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LER E ESCREVER: UM OLHAR DUAL SOBRE CAETÉS, DE ...

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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, 03 e 04 de maio de 2012.ISSN: 2175-41286partir da posição do Evaristo Barroca, percebemos como o jogo de interesses pessoaisse sobressai ao saber.É assim que as ideias de João Valério são totalmente contrariadas no decorrerdo romance, pois para ele o seu não reconhecimento era um forte indicador deinjustiça social. A esse respeito, Silva (2010), nos diz que,João Valério não aceita o mundo, os outros, nem a si mesmo emanifesta a consciência de um homem no labirinto de pensamentos efatos em que se perdeu, revelando uma ironia de natureza estrutural.Enquanto o narrador lamenta a própria incapacidade em escrever aficção, não se dá conta de que traça uma importante história no nívelda sua realidade, podendo-se falar da existência de duas camadasdiegéticas, a vivida pelo personagem e a imaginada como ficção a serconcretizada, do ponto de vista literário. (SILVA, 2010, p. 01)Identificamos que a sua tentativa de escrita é totalmente mal sucedida aponto de gerar uma angústia. Talvez o grande problema enfrentado por João Valérioem seu insucesso seja o de não conseguir se afastar do objeto literário, ele não sabiadiferenciar realidade de ficção, queria simplesmente escrever um romance históricocom os dados da realidade, isso se dava pelo fato de ele não ser capaz de criar umuniverso imaginário, idealizava, mas não conseguia pôr no papel. Podemos constatarisso no excerto a seguir:Também aventurar-me a fabricar um romance histórico sem conhecerhistória! Os meus caetés realmente não têm verossimilhança, porquedeles apenas sei que existiram, andavam nus e comiam gente. Li, naescola primária, uns carapetões interessantes no Gonçalves Dias e noAlencar, mas já esqueci quase tudo. Sorria-me, entretanto, aesperança de poder transformar esse material arcaico numa brochurade cem a duzentas páginas, cheia de lorotas em bom estilo, editadano Ramalho. (RAMOS, s.d., p. 18)Ainda podemos verificar o ângulo – do não afastamento do objeto literário -quando nos inserimos dentro da própria ficção, pois percebemos que João Valérioquer escrever acerca dos caetés, mesmo nome dado ao romance que lemos.

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