Baixe aqui a versão em PDF da RBO - Sociedade Brasileira de ...

Baixe aqui a versão em PDF da RBO - Sociedade Brasileira de ... Baixe aqui a versão em PDF da RBO - Sociedade Brasileira de ...

sboportal.org.br
from sboportal.org.br More from this publisher
12.07.2015 Views

Reflexões sobre a ceratite fúngica por meio dos achados de exames histopatológicos89Tabela 1Casos diagnosticados, por meio de exame histopatológico,no período de janeiro de 2006 a junho de 2011, compercentagens anuais dos casos relacionadas aomaterial enviado para exame e a taxa anual emrelação ao total dos transplantesAno Casos Peças (%) Transplante/ TaxaexaminadasAno2006 3 74 4 253 11,9/10002007 2 77 2,60 382 5,2/10002008 5 76 6,60 444 11,3/10002009 17 201 8,50 443 38,4/10002010 6 121 4,95 465 12,9/10002011 5 48 10,40 323 15,5/1000Total 38 597 6,40% 2310 16,5/1000Tabela 2Informações contidas no pedido de liberação decórnea pelo Banco de Olhos, nos pacientes em queforam diagnosticados a ceratite fúngicaInformações dos casos Quantidade (%)Úlcera perfurada 15 39,50Ceratite hiperemia intensa 15 39,50Cirurgia anterior 11 29Ceratite sem hiperemia 10 26,30Ceratite c/ hiperemia moderada 8 21Ceratite bacteriana 7 18,40Úlcera resistente ao tratamento 4 10,50Ceratite fúngica 2 5,30Outros 4 10,50Tabela 3Tipo de cirurgias antes e depois de transplantesde córnea em que foi detectada a ceratite fúngicaCirurgias realizadas Quantidadede casosTransplante anterior 11 7Transplante posterior 5 3Catarata+Transplante 6 3Catarata 1 1Sutura corneana 1 1Pterígio 1 1Nenhuma 22 22Total 47 38Tabela 4Estudo da camada de Descemet no botão corneanoretirado do receptor, nos transplantes em que foidiagnosticada a ceratite fúngicaAspecto da Descemet Quantidade %Íntegra 5 13Rôta 7 19Rôta c/descolamento 5 13Descolamento 6 16Presença de esporos 13 34Guttata 2 5Total 38 100pecto cronológico por meio dos prontuários e anotações do Bancode Olhos. Nos casos acompanhados foi possível ter a certezade cura da ceratite nos casos em que havia um transplantesubsequente ao da cirurgia em que foi diagnosticada a ceratitefúngica. Ao se submeter a outra cirurgia sendo verificado quenão havia mais a infecção e ficava registrada a cura , mas os quenão tiveram material enviado não eram contados como curados.Como pareceram significativos os números de casos de cirurgia,resolvemos estudar este aspecto por meio de uma Tábua deObservação.Na Tábua de Observação constatamos: No caso 1: houvedois transplantes sem diagnóstico histológico de ceratite fúngica(cores amarela e laranja), antes dela ser diagnosticada quandopassa À cor vermelha. Nos casos 2 e 10 foram encontradas ceratitefúngica em dois transplantes e depois não foi enviado mais nenhummaterial cirúrgico (cor vermelha). Nos casos 3, 5 e 7 houveo diagnóstico da ceratite em estudo, mas no transplante seguintenão foi encontrado o parasita (cor verde). No caso 4, o tempo dediagnóstico, entre o primeiro e o segundo transplante, foi longosendo a infecção tardia (amarelo seguido de vermelho), mas arecidiva foi tratada num tempo menor, mas ficou na tábua comose tivesse sido tratado da infecção por muito tempo, porque olongo tempo que esteve bem sem tratamento entrou na colunado transplante, para que não alongássemos a Tábua, mesmosendo a recidiva da infecção tratada de imediato. Nos casos 6, 8Tábua de observação de coorte de casos de ceratitefúngica submetido ao transplante de córneae 11, o primeiro transplante não mostrava a infecção do segundo(amarelo e vermelho). No ccaso 9 foi encontrado o fungo noprimeiro transplante, que não se manifestou nos dois seguintes(duas tonalidades de verde).Na Tábua de Observação não tivemos uma homogeneidadede dados, por isso foram mantidas as datas da realização dascirurgias sem o cálculo do intervalo médio entre elas, objetivoRev Bras Oftalmol. 2013; 72 (2): 87-94

