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Pessoas úteis à sociedade - SAP - Governo do Estado de São Paulo

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RevistaEdição Especial nº 7 - Junho/2013<strong>Pessoas</strong> úteis à <strong>socieda<strong>de</strong></strong>Conheça mais sobre o Programa <strong>de</strong>Penas e Medidas Alternativas


EditorialAmigos e servi<strong>do</strong>res, estamos na sétima edição da Revista<strong>SAP</strong>. Temos como matérias em <strong>de</strong>staque a marca <strong>do</strong>s 100 milpresta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços à comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong>Penas e Medidas Alternativas e ainda to<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> seleção,nomeação, entrega <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos e treinamento <strong>do</strong> Agente <strong>de</strong>Escolta e Vigilância Penitenciária que, pela primeira vez, irá realizara escolta <strong>de</strong> presos, liberan<strong>do</strong> as Polícias para os trabalhosinvestigativo e ostensivo.São <strong>do</strong>is marcos importantes na <strong>SAP</strong>: a aplicação das penas restritivas<strong>de</strong> direito, conhecidas como “Penas e Medidas Alternativas”,que são <strong>de</strong>stinadas a infratores <strong>de</strong> baixo potencial ofensivo combase no grau <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong>, nos antece<strong>de</strong>ntes, na conduta sociale na personalida<strong>de</strong>, visan<strong>do</strong>, sem rejeitar o caráter ilícito <strong>do</strong> fato,substituir ou restringir a aplicação da pena <strong>de</strong> prisão.Trata-se <strong>de</strong> uma medida punitiva <strong>de</strong> caráter educativo e socialmenteútil imposta ao autor da infração penal, que não afasta o indivíduoda <strong>socieda<strong>de</strong></strong> e não o exclui <strong>do</strong> convívio social e familiar.A Secretaria da Administração Penitenciária, por meio da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Reintegração Social e Cidadania (CRSC), promovea expansão quantitativa e qualitativa da aplicação das penas <strong>de</strong>prestação <strong>de</strong> serviços à comunida<strong>de</strong>, oferecen<strong>do</strong> ao Po<strong>de</strong>r Judiciárioprogramas <strong>de</strong> acompanhamento, fiscalização <strong>do</strong> cumprimentodas medidas impostas, implementação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s operacionaisvisan<strong>do</strong> reduzir o índice <strong>de</strong> reincidência criminal e fomentar aparticipação da <strong>socieda<strong>de</strong></strong> neste processo.Já foram cadastra<strong>do</strong>smais <strong>de</strong> 100 mil presta<strong>do</strong>res. O índice <strong>de</strong> reincidência no programaé <strong>de</strong> apenas 5,7%.O Concurso <strong>de</strong> seleção <strong>do</strong>s mil Agentes <strong>de</strong> Escolta e VigilânciaPenitenciária está em sua última fase. Os futuros AEVPs, quesubstituirão as Polícias na escolta <strong>de</strong> presos, estão realizan<strong>do</strong> ocurso <strong>de</strong> formação técnico profissional na Escola <strong>de</strong> AdministraçãoPenitenciária (EAP).LOURIVAL GOMESSECRETÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIARevista <strong>SAP</strong> Edição n° 7 - Junho <strong>de</strong> 2013Revista <strong>SAP</strong> é uma publicação da Assessoria <strong>de</strong> Imprensa• Editora-ChefeRosana Tenreiro AlbertoReportagem e RedaçãoJorge <strong>de</strong> Souza - Mariana Borges - Veruska Almeida - MarianaMorimura - Rafael Marinho da Paz• FotografiaEric <strong>de</strong> Moura Alves• Arte e DiagramaçãoMarcelo De Lucca Figueire<strong>do</strong>Fernan<strong>do</strong> Marini Pra<strong>do</strong>• Apoio AdministrativoRosângela <strong>de</strong> Souza Matos SilvaSe<strong>de</strong> da <strong>SAP</strong>: Av. Gal. Ataliba Leonel, 556 - SantanaCEP: 02033-000 - São <strong>Paulo</strong> / SPFone/PABX: (11) 3206-4700e-mail: imprensa@sap.sp.gov.brSite: www.sap.sp.gov.brTiragem: 4 mil exemplaresÍndice+,+ & + Inaugurações ....................................03Eu as <strong>de</strong>claro mulher e mulher .....................09Intercâmbio internacional ............................ 12Enquanto isso no ro<strong>do</strong>anel .......................... 13Plantan<strong>do</strong> o saber .......................................... 14EAP. Muito alem da formação ....................... 18Xadrez & Cultura ......................................... 20100 Mil .......................................................... 22O dia da mulher na Feminina <strong>do</strong> Butantan ..... 29Francamente falan<strong>do</strong>... Só no sapatinho ......... 30<strong>SAP</strong> inova também em saú<strong>de</strong> ........................ 32Pura. Economia que se vê ........................ 34Tem choro que dá pena, tem pena que dá choro ...... 38Comitê <strong>de</strong> ética ............................................. 39+,+ & + Funcionários ................................. 40Comportamento humano ............................ 41


<strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> aumenta mais <strong>de</strong> 3 mil vagasno sistema prisionalRosana TenReiRo albeRToDan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> ao Plano <strong>de</strong> Expansão <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>sPrisionais, o <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>, através daSecretaria da Administração Penitenciária (<strong>SAP</strong>) inaugurouem 4/2, o Centro <strong>de</strong> Detenção Provisória (CDP) e a PenitenciáriaMasculina (PM) <strong>de</strong> Cerqueira César e em 18/3, o Centro <strong>de</strong>Detenção Provisória (CDP) e Penitenciária <strong>de</strong> Capela <strong>do</strong> Alto.Ao to<strong>do</strong>, foram entregues 3.072 novas vagas. O investimentototal <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> foi cerca <strong>de</strong> R$ 122 milhões.Os quatro estabelecimentos penitenciários fazemparte <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Expansão <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Prisionais, que esvaziouca<strong>de</strong>ias da região. Os municípios contempla<strong>do</strong>s coma transferência <strong>do</strong>s presos foram: Buri, Capão Bonito, Pilar<strong>do</strong> Sul, Porangaba, São Roque, Itapeva, Botucatu, Itatinga,Manduri, Paranapanema, Sarutaía, Itararé, Tejupá e BarraBonita.O governa<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Alckmin visitou as <strong>de</strong>pendênciasprisionais em Capela <strong>do</strong> Alto, no dia 14/3, e enfatizouque os novos mo<strong>de</strong>los a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s e construí<strong>do</strong>s pela <strong>SAP</strong>primam pela segurança, economia <strong>de</strong> gastos – como é ocaso da implantação das cozinhas e padaria, eliminan<strong>do</strong> asquentinhas – e ainda tem como objetivo principal, o fator<strong>de</strong> ressocialização quan<strong>do</strong> fizeram mudanças importantesnas unida<strong>de</strong>s provisórias, uma vez que atualmente possuempavilhões <strong>de</strong> trabalho e salas <strong>de</strong> aula.As unida<strong>de</strong>s foram construídas com base em sóli<strong>do</strong>sprojetos <strong>de</strong> engenharia com relação às condições <strong>de</strong> custódia<strong>do</strong>s presos, com foco na segurança, pois são proporcionadasmelhorias tanto para os reeducan<strong>do</strong>s quanto para os servi<strong>do</strong>rese a <strong>socieda<strong>de</strong></strong>. Os profissionais que atuam nas unida<strong>de</strong>s penais3Revista <strong>SAP</strong>


são altamente qualifica<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>sempenhar suas atribuições.Outro fator importante já cita<strong>do</strong> é o esvaziamento das ca<strong>de</strong>ias,para a liberação da Polícia Civil exercer a função investigativae <strong>de</strong> capturas.Cerimônias <strong>de</strong> InauguraçõesO secretário Lourival Gomes discursou sobre omo<strong>de</strong>lo atual das unida<strong>de</strong>s entregues e agra<strong>de</strong>ceu o empenho<strong>do</strong>s quase 35 mil servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema penitenciáriopaulista no trabalho diuturno realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro das unida<strong>de</strong>sprisionais.Enfatizou também que a meta<strong>do</strong> <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> éesvaziar as ca<strong>de</strong>ias com a entrega dasnovas unida<strong>de</strong>s prisionais <strong>do</strong> plano <strong>de</strong>expansão, que totalizará mais <strong>de</strong> 39 milvagas.“Atualmente estão <strong>de</strong>ti<strong>do</strong>s 3.551homens e 1.471 mulheres sob a administraçãoda Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública(SSP), há 10 anos o número chegava à 25mil”, complementou Gomes. No entanto,mesmo diante das dificulda<strong>de</strong>s encontradasna construção <strong>de</strong> novas unida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>aumento <strong>de</strong> prisões efetuadas pela Polícia,a <strong>SAP</strong> vem acolhen<strong>do</strong> o maior número <strong>de</strong>presos, estan<strong>do</strong> sob sua custódia cerca <strong>de</strong>200 mil.4Revista <strong>SAP</strong>


Estrutura das unida<strong>de</strong>sA concepção <strong>do</strong> projeto e o programa funcionalsão os mesmos, tanto para o CDP, quanto para a PenitenciáriaMasculina.Os projetos preveem para operação <strong>de</strong> cadauma das unida<strong>de</strong>s, a contratação, através <strong>de</strong> concursospúblicos ou solicitação <strong>de</strong> transferências, <strong>de</strong> 532funcionários para atuarem nos <strong>do</strong>is CDPs e outros 542para as penitenciárias, entre eles agentes <strong>de</strong> segurança,médicos, assistentes sociais, psicólogos oficiais administrativose operacionais, entre outros. Eles atuarãoem áreas setorizadas, todas voltadas para o atendimentoao reeducan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ativida<strong>de</strong>. Os agentesatuarão nos setores externo e interno, separa<strong>do</strong>s pelamuralha, no controle da segurança visan<strong>do</strong> o acesso, ofluxo e circulação <strong>de</strong> pessoas.Revista <strong>SAP</strong> 5


Mais SegurançaO CDP é um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> prisional paraabrigar presos que aguardam julgamento e a penitenciáriapara presos con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s. Ambas foram construídascom oito raios habitacionais, on<strong>de</strong> se localizam as celase os pátios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Cada raio tem capacida<strong>de</strong> paraabrigar 96 <strong>de</strong>tentos e conta com um pátio <strong>de</strong> sol exclusivo.Os raios são interliga<strong>do</strong>s por uma galeria centralcom acesso privativo por meio <strong>de</strong> gaiolas localizadasem cada um <strong>de</strong>les. O controle e a segurança da área<strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos são realiza<strong>do</strong>s pelo pavimento superior dagaleria central e pelas torres <strong>de</strong> vigilância, localizadasem cada extremida<strong>de</strong> da muralha <strong>de</strong> segurança. As duasunida<strong>de</strong>s possuem cozinha, lavan<strong>de</strong>ria, setor <strong>de</strong> padariae salas <strong>de</strong> aula.To<strong>do</strong>s os CDPs e penitenciárias masculinas previstosno projeto <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s prisionais sãoconstruí<strong>do</strong>s com esse novo padrão.6Revista <strong>SAP</strong>


ciária (EAP), com base em noções <strong>de</strong> segurança edisciplina e total valorização <strong>do</strong>s direitos humanos.Este é o momento certo <strong>de</strong> investir em umasegurança pública renovada em São <strong>Paulo</strong>. É muitoimportante que cada cidadão assuma a sua cota <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>.Vamos construir juntos um novo tempo na luta paracombater o crime.<strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>esvazia Ca<strong>de</strong>ia Pública <strong>de</strong> São RoquePresos foram retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias públicas com ainauguração das unida<strong>de</strong>s prisionais <strong>de</strong> Capela <strong>do</strong> Alto.O <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>, através da Secretariada Administração Penitenciária (<strong>SAP</strong>) e Secretaria <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> da Segurança Pública (SSP), esvaziou, no dia 3/4, aca<strong>de</strong>ia pública <strong>do</strong> município <strong>de</strong> São Roque. A última transferência<strong>de</strong> presos aconteceu na mesma data, às 9h, com o encaminhamento<strong>de</strong> 13 presos ao CDP <strong>de</strong> Capela <strong>do</strong> Alto.A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Capela <strong>do</strong> Alto foi entregue no dia 18/03e trinta dias após sua inauguração, seis ca<strong>de</strong>ias públicas foram<strong>de</strong>socupadas. O prazo havia si<strong>do</strong> anuncia<strong>do</strong> pelo secretárioda <strong>SAP</strong>, Lourival Gomes, durante cerimônia em São Roque,e foi cumpri<strong>do</strong>. Gomes informou que ao to<strong>do</strong>, 456 presos daregião <strong>de</strong> Sorocaba seriam transferi<strong>do</strong>s para a re<strong>de</strong> <strong>SAP</strong>. Os8Revista <strong>SAP</strong>municípios contempla<strong>do</strong>s foram: Buri, Capão Bonito, Pilar<strong>do</strong> Sul, Porangaba, São Roque e Itapeva. O cronograma <strong>de</strong>transferências foi elabora<strong>do</strong> pela <strong>SAP</strong>, que também se encarregou<strong>de</strong> efetuá-las.Segun<strong>do</strong> o governa<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Alckmin, a meta <strong>do</strong>governo é zerar o número <strong>de</strong> presos em <strong>de</strong>legacias em to<strong>do</strong>o esta<strong>do</strong>. No segun<strong>do</strong> semestre, serão transferi<strong>do</strong>s os homense em 2014 a <strong>de</strong>socupação será também das mulheres.Alckmin <strong>de</strong>finiu que o dia 03/04 foi uma “data histórica”para São Roque, pois com a <strong>de</strong>sativação da ca<strong>de</strong>iainstalada na cida<strong>de</strong>, a população po<strong>de</strong>ria se sentir mais segura,já que a unida<strong>de</strong> carcerária se encontrava no centro <strong>do</strong>município, ao la<strong>do</strong> da ro<strong>do</strong>viária e <strong>de</strong> um centro educacionale cultural.O Plano <strong>de</strong> Expansão <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Prisionais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pela <strong>SAP</strong> acaba benefician<strong>do</strong> a Polícia Civil, queconseguirá aprimorar os seus trabalhos <strong>de</strong> investigação eesclarecimento <strong>de</strong> crimes, por não precisar mais dispor <strong>de</strong>pessoal para tomar conta <strong>do</strong>s presos. ”Isso vai ajudar muito aPolícia Civil melhorar a essência <strong>do</strong> seu trabalho e é um gran<strong>de</strong>ganho e benefício à população”, finalizou Alckmin.


Até que a morte as separeEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> realiza primeiro casamento gay em unida<strong>de</strong> prisionalVeRuska almeidaFoi com os olhos mareja<strong>do</strong>s que Marcela Almeida,29 anos, e Kelly Gislaine Ferreira, 33 anos, seguiramao altar para realizar um gran<strong>de</strong> sonho. A união estávelocorreu no dia 01/02, no pátio <strong>de</strong> recreação da PenitenciáriaFeminina I “Santa Maria Eufrásia Pelletier” <strong>de</strong>Tremembé, e contou com a participação aproximada<strong>de</strong> 60 reeducandas, além <strong>de</strong> funcionários e familiaresdas noivas.O relacionamento teve início no Natal <strong>de</strong> 2009,mas apenas agora a legislação permitiu que elas pu<strong>de</strong>ssemse unir usufruin<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os diretos legais que umcasamento convencional oferece. A norma que regulamentao casamento civil entre pessoas <strong>do</strong> mesmo sexo foipublicada em 18/12/2012. O casamento e união estávelforam inseri<strong>do</strong>s nas previsões das Normas <strong>de</strong> Serviçoda Correge<strong>do</strong>ria Geral da Justiça <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>.A partir <strong>de</strong>ssa data os casais homossexuais quequisessem oficializar a união não precisariam mais recorrerà justiça. A união po<strong>de</strong>rá ser oficializada através<strong>do</strong>s cartórios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>.As <strong>de</strong>tentas que estão juntas há mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>isanos, já dividiam a mesma cela, mas foi em 2011 quecomeçaram a luta para conseguirem a regularização daunião. Elas procuraram a direção da unida<strong>de</strong>, que pediuautorização à Secretaria da Administração Penitenciária(<strong>SAP</strong>), através da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria da Região <strong>do</strong> Vale eLitoral (Corevali), que permitiu o evento.Muitos servi<strong>do</strong>res colaboraram com a realizaçãoda festa; além <strong>do</strong>s vesti<strong>do</strong>s, cabelo e maquiagem, foitu<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> como manda a tradição: enfeites, bolo,salga<strong>do</strong>s e buquê. As presas também ajudaram com osgastos, elas trabalham como costureiras receben<strong>do</strong> umsalário mínimo cada e remição <strong>de</strong> pena.Kelly, que po<strong>de</strong> sair no ano que vem da prisão,diz que nunca <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> visitar Marcela, que <strong>de</strong>vecumprir pena até 2024. “Eu sempre virei vê-la. Quan<strong>do</strong>sairmos daqui construiremos nossa vida como qualquercasal”, garante.José Maurício Almeida, pai <strong>de</strong> Marcela, <strong>de</strong>stacouo apoio da família nesse momento. “Muitos familiaresvieram. A emoção é a mesma que a <strong>de</strong> um casamentohétero. O mais importante é que elas estão felizes”,disse.Mas foi Marcela quem melhor <strong>de</strong>screveu o significa<strong>do</strong>da cerimônia: “É o primeiro casamento homossexual<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> prisional no esta<strong>do</strong>, a sensação é <strong>de</strong><strong>de</strong>ver cumpri<strong>do</strong>, <strong>de</strong> sonho realiza<strong>do</strong>. Nós quebramos barreiras,mostramos a outros casais seus direitos, nos tornamosum referencial para muitas pessoas”, explicou.Eliana Maria <strong>de</strong> Freitas Pereira, diretora da unida<strong>de</strong>,ressaltou o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na penitenciária, em queo objetivo principal é o direito a um futuro com oportunida<strong>de</strong>s.“Além <strong>de</strong> auxiliá-las na realização <strong>de</strong> um sonho,trabalhamos também com suas reinserções à <strong>socieda<strong>de</strong></strong>”,completou.Revista <strong>SAP</strong> 9


Alguns meses<strong>de</strong>pois...Nos primeiros meses <strong>do</strong> casamento entreKelly e Marcela as duas estão bem, felizes emuito mais empenhadas em conquistar a liberda<strong>de</strong>.Traçan<strong>do</strong> muitos planos para o retorno à liberda<strong>de</strong>,“o futuro na rua”.Segun<strong>do</strong> a diretora da unida<strong>de</strong>, Eliana Maria<strong>de</strong> Freitas Pereira, o casamento refletiu muitopositivamente sobre to<strong>do</strong>s os outros casais e napopulação carcerária <strong>de</strong> forma geral.10Revista <strong>SAP</strong>


