8 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012Especial Regresso às aulasconsciência <strong>de</strong> que em <strong>de</strong>terminadomomento po<strong>de</strong>rá ter um produtocom a mesma qualida<strong>de</strong>, mascom um preço mais baixo".Helena e Fátima, que pon<strong>de</strong>raramtudo isso nas suas compras, sólamentam que os preços dos manuaistenham aumentado este ano,num momento que se pe<strong>de</strong>m tantossacrifícios às famílias e em quese retiram cada vez mais apoios sociais.Aliás, um dos receios dasduas mães pren<strong>de</strong>u-se com a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> per<strong>de</strong>rem este ano oapoio do transporte escolar, o queteria inviabilizado qualquer gastocom férias. Tendo em conta que acâmara <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> optou por “<strong>de</strong>srespeitar”a Lei dos Compromissospara garantir o transporte e as refeiçõesescolares, Fátima marcou,à ultima hora, uma semana <strong>de</strong> férias,apesar <strong>de</strong> permanecer emcasa com o marido e os filhos.“Usufruo da sua companhia nestesúltimos dias, o que seria difícil setivesse <strong>de</strong> pagar tudo”, diz.Famílias gastammais este anoAs famílias portuguesas vão gastarmais este ano com o regresso às aulas,aumentando a média <strong>de</strong> custos<strong>de</strong> 499 para 507 euros. Aliás, acrise alterou substancialmente osplanos dos consumidores, que jápe<strong>de</strong>m mais livros emprestadosou em segunda mão, reduzem amesada dos filhos e preten<strong>de</strong>mrecorrer ao cartão <strong>de</strong> crédito parafazer face aos custos com as <strong>de</strong>spesasescolares. Estas são as conclusõesdo novo Observador Cetelem:Intenções <strong>de</strong> Compra dos Portuguesesno Regresso às Aulas, quecalculou esta <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> 507 eurosa partir <strong>de</strong> uma média <strong>de</strong> 1,32 filhospor casal – o que significa quecada aluno custa 384 euros. Nocaso <strong>de</strong> haver dois filhos a estudar,os custos sobem consi<strong>de</strong>ravelmente.Uma das consequências da reduçãodos orçamentos pren<strong>de</strong>-secom a procura <strong>de</strong> alternativas porparte dos pais. Este ano, os inquiridosmostram-se mais interessadosem adquirir livros escolares emsegunda mão (subiu <strong>de</strong> 11% para18%) e em pedir livros emprestados(subiu <strong>de</strong> 13% para 20%). Os paistambém compram menos em papelariase livrarias e mais em hipermercados,sendo que aumentoua procura na internet e emvenda directa. Outro dado importantedo estudo foi o modo <strong>de</strong> pagamento:30% dos portuguesesInvestimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60 mil eurosMarinha Gran<strong>de</strong> oferece livrosa todos os alunosA câmara da Marinha Gran<strong>de</strong> vaientregar, pelo terceiro anoconsecutivo, manuais escolares atodos os alunos do 1º ciclo doensino básico da re<strong>de</strong> pública doconcelho, num investimento <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 60 mil euros.Serão contempladas com estainiciativa cerca <strong>de</strong> 1.600 crianças,que receberão os manuais com aindicação <strong>de</strong> que terão <strong>de</strong>assegurar a sua conservação ebom estado, para que, no final doano lectivo, possam ser<strong>de</strong>volvidos e reutilizados no anoseguinte.Além <strong>de</strong> apoiar as famílias nummomento em que as <strong>de</strong>spesasaumentam, com esta medida amostraram vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar o cartão<strong>de</strong> crédito para pagarem ascompras no regresso às aulas, umaumento <strong>de</strong> 13,3% face a 2011.A percentagem <strong>de</strong> famílias quevão gastar entre 500 e 750 eurosaumentou 54%, apesar <strong>de</strong> ter baixadoa intenção <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> vestuário,calçado e equipamento <strong>de</strong><strong>de</strong>sporto, bem como artigos <strong>de</strong> informática,computadores e telemóveis.Para este aumento <strong>de</strong> custos,não é indiferente a subida do preçodos manuais escolares, queeste ano estão mais caros 2,6% emrelação ao ano passado, apesar <strong>de</strong>a Associação Portuguesa <strong>de</strong> EditoresLivreiros argumentar que aactualização ficou abaixo da inflacção.câmara preten<strong>de</strong> incutir nosalunos “o sentido <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong> e<strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres <strong>de</strong>cidadania”, sensibilizando-ospara cuidarem dos livros, paraque possam servir outros colegasno próximo ano”, explica CidáliaFerreira, vereadora da educação.Recor<strong>de</strong>-se que a lei obriga ascâmaras a apoiarem os alunosmais carenciados - dos escalões Ae B do abono <strong>de</strong> família - para aaquisição dos livros escolares,mas, neste caso, o município daMarinha Gran<strong>de</strong> vai mais longe, jáque oferece os manuais a todos osalunos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente doescalão a que pertencem.1.