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Esportes hípicos - Atlas do Esporte no Brasil

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<strong><strong>Esporte</strong>s</strong> <strong>hípicos</strong>MARTHA ROESSLER E BJARKE RINKEquestrian sportsThe use of horses by human beings has been a historical means ofsettlement and civilization and the equestrian sports of today havekept this tradition through their rituals and procedures. Brazil isone of the countries that have equestrian traditions. EquestrianTournaments started in the 17 th century, when the Dutch occupiedthe Brazilian Northeast. Horsemanship as an organized sport hasbecome more evident in the military institutions of Rio de Janeirosince 1810. The local press has also registered races since 1814.The Clube de Corridas (Club of Races) was created in RJ in 1847.The foundation of academic schools of horsemanship followingtraditional European styles took place in São Paulo-SP, in 1906,led by French masters, and in Rio de Janeiro, in 1911, by initiativeof the Brazilian Luiz Jácome. The Confederação <strong>Brasil</strong>eira deHipismo (Brazilian Equestrian Sports Confederation - CBH) wascreated in 1941. The Brazilian equestrian team went for the firsttime to the Olympic Games in Lon<strong>do</strong>n in 1948. Equestrian sportsare today managed in Brazil by 18 state federations linked toCBH, which had 8,857 registered athletes in 2002: 7,035 of Jumping;1,185 of Eventing, and 637 of Dressage. In the statistics of theFéderation Equestre Internationale-FEI, Brazil stands out amongthe 118 nations affiliated to FEI that have the highest number ofhorses for competition. Brazil occupies the 13 th position among thecountries that organize international competitions, and 2 nd positionin the Pan-American scene (see graphs and table). However, Brazilis top country in the world in the so-called horse industry: 30associations control horse breeding, which sum up around 30,000animals, generating one job for each six horses. As a result, Brazilis an important well-bred horses exporter. The portion of the GDP(gross <strong>do</strong>mestic product) related to the horse industry is estimatedto be around US$2.5 billion.EquitaçãoDefinições e Origem A equitação pode ser compreendida comoatividade esportiva de competição e de lazer. As modalidadesesportivas praticadas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> seguem quatro vertentes mais oume<strong>no</strong>s definidas: o Hipismo Clássico, o Hipismo Rural, a equitaçãode lazer e a equitação terapêutica. As atuais provas <strong>do</strong> HipismoClássico foram formatadas pelas cavalarias da Europa entre 1500e 1900 da <strong>no</strong>ssa era, e representam o treinamento militar (CCE),equitação-arte (Adestramento) ou competições esportivas (Saltoe Pólo). As provas de Hipismo Clássico mais praticadas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>são o adestramento, CCE, enduro, pólo e volteio. A origem daequitação situa-se há cerca de 6.000 a<strong>no</strong>s nas estepes da ÁsiaCentral em conseqüência da simbiose biológica da espécie HomoSapiens com o Equus caballus. Esta simbiose causou um tal impactosobre as relações humanas que todas as atuais civilizações devanguarda foram formadas na Era Eqüestre, que vicejou de 1500antes de Cristo até 1900 d.C. As sociedades desprovidas de cavalosjamais ultrapassaram a condição de cidade/esta<strong>do</strong>. Tal importânciapara o desenvolvimento da civilização preserva-se até hoje <strong>no</strong>srituais e procedimentos <strong>do</strong>s esportes <strong>hípicos</strong>. E, entre os paísesque possuem tradições eqüestres insere-se o <strong>Brasil</strong>, cuja memóriaesportiva pode ser tematizada como se segue de mo<strong>do</strong> resumi<strong>do</strong>,com base em Renyl<strong>do</strong> Ferreira (2003).1641 O mês de abril deste a<strong>no</strong> marca o início da equitação esportiva<strong>no</strong> país quan<strong>do</strong> se realizou o Torneio de Cavalaria por ordem <strong>do</strong>governa<strong>do</strong>r-geral, príncipe Maurício de Nassau, em CidadeMauricea, Pernambuco. Participaram da competição cavaleirosholandeses, franceses, alemães, ingleses, portugueses e brasileiros.A época era <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio holandês <strong>no</strong> <strong>no</strong>rdeste brasileiro, mas osportugueses e brasileiros foram os vence<strong>do</strong>res da