“O efeito foi tão forte, que teve casalque se separou. Vejo isso como reflexo positivo,como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho que <strong>de</strong>senvolvemos nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazê-las rever valores que, <strong>de</strong> certaforma, contribuíram para o cometimento <strong>do</strong> crime”,observou Pereira.O empenho da equipe da unida<strong>de</strong> continua.A realização <strong>de</strong> eventos é constante, sempreenvolven<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s: servi<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>tentas. “Asações têm sempre um efeito benéfico e retributivo.Quanto mais realizamos, mais elas participam;quanto mais elas participam, mais se aproximam <strong>de</strong>nós; quanto mais próximas, melhor as conhecemose, consequentemente, obtemos melhor resulta<strong>do</strong>em nosso trabalho”, explica a diretora.Revista <strong>SAP</strong> 11


Comitiva da Polizia Penitenziaria Italiana visita a <strong>SAP</strong>com o objetivo <strong>de</strong> trocar experiênciasRosana TenReiRo albeRToA convite <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Agentes <strong>de</strong> SegurançaPenitenciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> (Sindasp-SP) a PoliziaPenitenziaria Italiana esteve em visita ao sistema prisionalpaulista <strong>de</strong> 16 a 24 /02.A equipe foi li<strong>de</strong>rada pelo Segretario Generale<strong>do</strong> Sindicato Autonomo Polizia Penitenciaria (<strong>SAP</strong>Pe),Donato Capece, que conheceu várias unida<strong>de</strong>s prisionais daregião oeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, entre elas o Centro <strong>de</strong> Ressocializaçãoe a Penitenciária <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, PenitenciáriaI <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venceslau, Penitenciária Feminina <strong>de</strong> TupiPaulista, Penitenciária <strong>de</strong> Dracena e acompanharam umaação <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Intervenção Rápida (GIR) na PenitenciáriaII <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venceslau, durante o fechamento dascelas. Os italianos também visitaram o Centro <strong>de</strong> ReadaptaçãoPenitenciária e conheceram o Regime DisciplinarDiferencia<strong>do</strong> (RDD), em Presi<strong>de</strong>nte Bernar<strong>de</strong>s.Os italianos aplaudiram a ação <strong>do</strong> GIR, queefetuou uma simulação <strong>de</strong> invasão, com escu<strong>do</strong>s, tonfas,cães, etc., na região oeste. Também conheceram o estan<strong>de</strong><strong>de</strong> tiro da Penitenciária I <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Venceslau e a se<strong>de</strong><strong>do</strong> GIR em São <strong>Paulo</strong>, o maior estan<strong>de</strong> <strong>de</strong> tiro coberto<strong>do</strong> Brasil. O estan<strong>de</strong> dispõe <strong>de</strong> seis baias com 50m <strong>de</strong>pista livre cada – são 60m <strong>de</strong> comprimento total, sete <strong>de</strong>largura e três <strong>de</strong> altura. O sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> alvosé automatiza<strong>do</strong> e foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> exclusivamente parao local. O estan<strong>de</strong> está prepara<strong>do</strong> para suportar até tiros<strong>de</strong> fuzil (calibre 7,62).Dan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> ao roteiro <strong>de</strong> visita, o presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Sindasp, Daniel Gran<strong>do</strong>lfo e o secretário daAdministração Penitenciária, Lourival Gomes, tambémacompanharam a comitiva em visita à Escola da AdministraçãoPenitenciária (EAP), no dia 21/2, e no final datar<strong>de</strong> tiveram uma audiência com o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,Geral<strong>do</strong> Alckmin, no Palácio <strong>do</strong>s Ban<strong>de</strong>irantes.A Itália possui 68 mil presos em to<strong>do</strong> o paíse somente em São <strong>Paulo</strong> está na marca <strong>de</strong> 200 mil nare<strong>de</strong> <strong>SAP</strong>. O secretário Lourival Gomes enfatizou que oclima no sistema prisional paulista está mais tranquilo,graças ao excelente trabalho que os funcionários daSecretaria vêm <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro das unida<strong>de</strong>s prisionais.12Revista <strong>SAP</strong>


Parceria firmada entre órgãos <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> criam oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> emprego para os egressos <strong>do</strong> sistema prisional paulistaRafael maRinho da PazGraças à parceria firmada em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2012, entreas Secretarias <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Administração Penitenciária (<strong>SAP</strong>),Justiça e Defesa da Cidadania, Desenvolvimento Econômico,“Vamos qualificar as pessoas para um emprego queexiste e que tem muita <strong>de</strong>manda, mas que tem carência <strong>de</strong>mão-<strong>de</strong>-obra, que é a construção civil”, <strong>de</strong>stacou o governa<strong>do</strong>rAlckmin. “Os egressos incluí<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong><strong>de</strong> trabalho dificilmente voltam para o crime”,acrescentou o secretário Lourival Gomes .O coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r da CRSC, Mauro RogérioBitencourt, comemora a realização <strong>de</strong> mais umconvênio e discursa sobre os bons frutos que issoren<strong>de</strong>rá. Ele informou ainda que parcerias entreas secretarias <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> e a iniciativa privada paraque o egresso volte à <strong>socieda<strong>de</strong></strong> com dignida<strong>de</strong>, sequalifican<strong>do</strong> e geran<strong>do</strong> renda para sua família, sãofatores que os tornam cidadãos <strong>de</strong> fato.A <strong>SAP</strong> também comemora o resulta<strong>do</strong> daparceria, ten<strong>do</strong> em vista que além das oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> trabalho, o termo <strong>de</strong> cooperação prevêque famílias mora<strong>do</strong>ras na região <strong>do</strong> empreendimentotenham fácil acesso aos programas sociaisofereci<strong>do</strong>s pelo esta<strong>do</strong>, pensan<strong>do</strong> também nosfamiliares <strong>de</strong> egressos da região.Ciência e Tecnologia e DesenvolvimentoRo<strong>do</strong>viário SA (Dersa), foi possível gerarempregos e inclusão em programas sociais.Por isso, egressos <strong>do</strong> sistema prisional estãosen<strong>do</strong> contrata<strong>do</strong>s para trabalhar nas obras <strong>do</strong>Ro<strong>do</strong>anel – Trecho Norte.A obra teve início em 12/3 e o prazopara conclusão é <strong>de</strong> 36 meses. Foram oferecidascerca <strong>de</strong> 600 vagas para os egressos queestão sen<strong>do</strong> seleciona<strong>do</strong>s pelo Departamento<strong>de</strong> Atenção ao Egresso e Família, da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Reintegração Social e Cidadania(CRSC).Além das vagas <strong>de</strong> emprego, tambémserão realiza<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> qualificação paraaprimorar a habilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, pormeio <strong>do</strong> Programa Via Rápida.Revista <strong>SAP</strong> 13


Aulas nas unida<strong>de</strong>s prisionais passam a ser lecionadas porprofessores <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>VeRuska almeida“A Assembleia Geral proclama a presente DeclaraçãoUniversal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> Homem, como i<strong>de</strong>al comuma atingir por to<strong>do</strong>s os povos e todas as nações, a fim <strong>de</strong> queto<strong>do</strong>s os indivíduos e to<strong>do</strong>s os órgãos da <strong>socieda<strong>de</strong></strong>, ten<strong>do</strong>--a constantemente no espírito, se esforcem pelo ensino epela educação, por <strong>de</strong>senvolver o respeito <strong>de</strong>sses direitose liberda<strong>de</strong>s e por promover, por medidas progressivas <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m nacional e internacional, o seu reconhecimento e asua aplicação universal e efetiva, tanto entre as populações<strong>do</strong>s próprios esta<strong>do</strong>s membros como entre as <strong>do</strong>s territórioscoloca<strong>do</strong>s sob a sua jurisdição” (Declaração Universal <strong>do</strong>sDireitos Humanos - DUDH – 1948).“Toda pessoa tem direito à educação. A educação<strong>de</strong>ve ser gratuita, pelo menos a correspon<strong>de</strong>nte ao ensinoelementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório.(...)” (Art. 26 da DUDH).Após 34 anos <strong>de</strong> serviços presta<strong>do</strong>s à educação <strong>do</strong>spresos, a Fundação “Prof. Manoel Pedro Pimentel” (Funap)não será mais a única responsável pelo sistema educacionalnas penitenciárias <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. A mudança teve início coma resolução conjunta <strong>do</strong> Conselho Nacional da Educação(CNE) e a Câmara <strong>de</strong> Educação Básica (CEB), <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2010.A mesma instituiu as diretrizes nacionais para a oferta<strong>de</strong> educação para jovens e adultos em situação <strong>de</strong> privação<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> nos estabelecimentos penais. A partir <strong>de</strong>sse momentoo sistema educacional retornou para a responsabilida<strong>de</strong>da Secretaria da Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (SEE).Informações com base no relatórioatendimento <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2013Teve início então a parceria entre SEE, <strong>SAP</strong> e Funap.Foram <strong>de</strong>senvolvidas diversas ações formais no campo daeducação, tais como: o cadastramento <strong>do</strong>s alunos das unida<strong>de</strong>sprisionais no sistema da SEE, que oficializou a presença<strong>do</strong> educan<strong>do</strong> na re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino; o fornecimento <strong>de</strong>materiais escolares e a realização <strong>de</strong> provas para garantir acertificação pelo processo, diferente da certificação através<strong>do</strong>s exames públicos como Enem, Encceja ou Cesu.O Decreto 57.238/11, que instituiu o Programa <strong>de</strong>Educação nas Prisões e a resolução conjunta SEE/<strong>SAP</strong>, <strong>de</strong>16/01/2013, veio concretizar essa união. A meta é estabelecerum plano político-pedagógico e a continuida<strong>de</strong> efetivada educação nas prisões. Permitiu-se assim que as aulas <strong>do</strong>spresídios fossem atribuídas em processo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> vagasem escolas vincula<strong>do</strong>ras e que assumisse o papel educacional<strong>de</strong>ntro das unida<strong>de</strong>s prisionais, com professores da re<strong>de</strong> pública<strong>de</strong> ensino.Segun<strong>do</strong> o último relatório da Funap, <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong>2013, existem no sistema prisional mais <strong>de</strong> 9 mil alunos. Contu<strong>do</strong>,no universo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 200 mil presos, existem muitoseducan<strong>do</strong>s em potencial, <strong>de</strong>sse total 7 mil se auto-<strong>de</strong>claramanalfabetos, cerca <strong>de</strong> 90 mil não concluíram o ensino fundamentale quase 30 mil o ensino médio.Entretanto, o número <strong>de</strong> certificações é expressivo:apenas em 2011 e 2012, aproximadamente 3,4 mil alunosforam aprova<strong>do</strong>s no último ano <strong>do</strong> ensino fundamental.14Revista <strong>SAP</strong>


Apresentação e TreinamentoNo mês <strong>de</strong> fevereiro teve início o ano letivo <strong>de</strong> 2013.Entre os dias 4 e 6, os professores da re<strong>de</strong> estadual passarampor um processo <strong>de</strong> ambientação disponibiliza<strong>do</strong> pela Escolada Administração Penitenciária (EAP).O “Encontro <strong>de</strong> Formação e Recepção <strong>de</strong> Professoresda Secretaria da Educação” contou com o apoio e participação<strong>de</strong> supervisores <strong>de</strong> ensino, responsáveis pela educação prisional,professores-coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong> núcleo pedagógico e diretoresdas escolas vincula<strong>do</strong>ras das unida<strong>de</strong>s prisionais.O objetivo era integrar os profissionais da <strong>SAP</strong> aoprocesso <strong>de</strong> escolarização, orientar e ambientar os <strong>do</strong>centesque atuam nessas classes quanto ao funcionamento <strong>do</strong> sistemapenitenciário. O evento apresentou em conjunto um rol<strong>de</strong> procedimentos na área <strong>de</strong> educação no sistema prisional,visan<strong>do</strong> estabelecer umpadrão normativo <strong>de</strong>ações aos profissionaisda SEE e da <strong>SAP</strong>.As palestras <strong>de</strong>diversos especialistas emeducação e no sistema prisionalforam apresentadas<strong>de</strong> forma presencial noauditório da EAP e simultaneamente,por vi<strong>de</strong>oconferência,nos polos Campinas,Pirajuí, Presi<strong>de</strong>nteVenceslau e Taubaté. Oevento ainda foi transmiti<strong>do</strong>por streaming, isto é,quem não estava em um<strong>do</strong>s polos pô<strong>de</strong> assistir emseu local <strong>de</strong> trabalho, acessan<strong>do</strong>o en<strong>de</strong>reço eletrônico disponibiliza<strong>do</strong>.Dentro das apresentações houve também a busca pela<strong>de</strong>smistificação sobre o sistema prisional e os presos em si. ACoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Apoio ao Ensino <strong>do</strong> Departamento PenitenciárioNacional (Depen), Débora Guimarães, exaltou o trabalhonas unida<strong>de</strong>s prisionais. “É muito gratificante, é apaixonante, nãotenham me<strong>do</strong>”, disse.Já a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra Geral <strong>de</strong> Reintegração Social e Ensino<strong>do</strong> Depen, Mara Barreto, expôs a situação <strong>do</strong> preso sobre a perda<strong>do</strong> direito à liberda<strong>de</strong> e ao cumprimento da pena. “Eles per<strong>de</strong>rama liberda<strong>de</strong>, não os outros direitos. Eles ultrapassaram os limites<strong>do</strong> certo e <strong>do</strong> erra<strong>do</strong>, mas nem por isso nós vamos negar a eles osoutros direitos: educação, saú<strong>de</strong>, alimentação, acesso jurídico ecapacitação profissional”, explicou.Foram realizadas, no início <strong>de</strong>sse mês, duas vi<strong>de</strong>oconferências.Está prevista ainda uma série <strong>de</strong> formações específicasdurante este ano letivo, como orientações técnicas, <strong>de</strong>bates epalestras sobre como trabalhar em salas multisseriadas, integraros conteú<strong>do</strong>s em áreas <strong>do</strong> conhecimento e a discussão <strong>do</strong>s eixostemáticos <strong>do</strong> projeto pedagógico.As palestras proferidas nos dias 4 e 5/2/2013 estão postadasno en<strong>de</strong>reço eletrônico:http://www.escolas<strong>de</strong>governo.sp.gov.br/vi<strong>de</strong>oconferen-cias/vi<strong>de</strong>oteca/viewcategory/15/secretaria-da-administracao--penitenciaria.Estrutura e AplicaçãoO esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> era o único no país que aindanão tinha professores lecionan<strong>do</strong> nas suas penitenciárias. Entretanto,um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s problemas da educação no sistemaprisional da Brasil é a falta <strong>de</strong> local a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para a realizaçãodas aulas. Contu<strong>do</strong>, as unida<strong>de</strong>s prisionais <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> contamcom salas <strong>de</strong> aula, biblioteca, clubes <strong>de</strong> leitura e trabalhosconstantes <strong>de</strong> apoio e incentivo ao aprendiza<strong>do</strong>.Além <strong>do</strong> material <strong>do</strong> currículo regular <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, osprofessores dispõem <strong>do</strong>s materiais <strong>de</strong> apoio para alfabetizaçãodas turmas <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos (EJA) eprogramas <strong>de</strong> telecursos. O conteú<strong>do</strong> pedagógico tem comofoco a atuação em salas multisseriadas, ou seja, as turmas nãosão separadas por séries, mas em ciclos: anos iniciais e finais<strong>do</strong>s ensinos fundamental emédio. A carga horária é<strong>de</strong> 4h10/dia, soman<strong>do</strong> 25aulas por semana.A meto<strong>do</strong>logia utilizadaem sala <strong>de</strong> aula éfeita por eixos temáticose foi construída com asdiretorias <strong>de</strong> ensino, emparceria com as própriasunida<strong>de</strong>s prisionais. Oprincipal diferencial dasaulas é a formação voltadaao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Oprojeto inova<strong>do</strong>r engloba,transcen<strong>de</strong> e complementainovação e criativida<strong>de</strong>,responsabilida<strong>de</strong> social, meio ambiente, significa<strong>do</strong>s e formaçãoglobal da pessoa privada <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> apta ainserir-se <strong>de</strong> novo na <strong>socieda<strong>de</strong></strong>.A <strong>do</strong>utora e <strong>do</strong>cente da Pontifica Universida<strong>de</strong> Católica(PUC), Maria Garcia, <strong>de</strong>staca a importância da educação e <strong>de</strong>uma aula que atinja a to<strong>do</strong>s. “É primordial que os presidiáriossaiam com o diploma na mão para que tenham direitos iguais.To<strong>do</strong>s têm direito à educação igual e sem distinção. As aulas<strong>de</strong>vem atingir a to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> igual”, explica Garcia.O início <strong>do</strong> ABC...Após três meses <strong>de</strong> aula nas unida<strong>de</strong>s prisionais, professorese alunos já po<strong>de</strong>m sentir melhor as transformaçõese diferenças <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong>. Nesse universo <strong>do</strong> qualfazem parte, to<strong>do</strong>s parecem estar buscan<strong>do</strong> a melhor forma<strong>de</strong> agregar as experiências <strong>de</strong> vida às aulas, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong> cadadia um aprendiza<strong>do</strong>.Muitos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes que fazem parte <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> professoresna <strong>SAP</strong> <strong>de</strong>sconheciam o funcionamento <strong>do</strong> sistema,outros tiveram experiências na Fundação Casa, alguns queremencarar e vencer o <strong>de</strong>safio, outros apenas amam sua profissão eacreditam na educação como objeto ressocializa<strong>do</strong>r da pessoapresa ou quem sabe para uma <strong>socieda<strong>de</strong></strong> em si.Revista <strong>SAP</strong> 15


