trabalho, articular objetivos, conteúdos eorientações didáticas? O que é preciso para conseguir isso?Elaboração <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> trabalho para um ciclo ou uma série a serescolhida pelo grupo, propondo encaminhamentos que garantam aarticulação entre os objetivos <strong>de</strong> aprendizagem, os conteúdosselecionados e as orientações didáticas.Preparação <strong>de</strong> roteiros <strong>de</strong> aula ou <strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong> aulas sobre umtema escolhido, aplicando os princípios que foram discutidos durante omódulo. Cada grupo apresentará o seu roteiro para discussão.8. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.Anexo 1Corumbá: coração do PantanalArnaldo Sakamoto & Luiza Luciana S. Sakamoto (Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> Três Lagoas)O Brasil é um país que faz fronteiras com muitos países da América doSul. As zonas <strong>de</strong> fronteiras internacionais freqüentemente seapresentam como áreas on<strong>de</strong> acontecem diversas formas <strong>de</strong> contatosculturais. Na linguagem, nos hábitos alimentares, nas artes, nocomportamento e na arquitetura, é possível distinguir peculiarida<strong>de</strong>sdas relações entre povos <strong>de</strong> origens diferentes. O grau <strong>de</strong> assimilação e215


<strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> diversos aspectos das culturas postas emconvivência varia <strong>de</strong> um lugar a outro, isto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da história que se<strong>de</strong>senvolveu em cada um <strong>de</strong>sses lugares <strong>de</strong> fronteiras.No caso da América do Sul, especificamente as culturas indígenas,africanas e européias, principalmente <strong>de</strong> origem espanhola e <strong>de</strong> origemportuguesa, são marcantes nos contatos <strong>de</strong> fronteira. Estes gruposapresentam como característica inerente elementos das culturasindígenas e africanas que, por meio da força <strong>de</strong> trabalho, participaramativamente da colonização do continente. O contato cultural e amiscigenação são traços marcantes da história da América do Sul, osquais incluíram, também, povos <strong>de</strong> outras partes do mundo (ingleses,franceses, italianos, japoneses, árabes etc.).O estabelecimento das fronteiras entre os diversos países da Américado Sul, após o período <strong>de</strong> colonização e in<strong>de</strong>pendência, colocacontinuamente em contato o espanhol e o português, principalmentenas zonas <strong>de</strong> fronteiras interiores do Brasil, do Amazonas ao Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Estes contatos são, historicamente, mais intensos na faixa <strong>de</strong>fronteira ao Sul, relacionados à presença do estuário do Prata, gran<strong>de</strong>via <strong>de</strong> penetração no interior do continente.Na faixa <strong>de</strong> terras baixas da América do Sul, que margeiam, a leste, acordilheira dos An<strong>de</strong>s, representadas pelo Chaco, Pantanal, Amazônia eOrenoco, situa-se a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá, a meio caminho da fronteiraoeste brasileira, no vale do rio Paraguai, tendo acesso tanto ao estuáriodo Prata como à região amazônica. A sua localização é, portanto,estratégica e foi motivo <strong>de</strong> disputa nos tratados <strong>de</strong> limites discutidosentre o Brasil e os países vizinhos, principalmente o Paraguai. Oscontatos culturais aí estabelecidos apresentam característicaspeculiares que diferenciam a fronteira em Corumbá das <strong>de</strong>mais áreas.Aí não ocorreu a assimilação lingüística do guarani, que caracteriza afronteira em Ponta Porã, nem ocorre o gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> pessoas emercadorias que caracteriza a fronteira em Foz do Iguaçu.Diversos motivos contribuem para emprestar à zona fronteiriça <strong>de</strong>Corumbá as características que são vivenciadas pela população que aívive. Os elementos culturais aí em contato são fruto da história <strong>de</strong>ocupação da área e <strong>de</strong> sua evolução econômica. Destacam-se, <strong>de</strong>ntreos motivos, a localização do sítio urbano <strong>de</strong> Corumbá e seu papelestratégico e econômico e a influência exercida pelo su<strong>de</strong>ste brasileirona área e sua importância na organização do espaço econômico.Em linha reta, Corumbá dista 6 km da fronteira com a Bolívia. O sítiourbano situa-se à margem direita do rio Paraguai, ocupando posiçãocentral no trecho <strong>de</strong> fronteira seca entre os dois países, vindo-se doleste do Brasil, e, portanto, é necessário atravessar o rio Paraguai parase chegar a Corumbá. Esta localização da cida<strong>de</strong> não é aleatória nem éum fato isolado neste trecho <strong>de</strong> fronteira, mas, pelo contrário, foi<strong>de</strong>terminada pela política <strong>de</strong> expansão territorial <strong>de</strong> Portugal na colôniaamericana, durante o século XVIII.A fundação <strong>de</strong> Corumbá, em 21 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1778, foi precedidapela fundação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> fortes a oeste da colônia portuguesae na bacia amazônica. Esses tinham como finalida<strong>de</strong> preservar aconquista territorial empreendida pelos portugueses (por meio das216


an<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> apresamento indígena, das ativida<strong>de</strong>s extrativistas e da<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> minas <strong>de</strong> ouro e pedras preciosas) a oeste do meridiano<strong>de</strong>marcado pelo Tratado <strong>de</strong> Tor<strong>de</strong>silhas, estabelecido em 1494 entrePortugal e Espanha. A história <strong>de</strong> Corumbá nasceu, portanto,estreitamente relacionada à <strong>de</strong>fesa do território no período colonial.Sua função inicial foi a <strong>de</strong> posto <strong>de</strong> abastecimento do Forte Coimbra,situado também à margem direita do rio Paraguai, ao sul <strong>de</strong> Corumbá.O domínio sobre o trecho do rio Paraguai, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fecho dosMorros até Corumbá, apresentava-se como fator vital <strong>de</strong> circulação pelointerior do continente, ligando o Prata ao interior do Mato Grosso, àAmazônia e à porção norte do Vice-Reino do Peru (atual leste daBolívia). Aquele trecho do rio foi motivo <strong>de</strong> disputa entre Brasil eParaguai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época colonial até o fim da Guerra do Paraguai em1870. A partir <strong>de</strong> então, até a década <strong>de</strong> 1930, Corumbá<strong>de</strong>sempenhou função comercial, via bacia do Prata, e experimentou umperíodo <strong>de</strong> florescimento urbano no qual participaram tambémcomerciantes vindos <strong>de</strong> diversas partes do mundo.Quais teriam sido os contatos culturais em Corumbá durante o períodoem que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhou uma função eminentemente <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesado território? Haveria vestígios disso até nossos dias? E como teriamsido incorporados à socieda<strong>de</strong> os elementos culturais que se fizerampresentes subseqüentemente, quando Corumbá esteve ligada aocomércio internacional?Os colonizadores espanhóis e portugueses estabeleceram relaçõesdiferenciadas com os povos indígenas na região próxima a Corumbá.Aqueles criaram uma organização socioeconômica baseada no trabalhoindígena utilizando-se da hierarquia preexistente nas povoações. Esses,foram mais maleáveis no aproveitamento da mão-<strong>de</strong>-obra indígena.No caso particular <strong>de</strong> Assunção, no Paraguai, fundada em 1537, osespanhóis estabeleceram uma colonização fixa ao território, autosuficiente,baseada no controle rígido da mão-<strong>de</strong>-obra indígena utilizadae na intensa miscigenação hispano-guarani.Os portugueses não criaram esse tipo <strong>de</strong> relação socioeconômica naregião. Apresamento indígena, característico das incursões ban<strong>de</strong>iristasnessa região nos séculos XVII e XVIII, e a introdução <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obraafricana nas ativida<strong>de</strong>s mineradoras, <strong>de</strong>senvolvidas em Cuiabá a partir<strong>de</strong> 1719, tiveram por conseqüência um relacionamento mais flexívelentre os portugueses e os índios. A miscigenação com povos indígenasfoi menor entre os portugueses do que entre os espanhóis no vale dorio Paraguai.Com os índios guaicurus, por exemplo, foi possível estabelecer aliançasem <strong>de</strong>terminados momentos da história da conquista do territóriopróximo a Corumbá. Tratava-se <strong>de</strong> um povo guerreiro, saqueador etemido, que utilizava o cavalo e sabia <strong>de</strong>slocar-se com facilida<strong>de</strong> naárea freqüentemente alagada do Pantanal. Foram consi<strong>de</strong>rados um dosfatores <strong>de</strong> preservação da área às investidas dos espanhóis sediadosem Assunção que tinham interesse em alcançar o Vice-Reino do Perucontornando o leste do impenetrável Chaco. Apesar dos freqüentesataques guaicurus às monções que circulavam entre Porto Feliz, emSão Paulo, e Cuiabá, no Mato Grosso, dificultando o transporte <strong>de</strong> ouro217


e pedras preciosas, os portugueses, por não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>remexclusivamente do trabalho indígena, pu<strong>de</strong>ram aliar-se aos guaicurusquando iniciaram a política <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação e preservação da fronteiranessa região.Luís <strong>de</strong> Albuquerque <strong>de</strong> Mello Pereira e Cáceres, governador daProvíncia <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>de</strong> 1772 a 1789, aten<strong>de</strong>ndo à políticaestabelecida por Pombal, organizou a construção dos fortes e afundação <strong>de</strong> povoados ao longo do rio Paraguai. A construção do ForteCoimbra em terras dominadas pelos guaicurus foi realizada tendo porbase a aliança com aquela tribo, seja na fase <strong>de</strong> instalação do forte,seja subseqüentemente, quando o forte <strong>de</strong>sempenhou sua função <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa.Há relatos da existência <strong>de</strong> escravos negros em Corumbá, mas nãoparece que seu número fosse significativo, dada a característica dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio à <strong>de</strong>fesa do território, sem produção econômica <strong>de</strong>importância.A construção dos fortes nesse período trouxe consigo elementos daarquitetura militar que estão presentes ainda na região, como nopróprio Forte Coimbra, hoje tombado pelo IPHAN-MEC.Essa primeira fase da história <strong>de</strong> Corumbá é marcada por gran<strong>de</strong>sdificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência e por pequeno número <strong>de</strong> habitantes,estimados, em 1791, em 238.Em meados do século XIX, quando a franquia do rio Paraguai, doestuário do Prata a Corumbá, permite a livre navegação na região,inaugura-se em Corumbá uma fase econômica e <strong>de</strong> contatos culturaisque envolve interesses e investimentos provenientes <strong>de</strong> diferentespaíses que participam da expansão do capitalismo inglês. Corumbápassa a <strong>de</strong>sempenhar a função <strong>de</strong> entreposto comercial ligando o Rio<strong>de</strong> Janeiro à capital da Província <strong>de</strong> Mato Grosso, Cuiabá, via bacia doPrata. O avanço técnico propiciado pela navegação a vapor encurtoudistâncias e colocou a região no circuito do mercado internacionalli<strong>de</strong>rado pelos ingleses. Mato Grosso fornecia matérias-primas egêneros alimentícios (ferro e manganês; subprodutos da pecuária,como couros, charques, solas, sebo, extrato e caldo <strong>de</strong> carne;ipecacuanha; fumo; açúcar; borracha e erva-mate) e importava bensmanufaturados produzidos na Europa. Essas ativida<strong>de</strong>s perduraram atéaproximadamente 1930.A invasão do sul <strong>de</strong> Mato Grosso durante a Guerra do Paraguairepercutiu em Corumbá, truncando o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentourbano recém-inaugurado. A cida<strong>de</strong> foi tomada e permaneceu sobdomínio paraguaio durante pouco mais <strong>de</strong> dois anos, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>1865 a 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1867. Após o fim do conflito, que se esten<strong>de</strong>u<strong>de</strong> 1864 a 1870, houve um período <strong>de</strong> reestruturação urbana e daestratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do território e <strong>de</strong> retomada das ativida<strong>de</strong>scomerciais.Em 1870, uma divisão do exército brasileiro é estabelecida emCorumbá e, dois anos <strong>de</strong>pois, iniciaram-se as obras do Arsenal daMarinha no atual município <strong>de</strong> Ladário. É significativo que a livrenavegação pelo rio Paraguai terminasse em Corumbá. Seguindo paranorte, a navegação do rio e <strong>de</strong> seus afluentes, que permite alcançar218


Cuiabá e região, permaneceu exclusivamente brasileira. Este fato temsido interpretado como estratégia geopolítica <strong>de</strong> preservação dafronteira e realça a importância da localização <strong>de</strong> Corumbá na fronteiraoeste do Brasil.Corumbá <strong>de</strong>senvolve-se e sua população, em 1885, é estimada em5 mil habitantes. Há estrangeiros (italianos, belgas, alemães,argentinos, paraguaios, bolivianos etc.) e gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoasque vive em condições precárias. A área urbana cresce em <strong>de</strong>corrênciado comércio internacional, mas apresenta problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública,principalmente em conseqüência <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong> varíola e falta <strong>de</strong>saneamento básico que atingem a população menos favorecida. Em1910, estimava-se a população em 10 mil habitantes (“3 mil naturais,2 mil paraguaios, bolivianos e correntinos, mil alemães, ingleses,italianos e portugueses, mil soldados, 2 mil nacionais <strong>de</strong> váriasprocedências, e cerca <strong>de</strong> mil turcos”).Nesse período, a área do porto <strong>de</strong> Corumbá, a rua Delamare, paralelaao porto, em nível topográfico mais elevado, concentrava, alémdaquelas ativida<strong>de</strong>s, as residências dos gran<strong>de</strong>s comerciantes.As culturas em contato nesse momento, unidas pelo mesmo objetivo,essencialmente comercial, <strong>de</strong>ixaram em Corumbá diversos elementosque se preservam até nossos dias em função da evolução históricaposterior da cida<strong>de</strong>. O casarão do porto é um exemplo, cuja arquiteturaparece ser <strong>de</strong> origem italiana. Houve também importação <strong>de</strong>maquinário, instalado nas usinas <strong>de</strong> açúcar do alto Paraguai. Ascharqueadas ou sala<strong>de</strong>iros, instalados ao longo dos rios Paraguai,Miranda e Aquidauana, atestam a influência dos platinos. A cida<strong>de</strong> eraconsi<strong>de</strong>rada cosmopolita, ou seja, a vida cultural apresentava ascaracterísticas dos centros comerciais mais avançados, chegando arivalizar, em termos das ativida<strong>de</strong>s culturais, com a capital, Cuiabá.O comércio trouxe riqueza e po<strong>de</strong>r aos gran<strong>de</strong>s comerciantesestrangeiros e brasileiros instalados em Corumbá. As ativida<strong>de</strong>sindustriais, <strong>de</strong>senvolvidas nas usinas <strong>de</strong> açúcar, nas charqueadas ousala<strong>de</strong>iros foram a base do po<strong>de</strong>r político regional exercido a partir <strong>de</strong>Cuiabá, então a capital da província <strong>de</strong> Mato Grosso. A maior parte dapopulação vivia, entretanto, em condições <strong>de</strong> pobreza.A industrialização <strong>de</strong> São Paulo toma vulto e, com a expansão mundialdas ativida<strong>de</strong>s industriais, o espaço produtivo nacional reorganiza-se emfunção das novas necessida<strong>de</strong>s do mercado interno emergente.A região do Prata e o comércio internacional que aí se <strong>de</strong>senvolveraper<strong>de</strong>m importância e Mato Grosso passará a fornecer gado para osfrigoríficos que se instalam no su<strong>de</strong>ste do Brasil a partir <strong>de</strong> 1920.Em Corumbá, esse processo chega com os trilhos do trem. No final doséculo XIX, iniciou-se a construção <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> ferro no Brasil,financiadas pelo capital inglês, ligando as áreas <strong>de</strong> produção aos portosna orla Atlântica. A re<strong>de</strong> ferroviária que se irradiou a partir <strong>de</strong> São Paulo,e que foi fator importante do <strong>de</strong>senvolvimento urbano paulista, chegouà região <strong>de</strong> Corumbá, trazendo transformações significativas em suaeconomia e redimensionando suas relações com os países vizinhos.O trajeto original da estrada <strong>de</strong> ferro Noroeste do Brasil (NOB),elaborado em 1881, iria <strong>de</strong> Bauru (em São Paulo) a Cuiabá (em Mato219


Grosso). Mais tar<strong>de</strong>, sob argumentações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m geopolítica,modificou-se o trajeto <strong>de</strong> modo que alcançasse Corumbá, tida comoárea essencial à <strong>de</strong>fesa nacional e como ponto estratégico <strong>de</strong> possívelligação entre o Atlântico e o Pacífico pelo interior do continente. A NOBchegou às margens do rio Paraguai, em Porto Esperança, em 1914 e,em Corumbá, em 1953.Corumbá sofrera as conseqüências da mudança do eixo econômico doPrata para o su<strong>de</strong>ste brasileiro. Diminui a <strong>de</strong>manda dos produtos<strong>de</strong>rivados da carne industrializados em Mato Grosso em função daimplantação <strong>de</strong> frigoríficos anglo-americanos no Su<strong>de</strong>ste e no Sul doBrasil. As charqueadas ou sala<strong>de</strong>iros entram em <strong>de</strong>cadência e a região<strong>de</strong> Corumbá especializa-se na criação <strong>de</strong> gado.A pecuária <strong>de</strong>senvolve-se no Pantanal, consi<strong>de</strong>rado um “celeiro natural”<strong>de</strong> terrenos sedimentares recentes, que ocupa extenso território <strong>de</strong>terras planas, cobertas <strong>de</strong> campos, que servem <strong>de</strong> pastagem para ogado criado no sistema <strong>de</strong> produção extensiva. A criação <strong>de</strong> bovinos foiintroduzida na porção do Pantanal que se situa a leste <strong>de</strong> Corumbá em1847, conseqüência da expansão das áreas <strong>de</strong> pastagem quecircundavam Cuiabá e que haviam sido criadas com a <strong>de</strong>cadência damineração <strong>de</strong> ouro e pedras preciosas em meados do século XVIII.Explora-se a terra e o manganês presente nas rochas pré-cambrianasda morraria do Urucum. Esta é uma elevação topográfica que se<strong>de</strong>staca das terras baixas (80 a 100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e planas doPantanal, cujo ponto mais alto alcança pouco mais <strong>de</strong> 1.000 m <strong>de</strong>altitu<strong>de</strong>, Corumbá (120 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) situa-se na extremida<strong>de</strong> norte doconjunto <strong>de</strong> terrenos que circundam o Urucum e que se encontram asalvo das cheias periódicas do rio Paraguai.Na cida<strong>de</strong>, as mudanças acarretarão transformações da paisagemurbana que apresentara diversos sinais <strong>de</strong> estagnação. O comérciointernacional entra em <strong>de</strong>cadência e as casas comerciais da áreaportuária serão aos poucos utilizadas para outras ativida<strong>de</strong>s, porexemplo, para residências, bares e restaurantes. As ativida<strong>de</strong>s centraispassam a concentrar-se exclusivamente na rua Delamare e imediações.A organização do mercado interno brasileiro, por meio da ferrovia emais tar<strong>de</strong> da malha rodoviária, coloca a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> noponto central das vias <strong>de</strong> comércio que ligam as diversas regiõesprodutoras do antigo Estado <strong>de</strong> Mato Grosso: Cuiabá, ao norte, campos<strong>de</strong> vacaria e Dourados ao sul e o Pantanal a oeste. Campo Gran<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolve-se e cresce, transforma-se em área urbana <strong>de</strong> atraçãopopulacional, <strong>de</strong>sempenha a função <strong>de</strong> centro comercial, torna-se acapital do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul. Campo Gran<strong>de</strong> passa a atrairgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas dos municípios do estado recém-criado,<strong>de</strong>ntre os quais o próprio município <strong>de</strong> Corumbá.Na década <strong>de</strong> 1980, estão consolidadas, no Estado <strong>de</strong> Mato Grosso doSul, as relações econômicas com o Su<strong>de</strong>ste e o Sul do país e está<strong>de</strong>finido o papel <strong>de</strong> Corumbá. Exporta para a Argentina ferro emanganês, explorado pela Sobramil, comercializa cimento no mercadonacional e internacional, produzido pela Itaú, do grupo Votorantim efornece gado para a região su<strong>de</strong>ste, criado no Pantanal. Com a Bolíviaestabelece comércio <strong>de</strong> exportação e importação <strong>de</strong> produtos e220


gêneros <strong>de</strong> uso local. Desenvolvem-se a pesca, para aten<strong>de</strong>r aomercado local, ao longo do rio Paraguai. O turismo explora o potencialdo rio para a pesca amadora e do Pantanal como área que preserva avida silvestre. A área tem sido usada como corredor do tráfico <strong>de</strong>entorpecentes, sendo cada vez mais freqüentes as apreensões dadroga nas estradas, conforme noticiários da imprensa. A maior parte dapopulação ativa está vinculada às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio e <strong>de</strong> serviços.A estrutura urbana é adaptada a essas novas ativida<strong>de</strong>s, convivendo ovelho e o novo no espaço urbano que agora <strong>de</strong>sempenha a funçãoindustrial, comercial e <strong>de</strong> turismo, principalmente. No início da década,Corumbá possuía 67 mil habitantes, enquanto Campo Gran<strong>de</strong> jáapresentava uma população urbana <strong>de</strong> 283 mil habitantes,evi<strong>de</strong>nciando-se o papel polarizador da capital.A infra-estrutura <strong>de</strong> apoio às ativida<strong>de</strong>s econômicas é constituída doporto, da ferrovia e seus ramais e do aeroporto internacional. Pelo porto<strong>de</strong> Corumbá são escoados os minérios em embarcações <strong>de</strong>nominadaschatas. Quando ocorrem cheias no Pantanal, o gado é transportado em“boieiros”, embarcações próprias para transporte <strong>de</strong> gado. No portotambém se <strong>de</strong>senvolvem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo, em pesqueiros eembarcações para passeios pelo rio Paraguai. Navios turísticos,provenientes <strong>de</strong> Assunção, aí atracavam, estabelecendo-se umpequeno comércio <strong>de</strong> produtos importados pelo Paraguai. A ferroviaservia também a mineração e a indústria <strong>de</strong> cimento, além <strong>de</strong> realizar amaior parte do transporte <strong>de</strong> passageiros. Em 1986 foi concluída aestrada <strong>de</strong> rodagem (BR-262) que liga Corumbá a Campo Gran<strong>de</strong> (eTrês Lagoas) e teve início um serviço diário <strong>de</strong> ônibus e o tráfego <strong>de</strong>caminhões.Algumas empresas públicas oferecem serviços ligados às ativida<strong>de</strong>sprodutivas. Os relativos ao transporte <strong>de</strong> cargas ou à conservação doporto e preservação das condições <strong>de</strong> navegabilida<strong>de</strong> do rio Paraguaieram <strong>de</strong>sempenhados por empresas como a Cia. <strong>de</strong> Navegação Baciado Prata e a Portobrás (recentemente privatizadas). Serviços técnicocientíficosrelacionados à criação <strong>de</strong> animais, especialmente àpecuária, são <strong>de</strong>senvolvidos pela Embrapa.Na cida<strong>de</strong>, o comércio local aten<strong>de</strong> pequenos comerciantes bolivianos<strong>de</strong> Quijarro e Puerto Suarez ven<strong>de</strong>ndo gêneros alimentíciosindustrializados e bens <strong>de</strong> consumo não duráveis (vestuário,calçados etc.) produzidos no Brasil. A maioria das lojas queparticipam <strong>de</strong>sse comércio pertence a libaneses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,radicados em Corumbá, e concentram-se nas ruas próximas ao centro(especialmente na rua Treze <strong>de</strong> Junho, entre a rua Frei Mariano e a ruaAntônio João). No final da década, são construídos alguns <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>comércio atacadista, especializados nesse tipo <strong>de</strong> exportação, ao sul dacida<strong>de</strong>, próximo à estrada <strong>de</strong> rodagem que dá acesso à Bolívia.Por outro lado, há duas feiras semanais nas quais várias famílias <strong>de</strong>bolivianos ven<strong>de</strong>m produtos agrícolas (arroz, feijão, batata <strong>de</strong>sidratada,hortaliças, frutas etc.), produtos artesanais (ponchos, casacos, gorros eluvas <strong>de</strong> lã <strong>de</strong> lhama, flautas <strong>de</strong> bambu, bolsas tecidas) e produtoseletroeletrônicos <strong>de</strong> pequeno porte, dispostos sobre toalhas estendidasno chão. No final da década, essas ativida<strong>de</strong>s concentraram-se atrás221


do cemitério, a oeste do centro da cida<strong>de</strong>, numa feira organizada embarracas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.Nesse período, aumentam as ativida<strong>de</strong>s comerciais nas ruas próximasàs estações ferroviária e rodoviária, ao sul da cida<strong>de</strong>, em função dopapel <strong>de</strong>sempenhado pelas vias terrestres <strong>de</strong> transporte e também pelacrescente importância do comércio com a Bolívia. O crescimento daárea urbanizada é evi<strong>de</strong>nte na ocupação das colinas, também ao sul dacida<strong>de</strong>, em áreas <strong>de</strong> encostas íngremes.Do contato cultural com a Bolívia o e Paraguai que se estabeleceu emCorumbá, são assimilados, principalmente, hábitos alimentares emanifestações artísticas ligadas à música. Dentre as comidas típicas,citam-se a saltenha e o picante <strong>de</strong> língua ou <strong>de</strong> frango, <strong>de</strong> origemboliviana; o tererê e a sopa paraguaia. Dentre os ritmos dançantes, <strong>de</strong>origem paraguaia, citam-se a polca, a rasqueada e o chamamé. Nosbares e restaurantes com música ao vivo era freqüente apresentaremseconjuntos <strong>de</strong> músicos bolivianos do altiplano andino. A zonafronteiriça <strong>de</strong> Corumbá apresenta características peculiares. O bolivianoe o corumbaense mantêm relações comerciais, mas a miscigenaçãonão parece ser intensa como ocorre na fronteira com o Paraguai.No final da década <strong>de</strong> 1980 e início da década <strong>de</strong> 1990, a paisagemcomeça a evi<strong>de</strong>nciar algumas mudanças <strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>turismo e do fortalecimento das relações Brasil–Bolívia.Hotéis são construídos na parte alta da cida<strong>de</strong>, na Av. América, e novasagências <strong>de</strong> turismo instalam-se no “casario do Porto”, revitalizando-o.Em algumas fazendas do Pantanal, cujas áreas haviam sido divididasentre her<strong>de</strong>iros e nas quais diminuíam os lucros advindos da pecuáriaextensiva, organizam-se ativida<strong>de</strong>s turísticas baseadas na beleza dapaisagem, na existência <strong>de</strong> animais silvestres e na sobrevivência dascomitivas boia<strong>de</strong>iras que, paulatinamente, estão sendo substituídaspelo transporte rodoviário.O plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico do extremo leste boliviano,atingindo a microrregião <strong>de</strong> Puerto Suarez-Quijarro, criou a CentralAguirre, zona franca que recebe e distribui produtos oriundos daArgentina e <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> La Sierra. Inaugurou-se, assim, o turismo<strong>de</strong> compras característico <strong>de</strong> outras zonas fronteiriças, como PontaPorã e Foz do Iguaçu, que contribuiu para o <strong>de</strong>créscimo do comérciolocal corumbaense. Quanto às ativida<strong>de</strong>s industriais, projetou-se aconstrução <strong>de</strong> uma fábrica <strong>de</strong> cimento, próximo à fronteira com oBrasil, <strong>de</strong> uma si<strong>de</strong>rúrgica para o beneficiamento <strong>de</strong> minérioproveniente <strong>de</strong> Mutum e <strong>de</strong> um gasoduto. Recentemente, a aprovação,no Brasil, da construção <strong>de</strong> um gasoduto ligando a área produtora dogás na Bolívia e a consumidora no Su<strong>de</strong>ste e no Sul brasileiro evi<strong>de</strong>nciaa importância econômica <strong>de</strong>ssa fronteira, inclusive em vista doMercosul.Hoje, Corumbá possui pouco mais <strong>de</strong> 88 mil habitantes e é a terceiracida<strong>de</strong> do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul; Campo Gran<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>radaum centro submetropolitano, possui quase 520 mil habitantes eDourados, que polariza a região agrícola do sul do estado e quesuperou Corumbá em número <strong>de</strong> habitantes entre 1970 e 1980,possui 120 mil habitantes. A polarização exercida por Campo Gran<strong>de</strong><strong>de</strong>finiu um fluxo migratório <strong>de</strong> Corumbá para a capital.222