º ano5.º ano7.º ano10.º anoEstudo do MeioLíngua PortuguesaMatemática7,86 €7,71 €7,70 €Ciências da NaturezaEducação FísicaEducação Morale ReligiosaEducação MusicalEducação Visuale TecnológicaHistória e Geografia<strong>de</strong> PortugalLíngua EstrangeiraInglêsLíngua PortuguesaMatemática17,19 €16,03 €7,50 €16,53 €16,53 €16,94 €16,75 €16,86 €17,19 €Ciências eFísico-QuímicasCiências NaturaisEducação FísicaEducação Morale ReligiosaEducação TecnológicaEducação VisualGeografiaHistóriaLíngua Estrangeira IInglêsLíngua Estrangeira IIEspanholLíngua PortuguesaMatemática20,87 €21,36 €21,30 €7,50 €18,22 €19,81 €17,15 €20,24 €19,04 €22,97 €19,19 €19,83 €PortuguêsInglêsFilosofiaEducação FísicaHistória AMatemáticaAplicadaàs Ciências SociaisGeografia A26,33 €22,92 €22,92 €23,73 €27,96 €27,41 €26,47 €23,27 €141,52 € 227,87 € 177,74 €
<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012 9Estudar longe <strong>de</strong> casa aumenta <strong>de</strong>spesasFrequentar o superior custaem média cerca <strong>de</strong> 6000 eurosAlunos carenciadosIP <strong>Leiria</strong> reduzvalor daspropinasLur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong>lur<strong>de</strong>strinda<strong>de</strong>jl@gmail.com❚ Entrar na universida<strong>de</strong> representaum investimento cada vezmais elevado para as famílias portuguesas.Ao mesmo tempo quesão privadas <strong>de</strong> apoios sociais e sevêem confrontadas com mais dificulda<strong>de</strong>sresultantes da conjunturasócio-económica do País, <strong>de</strong>param-secom o aumento <strong>de</strong> preçosdos manuais e material escolar,alojamento e alimentação. De acordocom dois estudos sobre O Custodos Estudantes no Ensino SuperiorPortuguês, o valor médio poraluno no ensino superior situa-seentre os 5613 euros e os 6624 euros.Para os alunos que optaram peloensino privado, as <strong>de</strong>spesas po<strong>de</strong>mascen<strong>de</strong>r aos nove mil euros.Nestes custos, contabilizam-se propinase outras taxas, livros e fotocópias,assim como a dormida, alimentação,transportes e até o telemóvel.O primeiro estudo faz a caracterizaçãoda situação económica dosestudantes em 2010/11, comparando-ocom os indicadores <strong>de</strong>2004/05 resultantes <strong>de</strong> um relatórioda autoria <strong>de</strong> Belmiro Cabrito,on<strong>de</strong> se concluiu que as famíliasgastam mais do que o Estado parater um filho a estudar no superior,uma tendência que se tem acentuado<strong>de</strong> ano para ano. Um indicadorque revela não só a diminuiçãodos apoios sociais às famílias,como o aumento <strong>de</strong> custospara a frequência do ensino superior.Vejamos: o que o Estado teminvestido por aluno <strong>de</strong>sceu <strong>de</strong> 4551euros (em 2004/2005) para 3601euros (em 2010/11), enquanto oque as famílias gastam aumentou.Em 2004/2005 foram <strong>de</strong>spendidos5310 euros, enquanto em2010/2011 esse valor subiu para5841.As <strong>de</strong>spesas com o alojamento ea alimentação representam a maiorfatia dos custos no ensino superior,sobretudo, se os alunos tiverem <strong>de</strong>ficar longe <strong>de</strong> casa dos pais. InêsCor<strong>de</strong>iro, 19 anos, que estuda no 2ºLegenda da fotoano <strong>de</strong> Engenharia Biológica noInstituto Superior Técnico, em Lisboa,paga por um estúdio na Rua daGraça, 450 euros. Revela que, nãosendo barato, foi uma “excelentesolução”, tendo em conta a sualocalização. Admite, contudo, quea ajuda dos pais, ele engenheiro eela professora universitária, é <strong>de</strong>terminante,reconhecendo que“nem todos os alunos po<strong>de</strong>rão pagareste valor”, apesar <strong>de</strong> em Lisboao alojamento ser muito caro.No seu caso, as refeições são feitasem casa, pelo que os gastos quetem se pren<strong>de</strong>m, “apenas, com asRICARDO GRAÇA<strong>de</strong>slocações <strong>de</strong> carro, entre <strong>Leiria</strong>e Lisboa, com a matéria-primapara a comida que confecciona ecom as propinas, livros e materialescolar”. Mesmo assim, diz, gastamais <strong>de</strong> 700 euros por mês.Os gastos dos alunos variamtambém consoante a cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong>as instituições <strong>de</strong> ensino estão localizadas,tendo em conta até a exploraçãoimobiliária. O facto <strong>de</strong> oInstituto Politécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> (IP<strong>Leiria</strong>), do ISLA e do ISDOM, estasúltimas privadas, se localizarem nodistrito reduz substancialmenteas <strong>de</strong>spesas das famílias em relaçãoao que acontece, por exemplo emLisboa, Porto ou Coimbra. <strong>Leiria</strong>,Caldas da Rainha, Peniche e MarinhaGran<strong>de</strong> são cida<strong>de</strong>s com umcusto <strong>de</strong> vida mais