Daiane Solange Stoeberl da Cunha - Programa de Pós-Graduação ...

Daiane Solange Stoeberl da Cunha - Programa de Pós-Graduação ... Daiane Solange Stoeberl da Cunha - Programa de Pós-Graduação ...

12.07.2015 Views

35Para os frankfurtianos, a vida, como a industrialização, passa a serpadronizada, isto é, todas as coisas parecem ser semelhantes, como conseqüência,o poder de crítica e de opção se esvai, restando apenas a adaptação aos esquemasde dominação progressiva, contribuindo para a reiteração do sistema vigente.A Indústria cultural é exploração, que por sua vez é alienante, pois oshomens transferem cada vez mais para o futuro seus desejos de felicidade erealização, na medida em que se ajustam às formas desumanas de organização dasociedade.Assim, por um pensar crítico sobre a Indústria Cultural, esta é identificadacomo forma de manipulação das consciências, já que se utiliza da própria culturapara se estabelecer. Com essa transformação da cultura em semicultura, restampoucas maneiras de se realizar uma auto-reflexão crítica, uma delas seria a estéticae, mais especificamente, a música, que segundo Adorno, preserva a utopia de ummundo melhor.Percebe-se, nos trabalhos de Adorno, principalmente, que em certo momento,há uma passagem de uma análise mais sociológica para uma análise mais ligada àestética. Esse autor é o principal responsável pelo surgimento da chamada TeoriaEstética, que para ele é uma teorização crítica da realidade, uma única formaconsistente de negar e criticar as condições materiais e sociais da vida social.Adorno em seu ensaio sobre a regressão auditiva (ADORNO, 1989) afirmaque a música está sujeita a transformação em mercadoria, principalmente, a músicaconsiderada leve, contudo, ressalta que certas músicas eruditas (cita adodecafônica) não são tão acessíveis às massas, assim se preservam fora daindústria cultural, suas formas não se prestam a reprodução e ao consumo.A teoria estética interpreta, decifra a representação musical, revelando osseus elementos críticos contestadores, o que permite uma análise e uma crítica dasformas materiais de organização da sociedade. Como afirma Freitag “O fato de quea arte não reificada se fecha a toda e qualquer conceituação é a garantia de suaconservação como forma de representar criticamente a realidade alienada”. (1990,p. 83)

36A tecnificação do mundo e a reprodutividade técnica, resultam na perda daaura na obra de arte, que é massificada em consumo de bens artísticos. Isso tudo éresultado da modernização da sociedade burguesa no século XIX e XX.Para Adorno, quando a obra de arte perde sua aura, acontece odesvirtuamento da obra, a dissolução na realidade banal e a despolitização do seudestinatário. Adorno, Marcuse, Horkheimer e Benjamin concordam ao atribuir àcultura, e à obra de arte em especial, uma dupla função:... a de representar e consolidar a ordem existente e ao mesmo tempo a de criticá-la,denunciá-la como imperfeita e contraditória. (...) ela critica o presente e remete ofuturo. A dimensão conservadora e emancipatória da cultura e da obra de arteencontram-se, pois, de mãos dadas. (FREITAG, 1990, p. 77)Assim, a teoria estética assume a posição de herdeira da teoria crítica, sendouma forma de opor-se ao presente instituído, pois por meio dela, segundo Adorno, épossível evitar a unidimensionalização da arte, situada diante de uma sociedade emque suas relações suplicam pela reprodução do sempre idêntico, a mesmicecaminha de mãos dadas com o conformismo. Mas, isso não significa que tenha queser sempre assim, a educação, que não se limita à esfera formal, mas está presentetambém em todas as outras relações sociais que necessitam de algum tipo deprocesso de aprendizagem, tem em si um importante papel para aceitação de umestado de coisas contraditório em si mesmo.2.2 A CONVERSÃO DA FORMAÇÃO EM SEMIFORMAÇÃOAs críticas realizadas pelos frankfurtianos caracterizam-se por refletir assituações pelas quais eles haviam passado: a construção da democracia e o temordo retorno à barbárie fascista. Esta realidade é analisada por Adorno 8 que critica opresente, buscando transformações possíveis na sociedade capitalista.Insere-se nesta análise a falsificação do sonho de formação cultural pelocrescimento da ideologia da semicultura e pelo caráter de fetiche da mercadoria, quesurgem juntamente com a Razão Instrumental e a Indústria Cultural.8Adorno expressa sua indignação em entrevista concedida à Rádio do Estado de Hessen, na série“Questões educacionais da atualidade” e intitulada Educação contra a Barbárie. ADORNO, T. W.;Educação e Emancipação. 2 ed. Trad: W. L. Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