Vitória, aposentada, voltou a lecionar em penitenciáriaCom 35 anos <strong>de</strong> carreira pedagógica, está no setor<strong>de</strong> alfabetização. Ela conta como vê e escolheu a profissão:“O professor tem um <strong>de</strong>safio, quan<strong>do</strong> a pessoa gosta <strong>de</strong><strong>de</strong>safios e encontra uma classe diferenciada, você temmuitos <strong>de</strong>safios. Muitas barreiras que às vezes até parecemque não será possível transpor; quan<strong>do</strong> se consegue nãoexiste dinheiro que pague. Você se sente como se fosseum mágico que tivesse uma varinha, aí você bate essavarinha e tu<strong>do</strong> se transforma”, enaltece Vitória.Ela explica que busca trabalhar a autoestima daspresas, que muitas vezes está baixa. Para as aulas trazmateriais como ficha móvel, revistas e jornais que ajudama estimular a leitura, além <strong>de</strong> palavras constantes <strong>de</strong>incentivo. “Eu digo para elas: a única coisa que muda avida da gente é a educação. Não tem outro caminho, nãoexiste. Na vida não existe atalho, tem um caminho, atalhonão, eu bato muito nessa tecla”, <strong>de</strong>clara.Marlene, professora há cinco anos, dá aulaspara quarta e quinta sériesMarlene observa que sempre gostou <strong>de</strong> ensinar epor isso escolheu a profissão. A educação faz o papel damudança e ela queria fazer parte disso. Ela conta aindaque o trabalho é difícil, pois existem alunas que dizemestar na quarta ou quinta séries <strong>do</strong> ensino fundamental,mais precisam ainda ser alfabetizadas.“Algumas estão mais à frente. Então você tem queter jogo <strong>de</strong> cintura. Elas são muito <strong>de</strong>dicadas, têm respeitopelo professor, te ouvem”, ressalta Marlene.A professora também se vê quebran<strong>do</strong> barreiras,levan<strong>do</strong> outra versão <strong>do</strong> universo prisional para o mun<strong>do</strong>extramuros. “Elas ficam rotuladas, como se fossem irrecuperáveis.Está sen<strong>do</strong> uma experiência tremenda paramim. Eu tenho alunas que afirmam que vão continuarestudan<strong>do</strong>, que vão mudar <strong>de</strong> vida, cursar faculda<strong>de</strong> e euacredito”, observa.Glaúcia, professora <strong>de</strong> história, já lecionou naFundação CasaA professora escolheu lecionar por acreditar naprofissão. Durante suas aulas tenta levar as alunas ao <strong>de</strong>bate,discussão <strong>de</strong> temas e reflexão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. As educandasparecem a<strong>do</strong>rar sua aula, pois perguntam e participam comquestionamentos sobre os assuntos aborda<strong>do</strong>s. Tambémacredita na educação como objeto ressocializa<strong>do</strong>r. Segun<strong>do</strong>Gláucia, talvez a principal busca para as reeducandas nocontexto atual, seja enten<strong>de</strong>r a sua participação social, ouseja, porque o erra<strong>do</strong> se elas fazem parte <strong>de</strong>ssa <strong>socieda<strong>de</strong></strong>e o melhor po<strong>de</strong> ser melhor para elas também, afinal elasfazem parte disso tu<strong>do</strong>.Samantha, há 12 anos como professora, dá aulas<strong>de</strong> matemática para o ensino médio“Eu <strong>de</strong>cidi ser professora porque eu sempre gostei<strong>de</strong> ajudar, eu sempre quis ser acessível para trazer o ensinopara to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>”, diz Samantha. As aulas são preparadaspara que a matemática faça parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>las, com<strong>do</strong>bradura, exercícios presente no dia a dia; os exercícios<strong>de</strong> porcentagem foram realiza<strong>do</strong>s com exemplos das própriaspresas. A <strong>do</strong>cente ressalta que a experiência estásen<strong>do</strong> muito boa, que a turma aumentou. “Muitas têm aconsciência <strong>de</strong> que se estudarem, po<strong>de</strong>m ter um futuromelhor quan<strong>do</strong> saírem daqui”, comenta Samantha.Jair lecionou três anos em escola pública e voltouagora a dar aulaJair diz ter para<strong>do</strong> <strong>de</strong> dar aula, pois não estava felize que só voltou a lecionar porque seria em uma unida<strong>de</strong>prisional. “Eu achei um <strong>de</strong>safio e estou impressiona<strong>do</strong>pelo interesse, entrega e comprometimento das alunas”,conta Jair.Segun<strong>do</strong> o professor, elas estão estudan<strong>do</strong> parao Enem, mas sempre existe um fantasma no estu<strong>do</strong> paraprova, você vê um gráfico e se assusta, já começa comcerto bloqueio. Essas questões <strong>de</strong>vem ser abordadas para16Revista <strong>SAP</strong>


minimizar o receio, com exercícios <strong>de</strong> vestibular, teste eprovas. “Quan<strong>do</strong> elas resolvem os problemas se sentemvitoriosas, ao entregar as provas <strong>de</strong>las a satisfação ficouestampada em seus rostos, isso as ajuda a seguir em frente,não foi gratuito, elas tiveram que participar, estudar, seaplicar.“Elas têm consciência da importância da educação,querem continuar a estudar, fazer faculda<strong>de</strong>, curso técnico.Uma aluna pediu para a direção baixar a gra<strong>de</strong> <strong>do</strong> curso <strong>de</strong>estética, porque ela queria conhecer as matérias, para saberse é o que <strong>de</strong>seja mesmo estudar. Elas têm muita vonta<strong>de</strong>,talvez não seja a mesma realida<strong>de</strong> que elas encontrarão láfora, mas elas saem com essa perspectiva e, lógico, nósapoiamos”, conta Jair.O Outro La<strong>do</strong>...G.G.S., reeducanda da Penitenciária Feminina daCapital (PFC), “Os professores nos transmitem segurançaem tu<strong>do</strong> que fazemos, pois sei que com meu esforço possoter um futuro melhor que esse e assim po<strong>de</strong>rei voltar à<strong>socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> cabeça erguida”.A <strong>de</strong>tenta A.F.S. vê a educação como uma mudança<strong>de</strong> vida. A estudante acredita que estudar é recriar a própriavida, é apren<strong>de</strong>r, é enten<strong>de</strong>r, ter mais oportunida<strong>de</strong>s nacarreira profissional. Ela ainda observa que quem estudatem mais chances extramuros. “Vou levar comigo para oresta da minha vida o que eu vier a apren<strong>de</strong>r na escola”,conta.“No Brasil, quan<strong>do</strong> a gente não sabe ler e escreverfica difícil, então agora sei que ao sair posso procurar umtrabalho, falar ou fazer uma entrevista <strong>de</strong> emprego. Contu<strong>do</strong>,o que mais me marca é saber que quan<strong>do</strong> minha filha vinhada escola e dizia: mamãe me ajuda aqui, eu não podia ajudare hoje graças às aulas que estou ten<strong>do</strong> eu po<strong>de</strong>rei ajudá-la”,conta M., também presa da PFC.O importante na parceria final são os trabalhos<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, seja pela <strong>SAP</strong>, SEE ou Funap. To<strong>do</strong>s osenvolvi<strong>do</strong>s querem transformar essa nova experiênciaem uma realida<strong>de</strong> vence<strong>do</strong>ra. As diretorias das unida<strong>de</strong>sprisionais oferecem livros aos <strong>do</strong>centes, para que seaperfeiçoem e tragam mais conhecimento aos presos. Orespeito é recíproco entre servi<strong>do</strong>res <strong>SAP</strong>, professorese alunos. Os educan<strong>do</strong>s participam <strong>de</strong> clubes <strong>de</strong> leitura,grupos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e se esforçam, não apenas em troca daremição (12 horas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> um dia remi<strong>do</strong>), mas poracreditarem em uma vida melhor.Essa é apenas a primeira semente plantada. Ofuturo não está traça<strong>do</strong>, mas o caminho já começou amudar.Estudan<strong>do</strong> para se profissionalizarCom a mudança no setor <strong>de</strong> educação, a Funappassará a exercer especialmente um trabalho direciona<strong>do</strong>ao Programa <strong>de</strong> Educação para o Trabalho, em paraleloaos outros serviços presta<strong>do</strong>s pelo órgão, como assistênciajurídica e incentivo cultural.Esse programa tem como objetivo contribuir paraa inclusão social <strong>de</strong> pessoas em privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>,por meio <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>sque ampliem as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção nomun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, geração <strong>de</strong> renda e participação na<strong>socieda<strong>de</strong></strong>. Trata-se <strong>de</strong> uma ação inova<strong>do</strong>ra no sistemaprisional paulista, alinhan<strong>do</strong> formação social com formaçãotécnica.Apenas em 2012, cerca <strong>de</strong> 5 mil presos fizeramaulas profissionalizantes promovidas pela Funap. Foramrealiza<strong>do</strong>s diversos cursos, principalmente volta<strong>do</strong>s parao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo, como mecânico <strong>de</strong> caminhões,serralheiros, artesãos, eletricistas, cursos em geral na área<strong>de</strong> construção civil, entre outros.As aulas são ministradas por instrutores, agentesmultiplica<strong>do</strong>res das unida<strong>de</strong>s prisionais e monitores presos.Dentre os principais parceiros estão: Senai, CentroPaula Souza, Fun<strong>do</strong> Social <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> – Fussesp, Sutaco, Prefeituras Municipaise Organizações da Socieda<strong>de</strong> Civil.Revista <strong>SAP</strong> 17


A Escola da Administração Penitenciária incrementa o aprendiza<strong>do</strong> eoferece cursos que atualizam e motivam os funcionários da <strong>SAP</strong>JoRge <strong>de</strong> souzaQuan<strong>do</strong> e Escola <strong>de</strong> Administração Penitenciáriafoi criada, nos anos <strong>de</strong> 1960, tinha a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar osservi<strong>do</strong>res penitenciários <strong>de</strong> apenas 11 unida<strong>de</strong>s prisionais,subordinadas ao então Departamento <strong>do</strong>s Institutos Penais<strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> (Dipe), órgão responsável pela administração<strong>do</strong>s presídios na época. Nesseperío<strong>do</strong>, talvez seus i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>restivessem apenas umapequena noção da amplitu<strong>de</strong>e importância que a atualescola ocupa no cenário prisionalpaulista. Hoje a Escolada Administração Penitenciária“Dr. Luiz CamargoWolfmann” (EAP) tem papel fundamental na formaçãoe aperfeiçoamento <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res que ingressam nas maisdiferentes funções e ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s atuais 156 presídios <strong>do</strong>esta<strong>do</strong>, nas sete coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rias e nos <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>partamentose órgãos vincula<strong>do</strong>s à Secretaria da Administração Penitenciária(<strong>SAP</strong>).Mas que ninguém se engane ao pensar que as ativida<strong>de</strong>sda EAP se limitam apenas a formar e atualizar – comexcelência, <strong>de</strong>staque-se – seus funcionários, com cursosofereci<strong>do</strong>s pelo Centro <strong>de</strong> Formação e Aperfeiçoamento <strong>de</strong>Agentes <strong>de</strong> Segurança Penitenciária (CFAASP) e Centro<strong>de</strong> Capacitação e Desenvolvimento<strong>de</strong> Recursos Humanos (CECADRH). Os trabalhosna instituição vão muito além disso, pois existe ali todauma preocupação da diretoria e <strong>de</strong>mais setores para oferecerativida<strong>de</strong>s, digamos “extracurriculares”. Eles preparam e dãosubsídios <strong>de</strong> conhecimento aos servi<strong>do</strong>res que, por consignação<strong>do</strong> cargo, <strong>de</strong>sempenham“É o nosso diferencial no preparo<strong>do</strong> profissional para que possamos,cada vez mais, prestar um serviço <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> ao cidadão”.Leda Maria Gonzaga – diretora da EAPtrabalhos estressantes, <strong>de</strong>alta complexida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong>,inerentes à ativida<strong>de</strong>penitenciária; e isso seesten<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os agentes <strong>de</strong>segurança e escolta e vigilânciapenitenciária (ASP eAEVP), até os funcionáriosque atuam no setor administrativo. “É o nosso diferencialno preparo <strong>do</strong> profissional para que possamos, cada vezmais, prestar um serviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ao cidadão”, ressaltaa diretora da EAP, Leda Maria Gonzaga.A multiplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalhos transpassa o lugarcomum, como o curso <strong>de</strong> programação e criação <strong>de</strong> sistemas,por exemplo, que é ministra<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>rno telecentroda escola e prepara o profissional que já trabalha comtecnologia da informação, para administrar, gerir e usar asnovas ferramentas que estão sen<strong>do</strong> inseridas no cotidiano dasecretaria em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong>. Já as aulas <strong>de</strong> inglês e espanholAlunos recebem rigoroso treinamento técnico e específico <strong>de</strong> atuação em unida<strong>de</strong>s prisionais18Revista <strong>SAP</strong>


Os novos profissionais são treina<strong>do</strong>s por professores altamente capacita<strong>do</strong>ssão direcionadas principalmente a quem trabalha em unida<strong>de</strong>sque abrigam presos estrangeiros, caso da PenitenciáriaFeminina da Capital. Outras que participamsão Penitenciária Feminina <strong>de</strong> Sant’Ana,se<strong>de</strong>s da <strong>SAP</strong>, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria da RegiãoMetropolitana <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> (Coremetro)e da própria EAP. As vagas remanescentessão disponibilizadas a outros servi<strong>do</strong>resinteressa<strong>do</strong>s. Outra penitenciária comeste perfil é a “Cabo PM Marcelo Pires daSilva” <strong>de</strong> Itaí. “Por conta <strong>do</strong>s cursos serempresenciais, estamos buscan<strong>do</strong> parceriascom escolas <strong>de</strong> inglês da região ou professoreshabilita<strong>do</strong>s na disciplina”, adiantaLeda. “Para os funcionários que já atuamem Itaí, foi ministra<strong>do</strong> um curso online emparceria com o Conselho Britânico”, justifica.Se a administração penitenciária está cada vez maisexigente, a EAP também oferece condições para que osservi<strong>do</strong>res acompanhem essa evolução passo a passo. Destaquepara o curso <strong>de</strong> Pós-graduação em direitos humanosrealiza<strong>do</strong> em parceria com a Escola Superior da Procura<strong>do</strong>riaOutros cursos ofereci<strong>do</strong>s pela EAPGeral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; Neuropsicologia, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a psicólogos da<strong>SAP</strong> – projeto <strong>de</strong> professoras cre<strong>de</strong>nciadas na EAP, peritas<strong>do</strong> IML e também <strong>do</strong>centes da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Polícia Civil(Aca<strong>de</strong>pol), ministra<strong>do</strong> na EAP da capital.Outro, também volta<strong>do</strong> aos psicólogos e que acontecena EAP <strong>de</strong> Araraquara, chama-se “Teste <strong>de</strong> Rorschach”. Segun<strong>do</strong>o site infoescola, consiste <strong>de</strong> 10 pranchas com borrões<strong>de</strong> tintas coloridas e preto e branco que possuem característicasespecíficas quanto a luminosida<strong>de</strong>, ângulo, proporção,espaço, cor e forma e contribuem para a rápida associaçãodas imagens mentais que envolvem idéias e afetos, mobilizan<strong>do</strong>a memória <strong>de</strong> trabalho (http://migre.me/ejsDD). “Nãoé necessariamente um teste para ser aplica<strong>do</strong> aos presos, masauxilia na percepção global <strong>do</strong>s atendimentos, nos casos <strong>de</strong>pedi<strong>do</strong>s judiciais”, esclarece a diretora.As salas <strong>de</strong> aula da EAP são customizadas para cada disciplina distintaAinda na EAP <strong>de</strong> Araraquara, está em andamentoum curso que começou em novembro <strong>de</strong> 2012, com términoem novembro <strong>de</strong>ste ano, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Terapia ComunitáriaIntegrativa”, em parceria e com certificação chancelada pelaUniversida<strong>de</strong> Estadual Paulista (Unesp).Mais informações: www.eap.sp.gov.br/Curso <strong>de</strong> especialização técnico-profissional para ASP (modalida<strong>de</strong> online), em gestão <strong>de</strong>pessoas, recursos humanos e direitos e <strong>de</strong>veres <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>r.Curso <strong>de</strong> tiro (em parceria com a Polícia Fe<strong>de</strong>ral) para ASP, AEVP, e motoristas que possuemcarteira funcional com porte <strong>de</strong> arma.Capacitação <strong>de</strong> dirigentes (diretores <strong>de</strong> segurança e disciplina e <strong>de</strong> AEVP).Projeto Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> VidaDança: autoconhecimento, equilíbrio e arte (possibilita momentos <strong>de</strong> interação social atravésda dança. Propicia o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> autoconhecimento, autoestima e reduz o stress; aumentaa energia; combate a <strong>de</strong>pressão, a timi<strong>de</strong>z, fortalece a musculatura e melhora o condicionamentofísico).Ginástica Recreativa: reduz o impacto negativo <strong>do</strong> stress, combate o se<strong>de</strong>ntarismo, possibilita oaumento da energia produtiva com melhora no condicionamento físico, mantém o controle <strong>do</strong> pesocorporal.Revista <strong>SAP</strong> 19