acessível, relativamenteaos gran<strong>de</strong>s centros urbanos.O IP <strong>Leiria</strong> tem disponíveis oitoresidências <strong>de</strong> estudantes (quatroem <strong>Leiria</strong>, duas nas Caldas da Rainhae duas em Peniche), com 741camas. Os alunos bolseiros pagamuma mensalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 73euros (mais taxa <strong>de</strong> energia). Paraos estudantes que não têm acessoa bolsa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que existam vagas,o preço não será subsidiado mas éigualmente acessível.Pedidos <strong>de</strong> apoio aumentam,mas bolsas diminuemAs dficulda<strong>de</strong>s que as famíliasatravessam têm levado ao aumentodo pedido <strong>de</strong> apoio, mas a emissão<strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudo tem diminuídoem todo o País. Em2010/2011, 28.6% dos alunos quefrequentavam instituições <strong>de</strong> ensinosuperior eram bolseiros, umapercentagem inferior à verificadaem 2004/05 (34.8%). No IP <strong>Leiria</strong>,dos 3.888 estudantes candidatos abolsa <strong>de</strong> estudo no ano lectivo2011/2012, 2.308 viram a sua bolsaaprovada. Para colmatar as dificulda<strong>de</strong>sdas famílias que nos últimosanos tem aumentado os seuspedidos <strong>de</strong> apoio, o IP <strong>Leiria</strong> formalizou,no final <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong>2011, a criação do Fundo <strong>de</strong> ApoioSocial ao Estudante (FASE), dirigidoaos estudantes carenciados. Noprimeiro semestre <strong>de</strong> 2012, beneficiaram<strong>de</strong> apoios cerca <strong>de</strong> 130 estudantes,mas, <strong>de</strong> acordo a projecçãopara este ano, estima-seque o fundo possa atingir valoresos 110 mil euros e os 115 mil euros,ou seja, cerca <strong>de</strong> 1% das propinas.Existem, também, refeições a preçosacessíveis, tendo sido estabelecidoum valor para a senha <strong>de</strong> estudante,sendo que a pré-compradacusta apenas 2,40 euros, um valorbastante inferior ao custo realda refeição, que é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> quatroeuros.❚ O estudo realizado pela Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>I&D em Educação e Formação doInstituto da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboaconcluiu que os alunos dos politécnicosforam os que revelaram maioresdificulda<strong>de</strong>s no contexto dos estudantesdo ensino superior. JoséManuel Silva, vice-presi<strong>de</strong>nte do InstitutoPolitécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> (IP <strong>Leiria</strong>),confirma esta realida<strong>de</strong>, argumentandoque tal se <strong>de</strong>ve à matriz sócioeconómica<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos alunos”e não ao facto <strong>de</strong> os custos dospolitécnicos serem mais elevados,Consciente do momento social eeconómico que o País atravessa, o responsávelreconhece, contudo, “oenorme esforço da famílias dos alunosdo IP <strong>Leiria</strong>”, que tem, aliás, sidoacompanhado <strong>de</strong> algumas medidaspor parte do próprio Instituto, que setraduzem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, pela reduçãodo preço das propinas <strong>de</strong> alguns cursos.De facto, a realida<strong>de</strong> do IP <strong>Leiria</strong>será diferente da maioria das instituições<strong>de</strong> ensino superior do País. Assim,enquanto as licenciaturas (1.º ciclo)se mantêm no valor actual <strong>de</strong>999,71 euros, as propinas dos mestradosvão variar entre os 999,71 euros(formação <strong>de</strong> professores e engenharias),os 1.100 euros (maioria doscursos) e os 2.000 euros (apenas paraa área da saú<strong>de</strong>). Será uma redução <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 25% em relação ao ano anterior,o que para as famílias representauma excelente ajuda, como revelouJosé Matias, pai <strong>de</strong> uma alunaque frequenta o mestrado na área dasCiências Sociais.Para os alunos que apresentem dificulda<strong>de</strong>sno pagamento das propinas,o IP <strong>Leiria</strong> prevê, no seu RegulamentoGeral da Formação Graduadae Pós-graduada, o pagamento faseado.Mesmo assim, com o agravamentoda crise económica e as dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns estudantes emcumprir o plano estabelecido, “existea possibilida<strong>de</strong> da sua reformulação<strong>de</strong> forma a a<strong>de</strong>quá-lo às capacida<strong>de</strong>sfinanceiras do estudante e do seuagregado familiar”, explica José ManuelSilva, lembrando que em finais<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong>ste ano, o IP <strong>Leiria</strong> tinha447 estudantes em situação <strong>de</strong> incumprimentonum universo <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 10 mil alunos.PUBLICIDADEConnoscoo Regresso às Aulasé Sempre mais Barato!!...Serviços Base:FlyersCartões <strong>de</strong> VisitaFotocópiasEnca<strong>de</strong>rnação