36A tecnificação do mundo e a reprodutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica, resultam na per<strong>da</strong> <strong>da</strong>aura na obra <strong>de</strong> arte, que é massifica<strong>da</strong> em consumo <strong>de</strong> bens artísticos. Isso tudo éresultado <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa no século XIX e XX.Para Adorno, quando a obra <strong>de</strong> arte per<strong>de</strong> sua aura, acontece o<strong>de</strong>svirtuamento <strong>da</strong> obra, a dissolução na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> banal e a <strong>de</strong>spolitização do seu<strong>de</strong>stinatário. Adorno, Marcuse, Horkheimer e Benjamin concor<strong>da</strong>m ao atribuir àcultura, e à obra <strong>de</strong> arte em especial, uma dupla função:... a <strong>de</strong> representar e consoli<strong>da</strong>r a or<strong>de</strong>m existente e ao mesmo tempo a <strong>de</strong> criticá-la,<strong>de</strong>nunciá-la como imperfeita e contraditória. (...) ela critica o presente e remete ofuturo. A dimensão conservadora e emancipatória <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> arteencontram-se, pois, <strong>de</strong> mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s. (FREITAG, 1990, p. 77)Assim, a teoria estética assume a posição <strong>de</strong> her<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> teoria crítica, sendouma forma <strong>de</strong> opor-se ao presente instituído, pois por meio <strong>de</strong>la, segundo Adorno, épossível evitar a unidimensionalização <strong>da</strong> arte, situa<strong>da</strong> diante <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> emque suas relações suplicam pela reprodução do sempre idêntico, a mesmicecaminha <strong>de</strong> mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s com o conformismo. Mas, isso não significa que tenha queser sempre assim, a educação, que não se limita à esfera formal, mas está presentetambém em to<strong>da</strong>s as outras relações sociais que necessitam <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong>processo <strong>de</strong> aprendizagem, tem em si um importante papel para aceitação <strong>de</strong> umestado <strong>de</strong> coisas contraditório em si mesmo.2.2 A CONVERSÃO DA FORMAÇÃO EM SEMIFORMAÇÃOAs críticas realiza<strong>da</strong>s pelos frankfurtianos caracterizam-se por refletir assituações pelas quais eles haviam passado: a construção <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia e o temordo retorno à barbárie fascista. Esta reali<strong>da</strong><strong>de</strong> é analisa<strong>da</strong> por Adorno 8 que critica opresente, buscando transformações possíveis na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista.Insere-se nesta análise a falsificação do sonho <strong>de</strong> formação cultural pelocrescimento <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ologia <strong>da</strong> semicultura e pelo caráter <strong>de</strong> fetiche <strong>da</strong> mercadoria, quesurgem juntamente com a Razão Instrumental e a Indústria Cultural.8Adorno expressa sua indignação em entrevista concedi<strong>da</strong> à Rádio do Estado <strong>de</strong> Hessen, na série“Questões educacionais <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>” e intitula<strong>da</strong> Educação contra a Barbárie. ADORNO, T. W.;Educação e Emancipação. 2 ed. Trad: W. L. Maar. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 2000.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!