A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá é o maior centro populacional da regiãofronteiriça e <strong>de</strong>sempenha a função <strong>de</strong> organização do espaço nessazona. Puerto Suarez, capital da Província German Bush na fronteira como Brasil, possui 9 mil habitantes. As cida<strong>de</strong>s fronteiriças (Corumbá,Puerto Suarez e Quijarro) distam <strong>de</strong> 400 a 500 km dos centrosmaiores, respectivamente, Campo Gran<strong>de</strong>, no Brasil, e Santa Cruz <strong>de</strong>La Sierra, na Bolívia.A organização do espaço regional é exercida por Corumbá por meio dasativida<strong>de</strong>s urbanas e dos meios <strong>de</strong> transporte. O rio Paraguai, limitenorte da cida<strong>de</strong>, é uma via <strong>de</strong> circulação, ligando o estuário do Prata aonorte <strong>de</strong> Mato Grosso e à Bolívia, bem como servindo à populaçãoribeirinha pantaneira, e é um recurso pesqueiro, <strong>profissional</strong> e amador,utilizado por empresas <strong>de</strong> pesca, pequenos pescadores da cida<strong>de</strong> eturistas. O Porto <strong>de</strong> Corumbá, além da função <strong>de</strong> embarque e<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> mercadorias, é também utilizado para o turismo epara a realização <strong>de</strong> algumas festas <strong>de</strong> rua, principalmente a festa <strong>de</strong>São João, tradicional na cida<strong>de</strong>. Do Pantanal da Nhecolândia, situado aleste e on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve a criação <strong>de</strong> gado, provém a população quebusca na cida<strong>de</strong> mercadorias <strong>de</strong> uso pessoal e remédios. Osfazen<strong>de</strong>iros mantêm suas residências na cida<strong>de</strong>. Nas proximida<strong>de</strong>s dafronteira, a oeste <strong>de</strong> Corumbá, seja em terras brasileiras da áreaurbana, seja na porção boliviana na Zona Franca <strong>de</strong> Aguirre, crescem asativida<strong>de</strong>s comerciais. As estradas <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong> rodagem que atingem acida<strong>de</strong> pelo sul provenientes <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> e a ferrovia, seguindopara oeste, que atinge Santa Cruz <strong>de</strong> La Sierra, fazem a ligação com oscentros urbanos <strong>de</strong> maior porte.A paisagem da região <strong>de</strong> Corumbá exibe elementos geográficos ehistóricos que evi<strong>de</strong>nciam seu caráter fronteiriço, <strong>de</strong>notam suaimportância geopolítica e contam sua história econômica. O passadoconserva-se, principalmente às margens do rio Paraguai, da confluênciado rio Apa até Corumbá: Fecho dos Morros (afloramento rochoso que,além <strong>de</strong> represar as águas do Paraguai, foi consi<strong>de</strong>rado um pontochavepara a conquista <strong>de</strong>sta faixa <strong>de</strong> fronteira); Forte Coimbra(construção militar, situada à margem direita do rio, que serviu <strong>de</strong>marco da expansão colonial portuguesa na região); reserva indígena noPantanal no Nabileque (situada à margem esquerda do rio e que ocupauma porção da antiga área <strong>de</strong> domínio indígena do sudoeste <strong>de</strong> MatoGrosso do Sul); Albuquerque (povoado precursor <strong>de</strong> Corumbá, instaladoà margem direita do rio Paraguai, próximo a Porto Esperança, cujafunção era dar apoio aos fortes da região); base naval <strong>de</strong> Ladário(construída logo após o conflito com o Paraguai no século passado);Forte Junqueira (já <strong>de</strong>ntro da área da cida<strong>de</strong>, construído também logoapós a Guerra do Paraguai) e, finalmente, o sítio urbano <strong>de</strong> Corumbá(localizado próximo à fronteira seca com a Bolívia e que apresenta, noespaço urbano, diversos elementos históricos da evolução <strong>de</strong>ssaregião).O presente evi<strong>de</strong>ncia-se, marcantemente, no eixo das estradas. Aolongo da “Estrada da Manga”, dique <strong>de</strong> chão batido, coalhado <strong>de</strong>pontes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, que liga Corumbá ao Pantanal da Nhecolândia,encontram-se algumas das mais importantes e belas se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazenda223


<strong>de</strong> gado que, instaladas na área a partir <strong>de</strong> meados do século passado,hoje também são utilizadas pelo turismo. A vida relacionada à pecuária<strong>de</strong>senvolve-se no solo arenoso e periodicamente alagado do Pantanal,sem luz elétrica ou telefone. A organização da criação preserva nasfazendas a figura do peão e as comitivas <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> gado queatravessam a área rumo aos mercados consumidores. Junto à estrada<strong>de</strong> ferro Noroeste do Brasil, que possui a única ponte que atravessa orio Paraguai na região, encontram-se as minas <strong>de</strong> ferro e manganês damorraria do Urucum; em Corumbá, aten<strong>de</strong> a indústria <strong>de</strong> cimento,recentemente equipada com computadores que controlam a produção,e a metalúrgica, e, finalmente, esta ligada à estrada <strong>de</strong> ferro Bolivianaque segue para Santa Cruz <strong>de</strong> La Sierra. A estrada <strong>de</strong> rodagem BR-262,praticamente paralela à NOB, começa a concentrar os fluxos atuais, aomesmo tempo que se intensificam as viagens para comprar entreCorumbá e a Zona Franca <strong>de</strong> Aguirre, na Bolívia.A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá, cujo nome significa lugar distante, é um exemplo<strong>de</strong> zona fronteiriça que <strong>de</strong>ve sua existência e crescimento à importânciaque lhe foi atribuída, sucessivamente, como local geopoliticamenteestratégico no interior da América do Sul. Seja por meio da navegaçãodo rio Paraguai, seja por meio da estrada <strong>de</strong> ferro, houve, ao longo <strong>de</strong>sua história, interesse em mantê-la vinculada ao território da colônia e,posteriormente, do país, a <strong>de</strong>speito da extensa área <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong>mográfica que a circunda, representada pelo Pantanal e pelosplanaltos residuais da Bodoquena e do Urucum.A multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contatos culturais que ocorreram em Corumbá aolongo <strong>de</strong> sua história <strong>de</strong>ixaram marcas na estrutura urbana, naarquitetura, nos hábitos alimentares, nas manifestações artísticas e nasrelações comerciais com a Bolívia, preservando, no entanto, o elementobrasileiro. O habitante <strong>de</strong> Corumbá estabelece uma relação <strong>de</strong>proximida<strong>de</strong> com todos esses elementos em sua vida diária, já que seencontram preservados pelo processo <strong>de</strong> crescimento lento a que foisubmetida a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a região se especializou na criação <strong>de</strong>gado.Anexo 2Roteiro para análise <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o:• Que história é contada no ví<strong>de</strong>o (reconstrução da história)?• Como é contada a história (o que chamou a atenção visualmente, oque <strong>de</strong>stacaria nos diálogos e na música)?• Que idéias passa claramente o <strong>programa</strong>?• Que contam os personagens?• Quais os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> relações culturais apresentadosna imagem?• Se há valores que são afirmados e negados no <strong>programa</strong> e quaissão?• Como são apresentados o trabalho, a solidarieda<strong>de</strong>, o mundo, ajustiça, o ambiente, a conservação ambiental?224


• Se há mensagens não mencionadas, mas sugeridas pelo ví<strong>de</strong>o equais?• Como cada participante julga esses valores?Anexo 3Além do ví<strong>de</strong>o proposto há ainda algumas outras sugestões quetambém são interessantes:TÍTULOSRESUMOErnesto Varela em Serra PeladaFicha TécnicaBrasil 1984 Direção: Marcelo Tas eFernando Meirelles. Reportagem:Marcelo Tas. Produção: OlharEletrônico e Abril ví<strong>de</strong>o. Duração:18min. Falado em português.Produção original para ví<strong>de</strong>o, emcores. Distribuição em ví<strong>de</strong>o: GloboVí<strong>de</strong>o.Documentário que mostra o repórtercriado por Marcelo Tasacompanhando o dia-a-dia dosgarimpeiros em Serra Pelada, poron<strong>de</strong> escoam anualmente toneladas<strong>de</strong> ouro e ilusões. Textos <strong>de</strong> AntonioCarlos Gonçalves, Rosalva Portella eRosaly M. Braga Chianca.Aqua; Escola; Espaço EscolarFicha TécnicaBrasil s.d. Produção: FDE. Duração:36min. Col. Distribuição em ví<strong>de</strong>o:FDE.Programas referentes ao projetoPreservação do Patrimônio,enfocando a conservação doprédio escolar e a metodologia <strong>de</strong>projeto.População brasileira: história e mitosFicha TécnicaBrasil 1994 Direção: AssociaçãoBrasileira <strong>de</strong> Estudos Populacionais.Produção: Argumento ProdutoresAssociados. Duração: 35min. Col.Trata das questões populacionais noBrasil, abordando conceitos <strong>de</strong><strong>de</strong>mografia e temas complexos daárea <strong>de</strong> estudos populacionais,como os mitos da explosão<strong>de</strong>mográfica, do país jovem e daexplosão das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.225


Módulo 6Que coisas nossos alunos jásabem: evitando rupturas e dandocontinuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong>ensino e aprendizagem <strong>de</strong>Geografia nas séries finais doEnsino Fundamental


12 horas• Propiciar condições para que professores e especialistas que atuamnas quatro séries finais do Ensino Fundamental conheçam a propostados PCN <strong>de</strong> Geografia <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries;• possibilitar a visão <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e coerência no processo <strong>de</strong>ensino e aprendizagem da área, conforme os objetivos geraisestabelecidos para o Ensino Fundamental.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores conheçam otrabalho proposto nos PCN para as séries iniciais do EnsinoFundamental e que percebam a importância <strong>de</strong> se co-responsabilizarempela aprendizagem <strong>de</strong> seus alunos.• A área <strong>de</strong> Geografia nas primeiras séries e suas abordagens;• propostas temáticas da área nas séries iniciais;• flexibilização curricular e ajustes metodológicos para a<strong>de</strong>quação àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem dos alunos.• Papel sulfite;• lápis;• cópias xerox <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> textos;• transparências;• retroprojetor;• vi<strong>de</strong>ocassete;• televisão;• ví<strong>de</strong>o:PCN – Geografia – A leitura da paisagem – Brasil, 1997 – Dir. Cleston T.Teixeira e Cristina Winther – duração: 19 minutos e 39 segundos.Realização: TV Escola – MEC. Lugar, paisagem, território e espaçogeográfico são as categorias com as quais o conhecimento geográficotrabalha. Como trabalhar com os alunos a construção <strong>de</strong>ssascategorias? O <strong>programa</strong> trata do conceito <strong>de</strong> leitura da paisagem. O quesignifica ler uma paisagem?• texto: PCN – Geografia (5ª a 8ª séries); PCN – Geografia(1ª a 4ª séries).229


Em ví<strong>de</strong>o:• Nós na Escola – série <strong>de</strong> 15 <strong>programa</strong>s – Brasil, 1989 – Dir. JoãoCarlos Velho. Realização: Fundação Roquete Pinto.• Desatando os nós com afeto (19min27s). A criança, na escola,apresenta características diferentes daquelas que o professor apren<strong>de</strong>u aobservar durante o período <strong>de</strong> sua formação <strong>profissional</strong>. As dificulda<strong>de</strong>sque daí surgem constituem verda<strong>de</strong>iros nós que amarram e paralisam oprocesso das relações construtivas entre o mestre e o aluno.• De on<strong>de</strong> vêm os nós na escola (18min15s). O professor constataum distanciamento entre a formação teórica para lecionar e o dia-a-diada sala <strong>de</strong> aula, e <strong>de</strong>scobre que lhe falta vivência para ensinar.• Menino, menina (10min5s). Cabe ao professor questionar, <strong>de</strong>maneira simbólica e divertida, os comportamentos socialmentevigentes. Atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dominação ou subordinação não se baseiam em<strong>de</strong>terminação biológica, psíquica ou <strong>de</strong> natureza sexual.• Iguais, porém tão diferentes (19min18s). Ao eleger o saberacadêmico como única forma <strong>de</strong> conhecimento, a escola cria uma falsaimagem do saber prático, naturalmente adquirido. Estabelece umapadronização do ensino, nivelando todas as regiões culturais eagrupamentos étnicos e esquecendo que “saber” é tudo aquilo que setroca com o aluno.• Quem somos nós (18min53s). A face do brasileiro mistura muitasetnias. O país tem gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> cultural, com manifestações queexpressam diferentes concepções <strong>de</strong> vida.• E quem manda aqui? (19min30s). Criar um ambiente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m naescola é um <strong>de</strong>safio que percorre a história da educação. Os métodos<strong>de</strong> ensino e as mentalida<strong>de</strong>s mudaram, mas o autoritarismo persistecom novas roupagens.• Nós em casa e na escola (19min11s). A educação <strong>de</strong> crianças<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> sobretudo do diálogo entre pais e professores. Pais nãopo<strong>de</strong>m ser apenas comunicados das conseqüências boas ou más dotrabalho <strong>de</strong> seu filho, mas <strong>de</strong>vem participar do planejamento, daexecução e da avaliação do processo escolar.• On<strong>de</strong> estamos todos nós (20min). Escolas que parecem ignorar acomunida<strong>de</strong> geram inúmeros problemas. Para que o trânsito entreambos flua, a escola <strong>de</strong>ve perceber o que a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seja <strong>de</strong>la,reconhecendo e buscando as possibilida<strong>de</strong>s culturais dos seusarredores.• O prazer na sala <strong>de</strong> aula (19min55s). A postura positiva da criançamuda quando o apren<strong>de</strong>r torna-se uma rotina pouco prazerosa,repetitiva, sem significação. Ir para a escola, às vezes, é uma tortura.A forma <strong>de</strong> romper essa inércia é integrar educação e prazer.• Linguagem pra que te quero (19min22s). Ler e escrever, além <strong>de</strong>habilida<strong>de</strong>s técnicas, são recursos <strong>de</strong> comunicação em que aspercepções se transformam em significados coletivos.• 1, 2, feijão com arroz (19min28s). A matemática está presente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo nas ações cotidianas da criança. A função da escola épermitir que o aluno aprofun<strong>de</strong> os conceitos envolvendo raciocíniológico, baseando os mesmos nas ativida<strong>de</strong>s da vida prática eintegrando-os a outras manifestações ocorridas no espaço escolar.230


• As regras do jogo (18min35s). A <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> das propostaspedagógicas, em conseqüência <strong>de</strong> mudanças político-administrativas, éum problema enfrentado pela escola. A melhoria da qualida<strong>de</strong> doensino garante a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma proposta pedagógica, mas, paraisso, é preciso envolver diversos tipos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> e incentivarvárias formas <strong>de</strong> iniciativa.• Terra, homem, vida (19min36s). O ensino das Ciências Naturais<strong>de</strong>ve integrar o conhecimento do ambiente em que o aluno vive.A criança precisa se reconhecer como um ser natural e social, integradoa uma dimensão mais ampla, parte <strong>de</strong> um ambiente físico e socialmuito maior.• Escolas <strong>de</strong> muitos Brasis (19min50s). O país abriga uma gran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> cultural e social. Atenuar as diferenças existentes exigepreparação da escola, que precisa repassar os conhecimentos numaúnica linguagem.• Nós, os professores (19min30s). A principal função do professor étalvez a socialização do conhecimento acumulado pela humanida<strong>de</strong>.O professor traduz o mundo para a criança e para o adolescente.1. Interpretação coletiva <strong>de</strong> uma figura (Anexo 1) mostrando grupos <strong>de</strong>professores e <strong>de</strong> alunos (3h).Discussão do Anexo 1 procurando explicitar suas múltiplas mensagens.Por exemplo:• Por que será que as crianças esquecem o que apren<strong>de</strong>ram?• Isto é um problema da seleção <strong>de</strong> conteúdos, do ensino eaprendizagem, do planejamento ou da formação do professor?• Em que contexto esses problemas ocorrem?• O que faz com que essas coisas aconteçam?Descrição <strong>de</strong> práticas cotidianas dos professores no ensino da área.Registrar num quadro frases que sintetizam essa prática.Reflexão sobre a relação entre as séries iniciais e finais do EnsinoFundamental tal como realmente existe na prática das escolas,pontuando:• A flexibilida<strong>de</strong> na organização dos conteúdos.• A atitu<strong>de</strong> dos professores em relação ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> 1ªa 4ª séries.• O trabalho coor<strong>de</strong>nado e conjunto com o corpo docente daescola.2. Leitura e discussão, em pequenos grupos, do texto referente aoprimeiro e segundo ciclos do documento <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries (pp. 127 a130 e 139 a 143) (2h).Um relator <strong>de</strong> cada grupo socializa a discussão apresentando paratodos os grupos uma síntese do <strong>de</strong>bate do grupo.3. Discussão coletiva sobre os caminhos para solução dos problemasapresentados nas falas recorrentes da figura (2h).Elaboração <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> encaminhamentos necessários parasolucionar o problema da <strong>de</strong>sarticulação entre as séries iniciais e finaisdo Ensino Fundamental.231


4. Exibição do <strong>programa</strong> da TV Escola, série Parâmetros CurricularesNacionais – Geografia (1ª a 4ª séries) (2h). Leitura da paisagem (vermaterial necessário).Interpretação e comentários sobre as diferentes passagens do ví<strong>de</strong>o,<strong>de</strong>stacando e/ou levantando questões sobre as diferentes partes doví<strong>de</strong>o.5. Elaboração, em pequenos grupos, <strong>de</strong> uma relação dos conteúdosque precisam incluir no seu trabalho para garantir a continuida<strong>de</strong> entreos dois segmentos da escolarida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suasescolas. Essa elaboração terá como referência os PCN <strong>de</strong> 1ª a 4ª e <strong>de</strong>5ª a 8ª séries, e a relação <strong>de</strong> encaminhamentos feita anteriormente(3h).Apresentação das propostas pelos grupos.6. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.Anexo 1232


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Módulo 8AAvaliação em Geografia


8 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> Geografia e especialistasque atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental discutamcomo é feita a avaliação em sua área e analisem a proposta <strong>de</strong>avaliação contida nos PCN, em particular os critérios <strong>de</strong> avaliaçãoapresentados.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores percebam afunção da avaliação na área <strong>de</strong> Geografia, as diferentes formas einstrumentos <strong>de</strong> avaliação e a finalida<strong>de</strong> do estabelecimento <strong>de</strong> critérios<strong>de</strong> avaliação.• A função e a natureza da avaliação na área <strong>de</strong> Geografia;• critérios <strong>de</strong> avaliação propostos nos PCN <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries;• formulação <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação.• Papel sulfite;• lápis;• cópias xerox <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> textos;• transparências;• retroprojetor;• vi<strong>de</strong>ocassete;• televisão;• provas e/ou outros instrumentos usados para a avaliação (trabalhosdos alunos, por exemplo).Em ví<strong>de</strong>o:• Nós na escola – série <strong>de</strong> 15 <strong>programa</strong>s – Brasil, 1989 – Dir. JoãoCarlos Velho. Realização: Fundação Roquete Pinto.• O prazer na sala <strong>de</strong> aula (19min55s). A postura positivada criança muda quando o apren<strong>de</strong>r torna-se uma rotina poucoprazerosa, repetitiva, sem significação. Ir para a escola, às vezes,237


é uma tortura. A forma <strong>de</strong> romper essa inércia é integrar educação eprazer.1. Reflexão coletiva sobre avaliação, abordando questões como, porexemplo (2h):• O que é avaliação?• Que importância tem no trabalho docente?• Como avaliamos nossos alunos em Geografia?As afirmações mais relevantes são registradas em cartelas na forma <strong>de</strong>palavras-chave. Essas cartelas <strong>de</strong>vem ser fixadas numa cartolina emlocal visível por todos.2. Leitura e discussão, em pequenos grupos, do item Critérios <strong>de</strong>avaliação, do documento Introdução aos PCN (pp. 80 e 81) e dodocumento <strong>de</strong> Geografia (pp. 88 e 89 e 128 a 131) (2h).Exposição e <strong>de</strong>bate das sínteses da discussão feita nos grupos.(Novamente o formador faz o registro por meio <strong>de</strong> palavras-chave emcartelas fixadas em cartolina.)Análise comparativa dos dois quadros, buscando aprofundar os pontos<strong>de</strong> convergência e divergência entre as concepções expostas e suas<strong>de</strong>corrências no trabalho com os alunos.3. Leitura e análise <strong>de</strong> provas e/ou outros instrumentos <strong>de</strong> avaliaçãoutilizados na área <strong>de</strong> Geografia, pelos próprios professores ou poroutros, procurando i<strong>de</strong>ntificar (2h):• O que a prova procurou avaliar?• O instrumento utilizado é suficiente para avaliar o que se pretendia?• Quais outros instrumentos po<strong>de</strong>riam complementar a avaliação?• O que <strong>de</strong>veria ser feito a partir dos resultados obtidos pelaavaliação?4. Formulação <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação para o plano <strong>de</strong> conteúdoselaborado no módulo 5. Cada professor faz o trabalho individualmente,registrando-o no seu ca<strong>de</strong>rno (2h). Discussão, em pequenos grupos, daa<strong>de</strong>quação e da pertinência dos critérios formulados.5. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.238


Módulo 9Projetos <strong>de</strong> trabalho:dando vida aos conteúdosem Geografia


