74Plano Nacional de Energia <strong>2030</strong>menos 20% de hidrelétricas, ou seja menos 250 TWh (ou 50.000 MW, apenas pouco mais de 70% da ofertaatual), significam emissões adicionais de gases que equivalem a 4,4 vezes o total das emissões no SistemaInterligado Nacional em 2005 .• 3.2. PotencialAté a primeira metade do século passado, o conhecimento do potencial hidrelétrico brasileiro era bastantelimitado. Conforme já assinalado, restringia-se à identificação de alguns locais promissores nas áreasde maior interesse, entendendo-se por tal as regiões próximas aos centros de consumo. Somente a partir de1960, com o consórcio CANAMBRA, iniciou-se uma avaliação sistematizada e abrangente do potencial.De fato, conforme o Plano 2015 (ELETROBRAS, 1994), a evolução histórica da estimativa do potencialhidrelétrico brasileiro evidencia um crescimento significativo entre 1960 e 1980, quando, além dos estudosda CANAMBRA, a Eletrobrás e suas subsidiárias, principalmente, se ocuparam de dar seguimento no levantamentosistematizado dos recursos hidrelétricos nacionais. A Figura 5, elaborada com base nas informaçõesdo Plano 2015, evidencia o exposto.Desde a edição do Plano 2015 foram descontinuados os estudos de inventário. Com as reformas institucionaisintroduzidas no setor elétrico a partir da década de 90, reduziu-se muito o interesse pelo desenvolvimentode estudos dessa natureza. Não obstante a legislação assegurar o ressarcimento dos gastos porocasião da outorga de concessão de um aproveitamento, a perspectiva de recuperação dessas despesas configurava-seincerta, sobretudo no caso de estudos de inventário. Como conseqüência natural, foi privilegiado,como na primeira metade do século passado, o estudo dos locais mais promissores. Verificou-se, também,uma tendência para o enquadramento do aproveitamento como pequena central hidrelétrica (potência de até30 MW), pela menor complexidade ambiental e, principalmente, pelos benefícios fiscais que foram atribuídosa essa opção.Assim, a última e melhor estimativa disponível do potencial hidrelétrico brasileiro é, ainda, a mesma quefoi utilizada no Plano 2015: 261,4 GW. Desse total, 32% correspondem a um potencial pouco conhecido, ditoestimado, e 43% estão localizados na região Norte, conforme indicado na Figura 6.Nesse cálculo, considerou-se dados do ONS, que indicam um fator de emissão médio de 0,054 ton CO2/MWh no SIN e o fator de emissão de termelétricas a gás naturalcalculado de acordo com os critérios atualmente adotados pelo International Panel on Climate Changes – IPCC, de 0,346 ton CO2/MWh.Empresa de Pesquisa Energética
Geração Hidrelétrica75Figura 5 – Evolução do conhecimento do potencial hidrelétrico brasileiro300250POTÊNCIAGW; GW médio200150100ENERGIA500até 1954 1955 1961 1966 1978 1979 1989 1991Nota: até 1954 - Nenhuma bacia inventariada Estimativa parcial; 1955 - Estimativa parcial; 1961 - 1a estimativa global; 1966 - CANAMBRA Sudeste / C-Oeste; 1978- Nclusão inventários da Região Sul, das bacias do Tocantins e do Nordeste, da Amazônia e da diversidade hidrológica; 1979 - Inclusão dos inventários das baciasdo Xingu e do Paraguai; 1989 - Novos inventários e dados mais precisos; e 1991 - Atualização dos dados disponíveis.Fonte: Plano 2015, Eletrobrás, 1994.Importa destacar que esse valor do potencial hidrelétrico brasileiro reflete as condições de avaliação técnica,econômica e sócio-ambiental adotadas à época em que os estudos foram realizados. Assim, esse valorestá naturalmente sujeito a alteração, para mais ou para menos. Se de um lado, um melhor conhecimento dosimpactos e a consideração de novas restrições ambientais podem reduzir o potencial de alguns aproveitamentos,de outro é preciso levar em conta que o potencial estimado, correspondente a quase do valor total,refere-se a avaliações com base em cartografia imprecisa, que por vezes indica erros significativos, principalmentena Amazônia. Diferenças de 25m na consideração de desníveis na região estão dentro da margem deerro da cartografia utilizada.Ministério de Minas e Energia