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Jornal de Leiria 6 de Setembro de 2012 15PUBLICIDADEHá 27 anos a liderar a Câmara de CaldasUm político orgulhosoCom 62 anos, Fernando Costaconta já com mais de 40 anosdedicados à actividade política,como deputado na Assembleiada República, membro daAssembleia Municipal de Caldasda Rainha e presidente dessaautarquia, que lidera há 27 anos.Diz não sentir “qualquervergonha em fazer política” econfessa que o cargo que mais opreencheu foi o ser presidentede câmara. Natural da localidadede Olivais, em Leiria, frequentouo seminário durante os trêsanos.A carreira do pai, polícia deprofissão, levou-o para Caldas daRainha, onde começou portrabalhar na câmara comoadministrativo. Acabaria porsuspender a actividade naautarquia para se licenciarem Direito.Depois de uma experiência comoprofessor no liceu de Caldas daRainha (hoje Escola SecundáriaRaul Proença), foi eleitodeputado à Assembleia daRepública, em 1976, cargo quedesempenhou durante dez anos.Em 1985, foi eleito presidente daCâmara de Caldas da Rainha,onde se mantém há 27 anos.gerir bem os impostos que os munícipespagam. Os munícipes nãopodem pagar impostos para as câmarasgastarem em festivais degosto duvidoso ou em provas desportivassem aceitação da população.Não faz sentido promoverespectáculos quando depois nãohá dinheiro para ter as escolas afuncionar. O meu orgulho comoautarca não é fazer muita obra,mas pôr as pessoas a pagar menosà câmara. Em Caldas da Rainha,uma família paga, em média, menosmil euros por ano em água,IMI, recolha de lixo e transportesdo que nos concelhos vizinhos.Tendo em conta a polémica quetem havido em torno da agregaçãode freguesias, não lhe pareceum pouco utópico avançar para afusão de municípios?Essa agregação será inevitável.Dentro de um ou dois mandatosgrande parte das câmaras estará nafalência. O Estado não tem dinheiropara dar às câmaras e estasnão conseguem sustentar as máquinasavassaladoras que têm. CastroMarim, Alcoutim e Vila Real deSanto António estão a iniciar umprojecto de fusão. Se três câmarasse juntarem, pode haver uma poupançaentre um a quatro milhõesde euros só no funcionamento domunicípio. Se essa poupança se reflectirnuma redução de custospara a população, esta poderá aceitara fusão. Foi fácil fazer obra ecriar serviços, mas será muito difícilmanter as câmaras com as estruturasactuais em termos de serviços,equipamentos, funcionários,assessores e boys dos partidos.Isso vai acabar porque não há dinheiro.A Câmara das Caldas funcionacom três chefes de divisão esem qualquer director de departamento.Conheço uma autarquiacom metade da dimensão de Caldasda Rainha que tem 30 chefes dedivisão. Se as pessoas soubessemos gastos supérfluos que há em algumascâmaras, com pessoas quenão fazem nada, corriam os presidentesdo gabinete.Como viu a posição da Câmara deLeiria que rompeu com a Lei dosCompromissos para garantir oinício do arranque do ano lectivo?Não gostava de falar desse casoparticular. Esse é um problemadas câmaras com muitas dívidas.A culpa não é da Lei dos Compromissos,mas das câmaras que estãocheias de dívidas e que não pagamaos fornecedores. A Lei dosCompromissos está a ser usadacomo desculpa. Se não tivessedinheiro para pagar as refeiçõesescolares, não ia contratar espectáculosou fazer obras, porque ofuncionamento das escolas é primordial.Concordo em 90% com aLei dos Compromissos, que vemcom 20 anos de atraso. Se a leiexistisse há mais tempo, o endividamentopúblico não seria tãogrande e alguns teriam ido pararà prisão. Portugal andou em desvariopor não haver controlo financeiro.Reconheço que a leitem alguns aspectos de execuçãodifíceis, mas é preciso pôr ordemnesta pouca vergonha como o dinheiropúblico tem sido gasto.Em 2013 abandonará a câmara deCaldas de Rainha ao fim de 28anos de mandato. Qual a obra ouprojecto de que mais se orgulha?A Escola Superior de Arte e Design,apesar de ter sido uma obra do Estadoe do Instituto Politécnico,para a qual a câmara também contribuiu.Orgulho-me ainda de teruma cobertura de 100% no abastecimentode água e de 90% no saneamentoe da construção do centrocultural.E qual considera ter sido o maiorerro da sua gestão autárquica?Talvez a construção de cinco piscinas.Hoje só fazia três. Voltaria afazer grande parte do que fiz, mashavia coisas que faria de forma diferente,porque as ideias e os conceitosmudaram. Há 40 anos, aspessoas de Caldas bateram palmasquando se construiu um edifíciode 11 pisos. Hoje, as perspectivassão outras.