16 horasPropiciar condições para que professores e especialistas que atuam naárea <strong>de</strong> Geografia nas quatro séries finais do Ensino Fundamentalpossam: compreen<strong>de</strong>r que a opção pela organização dos conteúdos emeixos temáticos está relacionada a uma concepção da Geografia que,em sua unida<strong>de</strong> como ciência, aborda a socieda<strong>de</strong> e a natureza emsuas interações e não <strong>de</strong> forma dicotômica; compreen<strong>de</strong>r que os eixostemáticos sugeridos nos PCN <strong>de</strong> Geografia são um “ponto <strong>de</strong> partida”para a organização do trabalho na área; estabelecer relações entre oseixos temáticos e os conteúdos que po<strong>de</strong>m ser trabalhados a partir<strong>de</strong>les; perceber a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar simultaneamenteconteúdos <strong>de</strong> diversos eixos; perceber a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar comflexibilida<strong>de</strong> construindo uma seqüência <strong>de</strong> conteúdos própria eadaptada ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido em cada escola; estabelecerconexões entre os eixos temáticos e os Temas Transversais; organizar aprática docente a partir <strong>de</strong> problematizações e da organização <strong>de</strong>projetos <strong>de</strong> estudo.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sejam capazes <strong>de</strong>:selecionar temas que trabalhem a Geografia Humana e Física em suasinterações, reconhecendo suas especificida<strong>de</strong>s; superar umaabordagem <strong>de</strong>scritiva e analítica dos conteúdos estudados emGeografia, elaborando propostas <strong>de</strong> trabalho que envolvam aproblematização e a organização <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> estudo.• Análise e discussão dos eixos e temas da área <strong>de</strong> Geografia;• análise e discussão dos blocos <strong>de</strong> conteúdo dos Temas Transversais;• discussão da concepção <strong>de</strong> problematização;• discussão da organização do trabalho por meio <strong>de</strong> projetos;• elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> estudo.• Papel craft (ou cartolina);• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.• Texto: PCN – Geografia (5ª a 8ª séries); PCN – Temas Transversais(5ª a 8ª séries); jornais, revistas e livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong>Geografia.Textos complementares: A leitura da paisagem, A problematização,241


O estudo do meio, O trabalho com documentos, O trabalho comimagens, O trabalho com outras linguagens” (Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo).• PONTUSCHA, Nídia (org.). Um projeto... tantas visões – EducaçãoAmbiental na escola pública. São Paulo: LAPECH/FEUSP, 1996.• Projeto Educação Ambiental – vols. 1 e 2. São Paulo: LAPECH/FEUSP/AGB, 1996.• GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (<strong>de</strong>s)caminhos do MeioAmbiente. São Paulo: Contexto, 1989.• RAYMOND, Willian. O campo e a cida<strong>de</strong> (na história e na literatura).São Paulo: Cia. das Letras, 1989.• SCARLATO, Francisco Capuano et al. (org.). O novo mapa do mundo– globalização e o espaço latino-americano. São Paulo: Hucitec, 1994.• TIEZZI, Enzo. Tempos históricos, tempos biológicos (a terra ou amorte: os problemas da nova ecologia. São Paulo: Nobel, 1988.1. Leitura e análise, em grupos, dos textos do documento <strong>de</strong> Geografiaque tratam dos eixos temáticos propostos para a área (pp. 55 a 82,referente ao 3º ciclo e pp. 100 a 124, referente ao 4º ciclo), refletindosobre os conteúdos com os quais se trabalha e os motivos que levamos professores a trabalhar com esses conteúdos e não com outros (2h).Os textos po<strong>de</strong>m ser divididos pelos grupos, que a seguir farão umaapresentação para socializar com todos o conteúdo lido. Questões parareflexão:• Quais os temas <strong>de</strong> Geografia que os professores costumam trabalharcom seus alunos, no terceiro e quarto ciclos?• Por que esses temas foram selecionados?• Quais documentos/propostas curriculares/<strong>programa</strong>s foram utilizadospara fazer essa escolha? Será que foi apenas no livro didático?• Os temas fazem maior referência a conteúdos da Geografia Humanaou da Geografia Física?• Os temas favorecem uma abordagem integradora entre osconteúdos da Geografia Física e da Geografia Humana ou reiteram aabordagem que trabalha isoladamente a natureza da socieda<strong>de</strong> e viceversa?• Os temas propiciam a compreensão <strong>de</strong> temáticas da atualida<strong>de</strong> ourestringem-se à <strong>de</strong>scrição dos fenômenos estudados na Geografia?Apresentação do resultado das discussões para os <strong>de</strong>mais grupos. Asexposições são registradas na forma <strong>de</strong> painel, na lousa.Análise coletiva dos conteúdos listados com o objetivo <strong>de</strong> perceberquais são os critérios <strong>de</strong> seleção que existem por <strong>de</strong>trás da suaescolha.2. Discussão, nos pequenos grupos, da afirmação que se segue e dasquestões sugeridas (2h):“(...) os eixos temáticos não representam um <strong>programa</strong> <strong>de</strong>curso para o terceiro e quarto ciclos e tampouco umaproposta curricular a ser seguida <strong>de</strong> forma dogmática.Eles representam subsídios teóricos que <strong>de</strong>vem ser entendidos comoponto <strong>de</strong> partida, e não <strong>de</strong> chegada, para o professor trabalhar os242


conteúdos <strong>de</strong> Geografia nestes dois ciclos do Ensino Fundamental”.Questões para discussão:• Se os eixos e os temas propostos pelos PCN são ponto <strong>de</strong> partida,que outros eixos e temas po<strong>de</strong>riam ser selecionados pelos professores?• Em função do que esses eixos e temas po<strong>de</strong>m ser escolhidos?• Como ficam os conteúdos que eles já trabalham ante os eixos e ostemas propostos nos PCN?• Qual o papel dos objetivos no processo <strong>de</strong> escolha dos conteúdos?• Se tomarmos como exemplo o objetivo <strong>de</strong>finido para o terceiro ciclo,segundo o qual se espera que os alunos sejam capazes <strong>de</strong> “conhecer ecomparar a presença da natureza expressa na paisagem local com asmanifestações da natureza presentes em outras paisagens”, que temaspo<strong>de</strong>rão ser trabalhados para que esse objetivo seja atingido?• Que eixos <strong>de</strong> conteúdo estariam envolvidos? Que relações po<strong>de</strong>mexistir entre eles?A mesma discussão po<strong>de</strong>rá ser realizada com os <strong>de</strong>mais objetivos,sempre consi<strong>de</strong>rando os eixos e os temas propostos.• Exposição oral dos resultados do <strong>de</strong>bate feito nos grupos.• Elaboração <strong>de</strong> uma conclusão a respeito das transformações quenecessitam realizar em sua forma <strong>de</strong> selecionar e organizar osconteúdos <strong>de</strong> Geografia.3. Leitura, em subgrupos, dos trechos do PCN – Temas Transversais queexplicitam os blocos <strong>de</strong> conteúdos dos temas Ética, Pluralida<strong>de</strong> cultural,Meio ambiente, Saú<strong>de</strong>, Orientação sexual e Trabalho e consumo (2h).Páginas: Ética (95 a 113), Pluralida<strong>de</strong> cultural (147 a 165), Meioambiente (201 a 225), Saú<strong>de</strong> (269 a 283), Orientação sexual (315 a335) e Trabalho e consumo (377 a 406). Cada subgrupo <strong>de</strong>veráresponsabilizar-se pela leitura e pela exposição oral <strong>de</strong> um tema aos<strong>de</strong>mais grupos, procurando analisar os conteúdos propostos nos TemasTransversais e as possíveis relações que po<strong>de</strong>m ser feitas com osconteúdos da área <strong>de</strong> Geografia.Debate sobre a relação entre os conteúdos propostos pelos váriosTemas Transversais e os conteúdos específicos da área <strong>de</strong> Geografia.Análise do quadro que se segue, consi<strong>de</strong>rando e propondo outrasrelações, além das sugeridas, que contemplem temáticas da realida<strong>de</strong>local, nacional e mundial julgadas relevantes <strong>de</strong> serem trabalhadas comseus alunos da localida<strong>de</strong>.Tema Transversal Eixo temáticoPluralida<strong>de</strong>culturalA Geografia como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura ecompreensão do mundo – Tema: A construção doespaço e os lugares (o tempo da natureza e dasocieda<strong>de</strong>).O estudo da natureza e sua importância parao homem – Tema: A natureza e questõessocioambientais.Um só mundo e muitos cenários geográficos –Tema: Uma região em construção: o Mercosul.243


Trabalho e O campo e a cida<strong>de</strong> como formações socioespaciais –consumo Tema: A mo<strong>de</strong>rnização capitalista e a re<strong>de</strong>finição nasrelações entre o campo e a cida<strong>de</strong>.O campo e a cida<strong>de</strong> como formações socioespaciais– Tema: A cultura e o consumo: uma nova relação entreo campo e a cida<strong>de</strong>.Um só mundo e muitos cenários geográficos –Tema: Globalização e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais no mundo.Saú<strong>de</strong>A Geografia como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura ecompreensão do mundo – Tema: A conquista do lugarcomo conquista da cidadania.Mo<strong>de</strong>rnização, modo <strong>de</strong> vida e problemáticaambiental – Tema: Ambiente urbano e indústria:problemas ambientais e modo <strong>de</strong> vida urbano.• Questão para reflexão:• Como o conhecimento geográfico po<strong>de</strong>rá ajudar os alunos acompreen<strong>de</strong>rem essas temáticas?Elaboração <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> temas relevantes consi<strong>de</strong>rando arealida<strong>de</strong> local e os objetivos <strong>de</strong> aprendizagem importantes <strong>de</strong> serematingidos nessa etapa da escolarida<strong>de</strong>.4. Reflexão em pequenos grupos para posterior socialização dasconclusões (2h).Questões:• Quais problemas po<strong>de</strong>m ser formulados para o trabalho com osalunos (a partir dos eixos/temas escolhidos)?• Quais objetivos do estudo com esses temas <strong>de</strong>vem e/ou po<strong>de</strong>m sercompartilhados com os alunos?• Que tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser organizadas – pesquisabibliográfica, estudo do meio, entrevista, aula expositiva, organização <strong>de</strong>campanhas, seminários, palestras, audição <strong>de</strong> filmes e/oudocumentários, leitura <strong>de</strong> livros etc.?• Se se trata <strong>de</strong> discutir temáticas mais amplas, como encaminhar asaulas expositivas e a leitura do livro didático?• Como aproveitar o conhecimento que os alunos já possuem noestudo a respeito do tema?Os professores <strong>de</strong>verão anotar as suas reflexões e <strong>de</strong>pois compartilhálascom os colegas.5. Dramatização da forma como abordariam os problemas levantados,simulando uma primeira aula (2h). Para isso, <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>cidir, porexemplo, se utilizariam como suporte um documentário, um filme ouuma notícia <strong>de</strong> jornal; se aproveitariam um acontecimento recente;como incluiriam os conhecimentos que os alunos já possuem paraexplicar o problema colocado. Vale lembrar que, nessa dramatização,os alunos serão os colegas e professores.6. Discussão, em pequenos grupos, <strong>de</strong> elementos que <strong>de</strong>veriamcompor um projeto <strong>de</strong> trabalho com os alunos (2h):244


• Quais os problemas que os projetos envolveriam?• Quais ativida<strong>de</strong>s realizariam, e com quais objetivos?• Como articular os conteúdos das diferentes áreas entre si e com osTemas Transversais?Apresentação dos grupos e discussão coletiva das questões.7. Leitura do PCN – Temas Transversais (p. 41); PCN – História (pp. 93a 96) e dos textos relacionados no item material necessário e incluídosno Anexo 1 (1h).Discussão, enfocando-se os seguintes aspectos:• Como é a participação dos alunos em um projeto <strong>de</strong> estudo?• Como <strong>de</strong>ve ser a atuação do professor?• Como fica a questão da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> informação?• Como um projeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ve ser concluído, <strong>de</strong> maneira a seconstituir algo significativo para os alunos?Registro, por escrito, das conclusões a respeito do que é o trabalhocom projetos.8. Elaboração <strong>de</strong> projetos que operacionalizem o trabalho com os eixos/temas da Geografia e os Temas Transversais (3h).Reflexão coletiva a partir da leitura do texto do Anexo 2, Projetos, sobreos aspectos a serem consi<strong>de</strong>rados:• Se o envolvimento dos alunos é importante para o bom<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um projeto, encontrar formas <strong>de</strong> garantir que elespossam atribuir algum sentido a esse projeto e i<strong>de</strong>ntificar sua relevânciasocial ou mesmo intelectual.• A necessária clareza das finalida<strong>de</strong>s e das metas para as quais seorganiza um projeto.• Formular um problema que os <strong>de</strong>safie a buscar informações, trocaridéias, discutir e tomar <strong>de</strong>cisões é uma forma interessante <strong>de</strong> iniciar umprojeto.• Como organizar as etapas que serão percorridas para que oproblema em questão seja solucionado, ou a meta do projeto atingida;como <strong>de</strong>finir prazos e tarefas, combinar a função <strong>de</strong> cada aluno ougrupo <strong>de</strong> alunos (bem como a do professor) nesse trabalho coletivo.• Que participação <strong>de</strong>cisória os alunos po<strong>de</strong>m ter em relação ao<strong>de</strong>senvolvimento do projeto?• Como avaliar um projeto?Debate coletivo sobre o roteiro <strong>de</strong> pesquisa do Anexo 3 (que <strong>de</strong>verá serreproduzido na lousa ou em fotocópia), analisando e fazendo asmodificações que julgarem pertinentes:• Os procedimentos do trabalho <strong>de</strong> pesquisa.• Como, em que momento e para que o trabalho <strong>de</strong> pesquisa seinsere num projeto?Definição <strong>de</strong> um projeto, em duplas, levantamento e uso das diferentesfontes <strong>de</strong> informação da cida<strong>de</strong> (bibliotecas, museus, órgãos daadministração pública e/ou outros acervos, grupos organizados,instituições e mesmo pessoas).Redação do planejamento do projeto, tomando como referência umaturma com a qual os professores trabalhem.245


Apresentação dos projetos para os <strong>de</strong>mais professores, seguida <strong>de</strong><strong>de</strong>bate. As sugestões/críticas po<strong>de</strong>rão ser incorporadas ao projeto, quepo<strong>de</strong>rá ser colocado em prática em sala <strong>de</strong> aula.• Avaliação do projeto após seu <strong>de</strong>senvolvimento com os alunos.• Leitura individual das expectativas <strong>de</strong> aprendizagem do módulo eanálise do percurso pessoal em relação ao seu grau <strong>de</strong> conquista.Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento do processo <strong>de</strong>senvolvidoao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.• Análise <strong>de</strong> todas as auto-avaliações feitas para formulação <strong>de</strong>conclusões sobre o processo vivido ao longo do curso e registro dasquestões e dúvidas que ficaram como orientação <strong>de</strong> estudos e <strong>de</strong>batesfuturos.Anexo 1TEXTOS COMPLEMENTARESPor profa. Sueli Angelo FurlanDepartamento <strong>de</strong> Geografia – USPA leitura da paisagemEnten<strong>de</strong>mos a leitura da paisagem como um processo em que alunos eprofessores caminham passo a passo procurando interpretar diferentesimagens do seu cotidiano, buscando compreendê-las e explicá-las.Portanto, estamos chamando <strong>de</strong> leitura da paisagem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>observar, registrar, analisar e procurar as explicações para as diferentesexpressões da paisagem geográfica, quando tratadas à luz dosproblemas socioambientais da atualida<strong>de</strong>. Procuramos problematizar asrelações da vida social que criaram o ambiente construído. Quais osdilemas <strong>de</strong>ssa criação, quais reflexões os alunos po<strong>de</strong>m construir apartir do seu estudo. Nossa pretensão é, por meio <strong>de</strong>ssa leitura,perceber as implicações geográficas e históricas <strong>de</strong>sta construção.Implicações sociais, culturais, políticas, econômicas, ecológicas etc.Estamos, portanto, propondo uma análise contínua das relações sociaise do modo como funciona a natureza em diversas situações.A paisagem é a dimensão visível que se tem do espaço geográfico.Segundo o professor Milton Santos, a paisagem e o espaço geográficonão são sinônimos e é muito importante distingui-los e relacioná-losnos estudos geográficos.“A paisagem é o conjunto <strong>de</strong> formas visíveis produto da herançahistórica da socieda<strong>de</strong> e que portanto representa as sucessivasrelações localizadas entre os homens e a natureza. O espaço são essasformas mais a vida social que as anima” (Milton Santos, 1996).Para que os alunos iniciem ou ampliem o conhecimento da dimensãogeográfica e histórica da paisagem, os conteúdos a serem estudados<strong>de</strong>vem ser discutidos e trabalhados a partir <strong>de</strong> suas implicações emdiferentes situações <strong>de</strong> aprendizagem. É necessário, portanto, que os246


conteúdos escolhidos estejam atrelados a <strong>de</strong>terminados tratamentosdidáticos, que envolvem, fundamentalmente, sua problematização,discutindo as relações entre o presente e o passado, o específico e ogeral, o local, o regional, o nacional e o mundial, o que resulta <strong>de</strong> açõesindividuais e coletivas etc. Existem muitas formas <strong>de</strong> exercitar econstruir essa leitura da paisagem. Vejamos algumas:A problematizaçãoNuma aula expositiva a problematização po<strong>de</strong> ser trabalhada por meioda leitura prévia <strong>de</strong> texto ou <strong>de</strong> questões sugeridas pelo professor. Porexemplo:• Vamos conversar sobre uma imagem, um ví<strong>de</strong>o ou texto? O que estematerial está mostrando?• Você conhece esse assunto ou algo semelhante? O que você senteao ver, ler, ouvir... esse assunto?• Como você <strong>de</strong>screveria o que acontece nesse assunto?• Como você explicaria os problemas ambientais e sociais que elemostra?• Será que há alguma solução para esses problemas?• Como estas soluções po<strong>de</strong>riam ser implementadas?Nesta relação <strong>de</strong> perguntas estão algumas idéias para o <strong>de</strong>bate. Muitasoutras questões po<strong>de</strong>m surgir na sala <strong>de</strong> aula. O importante é que aconversa parta dos participantes. O professor <strong>de</strong>ve procurar estimular aobservação da imagem, do texto ou do ví<strong>de</strong>o, e a reflexão, acomparação com situações conhecidas dos alunos, enfim, a liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> opiniões é fundamental nesse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>.Sugestões para problematizaçãoUtilize imagens das fontes que já possui como material didático para asperguntas que iniciam a participação do aluno. Se for possível, preparetransparências ou sli<strong>de</strong>s das imagens para serem analisadas naproblematização. Caso não tenha esse recurso, po<strong>de</strong>-se substituí-laspor imagens semelhantes colecionadas <strong>de</strong> revistas. Outros recursospo<strong>de</strong>m ser agregados às imagens – músicas, ví<strong>de</strong>os –, tambémutilizados como <strong>de</strong>tonadores das perguntas que motivarão aparticipação dos alunos. Conforme a discussão for acontecendo, oprofessor po<strong>de</strong> ir aproximando do conteúdo que <strong>de</strong>seja discutir. Parafinalizar, po<strong>de</strong>-se ler um texto ou mesmo solicitar uma redação sobre asquestões discutidas na aula.O estudo do meioNão po<strong>de</strong>mos esquecer que a paisagem é o laboratório da Geografia.A aula <strong>de</strong> campo vem, cada vez mais, ganhando o seu <strong>de</strong>vido espaçono trabalho do professor. Portanto, o trabalho fora da sala <strong>de</strong> aula, coma observação na escala real, é fundamental para que os alunos possamperceber por meio da paisagem e do lugar como o espaço geográficoacontece. É no contato com a realida<strong>de</strong>, com as pessoas, com osobjetos, com os movimentos e muitas vezes com as nossas sensaçõesdiante da realida<strong>de</strong> que nos perguntamos sobre o significado do quevemos e percebemos. O estudo do meio é uma estratégia importante247


para enriquecer o estudo temático. Nas questões ambientais, po<strong>de</strong>mosestudar o ambiente construído por temas. Alguns temas po<strong>de</strong>riam seros seguintes:• Conhecendo as ativida<strong>de</strong>s produtivas em nossa cida<strong>de</strong> (porintermédio <strong>de</strong> uma visita a uma indústria ou a uma fazenda ou sítio).I<strong>de</strong>ntificando problemas socioambientais e discutindo-os no estudo domeio.• Conhecendo os problemas ambientais <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong> (tipos <strong>de</strong>poluição, alterações do relevo, da cobertura vegetal). Discutindo osproblemas advindos da implantação da cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>sprodutivas principais. Representando e discutindo a sua espacializaçãopor meio da cartografia.• Conversando com pessoas e enten<strong>de</strong>ndo os problemassocioambientais dos moradores da minha cida<strong>de</strong>.• Conhecendo o tratamento do lixo ou da água em nossacida<strong>de</strong>.• Conhecendo o tratamento <strong>de</strong> esgoto em nossa cida<strong>de</strong>. Conhecendoos problemas socioambientais, i<strong>de</strong>ntificando-os e discutindo-os noestudo do meio.• Conhecendo como se planeja a cida<strong>de</strong> (visita às secretariasexecutivas <strong>de</strong> meio ambiente, turismo, obras, saneamento, entreoutras, quando existirem).• Visitando uma comunida<strong>de</strong> culturalmente diferenciada (se possível,uma área indígena, caiçara, ribeirinhos, quilombolas etc.).• Visitando uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação.• Visitando uma Organização Não-Governamental para conhecer o seutrabalho ou convidando um membro para uma palestra na escola.O estudo do meio é uma ativida<strong>de</strong> que requer várias etapas <strong>de</strong>preparação. Portanto, as orientações didáticas sobre a pesquisa <strong>de</strong>documentos, a ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> campo, a pesquisa <strong>de</strong> imagens, o trabalhocom a cartografia, a elaboração <strong>de</strong> álbuns, jornais murais etc. sãorecursos importantes para a preparação do estudo do meio. Porexemplo, para se estudar uma localida<strong>de</strong> é necessário reunirdocumentos, preparar entrevistas, preparar roteiros, estudar o trajeto,problematizar o tema, representar a paisagem e o espaço geográficoestudado, trabalhar dados numéricos etc. Trataremos <strong>de</strong>ssas outrasorientações em seguida.O trabalho com documentosO trabalho com documentação é fundamental para a Geografia.O professor po<strong>de</strong> explorar esse material <strong>de</strong> várias formas, <strong>de</strong>ntre elas:• Solicitando trabalho <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong> texto ou <strong>de</strong> imagens, comperguntas.• Solicitando comentário oral ou em texto sobre os documentosapresentados.• Sugerindo complementação com pesquisa individual ou coletiva emoutras fontes, tais como jornais, revistas, enciclopédias, arquivosmunicipais etc.• Procurando compará-los com outras fontes complementares <strong>de</strong> textoou imagem, ou transformando em outras linguagens (por exemplo,248


transformando uma imagem fotográfica em outra imagem sob forma <strong>de</strong><strong>de</strong>senho, uma tabela em gráfico, comparando um mapa com outrosmapas, comparando diferentes gráficos, comparando diferentesimagens <strong>de</strong> lugares).O trabalho com imagensA imagem é uma linguagem muito presente no mundo atual. A leitura<strong>de</strong> imagens é muito importante para exercitar a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>enxergar para além do que é apenas um conjunto <strong>de</strong> objetos. Porexemplo, ao observarmos uma imagem atual <strong>de</strong> uma paisagem emcomparação com uma imagem mais antiga <strong>de</strong> uma mesma localida<strong>de</strong>,muitas questões po<strong>de</strong>m ser colocadas e investigadas pelos alunos.Todos os dias inúmeras imagens são apresentadas aos alunos. Muitas<strong>de</strong>las com forte indução a interpretações equivocadas da realida<strong>de</strong>. Umexemplo disto está na propaganda <strong>de</strong> jornais, revistas, televisão dirigidapara seduzir o consumidor. O exercício <strong>de</strong> interpretação da imagemtorna-se valioso para que o estudante possa apren<strong>de</strong>r a perceberintenções, processos, <strong>de</strong>cisões que <strong>de</strong>finem as imagens.O professor po<strong>de</strong> ampliar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo da imagem,trabalhando com a documentação <strong>de</strong> imagens que pu<strong>de</strong>r obter na suacida<strong>de</strong>. Esse trabalho po<strong>de</strong> ser feito por meio da visita a arquivos <strong>de</strong>imagens dos municípios, das companhias <strong>de</strong> força e luz, jornais,editoras, ou material <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.• Pesquisa <strong>de</strong> imagens – Uma das fontes importantes <strong>de</strong> imagens é afotografia. Essa pesquisa po<strong>de</strong> ser feita em bibliotecas, arquivoshistóricos, prefeituras, arquivos <strong>de</strong> jornais e revistas. Muitas vezes po<strong>de</strong>ser feita com os próprios alunos quando estes tiverem fotografias <strong>de</strong>paisagens nas lembranças <strong>de</strong> família. A pesquisa po<strong>de</strong> incluir também oexercício <strong>de</strong> representação e criação <strong>de</strong> imagens pelos alunos. Namedida do possível, o trabalho com a máquina fotográfica <strong>de</strong>ve serestimulado para que o aluno se coloque na posição <strong>de</strong> sujeito, naescolha das imagens. Po<strong>de</strong>-se estimular também o trabalho com<strong>de</strong>senho e pintura.• Exposição <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s ou imagens e arquivo <strong>de</strong> imagens. O material <strong>de</strong>uma pesquisa <strong>de</strong> imagens po<strong>de</strong> ser arquivado em álbuns geográficos ouexposto também em painéis ou murais. O professor, na medida dopossível, po<strong>de</strong> arquivar na escola as imagens mais significativas <strong>de</strong> seutrabalho, para registrar imagens <strong>de</strong> fatos e <strong>de</strong> épocas que po<strong>de</strong>rão serreexplorados em outras ativida<strong>de</strong>s ou oportunida<strong>de</strong>s.O trabalho com outras linguagensA Geografia em cançãoA música é uma das expressões artísticas significativas para o trabalhoem Geografia. Principalmente no Brasil, on<strong>de</strong> existe um enormerepertório a<strong>de</strong>quado para discussão geográfica <strong>de</strong> temas. Geralmenteos estudantes gostam <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a interpretar letras <strong>de</strong> canções.A discografia brasileira é repleta <strong>de</strong> exemplos que po<strong>de</strong>m auxiliar otrabalho do professor. As músicas regionais geralmente evocamaspectos do lugar e da paisagem. Outras problematizam muitosaspectos peculiares <strong>de</strong> problemas socioambientais brasileiros.249