competição.Séculos XVIII e XIX Neste perío<strong>do</strong> eram comuns as cavalgadase os torneios esportivos informais (corridas, simulações de combatee disputas com lança e espada contra bonecos de palha) em diversasregiões <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. A equitação como atividade esportiva organizadator<strong>no</strong>u-se mais evidente desde 1810 uma vez que a então AcademiaReal Militar, que formava oficiais <strong>do</strong> Exército, a incluía entre suasdisciplinas, em conjunto com a esgrima e a natação. Além disso, <strong>no</strong>Rio de Janeiro-RJ, em especial, registram-se <strong>no</strong>tícias na imprensalocal sobre corridas rasas, desde 25 de maio de 1814. Em 1847,cria-se o Clube de Corridas também <strong>no</strong> RJ, que teve como primeiropresidente Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. A partirdeste evento e reconhecen<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> cavalo como armade guerra, o Gover<strong>no</strong> Imperial – por iniciativa de Caxias – procuroumelhorar a criação nacional, importan<strong>do</strong> da Europa garanhões purosangue inglês (PSI). Em São Paulo-SP, outra personalidadeincentivava as corridas <strong>no</strong> Campo da Luz: a Marquesa de Santos,que descobrira o prazer de montar a cavalo em 1830. O campo daLuz deu origem, em 1875, ao Clube de Corridas Paulista<strong>no</strong>, quemais tarde passou a se chamar Jockey Club da Mooca, o precursor<strong>do</strong> atual Jockey Club de São Paulo.1863 A prática da equitação acadêmica foi introduzida <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>pelo brasileiro Luiz Jácome de Abreu e Souza, que estudara naInglaterra, onde assimilou os princípios eqüestres <strong>do</strong> Duque deNewcastle, tornan<strong>do</strong>-se um respeita<strong>do</strong> especialista em hipologia,criação e corridas de cavalos. Embora montar a cavalo já fosse umaprática generalizada <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, não se implantara, todavia umapreparação baseada num adestramento racional e sistemático, comojá ocorria na Europa, em diferentes escolas como Versalhes (1680),Espanhola de Viena (1735) e de Cavalaria de Saumur (1834). Em1869, Jácome foi contrata<strong>do</strong> como professor da princesa Leopoldinae agracia<strong>do</strong> pela Família Imperial com o posto de capitão ho<strong>no</strong>rárioda Guarda Nacional, em reconhecimento às suas qualidades comomestre e à contribuição para a difusão da equitação acadêmica. Asimpatia da Corte pela equitação teve influência da princesaLeopoldina, que em suas aulas e cavalgadas, pela Quinta da BoaVista-RJ era acompanhada pelos aristocratas.1900 A partir deste a<strong>no</strong>, Jácome começa a difundir os princípios<strong>do</strong> Duque de Newcastle <strong>no</strong> Regimento de Cavalaria de São Cristóvão,na cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Entre seus discípulos estavam ostenentes Arman<strong>do</strong> Baptista Jorge, Lacerda Gama, Lima Mendes,Euclydes Figueire<strong>do</strong>, Orozimbo Pereira e Antônio da Silva Rocha,<strong>no</strong>mes que hoje figuram em picadeiros de adestramento de to<strong>do</strong> opaís. Antes da 1ª Grande Guerra, Lima Mendes e Euclydes Figueire<strong>do</strong>participaram também de cursos de equitação em Han<strong>no</strong>ver,Alemanha. Em 1911, Jácome cria um <strong>do</strong>s primeiros clubes <strong>hípicos</strong><strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, o Club Sportivo de Equitação – hoje Centro Hípico <strong>do</strong>Exército, localiza<strong>do</strong> na Avenida Bartolomeu de Gusmão, <strong>no</strong> Rio -,<strong>no</strong>s terre<strong>no</strong>s das antigas cocheiras <strong>do</strong>s animais da princesaLeopoldina, forman<strong>do</strong> com o clube hípico da Rua Silva Jardim (1909)e o Centro Hípico <strong>Brasil</strong>eiro, na Praia Vermelha (1910), a base daequitação esportiva <strong>do</strong> Rio de Janeiro.1906 Em São Paulo, o então secretário de Justiça e SegurançaPública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Washington Luís, contrata uma Missão MilitarFrancesa para instruir a tropa da Força Pública. Com a chegada daMissão, os cavaleiros civis, que antes se dedicavam principalmenteàs cavalgadas, jogos das rosas, caça à raposa e corridas, passam ase interessar pelo salto de obstáculos, utilizan<strong>do</strong> a área central <strong>do</strong>velódromo da cidade para as competições. Para aprender a saltar,os civis se organizam para fundar uma sociedade hípica e assimsurgiu, em 1911, a Sociedade Hípica Paulista-SHP, com sede <strong>no</strong>bairro da Aclamação de São Paulo-SP.Modalidades de hipismo clássicoOrigens O hipismo apareceu pela primeira vez comodemonstração <strong>no</strong>s Jogos Olímpicos de Paris-1900, passan<strong>do</strong> a serreconheci<strong>do</strong> oficialmente como esporte olímpico <strong>no</strong>s Jogos deEstocolmo-1912. Em 19 de dezembro de 1941 foi criada aConfederação <strong>Brasil</strong>eira de Hipismo-CBH por iniciativa dasFederações Paulista de Hipismo (SP), Hípica Metropolitana (RJ) eHípica Fluminense (Niterói-RJ). A equipe <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> se fez representarpela primeira vez em Jogos Olímpicos em 1948, nas Olimpíadas deLondres. Em 1950, foi organiza<strong>do</strong> o Concurso Hípico Internacional<strong>do</strong> Rio de Janeiro, um evento bem sucedi<strong>do</strong> que consoli<strong>do</strong>u arepresentatividade <strong>do</strong>s esportes <strong>hípicos</strong> brasileiros. Antes dessestrês marcos <strong>do</strong> esporte nacional houve uma longa e profícua jornadade desenvolvimento <strong>do</strong>s esportes <strong>hípicos</strong> ten<strong>do</strong> como base o Rio deJaneiro e São Paulo, tanto <strong>no</strong> meio militar como <strong>no</strong> civil como seregistra a seguir.Salto / JumpingDefinição e Origens O salto é uma prova praticada em pista deareia ou grama, onde o cavaleiro deve transpor de 12 a 15 obstáculos(postes duplos e paralelos, fosso de água com 5 metros, barrastriplas, muros de tijolos, cercas e encostas), distribuí<strong>do</strong>s por umpercurso de 700m a 900m. Cada cavaleiro faz duas passagens pelomesmo percurso. Uma característica da prática da equitação <strong>do</strong>início <strong>do</strong> século XX foi a dedicação <strong>do</strong>s militares à equitaçãoclássica, mais especificamente ao salto. Um marco de mudança foia vinda para o <strong>Brasil</strong>, em 1906, da Missão Militar Francesa – RenéDemirgian e Fréderic Stattmüller- para instruir a tropa da ForçaPública. Os cavaleiros civis então, interessa<strong>do</strong>s em aprender asaltar de acor<strong>do</strong> com as técnicas da equitação francesa, se reunirame fundaram, em 1911, a Sociedade Hípica Paulista-SHP, <strong>no</strong> bairroda Aclimação, em São Paulo-SP. Entre os melhores representantesda SHP nesse perío<strong>do</strong> estão Guilherme e Eduar<strong>do</strong> Prates, filhos <strong>do</strong>Conde de Prates, então presidente da SHP, Celso Correa Dias e aamazona Candinha Prates que montava de la<strong>do</strong>, em seleta especial.A presença e o desempenho das mulheres brasileiras nas provas desalto merece destaque especial. Contemporânea de CandinhaPrates, outra paulista, Graziela Porchat, também montava de la<strong>do</strong>.Essas duas mulheres marcaram a presença feminina nas provas desalto até o final da década de 1930. Em 1920 é introduzida a provade CCE <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Em 1922, o Rio de Janeiro-RJ foi sede <strong>do</strong> primeiroconcurso de salto internacional (CSI) e Clóvis Camargo bate orecorde brasileiro de salto em altura com a marca de 2m30.Década de 1930 Este perío<strong>do</strong> é marcada por um grande númerode competições em São Paulo-SP, quan<strong>do</strong> ficou evidente oaperfeiçoamento <strong>do</strong> estilo de salto <strong>do</strong>s cavaleiros que seguiam omodelo preconiza<strong>do</strong> por Federico Caprilli, capitão <strong>do</strong> exército italia<strong>no</strong>.Década de 1940 O Rio de Janeiro, neste estágio, se destacouna promoção e provas de salto aumentan<strong>do</strong> muito o número e aqualidade <strong>do</strong>s participantes civis, entre eles Roberto Marinho,jornalista já de re<strong>no</strong>me nacional. Mulheres arrojadas também faziamparte desse grupo, como Nair Aranha e Vera Alegria. Nessa época,a paulista Antonieta Revore<strong>do</strong> tor<strong>no</strong>u-se a primeira mulher atranspor 2 metros <strong>no</strong> salto em altura. O <strong>no</strong>me de Roberto Marinhose destacou <strong>no</strong> cenário hípico não só como atleta mas também porações que promoveram a equitação clássica brasileira <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>sseguintes. Após