90Monte FQ, Stadtherr NMFigura 1AFigura 1B Figura 1C Figura 1DFigura 2AFigura 2BFigura 2CFigura 2DFigura 3AFigura 3Bgeral do seu uso. A ausência de dados cronológicos sobre o iníciodo tratamento não permitiu estabelecer média e desvio padrãopor se tratarem, em grande parte, dos dados de doenças comevolução sensivelmente diferentes, precisando de dados específicospara estabelecer períodos de decorrência dela.Como percebemos a existência de uma relativamente grandequantidade de cirurgias, antes e depois do transplante, comdiagnóstico histológico, procuramos o motivo das intervençõescirúrgicas envolvidas nos casos que detalhamos na tabela 3.Fazendo um apanhado descritivo, vemos uma preponderânciadas formas leveduriformes vistas isoladamente em 24(63%), no entanto, em 12 (32%) dos casos encontramos tantoleveduras, como hifas; enquanto os casos em que só havia hifas,reduziam-se a 2 (5%) casos.Para delimitar o grau de vulnerabilidade do globo ocular àdisseminação da infecção, procuramos ver o comportamento daCamada de Descemet, que é tida como uma das barreiras a seopor à penetração intraocular do parasita, desde que a infecçãofoi favorecida pela ruptura da barreira anterior – epitélio e Camadade Bowman. Para isso temos a tabela 4 em que verificamosque somente em 13% dos casos a Descemet não apresentaanormalidade e um dado que preocupa é o de que em 34% doscasos o fungo foi flagrado atravessando a Camada de Descemet.A presença de infiltrado inflamatório também foipesquisada na metade dos casos, praticamente não haviahiperemia; havia moderada hiperemia em 15 (39,5%) dos casos;os casos de hiperemia intensa limitaram-se a 4 (10,5%).Verificamos que nos botões enviados para exame encontrávamosuma grande quantidade de fungos na superfície, no localdesepitelizado ou com ulceração, por isso, resolvemoscontabilizá-lo. Havia na parte superficial da peça a presença defungo em 17 (45%) casos e, restrita à parte profunda dos cortes,em 21 (55%) casos.Os fungos têm ou tomam, durante a sua penetração nacórnea, formas variadas como pode ser vista nas figuras 1A, 1Be 1C. As figuras 1C e 1D mostram como o parasita fica na superfícieda córnea tanto como leveduras ou micélios que são constituídospor hifas.Figura 1 – A) Vemos fungos leveduriformes com aspectovariado: (c) núcleo com forma de crescente; (o) com a disposiçãoem ogiva; (h) na forma de halteres. Observa-se a ausênciade reação inflamatória (HE x 200); B) Podem ser vistas tantohifas, como pseudo-hifas e hifa septada bifurcada, ao lado de leveduracom aspecto de crescente. Neste caso não se vê reaçãoinflamatória (HE x 200); C) Fungos leveduriformes sobre superfíciedesepitelizada e, mais profundamente, formas translucentesde leveduras em que ressalta a sua espessa cápsula, e umapseudo-hifa clamidiforme composta por quatro leveduras menorese uma maior (HE x 200 ); D) Micélio, na superfície ulceradada córnea, composto por hifas não septadas (HE x 120)Na parte mais profunda, além das que ficam paralelas àsuperfície, vemos hifas perpendiculares, como está mostrado naFigura 2A. Na tabela 5, há indicação de que na Camada deDescemet, em 34% da amostra, havia a presença de parasitastanto na forma de esporo ou levedura como de hifa (Figura 2B).Como se observa, há variadas alterações da Camada deDescemet, que uma olhada na Tabela 7 torna evidente, podemosverificar na figura 2C, esporos dentro da camada próximos auma zona de ruptura e vemos, na figura 2D, diversas fases dapenetração do fungo na Camada de Descemet.Figura 2A) Existe uma hifa paralela à superfície corneana,o que é comum, e uma hifa perpendicular na parte mais profun-Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (2): 87-94

