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16 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 6 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2012Socieda<strong>de</strong>Mais <strong>de</strong> seis mil hectaresreduzidos a cinzas em OurémChamas Do total <strong>de</strong> 416 quilómetros quadrados que constituem o território <strong>de</strong> Ourém, 49% éterreno florestal. O incêndio consumiu mais <strong>de</strong> um quarto <strong>de</strong>sta áreaElisabete Cruzelisabete.cruz@jornal<strong>de</strong>leiria.ptRICARDO GRAÇA❚ Durante três dias as chamas consumiram6.715 hectares <strong>de</strong> mato e florestaem Ourém, <strong>de</strong>ixando um rasto<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição e cobrindo <strong>de</strong> cinzentoas freguesias do norte do concelho.O incêndio começou no domingo,perto da hora do almoço, no lugar <strong>de</strong>Ribeira do Fárrio e queimou o equivalentea seis mil campos <strong>de</strong> futebol.Segundo informações do Sistema<strong>de</strong> Informação Europeu <strong>de</strong> IncêndiosFlorestais, calculadas através <strong>de</strong> análise<strong>de</strong> satélite, durante três dias ar<strong>de</strong>ramem toda a região 7372 hectaresem Ourém, Alvaiázere, Bombarral,<strong>Leiria</strong>, Figueiró dos Vinhos e Porto<strong>de</strong> Mós.O cenário mais dramático viveu--se em Ourém, on<strong>de</strong> morreu umapessoa, verificou-se a queda <strong>de</strong> umhelicóptero pesado, que combatiaas chamas, e uma empresa <strong>de</strong> plásticosficou totalmente <strong>de</strong>struída.Faustino Santos, 57 anos, era proprietário<strong>de</strong> um aviário no lugar <strong>de</strong>Resouro, freguesia da Urqueira. Nodomingo, morreu carbonizado a tentarsalvar a exploração. A vítima foi fecharo <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> gás, para evitaruma eventual explosão. Não conseguiufugir ao rápido avanço do fogo.Durante toda a noite o homem foiprocurado por familiares. Foi encontradodurante a madrugada.Já na segunda-feira, um helicópterobombar<strong>de</strong>iro Kamov caiu juntodo parque <strong>de</strong> merendas <strong>de</strong> Espite, aolado da lagoa, quando estava emmanobras para abastecer. Os doisocupantes conseguiram sair pelo seupé, mas foram encaminhados para ohospital por uma questão <strong>de</strong> precaução.O fogo consumiu duas casas <strong>de</strong>habitação permanente e algumas<strong>de</strong>volutas, <strong>de</strong>struindo ainda umaempresa <strong>de</strong> plásticos na qual trabalhavamalgumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoas.“É uma vergonha. Deixaramar<strong>de</strong>r a fábrica. Eram 5 da manhãquando o fogo chegou e nenhumbombeiro esteve aqui para ajudar asalvar a empresa”, <strong>de</strong>sabafava revoltadauma popular, que vive juntoà Urcaplas, que ficou totalmente<strong>de</strong>struída.“É lamentável. Os bombeiros <strong>de</strong>ixamo fogo andar. Só se preocupamem proteger as casas. A Urcaplasproduzia uma das melhores tubagensdo mundo”, acrescentou MafaldaSimões, que lembrava o fogo<strong>de</strong> há cinco anos. “É mais uma tragédiapara o nosso concelho.”MatasCercalEspiteGon<strong>de</strong>mariaAtouguiaFátimaRibeiradoFárrioCasaldosBernardosFreixiandaUrqueiraRio<strong>de</strong> CourosOlivalN.ª Sr.ªdaPieda<strong>de</strong>N.ª Sr.ªdasMisericórdiasCaxariasBeiçaAlburitelFormigas530bombeirosmais <strong>de</strong> 530 homens <strong>de</strong>corporações <strong>de</strong> vários pontos do país150veículosmais <strong>de</strong> 150 veículos <strong>de</strong> combateaos incêndios e apoio às operações3meios aéreosem simultâneo chegaram a actuartrês meios aéreos6.400hectareso incêndio consumiu 6.400 ha dos41.600 que constituem o concelhoDesespero e entre-ajudaDurante dois dias, os focos <strong>de</strong> incêndioque apareciam em vários locais,ajudados pelas projecções enviadaspelo vento não <strong>de</strong>ixaram ninguémdormir. Na al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Formigal, emMatas, a noite <strong>de</strong> segunda-feira foipassada à porta <strong>de</strong> casa. “O fogo andouaqui à volta. Chegou a queimarcurrais”, contava um dos populares,ao mesmo tempo que procurava ajudara travar o avanço das chamas comenxadas e ramos <strong>de</strong> eucalipto.O <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> quem vê o fogoavançar para a sua residência é in<strong>de</strong>scritível.De mãos na cabeça, MariaFátima Moura não sabia o que dizernem fazer. Tentava conter as lágrimas,ao mesmo tempo que a filhae um grupo <strong>de</strong> amigos esperavam queo incêndio saísse do mato em direcçãoà casa para aí o po<strong>de</strong>rem travar,em Barrocaria, freguesia do Olival.Quando as labaredas surgiram domeio do mato, <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> pessoasatacaram o fogo com o que tinham àmão, impedindo o rápido avançodas chamas até à chegada dos bom-beiros. Mas nem aí abandonaram ocombate, colocando-se ao lado dosbombeiros. Uma entre-ajuda espontâneavista em todos os lugares fustigadospelos incêndios.“É toda uma vida <strong>de</strong> trabalho. É umcenário que mete medo. Já molhei opátio, mas estou muito assustada. Éuma tristeza assistir a isto. Nuncapensei que o fogo chegasse aqui ecom tanta rapi<strong>de</strong>z”, <strong>de</strong>sabafava Maria<strong>de</strong> Fátima Moura, com o olhar fixonas chamas e nos bombeiros.Pouco <strong>de</strong>pois, na Ribeira do Fárrio,o exército era chamado. Dezenas <strong>de</strong>militares avançaram com uma máquinacontra o fogo, impedindo-o <strong>de</strong>progredir no terreno. A poucos quilómetros,no concelho <strong>de</strong> Alvaiázere,a freguesia <strong>de</strong> Maçãs D. Maria preocupavaas corporações. Dezenas <strong>de</strong>pessoas temiam pelas suas casas noslugares <strong>de</strong> Casalinho, Várzea da Amarelae Arega. A noite já ia alta, masmuitas horas ainda estavam pelafrente para as centenas <strong>de</strong> bombeiros,que só na terça-feira, dominaram estesincêndios.

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