a 2ª Guerra ele trouxe para a Sociedade Hípica<strong>Brasil</strong>eira, <strong>no</strong> Rio de Janeiro, o capitão de cavalaria polonês RomanPolorowsky que marcou época e contribuiu muito para a formaçãode vários e eficientes cavaleiros e, principalmente, amazonas. Nesteestágio, a Escola de Equitação <strong>do</strong> Exército foi reaberta em sedeprópria, em Realengo – RJ, oferecen<strong>do</strong> curso de formação deinstrutores volta<strong>do</strong> para oficiais, mas com pelo me<strong>no</strong>s <strong>do</strong>is civisincluí<strong>do</strong>s em cada turma. Foram forma<strong>do</strong>s cavaleiros de nívelinternacional, respeita<strong>do</strong>s instrutores e dedica<strong>do</strong>s homens de cavaloque fundaram muitas das agremiações brasileiras e tornaram-sedirigentes de clubes, federações e da própria Confederação<strong>Brasil</strong>eira de Hipismo-CBH. Em 1949 José Bonifácio Amorim bateo recorde <strong>no</strong> salto em altura com a marca de 2m17 e AntonietaRevore<strong>do</strong> bate o recorde femini<strong>no</strong> com a altura de 2m00.Década de 1950 No primeiro a<strong>no</strong> desta década, <strong>no</strong> Rio deJaneiro-RJ, acontece o primeiro destaque brasileiro em provas deadestramento com a participação de Rubem Continenti<strong>no</strong>, <strong>no</strong>Concurso Hípico Internacional-CHI <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Em 1951,Anísio Rocha, com A<strong>do</strong>nis, conquistam o quarto lugar <strong>no</strong> CCEdurante os Jogos Pan-America<strong>no</strong>s de Bue<strong>no</strong>s Aires. Em 1952, <strong>no</strong>sJogos Olímpicos de Helsinque, o <strong>Brasil</strong> conquista um quarto lugarindividual com Eloy/Biguá e um quarto lugar por equipe. Em 1956,8.216 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006


a equipe brasileira que participou <strong>do</strong>s Jogos Olímpicos deEstocolmo-Hipismo (a sede <strong>do</strong>s Jogos foi em Melbourne, Austrália)foi composta por <strong>do</strong>is militares, Eloy Menezes e Renyl<strong>do</strong> Ferreira,e por <strong>do</strong>is civis, Pedro Lopes Corvello e Neco – Nelson Pessoa, atéhoje um <strong>do</strong>s maiores <strong>no</strong>mes <strong>do</strong> hipismo mundial. Neco classificouseem décimo lugar. Em 1959, a equipe brasileira de salto – Neco,Carvalhinho, Francisco Leite Neto e Renyl<strong>do</strong>- ganham a medalhade prata <strong>no</strong>s Jogos Pan-America<strong>no</strong>s de Chicago. Em 1963, SãoPaulo foi sede <strong>do</strong>s Jogos Pan-America<strong>no</strong>s e o hipismo brasileiroparticipou das provas de adestramento (6º,7º e 8º lugares), CCE(7º lugar) e salto (5º lugar por equipe e 7ºlugar individual comAntônio Alegria).Década de 1980 O investimento na formação <strong>do</strong>s cavaleirostor<strong>no</strong>u-se mais evidente a partir desta década, quan<strong>do</strong> aConfederação <strong>Brasil</strong>eira de Hipismo-CBH, a exemplo <strong>do</strong> que jáocorria em São Paulo, procurou levar o hipismo ao público leigo<strong>do</strong> restante <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, promoven<strong>do</strong> provas fora <strong>do</strong>s clubes <strong>hípicos</strong>.Uma figura que merece destaque nesse perío<strong>do</strong> é a de PauloGama Filho que, em sua gestão como presidente da CBH,estimulou as federações a organizarem competições em praçapública. Várias cidades como Salva<strong>do</strong>r, Recife, Belém, Goiânia,Anápolis, Petrópolis, Miguel Pereira e Paty <strong>do</strong> Alferes realizaramtorneios com essa orientação. Na cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, muitasprovas foram disputadas <strong>no</strong> Parque da Cidade e <strong>no</strong> BarraShopping, de acor<strong>do</strong> com o pla<strong>no</strong> <strong>do</strong> Concurso Hípico em ArenaPública-CHAP. Paulo Gama Filho deu continuidade à sua iniciativae, em 1982, incentivou a realização de estu<strong>do</strong>s com o objetivo deestabelecer um sistema de trabalho semelhante ao Hunter SeatEquitation (vitorioso sistema <strong>no</strong>rte america<strong>no</strong>), para melhorar aformação <strong>do</strong>s cavaleiros brasileiros. Como resulta<strong>do</strong>, houve aprimeira clínica “Sul América Equitation”, com a participação deconceitua<strong>do</strong>s instrutores <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s. A