A Geografia na literaturaQuantas vezes nos sentimos sensibilizados pela forma como um poeta,escritor, ou cronista aborda as questões do nosso cotidiano? Existeuma enorme possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> leitura do espaço e dapaisagem geográficos por meio da sensibilida<strong>de</strong> e da interpretação dosescritores.O jornal em sala <strong>de</strong> aulaOs jornais sempre publicam notícias sobre as questões geográficas. Porisso o jornal é um instrumento fundamental para se trabalhar em sala<strong>de</strong> aula. Os alunos <strong>de</strong>vem procurar trazer para a aula uma notícia <strong>de</strong>jornal ou revista e recortes sobre o tema em estudo. Para isso oprofessor po<strong>de</strong> trabalhar o tema para que os alunos tenham umreferencial para o levantamento das notícias. A coleção <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong>veser selecionada e lida (como não há tempo para ler todas, se foremmuitas, os alunos <strong>de</strong>vem agrupá-las ou selecioná-las). Em seguida,po<strong>de</strong>m procurar pontos contraditórios nas notícias. Po<strong>de</strong>m exercitaroralmente a <strong>de</strong>fesa ou a crítica da notícia. Ao final, alunos e professorpo<strong>de</strong>m organizar um mural, painel ou folhetim. Para o folhetim, oprofessor po<strong>de</strong> sugerir dois ou três temas por agrupamento dasmatérias <strong>de</strong> jornal, por exemplo:– A agricultura e agrotóxicos.– Quem é quem nos problemas ambientais urbanos da atualida<strong>de</strong>?Observação: Um folhetim tem como característica a opinião <strong>de</strong> quem oedita. Portanto, cada folhetim <strong>de</strong>ve ser acompanhado <strong>de</strong> um texto,frases, <strong>de</strong>senhos ou comentários sobre o tema.Projeção <strong>de</strong> filmes e a aula com ví<strong>de</strong>oParabólica do mundo“O professor Antônio Cândido disse certa vez, em um <strong>programa</strong> <strong>de</strong>televisão, que na sua opinião os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massamo<strong>de</strong>rnos são uma estranha forma <strong>de</strong> educação. Em um mundo on<strong>de</strong>as crianças po<strong>de</strong>m, ao voltar da escola, ligar a TV e conhecer assimtodos os dramas que os homens têm vivido – as guerras, gentemorrendo <strong>de</strong> fome, a injustiça social –, algo <strong>de</strong> novo <strong>de</strong>verá surgir: umanova consciência humanitária, um movimento <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>indignada, disposta a lutar por um mundo melhor” (Isa GrinspumFerraz).Usamos esse pequeno texto para dizer que o trabalho com ví<strong>de</strong>o po<strong>de</strong>ser muito rico se o professor souber apropriar-se <strong>de</strong>le para os seusobjetivos <strong>de</strong> ensino. Existem muitos exemplos <strong>de</strong> como a televisão ou ocinema po<strong>de</strong>m entrar na sala <strong>de</strong> aula como auxiliar ou <strong>de</strong>tonador <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> aprendizagem. A seguir apresentamos <strong>de</strong>z sugestões <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s com vi<strong>de</strong>oaulas propostas pela profa. Mônica Segreto.1. Procure <strong>de</strong>senvolver a oralida<strong>de</strong>, estimulando os alunos a falaremsobre o que viram no ví<strong>de</strong>o. No caso <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> ficção, sugerir, porexemplo, que os alunos modifiquem o <strong>de</strong>sfecho da história, que criemoutras falas para os personagens, que relacionem a história comoutras.250


2. Solicite que os alunos façam associações das questões levantadaspelo ví<strong>de</strong>o com o meio em que vivem (o bairro, a rua, a escola etc.).É importante incentivar o aluno a trazer suas experiências para <strong>de</strong>ntroda escola. Ao exprimir a emoção por meio das palavras, o alunoarticula, organiza o pensamento.3. Po<strong>de</strong>-se dramatizar as cenas mais marcantes do ví<strong>de</strong>o. Estimule aexpressão musical, plástica e artística dos alunos.4. Os ví<strong>de</strong>os po<strong>de</strong>m gerar vários tipos <strong>de</strong> textos, como poesias,narrativas, relatórios etc. Os textos po<strong>de</strong>m ser organizados em jornais<strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula etc.5. Após assistir ao ví<strong>de</strong>o, observando os enquadramentos da câmera, oprofessor po<strong>de</strong> solicitar aos alunos que representem ou recriem osmelhores momentos do ví<strong>de</strong>o.6. Trabalhando com os sons. Chame a atenção para a música e ossons do ambiente apresentados no ví<strong>de</strong>o. Faça a experiência <strong>de</strong> abaixaro volume do áudio e peça para os alunos recriarem ritmos quetraduzam o clima do ví<strong>de</strong>o, por exemplo, passagens mais românticas,dramáticas, cômicas, suspense, terror.7. Simule um tribunal <strong>de</strong> julgamento com todos os seus elementos:juiz, advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, promotor, escrivão, jurados. As idéiascontidas no ví<strong>de</strong>o serão atacadas e <strong>de</strong>fendidas nesse tribunal.8. Pesquise você mesmo um pouco da televisão que os seus alunosassistem. Compare as imagens <strong>de</strong>ssa televisão cotidiana com aquelasque você escolher para entrar na sala <strong>de</strong> aula. Discuta com outrosprofessores esse assunto e proponha ativida<strong>de</strong>s conjuntas a partir dasimagens.9. Peça para os alunos uma pesquisa sobre os comerciais queconhecem. Discuta aspectos estéticos, <strong>de</strong> conteúdo e a natureza dasescolhas dos alunos. Peça para os alunos criarem comerciais e discutaos objetivos <strong>de</strong> suas criações.10. Forme equipes <strong>de</strong> reportagens na classe para entrevistar pessoasda escola sobre algum tema suscitado pelo ví<strong>de</strong>o. A partir dasentrevistas, faça um jornal <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula que po<strong>de</strong>rá ser apresentadoem uma TV feita com caixa <strong>de</strong> papelão.A dramatizaçãoUma forma <strong>de</strong> vivenciar os assuntos é dinamizar a sua discussão pormeio da técnica da dramatização. Nesse exercício, o professor discutecom os alunos perfis <strong>de</strong> personagens do tema e orienta para que elesrepresentem o que pensariam, sentiriam e expressariam os “atores”sociais naquele contexto. Outra forma <strong>de</strong> exercitar a dramatização é amontagem <strong>de</strong> um tribunal.251


Organização <strong>de</strong> painel e exposiçãoParece uma tarefa simples, mas precisa ser orientada para que oresultado não exprima apenas uma coleção aleatória <strong>de</strong> imagens.O professor po<strong>de</strong> sugerir aos alunos subtemas para os painéis. Porexemplo, se a pesquisa é sobre poluição na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se mora, oprofessor po<strong>de</strong> subdividir esse tema em poluição sonora, visual, daágua, do solo, do ar etc. Os painéis têm <strong>de</strong> ter títulos e pequenos textos<strong>de</strong> orientação para quem lê. Esses textos <strong>de</strong>vem seguir a linguagemjornalística, cuja escrita o professor <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver juntamente comseus alunos. Os painéis <strong>de</strong>vem conter alguma conclusão para reflexão eampliação da discussão, seja para a própria classe ou para fora <strong>de</strong>la.O trabalho com a representação do espaço nos estudosgeográficosO trabalho com mapas“...A cartografia é um conhecimento que se vem <strong>de</strong>senvolvendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a pré-história até os dias <strong>de</strong> hoje: por meio <strong>de</strong>sta linguagem é possívelsintetizar informações, expressar conhecimentos, estudar situações,entre outras coisas – sempre envolvendo a idéia da produção doespaço: sua organização e distribuição.Colorir mapas, copiá-los, escrever os nomes <strong>de</strong> rios ou cida<strong>de</strong>s,memorizar as informações neles representadas têm sido as formasmais usuais <strong>de</strong> se trabalhar com a linguagem cartográfica na escola.Esse tipo <strong>de</strong> tratamento não garante que os alunos construam osconhecimentos necessários, tanto para ler mapas como para fazer umaleitura do próprio espaço geográfico. Para isso, é preciso partir da idéia<strong>de</strong> que a linguagem cartográfica é um sistema <strong>de</strong> símbolos que envolveproporcionalida<strong>de</strong>, uso <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> signos or<strong>de</strong>nados e umsistema <strong>de</strong> projeção. Além disso, é uma linguagem criada para aten<strong>de</strong>ra diversas necessida<strong>de</strong>s, das mais cotidianas (chegar a um lugar quenão se conhece, enten<strong>de</strong>r o trajeto do metrô, por exemplo) às maisespecíficas (como <strong>de</strong>limitar áreas <strong>de</strong> plantio, compreen<strong>de</strong>r zonas <strong>de</strong>influência do clima). A escola <strong>de</strong>ve criar oportunida<strong>de</strong>s para que osalunos construam os conhecimentos <strong>de</strong>sta linguagem nos doissentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço eleitores das informações expressas por intermédio <strong>de</strong>la” (Furlan, S. A. &A. Carvalho. Parâmetros Curriculares Nacionais – MEC, 1997).A Geografia atual <strong>de</strong>manda por uma abordagem das imagens queimplica a leitura espacial, por meio das formas como ela érepresentada. A leitura da paisagem, e conseqüentemente do espaçogeográfico, requer competência do aluno para compreen<strong>de</strong>r arepresentação gráfica. As representações fazem parte do sistema <strong>de</strong>sinais criados pelo homem para se comunicar com os outros. Pertence<strong>de</strong> certo modo ao campo da escrita. Portanto, para ler mapas é precisotambém compreen<strong>de</strong>r as diferentes linguagens da informação e comoos homens criaram formas <strong>de</strong> expressar seus conceitos e hipóteses, pormeio dos mapas. A Geografia, em sua fase atual, trabalha umacartografia na qual as coor<strong>de</strong>nadas façam referência a uma fusão <strong>de</strong>múltiplos tempos, apoiada na linguagem cartográfica. Portanto, para ler252


um mapa é preciso apren<strong>de</strong>r essa linguagem. A leitura <strong>de</strong> mapas e <strong>de</strong>imagens é aprendida <strong>de</strong> forma progressiva.Assim, fotos comuns, fotos aéreas, filmes, ví<strong>de</strong>os etc. também po<strong>de</strong>mser utilizados como fonte <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> leitura do espaço, para<strong>de</strong>senvolver a partir <strong>de</strong>las a linguagem <strong>de</strong> representação.O trabalho com a linguagem cartográfica é importante <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início daescolarida<strong>de</strong>. Contribui não só no sentido <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e utilizaruma ferramenta básica da Geografia, os mapas, como também <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver capacida<strong>de</strong>s relativas à representação do espaço.O trabalho com dados – Leitura <strong>de</strong> gráficosOs dados numéricos são muito importantes para o geógrafo. O que nãoquer dizer <strong>de</strong> forma alguma que os dados bastam como forma <strong>de</strong>expressar e explicar um fenômeno geográfico. Os dados numéricos sãoimportantes pois ajudam a comparar e a confrontar informações.Freqüentemente os livros didáticos apresentam dados estatísticosorganizados em gráficos e tabelas, mas exploram pouco a interpretaçãogeográfica que eles trazem.O trabalho com maquetesA construção <strong>de</strong> maquetes, com diferentes tipos <strong>de</strong> materiais paradiferentes temas, é um recurso importante como forma <strong>de</strong> relacionarfatos a sua distribuição espacial. A espacialida<strong>de</strong> é um dos aspectossempre evocados nos estudos geográficos. As maquetes permitem umavisualização e um posicionamento do observador que é muitoimportante na leitura geográfica da paisagem.Anexo 2PROJETOSÉ importante que os projetos elaborados tenham algum tipo <strong>de</strong>fechamento, pois assim os alunos po<strong>de</strong>rão compartilhar com os <strong>de</strong>maiscolegas da escola ou mesmo com seus familiares os conhecimentosaprendidos durante o estudo.Esse fechamento po<strong>de</strong> ser materializado por meio <strong>de</strong> um produto final,cuja elaboração po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cidida com os alunos, que <strong>de</strong>sse modopo<strong>de</strong>rão apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>finir funções e a dividir o trabalho.É interessante que esse produto envolva mais <strong>de</strong> uma linguagem, nãoapenas a escrita. As produções <strong>de</strong> livros ilustrados, painéis, cartazes,maquetes, álbuns, folhetos, seminários, exposições, campanhas,dramatizações e instalações são alguns dos produtos que po<strong>de</strong>m serfeitos, sempre consi<strong>de</strong>rando a autonomia dos alunos e o papel doprofessor como colaborador e facilitador.Ao elaborar projetos, os professores precisam consi<strong>de</strong>rar:• a importância da abordagem problematizadora e não <strong>de</strong>scritiva dotema que será estudado;• a importância <strong>de</strong> se construir, com os alunos, os objetivos do estudoque será organizado;253


• a importância <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir, com os alunos, as etapas do trabalho (oque será feito, quando será feito, quem e como o fará);• a importância <strong>de</strong> o trabalho ter um <strong>de</strong>sfecho significativo para osalunos;• quais fontes <strong>de</strong> informação serão utilizadas, consi<strong>de</strong>rando-as em suadiversida<strong>de</strong> (textos informativos, poesias, letras <strong>de</strong> música, notícias <strong>de</strong>jornal, <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> pessoas, fotografias, pinturas, arquitetura,documentários, filmes etc.).• É possível e <strong>de</strong>sejável utlizar-se <strong>de</strong> bibliotecas e/ou outros acervosque a cida<strong>de</strong> tenha disponível para levantar as fontes <strong>de</strong> informaçãoque serão trabalhadas.Anexo 3ROTEIRO DE PESQUISA• O que queremos saber? Definir com os alunos quais as perguntasque eles gostariam <strong>de</strong> ver respondidas a respeito do tema a serpesquisado.• O que precisamos fazer para encontrar as respostas? Definir umcronograma <strong>de</strong> pesquisa com as ações necessárias para respon<strong>de</strong>r àsperguntas levantadas.• On<strong>de</strong> encontramos o que precisamos? Levantar com os alunos quaisas fontes <strong>de</strong> informação que po<strong>de</strong>m ser consultadas. O professor po<strong>de</strong>sugerir a utilização <strong>de</strong> enciclopédias, revistas, atlas, livros paradidáticos,filmes, documentários etc.• Como obtemos os materiais <strong>de</strong> que necessitamos? O professor <strong>de</strong>veorientar os alunos sobre como obter os materiais <strong>de</strong> pesquisa,ensinando-lhes a consultar uma biblioteca, a realizar uma entrevista etambém a organizar um arquivo das informações levantadas.• Como apresentamos os resultados da pesquisa? Definircom os alunos a forma <strong>de</strong> apresentação final dos resultadosda pesquisa.• Como avaliamos aquilo que apren<strong>de</strong>mos? O professor po<strong>de</strong> retomaras questões levantadas no início da pesquisa e avaliar com os alunosquais foram respondidas e quais não. Será uma boa ocasião paradiscutir sobre as perguntas que surgiram ao longo do projeto e aquelasque ficaram sem respostas.Sugestão <strong>de</strong> roteiro <strong>de</strong> apoio para o planejamento <strong>de</strong> projetos:Nome do projeto:Série/ciclo:Tempo <strong>de</strong> duração:Objetivos <strong>de</strong> aprendizagem:Temas/conteúdos:Etapas previstas:Ativida<strong>de</strong>s previstas:Fechamento do projeto:Fontes <strong>de</strong> informação:254


HISTÓRIA


Módulo 3Novos <strong>de</strong>safios para ensinar eapren<strong>de</strong>r História nas séries finaisdo Ensino Fundamental


16 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas emeducação que atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamentali<strong>de</strong>ntifiquem:• as transformações curriculares no ensino <strong>de</strong> História ao longo dosúltimos anos;• como o ensino <strong>de</strong> História po<strong>de</strong> contribuir para a construção dacidadania;• a relação entre a qualida<strong>de</strong> da aprendizagem e a qualida<strong>de</strong> doensino.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sintam anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter-se atualizados e <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> discussõescurriculares, <strong>de</strong>ntro e fora da escola.• Orientações curriculares: retrospectiva histórica e tendências atuais;• caracterização da área: seu objeto <strong>de</strong> estudo e seu papel naformação do aluno;• ensino e aprendizagem: novos olhares.• Papel para cartaz;• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.Textos:• PCN – História (5ª a 8ª séries);• PCN – Introdução (5ª a 8ª séries);• textos anexos;• jornais e revistas.• Propostas curriculares <strong>de</strong> História do estado e do município.• PCN – Introdução (5ª a 8ª séries) – Educação e cidadania (pp. 15 a21).• PCN – Temas Transversais (5ª a 8ª séries) – Ética – 1ª parte – Ética ecidadania.• Filmes: Uma cida<strong>de</strong> sem passado e Central do Brasil.259


• Livros do acervo da Biblioteca da escola: Memória e socieda<strong>de</strong>:lembranças <strong>de</strong> velhos, Ecléia Bosi; Quase memória, Carlos Heitor Cony.1. Debate, em pequenos grupos, das seguintes questões (1h):• Por que História faz parte do currículo escolar?• Qual a importância da aprendizagem <strong>de</strong> História na formação dojovem <strong>de</strong> hoje?Apresentação das conclusões <strong>de</strong> cada grupo para a classe.2. Leitura e discussão, em grupos, dos trechos do PCN – Históriaindicados abaixo. Cada grupo fica responsável por um ou dois textos,procurando respon<strong>de</strong>r (2h):• Por que a História fazia parte do currículo na época referida notexto?Trechos a serem lidos:a) Do início do 3º parágrafo da página 19 – “A História como áreaescolar obrigatória...” – até o fim do 1º parágrafo da página 20 – “... nomundo oci<strong>de</strong>ntal cristão”.b) Do início do 2º parágrafo da página 20 – “Os objetivos da inserçãoda História do Brasil...” – até o fim do 4º parágrafo da página 20 – “... avida social no presente”.c) Do início do último parágrafo da página 20 – “Nas últimas décadasdo século XIX...” – até o fim do 3º parágrafo da página 21 – “... daciência, do progresso e da or<strong>de</strong>m”.d) Do início do 4º parágrafo da página 22 – “Com o processo <strong>de</strong>industrialização...” – até o fim do último parágrafo das páginas 22 e 23– “... extermínio dos povos que aqui viviam”.e) Do início do 3º parágrafo da página 23 – “Os objetivos da inserçãoda História...” – até o fim do último parágrafo das páginas 23 e 24 –“... tecnológicos, científicos e culturais”.f) Do início do último parágrafo da página 25 – “Principalmente a partirda Lei nº 5.691/71...” – até o fim do 2º parágrafo da página 26 – “...conquistas tecnológicas”.g) Do início do último parágrafo da página 26 – “No processo <strong>de</strong><strong>de</strong>mocratização...” – até o fim do 2º parágrafo da página 27 – “... dosmeios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa”.Exposição das conclusões dos grupos. São registrados na lousa algunsdos diferentes papéis da História no currículo escolar presentes nahistória da educação brasileira.Comparação <strong>de</strong>sse registro com as conclusões do primeiro <strong>de</strong>bate.3. Discussão e registro, em pequenos grupos, das razões que justificama presença da História no currículo atual e na formação do jovem <strong>de</strong>hoje (2h).Apresentação do que os grupos elaboraram e organização coletiva dasrazões apontadas para a presença da História no atual currículo escolar,consolidando um referencial comum.4. Sugestão – trabalho extra:Exibição do filme Uma cida<strong>de</strong> sem passado (Direção: Michel Verhoeven;Alemanha, 1989).260


• Debate, em grupos, a partir das impressões gerais causadas pelo filme,do entendimento do texto extraído <strong>de</strong> A função social do historiador(anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo) e <strong>de</strong> referências à experiência <strong>de</strong> professor, noque se refere à constituição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s pelos alunos.• Apresentação das conclusões pelos grupos.• Discussão coletiva sobre as “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s” dos alunos e os valores aelas relacionados, explicitando-se as posições assumidas pelosprofessores a respeito <strong>de</strong>les.• Levantamento <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> práticas escolares que intervêm naconstituição, pelos alunos, da sua auto-imagem e da consciência <strong>de</strong> sicomo sujeito no mundo.5. Sugestão – trabalho extra:Exibição e <strong>de</strong>bate do filme Central do Brasil (Direção: Walter SallesJúnior; Brasil, 1997).• Levantamento, em grupo, dos aspectos sociais, econômicos,culturais e políticos da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens brasileiros. Agrega-se à listaos conhecimentos do grupo a respeito das problemáticas dos jovens <strong>de</strong>seu município.• Reflexão, nos pequenos grupos, sobre as contribuições do ensino <strong>de</strong>História para a formação da atual geração, subsidiada pela leitura dotexto do Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulo.• Exposição e <strong>de</strong>bate coletivo sobre as questões discutidas nos grupos(4h).6. Leitura, em grupos, do trecho do PCN – História, que se inicia no 2ºparágrafo da página 34 – “Ao longo da história da educaçãobrasileira...” – e termina no final do 2º parágrafo da página 36 – “...como cidadão no mundo <strong>de</strong> hoje”, para i<strong>de</strong>ntificar (2h):• O diagnóstico da socieda<strong>de</strong> brasileira apresentado no PCN.• A proposta <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> História sugerida a partir <strong>de</strong>le.• Relações possíveis entre os <strong>de</strong>bates anteriores e a proposta do PCN,i<strong>de</strong>ntificando pontos em comum e diferenças.• Apresentação das conclusões dos grupos para a classe.• Organização do resultado das discussões sobre as escolhaspedagógicas importantes para o ensino <strong>de</strong> História.Observação: para o próximo encontro, os professores <strong>de</strong>vem trazerartigos/notícias <strong>de</strong> revista/reportagens <strong>de</strong> jornal sobre cidadania.7. Debate, com participação <strong>de</strong> todos, sobre o que significa ser“cidadão no mundo <strong>de</strong> hoje”. Todas as opiniões são registradas nalousa (2h).• Leitura e <strong>de</strong>bate, nos grupos, do PCN – Temas Transversais (5ª a 8ªséries) – Introdução (pp. 19 a 21), do material sobre cidadania que osprofessores trouxeram e do texto do Anexo 3 <strong>de</strong>ste módulo. Cada grupoprocura i<strong>de</strong>ntificar, nos textos, respostas para o que significa ser“cidadão no mundo <strong>de</strong> hoje”.• Apresentação das conclusões dos grupos para a classe, tendo emconta a importância <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir coletivamente o que significa ser “umcidadão no mundo <strong>de</strong> hoje”.261


8. Leitura e <strong>de</strong>bate: PCN – História – Início do 3º parágrafo da página36 – “A seu modo, o ensino <strong>de</strong> História...” – até o final do 2º parágrafoda página 37 – “... questão da cidadania no Brasil” – e do texto doAnexo 4, procurando respon<strong>de</strong>r (2h):• Como o ensino <strong>de</strong> História po<strong>de</strong> contribuir para formar “um cidadãopara o mundo <strong>de</strong> hoje”?Cada grupo apresenta suas conclusões para a classe.Elaboração e registro <strong>de</strong> uma síntese da reflexão sobre como o ensino<strong>de</strong> História po<strong>de</strong> contribuir para formar cidadãos para o mundo <strong>de</strong> hoje.9. Leitura e discussão, em dupla, <strong>de</strong> duas situações <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>História, apresentadas no Anexo 5, para explicitar em cada uma (2h):• O que os alunos apren<strong>de</strong>m.• Quais as capacida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>senvolvem.Os professores apresentam suas conclusões para a classe.10. Leitura do texto do PCN – Introdução, item Concepção <strong>de</strong> ensino e<strong>de</strong> aprendizagem (pp. 71 a 73) (1h).Debate coletivo sobre a relação entre a situação <strong>de</strong> ensino e aquilo queo aluno apren<strong>de</strong>.11. Elaboração <strong>de</strong> situações significativas <strong>de</strong> aprendizagem,explicitando o que se quer que os alunos aprendam e quais ascapacida<strong>de</strong>s que se preten<strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolvam a partir da escolha <strong>de</strong>um <strong>de</strong>terminado conteúdo. Ativida<strong>de</strong> a ser feita pelos professoresorganizados em duplas (2h).Apresentação das situações <strong>de</strong> aprendizagem criadas e <strong>de</strong>bate.12. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.Anexo 1FLORESCANO, Enrique. A função social do historiador. Tempo (Revistado Departamento <strong>de</strong> História da UFF). Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1997, vol. 4 (pp.66 a 68).“Des<strong>de</strong> os tempos mais antigos, os povos que habitaram o territórioque hoje chamamos <strong>de</strong> México apelaram à recordação do passado paracombater a caminhada <strong>de</strong>strutiva do tempo sobre as fundaçõeshumanas, para tecer solidarieda<strong>de</strong>s assentadas em origens comuns,para legitimar a posse <strong>de</strong> um território, para afirmar i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>senraizadas em tradições remotas, para sancionar o po<strong>de</strong>r estabelecido,para respaldar – embasados no prestígio do passado – reivindicaçõesdo presente, para fundamentar num passado compartilhado aaspiração <strong>de</strong> construir uma nação ou, ainda, para dar sustento aprojetos atirados à incerteza do futuro.262


