86Plano Nacional de Energia <strong>2030</strong>Importa salientar que a maior parte deste potencial a aproveitar está localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste,conforme indicado na Figura 13. Sendo as regiões que concentram os biomas que ocupam a maiorparte do território nacional, Amazônia e Cerrado, ambos ambientalmente de grande interesse, pode-se inferirque seu aproveitamento demandará cuidados maiores e estudos especiais. Não por acaso, os estudos de inventárioe viabilidade nos quais a <strong>EPE</strong> está envolvida se referem a potenciais nessas regiões.Figura 13 – Distribuição geográfica do potencial hidrelétrico a aproveitarNota: Custo de investimento em torno de US$ 1.800/kW (exclusive custo de conexão e juros durante a construção).5. Considerações sobre a expansão hidrelétrica no BrasilPelas dimensões do potencial hidrelétrico brasileiro, especialmente pela taxa de aproveitamento relativamentebaixa quando comparada com a de outras nações industrializadas, e pelas indicações do custo dopotencial a aproveitar é lícito admitir que a expansão da oferta de energia elétrica no país possa se basear,ainda, na geração hidráulica. Contudo, essa expansão estará sujeito a alguns condicionantes, entre os quaisse destacam:• Aumento do portfólio de projetos, no médio prazo• Crescimento do mercado• Transmissão• Meio ambiente• CompetitividadeEmpresa de Pesquisa Energética
Geração Hidrelétrica87• 5.1. Aumento do portfólio de projetosEsse aspecto está relacionado ao nível do conhecimento do potencial a aproveitar. Conforme posicionadoanteriormente, cerca de 1/3 do potencial hidrelétrico nacional já está aproveitado, vale dizer, correspondeao parque em operação, às usinas em construção e aos aproveitamentos cuja concessão já foi outorgada.Outro terço do potencial é classificado como estimado, o que significa baixo nível de conhecimento e, principalmente,estimativas de custo imprecisas. Nessas condições, conclui-se que cerca de metade do potencial aaproveitar está avaliado em nível muito precário.A formulação de alternativas de expansão hidrelétrica demanda, pois, no médio prazo, aumentodo portfólio de projetos e os estudos nos quais a <strong>EPE</strong> está envolvida já são um indicativo na direção deatender essa demanda.• 5.2. Crescimento do mercadoO crescimento do mercado é naturalmente outro condicionante relevante. De acordo com o Balanço EnergéticoNacional – BEN (<strong>EPE</strong>, 2006b), a oferta interna de energia elétrica em 2005 montou em 441,6 TWh.Tomado em uma perspectiva de longo prazo e dependendo do cenário de evolução da economia, entre outrosfatores determinantes da demanda, esse requisito bruto (consumo de eletricidade + perdas) poderia expandir-separa algo como 950 TWh ou 1240 TWh, em <strong>2030</strong>.O menor requisito corresponde ao cenário da Energy International Agency (2004), que admite o PIBbrasileiro evoluindo à taxa média anual de 3% até <strong>2030</strong>, inferior à média mundial no período, e a populaçãocrescendo a 0,8% ao ano. O outro reflete uma mera extensão das projeções do estudo de mercado consideradono PDEE 2006-2015 (<strong>EPE</strong>, 2006c), em que o PIB cresce em média a 3,8% ao ano e a população a 0,9% ao ano.Em um e outro caso, a taxa média de evolução dos requisitos brutos é de 3,1 e 4,2% ao ano, respectivamente.Observe-se que um diferencial de apenas 1,1% ao ano no crescimento médio da demanda nesse horizonte(25 anos) período significa um requisito adicional de 290 TWh ao final do período. Essa diferença entre osdois cenários corresponde a 2/3 dos requisitos atuais e a ¼ do potencial hidrelétrico total.Admitir a ampliação, nesse período, do aproveitamento do potencial hidrelétrico dos atuais 30% para 60%,vale dizer, dobrar, em 25 anos, a capacidade instalada em usinas hidráulicas, ou instalar uma potência adicionalde cerca de 70.000 MW, significa poder gerar, em <strong>2030</strong>, 730 TWh de origem hidráulica. Esse valor equivale a 60%da demanda no cenário mais alto. No cenário da EIA, a participação hidráulica nessa hipótese seria de 77%. Emqualquer caso, a proporção da energia hidráulica na oferta de eletricidade seria menor que a atualmente verificada:de acordo com o BEN (<strong>EPE</strong>, 2006b), e considerando a parte da geração de Itaipu importada do Paraguai, aparticipação da fonte hidráulica na matriz de energia elétrica nacional em 2005 foi de 86%.A hipótese de uma expansão mais modesta da hidreletricidade, decorrente, por exemplo, de restriçõesambientais ao desenvolvimento do potencial, pode significar impactos de outra natureza. Conforme jáposicionado neste documento e de acordo com os critérios atualmente adotados pelo International Panel onClimate Changes – IPCC, a substituição de 10.000 MW da expansão hidrelétrica por geração termelétrica a gásnatural pode significar uma emissão adicional de gases de efeito estufa de 17,3 milhões de toneladas equivalentesde CO 2apenas no ano de <strong>2030</strong>. Esse volume de emissões equivale a cerca de 90% do volume total deemissões calculado pelos mesmos critérios para o ano de 2005 no Sistema Interligado Nacional.Ministério de Minas e Energia