década de 1980 foimarcada pelo surgimento de importante quantidade de <strong>no</strong>vosclubes, manéges, haras e centros eqüestres em to<strong>do</strong> o <strong>Brasil</strong>,principalmente <strong>no</strong> eixo Rio-São Paulo. As equipes brasileiraspassaram a se destacar nas principais provas de salto internacionaiscomo, por exemplo, na Copa das Nações, em Aachen 1987, com o3º lugar por equipe, com a participação de uma mulher, e Neco(Nelson Pessoa) vencen<strong>do</strong> o GP da Europa em 1989.Década de 1990 Esta década é citada como áurea <strong>do</strong> salto,pelos triunfos <strong>do</strong>s brasileiros pelo mun<strong>do</strong>. Destaque para o <strong>no</strong><strong>no</strong>lugar individual de Rodrigo Pessoa, em 1992, nas Olimpíadas deBarcelona, cavaleiro mais jovem a participar de uma Olimpíada.Em 1995, <strong>no</strong>s Jogos Pan-America<strong>no</strong>s de Mar Del Plata, o <strong>Brasil</strong>tor<strong>no</strong>u-se expressão máxima <strong>no</strong> salto, <strong>no</strong> continente america<strong>no</strong>,quan<strong>do</strong> conquistou a medalha de ouro por equipe e o quarto lugarindividual. O sonho de uma medalha olímpica <strong>no</strong> salto foiconcretiza<strong>do</strong> com a conquista <strong>do</strong> terceiro lugar por equipes naOlimpíada de Atlanta, em 1996. Em 1999 a equipe brasileira sagrousetetra-campeã <strong>no</strong>s Jogos Pan-America<strong>no</strong>s de Winnipeg. O final<strong>do</strong> século XX foi marca<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is fatos significativos para o <strong>Brasil</strong>nas provas de salto: o cavaleiro Rodrigo Pessoa ocupan<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong>lugar <strong>no</strong> ranking mundial de saltos da Federação EqüestreInternacional-FEI, atrás apenas <strong>do</strong> suíço Willi Mellinger, e o <strong>Brasil</strong>inteiro à frente <strong>do</strong>s aparelhos de televisão, à meia <strong>no</strong>ite, torcen<strong>do</strong>por Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet, última chance de umamedalha de ouro nas Olimpíadas de Sidney. O resulta<strong>do</strong> não foi oespera<strong>do</strong> mas, ainda assim André Johannpeter conquista umhonra<strong>do</strong> e muito bem coloca<strong>do</strong> 4º lugar individual.Situação Atual O salto sempre foi o esporte eqüestre maislembra<strong>do</strong> pela mídia e é o que tem mais patrocina<strong>do</strong>res priva<strong>do</strong>s.Apenas a Associação <strong>Brasil</strong>eira de Hipismo Rural-ABHIR, porexemplo, distribuiu 200 mil reais em premiações em 21 eventosorganiza<strong>do</strong>s durante a temporada de 2001. Tanto em nívelnacional quanto estadual, o hipismo de base tem recebi<strong>do</strong> aatenção <strong>do</strong>s dirigentes, com a equitação fundamental receben<strong>do</strong>seus próprios campeonatos. No esta<strong>do</strong> de São Paulo, 35 provaspara escolas de equitação foram previstas para a temporada de2002. A Federação Paulista de Hipismo-FPH indica uma tendênciade aumento de 20% anual de cavaleiros e cavalos registra<strong>do</strong>s, oque equivale, em 2002, a 1.150 cavalos e 680 cavaleiros. Segun<strong>do</strong>Leschonski (2002), a atividade base é tanto causa comoconseqüência <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s internacionais de duas medalhasde bronze olímpicas por equipe, um campeonato mundialindividual e o tri-campeonato da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Ainda que boaparte desses resulta<strong>do</strong>s seja de cavaleiros brasileiros radica<strong>do</strong>s<strong>no</strong> exterior, essas conquistas estão certamente ligadas aointeresse <strong>do</strong>s jovens cavaleiros e amazonas <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>.Adestramento / DressageDefinições e Origens Na prova de adestramento o atletapercorre uma área demarcada de 60m de comprimento por 20m delargura, deven<strong>do</strong> executar, dentro de um limite de tempo, umasérie de figuras (chamadas reprises), que podem ser em círculos,movimentos diagonais e outras formas geométricas. Em 1955, <strong>no</strong>Rio de Janeiro, aconteceu o 1º Campeonato <strong>Brasil</strong>eiro deadestramento, com uma acirrada disputa entre Rio e São Paulo.Em 1963, São Paulo foi sede <strong>do</strong>s Jogos Pan-America<strong>no</strong>s e o hipismobrasileiro participou