Projetos culturais são usa<strong>do</strong>s para incentivo aos presosRafael maRinho da PazPensan<strong>do</strong> sempre em atingir a meta da Secretariada Administração Penitenciaéra (<strong>SAP</strong>) na ressocialização<strong>do</strong>s presos, funcionários da penitenciária “ASP Lin<strong>do</strong>lfoTerçariol Filho”, em Mirandópolis, realizaram no final<strong>de</strong> 2012, o “1º Campeonato <strong>de</strong> Xadrez Convida”. A suaprimeira edição teve 24 participantes, sen<strong>do</strong> 18 estudantes<strong>do</strong> pavilhão III e seis <strong>do</strong> pavilhão II.Weliton Car<strong>do</strong>so, orienta<strong>do</strong>r da Fundação “Prof.Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap) e Francisco Assis<strong>de</strong> Oliveira, Agente <strong>de</strong> Segurança Penitenciária (ASP)que trabalha no setor <strong>de</strong> educação, incentivaram os presos,An<strong>de</strong>rson Marques e Jefferson Apareci<strong>do</strong> Ferreira,a produzirem as peças que foram utilizadas nos jogos <strong>de</strong>xadrez. Eles utilizaram na confecção: capa dura <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno,cola, tinta guache, papel Kraft, entre outros materiaissustentáveis.O vence<strong>do</strong>r <strong>do</strong> campeonato <strong>de</strong> xadrez foi JoséFernan<strong>do</strong> Teixeira. Lembran<strong>do</strong> que a regra é clara, apenaspresos que estudam participam <strong>do</strong>s campeonatos. Aunida<strong>de</strong> conta ainda com outros projetos que incentivammuitos a se matricularem na escola, como damas, <strong>do</strong>minó,futebol <strong>de</strong> salão e atuações teatrais.Os presos já tinham conhecimento <strong>do</strong> jogo <strong>de</strong> xadrez,no entanto, os organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> evento realizaram pesquisassobre as regras e as distribuíram aos participantes. Oobjetivo foi alcança<strong>do</strong>, porque além <strong>de</strong> incentivar o estu<strong>do</strong>e a integração <strong>do</strong>s reeducan<strong>do</strong>s, o campeonato efetivou umtrabalho <strong>de</strong> raciocínio <strong>de</strong> forma saudável, além, é claro, <strong>do</strong>ineditismo da confecção das próprias peças <strong>do</strong> jogo.Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras em TremembéNa Penitenciária II <strong>de</strong> Tremembé, o estímulo àleitura e à cultura também está bem presente. A aca<strong>de</strong>mia<strong>de</strong> Letras, Artes e Cultura, intitulada, “Renovação daEsperança” (Alacre), criada pelo escritor Luiz AntonioCar<strong>do</strong>so, na sua primeira edição, que aconteceu no final<strong>de</strong> 2012, contou com 40 reeducan<strong>do</strong>s. Foi uma espécie <strong>de</strong>mesa re<strong>do</strong>nda e <strong>de</strong>bate sobre literatura, genialida<strong>de</strong> e loucura.A discussão foi mediada pelo próprio i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong>programa, com a presença <strong>do</strong> jornalista e vice-presi<strong>de</strong>nte daUnião Brasileira <strong>de</strong> Escritores/SP (UBE), Luiz Avelima; opoeta e dramaturgo, Marcelo Ariel, além <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte daAssociação Cultural Letra Selvagem,Nico<strong>de</strong>mos Sena e também o críticoe <strong>do</strong>utor em literatura brasileira pelaUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> (USP),A<strong>de</strong>mir Demarchi.Além <strong>de</strong>ssa discussão, houvetambém uma apresentação musical <strong>do</strong>spróprios presos, com canções autoraisque contagiou a to<strong>do</strong>s os presentes, atémesmo Luiz Avelima, por ser músico.Enfim, esta over<strong>do</strong>se cultural foi vista<strong>de</strong> forma positiva pelos envolvi<strong>do</strong>s.“A Alacre foi fundada em setembro <strong>de</strong>2011, visan<strong>do</strong> além <strong>do</strong> entretenimentosalutar, levar ao ambiente prisional,20Revista <strong>SAP</strong>


como forma <strong>de</strong> refrigério, um formato o mais pareci<strong>do</strong>possível com o mun<strong>do</strong> acadêmico, em que se discute literatura,arte e cultura”, conta o diretor da PII <strong>de</strong> Tremembé,Antonio Donizeti Car<strong>do</strong>so.Os membros se reúnem quinzenalmente para oficinas,mesas re<strong>do</strong>ndas, reuniões literárias e também parapalestras. Tal formato <strong>do</strong> projeto é inspira<strong>do</strong> na Aca<strong>de</strong>miaFrancesa, criada pelo Car<strong>de</strong>al Richeleau, no ano <strong>de</strong> 1635.O grupo tem i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> promover concursos culturais paraestimular uma maior participação, e mais <strong>do</strong> que isso,uma publicação com coletânea <strong>de</strong> trabalhos escritos pelospresos.Por fim, cada projeto e evento <strong>de</strong>sse que ocorre éparte <strong>de</strong> trabalho, união e <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os funcionáriosliga<strong>do</strong>s à <strong>SAP</strong>, que oferecem seus conhecimentos para queos reeducan<strong>do</strong>s almejem coisas melhores em suas vidas, aosairem em liberda<strong>de</strong>.Feira em GuarulhosA sexta edição da Feira <strong>de</strong> Artes e Cultura da Penitenciária“José Parada Neto” <strong>de</strong> Guarulhos reuniu, emum mesmo ambiente, funcionários e diretores da unida<strong>de</strong>prisional, advoga<strong>do</strong>s e, principalmente, os reeducan<strong>do</strong>sque fizeram várias apresentações <strong>de</strong> dança, teatro, música eartes plásticas. O secretário da Administração Penitenciária,Lourival Gomes também prestigiou a cerimônia <strong>de</strong> abertura.Conhecida como Feira Cultural o objetivo, segun<strong>do</strong> osdiretores é contribuir para a ressocialização <strong>do</strong>s internos naunida<strong>de</strong>, abrin<strong>do</strong> novas perspectivas nos campos da educação,trabalho e cultura.O tema escolhi<strong>do</strong> este ano “Diga não ao preconceito”foi uma espécie <strong>de</strong> grito <strong>de</strong> guerra, um alerta a quemdiscrimina indivíduos ou povos <strong>de</strong> outras etnias, cre<strong>do</strong>s ousão porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais. Presos e servi<strong>do</strong>resvoltaram a atenção para um problema ainda latentena <strong>socieda<strong>de</strong></strong>: a intolerância. Para representar a indignaçãocom a falta <strong>de</strong> respeito e atenção <strong>de</strong> muitos, com pessoasgeralmente tratadas como “diferentes”, os reeducan<strong>do</strong>s seenvolveram em uma verda<strong>de</strong>ira maratona <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s culturaise artísticas, todas voltadas para promover a igualda<strong>de</strong>.“As ativida<strong>de</strong>s realizadas são <strong>de</strong> suma importância nesteprocesso e a participação <strong>do</strong> corpo funcional <strong>de</strong>monstra aexcelência <strong>do</strong>s trabalhos que a <strong>SAP</strong> presta à <strong>socieda<strong>de</strong></strong>”,diz o diretor técnico da penitenciária, Emerson RodriguesSanches. “A feira <strong>de</strong> Artes e Cultura é um evento que vem setornan<strong>do</strong>, a cada ano, um ponto <strong>de</strong> referência para o processo<strong>de</strong> reintegração <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tentos na <strong>socieda<strong>de</strong></strong>”, elogiou.Durante os cinco dias da feira (entre 3 e 7/12), corre<strong>do</strong>rese salas <strong>de</strong> aula da penitenciária se transformaramem galeria <strong>de</strong> arte, on<strong>de</strong> foram expostos quadros, artesanato(casinhas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira minuciosamente trabalhadas), painéiscom imagens feitas <strong>de</strong> papel crepom, carrinhos <strong>de</strong> brinque<strong>do</strong>confecciona<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> garrafas pet e ma<strong>de</strong>ira, vitrais <strong>de</strong>cora<strong>do</strong>se uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> artigos, to<strong>do</strong>s feitos pelos presos,em aulas ministradas por profissionais contrata<strong>do</strong>s pela Fundação“Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap).Revista <strong>SAP</strong> 21


maRiana boRges &maRiana moRimuRaEm janeiro <strong>de</strong> 2013 o Programa <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas uC., 50, anos, motorista. P., 53 anos, comerciante daárea <strong>de</strong> gastronomia. A., 25 anos, analista financeiro. E., 47anos, empresário. F., 33 anos, auxiliar <strong>de</strong> enfermagem. J.,31 anos, assistente <strong>de</strong> operação e S., 29 anos, aten<strong>de</strong>nte.O que pessoas <strong>de</strong> perfis tão diferentes têm em comum?Cometeram infrações e foram con<strong>de</strong>nadas a cumprir penaalternativa à prisão ou aceitaram uma medida alternativapara que o processo fosse arquiva<strong>do</strong>. Com isso conseguiramCevitar o aprisionamento,sen<strong>do</strong> úteis para a <strong>socieda<strong>de</strong></strong>e até, em muitos casos,adquirin<strong>do</strong> novos conhecimentos.Mais <strong>do</strong> que isso,apren<strong>de</strong>ram com o erroe, muito provavelmente,não tornarão a cometê-lo:o índice <strong>de</strong> pessoas quevoltam a participar <strong>do</strong> programapor terem cometi<strong>do</strong> novamente uma infração é <strong>de</strong>apenas 7,2%.As penas restritivas <strong>de</strong> direito, mais conhecidascomo Penas e Medidas Alternativas, são sanções penais<strong>de</strong> curta duração. Como explica o Juiz Auxiliar Adjair<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Cintra, da 5ª Vara <strong>de</strong> Execuções Criminaisda Capital/SP, estão previstas para crime <strong>do</strong>loso compena <strong>de</strong> até quatro anos e sem violência e para os crimesculposos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da quantida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja nãointencional. Porém, como salienta o magistra<strong>do</strong>, não bastaisso. Os juízes também analisam os critérios subjetivos <strong>do</strong>indivíduo, se a pena é mais recomendada para ele ou não.Então é feita uma análise também <strong>do</strong> indivíduo.Gran<strong>de</strong> parte das pessoas con<strong>de</strong>nadas à prestação<strong>de</strong> serviço é solteira (46,5%), com ida<strong>de</strong> entre 21 e 30 anos(42%). A maioria é trabalha<strong>do</strong>r autônomo (45%), comrendimento entre um e <strong>do</strong>is salários mínimos (36%) e semensino fundamental completo (32%).om o fenômeno da superlotação<strong>do</strong>s estabelecimentos penaisacontecen<strong>do</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a<strong>socieda<strong>de</strong></strong> começou a ter uma preocupaçãopor criar novas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> penas emsubstituição à prisão.A prestação <strong>de</strong> serviçoà comunida<strong>de</strong> é previstacomo pena restritiva<strong>de</strong> direito no Código PenalBrasileiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984, on<strong>de</strong>a Lei <strong>de</strong> Execução Penal(Nº 7.210/84) diz quea execução da pena tempor objetivo “proporcionarcondições para harmônicaintegração social <strong>do</strong> con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>”. Sob o aspecto funcional,as Penas e Medidas Alternativas têm a preocupação <strong>de</strong>ressocializar os apena<strong>do</strong>s menos perigosos, trazen<strong>do</strong> emseu bojo o processo constante <strong>de</strong> diálogo entre o infrator ea <strong>socieda<strong>de</strong></strong>, proporcionan<strong>do</strong> perspectivas, reflexões quantoàs infrações cometidas e novas oportunida<strong>de</strong>s a seremseguidas, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aprisionamento.Com o fenômeno da superlotação <strong>do</strong>s estabelecimentospenais acontecen<strong>do</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a<strong>socieda<strong>de</strong></strong> começou a ter uma preocupação por criar novas22Revista <strong>SAP</strong>


ltrapassou a marca <strong>de</strong> 100 mil presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços cadastra<strong>do</strong>smodalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> penas, em substituição à prisão. Em 1990,a Assembleia Geral da ONU aprovou a Resolução 45/110,que estabeleceu as Regras Mínimas das Nações Unidaspara a elaboração <strong>de</strong> medidas não privativas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>,também conhecidas como “Regras <strong>de</strong> Tóquio”.A partir das Regras <strong>de</strong> Tóquio, a aplicação das penase medidas alternativas começou a avançar com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> instituír meios mais eficazes <strong>de</strong> melhorias na prevençãoda criminalida<strong>de</strong> e no tratamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>linquentes. NoBrasil várias leis foram editadas, buscan<strong>do</strong> estimular aaplicação das penas alternativas e ampliar o rol <strong>de</strong> crimes<strong>de</strong> menor potencial ofensivo passíveis da aplicação <strong>de</strong>staspenas.No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São<strong>Paulo</strong>, a parceria instituídapela Portaria nº 08/97entre os po<strong>de</strong>res Judiciárioe Executivo Estadual tornou a Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> daAdministração Penitenciária (<strong>SAP</strong>) apta a administrar,acompanhar e fiscalizar os apena<strong>do</strong>s nessa modalida<strong>de</strong>,encaminha<strong>do</strong>s pelo Judiciário, dan<strong>do</strong> início em 1997 aoPrograma <strong>de</strong> Prestação <strong>de</strong> Serviços à Comunida<strong>de</strong>, coma instalação da Central <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas(CPMA) <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>, sen<strong>do</strong> expandi<strong>do</strong> até o ano <strong>de</strong> 2002para São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, Rio Claro, São Vicente,Bragança Paulista, Araraquara e Campinas.Atualmente, 51 CPMAs estão em pleno funcionamentoe a previsão é que até o final <strong>de</strong>ste ano esse númerosuba para 60. Outra meta <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Penas e MedidasAlternativas <strong>de</strong>senvolvida pela <strong>SAP</strong>, através <strong>de</strong> sua Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Reintegração Social e Cidadania (CRSC), éinstalar 28 centrais em municípios paulistas com mais <strong>de</strong>100 mil habitantes.Vale <strong>de</strong>stacar que além <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, asprefeituras municipais são as principais parceiras nasinstalações <strong>de</strong>sses equipamentos sociais, seja na cessão <strong>de</strong>imóveis, na disponibilização <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res, manutenção <strong>do</strong>sespaços, etc. O Departamento Penitenciário Nacional (Depen),órgão <strong>do</strong> MinistérioAtualmente, 51 CPMAs estão em plenofuncionamento e a previsão é que atéo final <strong>de</strong>ste ano esse número suba para 60.da Justiça, viabilizou recursofe<strong>de</strong>ral para implementação<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssas centraisem funcionamento e <strong>de</strong>veráauxiliar na instalação dasnovas CPMAs previstas para até o final <strong>de</strong>ste ano.Hoje, contam com o Programa os municípios <strong>de</strong>Américo Brasiliense, Araçatuba, Araraquara, Assis, Atibaia,Avaré, Barretos, Bauru, Birigui, Botucatu, BragançaPaulista, Campinas, Candi<strong>do</strong> Mota, Capivari, Carapicuíba,Chavantes, Dia<strong>de</strong>ma, Fernandópolis, Guarujá, Indaiatuba,Ipaussu, Itapetininga, Leme, Limeira, Luiz Antonio,Marilia, Osval<strong>do</strong> Cruz, Olimpia, Ourinhos, Pedregulho,Piracicaba, Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte, Ribeirão Pires, RibeirãoPreto, Rio Claro, Santos, São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo, SãoRevista <strong>SAP</strong> 23


Presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviço recebe orientações na CPMA Barra FundaCarlos, São José <strong>do</strong> Rio Preto, São José <strong>do</strong>s Campos, São <strong>Paulo</strong>(Fórum da Barra Funda), São <strong>Paulo</strong> (CPMA da Mulher), SãoSimão, São Vicente, Sorocaba, Sumaré, Taquaritinga, Tatuí,Taubaté, Tupã e Votorantim. A CPMA Fe<strong>de</strong>ral está prestes aser inaugurada pela <strong>SAP</strong>.A Central Fe<strong>de</strong>ral, convênio Firma<strong>do</strong> com o TribunalRegional Fe<strong>de</strong>ral (TRF) da 3ª Região, será específica paraaten<strong>de</strong>r pessoas con<strong>de</strong>nadas a crimes da esfera fe<strong>de</strong>ral que têmprevisão legal para substituição por penas e medidas alternativas.O TRF disponibilizará o espaço físico para as ativida<strong>de</strong>s,assistentes sociais, psicólogos, pessoal administrativo, além <strong>de</strong>equipamentos <strong>de</strong> informática, telefones, etc. A <strong>SAP</strong>, por suavez, disponibilizará estagiários, know-how <strong>do</strong> programa através<strong>de</strong> treinamento da equipe, instrumentais, além <strong>de</strong> ficar responsávelpela supervisão e acompanhamento <strong>do</strong>s trabalhos.Em janeiro <strong>de</strong> 2013, o programa ultrapassou o número<strong>de</strong> 100 mil pessoas cadastradas. Ao final <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> fevereiro<strong>de</strong>ste ano, esse número estava em exatos 101.218 – <strong>de</strong>stes,14.510 estavam em acompanhamento. Só em 2012 foramcadastradas no programa 13.296 novas pessoas. Vale ressaltarque cada apena<strong>do</strong> tem o custo <strong>de</strong> R$ 20 ao esta<strong>do</strong>.Segun<strong>do</strong> o juiz Adjair <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Cintra, com o aumentoda criminalida<strong>de</strong>, tem aumenta<strong>do</strong> também o número<strong>de</strong> processos em geral. “Mas eu acredito que tem essa característica<strong>de</strong> tentar evitar o encarceramento, então os própriosjuízes têm uma tendência <strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> possível, aplicar a penaalternativa”, explica o magistra<strong>do</strong>. Ele salienta que a melhorcoisa é ter uma punição na qual o indivíduo, que cometeu umcrime <strong>de</strong> menor gravida<strong>de</strong>, não perca a liberda<strong>de</strong>, não fique emcontato direto com os presos mais perigosos que cometeramcrimes mais graves e precisam ficar presos. “Então não temessa mistura: os que praticam crimes menos graves continuamsua vida social, sen<strong>do</strong> prestativos na <strong>socieda<strong>de</strong></strong> por seu própriotrabalho e cumprem uma pena que é ainda mais interessantepara a <strong>socieda<strong>de</strong></strong>”, ressalta Cintra.24Revista <strong>SAP</strong>Para F., que passou pelo regime fecha<strong>do</strong> antes <strong>de</strong> ter suapena convertida em prestação <strong>de</strong> serviço, está sen<strong>do</strong> uma novachance: “Eu aconselho a vir para uma instituição perto <strong>de</strong> casa,o mais próximo possível, para conhecer os seus vizinhos, porquepraticamente a gente não conhece o próximo. Às vezes, conhece<strong>de</strong> ver, <strong>de</strong> passar, mas não fala um oi, não fala um bom dia. E émuito bom lidar com a comunida<strong>de</strong>”, reforça, acrescentan<strong>do</strong> que“está sen<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>, bem melhor <strong>do</strong> que euir uma vez por mês ao fórum ou qualquer outra coisa”.Como funciona na práticaAo chegar à CPMA, o apena<strong>do</strong> passa por uma avaliaçãopsicossocial e <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas, que avalia tambémsuas potencialida<strong>de</strong>s (profissão, graduação, conhecimentos ehabilida<strong>de</strong>s), bem como suas limitações e restrições. A orientaçãoé que a prestação <strong>de</strong> serviço seja feita nas horas livres,sem prejudicar o trabalho <strong>de</strong>le, afinal o objetivo é mantê-loativo na <strong>socieda<strong>de</strong></strong>. Posteriormente é encaminha<strong>do</strong> para umainstituição (governamental ou não) sem fins lucrativos parapreencher posto <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o perfil levanta<strong>do</strong>nesta entrevista.Tais instituições são visitadas e avaliadas, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>apresentar toda <strong>do</strong>cumentação (certidões, estatuto social, etc.)que é analisada antes <strong>de</strong> serem efetivamente cadastradas. Qualquerirregularida<strong>de</strong>, a entida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>scre<strong>de</strong>nciada. Atualmente,1.917 instituições mantêm parceria com as CPMAs, sen<strong>do</strong>823 públicas municipais, 365 públicas estaduais, 57 públicasfe<strong>de</strong>rais, 634 Organizações da Socieda<strong>de</strong> Civil (Oscip) e 38igrejas.Durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> cumprimento da pena, as CPMAsmonitoram a frequência, fazem visitas aos postos <strong>de</strong> trabalho(com ou sem agendamento), e reuniões periódicas com asinstituições e com os responsáveis diretos pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviço. Qualquer intercorrência na execução dapena é imediatamente comunicada ao Judiciário, que toma asprovidências legais necessárias.


