38 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012CurtasEstilhaços Um espaço <strong>de</strong> curtasno José Lúcio da Silva❚ Um dia <strong>de</strong>dicado às curtas metragens visuais,sonoras, cinematográficas e performativas que, aolongo do dia, se suce<strong>de</strong>m e fun<strong>de</strong>m, no espaço doTeatro José Lúcio da Silva (TJLS), em <strong>Leiria</strong>, é o quepromete o evento Estilhaços, para dia 30 <strong>de</strong>Setembro. “Peça após peça, bloco sobre bloco,<strong>de</strong>sfragmentando e reor<strong>de</strong>nando, assim surge oEstilhaços”, explica Catarina Mame<strong>de</strong> da ecO,associação cultural que, neste iniciativa,se une à Fa<strong>de</strong> In – Associação <strong>de</strong> AcçãoCultural juntando esforços paraapresentar um programa diversificado<strong>de</strong> showcases, curtas, ficção e animaçãoentre outras intervenções. O Estilhaçosacontece entre as 10:30 e as 23:30 horas.Apresentação Juncal: 450 anos<strong>de</strong> freguesia em livro❚ Um ano <strong>de</strong>pois das celebrações dos 450 anos dacriação da freguesia <strong>de</strong> Juncal, Porto <strong>de</strong> Mós, acomissão organizadora da comemoração anuncia aapresentação <strong>de</strong> um livro que inclui váriosmomentos dos eventos levados a cabo no programa<strong>de</strong> aniversário. Em Juncal: 450 anos <strong>de</strong> freguesia,po<strong>de</strong>m ser encontrados os textos <strong>de</strong> todas astertúlias e a transcrição da conferência proferidapelo historiador Saul António Gomes, váriosdocumentos até agora ainda não publicados,relatos e fotos das várias iniciativas levadas a cabonaquela vila conhecida pela sua loiça e azulejaria.A apresentação está marcada para 22 <strong>de</strong>Setembro, pelas 21 horas, na Escola <strong>de</strong> Música <strong>de</strong>Juncal.Estreia Linhas <strong>de</strong> Wellington passapor Veneza, Toronto e Nova Iorque❚ Linhas <strong>de</strong> Wellington, co-produção portuguesa efrancesa, filmada entre Torres Vedras e Óbidostem presença marcada em vários festivais <strong>de</strong>cinema. I<strong>de</strong>alizada por Raúl Ruiz, o realizador dopremiado Mistérios <strong>de</strong> Lisboa, e concluído por suamulher, Valeria Sarmiento, <strong>de</strong>poisdo falecimento do cineasta chileno no anopassado, esta longa metragem que conta no elencocom o premiado actor norte-americano JohnMalkovich e vários actores nacionais, foiproduzida por Paulo Branco, e estreou no Festival<strong>de</strong> Veneza na terça-feira, estando prevista a suapresença em Toronto, San Sebastián e NovaIorque. O filme chega aos cinemas portugueses a 4<strong>de</strong> Outubro.ARQUIVO/JLForal <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>re<strong>de</strong>scobertoO historiador Saul António Gomes, da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, acaba <strong>de</strong>“re<strong>de</strong>scobrir” o documento original do ForalManuelino <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1510, dado emSantarém. “Estou a <strong>de</strong>senvolver esforços, comalgumas pessoas e investigadores amigos, emor<strong>de</strong>m a po<strong>de</strong>r ace<strong>de</strong>r a todo o códice”, explica oinvestigador. Até à sua re<strong>de</strong>scoberta recente,julgava-se perdido qualquer exemplar <strong>de</strong>stemanuscrito. Segundo Saul António Gomes, para osanais leirienses, este é “um acontecimentohistoriográfico e patrimonial bibliográfico <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> significado”. O documento está emexcelente estado <strong>de</strong> conservação, em especial asua portada iluminada on<strong>de</strong> domina o ouro. Naeclíptica das esferas armilares lê-se 1510. O brasãoreal toca uma linha ver<strong>de</strong>jante que recorda oPinhal <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. Será agora levado a cabo umestudo codicológico, paleográfico e histórico docódice. Nas primeiras linhas do documento, po<strong>de</strong>seler: “Dom Manuel per graça <strong>de</strong> Deus Rey <strong>de</strong>Portugual e dos Algarves daquem e dalem mar emAfrica, senhor <strong>de</strong> Guine e da conquista enavegaçam e comercio d'Eteopia, Arabia, Persia eda Imdia.”Bom InvernoJoão Tordo noPrémio Literário Europeu❚ João Tordo, com a edição francesa <strong>de</strong> O BomInverno (Le Bon Hiver), publicado pela Actes Sud, éo único escritor português presente entre osfinalistas da 6.ª Edição do Prémio LiterárioEuropeu, cujo vencedor será anunciado, emBruxelas, a 5 <strong>de</strong> Dezembro. Editado pela DomQuixote em Agosto <strong>de</strong> 2011, o livro <strong>de</strong>steescritor e formador <strong>de</strong> escrita criativa, conta ahistória <strong>de</strong> um narrador frustrado ehipocondríaco que se <strong>de</strong>sloca a Budapeste,Hungria, conhece um escritor italiano que oconvence a ir consigo até Sabaudia, em Itália,on<strong>de</strong> o famoso produtor <strong>de</strong> cinema, DomMetzger, reúne convidados excêntricos numa casano meio <strong>de</strong> um bosque. Suspense, amor e literaturamisturam-se com sexo, crime e metafísica.InformaçãoSPA divulgaautores nacionaisno MundoA Socieda<strong>de</strong> Portuguesa <strong>de</strong> Autores (SPA) vai divulgar o trabalho<strong>de</strong> autores portugueses no Mundo através da criação <strong>de</strong> umarubrica <strong>de</strong>stinada a divulgar a activida<strong>de</strong> dos autores portugueses,em particular dos que são cooperadores da SPA, fora <strong>de</strong> Portugal.A iniciativa, <strong>de</strong>signada Autores Portugueses no Mundo, serálevada a cabo junto dos espaços <strong>de</strong> informação ecomunicação, e ainda na revista Autores, da SPA e temcomo objectivo colocar em <strong>de</strong>staque os prémios egalardões recebidos por escritores,realizadores e artistas.
