Daiane Solange Stoeberl da Cunha - Programa de Pós-Graduação ...

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79criança o criador, o gerador, formando um eterno vínculo com sua produçãoou autoria. Esse é fator positivo para o desenvolvimento de sua auto-estimae identificação de suas motivações.O professor de educação infantil precisa, além de ser o motivador,incentivador e estimulador de suas aulas como educador musical, sempre utilizar amúsica como um instrumento do desenvolvimento da criança, de suas capacidades,nos mais variados aspectos, envolvendo, em seus múltiplos aspectos, o ritmo, osom, a audição, a voz, a execução instrumental, a recreação, as danças. Entende-seque a música motiva a agradável aprendizagem das diversas atividades do currículoescolar, atingindo objetivos educacionais que, por outros processos, seriamdificilmente alcançados. Por esta razão, nem sempre a apreciação pura e simples,de maneira passiva, será o melhor meio de aproximar as crianças da música, assimsendo, é necessário reconhecer os interesses dos alunos e, partindo daí egradativamente pela ação reflexiva, deixá-las evoluir pelo exemplo, pelademonstração e, principalmente, pela ação, até atingir o gosto e o prazer dessaação.3.4.2 A Função Educativa do refletir para a formação de sentido críticoNo histórico realizado no primeiro capítulo, observou-se que o ensino damúsica evoluiu no mesmo sentido das teorias pedagógicas. O aluno não é mais vistocomo o receptor de conteúdo como nos antigos conservatórios, a música tampoucoficou restrita a atividade lúdica. São cada vez mais freqüentes projetos em que osalunos são estimulados a distinguir uma linguagem diferente, para, só mais tarde,conhecer suas características formais.Nas últimas décadas, a Educação Musical vem, principalmente no Brasil,apresentando um caminho definido: o de educar pela Música, com o objetivo decontribuir na formação e desenvolvimento da personalidade dos alunos pelaampliação da cultura, enriquecimento da inteligência e a vibração da sensibilidademusical, mais ainda, educar musicalmente, formando um público esclarecido esensível capaz de ouvir e apreciar obras de arte sonoras de todas as épocas eorigens, favorecendo a eclosão de revelações e aptidões musicais.

80De acordo com Howard (1984), autor de A música e a criança, educarsignifica despertar, e, despertar nunca é um empreendimento precoce, sendoindispensável entregar-se a ela, sistematicamente, desde os primeiros anos de vida,a fim de que a criança, mais tarde, veja-a como uma tendência natural de seu ser.Acredita-se que qualquer pessoa possa ser alfabetizada musicalmente, masantes de poder "ler" uma partitura, é preciso que a música toque o coração. Em todoesse desenvolvimento artístico, objetiva-se que o aluno tenha seu próprio gostomusical, já que o que lhe é imposto pela mídia pode ser analisado e criticado, não sedeixando influenciar pela indústria cultural. É pela reflexão que se resgata adimensão artística que vai além do círculo da mercadoria, do que é repetitivo.Adorno resgata a função educativa do refletir no texto Educação apósAuschwitz, em que a preocupação com o retorno à barbárie o faz conferir àeducação o potencial pedagógico inestimável: “A educação só teria pleno sentidocomo educação para a auto-reflexão crítica”.(1986, p. 35). As medidas educativas,para o autor, por mais eficientes que sejam não acabarão com os ideólogos dabarbárie, mas através do esclarecimento, se pode modificar a atitude dos quepraticam os atos bárbaros. Nesse sentido, a luta pela emancipação tem comoelemento fundamental a auto-reflexão crítica.De acordo com Pucci (1994, p. 95) a “Teoria Crítica refere-se à críticaenquanto processo autoconsciente e impõe uma necessária e radical vinculação dateoria à prática, com vistas à transformação das estruturas sociais vigentes.” A autoreflexãocrítica leva ao esclarecimento em relação à exploração e à subordinaçãocapitalista e, conseqüentemente, orienta a ação transformadora exigida por elamesma: “Ela se tornaria educativa em dois sentidos: no esclarecimento dosmecanismos de alienação e de manipulação ideológica presentes no sistema, e narevelação de verdades não intencionais que poderiam conter ‘imagens fugidias’ deuma sociedade diferente” (idem, p. 48)A função educativa do refletir é possível até mesmo na educação infantil, apartir do momento em que a criança manifesta suas vontades, desejos e gostos, oeducador musical pode mediar a auto-reflexão sobre ambos. A intenção damediação educativa entre a criança e a música não tem objetivo de determinar acriança que tipo de música deve gostar, ao contrário, essa mediação deve levar as

80De acordo com Howard (1984), autor <strong>de</strong> A música e a criança, educarsignifica <strong>de</strong>spertar, e, <strong>de</strong>spertar nunca é um empreendimento precoce, sendoindispensável entregar-se a ela, sistematicamente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>,a fim <strong>de</strong> que a criança, mais tar<strong>de</strong>, veja-a como uma tendência natural <strong>de</strong> seu ser.Acredita-se que qualquer pessoa possa ser alfabetiza<strong>da</strong> musicalmente, masantes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r "ler" uma partitura, é preciso que a música toque o coração. Em todoesse <strong>de</strong>senvolvimento artístico, objetiva-se que o aluno tenha seu próprio gostomusical, já que o que lhe é imposto pela mídia po<strong>de</strong> ser analisado e criticado, não se<strong>de</strong>ixando influenciar pela indústria cultural. É pela reflexão que se resgata adimensão artística que vai além do círculo <strong>da</strong> mercadoria, do que é repetitivo.Adorno resgata a função educativa do refletir no texto Educação apósAuschwitz, em que a preocupação com o retorno à barbárie o faz conferir àeducação o potencial pe<strong>da</strong>gógico inestimável: “A educação só teria pleno sentidocomo educação para a auto-reflexão crítica”.(1986, p. 35). As medi<strong>da</strong>s educativas,para o autor, por mais eficientes que sejam não acabarão com os i<strong>de</strong>ólogos <strong>da</strong>barbárie, mas através do esclarecimento, se po<strong>de</strong> modificar a atitu<strong>de</strong> dos quepraticam os atos bárbaros. Nesse sentido, a luta pela emancipação tem comoelemento fun<strong>da</strong>mental a auto-reflexão crítica.De acordo com Pucci (1994, p. 95) a “Teoria Crítica refere-se à críticaenquanto processo autoconsciente e impõe uma necessária e radical vinculação <strong>da</strong>teoria à prática, com vistas à transformação <strong>da</strong>s estruturas sociais vigentes.” A autoreflexãocrítica leva ao esclarecimento em relação à exploração e à subordinaçãocapitalista e, conseqüentemente, orienta a ação transformadora exigi<strong>da</strong> por elamesma: “Ela se tornaria educativa em dois sentidos: no esclarecimento dosmecanismos <strong>de</strong> alienação e <strong>de</strong> manipulação i<strong>de</strong>ológica presentes no sistema, e narevelação <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s não intencionais que po<strong>de</strong>riam conter ‘imagens fugidias’ <strong>de</strong>uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> diferente” (i<strong>de</strong>m, p. 48)A função educativa do refletir é possível até mesmo na educação infantil, apartir do momento em que a criança manifesta suas vonta<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos e gostos, oeducador musical po<strong>de</strong> mediar a auto-reflexão sobre ambos. A intenção <strong>da</strong>mediação educativa entre a criança e a música não tem objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar acriança que tipo <strong>de</strong> música <strong>de</strong>ve gostar, ao contrário, essa mediação <strong>de</strong>ve levar as

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