“Se o presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> cumprir a prestação <strong>de</strong>serviço, que é algo parcial, ou se ele aban<strong>do</strong>na, po<strong>de</strong> até vir aser preso, efetivamente. Então, não é uma não pena, porque hásanções se ele <strong>de</strong>scumprir a pena aplicada”, explica o juiz Adjair<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Cintra.Além da execução penal, principal atribuição das centrais,programas sociais advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> parcerias com SecretariasCPMA Mulher“Quan<strong>do</strong> cheguei aqui me surpreendi muito, porquenão imaginava que seria tão bem recebida. Eles me passaramuma segurança que fez com que eu me sentisse melhor”,relembra S. sobre sua chegada à CPMA Mulher, unida<strong>de</strong> es-<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e outras instituições(Renda Cidadã e Ação Jovem),cursos <strong>de</strong> capacitação(Via Rápida, PEQ, Senai eoutros), cadastramento paraempregos (Emprega SP, Pró--egresso e parcerias locais),são ofereci<strong>do</strong>s as pessoas cadastradas,objetivan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>re acompanhar o indivíduo,não só no cumprimento dapena, mas buscan<strong>do</strong> auxiliarnas <strong>de</strong>mais necessida<strong>de</strong>s pessoais,visan<strong>do</strong> a não reincidênciacriminal <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. As CPMAstambém têm parcerias comgrupos <strong>de</strong> orientação: AlcoólicosAnônimos, NarcóticosAnônimos e o Centro <strong>de</strong>Referência <strong>de</strong> Álcool, Tabacoe Outras Drogas, especialmentequan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>lito temrelação com uso <strong>de</strong> álcool edrogas.A mais antiga dasCentrais, a atual CPMA daBarra Funda, cadastrou <strong>de</strong>s<strong>de</strong>setembro <strong>de</strong> 1997 até fevereiro<strong>de</strong> 2013, quase 34mil presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço.Destes, 4.988 estão atualmenteem acompanhamentopelos 35 profissionais <strong>de</strong>ssacentral, que tem 807 entida<strong>de</strong>scadastradas. Para que osjuízes pu<strong>de</strong>ssem acompanhara situação <strong>do</strong>s beneficiárioscom maior agilida<strong>de</strong> e eficiência,foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, emparceria com a CPMA BarraFunda, o Sistema Integra<strong>do</strong><strong>de</strong> Automação Judiciária(Siaj).Pare<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Instituto Cultural Novo Mun<strong>do</strong> foram grafitadas por presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço.Revista <strong>SAP</strong> 25


pecializada no atendimento à população feminina. Inauguradaem fevereiro <strong>de</strong> 2006, a central está localizada no centro dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>, e até fevereiro <strong>de</strong>ste ano já possuía 4.168presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviço cadastradas. Atualmente, 555 estão emacompanhamento.O diferencial da CPMA Mulher é o suporte psicológicoofereci<strong>do</strong> às beneficiárias, através <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> acompanhamento.Após o cadastro, as presta<strong>do</strong>ras participam <strong>de</strong> reuniõesno início, meio e fim <strong>do</strong> cumprimento da pena. Há também umgrupo específico que trabalha o comportamento agressivo <strong>de</strong>mulheres indiciadas pelos artigos 129 (lesão corporal) e 136(maus tratos) <strong>do</strong> CódigoPenal. Quan<strong>do</strong> necessário,a central encaminha casospara a Unida<strong>de</strong> Básica<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS), Centros<strong>de</strong> Atenção Psicossocial(Caps) e outras entida<strong>de</strong>sque trabalham o enfrentamentoà violência. “É importantetrabalhar para queesse comportamento nãose repita, interrompen<strong>do</strong> ociclo <strong>de</strong> violência – se issonão for trabalha<strong>do</strong>, vai serepetir”, explica a psicólogada CPMA Mulher, KareinCastro Reglero.A assistente <strong>de</strong> operação,J., afirma que essesencontros auxiliam na superação<strong>do</strong> problema que teve.“O grupo está me ajudan<strong>do</strong>bastante. Aprendi a contaraté 10 e respirar fun<strong>do</strong>, paramanter o controle. Você apren<strong>de</strong> a se controlar para não sofreras consequências <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s impulsivas”, ensina.O caráter assistencialista fez da CPMA Mulher ummo<strong>de</strong>lo a ser segui<strong>do</strong>. Em 2010, o programa foi reconheci<strong>do</strong>Principais Premiaçõespelo Ministério da Justiça com o prêmio “As 15 Melhores Práticas<strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas da Fe<strong>de</strong>ração”.Neste ano, a central encaminhará um projeto para oJuiza<strong>do</strong> Especial Criminal (JECrim), no qual as mulheresindiciadas pelos artigos 129 e 136 cumprem meta<strong>de</strong> das horasda pena na própria CPMA Mulher. “É um projeto com cara <strong>de</strong>intervenção. São mais encontros e a gente vai trabalhar maisa questão da violência”, explana Karein.Hospital das ClínicasInstituição parceira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, o Hospital das Clínicasda Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicinada Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<strong>Paulo</strong> (HCFMUSP) recebeuma quantida<strong>de</strong> significativa<strong>de</strong> presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço– atualmente são 11 noInstituto da Criança e 27 noInstituto Central. Já forammais, porém, como acreditaJoão Carlos Raposo,coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Infraestrutura<strong>do</strong> Instituto da Criança,com o passar <strong>do</strong> tempo foiamplian<strong>do</strong>-se o número <strong>de</strong>entida<strong>de</strong>s cre<strong>de</strong>nciadas. Aparceria com o Programa<strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativasfoi tão bem aceitaque já houve mudança <strong>de</strong>diretoria no Hospital e elase manteve.Com o tempo foicria<strong>do</strong> um procedimento <strong>de</strong>acolhimento <strong>do</strong> presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>serviço. Assim que chega, ele ou ela passa por uma entrevistasobre suas habilida<strong>de</strong>s, momento em que são explica<strong>do</strong>s quaisos serviços disponíveis na instituição e as normas que é precisoseguir, como por exemplo, trabalhar <strong>de</strong> calça comprida. “Elesvêm para cá com um pouco <strong>de</strong> me<strong>do</strong>, achan<strong>do</strong> que vamostratá-los mal. Chega aqui, é to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> igual, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>é trata<strong>do</strong> igual”, explica Edna Santos <strong>de</strong> Souza, que cuida daparte administrativa <strong>do</strong> Instituto da Criança. “Me<strong>do</strong> infunda<strong>do</strong>,é uma vida <strong>de</strong> mão dupla; você ajuda a pessoa e a pessoa nosajuda”, afirma.Os presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço atuam na área <strong>de</strong> manutenção(no Instituto da Criança) e na área operacional (no InstitutoCentral): zela<strong>do</strong>ria, rouparia e arquivo médico. Segun<strong>do</strong> VâniaApareci<strong>do</strong> da Silva, diretora da Divisão Administrativa <strong>do</strong>Instituto Central, eles vêm para aumentar a força <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong> hospital, que tem um quadro reduzi<strong>do</strong> para a gama <strong>de</strong>atendimentos que é realizada.Exemplo disso foi o curso <strong>de</strong> ascensorista, ofereci<strong>do</strong>há um ano aos presta<strong>do</strong>res. O HC ofereceu capacitação e elescumpriram suas penas trabalhan<strong>do</strong> para o Instituto Central. Vâ-Premio” Melhor Prática <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas”Depen/Ministério da Justiça (2007) - Programa <strong>de</strong> Prestação<strong>de</strong> serviço à Comunida<strong>de</strong> - Centro <strong>de</strong> Penas e MedidasAlternativasPremio Mário Covas - 6ª edição (2009) - Categoria Excelênciaem Gestão Pública - Programa <strong>de</strong> Prestação <strong>de</strong>serviço à Comunida<strong>de</strong> - Departamento <strong>de</strong> Penas e MedidasAlternativasPrêmio “As 15 Melhores Práticas <strong>de</strong> Penas e MedidasAlternativas da Fe<strong>de</strong>ração (2010) - Projeto “CPMA Mulher”- Central <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas da MulherPrêmio “As 15 Melhores Práticas <strong>de</strong> Penas e MedidasAlternativas da Fe<strong>de</strong>ração (2010) - Projeto “Desconstruin<strong>do</strong>a Violência” - Central <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas <strong>de</strong>São VicentePremio Mário Covas - 8ª edição (2011) - CategoriaInovação em Gestão Estadual - Projeto “Desconstruin<strong>do</strong>a Violência” - Central <strong>de</strong> Penas e Medidas Alternativas <strong>de</strong>São Vicente.Sandra ReginaCassis AntunesRodrigues, AssistenteTécnica<strong>do</strong> Gabinete<strong>do</strong> Secretário,foi responsávelpela captaçãodas primeirasmil vagas <strong>de</strong>presta<strong>do</strong>res<strong>de</strong> serviço noEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São<strong>Paulo</strong>.26Revista <strong>SAP</strong>


Passo a passo para a prestação <strong>de</strong> serviçosO juiz <strong>de</strong>termina a prestação<strong>de</strong> serviço à comunida<strong>de</strong> aoréu.O apena<strong>do</strong> é encaminha<strong>do</strong>à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atendimento <strong>de</strong>Reintegração Social, on<strong>de</strong> passapor uma entrevista com um profissionalhabilita<strong>do</strong>.O presta<strong>do</strong>r é encaminha<strong>do</strong>a uma instituição cre<strong>de</strong>nciada pararealizar a prestação <strong>de</strong> serviço,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas habilida<strong>de</strong>s,local <strong>de</strong> residência e dias <strong>de</strong> folgaque possui.O beneficiário levará umaficha <strong>de</strong> encaminhamento à pessoaresponsável por ele na instituição,que irá orientá-lo sobre a funçãoque lhe foi <strong>de</strong>signada.Caso nãopossa comparecerno dia e horáriocombina<strong>do</strong>, opresta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verácomunicar o fatoao seu responsávelcom antecedênciae repor o dia nãotrabalha<strong>do</strong>.O beneficiário<strong>de</strong>ve se vestir a<strong>de</strong>quadamenteno dia<strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong>pena.Para controle das horas trabalhadas,o presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá entregar mensalmente àUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atendimento <strong>de</strong> Reintegração Socialuma folha <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> frequência, carimbadae assinada por ele e seu responsável.Ao término da pena, o beneficiário <strong>de</strong>verácomparecer à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Atendimento <strong>de</strong> ReintegraçãoSocial para ser orienta<strong>do</strong> sobre o que fazerposteriormente e receber uma <strong>de</strong>claração que atestao término <strong>do</strong> cumprimento da pena.Ilustrações: Didiu Rio Branconia da Silva salienta que eles saíram qualifica<strong>do</strong>s, com um diplomaque po<strong>de</strong>m utilizar <strong>de</strong>pois na vida profissional.No Instituto da Criança, o coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Infraestrutura,João Carlos Raposo, dá como exemplo o caso <strong>de</strong>J., 23 anos, que foi prestar serviço na área da manutençãoe, após cumprir a pena, foi contrata<strong>do</strong> e hoje já está quasecompletan<strong>do</strong> um ano <strong>de</strong> emprego. “Sempre mexi com pinturae vim para cá porque eu estava pintan<strong>do</strong> o sete na rua”, diz ojovem A pena <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviço foi cumprida, não apenaspintan<strong>do</strong> pare<strong>de</strong>s, mas principalmente apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>. “Aqui nohospital se ensina montar e <strong>de</strong>smontar uma porta, um armário,como é a regulagem <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>bradiça. Na área <strong>de</strong> pintura, qualo melhor méto<strong>do</strong> para você fazer a pintura, o mais fácil, a prestaratenção como solda, a não olhar no ponto <strong>de</strong> solda, essas coisas”,relembra. O empenho foi tanto, que quan<strong>do</strong> apareceu uma vaga,ele foi indica<strong>do</strong> pelo encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviço para preenche-la.Currículo encaminha<strong>do</strong>, contratação efetuada, J. comemora aproximida<strong>de</strong> das férias, mas explica que o mais importante daprestação <strong>de</strong> serviço é incentivar as pessoas a não cometeremmais infrações e ainda ensinar. Ele ainda reforça que não é umserviço em vão. “Em um serviço que você presta para uma pessoaque está precisan<strong>do</strong>”.“Essa consciência entre os presta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> HC ao finalda pena é comum”, salienta Vânia da Silva. “Eles se sensibilizamao trabalhar em um hospital <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, pois hásó casos gravíssimos. Principalmente pessoas que têm <strong>de</strong>lito<strong>de</strong> trânsito ficam bem sensibilizadas com o que eles fizeramou contribuíram para acontecer”, explica a diretora.Revista <strong>SAP</strong> 27


Beneficiario presta serviço na própria CPMA Barra Funda.Casa <strong>do</strong> PãoUm das parceiras <strong>do</strong> projeto, a instituição <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>Casa <strong>do</strong> Pão tem 30 presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço que atuam nasdiversas ações <strong>de</strong>senvolvidas pela entida<strong>de</strong>, como bazar, aulas<strong>de</strong> costura, cursos profissionalizantes, além <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e <strong>de</strong> reciclagem. F., um <strong>do</strong>s presta<strong>do</strong>res entrevista<strong>do</strong>s paraessa reportagem, além <strong>de</strong> prestar serviço fez curso <strong>de</strong> informáticano telecentro <strong>do</strong> local, contribuin<strong>do</strong> para sua formaçãoprofissional, F. salienta que trabalhar na entida<strong>de</strong> assistencialvinculada a uma igreja, o humanizou bastante.Instituto Cultural Novo Mun<strong>do</strong>Um espaço <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à cultura, que aos poucos vaiganhan<strong>do</strong> forma graças aos presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviço – esteé o Instituto Cultural Novo Mun<strong>do</strong>, uma Organização daSocieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse Público (Oscip) criada em2009, on<strong>de</strong> as mais variadas formas <strong>de</strong> arte são expressadasnas salas e corre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> edifício localiza<strong>do</strong> em Perdizes. Aentida<strong>de</strong> não recebe recursos financeiros, por isso, a parceriacom a CPMA firmada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012 é fundamentalpara a reforma <strong>do</strong> local, on<strong>de</strong> antigamente funcionava umhospital. Nesse perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> parceria foram encaminhadasaproximadamente 140 pessoas ao Instituto, sen<strong>do</strong> que 25se encontram em ativida<strong>de</strong>.Os beneficiários auxiliam na reparação das salas,limpeza e arrumação, montagem <strong>de</strong> eventos e, mais <strong>do</strong> queisso, muitos manifestam suas habilida<strong>de</strong>s artísticas naqueleespaço. Foi o caso <strong>de</strong> seis jovens que pegaram 28 horas <strong>de</strong>prestação <strong>de</strong> serviços por pixarem um muro na Avenida 23<strong>de</strong> Maio. Quan<strong>do</strong> chegaram ao instituto tiveram a chance<strong>de</strong> grafitar uma pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> edifício. Um <strong>de</strong>sses rapazes foieximi<strong>do</strong> da prestação <strong>de</strong> serviço, já que havia pago fiança,porém, resolveu mesmo assim se juntar aos amigos na realização<strong>do</strong> trabalho.Outro exemplo é <strong>de</strong> um garoto que retirou uma janela<strong>de</strong>struída <strong>do</strong> edifício e construiu uma nova a partir <strong>de</strong> materialencontra<strong>do</strong> na rua. O prazer <strong>de</strong> ver seu trabalho na pare<strong>de</strong> setornou maior <strong>do</strong> que apenas cumprir uma obrigação. Caco,diretor geral <strong>do</strong> Instituto, conta que os presta<strong>do</strong>res têm liberda<strong>de</strong>criativa no local e que a convivência entre eles, artistase pessoas engajadas na entida<strong>de</strong> é muito boa. “Nós criamosuma relação <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong>. Os beneficiários fazem amiza<strong>de</strong>entre si e até se encontram fora daqui”, comenta. O beneficiárioG., comerciante, diz que foi muito bem recebi<strong>do</strong> no local. “O28Revista <strong>SAP</strong>pessoal aqui é muito legal, trata a gente da mesma forma, semolhares <strong>de</strong> preconceito”.Esse ambiente agradável e <strong>de</strong>scontraí<strong>do</strong> faz com quealguns presta<strong>do</strong>res acabem retornan<strong>do</strong> ao Instituto após ocumprimento da pena. “Você fica bem à vonta<strong>de</strong> para fazeras coisas que gosta. O pessoal é amigo e às vezes tem genteque faz a prestação <strong>de</strong> serviço e continua vin<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois quepaga as horas, porque o lugar aqui é bem bacana”, afirmaM., mecânico, que presta 14 horas semanais no local.“Há pessoas que voltam, principalmente as que seenvolvem em algum tipo <strong>de</strong> processo. Tem um menino queestá fazen<strong>do</strong> um ví<strong>de</strong>o para a gente, que nem olha as horas. Eleassina a frequência, mas não quer saber disso, quer terminaro trabalho que começou”, conta Caco.Em muitos casos, os beneficiários transferem o queapren<strong>de</strong>m na entida<strong>de</strong> para seu cotidiano. Um presta<strong>do</strong>rcumpriu pena e voltou duas vezes ao instituto para conversarcom as pessoas que conheceu. Em uma das ocasiões, ele contouque reformou um armário que havia acha<strong>do</strong> na rua paracolocar em sua casa, trabalho semelhante ao que havia feitono edifício cultural.Caco acha importante que seja feita a reintegração <strong>de</strong>fato, não simplesmente a punição, principalmente para <strong>de</strong>litosmuito leves. “A gente os coloca <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outra condição,que é a <strong>de</strong> aceitação, tratar <strong>de</strong> igual para igual. Eles gostam<strong>de</strong> ficar aqui, porque não há uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> escravização e dapunição como corretivo, e sim um convencimento <strong>de</strong> que vocêestá fazen<strong>do</strong> algo importante. Se o beneficiário consegue seenvolver neste processo, ele tira muito mais proveito <strong>do</strong> quese imagina”, explica.S., que cumpre suas horas na CPMA Mulher, afirmaque a prestação <strong>de</strong> serviço é um processo <strong>de</strong> reeducação.“Você resgata antigos valores que, em algum momento davida, foram <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> la<strong>do</strong>”. Ela ressalta que o apoio <strong>de</strong>pessoas próximas é muito importante nesse momento. “Tiveo respeito e a compreensão da minha família e o apoio <strong>do</strong> meuchefe, que me manteve no emprego. Isso foi essencial paramim. Tem gente que te julga sem conhecer a tua história, semtentar enten<strong>de</strong>r o que te levou a cometer tal ação. O importanteé apren<strong>de</strong>r com seus erros e seguir em frente. Varia <strong>de</strong> pessoapara pessoa o que <strong>de</strong> bom vai tirar <strong>de</strong>ssa experiência. Paramim, está sen<strong>do</strong> benéfica”.Com a colaboração <strong>de</strong> João Carlos Bigaran Júnior


