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Reflexões sobre a ceratite fúngica por meio dos achados <strong>de</strong> exames histopatológicos91<strong>da</strong> do estroma. A Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Desc<strong>em</strong>et mostra esporos na suaestrutura e t<strong>em</strong> dobra e espessamento (HE x 200); B) Hifasepta<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Desc<strong>em</strong>et, que está subjacente aum microabcesso <strong>da</strong> parte mais interna do estroma corneano(HE x 120); C) Há microabcesso na parte mais interna do estromacorneano, <strong>em</strong> que se vê esporo <strong>de</strong> fungo. A Cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Desc<strong>em</strong>etapresenta uma ruptura e apesar <strong>de</strong>ssa facili<strong>da</strong><strong>de</strong> para penetraçãoexiste fungo que penetra na sua estrutura, o que comprova a suaindolência alia<strong>da</strong> a um gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração (HE x 120);D)V<strong>em</strong>os esporos <strong>de</strong> fungos <strong>em</strong> que, um já penetrouparcialmente na Câmara anterior, e o outro já se encontra nointerior <strong>da</strong> Câmara (HE x 200).Uma forma menos comum <strong>de</strong> apresentação dos fungos é a<strong>da</strong> formação <strong>de</strong> micetoma, que está situado no local <strong>da</strong> incisãodo transplante anterior do qual a estrutura acha<strong>da</strong> é um dos sinais<strong>da</strong> recidiva (Figura 3A). Comprovando que o parasita penetrana Câmara anterior do globo ocular, v<strong>em</strong>os hipópio com apresença <strong>de</strong> parasitas na figura 3B.Figura 3A) Um micetoma, que é um amontoado fúngico, estásituado <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> incisão <strong>de</strong> ceratoplastia que foi realiza<strong>da</strong> antes <strong>de</strong>se manifestar a infecção fúngica (HE x 80); B) Hipópio, no qual, assetas apontam para formações leveduriformes (HE x 200).DISCUSSÃOOs estudos sobre a etiologia <strong>da</strong>s ceratites segu<strong>em</strong> duas linhas:<strong>de</strong> um lado vendo o aspecto preventivo, do outro o aspectoetiológico quando se trata <strong>de</strong> estabelecer uma terapêutica. Aoestu<strong>da</strong>r a flora <strong>da</strong> conjuntiva, valoriza-se o aspecto preventivo eepid<strong>em</strong>iológico no momento <strong>em</strong> que as infecções oportunistasestão <strong>em</strong> ascensão. Por isso, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência disso a preocupaçãoé mais dirigi<strong>da</strong> para o lado bacteriológico (5-12) , e valoriza<strong>da</strong> apresença <strong>de</strong> fungos saprófitas na conjuntiva (13-16) . Pod<strong>em</strong>os test<strong>em</strong>unhara preocupação com a ceratite fúngica <strong>de</strong> alguns artigos(17,18) .Os estudos histopatológicos sobre ceratite fúngica são rarostendo, mesmo assim, já sido realizado no Brasil (19) , <strong>em</strong>boracom amostra <strong>de</strong> botões provindos <strong>de</strong> transplante “à quente” comona maioria dos casos que nos chegaram às mãos. Esse artigo quepo<strong>de</strong>ria aju<strong>da</strong>r confirmando ou abrindo uma visão mais críticasobre a nossa amostra, infelizmente, não foram explora<strong>da</strong>s asalterações tissulares, ele serviu apenas para homologar o diagnósticopreviamente feito no exame do material coletado <strong>de</strong> úlceras.Tendo recebido um número <strong>de</strong> casos acima do esperado<strong>de</strong> ceratite fúngica, <strong>em</strong> material enviado para Banco <strong>de</strong> Olhospara controle dos casos <strong>de</strong> urgência e com quase nenhuma informaçãodo cirurgião, procuramos investigar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um restritouniverso, sobretudo diante do assustador número <strong>de</strong> casos noano <strong>de</strong> 2009, o que alertou <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser um caso <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> pública. Procuramos <strong>de</strong>duzir dos achados quais as medi<strong>da</strong>spreventivas que po<strong>de</strong>riam ser toma<strong>da</strong>s e/ou transmiti<strong>da</strong>s aosoftalmologistas clínicos e aos cirurgiões do segmento anteriordo olho.A quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos artigos mostra o resultado <strong>de</strong> exameslaboratoriais i<strong>de</strong>ntificando a espécie do fungo. Não po<strong>de</strong>ndocontar com esse útil recurso tiv<strong>em</strong>os que tomar as informações<strong>da</strong>s respostas tissulares e i<strong>de</strong>ntificar a grosso modo o gênero.A i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s espécies era impossível porque as peças vinhamfixa<strong>da</strong>s com formol neutro s<strong>em</strong> que pu<strong>de</strong>sse ser obtidomaterial para cultura.O trabalho não t<strong>em</strong> valor como diagnóstico etiológico, masalerta sobre condutas clínicas no tratamento <strong>de</strong> ceratites e nopós-operatório <strong>da</strong>s cirurgias <strong>de</strong> catarata e <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong>córnea. Dispondo <strong>de</strong> parcas informações, tiv<strong>em</strong>os que fazer