CAPÍTULO IIIO EDUCADOR MUSICAL E A PRÁXIS EMANCIPATÓRIAO problema propriamente dito <strong>da</strong> emancipaçãohoje é se e como a gente – e quem é “a gente”,eis uma questão a mais – po<strong>de</strong> enfrentá-lo.(Adorno)O trabalho docente na educação musical é um dos fatores <strong>de</strong>terminantes naformação <strong>da</strong> audição musical, po<strong>de</strong>ndo se caracterizar como formação reprodutivaou emancipatória.Questiona-se a formação do professor para atuar na prática <strong>da</strong> educaçãomusical escolar, principalmente na Educação Infantil, quando se preten<strong>de</strong> aeducação musical <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na escola, mais ain<strong>da</strong>, quando se <strong>de</strong>seja que aescola eduque musicalmente, pois, a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ensino <strong>de</strong> música na EducaçãoInfantil,... não é tanto transmitir a técnica particular, mas sim <strong>de</strong>senvolver no aluno o gostopela música e a aptidão para captar a linguagem musical e expressar-se através<strong>de</strong>la, além <strong>de</strong> possibilitar o acesso do educando ao imenso patrimônio musical que ahumani<strong>da</strong><strong>de</strong> vem construindo (JEANDOT, 1993, p. 132)Diante <strong>de</strong>sse universo a ser explorado, os maiores responsáveis são osprofessores, os profissionais <strong>da</strong> educação, que têm sob sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, entretantas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a <strong>da</strong> educação musical. Assim sendo, <strong>de</strong>vem ser educadoresmusicais, sendo que: “O cumprimento <strong>da</strong> tarefa <strong>de</strong> musicalizar <strong>de</strong>senvolvendo ascapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> criança e nela estimulando o gosto pela música compete aoprofessor...” (MOURA 1989, p.10).Neste capítulo, além <strong>de</strong> refletir sobre a formação do educador musical, aprática docente é toma<strong>da</strong> como essencial para o esclarecimento e a emancipação.Tal essenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pré-requisito, quando se olha a educaçãoinfantil como um ambiente musicalizado, cabe, portanto, investigar a formação doprofessor, compreen<strong>de</strong>r o objetivo <strong>da</strong> práxis pe<strong>da</strong>gógica e repensar a prática
46docente para uma educação musical crítica, são ações que favorecem e incitam areflexão sobre a presença <strong>da</strong> música na educação infantil, hoje.A partir do exposto, procura-se evi<strong>de</strong>nciar nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>Educadores Musicais, incluindo-se a Pe<strong>da</strong>gogia, as disciplinas que abrangem osconteúdos relacionados à linguagem musical e à licenciatura, consi<strong>de</strong>rados prérequisitosna formação do educador musical. E, para analisar com maiorprofundi<strong>da</strong><strong>de</strong> a formação do pe<strong>da</strong>gogo para atuar como educador musical naeducação infantil, toma-se como objeto <strong>de</strong> análise a Proposta Pe<strong>da</strong>gógica do Curso<strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Istoposto, ressaltam-se os elementos necessários e indispensáveis na formação doeducador musical, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva crítica.3.1 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR MUSICALÀ primeira vista, quando se fala em educação musical, pensa-se que oprincipal responsável por esse ensino é o próprio músico, contudo, dois fatoreslevam a um pensar diferenciado, o primeiro é a escassez <strong>de</strong> profissionais comhabilitação na área <strong>de</strong> música, concomitantemente ao aumento <strong>da</strong> presença dope<strong>da</strong>gogo na sala <strong>de</strong> aula, como profissional polivalente; o segundo é a lacuna naformação pe<strong>da</strong>gógica do músico para <strong>de</strong>sempenhar o magistério e, ao mesmotempo a lacuna na formação musical do pe<strong>da</strong>gogo para <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong>educador musical. Sendo assim, é necessário que se reflita um pouco mais sobreesses dois pontos, a fim <strong>de</strong> repensar o trabalho <strong>da</strong> educação musical nas escolas.A situação <strong>da</strong> Educação Musical tem estado a cargo, principalmente, <strong>de</strong> doisprofissionais: o Pe<strong>da</strong>gogo e o Professor <strong>de</strong> Música, este po<strong>de</strong> ser formado emLicenciatura em Música ou Artes com Habilitação em Música. Estes são osresponsáveis pelo trabalho <strong>de</strong> Educação Musical, que é também recomen<strong>da</strong>do peloReferencial Curricular Nacional para Educação Infantil, o qual traz a música comoum dos principais eixos a ser trabalhado na Educação Infantil, contudo, aquilo quese pe<strong>de</strong> e se espera do trabalho musical na escola, está longe do que se viveatualmente. Há, uma insignificante presença <strong>de</strong> professores com habilitação
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