Um dia <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar para as reeducandas <strong>do</strong> CPPmaRiana moRimuRaOs cuida<strong>do</strong>s com a beleza são essências para tornara mulher mais confiante e elevar sua autoestima. No mêsem que se comemora o Dia Internacional da Mulher, asreeducandas <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Progressão Penitenciária (CPP)<strong>de</strong> Butantan foram presenteadas com um dia <strong>de</strong> “Saú<strong>de</strong> eBem-estar”, repleto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que ressaltam a belezada mulher.O evento foi promovi<strong>do</strong> em 23/03, através da parceriaentre a Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel”(Funap) e a Liga das Mulheres Eleitoras <strong>do</strong> Brasil (Libra).“Todas nós mulheres estamos <strong>de</strong> parabéns, não apenas poreste dia, mas por enfrentarmos todas as dificulda<strong>de</strong>s que nossão impostas ao longo da vida. Não somos o sexo frágil,somos muito fortes”, afirmou a presi<strong>de</strong>nte da Libra, MartaLívia Suplicy, em seu discurso <strong>de</strong> abertura. A diretora daFunap, Lúcia Casali, e a diretora <strong>do</strong> CPP, Rosângela SantosSilva <strong>de</strong> Souza também marcaram presença.As reeducandas receberam senhas para participardas oficinas <strong>de</strong> beleza, que incluíam duas das ativida<strong>de</strong>sque mais animam as mulheres: escovar os cabelos e fazeras unhas. Voluntários da Escola <strong>de</strong> Cabeleireiro Teruyaaten<strong>de</strong>ram cerca <strong>de</strong> 100 presas.“O pessoal veio e <strong>de</strong>u atenção para todas nós,aproveitei muito to<strong>do</strong>s os momentos”, afirmou a reeducandaMaria das Dores Oliveira <strong>do</strong>s Santos, querecebeu uma bela escovação nos longos cabelos. Jáa <strong>de</strong>tenta Maria <strong>do</strong> Carmo da Silva preferiu cuidardas unhas. “Ficou lin<strong>do</strong>, não?”, falou admiran<strong>do</strong> oresulta<strong>do</strong> das unhas pintadas. Todas as mulheres quereceberam esses cuida<strong>do</strong>s estéticos foram presenteadascom um kit <strong>de</strong> beleza concedi<strong>do</strong> pela InoarProfessional.Cerca <strong>de</strong> 100 mulheres participaram da oficina <strong>de</strong> beleza.Além <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, foram ministradas duas palestrase uma dinâmica. A psicóloga Marjory Suplicy discorreusobre os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> ser mulher no contexto carcerário e na<strong>socieda<strong>de</strong></strong> atual. Já a psicoterapeuta Rosana Negrão, abor<strong>do</strong>uo amor na palestra intitulada “Entenda o Amor e Equilibresua Vida”. A dinâmica corporal com a participação das reeducandasfoi proposta pelas psicoterapeutas Sandra Men<strong>de</strong>sMarques e Elizete Natalini.Para fechar o dia com chave <strong>de</strong> ouro, a unida<strong>de</strong> foi contempladacom um show <strong>de</strong> Johnny Franco e Moon<strong>do</strong>gs, queagitou a plateia com músicas alegres e dançantes. As mulherescantaram e dançaram, sentin<strong>do</strong>-se lindas e renovadas paraenfrentar to<strong>do</strong>s os obstáculos que a vida lhes impõe.Com a colaboração <strong>de</strong> Joyce Malet KassimReeducandas participaram <strong>de</strong> dinâmica corporal.Revista <strong>SAP</strong> 29


Indústria calçadista <strong>de</strong> Franca qualifica e utiliza mão <strong>de</strong> obra <strong>de</strong>reeducan<strong>do</strong>sJoRge <strong>de</strong> souzaAntes <strong>de</strong> começar a leitura <strong>de</strong>ste texto, dê umaolhada nos seus pés. É bem possível que você esteja calçan<strong>do</strong>sapatos produzi<strong>do</strong>s por presos <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> DetençãoProvisória (CDP) <strong>de</strong> Franca, cida<strong>de</strong> distante 401Kmda capital paulista. Atualmente, nesta unida<strong>de</strong> penal sãoproduzi<strong>do</strong>s diariamente 860 pares, sen<strong>do</strong> 360 <strong>de</strong> cabedais(parte superior <strong>do</strong> calça<strong>do</strong>, sem a sola) e outros 500 comcostura manual.Tu<strong>do</strong> começou em 2011, quan<strong>do</strong> o juiz da Vara dasExecuções Criminais <strong>de</strong> Franca, José Rodrigues Arimatéa,sugeriu ao diretor <strong>do</strong> CDP Valter Moreto, que procurasseo Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Calça<strong>do</strong>s (Sindifranca) paraviabilizar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> profissionalizar presos e prepará-lospara trabalhar na fabricação <strong>de</strong> calça<strong>do</strong>s. Feito o primeirocontato, outras instituições – como o Serviço Nacional<strong>de</strong> Aprendizagem Industrial (Senai), Fundação “Prof. Dr.Manoel Pedro Pimentel” (Funap) e as indústrias <strong>de</strong> calça<strong>do</strong>sDemocrata, Mariner e Sollu – se uniram ao projeto.Para se chegar à produção propriamente dita, umasérie <strong>de</strong> etapas foram cumpridas pelas partes envolvidas,como se fosse uma montagem <strong>de</strong> quebra-cabeça, que <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> pronto apresenta uma figura completa – neste caso,sapatos novos. A Funap contratou um instrutor, que foiqualifica<strong>do</strong> pelo Senai; o Sindifranca estabeleceu contatocom as indústrias, que por sua vez instalaram maquinário<strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> CDP. A partir daí, os reeducan<strong>do</strong>sparticiparam <strong>de</strong> aulas ministradas na unida<strong>de</strong> prisional emperío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seis horas diárias – divididas em duas turmascom quatro horas <strong>de</strong> formação profissional e duas <strong>de</strong> educaçãopara o trabalho. Tu<strong>do</strong> isso com acompanhamentopedagógico permanente da Funap e certifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> conclusão<strong>do</strong> curso, forneci<strong>do</strong> pelo Senai.O Sindifranca fez um cadastro e um banco <strong>de</strong>currículos <strong>do</strong>s presos certifica<strong>do</strong>s, para intermediar o encaminhamentoao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho para aqueles quesaíram ou sairão em liberda<strong>de</strong>.O Senai oferece treinamento teórico e prático no próprio CDP30Revista <strong>SAP</strong>


Des<strong>de</strong> o início da implantação, 64 reeducan<strong>do</strong>spassaram pelo Programa <strong>de</strong> Qualificação Profissional e<strong>de</strong>sses, 33 foram certifica<strong>do</strong>s nas quatro turmas (2011 e2012). No início <strong>de</strong> 2013, teve início a quinta turma, queencontra-se em andamento. “É <strong>de</strong> extrema importânciaa instalação <strong>de</strong> uma escola profissionalizante permanenteno interior <strong>do</strong> CDP <strong>de</strong> Franca, dan<strong>do</strong> condições<strong>de</strong> qualificar pessoas ociosas, enquanto presas, e oferecen<strong>do</strong>oportunida<strong>de</strong>s para o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho em sualiberda<strong>de</strong>”, enfatizou o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Sindifranca, JoséCarlos Brigagão <strong>do</strong> Couto. Ele <strong>de</strong>stacou que graças aosucesso da parceria, entraram em funcionamento, noETAPAS DO PROGRAMA:último mês <strong>de</strong> março, 12 novas máquinas <strong>de</strong> pespontofornecidas pelo governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>; juntan<strong>do</strong>-se a outrassete emprestadas pela empresa Democrata, foi possível aoprograma passar a aten<strong>de</strong>r 19 alunos por turma. A parceriaestuda incrementar o curso com outras modalida<strong>de</strong>s naárea calçadista.Atualmente, um <strong>do</strong>s pavilhões <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> CDPabriga duas oficinas <strong>de</strong> pesponto: uma da indústria Marinere outra da Sollus Calça<strong>do</strong>s. Juntas, elas empregam93 reeducan<strong>do</strong>s. A lei estabelece que para cada três dias<strong>de</strong> trabalho, um é <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong> <strong>do</strong> total da pena.Mais informações: http://migre.me/ejAZN1ª – Qualificação ProfissionalCapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento – 19 presos por turmaCarga horária completa <strong>do</strong> curso – 160hNúmero <strong>de</strong> presos que participaram <strong>do</strong> programa (incluin<strong>do</strong> a turma em andamento) – 83Número <strong>de</strong> presos certifica<strong>do</strong>s no programa (que concluíram) – 332ª – Trabalho nas indústrias <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> CDPDetentos emprega<strong>do</strong>s pelas indústrias Mariner e Sollus – 93(Alguns <strong>de</strong>sses presos não participaram <strong>do</strong> programa, porque já possuíam conhecimentosna área calçadista. No entanto, não há impedimento para futura participação no curso <strong>de</strong>qualificação)Número <strong>de</strong> calça<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s por dia – 8603ª – Reinserção no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho – etapa <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sindifranca juntoa empresas <strong>do</strong> setor calçadistaRevista <strong>SAP</strong> 31


Secretaria cria Protocolo <strong>de</strong> Atenção Básica da Saú<strong>de</strong> nasUnida<strong>de</strong>s Prisionais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> e leva até as equipes<strong>do</strong>s presídios através <strong>de</strong> encontros regionaismaRiana boRgesUm espaço para difundir a humanização <strong>do</strong> atendimentoà população carcerária focan<strong>do</strong> na prevençãoe promoção da saú<strong>de</strong>, articulada com outros fatores daárea. Realiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 23/1 a 27/2 <strong>de</strong>ste ano, os “EncontrosRegionais para Implantação <strong>do</strong> Protocolo <strong>de</strong> AtençãoBásica da Saú<strong>de</strong> nas Unida<strong>de</strong>s Prisionais”, congregaram291 profissionais médicos, <strong>de</strong>ntistas, enfermeirose auxiliares <strong>de</strong> enfermagem. Também estiveram presentesdiretores regionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, diretores <strong>do</strong> centro<strong>de</strong> reintegração e atendimento à saú<strong>de</strong> e diretores <strong>do</strong>núcleo <strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong>.Os eventos giraram em torno da apresentação <strong>do</strong>protocolo. Trata-se <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumento, até então inexistenteno sistema prisional brasileiro, elabora<strong>do</strong> pelaequipe <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Planejamento <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,em colaboração com outros profissionais <strong>do</strong> setor <strong>do</strong>sistema prisional paulista, além <strong>do</strong> Conselho Regional<strong>de</strong> Enfermagem (Coren-SP). O Protocolo começou aser elabora<strong>do</strong> em 2011, com a equipe técnica da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Secretaria da AdministraçãoPenitenciária (<strong>SAP</strong>) e no final <strong>de</strong> 2011 e inicio <strong>de</strong> 2012,com o Coren.Segun<strong>do</strong> Valéria Aparecida da Costa, AssistenteTécnico, o Coren, através da gerência <strong>de</strong> fiscalização,foi um gran<strong>de</strong> parceiro no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> protocolo,atuan<strong>do</strong> como orienta<strong>do</strong>r das questões éticas <strong>do</strong>profissional <strong>de</strong> enfermagem. Costa observa ainda quea aproximação entre aquele órgão e a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> resultou no convite para que o Coren expusesse[nos encontros] as questões normativas e éticas<strong>do</strong> segmento <strong>do</strong> protocolo pelos profissionais”.Os eventos foram realiza<strong>do</strong>s nas cinco regionaise contaram com a mesma programação básica: apresentação<strong>do</strong> protocolo, sua importância para a atençãoà saú<strong>de</strong> no sistema prisional, oferecimento <strong>de</strong> palestrassobre código <strong>de</strong> ética e fiscalização profissional e sobreinteração medicamentosa com antirretrovirais.32Revista <strong>SAP</strong>


Maria Cristina Teixeira Lattari, Diretora <strong>do</strong>Centro <strong>de</strong> PlanejamentoMaria Cristina Teixeira Lattari, Diretora <strong>do</strong>Centro <strong>de</strong> Planejamento <strong>de</strong> Ações <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e ValériaAparecida da Costa, Assistente Técnico, apresentaramo Protocolo.O conselheiro <strong>do</strong> Coren, Marcus Vinicius <strong>de</strong> LimaOliveira, ministrou nos encontros realiza<strong>do</strong>s em Bauru eTaubaté, a palestra “Princípios éticos e o papel <strong>do</strong> profissional<strong>de</strong> enfermagem no processo <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong>protocolo nos serviços em saú<strong>de</strong>”.Já a farmacêutica Márcia Regina Alvim, <strong>do</strong> ConselhoRegional <strong>de</strong> Farmárcia, ministrou em Presi<strong>de</strong>ntePru<strong>de</strong>nte a palestra “Interação medicamentosa: Prescrição<strong>de</strong> Medicamentos Antirretrovirais”. Nos encontros realiza<strong>do</strong>sem Campinas e Taubaté, essa parte da programaçãofoi feita pela Diretora <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Farmácia da <strong>SAP</strong>,Artemisa Bizantino Gil. No evento <strong>de</strong> Bauru, a palestra foiministrada pelo Infectologista Marcelo Pesce, médico <strong>do</strong>Centro <strong>de</strong> Progressão Penitenciária (CPP) I <strong>de</strong> Bauru e daSecretaria Municipal da mesma cida<strong>de</strong>.Um <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> evento, médico Alci<strong>de</strong>sPinto <strong>de</strong> Souza Jr., <strong>do</strong> CPP “Dr. Javert Andra<strong>de</strong>” <strong>de</strong> SãoJosé <strong>do</strong> Rio Preto, <strong>de</strong>stacou entre os pontos mais importantes<strong>do</strong> Protocolo, a sistematização com o estabelecimento <strong>de</strong>rotinas diárias <strong>de</strong> atendimento, acolhimento e classificação<strong>de</strong> risco, melhoran<strong>do</strong> a assistência na atenção básica, além<strong>de</strong> ressaltar a importância <strong>do</strong> trabalho em equipe multiprofissional,bem como legitimá-lo envolven<strong>do</strong> médicos,enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos,assistentes sociais e <strong>de</strong>ntistas. Ele elogiouainda a realização <strong>do</strong>s encontrosregionais pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong>experiências entre os profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversas unida<strong>de</strong>s prisionais.Segun<strong>do</strong> Souza Jr., as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser resolvidascom experiências exitosas <strong>de</strong>outra unida<strong>de</strong>. “Apesar <strong>de</strong> pertenceremà mesma secretaria, cada uma tem suascaracterísticas próprias e estes encontrosfacilitam a resolução das dificulda<strong>de</strong>s”,salientou.O <strong>do</strong>cumento composto por 195páginas, foi elabora<strong>do</strong> a partir das práticase <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalhos emsaú<strong>de</strong> das unida<strong>de</strong>s prisionais, reestruturan<strong>do</strong>-ospara melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sserviços presta<strong>do</strong>s. Ele foi cria<strong>do</strong> por umgrupo <strong>de</strong> trabalho composto por profissionais<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da <strong>SAP</strong>, com o intuito<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os principais agravos queacometem o sistema prisional paulista equais as ações seriam a<strong>de</strong>quadas à suaprevenção ou tratamento.Segun<strong>do</strong> Valéria, houve a buscapor protocolos <strong>de</strong> instituições públicas,porém como nenhum material com referência à saú<strong>de</strong>prisional foi encontra<strong>do</strong>, o Grupo <strong>de</strong> Trabalho teve comobase os preceitos <strong>do</strong> Ministério da Saú<strong>de</strong>, por meio <strong>do</strong>sCa<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Atenção Básica, para a prevenção e tratamento<strong>de</strong> agravos como diabetes, hipertensão, <strong>do</strong>ençassexualmente transmissíveis, tuberculose, saú<strong>de</strong> da mulher,entre outros.Ela salienta que, embora muitos protocolos jáexistentes <strong>de</strong>stinem-se a organizar apenas o serviço <strong>de</strong>enfermagem, a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> enten<strong>de</strong> que amultidisciplinarida<strong>de</strong> é fundamental para que as ações<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> alcancem o objetivo <strong>de</strong> assistir ao sentencia<strong>do</strong>.Assim, o protocolo <strong>de</strong>screve as atribuições <strong>do</strong> médico, <strong>do</strong>auxiliar/técnico <strong>de</strong> enfermagem, <strong>do</strong> enfermeiro e <strong>do</strong> agentepromotor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, além <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> enfermagem;padroniza os procedimentos <strong>de</strong> inclusão, triagem/acolhimentoe <strong>de</strong> combate às principais ocorrências <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>nas unida<strong>de</strong>s prisionais, dividi<strong>do</strong>s em “Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Adulto” e“Saú<strong>de</strong> da Mulher”. Como anexo, o <strong>do</strong>cumento tem aindaum protocolo <strong>de</strong> prescrição <strong>de</strong> medicamentos e exameslaboratoriais pelo enfermeiro, para que estes profissionaispossam fazê-lo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas atribuições.“Os profissionais <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rãooferecer uma assistência <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e com segurança,obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong>-se preceitos éticos e legais” , explica o médicoAlci<strong>de</strong>s Pinto <strong>de</strong> Souza Jr.Revista <strong>SAP</strong> 33