das provas de adestramento (6º, 7º e 8ºlugares), CCE (7º lugar) e salto (5º lugar por equipe e 7ºlugarindividual com Antônio Alegria). No Adestramento clássico GérsonBorges é um <strong>do</strong>s maiores <strong>no</strong>mes da modalidade. Sylvio Marcondesde Rezende e Jorge Ferreira da Rocha foram os <strong>do</strong>is únicos brasileirosa participar de uma olimpíada nesta modalidade.Concurso Completo de Equitação – CCE / EventingDefinições e Origens Esta modalidade é o triatlo eqüestrenas categorias superiores com três provas nas quais, além <strong>do</strong>salto e <strong>do</strong> adestramento, os cavaleiros participam de um “crosscountry” que inclui saltos de obstáculos naturais (troncos, cercasviva, tanque d´água), subida e descida de rampas. A prova <strong>do</strong>primeiro dia é de Adestramento, numa versão simplificada de 6minutos. No segun<strong>do</strong> dia, é realizada uma prova de fun<strong>do</strong>, comduas fases de trote de 12 a 15 quilômetros na velocidade de 220m por minuto. A fase de cross-country de 3 a 8 quilômetros comaté 40 obstáculos “naturais” a uma velocidade de 550 a 690m porminuto num percurso total de até 24 quilômetros com seis a <strong>no</strong>veobstáculos fixos, construí<strong>do</strong>s ou naturais. O terceiro dia é encerra<strong>do</strong>com um concurso de Salto, num percurso de até 700 metrosmonta<strong>do</strong> com até 12 obstáculos artificiais. O CCE faz parte daprogramação olímpica. Em 1948, em Londres, o <strong>Brasil</strong> participouda prova de CCE. Ainda neste a<strong>no</strong>, aconteceu a primeiraapresentação oficial de adestramento <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Volteio / VaultingDefinições e Origens O volteio se apresenta de diversas formas,dependen<strong>do</strong> da cultura e <strong>do</strong> contexto onde é realiza<strong>do</strong>, como porexemplo o volteio circense, o volteio turco e o volteio western.Enquanto esporte olímpico trata-se de uma atividade acrobáticana qual um grupo de voltea<strong>do</strong>res, ou um voltea<strong>do</strong>r, executamexercícios sobre um cavalo a galope em arena circular fechada. Taisexercícios apresentam componentes de dificuldade acrobática,precisão na execução e estética, deven<strong>do</strong> integrar-seharmoniosamente com os movimentos <strong>do</strong> cavalo. No <strong>Brasil</strong>, o volteiofoi utiliza<strong>do</strong> inicialmente como exercício militar nas Cavalariaspara depois ser introduzi<strong>do</strong> como esporte pelo Tenente ManuelHenriques em 1978, <strong>no</strong> Departamento Hípico <strong>do</strong> Clube de Campode São Paulo-SP. Em 1982, Priscila Botton iniciou um trabalho queresultou na primeira participação de uma equipe brasileira emconcursos internacionais de volteio, a partir de 1985.Enduro / EnduranceDefinições e Origens O enduro é uma prova que tem suaorigem ligada aos mensageiros reais ou de companhias privadasque cumpriam longas distâncias a cavalo, <strong>no</strong> me<strong>no</strong>r tempopossível, respeitan<strong>do</strong>, porém a capacidade física de seu cavalo.Entre as provas antes citadas, o enduro é a única não olímpica.A primeira prova de enduro que se tem conhecimento <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,aconteceu em 1989.Pólo / PoloDefinições e Origens Trata-se de um <strong>do</strong>s mais antigos esporteseqüestres, um <strong>do</strong>s poucos a ser joga<strong>do</strong> com uma bola, e o único quenão surgiu da equitação trabalho. O pólo é pratica<strong>do</strong> numa pista de275x180 metros e é um <strong>do</strong>s jogos mais velozes e mais difíceis hojeexistentes. O jogo dura me<strong>no</strong>s de uma hora e é dividi<strong>do</strong> em temposde sete minutos e meio chama<strong>do</strong>s de chukkas. A partida é disputadaentre <strong>do</strong>is times com quatro joga<strong>do</strong>res cada. Os jogos, de acor<strong>do</strong>com seu nível, são dividi<strong>do</strong>s em quatro, cinco ou seis chukkas. Oscavalos são troca<strong>do</strong>s a cada chukka, e nenhum animal joga mais de<strong>do</strong>is chukkas por partida. Ganha o time que fizer mais gols. Esteesporte apareceu, provavelmente, na China e de lá foi introduzi<strong>do</strong>na Pérsia e na Índia. A sua etimologia vem de pulu, a palavraTibetana para bola. Na Pérsia antiga o pólo era joga<strong>do</strong> porcavaleiros e amazonas. O pólo só chegou às