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texto memorial (em pdf) - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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WORKSHOP CHIQ DA SILVAApresentaçãoO Workshop “Chiq da Silva” é um projeto autônomo e nasceu da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> levararquitetura a qu<strong>em</strong> não t<strong>em</strong> n<strong>em</strong> a cultura n<strong>em</strong> condições financeiras <strong>de</strong> acesso a umarquiteto. Para isso, 30 estudantes e arquitetos recém formados se juntaram <strong>de</strong> formavoluntária <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> alta relevância social. O grupo foi criado <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro<strong>de</strong> 2006 sob a coor<strong>de</strong>nação dos jovens arquitetos Mauricio Duarte, Thais Meireles, DanielWagner, Carolina Rezen<strong>de</strong> e Gilberto Rocha, com o intuito <strong>de</strong> juntar voluntários – jovensarquitetos ou estudantes <strong>de</strong> arquitetura – para a realização <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> adaptação ereforma do edifício da “Ocupação Chiquinha Gonzaga”, no centro do Rio <strong>de</strong> Janeiro. OWorkshop realizou-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006, on<strong>de</strong> os participantes tiveram um primeirocontato com os moradores da ocupação e levantaram as propostas <strong>de</strong> projeto. Terminadaesta fase, os coor<strong>de</strong>nadores ficaram responsáveis por compatibilizar e finalizar os<strong>de</strong>senhos, <strong>de</strong>finindo questões técnicas, <strong>de</strong>talhes construtivos e especificações d<strong>em</strong>ateriais.Con<strong>texto</strong>O edifício, que hoje pertence ao INCRA, localiza-se atrás da Central do Brasil, regiãocentral do Rio <strong>de</strong> Janeiro. O edifício, construído para ser um hotel, foi utilizado pelo INCRAcomo edifício <strong>de</strong> escritórios, <strong>de</strong>pois foi abandonado por anos e, finalmente, <strong>em</strong> 2004 foiocupado pelas famílias. Após quase 3 anos <strong>de</strong> ocupação irregular, está <strong>em</strong> vias <strong>de</strong> serefetuada a sua doação às famílias. Um dos pré-requisitos para isto é um projeto <strong>de</strong>arquitetura para o conjunto <strong>de</strong> edificações pertencentes à ocupação.No universo <strong>de</strong> ocupações <strong>de</strong> edifícios abandonados o “Chiquinha Gonzaga” é um mo<strong>de</strong>lo<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> organização, espírito <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> e ambiência favorável para aconstrução <strong>de</strong> uma vida melhor, à ex<strong>em</strong>plo próprio <strong>de</strong> muitos ocupantes. Entre osocupantes, há ven<strong>de</strong>dores ambulantes e antigos moradores <strong>de</strong> rua, vários viviam <strong>de</strong>esmolas. A ocupação fez surgir um sentimento <strong>de</strong> moradia e inserção, um gran<strong>de</strong> passopara a melhoria da auto-estima, e isso significou uma melhoria consi<strong>de</strong>rável nas condições<strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> cidadania <strong>de</strong> vários ocupantes. Ainda hoje são organizadas ass<strong>em</strong>bléiass<strong>em</strong>anais, on<strong>de</strong> se discute o dia-a-dia e o futuro da ocupação.JustificativaFruto da organização, seus habitantes contam com uma infra-estrutura básica, comodistribuição <strong>de</strong> luz e água, saneamento e coleta <strong>de</strong> lixo. Todos os trabalhos <strong>de</strong> manutençãodo edifício são feitos <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> mutirão. Por tudo isso, o Chiquinha Gonzaga se tornou aocupação símbolo no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Porém o edifício como um todo ainda possui muitosespaços vazios ou sub-aproveitados, precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalações e acabamentos entreoutros. O Workshop “Chiq da Silva” nasceu <strong>de</strong> uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r propor melhorias aoedifício e seus habitantes, constituindo mais um forte argumento no processo <strong>de</strong>regularização e financiamento.O workshop discute o papel do arquiteto na socieda<strong>de</strong>. Além disso, po<strong>de</strong> quebrar umparadigma da relação cliente/arquiteto. Segundo dados do IAB – Instituto dos Arquitetos doBrasil, 93% do total <strong>de</strong> edificações no Brasil foi projetada por apenas um arquiteto. Ao