Programa <strong>de</strong> Uso Racional da ÁguaJoRge <strong>de</strong> souzaUma sala com pouco mais <strong>de</strong> 9m², na Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Prisionais da Região Metropolitana <strong>de</strong>São <strong>Paulo</strong> (Coremetro), é o celeiro <strong>do</strong> audacioso projeto<strong>de</strong> economia <strong>de</strong> água em presídios e uma das mais interessantesi<strong>de</strong>ias já implantadas no sistema prisional paulista.É <strong>de</strong>ste local que o engenheiro civil Bismarck FischerNeto e sua equipe acompanharão o consumo em temporeal <strong>de</strong> cada litro <strong>de</strong> água consumi<strong>do</strong> na PenitenciáriaFeminina <strong>de</strong> Sant’Ana (PFS), <strong>de</strong>pois da total implantação<strong>do</strong> “Projeto Pura” (Programa <strong>de</strong> Uso Racional da água) daCompanhia <strong>de</strong> Saneamento Básico <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> (Sabesp),que atualmente funciona como tubo <strong>de</strong> ensaio para a Secretariada Administração Penitenciária (<strong>SAP</strong>). Depois <strong>de</strong>stapenitenciária, a i<strong>de</strong>ia é expandir para to<strong>do</strong>s os presídios<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.A PFS foi escolhida para receber o projeto piloto,porque até o início da implantação, vários agravantes nãopermitiam que o consumo <strong>de</strong> água fosse reduzi<strong>do</strong>: o gigantismo<strong>do</strong> prédio – somente nos três pavilhões habitacionaissão 660 celas, que abrigam cerca <strong>de</strong> 2,5 mil presas –, instalaçõesantigas e principalmente a falta <strong>de</strong> monitoramentoqualitativo <strong>do</strong> consumo dificultavam a resolução imediata<strong>do</strong>s problemas. O resulta<strong>do</strong> era sempre o mesmo: <strong>de</strong>sperdício.Apesar <strong>do</strong>s esforços em manter canos, torneiras echuveiros em or<strong>de</strong>m, as perdas sempre estavam ligadasao consumo ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> por parte das presas, que usavamágua <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e constante nos pavilhões eTécnico da Sabesp orienta funcionários <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s prisionais sobre o PURA34Revista <strong>SAP</strong>celas habitacionais. Outro fator que contribuía eram osconstantes vazamentos pelos canos envelheci<strong>do</strong>s. Comto<strong>do</strong>s esses problemas, cabia à PFS apenas arcar com asfaturas mensais e conviver com um problema até entãoincontrolável.O <strong>de</strong>sperdício parecia não ter fim, até que a diretoriaa<strong>de</strong>riu ao Pura. Ao contrário <strong>do</strong> pequeno nome, o projetotem pretensões gigantescas e após a conclusão das reformase adaptações em toda a unida<strong>de</strong>, o objetivo é que se chegue àeconomia <strong>de</strong> até 2/3 no consumo mensal, pois atualmente oprédio <strong>de</strong>tém status, ao revés, <strong>de</strong> maior consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> águaentre todas as unida<strong>de</strong>s prisionais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. “Para se teruma i<strong>de</strong>ia, a caixa d’água tem capacida<strong>de</strong> para um milhãoe 250 mil litros e nunca estava cmpleta por conta <strong>de</strong> vazamentose consumo ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>”, revela Bismarck.Reforma geral e banho quenteO projeto prevê reforma e adaptação <strong>de</strong> várioscomponentes da re<strong>de</strong> hidráulica <strong>do</strong> prédio, que compreen<strong>de</strong>três pavilhões, prédio administrativo, cozinha, padaria eenfermaria. Mas não se trata apenas <strong>de</strong> equipamentos quereduzem o consumo. Por se tratar <strong>de</strong> uma penitenciária, to<strong>do</strong>sos materiais são <strong>de</strong>vidamente pensa<strong>do</strong>s para promover asegurança, tanto das reeducandas, quanto <strong>do</strong>s funcionários.Os chuveiros, por exemplo, foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s especificamentepara prisões, pois mesmo que sejam arranca<strong>do</strong>s pelaspresas, não po<strong>de</strong>m ser transforma<strong>do</strong>s em armas, uma vezque o material plástico não permite.Além da segurança, a preocupaçãotem foco primordial na economia:enquanto uma ducha antiga consumiaalgo em torno <strong>de</strong> 22 litros <strong>de</strong> água, aducha atual tem vazão <strong>de</strong> 7,6 litrospor minuto e trabalha com pressurizaçãoque garante a mesma sensaçãoe mais conforto durante igual tempo<strong>de</strong> banho ou, trocan<strong>do</strong> em miú<strong>do</strong>s, osistema permite o <strong>do</strong>bro <strong>de</strong> tempo nochuveiro usan<strong>do</strong> 1/3a menos <strong>de</strong> água.Outra novida<strong>de</strong> para evitar <strong>de</strong>sperdício,explica Bismark, é o sistema <strong>de</strong>aquecimento por cal<strong>de</strong>iras. “Nossaequipe <strong>de</strong>senvolveu um mecanismoque faz a água circular o tempo to<strong>do</strong>


Área habitacional adaptada ao progragrama Pura.nos canos, ou seja, quan<strong>do</strong> o chuveiro é aciona<strong>do</strong>, o banhoquente é imediato. Sem os vazamentos também foi possíveldar maior pressurização na re<strong>de</strong> hidráulica usan<strong>do</strong> apenasuma bomba, consequentemente passamos a economizarenergia elétrica”, acrescenta.Torneiras, caixas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga, vasos sanitários e piassão antivandalismo, o que garante a segurança <strong>do</strong> local, adurabilida<strong>de</strong> e o bom funcionamento <strong>do</strong>s materiais. To<strong>do</strong>sos <strong>de</strong>mais itens <strong>do</strong> novo sistema hidráulico têm fechamentoautomático. “A redução, portanto, não é só <strong>do</strong> consumo<strong>de</strong> água, mas também <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> manutenção”, afirmao engenheiro.RadiopatrulhaMas como é feito o monitoramento <strong>de</strong>sse amplosistema? Como <strong>de</strong>tectar problemas ou falhas e estancarvazamentos com rapi<strong>de</strong>z no aglomera<strong>do</strong> <strong>de</strong> canos, torneirase <strong>de</strong>scargas? Se a pergunta <strong>de</strong>nota complexida<strong>de</strong>, a respostachega a surpreen<strong>de</strong>r os mais incrédulos: “radiofrequência”,Sala da Coremetro, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o engenheiro Bismarkacompanha o consumo <strong>de</strong> água na PFSimprime Bismark. É <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> sua sala na Coremetro,que ele faz a telemedição e monitora em tempo realcada gota <strong>de</strong> água que passa pelos hidrômetros instala<strong>do</strong>snos terminais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> presídio. “Como se trata <strong>de</strong> umaunida<strong>de</strong> gigante, nós separamos os controles em blocos <strong>de</strong><strong>de</strong>z celas, que nos permitem diagnosticar com precisão on<strong>de</strong>o problema está acontecen<strong>do</strong>, para que seja resolvi<strong>do</strong> antesque aumente”, garante.Não só o monitoramento, mas também o controle<strong>de</strong> abertura e fechamento <strong>do</strong>s hidrômetros internospo<strong>de</strong>m ser feitos por um computa<strong>do</strong>r, tablet ou através<strong>de</strong> um simples smartphone, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o usuário estejacadastra<strong>do</strong> e <strong>de</strong>vidamente autoriza<strong>do</strong> a administraro sistema. A i<strong>de</strong>ia é que após a total implantação eampliação <strong>do</strong> projeto, em toda re<strong>de</strong> <strong>SAP</strong> (cerca <strong>de</strong> 21unida<strong>de</strong>s abastecidas pela Sabesp), o controle seja feitopela diretoria <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> prisional, com to<strong>do</strong>s osda<strong>do</strong>s reverbera<strong>do</strong>s para as centrais localizadas nas coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>riasregionais.Segun<strong>do</strong> o engenheiro, outra vantagem<strong>do</strong> monitoramento por rádio é o baixo custo daoperação e manutenção <strong>do</strong>s equipamentos, poisas informações são enviadas <strong>do</strong> hidrômetro paraa base em tempo real, ponto a ponto e sem anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antenas complexas ou retransmissoras.No mo<strong>de</strong>lo antigo, os vazamentos só eram<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longos perío<strong>do</strong>s e a olhonu. “Somente em uma das visitas, a equipe <strong>de</strong>caça-vazamentos da Sabesp encontrou 14 pontosdanifica<strong>do</strong>s na tubulação; hoje esse trabalho éfeito virtualmente e em tempo real, o que nos dáa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter a informação <strong>de</strong> vazamentoo mais rápi<strong>do</strong> possível e, ao mesmo tempo, fazeras ações <strong>de</strong> manutenção”, compara.Revista <strong>SAP</strong> 35


Torneira e chuveiro econômicos com fecho antivandalismo instalada na PFSjá foi quase alcança<strong>do</strong> coma entrega <strong>de</strong> apenas umpavilhão habitacional e, <strong>do</strong>scerca <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> litrosantes consumi<strong>do</strong>s por mês,a unida<strong>de</strong> já diminuiu 8,2%.Em uma visão bem otimista,será alcança<strong>do</strong> entre 25% a30%, quan<strong>do</strong> toda unida<strong>de</strong>estiver adaptada ao projeto.Esta economia já surtiu efeitotambém na fatura mensal:por conta da economia, a Sabesppassou a tarifar a PFScom 25% a menos <strong>do</strong> valorantes cobra<strong>do</strong> nas contas <strong>de</strong>água.Os três reservatórios da PFS que eram autônomos,agora são interliga<strong>do</strong>s, com a vantagem <strong>de</strong> que se algumapresentar problemas, os <strong>de</strong>mais abastecem os pontos essenciais– como cozinha e enfermaria, por exemplo – semprejuízo das ativida<strong>de</strong>s no presídio.“O principal fundamento <strong>do</strong> Pura é usar equipamentosque existem no merca<strong>do</strong>, alian<strong>do</strong> ações proativasrelacionadas à manutenção <strong>de</strong> tubulação e reservatórios,justamente para fazer o uso racional e consciente daágua. E por incrível que pareça, a <strong>de</strong>predação das celasjá reformadas é irrisória e isso <strong>de</strong>monstra a aceitação dasmelhorias por parte das presas, que também estão bastanteconscientes com o uso da água”, elogia Bismark.A meta <strong>do</strong> contrato é reduzir em torno <strong>de</strong> 10%no consumo geral da unida<strong>de</strong>, isso após a conclusão dareforma em toda a penitenciária. No entanto, esse númeroDe olho no futuro.Sessenta e oito funcionários <strong>de</strong> várias unida<strong>de</strong>sprisionais estiveram no auditório se<strong>de</strong> da <strong>SAP</strong>, no dia 17/4,para conhecer o “Projeto Pura”. Eles são responsáveis pelavistoria em suas respectivas unida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectarpossíveis falhas nas estruturas que possam ser adaptadasao programa <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> água.Além das orientações <strong>do</strong>s profissionais da Sabesp,os servi<strong>do</strong>res penitenciários levaram consigo um formuláriopara ser preenchi<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> as características da re<strong>de</strong>hidráulica <strong>do</strong>s prédios em que trabalham. É a partir dasrespostas, que será elabora<strong>do</strong> um plano individualiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ações a serem implementadas nos presídios.Para a responsável pela implantação <strong>do</strong>s projetos <strong>de</strong>economia <strong>do</strong>s gastos públicos na <strong>SAP</strong>, Paula Pudles, esta éa única forma <strong>de</strong> reduzir o consumo <strong>de</strong> água nas unida<strong>de</strong>sprisionais, resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> constante aumento da populaçãoUnida<strong>de</strong>s em que o Programa será implata<strong>do</strong>Região Metropolitana1. CDP Feminino <strong>de</strong> Franco da Rocha2. CDP Belém I3. CDP Belém II4. CDP Pinheiros I5. CDP Pinheiros II6. CDP Pinheiros III7. CDP Pinheiros IV8. CDP Osasco I9. CDP Osasco II10. CDP São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo11. CDP Vila In<strong>de</strong>pendência12. CDP Mogi das Cruzes13. CDP Suzano14. CDP Itapecerica da Serra15. CPP <strong>de</strong> Franco da Rocha16. CPP Feminina <strong>do</strong> Butantan17. CPP Feminino <strong>de</strong> São Miguel Paulista18. CR Bragança Paulista19. Penit.Feminina da Capital20. Penit. <strong>de</strong> Franco da Rocha I21. Penit. <strong>de</strong> Franco da Rocha II22. Penit. <strong>de</strong> Franco da Rocha III23. Penit. <strong>de</strong> ParelheirosInterior1. CDP <strong>de</strong> Caraguatatuba2. CDP <strong>de</strong> São Vicente3. CDP <strong>de</strong> Praia Gran<strong>de</strong>4. CDP <strong>de</strong> Taubaté5. CPP <strong>de</strong> Mongaguá6. CR São José <strong>do</strong>s Campos7. Penit. “João Batista <strong>de</strong> Santana” <strong>de</strong> Riolândia8. Penit. I <strong>de</strong> São Vicente9. Penit. II <strong>de</strong> São Vicente10. Penit. Balbinos II11. Penit. Feminina <strong>de</strong> Tremembé12. HCTP <strong>de</strong> Taubaté36Revista <strong>SAP</strong>


Pura energiaO engenheiro Bismark está <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> outroprojeto piloto <strong>de</strong> controle e redução <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> energiaelétrica. Apesar <strong>de</strong> ainda estar em fase embrionária,o Centro <strong>de</strong> Detenção Provisória II (CDP) <strong>de</strong> Osasco, nagran<strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong> e a própria PFS já são monitoradas. Asduas unida<strong>de</strong>s foram escolhidas por suas peculiarida<strong>de</strong>s: aprimeira tem uma planta padrão igual a várias outras noesta<strong>do</strong> e a segunda, pelo seu gigantismo e complexida<strong>de</strong><strong>do</strong> prédio. O sistema é similar ao da economia <strong>de</strong> água etambém po<strong>de</strong> ser monitora<strong>do</strong> à distância nos mesmos mol<strong>de</strong>s.A pretensão da <strong>SAP</strong> é expandir o projeto para to<strong>do</strong>sos presídios, nesse caso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da empresafornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> energia.Foi em uma viagem à Espanha que o engenheiroteve a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> também controlar e reduzir os gastos comenergia elétrica nos presídios <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>. Ele visitouas universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sevilla e Madrid para se familiarizarcom as pesquisas e aplicar informações específicas nospresídios <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>. “Fui conhecer tecnologias <strong>de</strong>carcerária no esta<strong>do</strong>. “Há muitos prédios antigos comestruturas adaptadas e obsoletas que <strong>de</strong>vem ser refeitas eo Pura nos dá essa condição, não só pelos instrumentos,mas também pela tecnologia empregada nas reformas eadaptações”, <strong>de</strong>clara Pudles. Ela foi nomeada “Guardiã daeconomia” da <strong>SAP</strong> em março <strong>de</strong>ste ano, no lançamento <strong>do</strong>Programa <strong>de</strong> Melhoria <strong>do</strong> Gasto Público <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Gestão Pública,que tem representantes das secretarias <strong>do</strong> Planejamento,Fazenda, Casa Civil e Procura<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> econta ainda com o apoio <strong>de</strong> uma equipe técnica compostapor profissionais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> especializa<strong>do</strong>s no tema e comuma consultoria externa.Quan<strong>do</strong> as análises <strong>do</strong>s locais, os parâmetros <strong>de</strong>reforma e estruturação estiverem concluí<strong>do</strong>s, os contratos<strong>de</strong>vem ser firma<strong>do</strong>s nos mesmos mol<strong>de</strong>s da PFS, ou seja,é a própria Sabesp que executará os serviços nas prisões,transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, verificação e análise <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s elétricas.Hoje estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o projeto <strong>de</strong> uso datecnologia em favor, não só <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, mas também <strong>do</strong> meioambiente e isso muito me alegra”, reflete Bismark.Os guardiões da economiaEquipe <strong>de</strong> engenharia da Coremetro, responsável pelaimplantação <strong>do</strong> Pura• Bismarck Fischer Neto: Diretor Técnico, EngenheiroCivil, responsável pela elaboração <strong>do</strong>s projetos• Francisco Apareci<strong>do</strong> Santana: Engenheiro Eletricista• Rui Accarino: Analista Técnico, responsável pela gestãoda economia• Welington Oliveira Nunes: Responsável pelo cadastramentográfico (<strong>de</strong>senhos) <strong>do</strong>s projetos em unida<strong>de</strong>sprisionais• Eliana Rosa Car<strong>do</strong>so: Expediente Administrativo Prisional<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões estabeleci<strong>do</strong>s no projeto Pura. Participamao to<strong>do</strong>, 35 unida<strong>de</strong>s penais abastecidas pela Sabesp,12 <strong>do</strong> interior e 23 da região metropolitana.Pudles <strong>de</strong>staca que a Penitenciária "João Batista<strong>de</strong> Santana" <strong>de</strong> Riolândia e o Centro <strong>de</strong> RessocializaçãoFeminino (CRF) <strong>de</strong> São José <strong>do</strong>s Campos, já reduziram oconsumo <strong>de</strong> água, mesmo sem a implantação <strong>do</strong> projeto,apenas com medidas como conscientização da populaçãocarcerária e alguns poucos consertos e reparos. Com isso,conseguiram diminuir em 10% e, como contrapartida, jáassinaram o contrato <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> Pura em ambosos locais.* Para mais informações sobre economia <strong>de</strong> água nasprisões <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>:http://www.sap.sp.gov.br/noticias/not254.htmlhttp://www.sap.sp.gov.br/noticias/not217.htmlRevista <strong>SAP</strong> 37


Reeducan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> CR <strong>de</strong> Ourinhos assistem apresentação musicale recebem cavaquinho para complementar aulas <strong>de</strong> músicamaRiana moRimuRaNaquela tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> sába<strong>do</strong> (13/04), o som <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>iros,violão, cavaquinho e ban<strong>do</strong>lim irradiou no Centro<strong>de</strong> Ressocialização (CR) <strong>de</strong> Ourinhos – o grupo <strong>de</strong> choro“Atrás <strong>do</strong> Balcão” se apresentava a 97 reeducan<strong>do</strong>s daunida<strong>de</strong> prisional. Composições <strong>de</strong> Pixinguinha, Cartola,Jacob <strong>do</strong> Ban<strong>do</strong>lim e Ernesto Nazareth maravilharam opúblico que assistia ao show com muita atenção.“Os internos notaram, ainda que inconscientemente,que algo diferente estava acontecen<strong>do</strong>. Para alguns,Reeducan<strong>do</strong> participou da apresentação musical com grupo <strong>de</strong>chorinho “Atrás <strong>do</strong> Balcão”.melodias e harmonias nunca ouvidas anteriormente. Paramuitos, a proximida<strong>de</strong> rítmica <strong>do</strong> samba chamou a atenção”,<strong>de</strong>clarou o reeducan<strong>do</strong> Alessandro Fernan<strong>de</strong>s Nogueira,forma<strong>do</strong> em Música pela Escola Técnica Estadual (Etec).“Tenho certeza <strong>de</strong> que foi uma enorme satisfação parato<strong>do</strong>s, presenciar uma apresentação com tamanha qualida<strong>de</strong>e, sobretu<strong>do</strong>, com imensa carga <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>”,continuou.No <strong>de</strong>correr da apresentação, uma surpresa: o reeducan<strong>do</strong>Márcio Henrique da Silva foi convida<strong>do</strong> a tocarcom o grupo. “Fiquei muito contente em ter participa<strong>do</strong><strong>do</strong> evento e acho [essa iniciativa] importante para nós,presos”, comentou Silva, que nunca havia presencia<strong>do</strong>um show <strong>do</strong> gênero. Anima<strong>do</strong>, ele já planeja seu futuro namúsica: “Eu preten<strong>do</strong> formar um novo grupo <strong>de</strong> pago<strong>de</strong>quan<strong>do</strong> sair daqui”.O grupo <strong>de</strong> chorinho ainda presenteou os reeducan<strong>do</strong>scom um cavaquinho, que será utiliza<strong>do</strong> nas aulas daoficina <strong>de</strong> música, criada em junho <strong>de</strong> 2012. A necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> um projeto cultural no presídio fez com que Nogueira,cita<strong>do</strong> anteriormente, i<strong>de</strong>alizasse essa ativida<strong>de</strong>.38Revista <strong>SAP</strong>Inicialmente foi instalada uma oficina <strong>de</strong> percussão,que trabalhou a autoestima, paciência, espírito <strong>de</strong> grupo e<strong>de</strong>senvolvimento emocional <strong>de</strong> diversos sentencia<strong>do</strong>s. Osalunos tiveram acesso a vários instrumentos, como agogô,triângulo, pan<strong>de</strong>iro, clave, carrilhão, caixa clara, repique<strong>de</strong> mão, congas, berimbau, ganzá e tamborim. O trabalhofoi finaliza<strong>do</strong> com uma apresentação no Dia das Crianças,que emocionou os familiares.Posteriormente, foi realiza<strong>do</strong> um curso <strong>de</strong> iniciaçãoà teoria musical com o uso <strong>do</strong> violão. “Alguns alunostiveram seu primeiro contato com o instrumento e outrospu<strong>de</strong>ram aprimorar tecnicamente seu conhecimento”, explicoua diretora <strong>do</strong> CR, Adriana Silene Logerfo Puglerino.No final <strong>do</strong> ano, os alunos das duas oficinas se juntaram emuma apresentação que alegrou a to<strong>do</strong>s da unida<strong>de</strong>.Outro curso <strong>de</strong> iniciação à teoria musical estáatualmente em andamento, <strong>de</strong>sta vez com aulas <strong>de</strong> flauta<strong>do</strong>ce e violão. Os 11 reeducan<strong>do</strong>s participantes se reúnemquatro vezes por semana, motiva<strong>do</strong>s pela <strong>de</strong>scoberta damúsica. “O momento em que <strong>de</strong>senvolvemos as ativida<strong>de</strong>sé mágico, nós esquecemos que estamos reclusos e nostransportamos para um mun<strong>do</strong> surreal, através <strong>do</strong>s sons.Momentos <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas, <strong>de</strong> paz interior,<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da autoestima, amor próprio, valores<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s ou a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s por conta da vida <strong>de</strong>sregrada<strong>de</strong> cada um”, relatou Nogueira.Alunos da oficina <strong>de</strong> música


