72Plano Nacional de Energia <strong>2030</strong>América Latina7,2%Figura 4 – Oferta primária de energia hidráulica no mundo, 1973-20021973 20021.295 TWh 2.676 TWhChina2,9%FSU8,6%Outras Regiões9,0%China10,8%FSU9,4%OECD71,5%Outras Regiões11,9%OECD48,6%América Latina20,1%Nota: FSU: former Soviet Union (ex-União Soviética); OECD: Organization for Economic Cooperation and Development (Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento)Fonte: International Energy Agency in Key World Energy Statistics, 2003.Apenas em 1997, a capacidade hidrelétrica instalada na Ásia foi ampliada em 100.000 MW, conforme dadosda UNIDO (2004). Isso faz da Ásia o continente com o mais rápido crescimento da indústria hidrelétricaem todo o mundo. De fato, vários países asiáticos colocaram a hidreletricidade como o foco principal do desenvolvimentode seus setores energéticos.Ainda segundo a UNIDO (2004), para países pobres e montanhosos, como o Nepal e o Laos, a exportaçãode eletricidade a partir da geração hidráulica oferece uma das poucas novas oportunidades de crescimentoeconômico.Na China, em particular, o governo tem demonstrado a determinação de desenvolver, tanto quanto possível,os recursos hidrelétricos do país. Embora datada de 1997, a constatação de Razavi (1997) permaneceválida e atual: “essa determinação está demonstrada no fato de estarem em construção [no país] cerca de 80usinas hidrelétricas e na decisão governamental de prosseguir com a instalação de um projeto extramentedesafiador como Três Gargantas. O projeto de Três Gargantas constitui-se na maior usina em todo o mundo,com um investimento estimado de US$ 28 bilhões e a instalação de 26 unidades geradoras com capacidade de700 MW, cada, totalizando 18.200 MW. A conclusão do projeto está prevista para 2009”.Essa visão é corroborada pelas informações da UNIDO (2004): a China atualmente é o país que apresentao maior nível de atividade de desenvolvimento de hidrelétricos no mundo. Além de Três Gargantas,estão em construção os projetos de Ertan (3.300 MW) e de Xiaolangdi (1.800 MW). No total, está emconstrução na China a potência de 50.000 MW, dobrando a capacidade instalada existente no país. Alémdisso: a construção de quatro grandes projetos hidrelétricos comecerá brevemente (Xiluodo, 14.400MW; Xiangjiaba (6.000 MW), Longtan (4.200 MW) e Xiaowan (4.200 MW). A implementação de 80.000MW hidrelétricos adicionais está planejada, incluindo 13 instalações na parte alta do Rio Amarelo e 10ao longo do Rio Hongshui.Mas, não só grandes projetos fazem parte dos esforços chineses. De acordo com Shuhua e Wenqiang[s.d.], do Institute for Techno-Economics and Energy System Analysis – ITEESA, entre 2005 e 2015 a capacidadeinstalada em PCH no país evoluirá de 28.000 para 37.000 MW, uma expansão que indica uma média deinstalação superior a 1.000 MW por ano.Empresa de Pesquisa Energética
Geração Hidrelétrica73Também na Índia, observa-se grande expansão das facilidades hidrelétricas. De acordo com dados daUNIDO (2004), estão em construção nesse país 10.000 MW e há outros 28.000 MW planejados para os próximosanos.3. Potencial hidrelétrico brasileiro• 3.1. IntroduçãoO Brasil forma entre o grupo de países em que a produção de eletricidade é maciçamente proveniente deusinas hidrelétricas. Essas usinas correspondem a 75% da potência instalada no país (ANEEL, 2006) e geraram,em 2005, 93% da energia elétrica requerida no Sistema Interligado Nacional – SIN (ONS, 2006).Entre 1970 e 2003, a oferta primária de energia hidráulica cresceu mais de 2,5 vezes o crescimento médio mundial,perfazendo uma taxa média anual de 6,4% ao ano, no período. Conforme o Balanço Energético Nacional (<strong>EPE</strong>,2006b), a oferta interna de energia hidráulica no país atingiu, em 2005, 377 TWh, sendo 340,5 TWh correspondentesà produção de usinas nacionais e o restante à importação (basicamente a metade paraguaia de Itaipu).A importância da hidreletricidade no Brasil tem base no vasto potencial de energia hidráulica de que opaís dispõe e resultou de uma opção estratégica feita ainda nos anos 50 do século passado, apesar da maiorcompetitividade que os derivados de petróleo então apresentavam como fonte primária de energia (ALQUE-RES, 2006).Porém, apenas cerca de 30% do potencial hidrelétrico nacional já foi explorado, proporção bem menordo que a observada nos países industrializados. Nesse contexto, muitos defendem que a base da expansãoda oferta de energia elétrica no Brasil seja, mesmo em uma perspectiva de longo prazo, a hidreletricidade(TOLMASQUIM, 2005; ANEEL, 2006; SANTOS, [s.d.]). Ressalta Tolmasquim (2005) que “o desenvolvimentodo potencial hidráulico de um país está relacionado com seu desenvolvimento econômico. (...) De uma formageral, países economicamente desenvolvidos apresentam uma taxa de aproveitamento de seu potencial hidráulicobastante superior à dos países em desenvolvimento”. Com efeito, são notáveis as taxas de aproveitamentoque apresentam França, Alemanha, Japão, Noruega, Estados Unidos e Suécia em contraste com asbaixas taxas observada em países da África, Ásia e América do Sul – nesta, com exceção do Brasil. Tambéma UNIDO (2004) reconhece, conforme já salientado, a oportunidade que o desenvolvimento das facilidadeshidrelétricas oferece para países pobres.Deve-se reconhecer, todavia, que o impacto sócio-ambiental da hidreletricidade pode ser grande, especialmenteno caso de aproveitamentos de maior porte. Não por acaso, as restrições ambientais tem sido crescentes.Contudo, se for considerada relevante a questão de emissões atmosféricas, as vantagens da geraçãohidrelétrica podem ser relevantes.De fato, considerando uma expansão da demanda nacional por eletricidade de 4,2% ao ano até <strong>2030</strong>,compatível com um crescimento econômico médio de 3,8% ao ano do PIB, estima-se que nesse ano a demandabrasileira poderia atingir 1.240 TWh. Uma diferença de 20% na oferta hidrelétrica para atendimentodessa demanda, supondo essa diferença substituída por geração termelétrica a gás natural, importaria emum volume de emissões de gases de efeito estufa de 86,5 milhões de toneladas equivalentes de CO 2. Isto é,Ministério de Minas e Energia