<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012 39Almanaque"Se calharamo-teCarlos Ribeiro Mota director do CCC <strong>de</strong> Caldas da Rainha“Se fosse artista, gostaria <strong>de</strong> serjoalheiro”❚ Se fosse artista, o que seria?JoalheiroO trabalho/projecto que mais gosto lhe <strong>de</strong>u fazerO Festival <strong>de</strong> Teatro Gil Vicente – Edições Ca<strong>de</strong>rnosVicenteO espectáculo, concerto ou exposição que mais lheficou na memóriaO Projecto Pictural Slav Epic, <strong>de</strong> Alfons Mucha(simplesmente magistral)O livro da sua vidaThe Intelligent Universe – Fred HoyleUm filme inesquecívelNas Asas do Desejo, <strong>de</strong> Wim Wen<strong>de</strong>rsSe tivesse <strong>de</strong> escolher uma banda sonora para si,qual seriaMerry Christmas Mr. Lawrence – Ryuichi SakamotoUm artista que gostaria <strong>de</strong> ter visto no CCCBjörkUma viagem inevitávelIlha do Pico - AçoresUm vício que gostava <strong>de</strong> não terLevantar cedoUm luxoComer cerejas ao luar em cima da cerejeiraUma personalida<strong>de</strong> que admiraEduardo LourençoUma actriz que gostasse <strong>de</strong> levar a jantarJuliette BinocheUm restaurante da regiãoTonico, na praia <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> VitóriaUm prato <strong>de</strong> eleiçãoChicharos com BacalhauUm refúgio (no distrito)A Serra dos Can<strong>de</strong>eirosUm sonho para Caldas da RainhaQue a cida<strong>de</strong> seja o centro cívico, cultural, termal,artístico, industrial e comercial <strong>de</strong> referência para aregiãoNas Asas do Desejo, <strong>de</strong> Wim Wen<strong>de</strong>rsMesa <strong>de</strong>CabeceiraCarlosMartinsJulietteBinocheMerry Christmas Mr. Lawrence– com música <strong>de</strong> RyuichiSakamoto❚ Descobri quando me foiproposto escrever aqui quetenho um problema com apalavra cultura. Não sei bem oque é, parece-me que estáligada, muito <strong>de</strong> próximo, comcriativida<strong>de</strong> e isso já lhe sei ogosto, consigo vê-la todos osdias. E toco-lhe. Está em todo olado, mal saio <strong>de</strong> casa e já avizinha escolhe as palavras quelá bem enten<strong>de</strong> para me dizerque vai estar calor hoje, ela estáa criar só para mim e para ela e ébonito não saber o resultadofinal, é sempre parecido mas ésempre diferente. Uma pequenapeça <strong>de</strong> elevador. Dura 30segundos, tem regras e acho queme faz sentir parte <strong>de</strong> algo quenão é meu mas que tem umbocado <strong>de</strong> mim. Sei as <strong>de</strong>ixastodas, dou-as e dou-as bem,normalizo-as com o tempo, façoparte mas não sei <strong>de</strong> quê.Habituei-me, ganhei tiques,aculturei-me. Depois <strong>de</strong> pensarnisto pensei mais um bocado.Aculturei-me. Faço parte <strong>de</strong>.A criação estonteante,permanente, tudo igual mastudo diferente, aespontaneida<strong>de</strong> rotineira quetem sempre um <strong>de</strong>slize na acção,o punctum que rasga a matrizmas passa <strong>de</strong>spercebido. O<strong>de</strong>stino dum acontecimento écriado pela escolha criativa <strong>de</strong><strong>de</strong>masiados factores.A cultura, dizia eu, é que não asei. Muito provavelmente porfalta <strong>de</strong> perspectiva ou por estar<strong>de</strong>masiado ocupado ementorpecer os meus olhos. Amaior parte das vezes soucobar<strong>de</strong>, bicho da conta comcerveja morna e ansiolíticos emcatadupa. Devo fazer parte <strong>de</strong>alguma coisa. Falo português, seitiques <strong>de</strong> Portugal, canto jogoscom palavras como se isso fossealguma coisa <strong>de</strong> especial e andoàs voltas com porquês <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quesei dizer porquês. Depoisadormeço isso tudo, <strong>de</strong>vo daruns gritos mudos, <strong>de</strong>primo emnão te ver e a barba continua acrescer como quem diz: "um dia<strong>de</strong>stes é amanhã mas vai serigualzinho a hoje". Tu continuasnão aqui, a barba vem, o cabelovai e este texto rimou mais vezesdo que era expectável. Mas foisem querer. Se calhar amo-te.Não sei se por cultura se porcriativida<strong>de</strong>. Se é por causa dashormonas <strong>de</strong>sisto. E é assim queum texto <strong>de</strong>scamba Mata Ratosstyle. Abre-se o filtro à criação,entrega-se a cultura à distracçãoe faça o favor <strong>de</strong> entrar que hojevale tudo. Pela rua abaixo iremostodos cultos e incautos."músico