Normatização das pesquisas no âmbito <strong>do</strong> sistema prisionalRafael maRinho da PazInstituí<strong>do</strong> em 22/04/2010, o Comitê <strong>de</strong> Ética emPesquisa da Secretaria da Administração Penitenciária(<strong>SAP</strong>) normatizou todas as pesquisas a serem realizadasno âmbito <strong>do</strong> sistema prisional paulista. Os projetos quepassaram pelo comitê já somam 119. As áreas mais acolhidassão psicologia, antropologia, jornalismo, direito eserviço social.A iniciativa visa garantir que as pesquisas científicasrealizadas junto às pessoas que cumprem penas ou aquelasque trabalham na Secretaria, sejam <strong>de</strong>senvolvidas sob aótica <strong>do</strong> indivíduo e da coletivida<strong>de</strong> e incorporem os quatroreferenciais básicos da bioética: autonomia, maleficência,beneficência e justiça.É certo ainda que tanto no nível <strong>do</strong>s indivíduos,como da coletivida<strong>de</strong>, espera-se que os avanços da ciência,em diferentes âmbitos, venham colaborar para a melhoriana qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> atendimento a to<strong>do</strong>s que estão internos outrabalham nessas instituições.Hoje, segun<strong>do</strong> a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> projeto, ProfessoraDoutora Rosalice Lopes, houve algumas mudanças emelhorias. “O Comitê <strong>de</strong> Ética abriu novas possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> reflexão sobre as questões envolvidas na pesquisa comseres humanos. É sabi<strong>do</strong> que o processo <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong>autorização no passa<strong>do</strong> era bem diferente. Hoje, para quealgum pesquisa<strong>do</strong>r possa pesquisar em alguma unida<strong>de</strong>prisional ele <strong>de</strong>ve, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, obter anuência <strong>do</strong> Secretário.Depois disso, <strong>de</strong>verá, no sítio da Plataforma Brasil,inscrever seu projeto, que posteriormente será avalia<strong>do</strong>por algum membro <strong>do</strong> colegia<strong>do</strong>. Depois <strong>de</strong> avaliadas asperspectivas ética e meto<strong>do</strong>lógica, o parecer segue paraa assinatura <strong>do</strong> secretário e anuência <strong>do</strong> Juiz responsávelna comarca on<strong>de</strong> se realizará a pesquisa. Somente <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes passos é que a pesquisa começa. To<strong>do</strong> esseprocesso visa garantir que os participantes das pesquisas –internos das unida<strong>de</strong>s ou funcionários – sejam amplamenteprotegi<strong>do</strong>s”, informou a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra.“Por se tratar <strong>de</strong> uma secretaria com perfil diferencia<strong>do</strong>,ou seja, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s participantesdas pesquisas, especialmente as pessoas presas, aexistência <strong>do</strong> comitê com certeza produziu uma mudançasignificativa, avalia Rosalice. “Atualmente as pesquisas noâmbito da <strong>SAP</strong> dirigem-se aos internos e funcionários. Játivemos pesquisas abordan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> temática e conduzidaspor pesquisa<strong>do</strong>res, médicos, psicólogos, assistentessociais, antropólogos, sociólogos etc. A título <strong>de</strong> exemplo,já foram realizadas pesquisas sobre tuberculose; incidência<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças sexualmente transmissíveis; estresse em servi<strong>do</strong>res;relações entre mães presas e seus filhos; mulher presa;Programa Via-Rápida e os egressos; diversida<strong>de</strong> sexual etantas outras”, elenca.A professora enfatiza que ter um Comitê <strong>de</strong> Éticaem Pesquisas com Seres Humanos é um privilégio para a<strong>SAP</strong>. “Após a existência <strong>do</strong> comitê, regulamos <strong>de</strong> formamais clara a relação com pesquisa<strong>do</strong>res, valorizamos nossainstituição, na qual muitas pesquisas estão sen<strong>do</strong> realizadase algumas já foram concluídas e, em sen<strong>do</strong> o único comitê<strong>de</strong>ssa espécie em nosso país, enten<strong>do</strong> que teremos muito acontribuir ao longo <strong>do</strong>s próximos anos com a pesquisa nosistema prisional <strong>do</strong> Brasil”, finalizou.Integrantes <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> ÉticaRevista <strong>SAP</strong> 39


Cinco concursos da <strong>SAP</strong> estão em andamento. Seleção <strong>de</strong> milAEVPs está na fase finalmaRiana moRimuRaO concurso <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> mil agentes <strong>de</strong> escoltae vigilância penitenciária (AEVPs), autoriza<strong>do</strong> pelogoverna<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Alckmin em agosto <strong>de</strong> 2011, estáem sua última fase. Os futuros AEVPs da Secretaria daAdministração Penitenciária (<strong>SAP</strong>), que substituirão aPolícia Militar na escolta <strong>de</strong> presos, estão participan<strong>do</strong><strong>do</strong> curso <strong>de</strong> formação técnico profissional na Escolada Administração Penitenciária (EAP). O término estáprevisto para agosto <strong>de</strong>ste ano.Um total <strong>de</strong> 41.718 inscritos concorreram aocargo. Des<strong>de</strong> a publicação no Diário Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>(DOE), em 25/10/2011, os candidatos passaram pelasprovas objetiva, <strong>de</strong> aptidão psicológica e <strong>de</strong> condicionamentofísico, além da comprovação <strong>de</strong> i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong>e conduta ilibada na vida pública e privada (incluin<strong>do</strong>investigação social), até serem nomea<strong>do</strong>s e empossa<strong>do</strong>s.Em síntese, são atribuições <strong>do</strong> AEVP o <strong>de</strong>sempenho<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolta e custódia <strong>de</strong> presos, emmovimentações externas e a guarda das unida<strong>de</strong>s prisionais,visan<strong>do</strong> evitar fugas ou resgates <strong>de</strong> presos.Em março <strong>de</strong>ste ano, a <strong>SAP</strong> abriu outro concursopara a contratação <strong>de</strong> mais 150 AEVPs. As inscriçõesocorreram entre 18/03 e 19/04, através <strong>do</strong> site da Vunesp.Também estão em andamento <strong>do</strong>is concursos paraa contratação <strong>de</strong> agentes <strong>de</strong> segurança penitenciária (ASPs)Classe I, que juntos oferecem 300 vagas – 250 para o sexomasculino e 50 para o sexo feminino –, além <strong>do</strong> concurso parao cargo <strong>de</strong> médico (Clínico Geral, Ginecologista e Psiquiatra),que disponibiliza 292 vagas.Últimas nomeaçõesO governa<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong> Alckmin nomeou,em 02/04,195 oficiais administrativos para compor o quadro funcionalda <strong>SAP</strong>. Os novos servi<strong>do</strong>res foram aprova<strong>do</strong>s em concursopúblico e atuarão nas novas unida<strong>de</strong>s prisionais, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com a necessida<strong>de</strong> da Pasta.Entre julho <strong>de</strong> 2012 e março <strong>de</strong> 2013 foram nomea<strong>do</strong>s1.763 novos servi<strong>do</strong>res em 14 cargos. A área <strong>de</strong> segurançafoi a que recebeu mais funcionários: 1.162, sen<strong>do</strong> 941 ASPs(514 <strong>do</strong> sexo masculino e 427 feminino) e 221 AEVPs. Ocampo administrativo recebeu outros 127 oficiais administrativos,80 para oficiais operacionais (motorista), 45 analistasadministrativos, cinco analistas socioculturais e cincoengenheiros (civis e ambientais). A área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ganhouum reforço <strong>de</strong> 190 enfermeiros, 50 assistentes sociais, 43psicólogos, 30 médicos, 22 cirurgiões <strong>de</strong>ntistas e quatroterapeutas ocupacionais.Entrega <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos para a posse <strong>do</strong>s novos AEVPs40Revista <strong>SAP</strong>


Olá amigos! A partir <strong>de</strong>sta edição teremos um canal <strong>de</strong> comunicação direto com você, servi<strong>do</strong>rda <strong>SAP</strong>! As matérias serão sobre “Comportamento no Trabalho” e você po<strong>de</strong>rá enviar sugestõespara o email: revista@sap.sp.gov.brDecidimos por este espaço, uma vez que passamosa maior parte <strong>do</strong> tempo das nossas vidas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> ambiente<strong>de</strong> trabalho. E por que não fazer <strong>de</strong>sses momentos, o maisagradável possível? Às vezes cometemos alguns “<strong>de</strong>slizes”sem perceber e acabamos atrapalhan<strong>do</strong> ou causan<strong>do</strong> algunstranstornos que po<strong>de</strong>ríamos ter evita<strong>do</strong> com mudançassimples <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s.Através <strong>de</strong> orientação da psicóloga Juliana Saldanha,consultora <strong>de</strong> recursos humanos <strong>do</strong> Grupo Soma,foram seleciona<strong>do</strong>s 10 comportamentos insuportáveis notrabalho e dicas para lidar com cada um <strong>de</strong>les.Galã oficialO primeiro personagem éo “galã oficial”. Jogan<strong>do</strong> beijos episcadinhas, ele não anda: <strong>de</strong>sfila! Ogalã vive contan<strong>do</strong> vantagens paraoutros homens e às vezes, mente<strong>de</strong>scaradamente sobre “aqueleromance” que nunca existiu.Então a dica é simples: não épreciso brigar com o garotão boboe ficar marcada pela sua agressivida<strong>de</strong>.Seja firme, massuave. Coloque-ono seu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> lugar.Falso bonzinhoOutro personagem é o “Falso Bonzinho”. Este é umperigo! É o famoso “duas caras”, ele acredita que para crescernão po<strong>de</strong> ser ele mesmo. O pior é que num primeiro momentoele parece um anjo. Cordial, elegante, fala bem e estabeleceótimas relações com to<strong>do</strong>s os níveis hierárquicos. Mas nãose engane, mais ce<strong>do</strong> ou mais tar<strong>de</strong> você ficará saben<strong>do</strong> <strong>de</strong>intrigas pesadas feitas pelas costas envolven<strong>do</strong> o seu nomee o mais incrível é a “cara <strong>de</strong> pau” <strong>de</strong>le, que irá negar até amorte e sair pela tangente.Faça apenas o social, pessoas <strong>de</strong>sse tipo não merecemnem atenção.Fofoqueira incorrigívelA “fofoqueira incorrigível”é aquela que chega falan<strong>do</strong>: Tenhouma boa pra contar.Procure se manter neutraperto <strong>de</strong> pessoas que estão o tempoto<strong>do</strong> com o radar liga<strong>do</strong>. Comoela está sempre preocupada e por<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> que acontece navida <strong>do</strong>s outros funcionários,não tem tempo para se <strong>de</strong>dicarao trabalho.Vive critican<strong>do</strong> a roupa,maquiagem e cabelo dascolegas, mas no fun<strong>do</strong> é purainveja.A “fofoqueira <strong>de</strong> plantão”vive envolven<strong>do</strong> as pessoasem suas falações comrequintes <strong>de</strong> malda<strong>de</strong>.Um conselho: fuja das conversas sobre terceiros,principalmente porque eles estão sempre ausentes. Naverda<strong>de</strong>, a fofoca só existe porque alguém está ali paraouvir e dar atenção. Seja educada, tenha bom senso e digaapenas que tem outras priorida<strong>de</strong>s, trabalho urgente paraentregar e saia <strong>de</strong> fininho!!!InjustiçadaJá “a Injustiçada” sempre diz e repetea seguinte frase: Eles não gostam <strong>de</strong> mim. Elaé reclamona e tem certeza <strong>de</strong> que os chefes aperseguem. Sabemos que realmente existempessoas com menos afinida<strong>de</strong>s uma com aoutra, mas não <strong>de</strong>ixe que isso interfira noâmbito profissional – no pessoal já basta –pois é uma situação ina<strong>de</strong>quada e incômoda.Aproveite para mostrar suas habilida<strong>de</strong>s ecompetências naquilo que faz.O importante é você não entrar namesma vibe e começar a reclamar <strong>do</strong>s chefestambém!Revista <strong>SAP</strong> 41


Matraca soltaA “matraca solta”geralmente atrapalha asreuniões com conversasparalelas. Tira a concentraçãodas pessoas quequerem trabalhar e costumafazer comentários sobretu<strong>do</strong>, não para <strong>de</strong> falar eten<strong>de</strong> a ser inconveniente.A dica é <strong>de</strong>ixá-la falan<strong>do</strong>sozinha! Mantenha osolhos no computa<strong>do</strong>r.Demonstre com cuida<strong>do</strong>,que você não estádisponível!A compartilha<strong>do</strong>ra “Oversharing”Precisamos estar atentos para perceber que oambiente <strong>de</strong> trabalho não é consultório sentimental.Outro problema <strong>do</strong> “oversharing” é que ele usa otelefone <strong>do</strong> trabalho para discutir com a madrinha, com aaten<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> convênio médico ou ainda com aquele amigoque quer se reconciliar com a ex.Não dê corda, porque você vai se arrepen<strong>de</strong>r. Eletem o péssimo hábito <strong>de</strong> explicar to<strong>do</strong>s os seus problemasem <strong>de</strong>talhes e ainda entra em assuntos constrange<strong>do</strong>res –sexuais e patológicos, por exemplo.A dica é cortar o assunto e não discursar comentários.Lembre-se a pessoa só “fala pelos cotovelos” se tiveralguém que a escute.UltrasexyA “ultrasexy” é uma personagematé engraçada, “ela se acha”. Ela vivepaqueran<strong>do</strong> o colega com risadinhas,brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> mão e outras práticas irritantes.Ela “dá mole”, mas se faz <strong>de</strong> sonsa,<strong>de</strong>sentendida e difícil. Ainda por cima, elatem certeza que é a mulher mais <strong>de</strong>sejadae tenta tirar algum benefício disso.Personagens com essas características,geralmente não acreditam na suacompetência profissional.A dica é não elogiar suas roupasou maquiagem, para não inflar ainda maisseu ego! Roupas curtas e <strong>de</strong>cotadas <strong>de</strong>ixepara o fim <strong>de</strong> semana.Puxa-saco bajula<strong>do</strong>rAgora, o “puxa-saco bajula<strong>do</strong>r” é uma figura e<strong>de</strong> fácil i<strong>de</strong>ntificação. Ele sempre classifica as pessoaspor cargos e, lógico, que os mais humil<strong>de</strong>s não recebemnenhuma atenção por parte <strong>de</strong>le.Está sempre pronto para elogiar o chefe, mesmonas situações mais ínfimas e usa essa prática para continuarno cargo.A dica é que você seja um funcionário solícito,sem forçar a situação. To<strong>do</strong> chefe percebe quem são os“bajula<strong>do</strong>res” e é importante que você não se iguale aeles, em nenhum momento.Carreirista espertinhoA obsessão <strong>do</strong> “carreirista espertinho” é ser bemsucedi<strong>do</strong>, a qualquer custo. Ele não pensa duas vezesse for preciso passar a perna em alguém para agradar ochefe. Este personagem até po<strong>de</strong> ser competente em suasfunções, mas tem péssimo caráter e sempre é <strong>de</strong>sleal comos colegas <strong>de</strong> trabalho.A dica é simples: se você estiver com ele, por exemplo,em uma mesa <strong>de</strong> bar, restaurante ou situação informal,jamais compartilhe i<strong>de</strong>ias ou projetos <strong>de</strong> sua autoria. Comcerteza ele irá roubá-los e ainda falar que a autoria é <strong>de</strong>le.<strong>Pessoas</strong> assim merecem que a tratemos com, no máximo,cordialida<strong>de</strong>. Os comentários na mesa <strong>de</strong> bar com um tipo<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>vem ser no máximo sobre os aspectos climáticose futebol, por exemplo.Piadista sem graçaO nosso último personagem éo “piadista sem graça”. Ele continuainsistin<strong>do</strong> e torran<strong>do</strong> a paciência<strong>do</strong>s colegas com suas piadas bobas.Ele pensa que é engraça<strong>do</strong>,tenta copiar o colega que realmentetem o <strong>do</strong>m <strong>de</strong> ser, que tem boassacadas.O coita<strong>do</strong> só dá bolafora, não fez curso <strong>de</strong> palhaço,mas sempre quer ser o mais diverti<strong>do</strong>.Não dê risadas, nem mesmoutilizan<strong>do</strong> aquele sorrisoamarelo <strong>de</strong> canto da boca, porquevocê estará contribuin<strong>do</strong> para o constrangimentocoletivo e o comedianteirá querer esten<strong>de</strong>r o show. Então a dicafinal é: pare <strong>de</strong> dar risadas forçadas!Faça cara <strong>de</strong> paisagem!Rosana ap. G .TenReiRo albeRToPós-graduada em “Planejamento Estratégico e Gestão <strong>de</strong><strong>Pessoas</strong>” - Pesquisa/texto = matéria IG/SPRevista <strong>SAP</strong> 42


Geral<strong>do</strong> AlckminGoverna<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>Guilherme Afif DomingosVice-Governa<strong>do</strong>rLourival GomesSecretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Administração PenitenciáriaWalter Erwin HoffgenSecretário AdjuntoAma<strong>do</strong>r Donizeti ValeroChefe <strong>de</strong> GabineteRosana Tenreiro AlbertoAssessora <strong>de</strong> Imprensa

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