sociedades ocidentais<strong>no</strong> século XIX, quan<strong>do</strong> oficiais e funcionários <strong>do</strong> gover<strong>no</strong> britânicoem visita à Índia aprenderam o jogo com as tropas nativas. Oprimeiro clube da modalidade foi funda<strong>do</strong> <strong>no</strong> vale de Cacher emManipur, fronteira da Índia com a Birmânia. O pólo chegou ao<strong>Brasil</strong> na década de 1930, trazi<strong>do</strong> por empresários entusiastas <strong>do</strong>esporte na Europa. Com a revolução de 1932 em São Paulo, houveuma queda <strong>no</strong> número de participantes somente recupera<strong>do</strong> <strong>no</strong>sa<strong>no</strong>s de 1970 como resulta<strong>do</strong> das facilidades concedidas pelogover<strong>no</strong> brasileiro quanto à importação de cavalos e estímulo aointercâmbio com cria<strong>do</strong>res e joga<strong>do</strong>res argenti<strong>no</strong>s, líderes desteesporte na América Latina.Situação Atual Hoje, o pólo tem aproximadamente 500participantes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, sen<strong>do</strong> 50% deles <strong>no</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo.Os outros estão <strong>no</strong> RS, RJ, MG e Brasília. Em São Paulo, a regiãode Helvetia, <strong>no</strong> município de Indaiatuba, a 100 quilômetros dacapital, é o maior centro de concentração de campos de pólo <strong>do</strong><strong>Brasil</strong>. Ao to<strong>do</strong>, o município tem 22 campos oficiais, distribuí<strong>do</strong>sem fazendas particulares e clubes que organizam torneiosdisputa<strong>do</strong>s durante o a<strong>no</strong> inteiro. O segun<strong>do</strong> maior centro está emOrlândia-SP, nas proximidades de Ribeirão Preto, onde a temporadacomeça em março e termina em <strong>no</strong>vembro, com jogos to<strong>do</strong>s ossába<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mingos.Hipismo rural / WesternDefinições e Origens São consideradas modalidades deHipismo Rural as atividades eqüestres que surgiram em tor<strong>no</strong> dalida com o ga<strong>do</strong> em campo aberto, como a vaquejada, e o trabalhorealiza<strong>do</strong> <strong>no</strong> curral como a apartação. O esporte nasceu combrincadeiras nas fazendas, nas festas de bairros, nas exposiçõesem pequenas cidades, através das gincanas, provas de cadeira, deargola, de botina, nas vaquejadas, etc. Ven<strong>do</strong> a habilidade <strong>do</strong>scavalos e a possibilidade de melhor explorar esse potencial, algumaspessoas iniciaram as primeiras provas que tinham como objetivosuperar obstáculos naturais, vencer distâncias através de picadas,desafiar morros, ou simplesmente exibir peripécias nas rédeas.1970-71 Um grupo de fazendeiros das regiões de Mococa, Avarée Franca em SP, lidera<strong>do</strong>s pela família Rossetti, começou a promovercorridas entre fazendas. O objetivo era vencer um percurso livreentre <strong>do</strong>is pontos fixos (partida e chegada) <strong>no</strong> meio <strong>do</strong> pasto,atravessan<strong>do</strong> um rio, abrin<strong>do</strong> cercas e enfrentan<strong>do</strong> outros obstáculosnaturais, como descer e subir barrancos. A equipe vence<strong>do</strong>ra era aque chegasse na frente, depois de percorrer cerca de trêsquilômetros. Partidários de emoções fortes, cavaleiros seempolgaram e montaram um regulamento, introduzin<strong>do</strong> na disputaas figuras de tambor e baliza, em que os cavalos demonstravamsua características funcionais, numa prova ao cronômetro chamadade “corta-mato”. Este tipo de competição virou mania e, com aevolução, nasceram <strong>no</strong>vos critérios, como a introdução da margarida,<strong>do</strong> coração e <strong>do</strong> recuo. Enfim, a prova foi dividida em cross, rédease salto/picadeiro.1979 Neste a<strong>no</strong>, o esportista Pedro Victor Delamare, junto comRicar<strong>do</strong> Lenz César, Ricar<strong>do</strong> Gonçalves e Gilberto e Olímpio Rossetti,começou a promover competições mais organizadas, inician<strong>do</strong> emCampos de Jordão-SP, a prova cavalo completo rural. Delamareconseguiu então organizar o primeiro torneio com patrocínio.Décadas de 1980 – 1990 Em 1980, os cria<strong>do</strong>res de cavalosárabes realizaram o primeiro torneio funcional da raça. Em 1982, acompetição foi aberta para todas as raças. Em <strong>no</strong>vembro, osparticipantes das competições fundaram uma