PNE 2030 - EPE

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98Plano Nacional de Energia 2030Nesse contexto, muitos defendem que a base da expansão da oferta de energia elétrica no Brasil seja,mesmo em uma perspectiva de longo prazo, a hidreletricidade (TOLMASQUIM, 2005; ANEEL, 2006; SANTOS,[s.d.]). O Brasil detém 10% dos recursos hídricos mundiais, liderando o ranking dos países com esse potencial(D’ARAUJO apud FAO-UN, 2003). Ressalta ainda Tolmasquim (2005) que “o desenvolvimento do potencialhidráulico de um país está relacionado com seu desenvolvimento econômico. (...) De uma forma geral, paíseseconomicamente desenvolvidos apresentam uma taxa de aproveitamento de seu potencial hidráulico bastantesuperior à dos países em desenvolvimento”. Com efeito, são notáveis as taxas de aproveitamento que apresentamFrança, Alemanha, Japão, Noruega, Estados Unidos e Suécia em contraste com as baixas taxas observadaem países da África, Ásia e América do Sul – nesta, com exceção do Brasil. A Figura 2 ilustra o exposto.Figura 2 – Potencial hidrelétrico aproveitado em países selecionados% do potencial tecnicamente aproveitávelCongoIndonésia14Peru6Rússia11ChinaColômbia1618em construção ou já licitadoÍndia21BRASILCanadá26,64,537Itália45Suécia55Estados UnidosNoruega6061Japão64Alemanha83França1000 20 40 60 80 100Nota: (a) Baseado em dados do World Energy Council, considerando usinas em operação e em construção, ao final de 1999. (b) Para o Brasil,dados do Balanço Energético Nacional, EPE, referentes a dezembro de 2004. (c) Os países selecionados detêm 2/3 do potencial hidráulicodesenvolvido do mundo. (d) O potencial tecnicamente aproveitável corresponde a cerca de 35% do potencial teórico médio mundial.Fonte: EPE.Empresa de Pesquisa Energética

Geração Hidrelétrica99Porém, deve-se reconhecer que é grande o impacto sócio-ambiental da hidreletricidade, especialmenteno caso de aproveitamentos de maior porte. As restrições ambientais são crescentes. Além disso, no caso brasileiro,há a questão da distância do potencial remanescente (ainda não aproveitado) para os grandes centrosde consumo, o que tende a exercer pressões altas sobre os custos de produção. Assim, a expansão hidrelétricadeverá requerer cada vez maiores cuidados.Contudo, se for considerada relevante a questão de emissões atmosféricas, as vantagens da geração hidrelétricasão evidentes. De acordo com P. Erber ([s.d.]), as emissões brasileiras de CO 2por habitante, entre1970 e 1997, teriam crescido 172% caso não se dispusesse, nesse período, de 30% da energia hidrelétricagerada, ou seja, caso essa energia tivesse sido gerada por fonte térmica , em contraposição a um crescimentode 113% efetivamente verificado.Com toda a certeza, a geração de eletricidade figura entre os grandes benefícios que podem ser proporcionadospor um projeto de desenvolvimento de recursos hídricos. Entretanto, certamente não é o único. Usinashidrelétricas integradas a projetos de usos múltiplos da água podem favorecer outras funções de importânciavital, como irrigação, abastecimento de água, transporte, controle de cheias, turismo, lazer, entre outros.2. Componentes básicos de uma usina hidrelétrica A energia hidrelétrica é produzida a partir do aproveitamento do potencial hidráulico de um curso d’água,combinando a utilização da vazão do rio, quantidade de água disponível em um determinado período de tempo,com os seus desníveis, sejam os naturalmente formados, como as quedas d’água, sejam os criados com aconstrução de barragens. Assim, a potência hidráulica disponível em determinado local de um rio é dada peloproduto da vazão, a altura existente entre o reservatório, a montante, e o sistema de descarga, a jusante dabarragem, e a aceleração da gravidade (SOUZA et alii, 1999). Dada, portanto, a vazão de um rio, os melhoresaproveitamentos, do ponto de vista energético, se dão nos pontos onde se pode conseguir maior queda.A energia hidráulica provém da irradiação solar e da energia potencial gravitacional. O sol e força da gravidadecondicionam a evaporação, a condensação e a precipitação da água sobre a superfície da Terra. A gravidadefaz, ainda, a água fluir ao longo do leito do rio e este movimento contém energia cinética, que podeser convertida em energia mecânica e esta em energia elétrica, nas centrais hidrelétricas. A hidreletricidadeé, assim, uma forma de energia renovável.Uma usina hidrelétrica é composta, basicamente, de barragem, sistemas de captação e adução de água,casa de força e vertedouros. Cada um dessas partes demanda obras e instalações que devem ser projetadaspara um funcionamento conjunto. Nesse estudo, o autor calcula que as emissões de CO2 teriam sido de 2,34 t/hab, respectivamente em 1997, supondo que 30% da geração hidrelétrica verificada no períodofossem substituídas por geração térmica (um mix de geração nuclear, a carvão e a gás natural). Indica, ainda, que as emissões de CO2 observadas em 1970 e 1997foram, respectivamente, de 0,86 e 1,83 t/hab. A descrição geral que se apresenta nesta seção se apóia em Tolmasquim (2005), cap. 2 e 3.Ministério de Minas e Energia