nossainvestigação quase como as dos homens <strong>da</strong> caverna analisandoo mundo exterior conforme fala Platão (427-348 a.C.) no LivroVII, <strong>da</strong> República. Como apoio, usamos a Histopatologia paraconfirmar o diagnóstico e para verificar o que po<strong>de</strong>ria ser oferecido<strong>de</strong> prático tanto para aju<strong>da</strong>r no diagnóstico etiológico, fazerreflexões epid<strong>em</strong>iológicas, alertar sobre o tratamento e sugerirmedi<strong>da</strong>s para evitar recidiva.Um <strong>da</strong>do que revela um aspecto <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça, e que v<strong>em</strong>sendo <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> a alguns anos, no fator <strong>de</strong> risco <strong>da</strong> ceratitefúngica é o que aponta para o predomínio <strong>da</strong>s infecções oportunistas,no lugar do traumatismo com vegetais, dos achados clássicos.Um dos argumentos, a favor é a <strong>da</strong> faixa etária acometi<strong>da</strong>composta <strong>de</strong> pessoas com mais <strong>de</strong> 60 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> quepossamos associar à cirurgia <strong>de</strong> catarata, conforme apontamosnos nossos resultados.Do ponto <strong>de</strong> vista epid<strong>em</strong>iológico, t<strong>em</strong>os que resolver se oachado <strong>de</strong>ve ser tomado como um <strong>da</strong>do <strong>de</strong> prevalência ou como<strong>de</strong> incidência. Segundo os <strong>da</strong>dos mostrados na tabela 1. Os casoschegados ao Banco <strong>de</strong> Olhos caracterizam incidência porque têmo caráter <strong>de</strong> notificação comprova<strong>da</strong> <strong>de</strong> fungo. No entanto, po<strong>de</strong>ráser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como prevalência pontual (20) . V<strong>em</strong>os quena <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> incidência, o ano <strong>de</strong> 2009 foi batidopelo <strong>de</strong> 2011, enquanto ao estu<strong>da</strong>r prevalência pontual, a taxa<strong>de</strong> 2009 foi mais que 2,5 vezes maior que a <strong>de</strong> 2011, o que serviria<strong>de</strong> alerta para as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s sanitárias. Não po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os falar<strong>em</strong> termos absolutos porque muitos dos casos foram diagnosticadosclinicamente e tratados com obtenção <strong>da</strong> cura dos pacientes.Pod<strong>em</strong>os utilizar com sentido inverso a frase atribuí<strong>da</strong> aDiógenes (404-323 a.C.), pelo filósofo grego Diógenes Laércio,que visitando um t<strong>em</strong>plo foi-lhe mostrado uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> “ex-votos” como uma prova <strong>da</strong> benevolência dos <strong>de</strong>uses aqu<strong>em</strong> os recorria, aquele filósofo questionou: Quantos recorrerame não foram atendidos? Na nossa amostra, vimos osinsucessos s<strong>em</strong> ter acesso aos casos com resultado satisfatório.Os casos estu<strong>da</strong>dos nesta pesquisa foram os que não respon<strong>de</strong>ramao tratamento que não foram feitos examesmicrobiológicos e que clinicamente tivess<strong>em</strong> quadro compatívelcom ceratite bacteriana, como explicitamente era indicado por7 cirurgiões, enquanto somente dois casos foram tratados paraceratite fúngica e que não foi capaz <strong>de</strong> reverter o quadro infeccioso(Tabela 2).O <strong>da</strong>do <strong>de</strong> que foram poucos os diagnósticos pré-operatórios<strong>de</strong> ceratite fúngica <strong>de</strong>ve ser visto com cui<strong>da</strong>do. De um lado,o quadro <strong>de</strong> evolução indolente ocorreu na meta<strong>de</strong> dos casos,conforme mostramos na apresentação dos resultados. A questão<strong>da</strong> hiper<strong>em</strong>ia intensa <strong>da</strong> informação do cirurgião, com infiltradoreduzido nos cortes histopatológicos, encontrado <strong>em</strong> muitos casos,leva à seguinte questão epist<strong>em</strong>ológica: a reação inflamatóriaexterioriza<strong>da</strong> como foi relata<strong>da</strong> na justificativa do cirurgiãose choca com o pouco infiltrado encontrado no examehistopatológico - o que precisará ser pesquisado <strong>em</strong> estudoprospectivo?Não t<strong>em</strong>os autori<strong>da</strong><strong>de</strong> para dizer que houve erro, pois seriaum julgamento à distância e os <strong>da</strong>dos muito reduzidos. Mesmonos 10 casos (26,3%) <strong>em</strong> que havia uma ulceração severacom reduzi<strong>da</strong> ou inexistente hiper<strong>em</strong>ia, não po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os arguirincompetência ou <strong>de</strong>sconhecimento do cirurgião por não termos<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> história que mostre a evolução ou a sintomatologia.Por outro lado, o impressionante número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> enucleaçãopara comprovação do diagnóstico, o trabalho <strong>de</strong> Naumann et al.,mostrou não somente a impotência do arsenal terapêutico <strong>de</strong>uma época, mas também uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> conduta ao longo doRev Bras Oftalmol. 2013; 72 (2): 87-94

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