673.3 ESCLARECER E EMANCIPAR: O TRABALHO DOCENTE PORUMA EDUCAÇÃO CRÍTICAA Teoria Crítica, como atitu<strong>de</strong>, é a resistência à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s massas,entretanto, mais cômodo é abandonar-se à correnteza. A indústria Cultural atrofia opo<strong>de</strong>r crítico <strong>da</strong> arte, ele só persiste nas obras que se esforçam para atingirautonomia <strong>da</strong> Indústria Cultural, frente à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> atual e, assim, efetivando o seupo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> permitir que seja <strong>de</strong>svelado o que é ocultado pela i<strong>de</strong>ologia.Adorno, em Educação e Emancipação <strong>de</strong>bate radiofônico transmitido pelaRádio <strong>de</strong> Hessen, em 1969 25 , traz à discussão as assertivas <strong>de</strong> Kant para explicar oque é esclarecimento e, <strong>de</strong>ssa forma, também o que é emancipação: a emancipaçãoacontece quando o indivíduo, já possuidor <strong>de</strong> entendimento, sai <strong>de</strong> sua menori<strong>da</strong><strong>de</strong>e consegue servir-se <strong>de</strong>sse entendimento sem orientação <strong>de</strong> outros. Adorno lembraa afirmação <strong>de</strong> Kant, segundo este, quando acontece a saí<strong>da</strong> dos homens <strong>de</strong>ssamenori<strong>da</strong><strong>de</strong> auto-inculpável, acontece também o esclarecimento.Kant havia <strong>de</strong>finido a razão como subjetiva, transcen<strong>de</strong>ntal, inata,emancipatória, condutora à autonomia, contudo, para Adorno tal convicção iluministaé ilusória, pois, ao contrário, a razão faz parte <strong>de</strong> um crescente processo <strong>de</strong>instrumentalização para dominação e repressão do homem.Há que salientar que, o resgate <strong>da</strong> Razão emancipatória é a utopia dosfrankfurtianos, o conceito <strong>de</strong> Esclarecimento <strong>de</strong> Kant, recebeu e ain<strong>da</strong> recebegran<strong>de</strong> importância por parte dos frankfurtianos. O que significa ser esclarecido? Aesta pergunta Kant (1974, p. 100) respon<strong>de</strong>:Esclarecimento [Aufklärung] é a saí<strong>da</strong> do homem <strong>de</strong> sua menori<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> qual elepróprio é culpado. A menori<strong>da</strong><strong>de</strong> é a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong> seu entendimentosem a direção <strong>de</strong> outro indivíduo. O homem é o próprio culpado <strong>de</strong>ssa menori<strong>da</strong><strong>de</strong>se a causa <strong>de</strong>la não se encontra na falta <strong>de</strong> entendimento, mas na falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ecoragem <strong>de</strong> servir-se <strong>de</strong> si mesmo sem a direção <strong>de</strong> outrem. Sapere au<strong>de</strong>! Temcoragem <strong>de</strong> fazer uso <strong>de</strong> teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento[Aufklärung].Na tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Kant, chegou-se aconcepção <strong>de</strong> que a atitu<strong>de</strong> prática e política do fazer uso público <strong>da</strong> razão é25Debate realizado entre Adorno e Hellmut Becker, na série intitula<strong>da</strong> “ Questões educacionais <strong>da</strong>atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>".
68privilégio <strong>de</strong> todos. Essa liber<strong>da</strong><strong>de</strong> caracteriza as filosofias humanistas doiluminismo.A compreensão <strong>de</strong> que a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, por meio do esclarecimento, começa asair <strong>da</strong> menori<strong>da</strong><strong>de</strong> e que a mesma humani<strong>da</strong><strong>de</strong> tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> permitir a educação<strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes para o esclarecimento, para a maiori<strong>da</strong><strong>de</strong>, é um legado <strong>de</strong>Kant que permanecerá com os frankfurtianos.Conclui-se, portanto, que a emancipação não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente <strong>da</strong> aquisição<strong>de</strong> conhecimento, não é pela transmissão <strong>de</strong> conteúdo que o esclarecimentoacontece, o aluno po<strong>de</strong> adquirir conhecimento e não adquirir esclarecimento.Contudo, ao analisar a interpretação feita por Adorno sobre a <strong>de</strong>finição kantiana,po<strong>de</strong>-se dizer que a emancipação é um processo que faz parte <strong>da</strong> formação doindivíduo. A emancipação se dá quando a vonta<strong>de</strong> própria se forma, quando o agir éresultado do pensamento particular, assim, o esclarecimento é o pensamentoracional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> intervenção externa que resulta em ação individual, própriado indivíduo.A Educação Musical, como forma <strong>de</strong> emancipação, tem como tarefa oesclarecimento, concretizando-se, portanto, na educação crítica. Isso exclui qualquerprática meramente repetitiva ou inconsciente como o cantar por cantar e/ou aaudição musical irresponsável. Se a emancipação é um processo, este <strong>de</strong>ve serformado por práticas esclarecedoras, é no pensar sobre a música que se ouve, norefletir sobre música que se canta, que se adquire o esclarecimento. Educarmusicalmente, a fim <strong>de</strong> tornar os indivíduos esclarecidos é <strong>de</strong>spertar os ouvintesmusicais a <strong>da</strong>rem atenção ao que ouvem, no próprio ato <strong>de</strong> ouvir. ADORNO em,O Fetichismo na música e a Regressão <strong>da</strong> Audição (HORKHEIMER; ADORNO,1989), analisando a <strong>de</strong>cadência do gosto musical e o papel assumido pela músicafrente ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> Indústria Cultural, faz a seguinte afirmação:Se ninguém é mais capaz <strong>de</strong> falar realmente, é óbvio também que já ninguém écapaz <strong>de</strong> ouvir. Um especialista americano em propagan<strong>da</strong> radiofônica – que utilizacom predileção especial a música – manifestou ceticismo com respeito ao valor <strong>de</strong>tais anúncios, alegando que os ouvintes apren<strong>de</strong>ram a não <strong>da</strong>r atenção ao queouvem, mesmo durante o próprio ato <strong>da</strong> audição. Tal compreensão é contestávelquanto ao valor publicitário <strong>da</strong> música. Mas é essencialmente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira quando setrata <strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> própria música.
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Dedico este trabalho a minha filhaF
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SUMÁRIORESUMO.....................
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