Geração Hidrelétrica99Porém, deve-se reconhecer que é grande o impacto sócio-ambiental da hidreletricidade, especialmenteno caso de aproveitamentos de maior porte. As restrições ambientais são crescentes. Além disso, no caso brasileiro,há a questão da distância do potencial remanescente (ainda não aproveitado) para os grandes centrosde consumo, o que tende a exercer pressões altas sobre os custos de produção. Assim, a expansão hidrelétricadeverá requerer cada vez maiores cuidados.Contudo, se for considerada relevante a questão de emissões atmosféricas, as vantagens da geração hidrelétricasão evidentes. De acordo com P. Erber ([s.d.]), as emissões brasileiras de CO 2por habitante, entre1970 e 1997, teriam crescido 172% caso não se dispusesse, nesse período, de 30% da energia hidrelétricagerada, ou seja, caso essa energia tivesse sido gerada por fonte térmica , em contraposição a um crescimentode 113% efetivamente verificado.Com toda a certeza, a geração de eletricidade figura entre os grandes benefícios que podem ser proporcionadospor um projeto de desenvolvimento de recursos hídricos. Entretanto, certamente não é o único. Usinashidrelétricas integradas a projetos de usos múltiplos da água podem favorecer outras funções de importânciavital, como irrigação, abastecimento de água, transporte, controle de cheias, turismo, lazer, entre outros.2. Componentes básicos de uma usina hidrelétrica A energia hidrelétrica é produzida a partir do aproveitamento do potencial hidráulico de um curso d’água,combinando a utilização da vazão do rio, quantidade de água disponível em um determinado período de tempo,com os seus desníveis, sejam os naturalmente formados, como as quedas d’água, sejam os criados com aconstrução de barragens. Assim, a potência hidráulica disponível em determinado local de um rio é dada peloproduto da vazão, a altura existente entre o reservatório, a montante, e o sistema de descarga, a jusante dabarragem, e a aceleração da gravidade (SOUZA et alii, 1999). Dada, portanto, a vazão de um rio, os melhoresaproveitamentos, do ponto de vista energético, se dão nos pontos onde se pode conseguir maior queda.A energia hidráulica provém da irradiação solar e da energia potencial gravitacional. O sol e força da gravidadecondicionam a evaporação, a condensação e a precipitação da água sobre a superfície da Terra. A gravidadefaz, ainda, a água fluir ao longo do leito do rio e este movimento contém energia cinética, que podeser convertida em energia mecânica e esta em energia elétrica, nas centrais hidrelétricas. A hidreletricidadeé, assim, uma forma de energia renovável.Uma usina hidrelétrica é composta, basicamente, de barragem, sistemas de captação e adução de água,casa de força e vertedouros. Cada um dessas partes demanda obras e instalações que devem ser projetadaspara um funcionamento conjunto. Nesse estudo, o autor calcula que as emissões de CO2 teriam sido de 2,34 t/hab, respectivamente em 1997, supondo que 30% da geração hidrelétrica verificada no períodofossem substituídas por geração térmica (um mix de geração nuclear, a carvão e a gás natural). Indica, ainda, que as emissões de CO2 observadas em 1970 e 1997foram, respectivamente, de 0,86 e 1,83 t/hab. A descrição geral que se apresenta nesta seção se apóia em Tolmasquim (2005), cap. 2 e 3.Ministério de Minas e Energia

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