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92Monte FQ, Stadtherr NMt<strong>em</strong>po (3) . Após o trabalho <strong>de</strong>les houve uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> posturados cirurgiões que, contando com exames <strong>de</strong> maior acurácia, limitaramas enucleações aos casos suspeitos <strong>de</strong> tumor intraocular.A evisceração passou a ser usa<strong>da</strong> nos casos <strong>de</strong> infecção ocular.Não existe, no meio on<strong>de</strong> trabalhamos a cultura do enviosist<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> material proveniente <strong>de</strong> evisceração para examehistopatológico ocasionando que, os casos <strong>em</strong> que não houverecidiva comprova<strong>da</strong>, não po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>rados curados,pois, pod<strong>em</strong> ter apresentado endoftalmite e tiveram o seu olhoeviscerado.A falta <strong>de</strong> exames laboratoriais para as ceratites po<strong>de</strong>ocorrer até <strong>em</strong> serviços universitários, apesar <strong>de</strong> os fatoresoperacionais favoráveis, como chamam a atenção Tanure et al.,<strong>de</strong> que persist<strong>em</strong> ain<strong>da</strong> casos on<strong>de</strong> o fungo só é positivamentei<strong>de</strong>ntificado por exame histopatológico <strong>de</strong> botões corneanos. Asculturas <strong>de</strong> material corneano positivo pod<strong>em</strong> requerer váriosdias ou s<strong>em</strong>anas para a i<strong>de</strong>ntificação final (21) .Pela prepon<strong>de</strong>rância indiscutível dos casos <strong>da</strong> formafilamentosa dos fungos nos estudos realizados no Brasil chegandoa cifras superiores a 70% (11,13,14,18) , <strong>em</strong>bora não haja consenso<strong>de</strong> qu<strong>em</strong> predomina entre eles. Para Salera et al. os casos eram<strong>de</strong> 60% Fusarium e 30% Aspergilus, ambos filamentosos (17) , já,Santos et al. <strong>de</strong>tectavam uma predominância dos filamentososs<strong>em</strong>elhante, mas os mais comuns eram o Penicillium e oCladosporium (16) , filamentosos eram mais comuns com númerosmais mo<strong>de</strong>stos, com prepon<strong>de</strong>rância do Fusarium 32%, doAspergilus 17% e do Penicillium 10%, segundo Carvalho et al. (18) ;Dalfré et al. encontraram <strong>em</strong> maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> Fusarium 44% eGeotricum 23% (14) .Em outros países, o mais frequent<strong>em</strong>ente relatado fungoisolado foi o Aspergillus, na Pensilvânia; na Arábia Saudita, omaior número <strong>de</strong> casos é do Aspergilus, Trycophytum eAspergillus, todos filamentosos (22) no Japão, Fusarium e oAspergillus (23) ; na Índia eles também são os mais frequentes (24) ,e o mesmo se repete na China,<strong>em</strong> que os filamentosos são encontrados<strong>em</strong> 90% dos casos (25) .Olhando a tabela 3, verificamos o elevado número <strong>de</strong> casosrelacionados com cirurgias anteriores. Tiv<strong>em</strong>os 20 cirurgiasque levaram à infecção fúngica <strong>da</strong> córnea, como foram realiza<strong>da</strong>sna amostra 47 cirurgias no total, então correspon<strong>de</strong>ria a42,5% dos casos. Isto diferia pouco <strong>de</strong> achados <strong>da</strong> Arábia Saudita.Jastaneiah et al. encontraram na sua amostra que as cirurgiasanteriores ao diagnóstico <strong>de</strong> ceratite fúngica chegaram a 38,7%dos casos (22) .Ao vermos as figuras 1C e 1D, <strong>em</strong> que os fungos permanec<strong>em</strong>na superfície <strong>da</strong> córnea, partimos para quantificar nos nossoscasos a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnosticar a presença do fungo noscasos <strong>em</strong> que o tratamento era instalado. Verificamos queexistiam um significativo número <strong>de</strong> casos (45%) e que eles permaneciamna superfície, <strong>em</strong>bora houvesse penetração profun<strong>da</strong>do parasita na córnea, estando <strong>de</strong> acordo com Garg et al., quefizeram também um trabalho apoiado na histopatologia (24) .Defend<strong>em</strong>os a afirmação equivoca<strong>da</strong> <strong>de</strong> Naumann et al. que osfungos eram encontrados <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a espessura <strong>da</strong> córnea, mas<strong>em</strong> quase todos os casos havia ausência <strong>de</strong> fungos na superfície<strong>da</strong> córnea ou na cratera <strong>da</strong> úlcera (3) , por trabalhar<strong>em</strong> aquelesautores com material vindo <strong>de</strong> enucleação.A nossa amostra apresentou um resultado diverso <strong>da</strong>s outrasamostras, partindo dos achados puramente morfológicos dosfungos com predominância <strong>de</strong> formas leveduriformes. T<strong>em</strong>os aconsi<strong>de</strong>rar dois fatos: 1° - o crescimento do número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ceratite fúngica <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> popularização <strong>de</strong> tratamentos com ouso <strong>de</strong> antibióticos, sobretudo <strong>de</strong> amplo espectro, e pelo usoindiscriminado <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>s nas doenças e no pós-operatóriodo segmento anterior do olho, b<strong>em</strong> como aspectos ligados àurbanização <strong>da</strong>s populações; 2° o comportamento biológico dofungo no interior dos