Reflexões sobre a ceratite fúngica por meio dos achados <strong>de</strong> exames histopatológicos89Tabela 1Casos diagnosticados, por meio <strong>de</strong> exame histopatológico,no período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2006 a junho <strong>de</strong> 2011, compercentagens anuais dos casos relaciona<strong>da</strong>s aomaterial enviado para exame e a taxa anual <strong>em</strong>relação ao total dos transplantesAno Casos Peças (%) Transplante/ Taxaexamina<strong>da</strong>sAno2006 3 74 4 253 11,9/10002007 2 77 2,60 382 5,2/10002008 5 76 6,60 444 11,3/10002009 17 201 8,50 443 38,4/10002010 6 121 4,95 465 12,9/10002011 5 48 10,40 323 15,5/1000Total 38 597 6,40% 2310 16,5/1000Tabela 2Informações conti<strong>da</strong>s no pedido <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong>córnea pelo Banco <strong>de</strong> Olhos, nos pacientes <strong>em</strong> queforam diagnosticados a ceratite fúngicaInformações dos casos Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> (%)Úlcera perfura<strong>da</strong> 15 39,50Ceratite hiper<strong>em</strong>ia intensa 15 39,50Cirurgia anterior 11 29Ceratite s<strong>em</strong> hiper<strong>em</strong>ia 10 26,30Ceratite c/ hiper<strong>em</strong>ia mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> 8 21Ceratite bacteriana 7 18,40Úlcera resistente ao tratamento 4 10,50Ceratite fúngica 2 5,30Outros 4 10,50Tabela 3Tipo <strong>de</strong> cirurgias antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> transplantes<strong>de</strong> córnea <strong>em</strong> que foi <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> a ceratite fúngicaCirurgias realiza<strong>da</strong>s Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> N° <strong>de</strong> casosTransplante anterior 11 7Transplante posterior 5 3Catarata+Transplante 6 3Catarata 1 1Sutura corneana 1 1Pterígio 1 1Nenhuma 22 22Total 47 38Tabela 4Estudo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> Desc<strong>em</strong>et no botão corneanoretirado do receptor, nos transplantes <strong>em</strong> que foidiagnostica<strong>da</strong> a ceratite fúngicaAspecto <strong>da</strong> Desc<strong>em</strong>et Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> %Íntegra 5 13Rôta 7 19Rôta c/<strong>de</strong>scolamento 5 13Descolamento 6 16Presença <strong>de</strong> esporos 13 34Guttata 2 5Total 38 100pecto cronológico por meio dos prontuários e anotações do Banco<strong>de</strong> Olhos. Nos casos acompanhados foi possível ter a certeza<strong>de</strong> cura <strong>da</strong> ceratite nos casos <strong>em</strong> que havia um transplantesubsequente ao <strong>da</strong> cirurgia <strong>em</strong> que foi diagnostica<strong>da</strong> a ceratitefúngica. Ao se submeter a outra cirurgia sendo verificado quenão havia mais a infecção e ficava registra<strong>da</strong> a cura , mas os quenão tiveram material enviado não eram contados como curados.Como pareceram significativos os números <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> cirurgia,resolv<strong>em</strong>os estu<strong>da</strong>r este aspecto por meio <strong>de</strong> uma Tábua <strong>de</strong>Observação.Na Tábua <strong>de</strong> Observação constatamos: No caso 1: houvedois transplantes s<strong>em</strong> diagnóstico histológico <strong>de</strong> ceratite fúngica(cores amarela e laranja), antes <strong>de</strong>la ser diagnostica<strong>da</strong> quandopassa À cor vermelha. Nos casos 2 e 10 foram encontra<strong>da</strong>s ceratitefúngica <strong>em</strong> dois transplantes e <strong>de</strong>pois não foi enviado mais nenhummaterial cirúrgico (cor vermelha). Nos casos 3, 5 e 7 houveo diagnóstico <strong>da</strong> ceratite <strong>em</strong> estudo, mas no transplante seguintenão foi encontrado o parasita (cor ver<strong>de</strong>). No caso 4, o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>diagnóstico, entre o primeiro e o segundo transplante, foi longosendo a infecção tardia (amarelo seguido <strong>de</strong> vermelho), mas arecidiva foi trata<strong>da</strong> num t<strong>em</strong>po menor, mas ficou na tábua comose tivesse sido tratado <strong>da</strong> infecção por muito t<strong>em</strong>po, porque olongo t<strong>em</strong>po que esteve b<strong>em</strong> s<strong>em</strong> tratamento entrou na colunado transplante, para que não alongáss<strong>em</strong>os a Tábua, mesmosendo a recidiva <strong>da</strong> infecção trata<strong>da</strong> <strong>de</strong> imediato. Nos casos 6, 8Tábua <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> coorte <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> ceratitefúngica submetido ao transplante <strong>de</strong> córneae 11, o primeiro transplante não mostrava a infecção do segundo(amarelo e vermelho). No ccaso 9 foi encontrado o fungo noprimeiro transplante, que não se manifestou nos dois seguintes(duas tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>).Na Tábua <strong>de</strong> Observação não tiv<strong>em</strong>os uma homogenei<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, por isso foram manti<strong>da</strong>s as <strong>da</strong>tas <strong>da</strong> realização <strong>da</strong>scirurgias s<strong>em</strong> o cálculo do intervalo médio entre elas, objetivoRev Bras Oftalmol. 2013; 72 (2): 87-94

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!