Em todos esses casos, a função da história é dotar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seres humanos que formavam a tribo, o povo, a pátriaou a nação. A recuperação do passado tinha por fim criar valoressociais compartilhados, incutir a idéia <strong>de</strong> que o grupo ou a naçãotinham uma origem comum, inculcar uma convicção <strong>de</strong> que asemelhança <strong>de</strong> origens constitui um elemento <strong>de</strong> coesão entre osdiversos membros do conjunto social para enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s dopresente e assumir os <strong>de</strong>safios do futuro.Dotar um povo ou uma nação <strong>de</strong> um passado comum e fundar nessaorigem remota uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva é, talvez, a mais antiga epermanente função social da história. (...)Se <strong>de</strong> um lado, no entanto, a história nos introduz na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dogrupo e na procura daquilo que nos é próprio, <strong>de</strong> outro nos obriga aregistrar a diversida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>ver humano, nos leva ao reconhecimentodo outro e, nesse sentido, nos torna partícipes <strong>de</strong> experiências nãovividas, mas com as quais nos i<strong>de</strong>ntificamos e formamos a nossaconcepção da pluralida<strong>de</strong> da aventura humana. (...)Po<strong>de</strong>mos dizer, então, que estudar o passado sugere uma abertura aoutros seres humanos e nos obriga a transportar-nos a outros tempos,a conhecer lugares nunca vistos, a familiarizar-nos com condições <strong>de</strong>vida diferentes das atuais.”Anexo 2BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostascurriculares <strong>de</strong> História (In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber históricoem sala <strong>de</strong> aula. São Paulo: Contexto, 1997, p. 17).“A manutenção <strong>de</strong> uma disciplina escolar no currículo <strong>de</strong>ve-se à suaarticulação com os gran<strong>de</strong>s objetivos da socieda<strong>de</strong>. Assim, a formação<strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> uma classe média pelo ensino secundário, aalfabetização como pressuposto ao direito do voto, o <strong>de</strong>senvolvimentodo espírito patriótico ou nacionalista, entre outras questões,<strong>de</strong>terminam os conteúdos do ensino e as orientações estruturais maisamplas da escola. (...)As transformações substantivas <strong>de</strong> uma disciplina escolar ocorremquando suas finalida<strong>de</strong>s mudam. As finalida<strong>de</strong>s mudam para aten<strong>de</strong>r aum público escolar diferenciado e como resposta às suas necessida<strong>de</strong>ssociais e culturais.”Anexo 3MARSHALL, T.H.. Cidadania, classe social e status. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Zahar Editores, 1967, pp. 63-64.“(...) pretendo dividir o conceito <strong>de</strong> cidadania em três partes. Mas aanálise é, neste caso, ditada mais pela história do que pela lógica.263


Chamarei estas três partes, ou elementos, <strong>de</strong> civil, política e social.O elemento civil é composto dos direitos necessários à liberda<strong>de</strong>individual – liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e vir, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa, pensamento efé, o direito à proprieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> concluir contratos válidos e o direito àjustiça. Este último difere dos outros porque é o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r eafirmar todos os direitos em termos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> com os outros e pelo<strong>de</strong>vido encaminhamento processual. (...) Por elemento político <strong>de</strong>ve-seenten<strong>de</strong>r o direito <strong>de</strong> participar no exercício do po<strong>de</strong>r político, como ummembro <strong>de</strong> um organismo investido da autorida<strong>de</strong> política ou como umeleitor dos membros <strong>de</strong> tal organismo. As instituições correspon<strong>de</strong>ntessão o parlamento e os conselhos do governo local. O elemento socialrefere-se a tudo o que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o direito a um mínimo <strong>de</strong> bem-estareconômico e segurança ao direito <strong>de</strong> participar, por completo, naherança social e levar a vida <strong>de</strong> um ser civilizado <strong>de</strong> acordo com ospadrões que prevalecem na socieda<strong>de</strong>. As instituições maisintimamente ligadas a ele são o sistema educacional e os serviçossociais. (...)(...) Quando os três elementos da cidadania se distanciaram uns dosoutros, logo passaram a parecer elementos estranhos entre si.O divórcio entre eles era tão completo que é possível, sem distorcer osfatos históricos, atribuir o período <strong>de</strong> formação da vida <strong>de</strong> cada um aum século diferente – [na Inglaterra] os direitos civis ao século XVIII, ospolíticos ao XIX e os sociais ao XX. Estes períodos, é evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>vemser tratados com uma elasticida<strong>de</strong> razoável, e há algumentrelaçamento, especialmente entre os dois últimos.”Anexo 4BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostascurriculares <strong>de</strong> História (In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber históricoem sala <strong>de</strong> aula. São Paulo: Contexto, 1997, p. 20).“Segundo o historiador André Segall, (...) a História <strong>de</strong>ve contribuir paraa formação do indivíduo comum, que enfrenta um cotidianocontraditório, <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong>semprego, greves, congestionamentos,que recebe informações simultâneas <strong>de</strong> acontecimentos internacionais,que <strong>de</strong>ve escolher seus representantes para ocupar os vários cargos dapolítica institucionalizada. Este indivíduo que vive o presente <strong>de</strong>ve, peloensino da História, ter condições <strong>de</strong> refletir sobre tais acontecimentos,localizá-los em um tempo conjuntural e estrutural, estabelecer relaçõesentre os diversos fatos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, econômica e cultural (...).Concordando com o autor, temos que o ensino <strong>de</strong> História <strong>de</strong>vecontribuir para libertar o indivíduo do tempo presente e da imobilida<strong>de</strong>diante dos acontecimentos, para que possa enten<strong>de</strong>r que cidadanianão se constitui direitos concedidos pelo po<strong>de</strong>r instituído, mas tem sidoobtida em lutas constantes e em suas diversas dimensões.”264


Anexo 5SITUAÇÃO DE ENSINO 1O professor informa aos alunos que vão estudar a pré-história. Pe<strong>de</strong>para abrirem o livro didático. Pe<strong>de</strong>, então, a um aluno que leia alto,para todos ouvirem, o que há sobre o assunto. O capítulo é lido naaula, revezando a leitura entre as meninas e os meninos. No final,como lição para começar em classe e terminar em casa, o professorpe<strong>de</strong> que respondam, individualmente e em silêncio, a partir do queleram, as questões que estão no final do capítulo.SITUAÇÃO DE ENSINO 2O professor informa aos alunos que vão estudar a pré-história. Pe<strong>de</strong>que procurem no livro didático imagens que estejam relacionadas aotema. Debate com a classe as imagens encontradas, o que são e o quedizem as legendas. Pe<strong>de</strong> para escolherem em grupo uma ou duasimagens e pesquisarem, no livro didático e em livros da biblioteca, olocal, a época e como viviam as pessoas que faziam, por exemplo, aspinturas rupestres, o instrumento <strong>de</strong> pedra lascada etc.265


Módulo 4Tratando <strong>de</strong> questõessociais em História, abordandoconteúdos <strong>de</strong> formasignificativa para o jovem


16 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas emeducação, que atuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental:• estabeleçam relações entre o ensino <strong>de</strong> História e os TemasTransversais;• valorizem o trabalho com os diversos Temas Transversais;• interessem-se pela busca <strong>de</strong> informações sobre eles;• compreendam o sentido da relação <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong> entre temase áreas.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores valorizem otrabalho com os Temas Transversais e se sintam capazes <strong>de</strong> explorá-losno ensino <strong>de</strong> História.• Relação entre conteúdos <strong>de</strong> História e os Temas Transversais;• a inserção dos Temas Transversais nos conteúdos <strong>de</strong> História.• objetivos dos Temas Transversais.• Papel para cartaz (ou cartolina);• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.Ví<strong>de</strong>o:• TV Escola, série Parâmetros Curriculares Nacionais, fita nº 7 – TemasTransversais.Textos:• PCN – História (5ª a 8ª séries);• PCN – Temas Transversais (5ª a 8ª séries);• textos anexos;• jornais e revistas;• livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> História.269


• DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo <strong>de</strong>. Indústria, trabalho e cotidiano –Brasil – 1889 a 1930. São Paulo: Atual, 1991.• HUZAK, Iolanda. Crianças <strong>de</strong> fibra. São Paulo: Paz e Terra,1994.• PETTA, Nicolina. A fábrica e a cida<strong>de</strong> até 1930. São Paulo: Atual,1995.• PRIORE, Mary Del (org.). História da criança no Brasil. São Paulo:Contexto, 1992.• SIMAS, Paula. Açúcar bruto – fotografias. Brasília: EditoraUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 1997.• Livros do acervo da biblioteca da escola, que po<strong>de</strong>m contribuir para<strong>de</strong>bates sobre a vida das crianças e jovens brasileiros presentes emrelatos <strong>de</strong> memórias, retratada na literatura e estudada em trabalhossociológicos: Memória e socieda<strong>de</strong>: lembranças <strong>de</strong> velhos, Ecléia Bosi;Os parceiros do Rio Bonito, Antônio Cândido; Menino <strong>de</strong> engenho, JoséLins do Rego; Vidas secas, Graciliano Ramos; Memórias póstumas <strong>de</strong>Brás Cubas, Machado <strong>de</strong> Assis; Capitães <strong>de</strong> areia, Jorge Amado; Casagran<strong>de</strong>e senzala, Gilberto Freire.1. Debate, com participação <strong>de</strong> todos os professores, a partir dapergunta (1h):• Quais são as gran<strong>de</strong>s questões sociais do mundo <strong>de</strong> hoje?Todas as opiniões são registradas na lousa.2. Em pequenos grupos, os professores recebem revistas e jornaise procuram reportagens sobre as questões sociais contemporâneas.Organizam as reportagens por temas e escolhem uma mais significativapara apresentar para a classe (1h).Apresentação para a classe das reportagens e explanação sobre ostemas a que se referem e as razões que elencaram para a escolha.3. Leitura e <strong>de</strong>bate, nos grupos, <strong>de</strong> trecho do PCN – TemasTransversais, (pp. 23 e 24), com a questão (1h):• Por que é proposto o trabalho com Temas Transversais?Os grupos apresentam suas conclusões e é aberto o <strong>de</strong>bate.4. Reflexão compartilhada nos grupos, procurando respon<strong>de</strong>r àsseguintes questões (1h):• As gran<strong>de</strong>s questões contemporâneas são abordadas no ensino <strong>de</strong>História?• Como as abordamos com nossos alunos?• Como essas questões <strong>de</strong>veriam ser trabalhadas nas aulas <strong>de</strong>História?São apresentadas as conclusões e é aberto o <strong>de</strong>bate (1h).5. Em dupla, os professores organizam uma proposta <strong>de</strong> como abordaros conteúdos <strong>de</strong> História relacionando-os às questões sociaiscontemporâneas (1h).As propostas são apresentadas para a classe e é aberto o <strong>de</strong>bate.270


6. Leitura em grupo <strong>de</strong> trecho <strong>de</strong> reportagem do Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulocom a tarefa <strong>de</strong> (2h):• i<strong>de</strong>ntificar qual a questão social abordada;• i<strong>de</strong>ntificar no documento <strong>de</strong> História os objetivos e os conteúdos aosquais essa questão po<strong>de</strong> ser relacionada e auxiliar os alunos aestabelecerem relações entre a questão atual e outras épocashistóricas;• listar outros conteúdos históricos, não citados na reportagem, quepo<strong>de</strong>m auxiliar os alunos a estabelecerem relações entre a questãoatual e outras épocas históricas;• discutir como a inclusão <strong>de</strong> questões sociais po<strong>de</strong> contribuir para osalunos compreen<strong>de</strong>rem melhor a História;• elencar os conteúdos que po<strong>de</strong>m contribuir para os alunos atuaremsocialmente em relação a essa questão;• tirar algumas conclusões e justificá-las.Apresentação das conclusões e abertura do <strong>de</strong>bate enfocando asdiferenças entre como são trabalhados tradicionalmente os conteúdoshistóricos e como, a partir <strong>de</strong> questões sociais do presente, po<strong>de</strong>m serestudadas diferentes épocas históricas.7. Em grupo, leitura do trecho do PCN – História, que tem início no1º parágrafo da página 30 – “Nas últimas décadas...” – e vai até o fimdo 1º parágrafo da página 34 – “...contínuos e/ou <strong>de</strong>scontínuos” (2h).• Debate sobre o que significam as seguintes afirmações feitas no texto:– “...o conhecimento científico tem seus objetivos sociais...”– “...ao constatarem que as abordagens e os conteúdos escolares nãoexplicam as problemáticas sociais contemporâneas nem astransformações históricas a elas relacionadas, professores eeducadores buscam outros modos <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a relação presente/passado e <strong>de</strong> historicizar as questões do cotidiano...”– “...os profissionais da escola têm procurado manter relações ecompromissos mais estreitos com a realida<strong>de</strong> social...”– [o historiador] “... Reconhece que o produto final <strong>de</strong> seu trabalho<strong>de</strong>corre (...) da sua sensibilida<strong>de</strong> para estabelecer relações entreproblemáticas <strong>de</strong> sua época e problemáticas históricas...”– “... o conhecimento histórico é sempre fruto <strong>de</strong> seu tempo...”• Apresentação das conclusões aos <strong>de</strong>mais grupos e abertura do<strong>de</strong>bate.8. Leitura e <strong>de</strong>bate em grupo do trecho do PCN – Temas Transversais –Trabalho e consumo (pp. 354 e 355), Trabalho e consumo nasocieda<strong>de</strong> brasileira e A luta contra a exploração do trabalho infantil(pp. 358 e 359) (2h).• Planejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s didáticas para estudar com os alunosconteúdos <strong>de</strong> História que incluam a questão do trabalho infantil. Nesteplanejamento, <strong>de</strong>ve-se prever o uso <strong>de</strong> materiais didáticos a seremutilizados nas ativida<strong>de</strong>s: textos colhidos <strong>de</strong> livros didáticos eparadidáticos <strong>de</strong> História, reportagens <strong>de</strong> jornais e revistas atuais e <strong>de</strong>outras épocas, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoas que começaram a trabalharmuito cedo, gravuras, fotos, filmes etc.271


Observação: é preciso colocar à disposição dos professores: jornais,revistas, livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> História.Po<strong>de</strong>m ser utilizados os textos do Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulo.• Apresentação dos planejamentos, situações didáticas criadas emateriais selecionados para cada ativida<strong>de</strong>.9. Exibição do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série Parâmetros CurricularesNacionais – Temas Transversais – fita 7, <strong>programa</strong> 1 – Transversalida<strong>de</strong>(1h).• Em grupo, leitura do texto do PCN – Temas Transversais, páginas 26a 30 e 35 a 39.• Debate a partir do ví<strong>de</strong>o e do texto, procurando respon<strong>de</strong>r àsperguntas:– O que significa transversalida<strong>de</strong>?– Quais as relações entre o que os alunos apren<strong>de</strong>m na escola e a suaatuação social?– Os conteúdos <strong>de</strong> História que ensinamos contemplam questõessociais?– Apresentação das conclusões e abertura <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate sobre asrespostas formuladas pelos grupos.10. Em grupo, leitura e discussão dos objetivos dos diferentes TemasTransversais (pp. 7, 91, 143, 197, 269, 311 e 373), procurandorespon<strong>de</strong>r às seguintes perguntas (1h):• O que eles têm em comum?• O que é preciso mudar no trabalho escolar para alcançar essesobjetivos?• Em que essa mudança po<strong>de</strong> interferir na vida dos alunos?• Quais <strong>de</strong>sses objetivos po<strong>de</strong>mos incorporar no ensino <strong>de</strong> História?Apresentação das conclusões e abertura do <strong>de</strong>bate.11. Leitura e <strong>de</strong>bate em grupos do texto do PCN – História – 3ºparágrafo da página 47 – Os eixos temáticos e subtemas que <strong>de</strong>les<strong>de</strong>rivam... – até o fim da página 49 –, procurando respon<strong>de</strong>r (2h):• Quais são as duas questões históricas propostas como estruturaisnos conteúdos <strong>de</strong> História?• Como estas questões estão articuladas com os Temas Transversais?• Quais outras questões históricas estão sendo propostas para aarticulação com os Temas Transversais?Coletivamente, são retomadas as questões e é aberto o <strong>de</strong>bate.12. Preparação pelos grupos <strong>de</strong> uma dramatização, envolvendo umpersonagem da escola (aluno, professor, diretor, coor<strong>de</strong>nador,meren<strong>de</strong>ira, servente, pais etc.), que esteja relacionada àtransversalida<strong>de</strong> das questões sociais nos conteúdos <strong>de</strong> História (1h).Apresentação da dramatização e <strong>de</strong>bate.13. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.272


Anexo 1PEREIRA, Irandi. Empregar criança era um favor no século XVIII. Folha<strong>de</strong> S. Paulo, 1º/5/1997.“(...) A primeira lei brasileira <strong>de</strong> proteção ao trabalho juvenil é <strong>de</strong> 1891(Decreto-Lei nº 1.313). Ela proibia o trabalho noturno em <strong>de</strong>terminadasocupações, fixava a ida<strong>de</strong> mínima em 12 anos para entrada nomercado <strong>de</strong> trabalho e a jornada máxima <strong>de</strong> 7 h.O Código <strong>de</strong> Menores <strong>de</strong> 1927 manteve a ida<strong>de</strong> mínima para oingresso no mercado <strong>de</strong> trabalho aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Também aConsolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em 1943 por GetúlioVargas, ocupou-se da proteção aos trabalhadores menores <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> emseus artigos 402 e 441.A Constituição Fe<strong>de</strong>ral (1988) e o Estatuto da Criança e do Adolescente(1990) proíbem o trabalho a menores <strong>de</strong> 14 anos, salvo na condição<strong>de</strong> aprendiz, e garantem direitos trabalhistas.O trabalho perigoso, insalubre ou penoso, em locais prejudiciais ao<strong>de</strong>senvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locaisque não permitam a freqüência à escola também ficam proibidos.Apesar <strong>de</strong> toda a proteção legal, do alto grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentocientífico, <strong>de</strong> avanço tecnológico e <strong>de</strong> mobilização <strong>de</strong> setores dasocieda<strong>de</strong> preocupados com os direitos humanos e <strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong>crianças e adolescentes, o trabalho infantil ainda encontra espaçospara a sua continuida<strong>de</strong>.Dados da Organização Internacional do Trabalho revelam a existência <strong>de</strong>250 milhões <strong>de</strong> crianças, entre 5 e 14 anos, trabalhando em todo omundo.”Anexo 2a) DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. SãoPaulo: Círculo do Livro, s/d, p. 172. (Os relatos <strong>de</strong> J.-B. Debret referemseà década <strong>de</strong> 1820.)“No Rio, como em todas as outras cida<strong>de</strong>s do Brasil, é costume,durante (...) um jantar conjugal, que o marido se ocupesilenciosamente com seus negócios e a mulher se distraia com osnegrinhos (...). Esses molecotes, mimados até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco ou seisanos, são em seguida entregues à tirania dos outros escravos, que osdomam a chicotada e os habituam, assim, a compartilhar com eles dasfadigas e dos dissabores do trabalho.”b) MATTOSO, Kátia <strong>de</strong> Queirós. O filho da escrava (In: PRIORE,Mary Del (org.). História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto,1992, p. 78).“Como regra geral, as ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida que correspon<strong>de</strong>m às categorias<strong>de</strong> infância, adolescência, ida<strong>de</strong> adulta e velhice são as mesmas para apopulação livre e para a população escrava. Há, porém, entre uma e273


outra uma diferença <strong>de</strong> monta, ligada à função social <strong>de</strong>sempenhadapelas categorias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: a criança branca livre e até mesmo a criança<strong>de</strong> cor livre po<strong>de</strong>m ter seu prazo <strong>de</strong> ingresso na vida ativa protelado,enquanto a criança escrava, que tenha atingido certa ida<strong>de</strong>, entracompulsoriamente no mundo do trabalho. Há, pois, um certo momentoem que o filho da escrava <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser a criança negra ou mestiçairresponsável para tornar-se uma força <strong>de</strong> trabalho para os seus donos.Por meio dos documentos que conhecemos, e particularmente dostestamentos e inventários post-mortem, parece que po<strong>de</strong>mos logodistinguir duas ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infância para os escravos: <strong>de</strong> zero aos setepara oito anos, o crioulinho ou a crioulinha, o pardinho ou a pardinha, ocabrinha ou a cabrinha, são crianças novas, geralmente sem<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tipo econômico; dos sete para os oitoanos até os doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> os jovens escravos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> sercrianças para entrar no mundo dos adultos, mas na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aprendiz, <strong>de</strong> moleque ou <strong>de</strong> moleca, termos que <strong>de</strong>signavam outroratodo pequeno negro ou jovem e que hoje tomaram um sentido umpouco crítico, um pouco pejorativo, pois passam a <strong>de</strong>signar o jovem, <strong>de</strong>sexo principalmente masculino, consi<strong>de</strong>rado irresponsável!”c) O Combate (jornal), São Paulo, 4/9/1917 (In: DECCA, MariaAuxiliadora Guzzo <strong>de</strong>. Indústria, trabalho e cotidiano – Brasil – 1889 a1930. São Paulo: Atual, 1991, pp. 37 e 38).“Por ocasião do recente movimento grevista, uma das reclamaçõesmais insistentes dos operários era contra a exploração dos menores nasfábricas. Aliás, não faziam mais do que exigir o cumprimento <strong>de</strong> leisexistentes. Entretanto, os industriais, à exceção da firma (...) – queconta com a inimiza<strong>de</strong> <strong>de</strong> um inspetor sanitário –, continuam aempregar menores em trabalhos impróprios. Entre eles, po<strong>de</strong>mos citarnominalmente o sr. (...), porque assistimos ontem à entrada <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 60 pequenos às 19h, na sua fábrica da Mooca. Essas crianças,entrando àquela hora, saem às 6h. Trabalham, pois, 11 horas a fio, emserviço noturno, apenas com um <strong>de</strong>scanso <strong>de</strong> 20 minutos, à meianoite!O pior é que elas se queixam <strong>de</strong> que são espancadas pelomestre <strong>de</strong> fiação. Muitos nos mostraram equimoses nos braços e nascostas. Alguns apresentaram mesmo ferimentos produzidos com umamanivela. Uma há com as orelhas feridas por <strong>continuado</strong>s puxões.Trata-se <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 12, 13 e 14 anos.”d) LEVI-STRAUSS, Clau<strong>de</strong>. Tristes trópicos. Lisboa: Edições 70, s/d, pp.225 a 269. (Clau<strong>de</strong> Levi-Strauss esteve na al<strong>de</strong>ia Nambiquara nadécada <strong>de</strong> 1940.)“Os meninos nambiquara (...) por vezes confeccionam objetos <strong>de</strong> palha,enrolada ou entrelaçada, mas não conhecem outra distração, além daslutas ou das brinca<strong>de</strong>iras que se pregam mutuamente (...). As meninasapren<strong>de</strong>m a fiar, passeiam, riem, dormem; os meninos começam maistar<strong>de</strong> a atirar com pequenos arcos e a iniciar-se nos trabalhosmasculinos (aos oito ou <strong>de</strong>z anos). Mas, uns e outros tomam muitorapidamente consciência do problema fundamental da vidanambiquara, da alimentação e do papel ativo que <strong>de</strong>les se espera.274