tecidos como <strong>de</strong>screveram McGee et al. (26) .Segundo esses autores as alterações morfológicas eram <strong>de</strong>vidoà a<strong>da</strong>ptação ao parasitismo por fungos saprófitos e a invasão <strong>de</strong>tecidos po<strong>de</strong> comumente ser observado como eles se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong><strong>em</strong> hospe<strong>de</strong>iros. Patógenos pod<strong>em</strong> sofrer diferentes tipos<strong>de</strong> dimorfismo geralmente expresso pela transição <strong>de</strong> formafilamentosa para um modo <strong>de</strong> crescimento a <strong>de</strong> levedura quandoinvad<strong>em</strong> o tecidoFalam a favor <strong>da</strong> nossa argumentação que os casos apresentados<strong>em</strong> artigos, como <strong>de</strong> ceratite fúngica, vir<strong>em</strong> <strong>de</strong> examescompl<strong>em</strong>entares <strong>de</strong> material colhido <strong>da</strong> superfície corneana,enquanto trabalhamos com o que aconteceu no interior dos tecidos.A figura 2 <strong>de</strong> Carvalho et al. (18) difere muito <strong>da</strong>s que apresentamosporque foram feitas a partir <strong>de</strong> material colhido comespátula na superfície corneana para exame direto e cultura.Nos aju<strong>da</strong>m, ain<strong>da</strong>, as afirmações <strong>de</strong> Höfling-Lima et al.<strong>de</strong> que os fungos leveduriformes se manifestam mais <strong>em</strong> pacientessubmetidos previamente a cirurgias oculares,imunossuprimidos local ou sist<strong>em</strong>icamente. Eles se relacionamao uso <strong>de</strong> medicações tópicas ou sistêmicas, doenças <strong>de</strong>bilitantese a presença <strong>de</strong> micoses sistêmicas. Os procedimentos cirúrgicosoculares anteriores à infecção foram significant<strong>em</strong>ente mais associadosàs micoses por fungos leveduriformes. O uso <strong>de</strong> antibióticostópicos foi observado tanto <strong>em</strong> infecções leveduriformesquanto filamentosas (27) . O gran<strong>de</strong> número dos botões corneanosque examinamos provinham <strong>de</strong> pacientes com a infecção fúngica<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<strong>em</strong> se submetido a cirurgias, portanto submetidos àmedicação anti-infecciosa e anti-inflamatória.Baseado nesses achados, sugerimos que sejam feitas pesquisasnos casos <strong>em</strong> que não há resposta ao tratamento <strong>da</strong>sceratites fúngicas filamentosas para verificar se não seria maiseficaz o <strong>em</strong>prego, nesses casos, <strong>de</strong> tratamento indicado para asceratites leveduriformes, baseado nas possíveis alteraçõesmorfológicas do fungo. Em casos <strong>de</strong> tão pouca especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>ação medicamentosa, se não po<strong>de</strong>ria ter resultado melhor aoatacar formas do parasito atuante do que sua forma superficial.Portanto, partir para outra orientação conceitual – tratar aalteração morfológica e não a manifestação etiológica. Mesmocom as alterações morfológicas do fungo e a prevalência <strong>da</strong> formafilamentosa sobre a levedura nos exames com material <strong>da</strong> superfície<strong>da</strong> córnea mostra, mesmo assim, <strong>de</strong>fend<strong>em</strong>os a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>do exame microbiológico na procura <strong>de</strong> sinais clínicos antes dotratamento e esperar o resultado <strong>de</strong> pesquisas para saber se<strong>de</strong>ve mu<strong>da</strong>r a estratégia terapêutica.Pod<strong>em</strong>os fazer uma avaliação dos sinais clínicos, mais subjetivos,com os achados histopatológicos, mais objetivos, ao compararas informações ofereci<strong>da</strong>s pelos cirurgiões com o achado<strong>da</strong> histopatologia. A informação <strong>de</strong> que cerca <strong>de</strong> 40% era <strong>de</strong>processo inflamatório com intensa hiper<strong>em</strong>ia, quando foi encontradono exame histopatológico um infiltrado maior <strong>em</strong> menosque um terço dos casos. A constatação <strong>de</strong> pequena ou nenhumareação inflamatória foi feita na meta<strong>de</strong> dos casos. O número <strong>de</strong>informações <strong>de</strong> hiper<strong>em</strong>ia mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> foi quase a meta<strong>de</strong> do quecorrespondia a infiltrado mo<strong>de</strong>rado encontrado nos corteshistológicos. Estes <strong>da</strong>dos po<strong>de</strong>rão <strong>da</strong>r o nível <strong>de</strong> confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> informação subjetiva <strong>em</strong> relação à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do interior dostecidos. Expõe também uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no diagnóstico corretoquando não se apela pelo diagnóstico etiológico no caso particular<strong>da</strong> ceratite fúngica.Na figura 2C v<strong>em</strong>os uma ruptura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Desc<strong>em</strong>ete nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s esporos no interior <strong>de</strong>la. A idéia <strong>de</strong> risco <strong>da</strong>penetração intraocular do parasito se dá pela leitura <strong>da</strong> tabela 4Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (2): 87-94

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