mesmo t<strong>em</strong>po, se formam só no Rio <strong>de</strong> Janeiro, mais <strong>de</strong> 200 arquitetos por ano. Existetodo um universo alheio à arquitetura formal que o arquiteto <strong>de</strong>ve atentar como seu campo<strong>de</strong> trabalho. Não existe n<strong>em</strong> a cultura <strong>de</strong> se projetar para baixa renda e n<strong>em</strong> pessoas dascamadas mais pobres da socieda<strong>de</strong> t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> pagar os serviços <strong>de</strong> um arquiteto.Então o workshop tenta aproximar estudantes <strong>de</strong> arquitetura e arquitetos recém formadosa um campo <strong>de</strong> trabalho ainda pouco explorado tanto pela classe como pela acad<strong>em</strong>ia.ObjetivosO objetivo do Workshop é levar para cada morador, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um arquitetoelaborando um projeto para seu apartamento <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s individuais,somando 66 unida<strong>de</strong>s no total. Além disso, como parte integrante do trabalho, está incluídoo planejamento das áreas comuns do conjunto: tratamento da fachada, lavan<strong>de</strong>ria comum,área <strong>de</strong> exercício, creche, sala <strong>de</strong> informática, área <strong>de</strong> esporte, churrasco, sala <strong>de</strong>ass<strong>em</strong>bléia, radio comunitária e escritório para a associação criada pelos moradores para<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus interesses.Buscamos através <strong>de</strong>ste encontro, incitar a troca <strong>de</strong> experiências e habilida<strong>de</strong>s entre osjovens arquitetos do Rio <strong>de</strong> Janeiro. A forma <strong>de</strong> workshop se dá justamente por isso, poiscomo a própria ocupação, o entendimento geral dos participantes é fundamental. Logo, aoinvés <strong>de</strong> se projetar um prédio <strong>de</strong> maneira habitual, o objetivo é fazer um projeto coletivo,assinado por um grupo <strong>de</strong> pessoas e não por um arquiteto <strong>de</strong> forma vaidosa eindividualista. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o workshop busca <strong>de</strong> maneira pragmática criar umprojeto <strong>de</strong> arquitetura viabilizando a doação do prédio aos seus moradores atuais, buscatambém pôr <strong>em</strong> pauta a discussão da atuação <strong>de</strong>ste profissional nesta área.Olhando um passo á frente, esta po<strong>de</strong> ser a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer e firmar um grupoque está pensando <strong>em</strong> soluções para casos s<strong>em</strong>elhantes ao da ocupação “ChiquinhaGonzaga” <strong>em</strong> outras áreas da cida<strong>de</strong>, ou até mesmo <strong>em</strong> outras regiões do Brasil.Formando uma nova maneira <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r política habitacional para gran<strong>de</strong>smetrópoles. O próprio Governo Fe<strong>de</strong>ral já se mostrou interessado nesta questão e jáaprovou no Senado a MP 335/06 que regulariza a situação <strong>de</strong> imóveis da União ocupadospor famílias <strong>de</strong> baixa renda. Visto assim esta iniciativa ganha valor não só para este casoespecífico, mas para uma nova visão <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> e moradia <strong>em</strong> centros urbanos.MetodologiaA forma <strong>de</strong> organização do “Chiquinha Gonzaga” é peça chave para o sucesso que aocupação v<strong>em</strong> tendo até hoje. O rígido compromisso com a coletivida<strong>de</strong> garantiu a formad<strong>em</strong>ocrática e igualitária com que o prédio foi e está sendo ocupado. As experiênciasindividuais são compartilhadas <strong>em</strong> ass<strong>em</strong>bléias para o conhecimento <strong>de</strong> todos, assimcomo as <strong>de</strong>cisões importantes sobre o prédio são discutidas e votadas pelos moradores.Desta maneira, garante-se coerência e coesão e todos cresc<strong>em</strong> juntos para o b<strong>em</strong> daocupação.A nossa filosofia no momento <strong>de</strong> montar o Workshop “Chiq da Silva” não podia serdiferente. Primeiro a iniciativa <strong>de</strong> juntar jovens arquitetos voluntários para um projeto <strong>de</strong>reforma e a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> um edifício. O prédio inteiro, suas áreas comuns e osapartamentos individuais foram divididos entre os arquitetos para um estudo maisaprofundado. O contato com os moradores se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma efetiva, com visitas


constantes, pois são eles os clientes. Foi muito importante a realização do trabalho <strong>em</strong> umúnico local, pois a troca <strong>de</strong> experiências e idéias diferentes foi extr<strong>em</strong>amente valiosa. Aidéia é um projeto coletivo <strong>de</strong> arquitetura para um edifício que foi ocupado também d<strong>em</strong>aneira coletiva. Neste projeto estão envolvidos diretamente pessoas <strong>de</strong> dois gruposmuito distintos, quase antagônicos. De um lado 30 arquitetos recém formados com umagran<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar e <strong>de</strong>senvolver um projeto piloto. De outro lado, 64 famílias,cerca <strong>de</strong> 200 pessoas que foram beneficiadas diretamente com o produto <strong>de</strong>ste workshop:um projeto <strong>de</strong> arquitetura <strong>de</strong>talhado.Objetivos e Soluções do Projeto <strong>de</strong> ArquiteturaMelhorar as condições <strong>de</strong> moradia das famílias envolvidas.>>adaptação dos quartos e espaços comuns e criação <strong>de</strong> soluções para economia <strong>de</strong> espaço.Prover condições para que os próprios indivíduos possam melhorar sua situação.>>criação <strong>de</strong> espaços e organização que facilitam a vida para que os moradores possam trabalhar.Ex_ Creche, Garag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Carrinhos, Boxes <strong>de</strong> Armazenag<strong>em</strong>.>>criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda.Ex_ Cozinha Coletiva, Lavan<strong>de</strong>ria Coletiva e Oficinas <strong>de</strong> marcenaria, silk, etc.O uso das <strong>em</strong>penas cegas como espaço <strong>de</strong>stinado à arte, esporte e aluguel para publicida<strong>de</strong>,revertendo a renda para a manutenção do edifício.>>criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.Ex_ Salas Multiuso (para aulas <strong>de</strong> alfabetização, etc), Biblioteca, Sala <strong>de</strong> inclusão digital.>>criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> recreação e socialização.Ex_ Terraço para recreio, churrasco e festas e Sala <strong>de</strong> Ginástica.Encorajar um ambiente que possa irradiar este tipo <strong>de</strong> iniciativa espalhandoconscientização e educação, trazendo assim melhorias tanto ao entorno imediatoquanto à cida<strong>de</strong>.>>criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> palestras e reuniõesEx_ Sala <strong>de</strong> Projeção, Rádio Comunitária, Salas Multiuso (para d<strong>em</strong>ocratização <strong>de</strong> conhecimento).Utilizar soluções visando sustentabilida<strong>de</strong> ambiental e inserir uma conscientizaçãocom relação a este assunto <strong>em</strong> um ambiente <strong>de</strong> baixa renda.>>Criação <strong>de</strong> módulos “plug-in” na fachada. Estes módulos serv<strong>em</strong> tanto como el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>sombreamento que permit<strong>em</strong> ventilação natural, como espaço abrigado <strong>de</strong> secag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roupas ejardineira (trazendo o ver<strong>de</strong> ao ambiente urbano).>>Criação <strong>de</strong> todo um novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> infra-estrutura incluindo tubulação <strong>de</strong> reuso <strong>de</strong> água ecaptação <strong>de</strong> água da chuva.

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