Colaboram nas expedições <strong>de</strong> recolha e <strong>de</strong> apanha com muitoentusiasmo. Em período <strong>de</strong> fome não é raro vê-los procurar a suaalimentação ou a caminhar na erva na ponta dos pés, com um gran<strong>de</strong>ramo, <strong>de</strong>sfolhado, na mão, para matarem gafanhotos. As meninassabem qual é a parte que compete às mulheres, na vida econômica datribo, e mostram-se impacientes <strong>de</strong> se tornarem dignas <strong>de</strong>la.”e) SILVA, Salete. Crianças: 3,8 milhões trabalham. Jornal da Tar<strong>de</strong>, 2/10/1997.“Crianças enfrentando duras jornadas <strong>de</strong> trabalho nas culturas <strong>de</strong>laranja, <strong>de</strong> cana e nas carvoarias, ou simplesmente ajudando os paisem casa na confecção <strong>de</strong> calçados, ainda são um dos problemas sériosdo País. Segundo o IBGE, perto <strong>de</strong> 3,8 milhões <strong>de</strong> crianças com menos<strong>de</strong> 14 anos trabalham, 56% <strong>de</strong>las no Nor<strong>de</strong>ste. (...).Em Boquim (SE), a 84 km <strong>de</strong> Aracaju, pelo menos 20% dos 10 miltrabalhadores da cultura <strong>de</strong> laranja têm menos <strong>de</strong> 17 anos. São filhos<strong>de</strong> famílias muito pobres que, com o esforço familiar, conseguemganhar R$ 2.625,00 por ano. Um levantamento do Dieese, realizadoem seis capitais, mostra que as condições em que trabalham ospequenos empregados são muito precárias. Boa parte <strong>de</strong>les (40%)recebe menos <strong>de</strong> meio salário mínimo por mês.(...) Em Alagoas, é comum ver crianças trabalhando no corte da cana.São meninos em sua maioria, dos 10 aos 17 anos, que fogem daescola e trabalham nas pequenas proprieda<strong>de</strong>s rurais, sem carteiraassinada, ganhando <strong>de</strong> R$ 1,00 a R$ 2,00 por tonelada <strong>de</strong> canacortada, para ajudar na renda da família.”Observação: é preciso colocar à disposição dos professores: jornais,revistas, livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> História.275


Módulo 5O que, por que e comoensinamos, apren<strong>de</strong>mosem História


24 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas, queatuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental, <strong>de</strong>senvolvam:• uma visão mais ampla do significado dos conteúdos escolares(conceitos, procedimentos e atitu<strong>de</strong>s);• a competência necessária para articular objetivos, conteúdos eorientações didáticas e para transformar o planejamento numinstrumento importante <strong>de</strong> trabalho.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores estejampreocupados em:• planejar o que preten<strong>de</strong>m ensinar;• diagnosticar o que os alunos sabem e pensam sobre o tema <strong>de</strong>estudo;• escolher ativida<strong>de</strong>s pedagógicas a<strong>de</strong>quadas e o material pertinentepara cada situação.• Definição <strong>de</strong> objetivos;• seleção e organização <strong>de</strong> conteúdos;• organização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s didáticas;• seleção <strong>de</strong> material didático.• Papel para cartaz (ou cartolina);• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.Textos:• PCN – História (5ª a 8ª séries);• textos anexos;• livros didáticos e paradidáticos, jornais e revistas;• Enciclopédia Larousse Cultural (ou outra disponível).• BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala <strong>de</strong> aula. São Paulo:Contexto, 1997.• Ví<strong>de</strong>o: O fio da memória. Direção: Eduardo Coutinho, Brasil, 1995.• Ví<strong>de</strong>o do acervo da TV Escola: Museu do homem do Nor<strong>de</strong>ste(Guia <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s, p. 96); MASP, Aventura do olhar (Guia <strong>de</strong><strong>programa</strong>s, p. 7).279


1. Leitura e <strong>de</strong>bate em grupos do texto do PCN – História – Apren<strong>de</strong>r eensinar História no Ensino Fundamental (pp. 37 e 38 até 4º parágrafo –“... suscetível <strong>de</strong> transformação”) (1h).• Levantamento <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> conhecimentos que os alunos<strong>de</strong>monstram trazer <strong>de</strong> suas vivências sociais para a escola.• Apresentação dos exemplos e <strong>de</strong>bate sobre o assunto.2. Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História (último parágrafoda p. 38 “É preciso diferenciar...” até p. 41 “... procurando”) (1h) para:• distinguir a diferença entre o saber que os alunos adquirem em suasvivências sociais e o saber histórico escolar;• <strong>de</strong>finir o papel do professor <strong>de</strong> História no processo <strong>de</strong> ensinoaprendizagem.Apresentação da discussão realizada nos grupos e <strong>de</strong>bate coletivosobre a especificida<strong>de</strong> do saber histórico escolar e do papel doprofessor <strong>de</strong> História.3. Eleição, por todo o grupo, <strong>de</strong> uma questão social contemporânea eseleção <strong>de</strong> conteúdos históricos a ela relacionados, para os professoresinvestigarem o que seus alunos sabem sobre eles e apresentarem paraa classe no próximo encontro (1h).4. Apresentação dos resultados da pesquisa sobre os conhecimentosprévios dos alunos. Relatam, também, as características das classes(série, ida<strong>de</strong>, contexto social etc.). São anotados na lousa osconhecimentos prévios dos estudantes (1h).5. Em grupos, e a partir da análise dos conhecimentos prévios dosalunos, os professores avaliam o que eles po<strong>de</strong>riam apren<strong>de</strong>r sobre otema e que capacida<strong>de</strong>s necessitam <strong>de</strong>senvolver. Formulam, então,objetivos para intervenções pedagógicas (1h).• Leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História – Objetivos gerais <strong>de</strong> História(p. 43); e do PCN – Introdução – Objetivos (pp. 73 e 74).• Apresentação à classe dos objetivos criados pelos grupos.6. Leitura e <strong>de</strong>bate do texto do PCN – História (p. 45 até o 3º parágrafoda p. 46), com a preocupação <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r (1h):• Qual a preocupação central da proposta no que diz respeito àescolha dos conteúdos?• O que é consi<strong>de</strong>rado conteúdo?• Apresentação do <strong>de</strong>bate realizado pelos grupos.7. Elaboração <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong>finindo informações, conceitos, atitu<strong>de</strong>se procedimentos consi<strong>de</strong>rados necessários aos alunos, a partir dosobjetivos estabelecidos e tendo em vista os seus conhecimentosprévios (3h).• Apresentação dos quadros para a classe.• Leitura e <strong>de</strong>bate em grupo do texto do PCN – História (pp. 77 e 78).• A partir da leitura, avaliação do quadro montado antes.• Organização (apenas preliminarmente) <strong>de</strong> algumas ativida<strong>de</strong>s para280


atingir os objetivos e trabalhar os conteúdos propostos.• Apresentação para a classe.Observação: guardar o planejamento construído para os próximosencontros. Outras ativida<strong>de</strong>s irão se <strong>de</strong>sdobrar a partir <strong>de</strong>le.• Elaboração e registro na lousa:– <strong>de</strong> uma lista dos materiais que os professores costumam utilizar emsuas aulas;– <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> etapas metodológicas que utilizam no trabalho comtextos <strong>de</strong> livros didáticos, filmes, músicas, gravuras etc.• Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História, item Materiaisdidáticos e pesquisas escolares (pp. 79 a 83), procurando respon<strong>de</strong>r:– O que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado material didático?– Qual o papel do docente diante do material didático?– Que procedimentos e atitu<strong>de</strong>s (exemplos) po<strong>de</strong>m ser ensinados aoaluno no trabalho com material didático?– Apresentação das respostas e <strong>de</strong>bates com a classe.• Em grupo, retomando o planejamento do encontro passado, osprofessores selecionam alguns materiais didáticos para organização <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>m ser: gravuras, fotos, indicações <strong>de</strong> filmes, textos <strong>de</strong>livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> História, reportagens <strong>de</strong> jornais erevistas atuais e <strong>de</strong> outras épocas, objetos, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoasetc.– Apresentação dos materiais didáticos selecionados.Observação: guardar o planejamento e os materiais didáticos para ospróximos encontros. Outras ativida<strong>de</strong>s irão se <strong>de</strong>sdobrar a partir <strong>de</strong>les.8. Em dupla, os professores observam a imagem do PCN – História dapágina 76 e procuram respon<strong>de</strong>r (1h):• Quais as suas primeiras impressões da imagem?• Quem são os personagens presentes nela?• O que estão fazendo?• Quais os objetos na cena que chamam a sua atenção?• Quais as diferenças e as semelhanças entre as vestimentas dospersonagens?• O que são os ferros presos no pescoço <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>les? Em quelugar se passa esta cena?• Que época ela retrata?• É uma cena cotidiana ou é um acontecimento eventual?• O que o autor queria retratar?• Qual o título que você daria para a imagem?9. Pesquisa em enciclopédias e/ou em outras fontes sobre a biografia<strong>de</strong> J.-B. Debret, o artista que produziu a gravura (1h).Observação: essa pesquisa po<strong>de</strong> ser feita durante o módulo ou emcasa como tarefa preparatória.• Em dupla, leitura e <strong>de</strong>bate do texto <strong>de</strong> J.-B. Debret do Anexo 1 <strong>de</strong>stemódulo.• Com novas informações, os professores retornam à imagem paraanalisá-la com um “outro olhar”. Procuram, também, comparar as suasrespostas anteriores e as informações dos textos.281


• Os professores apresentam suas reflexões sobre o exercício.É aberto o <strong>de</strong>bate.10. Os professores analisam como estão inseridas as imagens em livrosdidáticos (1h):• se são apresentadas só como ilustração ou se é explorado seupotencial informativo;• se são mencionadas as autorias, as épocas e os locais;• se há informação sobre o autor;• por que essas imagens foram selecionadas para constar do livro;• que tipo <strong>de</strong> legenda acompanha a imagem;• se ela po<strong>de</strong> ser usada como recurso didático.Observação: po<strong>de</strong>-se escolher um tema para análise das imagens.Exemplos: o tema do planejamento que está sendo elaborado; trabalhoinfantil; a questão do negro no Brasil etc.• Debate sobre o potencial informativo das imagens e possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> utilizá-las como material didático.11. Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História, item Trabalho comdocumentos (pp. 83 a 89), procurando respon<strong>de</strong>r (1h):• Quais etapas po<strong>de</strong>m ser utilizadas no trabalho didático comdocumento em sala <strong>de</strong> aula?• Abre-se o <strong>de</strong>bate com toda a classe.12. Em grupo, é retomado o planejamento construído nos encontrosanteriores: as ativida<strong>de</strong>s já elaboradas e os materiais didáticosselecionados. Agora, são estruturadas as etapas metodológicas para asativida<strong>de</strong>s. Exemplos: apresentação da imagem; levantamento dasprimeiras impressões dos alunos; questionamento sobre o conteúdo daimagem; questionamento sobre a época e o local que retrata etc. (1h).• Apresentação das etapas metodológicas criadas para as ativida<strong>de</strong>s.Observação 1: guardar o planejamento e os materiais didáticosselecionados para os próximos encontros. Outras ativida<strong>de</strong>s irão se<strong>de</strong>sdobrar a partir <strong>de</strong>les.Observação 2: para o próximo encontro, como ativida<strong>de</strong> alternativa,solicitar que cada professor traga pelo menos um objeto (foto, quadro,carta, peça <strong>de</strong> roupa etc.), significativo para a história <strong>de</strong> seus pais eavós.13. Apresentação dos objetos significativos para as histórias dos pais eavós dos professores, e, a partir <strong>de</strong>sses objetos, relatos <strong>de</strong> memóriassobre a história <strong>de</strong> sua família (4h).Observação: recomenda-se que, se possível, a ativida<strong>de</strong> anterior sejaprecedida da exibição do filme O fio da memória (Direção: EduardoCoutinho; Brasil, 1995) e <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate das impressões gerais sobre ofilme.14. Leitura do PCN – História – item Visita a exposições, museus esítios arqueológicos (pp. 89 a 93); e leitura dos textos do Anexo 2<strong>de</strong>ste módulo (1h).282


• Tendo como referência o filme e os textos, são respondidas asquestões:• Para que serve um museu histórico?• Qual o papel dos objetos no museu?• Qual a relação entre memória e História?• Por que é importante estudar com os alunos o patrimônio histórico?• Qual o valor das lembranças das pessoas?• Que tipo <strong>de</strong> questionamento po<strong>de</strong> ser abordado e estudado com osalunos nas visitas a exposições, museus, sítios arqueológicos...?15. Relato dos professores <strong>de</strong> saídas, visitas e estudos do meio quetenham realizado com seus alunos. São anotados na lousa os locais, osprocedimentos e o que os alunos estavam estudando (3h).• Levantamento e registro dos locais históricos, museus, sítiosarqueológicos, espaços culturais que existem na localida<strong>de</strong> e quepo<strong>de</strong>m ser visitados com os alunos para trabalhos com conteúdos <strong>de</strong>História.Observação: é preciso preparar, para o próximo encontro, uma visita aum local histórico, museu, espaço cultural ou a uma pessoa dalocalida<strong>de</strong> que possa contar histórias <strong>de</strong> outros tempos. Assim, épreciso organizar e conhecer com antecedência o que os professoresirão encontrar e o que irão problematizar, estabelecer o horário,provi<strong>de</strong>nciar os meios para que aconteça.16. Visita a local histórico, museu, espaço cultural ou a uma pessoa dalocalida<strong>de</strong> que possa contar histórias <strong>de</strong> outros tempos. A problemáticapara estudo e <strong>de</strong>bate ao longo da visita é o valor <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s didáticasna formação histórica dos alunos, envolvendo visita a locais on<strong>de</strong> sepossa ter acesso a documentação histórica, preservação da memória epatrimônio histórico (2h).• Leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História – Estudo do meio (pp. 93 a 98).• Debate coletivo sobre visitas e estudos do meio.17. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo do conjunto <strong>de</strong> módulos.Anexo 1DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. SãoPaulo: Círculo do Livro, s/d, p. 309. (Os relatos <strong>de</strong> J.-B. Debret referemseà década <strong>de</strong> 1820.)“Prancha 42O colar <strong>de</strong> ferro, castigo dos negros fugitivosO colar <strong>de</strong> ferro é o castigo aplicado ao negro que tem o vício <strong>de</strong> fugir.A polícia tem or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r qualquer escravo que o use, quandoencontrado <strong>de</strong> noite vagabun<strong>de</strong>ando na cida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-lo na ca<strong>de</strong>ia283


até o dia seguinte. Avisado então, o dono vai procurar o seu negro ou oenvia, acompanhado por um soldado, à prisão dos negros no morro doCastelo.A mesma medida é aplicada em todas as estradas fora da cida<strong>de</strong> peloscapitães-<strong>de</strong>-mato, guardas campestres sem uniforme, ajudados pornegros a seu serviço. Assim, um proprietário que per<strong>de</strong> um escravo noRio o <strong>de</strong>clara imediatamente à polícia, dando o nome e os sinais dofugitivo; a mesma <strong>de</strong>claração é feita aos diversos capitães-<strong>de</strong>-mato dosarrabal<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>. Quando o fugitivo é preso, o capitão-<strong>de</strong>-matoentrega-o acorrentado ao dono, recebendo a gratificação habitual <strong>de</strong>quatro mil-réis.O colar <strong>de</strong> ferro tem vários braços em forma <strong>de</strong> ganchos, não somenteno intuito <strong>de</strong> torná-lo ostensivo, mas ainda para ser agarrado maisfacilmente em caso <strong>de</strong> resistência, pois, apoiando-se vigorosamentesobre o gancho, a pressão inversa produz-se do outro lado do colar,levantando com força o maxilar do preso; a dor é horrível e faz cessarqualquer resistência, principalmente quando a pressão é renovada comsacudi<strong>de</strong>las.Alguns senhores mais bondosos, ou no caso <strong>de</strong> uma jovem negrafugitiva, contentam-se da primeira vez em colocar o colar <strong>de</strong> ferro, pois,<strong>de</strong> costume, em semelhantes circunstâncias, aplicam-se previamentecinqüenta chicotadas, e o dobro em caso <strong>de</strong> reincidência. Po<strong>de</strong>-seaumentar o castigo acrescentando-se uma corrente <strong>de</strong> trinta a quarentalibras presa a uma argola fixada no tornozelo e a uma outra, à cintura.Sendo ainda criança o escravo, o peso da corrente é apenas <strong>de</strong> cinco aseis libras, fixando-se uma das extremida<strong>de</strong>s no pé e outra a um cepo<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira que ele carrega à cabeça durante o serviço. Todas essasprecauções parecem, entretanto, inúteis, pois a ânsia <strong>de</strong> fugir éimperiosa entre os negros (...).”Anexo 2a) BURKE, Peter. A museificação dos museus. Folha <strong>de</strong> S. Paulo, 2/6/1996.“A próxima vez que você entrar num museu, seja ele o Museu doIpiranga, o Louvre ou o British Museum, reserve algum tempo paraobservar o próprio museu. Os museus são muito mais do que merosrecipientes para os objetos neles exibidos. Eles têm sua própria históriae po<strong>de</strong>m nos dizer muito sobre a época em que foram construídos.”b) MENESES, Ulpiano T. B. Museus históricos: da celebração àconsciência histórica. In: Como explorar um museu histórico. SãoPaulo: Museu Paulista – USP, 1995, p. 7.“Toda socieda<strong>de</strong>, para afirmar e reforçar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, procuraconstruir uma memória, <strong>de</strong> preferência unificada, homogeneizada. (...)Desse processo participam vários instrumentos. O museu histórico é um<strong>de</strong>les. Por isso é que, tão freqüentemente, tais museus giram em torno<strong>de</strong> objetos relacionados biográfica e tematicamente a fatos e a figurasexcepcionais do passado. Daí ser comum consi<strong>de</strong>rar que sua função284


principal é evocar e celebrar o passado.Ora, a História, como operação do conhecimento, não apenas seconfun<strong>de</strong> com a memória, como também não se reduz ao domínio dopassado e das ações das personagens extraordinárias que a povoam.Concebida como o conhecimento da dimensão temporal do homemcomo ser social, a História tem por objetivo reconstruir e explicar aorganização, o funcionamento e a transformação das socieda<strong>de</strong>s.Por conseqüência, se um museu quiser efetivamente ser histórico,<strong>de</strong>verá, além <strong>de</strong> evocar e celebrar o passado, também se organizar paraque uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada possa ser entendida tal como ela seapresenta, isto é, organismo vivo, sujeito a mudanças. Assim, o museuhistórico po<strong>de</strong> contribuir para o enriquecimento da consciênciahistórica, que é a percepção da vida social como o produto da açãohumana, que a gera e transforma.”c) MORENO, Júlio. Memórias <strong>de</strong> Armandinho do Bexiga. São Paulo:Editora Senac São Paulo, 1996, pp. 135 e 136.“Há uma frase do Jorge Amado que diz assim: ‘Os verda<strong>de</strong>irospioneiros, os legítimos heróis <strong>de</strong> um país não são os nomes guardadospela História, são os nomes dos varridos da História’. Eu gostei e adoteiesta frase porque, na minha opinião, é o que retrata o Museu doBexiga. No Museu do Bexiga são todos varridos da História. O professorSalvatore Carbone, da Universida<strong>de</strong> da Calábria, (...) falou: ‘Eu conheçotodos os museus do mundo, em todos eles vejo as fotos da rainha, dorei, do príncipe, do homem rico do lugar, do po<strong>de</strong>r econômico. Aquinão, aqui se vê o pedreiro, o sapateiro...”d) MENESES, Ulpiano T. B. Para que serve um museu histórico. In:Como explorar um museu histórico. São Paulo: Museu Paulista – USP,1995, p. 4.“No museu os objetos transformam-se, todos, em documentos, isto é,objetos que assumem como papel principal o <strong>de</strong> fornecer informação,ainda que, para isso, tenham <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a serventia para a qual foramconcebidos ou que <strong>de</strong>finiu sua trajetória. É por isso que um relógio,numa coleção, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um artefato que marca a hora: ninguémcoleciona relógios para cronometrar o tempo com maior precisão.Numa coleção (a coleção institucionalizada do museu), o relógio, aindaque funcione, passa a ser um artefato que fornece informação sobre osartefatos que marcam a hora. Naturalmente, esse esvaziamento dovalor <strong>de</strong> uso, em benefício do valor documental, não é o mesmo paratodo tipo <strong>de</strong> objeto. Ele é reduzido nos museus <strong>de</strong> arte.”285


Módulo 6Que coisas nossosalunos já sabem:evitando rupturas e dandocontinuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong>ensino e aprendizagem <strong>de</strong>História nas séries finais doEnsino Fundamental


12 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas queatuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental conheçam aproposta dos PCN <strong>de</strong> História <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries e compreendam anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> e coerência ao processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores conheçam otrabalho proposto nos PCN para as séries iniciais e percebam aimportância <strong>de</strong> se co-responsabilizarem pela aprendizagem <strong>de</strong> seusalunos.• Proposta <strong>de</strong> História nos PCN – séries iniciais.• Flexibilida<strong>de</strong> curricular e ajustes metodológicos para a<strong>de</strong>quação àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem dos alunos.• Papel para cartaz (ou cartolina);• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.Textos:• PCN – História (1ª a 4ª séries);• PCN – História (5ª a 8ª séries);• livros didáticos <strong>de</strong> História e Estudos Sociais <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries.Ví<strong>de</strong>os:• TV Escola, PCN – História (1ª a 4ª séries), <strong>programa</strong>s: Muitashistórias da história;• Nosso tempo e outros tempos;• Heranças e diferenças.289


Ví<strong>de</strong>os:• TV Escola, série PCN (1ª a 4ª séries) – Escola em discussão;• A Geografia e o conhecimento do mundo;• A leitura da paisagem;• A linguagem cartográfica;• Temas Transversais – Cui<strong>de</strong> do planeta;• Temas Transversais – Pluralida<strong>de</strong> cultural.1. Interpretação coletiva <strong>de</strong> uma figura (Anexo 1) mostrando grupos <strong>de</strong>professores e <strong>de</strong> alunos (2h).• Discussão do Anexo 1 da charge procurando explicitar suas múltiplasmensagens. Por exemplo:• Por que será que as crianças esquecem o que apren<strong>de</strong>ram?• Isto é um problema da seleção <strong>de</strong> conteúdos, do ensino e daaprendizagem, do planejamento ou da formação do professor? Em quecontexto esses problemas ocorrem?• O que faz com que essas coisas aconteçam?• Descrição <strong>de</strong> práticas cotidianas dos professores no ensino da área.Registrar num quadro frases que sintetizam essa prática.2. Debate coletivo sobre o ensino <strong>de</strong> História <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries:• Qual a formação histórica do aluno quando chega na 5ª série(2h)?• O que é ensinado nas séries iniciais?• O que as crianças <strong>de</strong>veriam apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> História nas séries iniciais?• Em grupo, são analisados livros didáticos <strong>de</strong> História e <strong>de</strong> EstudosSociais utilizados <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries. Procurar i<strong>de</strong>ntificar nos livros: osconteúdos trabalhados; a distribuição dos conteúdos ao longo dasséries; os valores e as i<strong>de</strong>ologias.3. Debate, entrevista ou conversa com dois ou três professores <strong>de</strong> 1ª a4ª séries, convidados a contar o que ensinam, o que priorizam, quais asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas, como as crianças pensam etc.; e a esclarecerdúvidas (2h).• Em grupo, organização <strong>de</strong> um relatório-diagnóstico sobre o ensino <strong>de</strong>História <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries.• Apresentação do relatório e <strong>de</strong>bate, refletindo-se sobre:– A relação entre as séries iniciais e finais do Ensino Fundamental talcomo realmente existe na prática das escolas.– A flexibilida<strong>de</strong> na organização dos conteúdos.– A atitu<strong>de</strong> dos professores em relação ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> 1ªa 4ª séries.– O trabalho coor<strong>de</strong>nado e conjunto com o corpo docente da escola.Observação: guardar o relatório para consulta em outros encontros.4. Exibição do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série PCN – História (1ª a 4ª séries),<strong>programa</strong> 1 – Muitas histórias da História (1h30).• Rápido <strong>de</strong>bate das impressões gerais sobre o <strong>programa</strong>.• Em grupo, leitura <strong>de</strong> trechos do PCN – História – (1ª a 4ª séries) –290


item O conhecimento histórico: características e importância social(pp. 30 a 33).• Discussão do ví<strong>de</strong>o e do texto, procurando respon<strong>de</strong>r:– Há diferenças entre o que é proposto para 1ª a 4ª e para 5ª a 8ªséries no que se refere ao papel do ensino <strong>de</strong> História na formação dacriança e do jovem brasileiro?Observação: se preciso, retomar o texto do PCN – História <strong>de</strong> 5ª a 8ªséries (pp. 36 e 37).• Apresentação do que foi discutido nos grupos.5. Exibição do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, PCN – História (1ª a 4ª séries),<strong>programa</strong> 2 – Nosso tempo e outros tempos (1h30).• Rápida discussão das impressões gerais sobre o <strong>programa</strong>.• Em grupo, leitura do PCN – História (1ª a 4ª séries) – Apren<strong>de</strong>r eensinar História no Ensino Fundamental (pp. 35 a 39).• Discussão, a partir do ví<strong>de</strong>o e do texto, procurando respon<strong>de</strong>r:– Qual é a proposta <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> História para as séries iniciais?– Quais são as suas diferenças e semelhanças em relação à propostapara as séries finais?• Apresentação das conclusões dos grupos e <strong>de</strong>bate coletivo.6. Exibição do ví<strong>de</strong>o da TV Escola, série PCN – História (1ª a 4ª séries),<strong>programa</strong> 3 – Heranças e diferenças (1h30).• Rápida discussão das impressões gerais sobre o <strong>programa</strong>.• Em grupo, leitura e discussão <strong>de</strong> trecho do PCN – História (1ª a4ª séries) (pp. 41 a 45), procurando respon<strong>de</strong>r:– Quais os conteúdos propostos para cada ciclo?– Quais as idéias que estão fundamentando a escolha <strong>de</strong>ssesconteúdos?– O que a proposta está privilegiando e por quê?– No que e como você concorda ou discorda da proposta?• Apresentação das conclusões dos grupos e <strong>de</strong>bate coletivo.7. Leitura e discussão do texto dos PCN, 1ª a 4ª séries: meta<strong>de</strong> dosgrupos fica responsável por ler, <strong>de</strong>bater e <strong>de</strong>pois apresentar oPCN – História – (1ª a 4ª séries), sobre o primeiro ciclo (pp. 49 a 59);e a outra meta<strong>de</strong> sobre o segundo ciclo, das páginas 61 a 73 (2h).• Tendo como referência o diagnóstico do ensino <strong>de</strong> História nas sériesiniciais, feito em um dos encontros anteriores, respon<strong>de</strong>r:– No que os conteúdos propostos no PCN – História (1ª a 4ª séries)diferem do que tem sido ensinado?– O que está sendo proposto aten<strong>de</strong> ou não às nossas expectativasem relação aos domínios do aluno que ingressa na 5ª série?– O que fazer diante <strong>de</strong>ssas conclusões?• Apresentação e <strong>de</strong>bate coletivo.8. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.291


