88Plano Nacional de Energia <strong>2030</strong>• 5.3. TransmissãoConforme visto, o potencial hidrelétrico a aproveitar concentra-se em regiões mais distantes dos grandescentros de consumo, o que coloca na pauta das discussões a questão da transmissão. Contudo, salvo algunscasos particulares, entende-se que essa questão deve ser adequadamente relativizada.Quanto aos potenciais impactos ambientais, deve-se considerar que a instalação dos sistemas de transmissãopara integração desse potencial pode fazer uso de corredores naturais representados pelas rodoviasjá implantadas. Os estudos de integração dos aproveitamentos de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira, sãoindicativos disso.Quanto à questão eletro-energética, a ampliação do sistema de transmissão, permitindo a integração denovas bacias ao sistema elétrico, permite o aproveitamento das diversidades hidrológicas e de mercado, sobretudoas primeiras, a exemplo do que já ocorre hoje. No caso brasileiro, onde a base hidrelétrica é preponderante,o sistema de transmissão, além da função clássica de transportar e distribuir a energia produzida,funciona também como uma autêntica usina virtual, haja vista o acréscimo de pelo menos 12% na oferta deenergia que a rede em operação proporciona.• 5.4. Meio ambienteA localização do potencial hidrelétrico a aproveitar, suas dimensões e a situação do nível de seu conhecimentoremete, naturalmente, à discussão dos aspectos socioambientais inerentes ao seu desenvolvimento.Não se ocupará neste trabalho de apresentar uma análise da questão, mas é forçoso reconhecer que esse é umdos condicionantes mais importantes para a expansão hidrelétrica no Brasil.A exemplo da metodologia aplicada no PDEE 2006-2015 (<strong>EPE</strong>, 2006c), a análise socioambiental do sistemaelétrico brasileiro deve destacar os seguintes pontos: principais biomas, as áreas protegidas (Unidades deConservação - UC e Terras Indígenas), as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, os diferentesusos do solo, as bacias hidrográficas e as áreas com maior densidade demográfica.Considerando que, com base no que já foi apresentado neste trabalho, cerca de 70% do potencial aaproveitar está localizado nas regiões Norte e Centro-Oeste, são especialmente relevantes, do ponto de vistasocioambiental, os três primeiros pontos acima relacionados.Com relação aos biomas brasileiros, e adotando a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística – IBGE, o PDEE 2006-2015 (<strong>EPE</strong>, 2006c) registra a distribuição territorial apresentada na Figura14. Pode-se perceber que os biomas Amazônia e Cerrado, característicos das regiões Norte e Centro-Oeste,ocupam 64% do território nacional.Empresa de Pesquisa Energética
Geração Hidrelétrica89Figura 14 – Distribuição territorial dos biomas brasileirosCosteiro9%Outros13%Mata Atlântica14%Amazônia41%Cerrado23%Fonte: <strong>EPE</strong>, 2006c.Conforme o PDEE 2006-2015 (<strong>EPE</strong>, 2006,c), com relação às áreas protegidas pela legislação, que se configuram,aprioristicamente, como restrição à implantação de aproveitamentos hidrelétricos, observa-se queapenas as Unidades de Conservação sob responsabilidade federal ocupam cerca de 10% de todo o territórionacional. Mais ainda: 16% da superfície correspondente ao bioma Amazônia são ocupados por áreas dessanatureza.Segundo o documento da <strong>EPE</strong>, há uma “tendência de ampliação, sobretudo na Amazônia, das áreas ocupadaspor Unidades de Conservação (UC). No início de 2006, decretos do governo federal aumentaram em6,4 milhões de hectares as UC no Oeste do estado do Pará, com o propósito de encontrar uma solução para osgraves conflitos fundiários e degradação ambiental nessa região. Com isto, a Amazônia que, em 2003, contavacom 30,7 milhões de hectares, passa a ter 45,8 milhões de hectares de UC, o que significa um aumentode cerca de 50%, todas em áreas de conflito.”As Terras Indígenas, também incluídas entre as áreas sob proteção legal, ocupam aproximadamente 13%do território nacional, abrangendo cerca de 25% da área do Bioma Amazônico.A Figura 15 apresenta, em um mapa ilustrativo, a situação das UC e das Terras Indígenas na regiãoAmazônica.Ministério de Minas e Energia