Anexo 1292


Módulo 8Avaliação em História


8 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas queatuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental discutam como éfeita a avaliação em História e analisem a proposta <strong>de</strong> avaliação contidanos PCN, em particular os critérios <strong>de</strong> avaliação apresentados.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores ampliem suacompreensão sobre a função da avaliação no ensino <strong>de</strong> História, asdiferentes formas e instrumentos da avaliação e a finalida<strong>de</strong> doestabelecimento <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> avaliação no processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem.• Função e natureza da avaliação no ensino <strong>de</strong> História.• Critérios <strong>de</strong> avaliação.• PCN – Introdução (5ª a 8ª séries);• PCN – História (5ª a 8ª séries);• textos citados.Ví<strong>de</strong>o:• TV Escola – série PCN – fita nº 1, Escola em discussão.295


1. Debate coletivo sobre avaliação a partir da experiência prática dosprofessores (1h):• Como o saber dos alunos é avaliado?• Que critérios orientam essa avaliação?2. Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – Introdução, item Critérios <strong>de</strong>avaliação (pp. 80 e 81); e PCN – História – itens Critérios <strong>de</strong> avaliaçãodos dois ciclos (pp. 62, 63, 74 e 75), procurando respon<strong>de</strong>r (1h):• O que se está enten<strong>de</strong>ndo nos PCN por avaliação diagnóstica?• Quais as condições necessárias para que a avaliação diagnósticaaconteça?• Quais as diferenças e as semelhanças entre o que está sendoproposto e a nossa prática em sala <strong>de</strong> aula?Apresentação dos <strong>de</strong>bates dos grupos para a classe.3. Em duplas, fazer um levantamento, dos critérios <strong>de</strong> avaliaçãocomumente utilizados na prática dos professores e registrá-los porescrito (1h).• Leitura do texto do Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo, analisando quais critérios<strong>de</strong> avaliação foram (ou <strong>de</strong>veriam ser) utilizados no trabalho <strong>de</strong>scrito.• Comparação entre os critérios <strong>de</strong> avaliação usados na prática dosprofessores e os critérios <strong>de</strong> avaliação i<strong>de</strong>ntificados no texto,explicitando diferenças e semelhanças.• Apresentação das análises para a classe. Debate.4. Debate coletivo sobre avaliação do trabalho docente, a partir daexperiência prática dos professores (1h):• Como o educador avalia o seu trabalho?• Como o trabalho do professor é avaliado?• A partir <strong>de</strong> que critérios?• Quem avalia o trabalho do educador?5. Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História (5º parágrafo da p. 40“No processo <strong>de</strong> aprendizagem...” à p. 41, “... procurando respon<strong>de</strong>r”)(1h):• Como o educador po<strong>de</strong> avaliar o seu próprio <strong>de</strong>sempenho?Apresentação dos <strong>de</strong>bates realizados nos grupos para a classe.6. Leitura e análise das questões do Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulo. Cadagrupo escolhe três questões das listadas, para respon<strong>de</strong>r a partir dasvivências individuais dos integrantes do grupo, no seu trabalho comoprofessor (1h).• Apresentação das questões escolhidas e das respostas para a classe.7. Análise, em duplas, do relato <strong>de</strong> um professor <strong>de</strong> História, transcritono Anexo 3 <strong>de</strong>ste módulo, procurando respon<strong>de</strong>r (1h):• Qual a importância <strong>de</strong> um relato como este para quem escreve?• Qual a importância para quem lê?Apresentação da análise do relato para a classe.8. Redação individual <strong>de</strong> um relato <strong>de</strong> experiência didática (1h).• Apresentação para a classe dos relatos e <strong>de</strong> uma análise da296


experiência pessoal <strong>de</strong> fazê-lo, abordando, por exemplo, respostas àsseguintes questões:– Foi uma experiência nova?– Foi fácil/difícil escrever ?– A partir da escrita foi possível perceber alguma coisa nova a respeitoda experiência?– É interessante adotar o registro das experiências didáticas comoprática constante?– Que reflexos isso po<strong>de</strong> ter no trabalho?Anexo 1PUCCIARELLI, Ana Lúcia <strong>de</strong> Carvalho. Viagem às cida<strong>de</strong>s históricas <strong>de</strong>Minas Gerais: possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo do meio. Escola Nova Mococa,Mococa/SP, 1998.“Faz parte do currículo da 8ª série da Escola Nova <strong>de</strong> Mococa umestudo do meio nas cida<strong>de</strong>s históricas <strong>de</strong> Minas Gerais: Ouro Preto,Mariana, Congonhas e Tira<strong>de</strong>ntes. Para o trabalho <strong>de</strong> 1998 foiescolhido o tema Patrimônios culturais. É uma proposta da disciplina <strong>de</strong>História, envolvendo também as disciplinas <strong>de</strong> Geografia, Arte e LínguaPortuguesa, numa abordagem multidisciplinar.O início do trabalho na disciplina <strong>de</strong> História aconteceu com umaavaliação dos conhecimentos prévios, buscando respostas dos alunosque, entre outras coisas, justificassem a viagem <strong>de</strong> uma semana.Foram feitas questões do tipo: O que vamos encontrar? Por que essascida<strong>de</strong>s são consi<strong>de</strong>radas históricas? Qual a diferença entre essascida<strong>de</strong>s e Mococa? O que são patrimônios culturais? Por que forampreservadas?As respostas apresentavam uma visão um pouco romântica, um tantodistorcida. Vale <strong>de</strong>stacar uma síntese das idéias recorrentes: sãocida<strong>de</strong>s pequenas, rústicas, com ruas estreitas, igrejas com muito ouro.São consi<strong>de</strong>radas cida<strong>de</strong>s históricas porque foram palco <strong>de</strong> algunsfatos importantes da nossa História. Devem ser visitadas porquecontam a nossa história. Aqui (Mococa) não é uma cida<strong>de</strong> históricaporque não tem patrimônio, tem mais comodida<strong>de</strong>... Forampreservadas por causa da consciência dos moradores, por sorte...Os alunos acreditam que essas cida<strong>de</strong>s são consi<strong>de</strong>radas históricasporque se conservam como antes, como se os moradores não tivessemacesso às novas tecnologias, possuindo uma vida precária. Bastariauma visita para <strong>de</strong>scobrir como viviam no passado. Ligam mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>aos shoppings, Mc’donalds, Internet, tudo que po<strong>de</strong> ser consumido.Longe <strong>de</strong>sse universo mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> consumo, do presente e do futuro,pouco há <strong>de</strong> interessante. (...)O levantamento dos conhecimentos prévios forneceu subsídios paraelaborar o roteiro <strong>de</strong> pesquisa. Tínhamos em mãos o que os alunossabiam e também o que gostaríamos que eles soubessem.Justificada, para os alunos, a razão da viagem e a importância <strong>de</strong>pesquisar sobre o que encontraríamos nos locais visitados, começamos297


a segunda etapa do trabalho. Os alunos foram divididos em grupos ereceberam os seguintes temas e roteiros para pesquisa:1. Cida<strong>de</strong>s: pesquisar e conhecer a organização e o funcionamento <strong>de</strong>outras cida<strong>de</strong>s, em outros tempos e em outros lugares. Cida<strong>de</strong>s daGrécia antiga; Roma antiga; cida<strong>de</strong>s da Ida<strong>de</strong> Média; cida<strong>de</strong>s após aindustrialização; metrópoles atuais; cida<strong>de</strong>s brasileiras: Salvador, Rio <strong>de</strong>Janeiro e Brasília.2. Patrimônios culturais: conhecer o conceito <strong>de</strong> patrimônios culturais,conhecer mecanismos e processos <strong>de</strong> tombamentos, leis municipais,patrimônios em Mococa; patrimônios da humanida<strong>de</strong> no Brasil.3. História: pesquisar o contexto da fundação das cida<strong>de</strong>s visitadas, a<strong>de</strong>scoberta do ouro e a ocupação da região das minas no século XVIII;conhecer alguns fatos históricos importantes ocorridos nessaslocalida<strong>de</strong>s; a organização social que se <strong>de</strong>senvolveu em torno daexploração do ouro.4. Ouro Preto, Mariana, Congonhas, Tira<strong>de</strong>ntes: cada grupo pesquisouapenas uma cida<strong>de</strong> buscando informações sobre a sua fundação,<strong>de</strong>senvolvimento, e a cida<strong>de</strong> hoje, ativida<strong>de</strong>s econômicas, população,atrações para visita e o que fez da cida<strong>de</strong> um Patrimônio.Toda pesquisa foi incluída na apostila dos alunos, que continha tambéma proposta <strong>de</strong> trabalho para ser <strong>de</strong>senvolvida durante a visita. (...)Durante os sete dias nas cida<strong>de</strong>s históricas, os alunos tiveram parte dotempo tomado pelas ativida<strong>de</strong>s. O material continha um roteiro <strong>de</strong>visita, propostas <strong>de</strong> pesquisa, questões instigando o estudante aobservar os lugares, notar peculiarida<strong>de</strong>s das construções, das ruas,questionar os objetos expostos nos museus, <strong>de</strong>senhar paisagens,comparar com relatos <strong>de</strong> viajantes e paisagens <strong>de</strong> outros tempos,fotografar, conversar com pessoas que vivem no local. (...)Na avaliação final do trabalho, encontro novos alunos. As mesmasquestões levantadas no início voltam com respostas diferentes. Ascida<strong>de</strong>s históricas conservam ainda casarões, igrejas, monumentos queforam construídos no século XVIII. Hoje os moradores sobrevivem doturismo, do artesanato e das indústrias que se instalaram naquelasregiões. Dentro dos casarões existem lanchonetes, lojas. Ouro Pretoconta com transporte coletivo. Mococa é mais nova, mas também tempatrimônio, e tem conjuntos que po<strong>de</strong>m ser tombados. Osmonumentos são protegidos por leis e pelos moradores, quesobrevivem do turismo também. Muitos objetos conservados são daigreja. Tem muitos objetos que ajudam a construir a História, pois foramusados em outras épocas e com eles po<strong>de</strong>mos lembrar. (...)”Anexo 2Questões para a Ativida<strong>de</strong> 6:- Quais as melhores ativida<strong>de</strong>s que já <strong>de</strong>senvolvi com meus alunos?- Quais os conteúdos que os alunos apreen<strong>de</strong>ram melhor?- Os critérios <strong>de</strong> avaliação que adotei foram os melhores? Existemoutros possíveis?298


– Todos os conteúdos que planejei trabalhar foram abordados? Seráque foram excessivos? Será que alguns foram enfocados apenassuperficialmente?– Será que outras temáticas não resultariam em trabalhos igualmenteinteressantes ou, quem sabe, em trabalhos mais envolventes?– Será que os mesmos assuntos abordados <strong>de</strong> outro modo nãoresultariam em mais envolvimento por parte dos estudantes?– Será que eu soube aproveitar os saberes e os interesses dos alunosnos conteúdos abordados? Como isso ocorreu? Po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> outromodo?– Será que eu soube intercambiar o saber escolar com a produçãocultural da comunida<strong>de</strong> e da socieda<strong>de</strong> mais ampla? Utilizei os recursosatuais da mídia, da literatura e da produção acadêmica, que sãocotidianamente difundidos?– Soube aproveitar os eventos sociais, culturais e científicos que asocieda<strong>de</strong> propiciou, levando os alunos aos museus, aos institutos <strong>de</strong>pesquisa, às exposições, ao teatro, para fazer estudos do meio,pesquisas sociais, geográficas, biológicas... ? Deram bons resultados?Como po<strong>de</strong>ria ter sido melhor? Po<strong>de</strong>riam ter sido mais constantes?– Em que medida a estrutura, as normas e a burocracia da escola esuas formalida<strong>de</strong>s facilitaram ou prejudicaram as propostas que planejeiou tinha a intenção <strong>de</strong> implantar?– A escola, com seus recursos e estrutura, estava ou nãocompromissada com os melhores <strong>de</strong>sempenhos das aulas que planejei<strong>de</strong>senvolver?– Será que encaro o meu trabalho <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva maisampla <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>? Que socieda<strong>de</strong> imagino ser a melhor? Qual opapel do meu trabalho na construção do cotidiano?– Até que ponto eu, como educador, incorporo as experiênciasanteriores por mim conquistadas? Reflito sobre elas?– Será que tenho sido crítico e reflexivo em relação ao meu trabalho,às minhas posturas educacional, i<strong>de</strong>ológica e <strong>de</strong> valores? Como po<strong>de</strong>riaser diferente? Há quem pense <strong>de</strong> outro modo?– Quais as experiências e as reflexões que conquistei durante o ano,no que se refere a como o aluno apren<strong>de</strong>, como ensinar, o que ensinar,como planejar, como avaliar, como transformar uma idéia em suasituação real em sala <strong>de</strong> aula...?– O que os especialistas em educação estão pensando sobre oensino? O que pensam sobre as relações entre o professor e o aluno nasala <strong>de</strong> aula? Será que existem novas reflexões que po<strong>de</strong>m ajudar-me aenten<strong>de</strong>r alguma situação que ainda não sei como lidar? Será quepo<strong>de</strong>m contribuir para o meu trabalho como educador?– E os <strong>de</strong>mais professores? O que será que estão pensando sobre oensino? Será que criaram situações interessantes <strong>de</strong> aprendizagem quepossam ser intercambiadas?– A proposta global que pretendi <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>ve ser modificada?Como? Por que razão?– No que contribuí para transformar a escola num espaço mais<strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> interações sociais?299


Anexo 3RODRIGUES, Cláudio Moreno. Reconhecendo a Antigüida<strong>de</strong> Clássica –Hoje!! Santos: bolando aula <strong>de</strong> História, nº 9, novembro/98, p. 6.“(...) Há algum tempo notei que o excesso <strong>de</strong> teoria só estava tornandoas aulas enfadonhas, cansativas, sem atrativo. Pensando nisso,<strong>de</strong>senvolvi um projeto baseado nas aulas <strong>de</strong> História antiga, emespecífico <strong>de</strong> uma problemática levantada em sala <strong>de</strong> aula, quando osalunos questionaram qual era a utilida<strong>de</strong> e o objetivo <strong>de</strong>sse estudo parasua vivência imediata; e como esses elementos acontecidos há tantotempo podiam relacionar-se com eles hoje. Obviamente, o que estavaem discussão não era tão-somente a cultura clássica, mas o próprioestudo da história e a sua finalida<strong>de</strong> social. Antes que nossa ciênciafosse <strong>de</strong>scartada como um estudo anacrônico dissociado do cotidiano,lancei um <strong>de</strong>safio. Que nós déssemos uma chance para a Históriamostrar sua razão <strong>de</strong> ser e sua <strong>de</strong>vida importância como elementofundamental na compreensão da realida<strong>de</strong> social contemporânea e domundo em que vivemos, na certeza <strong>de</strong> que eles encontrariam, nos dias<strong>de</strong> hoje, inúmeros itens da cultura greco-romana. (...)O <strong>de</strong>safio foi aceito pelos alunos. Iniciamos com <strong>de</strong>bates enfocando algunspontos que eles mesmos po<strong>de</strong>riam observar, e, principalmente, on<strong>de</strong> ecomo buscar os referidos elementos da cultura clássica: em casa, na rua,no shopping, na praia, em jogos, enfim, em todos os lugares.Durante os <strong>de</strong>bates procurei mostrar a eles que às vezes as coisasestão bem na nossa frente, mas que por <strong>de</strong>sconhecermos certos<strong>de</strong>talhes ou por pura distração não nos damos conta da realida<strong>de</strong> quenos cerca. Assim, retomamos análises <strong>de</strong> características arquitetônicas<strong>de</strong> construções gregas e romanas, o estudo sobre mitologia clássica,religião, divinda<strong>de</strong>s, heróis, língua etc. Os alunos fizeram váriaspesquisas sobre os itens elencados, buscando imagens representativasdos elementos pesquisados (...) Já nesta fase eles começaram aestabelecer relações entre o passado e o presente. O segundo passoera a busca dos materiais analisados e observados, mas agora do lado<strong>de</strong> fora da escola e dos livros. Essa sem dúvida foi a etapa maisemocionante (...). Depois <strong>de</strong> acumular uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>material iconográfico – reportagens, recortes <strong>de</strong> revista <strong>de</strong> moda,<strong>de</strong>coração, esporte, folhetos <strong>de</strong> propaganda, embalagens, fotos <strong>de</strong>campo etc., logo tínhamos material suficiente para abrir novasdiscussões e elaborar painéis (...). As imagens eram acompanhadas <strong>de</strong>legendas com tópicos explicativos. (...)Descobrir que a arquitetura do Museu do Ipiranga, construído no séculopassado, possui pontos <strong>de</strong> inspiração na Grécia e na Roma antigas(fachada com colunas e frontão), que Minerva e Ajax, dois produtos <strong>de</strong>limpeza, têm seus nomes tomados da mitologia clássica. Assim,Minerva, <strong>de</strong>usa romana da sabedoria, com certeza saberia o que émelhor para limpar a sua casa, enquanto Nike, a <strong>de</strong>usa grega da vitória,levaria os usuários dos tênis da marca homônima ao sucesso almejado;que os louros da vitória, com os quais são coroados os atletasolímpicos remetem às façanhas do <strong>de</strong>us grego Apolo; que os nomesdos meses do ano, dos planetas, das constelações etc., também têmnomenclaturas emprestadas da história clássica (...).Concluídos os trabalhos (...), os alunos passaram a respeitar mais aHistória e suas infinitas contribuições (...).”300


Módulo 9Projetos <strong>de</strong> trabalho:dando vida aosconteúdos históricos


16 horasPropiciar condições para que professores <strong>de</strong> História e especialistas queatuam nas quatro séries finais do Ensino Fundamental:• compreendam a proposta <strong>de</strong> trabalhar com eixos temáticos;• percebam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer relações entre a história <strong>de</strong>diferentes localida<strong>de</strong>s e épocas;• percebam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com conteúdos <strong>de</strong> diferenteseixos simultaneamente;• estabeleçam conexão com outras áreas e temas, tendo em vista oalcance <strong>de</strong> objetivos.Ao final <strong>de</strong>ste módulo, espera-se que os professores sejam capazes <strong>de</strong>elaborar propostas <strong>de</strong> trabalho integradoras, superando uma visãoestrita do trabalho voltado unicamente para a sua área.• Análise dos eixos temáticos, dos subtemas e dos conteúdossugeridos;• a contribuição <strong>de</strong> diferentes conteúdos para a consecução <strong>de</strong> ummesmo objetivo;• elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> trabalho.• Papel craft (ou cartolina);• caneta piloto;• TV;• vi<strong>de</strong>ocassete.Textos:• PCN – História (5ª a 8ª séries);• textos citados;• jornais e revistas;• livros didáticos e paradidáticos.• PCN – Introdução (5ª a 8ª séries).• PCN – Temas Transversais (5ª a 8ª séries).• BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala <strong>de</strong> aula. São Paulo:Contexto, 1997.Filmes:• Família e Amistad.303


1. Leitura e <strong>de</strong>bate coletivo do texto do Anexo 1 <strong>de</strong>ste módulo,buscando aprofundar a seguinte questão (2h):• Qual a relação entre a problemática do tempo na História e o estudo<strong>de</strong> História na escola?Observação: recomenda-se que, se possível, a leitura seja precedida daexibição do filme Peggy Sue, seu passado a espera (Direção: FrancisFord Coppola, EUA, 1986), caso não tenha sido visto e discutido nomódulo 1.2. Leitura do texto do Anexo 2 <strong>de</strong>ste módulo (2h).• Em grupos, <strong>de</strong>bate das questões:– Quais as relações entre a vida cotidiana das pessoas e osacontecimentos sociais em transformação?– Como os conteúdos <strong>de</strong> História trabalhados com os jovens na escolapo<strong>de</strong>m contemplar a dimensão do cotidiano e as questões históricas esociais mais amplas?• Apresentação do <strong>de</strong>bate para a classe.Observação: recomenda-se que, se possível, a leitura do texto sejaprecedida da exibição do filme Família (Direção: Ettore Scola, Itália,1987) e <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate sobre as impressões gerais do filme.3. Debate coletivo sobre organização dos conteúdos <strong>de</strong> História a partir<strong>de</strong> eixos temáticos, para levantar os conhecimentos e as dúvidas dogrupo a esse respeito (2h).• O que enten<strong>de</strong>mos por eixos temáticos?• O que significa organizar conteúdos por eixos temáticos?• Em que essa forma é diferente e/ou semelhante à forma quetrabalhamos?• Que vantagens e/ou <strong>de</strong>svantagens traz para o trabalho do professor?• E para a aprendizagem dos alunos?4. Em grupos, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História – 5ª a 8ª séries (pp.45 a 49), visando aprofundar as seguintes questões (1h):• Qual a relação entre a problemática do tempo na História e os eixostemáticos?• Por que organizar os conteúdos <strong>de</strong> História a partir <strong>de</strong> eixostemáticos?• Quais os eixos temáticos propostos no PCN – História e asjustificativas para suas escolhas?• Quais outros eixos temáticos você escolheria para o 3º e 4º ciclos?Observação: parte do texto aqui indicado já foi lido em outro encontro,mas agora a solicitação é que seja lido integralmente.Apresentação das conclusões dos grupos e <strong>de</strong>bates.5. Em grupo, leitura e <strong>de</strong>bate do PCN – História (5ª a 8ª séries), itemO tempo no estudo <strong>de</strong> História (pp. 96 a 101), e dos textos do Anexo 3<strong>de</strong>ste módulo, procurando respon<strong>de</strong>r (2h):• Como conciliar, no ensino <strong>de</strong> História, o estudo por questionamentosque partem do presente para o passado e o trabalho didático quepossibilite ao jovem localizar acontecimentos e suas durações notempo?304


• Por que é importante que o estudante consi<strong>de</strong>re a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>modos <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> viver no tempo?• Apresentação do que foi <strong>de</strong>batido nos grupos.6. Em duplas, leitura e análise do relato da realização <strong>de</strong> um projeto(Anexo 4) (1h).• A partir da análise, discutir qual terá sido o planejamento para arealização <strong>de</strong>ste projeto, consi<strong>de</strong>rando itens como:– Introdução (em que o projeto contribuiu para a formação dosalunos).– Objetivos (que capacida<strong>de</strong>s os alunos <strong>de</strong>senvolveram).– Metodologia.– Conteúdos (informações, conceitos, procedimentos e atitu<strong>de</strong>s) <strong>de</strong>História e das <strong>de</strong>mais áreas e Temas Transversais.– Etapas <strong>de</strong> trabalho.– Ativida<strong>de</strong>s.– Avaliação (como se po<strong>de</strong>ria avaliar esse trabalho).• Apresentação da análise feita nos grupos.7. Em dupla, alguns professores realizam a leitura do PCN – História –5ª a 8ª séries (pp. 53 a 63), referente ao terceiro ciclo; enquantooutros realizam a leitura referente ao quarto ciclo (pp. 65 a 75) (2h).• Cada dupla escolhe um ou mais objetivos e alguns conteúdos <strong>de</strong>História do ciclo correspon<strong>de</strong>nte à sua leitura.• Elaboração do planejamento <strong>de</strong> um projeto que possibilite trabalhosinterdisciplinares, a partir dos objetivos e dos conteúdos escolhidos.Consi<strong>de</strong>rar no planejamento itens como:– Introdução (ou justificativa).– Metas, resultados ou produtos a que se quer chegar.– Objetivos (as capacida<strong>de</strong>s que os alunos estarão <strong>de</strong>senvolvendo).– Metodologia (os princípios gerais a serem seguidos nos diferentesencaminhamentos).– Conteúdos específicos <strong>de</strong> História, <strong>de</strong> outras áreas e <strong>de</strong> TemasTransversais.– Etapas <strong>de</strong> trabalho (que seqüência ou caminho será maisinteressante para a aprendizagem dos alunos e para garantir oresultado <strong>de</strong>finido como meta).– Ativida<strong>de</strong>s.– Avaliação (como se avaliará a aprendizagem e o <strong>de</strong>senvolvimentodas capacida<strong>de</strong>s dos alunos e como se po<strong>de</strong>rá saber se o trabalhoatingiu sua meta).– Bibliografia (se possível).• Apresentação dos planejamentos para a classe.8. Em duplas, escolher uma ativida<strong>de</strong> dos planejamentos elaboradosanteriormente para <strong>de</strong>talhar e organizar encaminhamentos e materiaispara colocá-la em prática na sua sala <strong>de</strong> aula. Po<strong>de</strong>m ser selecionadosmateriais didáticos em jornais, revistas, livros didáticos e paradidáticos;organizadas as etapas da ativida<strong>de</strong>; e estabelecidos critérios <strong>de</strong>avaliação (1h).305


• É apresentado o planejamento da ativida<strong>de</strong> para a classe.Observação: pedir para os professores realizarem a ativida<strong>de</strong> planejadacom seus alunos. No próximo encontro eles <strong>de</strong>vem apresentar osresultados.9. Apresentação dos resultados <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas junto aosalunos, inclusas no planejamento do projeto, que haviam sidoplanejadas e organizadas no encontro anterior (1h).• Avaliação e <strong>de</strong>bate dos resultados.10. Leitura em grupo dos textos do Anexo 5 e discussão da questão(2h):Como o ensino <strong>de</strong> História po<strong>de</strong> contribuir para os jovens refletirem, emperspectiva histórica, sobre a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social e a dos outros?Observação: recomenda-se que, se possível, a leitura seja precedida daexibição do filme Amistad (direção: Steven Spielberg, EUA, 1997).• Apresentação, para a classe, do <strong>de</strong>bate realizado nos grupos.11. Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-avaliação: leitura individual das expectativas <strong>de</strong>aprendizagem do módulo e análise do percurso pessoal em relação aoseu grau <strong>de</strong> conquista. Registro no ca<strong>de</strong>rno para acompanhamento doprocesso <strong>de</strong>senvolvido ao longo dos módulos.Anexo 1IOKOI, Zilda Márcia Grícoli. O Brasil atual e a mundialização. São Paulo:Loyola, 1995, pp. 7 a 9.“(...) Os materiais <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> história, abusando <strong>de</strong> uma estruturaçãomeramente cronológica, partem do passado remoto para chegar aopresente. Esse modo <strong>de</strong> pensar a História, baseado na cronologiaascen<strong>de</strong>nte, inclusive em textos que se propõem inovadores e críticos,apenas reforça a idéia <strong>de</strong> que é o tempo do relógio que <strong>de</strong>fine aHistória e <strong>de</strong> que há uma relação <strong>de</strong> causa e efeito entre o fato e otempo. Esse procedimento metodológico retira da História o embateentre presente, passado e <strong>de</strong>vir.Quando refletimos sobre a História, as questões que nos movem estão<strong>de</strong>finidas e postas em nosso tempo. É com o propósito <strong>de</strong>compreendê-las ou enunciar algumas hipóteses para solucioná-las querecuamos ao passado para encontrar suas raízes. Esse exercício éfundamental para que possamos refletir sobre os processos que se<strong>de</strong>senrolam em torno <strong>de</strong>las, levando-nos a conhecer e reconhecercaminhos e visões diferentes dos nossos, mas que nos permitementen<strong>de</strong>r as razões que nos levaram a pensar <strong>de</strong>sta ou daquela forma.Relativizamos, assim, as nossas certezas e passamos a optar entre asmúltiplas possibilida<strong>de</strong>s que se apresentam no enfrentamento doproblema a ser resolvido. Desse modo, os processos sociais ganhammovimento e per<strong>de</strong>m a fixi<strong>de</strong>z que lhes é convencionalmente atribuída.(...)306


(...) Estudar a História <strong>de</strong> modo retrospectivo é sistematizarcuidadosamente as informações sobre o momento presente, para quese possa formular o problema a ser estudado, e assim recuar no tempoem busca da raiz da questão, refazendo seu caminho histórico. Essaformulação supõe um tema, por meio do qual empreen<strong>de</strong>mos umaviagem histórica, revisitando tempos e lugares em que os ancestraisviveram. Eu os verei pelo meu olhar e apreen<strong>de</strong>rei suas experiências,comparando os momentos que eles viveram com os que eu vivi, suassemelhanças e diferenças. O entendimento do presente e do homematual exige esse retorno. E o conhecimento advindo <strong>de</strong>sse processopossibilita não só compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> atual, mas tambémapren<strong>de</strong>r a pensar historicamente. Essa é a principal contribuição que oconhecimento histórico po<strong>de</strong> dar ao cidadão que busca na escola oaprendizado que o auxilie a viver e a participar da aventura humana.(...)”Anexo 2PONZIO, Ana Francisca. Ex-cangaceira narra morte <strong>de</strong> Lampião. Folha<strong>de</strong> S. Paulo, 30/7/1995.“Hoje dona Sila tem medo <strong>de</strong> cobra e sapo. Nem parece a cangaceiraque, há quase 60 anos, participou do bando <strong>de</strong> Lampião, o mito dascaatingas, misto <strong>de</strong> bandido e justiceiro, que morreu em umaemboscada em 1938.Costureira aposentada, Sila é viúva <strong>de</strong> Zé Sereno, homem <strong>de</strong> confiança<strong>de</strong> Lampião. Foi ele quem a seqüestrou, quando ela tinha 14 anos,para transformá-la em companheira e cangaceira.Os dois tiveram quatro filhos e ficaram juntos até que um enfarte omatou, em 1981. Na época, já viviam em São Paulo, para on<strong>de</strong> vieramem 1945, após a anistia concedida por Vargas aos cangaceirossobreviventes. (...)Na verda<strong>de</strong>, Sila é o apelido que Ilda Ribeiro <strong>de</strong> Souza ganhou nainfância. Nascida na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Poço Redondo, interior <strong>de</strong> Sergipe, erafilha <strong>de</strong> um fazen<strong>de</strong>iro. Com oito irmãos, ela per<strong>de</strong>u a mãe aos seisanos e o pai aos 13.Apren<strong>de</strong>u a costurar e a bordar – habilida<strong>de</strong> que continuou praticandono cangaço, durante os curtos períodos <strong>de</strong> trégua policial. Apesar daari<strong>de</strong>z do sertão, os cangaceiros gostavam <strong>de</strong> vestir roupas enfeitadas,além <strong>de</strong> usar jóias.Andar perfumado era outro hábito <strong>de</strong> homens e mulheres do cangaço.‘Ganhávamos perfumes estrangeiros dos fazen<strong>de</strong>iros que nosprotegiam. Banho era mais difícil, só tomávamos quando parávamosem algum lugar seguro.’Ao contrário do que já se disse, os homens do cangaço nãocosturavam. ‘Esta era uma tarefa das mulheres. Cozinhar, sim, eracostume dos cangaceiros’, diz Sila.Ela conta que teve um filho um ano após se juntar a Zé Sereno. ‘MariaBonita foi a parteira.’ Como não eram permitidas crianças no cangaço,307


Sila entregou o filho, que chamou <strong>de</strong> João do Mato, aos cuidados <strong>de</strong>conhecidos <strong>de</strong> sua família. Muitos anos <strong>de</strong>pois, ela soube que o bebêmorreu com poucos dias <strong>de</strong> vida. ‘Era uma vida sacrificada. Sócangaceiro agüentava, os soldados não.’Sila acompanhou o bando, ainda que contrariada com Zé Sereno portê-la raptado. No segundo dia <strong>de</strong> cangaço, após muita caminhada, elapresenciou o primeiro confronto entre o bando <strong>de</strong> Lampião e os mocas,ou macacos, como eram chamados os soldados. ‘Com o tempo, agente vai se acostumando com o que é bom e o que é ruim’, comentaSila, na casa em que mora com o filho mais novo, Wilson, no Butantã(zona oeste <strong>de</strong> SP).Sila nunca enten<strong>de</strong>u bem os porquês do cangaço. ‘Não havia muitotempo para conversa.’Contudo, ela guarda boas lembranças dos antigos companheiros.‘Éramos uma família. Todos eram iguais e as mulheres sempre forammuito respeitadas. Os soldados é que faziam barbarida<strong>de</strong>s e botavam aculpa em Lampião.’O rei do cangaço, afirma Sila, era calmo, leal, honesto, valente, tinhasenso <strong>de</strong> justiça e <strong>de</strong>spertava respeito. Já Maria Bonita, era maisespevitada, na opinião <strong>de</strong> Sila. ‘Sempre foi brincalhona.’Na noite anterior à tragédia que abateu o grupo <strong>de</strong> Lampião, emAngico, em Sergipe, Sila avisou Maria Bonita <strong>de</strong> que luzes estranhaspiscavam ao longe. ‘Ela disse que <strong>de</strong>viam ser vagalumes. Na verda<strong>de</strong>,eram os macacos, já posicionados para nos matar.’Boa corredora, Sila escapou ao cerco que matou Lampião, Maria Bonitae mais nove cangaceiros, cujas cabeças <strong>de</strong>cepadas foram exibidas emcida<strong>de</strong>s do Nor<strong>de</strong>ste. Alguns meses <strong>de</strong>pois, Sila e Zé Sereno ren<strong>de</strong>ramsepara enfrentar a legalida<strong>de</strong> no Sul do país. ‘Naquela época, nuncapensei que um dia relataria essa história.’O cangaço foi um movimento que ocorreu no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro entre ofim do século XIX e os anos 1940 <strong>de</strong>ste século e po<strong>de</strong> ser caracterizadopela ação violenta <strong>de</strong> sertanejos excluídos do sistema <strong>de</strong> mando dasoligarquias locais.O principal bando <strong>de</strong> cangaceiros foi o <strong>de</strong> Virgulino Ferreira da Silva, oLampião, surgido em 1921. O grupo matava e saqueava cida<strong>de</strong>s paradistribuir dinheiro aos pobres. Mais tar<strong>de</strong>, uniu-se a coronéis em troca<strong>de</strong> recompensas. Com a morte <strong>de</strong> Lampião, em 1938, o movimento foidizimado.As aventuras <strong>de</strong> Sila e Zé Sereno continuaram após a morte <strong>de</strong>Lampião e o fim do cangaço. De início, trabalharam em fazendas dointerior da Bahia. Explorados por jagunços, acabaram trabalhando <strong>de</strong>graça. ‘Deixavam <strong>de</strong> nos pagar não porque éramos ex-cangaceiros, masporque eram safados mesmo’, afirma Sila.Com o <strong>de</strong>senvolvimento industrial <strong>de</strong> São Paulo, o casal mudou-se paraa capital paulista. ‘Fiz um curso <strong>de</strong> corte e costura e meus bordados àmão fizeram sucesso. Trabalhei nas lojas Barulho da Lapa, no Mappin,fui enfermeira <strong>de</strong> uma senhora idosa, vendi filtros <strong>de</strong> ozônio’, relataSila.308


Nos anos 1970, enquanto Zé Sereno trabalhava como vigia <strong>de</strong> escolasinfantis, ela tornou-se costureira da TV Ban<strong>de</strong>irantes, chegando a fazeruma ponta na novela Os imigrantes. Quando a Re<strong>de</strong> Globo <strong>de</strong>cidiurealizar o seriado As últimas H <strong>de</strong> Lampião, Sila foi a principal fonte <strong>de</strong>informações da equipe <strong>de</strong> filmagens.Hoje, Sila <strong>de</strong>sperta respeito e curiosida<strong>de</strong>. Assediada por estudiosos,suas lembranças também serviram para que a coreógrafa Renata Melloencenasse, no ano passado, o premiado espetáculo Bonita Lampião,inspirado no cangaço.Sila diz que jamais faria tudo <strong>de</strong> novo. ‘É bom dormir com a cabeçatranqüila’.”Anexo 3a) HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras,1998, p. 41.“Consi<strong>de</strong>remos agora o problema muito mais complexo, ou seja, o doque a História nos po<strong>de</strong> dizer sobre socieda<strong>de</strong>s contemporâneas, namedida em que são totalmente distintas do passado; na medida emque não encontram prece<strong>de</strong>ntes. Não quero dizer apenas diferentes.A História, mesmo quando generaliza, sempre está atenta à<strong>de</strong>ssemelhança. A primeira lição que um historiador <strong>profissional</strong>apren<strong>de</strong> é ficar à espreita <strong>de</strong> anacronismos ou <strong>de</strong> diferenças naquiloque à primeira vista parece ser a mesma coisa (...) Seja como for, ahistoriografia tradicionalmente se <strong>de</strong>senvolveu a partir do registro <strong>de</strong>vidas e eventos específicos e irrepetíveis.”b) CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tábula rasa do passado? – Sobrea História e os historiadores. São Paulo: Editora Ática, 1995,pp. 64 a 69.“Enquanto a relação passado–presente está fundamentada sobre osilêncio, o ocultamento, o fechamento, o não-dito, a relação inversa,presente–passado, <strong>de</strong>ve estar explicitada, dita às claras e, portanto,politizada.(...) po<strong>de</strong>-se vislumbrar uma espécie <strong>de</strong> espiral, em cujo centro seencontra o observador interno do campo histórico. Essa espiral <strong>de</strong>slocaseem relação a ele à medida que o tempo se afasta, mas eleestabelece uma relação direta com cada ponto do passado,seletivamente, em função das preocupações <strong>de</strong> seu tempo. A relação<strong>de</strong> nosso tempo com cada era do passado é mais importante que arelação <strong>de</strong> cada era do passado com o resto do passado. Deixemos osmortos enterrar os mortos...”c) LÉVI-STRAUSS, Clau<strong>de</strong>. O pensamento selvagem. São Paulo:Editora Nacional, 1976, p. 294.“Não há história sem datas; para convencermo-nos disto, bastaconsi<strong>de</strong>rar como um aluno consegue apren<strong>de</strong>r a História: ele a reduz aum corpo <strong>de</strong>scarnado, do qual as datas formam o esqueleto. Não foi309


sem motivo que se reagiu contra esse método enfadonho, mas caindo,freqüentemente, no excesso inverso. Se as datas não são toda aHistória, nem o mais interessante da História, elas são aquilo na faltado qual a própria História <strong>de</strong>saparece, já que toda sua originalida<strong>de</strong> esua especificida<strong>de</strong> estão na apreensão da relação do antes e do<strong>de</strong>pois, que seria votada a dissolver-se, pelo menos virtualmente, seseus termos não pu<strong>de</strong>ssem ser datados.”Anexo 4Secretaria Municipal da Educação <strong>de</strong> São Paulo. Estudo do meio eoutras saídas para o ensino noturno. Teoria e prática. Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong>formação 4, 1992. (Texto adaptado)“O Estudo do meio e outras saídas para o noturnoA proposta teve a intenção <strong>de</strong> vivenciar uma metodologia <strong>de</strong> trabalhonuma abordagem interdisciplinar, em que a pesquisa <strong>de</strong> campo e aorganização do conhecimento fossem fundamentais para a análise darealida<strong>de</strong> vivida.Uma outra pretensão foi a <strong>de</strong> difundir o estudo do meio tão poucoutilizado no período noturno, e entendido por nós como relevante paraos jovens trabalhadores, pois possibilita ao educando:• construir conhecimento partindo da observação direta da realida<strong>de</strong>,que esse aluno tanto conhece na sua dimensão prática, para analisá-laem seus múltiplos aspectos <strong>de</strong> forma integrada, facilitando um estudointerdisciplinar e relacionado com o cotidiano;• perceber diversas fontes <strong>de</strong> informações diferenciadas que existem àdisposição, por meio da memória oral, <strong>de</strong> fatos, <strong>de</strong> edificações etc... edas quais ele po<strong>de</strong>rá fazer uso nas situações <strong>de</strong> seu trabalho, <strong>de</strong> seudia-a-dia e da sua vida;• ter oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivenciar uma ativida<strong>de</strong> escolar extraclasse, forado convencional, porém contextualizada no planejamento do trabalho<strong>de</strong> classe e do plano escolar;• vivenciar nessas ativida<strong>de</strong>s as dimensões do coletivo (trocas,reflexões conjuntas, cooperação, riquezas das diferenças etc...) e doindividual (responsabilida<strong>de</strong> diante da tarefa, respeito ante os colegas,os entrevistados e o meio pesquisado);• <strong>de</strong>smistificar falsos valores a partir da compreensão da sua realida<strong>de</strong>e conceber esse conhecimento como um instrumento para areconstrução da socieda<strong>de</strong>;• apropriar-se dos métodos <strong>de</strong> trabalho específico das diversas áreas,ressaltando o trabalho com documentação.São Paulo à noite – Praças como espaço <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e trabalho:transformações e permanênciasO centro velho <strong>de</strong> São Paulo, à noite, foi escolhido como local <strong>de</strong>pesquisa <strong>de</strong> campo. Consi<strong>de</strong>rou-se importante esse espaço porque: élocal <strong>de</strong> fácil acesso; é ponte <strong>de</strong> partida da construção da cida<strong>de</strong> eainda tem as marcas profundas <strong>de</strong>ssa história; é um espaço <strong>de</strong>trabalho e, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> passagem; é um local consi<strong>de</strong>rado310


como conhecido pela maioria das pessoas que mora na cida<strong>de</strong>, porémquase <strong>de</strong>sconhecido na sua vida noturna; a complexida<strong>de</strong> e adiversida<strong>de</strong> possíveis <strong>de</strong> serem analisadas em um centro urbanohistórico <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> metrópole só po<strong>de</strong>m ser melhorcompreendidas por meio <strong>de</strong> um estudo interdisciplinar, bem como viriaaten<strong>de</strong>r os objetivos específicos das áreas envolvidas (Português,Geografia, Ciências e História).A opção pelo estudo à noite <strong>de</strong>u-se porque os trabalhos com os alunos<strong>de</strong>veriam ser organizados em seu horário <strong>de</strong> aula. Sabemos que ascida<strong>de</strong>s possuem um movimento noturno próprio que é <strong>de</strong>manda dourbano e revela mecanismos ocultos do sistema que por vezes nosparecem marginais a ele, como, por exemplo, o processamento do lixopelos catadores <strong>de</strong> papel. À noite, a ausência <strong>de</strong> muitos estímulosvisuais e sonoros permite a melhor observação das informaçõescontidas nas edificações, calçamentos, praças etc.O levantamento preliminar do local permitiu:• reconhecer e <strong>de</strong>limitar o espaço que seria estudado – o centrohistórico <strong>de</strong> São Paulo – on<strong>de</strong> ainda permanecem alguns importantesmarcos históricos da cida<strong>de</strong> e valiosos acervos arquitetônicos eurbanísticos;• <strong>de</strong>terminar o percurso que seria feito pelo grupo na pesquisa <strong>de</strong>campo;• <strong>de</strong>terminar recortes <strong>de</strong> estudos e <strong>de</strong>finir as pessoas dos diferentessetores profissionais a serem entrevistadas.Decidimos pelo estudo dos papeleiros (catadores <strong>de</strong> papel) com orecorte da reciclagem <strong>de</strong> lixo; das praças como espaços <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r etrabalho; das relações e organização dos trabalhadores da noite(ambulantes, garçons, comerciantes, lojistas, advogados, engraxates,jornaleiros, taxistas, bancários, seguranças e policiais); a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Direito São Francisco, seus estudantes e sua história.Após esses levantamentos, partimos para outra etapa do planejamento,<strong>de</strong>finindo pontos da realida<strong>de</strong> visível a serem observados e elaborandoquestões a serem feitas nas entrevistas para <strong>de</strong>svelamento da cida<strong>de</strong>invisível: qual o papel da Praça da Sé hoje? O que ela representa para apopulação que ali passa ou trabalha? Quais os trabalhadores queconvivem nesse espaço? Como são as pessoas? O que choca? O que énatural? O que é permanência do passado? O que é atual? O que nãoexiste mais? Quais são as soluções urbanísticas? O que representa omarco zero? On<strong>de</strong> está a natureza? Como se percebe a violênciaurbana? O que falam as pessoas da Praça da Sé? Quais as linguagenspresentes no espaço urbano? Quais as imagens e os sentimentoscontidos nas falas das pessoas? Qual a fonte <strong>de</strong> energia que ilumina ocentro da cida<strong>de</strong> à noite? Há sinais <strong>de</strong> que em outros tempos a fonte<strong>de</strong> energia utilizada tenha sido outra? Quais são esses sinais? Há aprodução <strong>de</strong> o lixo? O que é feito com o lixo? Existe processo <strong>de</strong>reciclagem? Quais as relações entre políticas públicas urbanas e meioambiente?As várias áreas do conhecimento passaram a reunir material <strong>de</strong> apoioque permitissem a leitura <strong>de</strong>sse espaço, <strong>de</strong>ntro da abordagem própria<strong>de</strong> cada uma. Esse material viria a fazer parte do ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong> campo.”311


Anexo 5a) SOUZA, Herbert <strong>de</strong>. Em nome da Ética. Folha <strong>de</strong> S. Paulo,21/8/1994.“Eu tenho um credo. Acredito na <strong>de</strong>mocracia. Acredito na <strong>de</strong>mocraciacomo o único instrumento capaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às questões da integraçãosocial, do combate à pobreza e da geração <strong>de</strong> emprego. A <strong>de</strong>mocraciaé um valor ético, um conjunto <strong>de</strong> princípios éticos que precisam serperseguidos todo o tempo.O primeiro princípio é o da igualda<strong>de</strong>. Como este mundo é <strong>de</strong>sigual! Ospaíses são <strong>de</strong>siguais. Uns extremamente ricos, outros na indigência.Mas quem con<strong>de</strong>na a igualda<strong>de</strong>? Este é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio do mundomo<strong>de</strong>rno. Como fazer um mundo para toda a humanida<strong>de</strong>?O segundo princípio é o da diversida<strong>de</strong>. Nós queremos a igualda<strong>de</strong>,mas queremos também respeitar as diferenças. Igualda<strong>de</strong> e diferençapo<strong>de</strong>m vir juntas, porque toda a igualda<strong>de</strong> que elimina a diferençaacaba com a igualda<strong>de</strong>.Mas nós queremos também que isso seja construído por meio daparticipação, que é o terceiro princípio da <strong>de</strong>mocracia. Eu não queroreceber <strong>de</strong> graça, nem como dádiva, nem a minha liberda<strong>de</strong>, nem aminha igualda<strong>de</strong>. Eu quero que isso seja construído com a minhaparticipação.Democracia é a participação diária. Todos esses valores <strong>de</strong>vem serperpassados pelo sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. Nós queremos resgatara emoção <strong>de</strong> ser solidário. Democracia também se faz comsolidarieda<strong>de</strong>.Finalmente, a palavra que sempre inspirou os gran<strong>de</strong>s movimentos queé a liberda<strong>de</strong>. Não quero também que ninguém outorgue a minhaliberda<strong>de</strong>. Quero conquistar a minha liberda<strong>de</strong> por meio daparticipação. Todo homem e toda mulher precisam ser livres. Quantossão hoje realmente os cidadãos e cidadãs livres neste mundo? Somospoucos.Esses cinco princípios juntos constituem a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> tudo que nóstodos <strong>de</strong>vemos querer para a humanida<strong>de</strong> inteira. Como colocar osvalores da <strong>de</strong>mocracia como bússola <strong>de</strong> todas as ações, comoinspiração <strong>de</strong> uma nova estratégia mundial? (...)”b) LÉVI-STRAUSS, Clau<strong>de</strong>. O pensamento selvagem. São Paulo: EditoraNacional, 1976, p. 294.“(...) cada uma das <strong>de</strong>zenas, ou das centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong>socieda<strong>de</strong>s que coexistiram na Terra, ou que se suce<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ohomem nela fez sua aparição, se prevaleceu <strong>de</strong> uma certeza moral –semelhante à que po<strong>de</strong>mos, nós próprios, invocar – para proclamar quenela – fosse ela reduzida a um pequeno bando nôma<strong>de</strong>, ou a umlugarejo perdido no coração das florestas – se con<strong>de</strong>nsavam todos ossentidos e a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que é suscetível a vida humana.”312


FICHA TÉCNICAParâmetros em Ação – 5ª a 8ª sériesCoor<strong>de</strong>nação-GeralCélia Maria Carolino Pires, Maria Tereza Perez Soares e Nei<strong>de</strong> Nogueira.ElaboraçãoAntonia Terra <strong>de</strong> Calazans Fernan<strong>de</strong>s, Caio Martins Costa, Célia MariaCarolino Pires, Iveta Maria Borges Ávila Fernan<strong>de</strong>s, Luiza EsmeraldaFaustinoni, Maria Amábile Mansutti, Maria José Nóbrega, Maria TerezaPerez Soares, Maria Teresinha Figueiredo, Nei<strong>de</strong> Nogueira, RosaIavelberg, Ruy Cesar Pietropaolo e Sueli Ângelo Furlan.313


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