entidade para agregaro esporte, batiza<strong>do</strong> com o <strong>no</strong>me de “hipismo rural” pelo jornalistaChuck Woodward, diretor da revista “Hippus” à época. Assim nasceua Associação <strong>Brasil</strong>eira de Hipismo Rural-ABHIR, que teve comoprimeiro presidente o sócio funda<strong>do</strong>r Nicolau Lunardelli Filho (NickLunardelli). No começo as provas eram muito simples. Praticamentese montava, passava por obstáculos simples e naturais, contra ocronômetro. Com a evolução técnica das pistas, os obstáculos ficarammais difíceis, ao mesmo tempo em que se criaram as barreiras desegurança e foi fixa<strong>do</strong> um tempo. Com o crescimento da entidadeDACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 8.217


foram criadas as regionais, inicialmente com as categorias: mirim, eperformance. Com a evolução técnica <strong>do</strong>s cavaleiros, das amazonase <strong>do</strong>s animais, a ABHIR ampliou o seu campo de atuação e passou a<strong>do</strong>minar outras modalidades <strong>do</strong> hipismo: o salto e o concurso completode equitação –CCE. O hipismo rural evoluiu e se consoli<strong>do</strong>u comoesporte hípico brasileiro, crian<strong>do</strong> as bases de sustentação <strong>do</strong> CCE,que é um esporte olímpico. Atualmente um grande número decavaleiros da ABHIR possui experiência internacional e muitos jádetêm expressivos resulta<strong>do</strong>s em competições de CCE <strong>no</strong> exterior.O hipismo rural envolve hoje as categorias: escola, mirim-mirim,nível I, nível II, mirim, júnior, máster, performance e força livre. Amodalidade de salto também evoluiu muito levan<strong>do</strong> a bons resulta<strong>do</strong>sem competições contra o cronômetro nas categorias 1,10m – 1,20m.A entidade já mantém com grande número de participantes, acategoria IV em seu campeonato nacional de salto, com prova de1,30m e desempate a 1,40m.Situação Atual Em a<strong>no</strong>s recentes, a ABHIR está organizada emsua matriz em São Paulo e em sete importantes regionais: oestepaulista,centro-paulista, leste, vale <strong>do</strong> rio par<strong>do</strong>, centroparanaense,Rio de Janeiro, e Minas Gerais. Conta com trêsdepartamentos: hipismo rural, salto e CCE.Rédeas / DrivingDefinições e Origens Também conhecida como “adestramento<strong>do</strong> cowboy”, é o esporte eqüestre inspira<strong>do</strong> na equitação western,de origem mexicana, na qual o cavalo e o cavaleiro aprendem asma<strong>no</strong>bras radicais—spins, turns, esbarros e rollbacks—necessáriospara manejar o ga<strong>do</strong> <strong>no</strong> curral. A modalidade rédeas foi aprovadacomo esporte olímpico e sua estréia aconteceu <strong>no</strong>s Jogos de Atenasem 2004. A Associação Nacional de Cavalos de Rédeas-ANCR foifundada em 1989 e com sua sede em Bauru-SP. A ANCR tem comoobjetivo promover e fomentar o desenvolvimento <strong>do</strong> cavalo deRédeas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. É uma modalidade chancelada pela FEI, incluída<strong>no</strong>s Jogos Eqüestres Mundiais a partir de 2001, na Espanha, além<strong>do</strong>s Jogos de Atenas-2004.Vaquejada / RodeoDefinições e Origens <strong>Esporte</strong> de origem ibérica/mourisca cujoobjetivo é derrubar um boi pelo rabo numa carreira de 100 m. Apartida tem início com a soltura <strong>do</strong> boi de um brete que é entãopersegui<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is cavaleiros que se emparelham com o animalposicionan<strong>do</strong>-se um de cada la<strong>do</strong>. Um deles pega o rabo <strong>do</strong> boi,enrola a ponta na mão, abre o ângulo <strong>do</strong> galope e executa o derrubena faixa de dez metros marca<strong>do</strong> com duas linhas de cal. A missão<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> cavaleiro – o “esteira” – é manter a carreira <strong>do</strong> animalem linha reta para evitar o zigue-zague e um possível acidente.Outras Modalidades Argolinhas, Corridas em dupla, Horseball,Três tambores, Cinco tambores, Seis balizas, Maneabilidade eagilidade, Apartação, Laço ao bezerro, Equitação portuguesa,Western pleasure, Team penning etc.<strong><strong>Esporte</strong>s</strong> <strong>hípicos</strong> / EquestrianSituação atual Em termos institucionais, os esportes <strong>hípicos</strong>são administra<strong>do</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> por 18 federações estaduais (da<strong>do</strong> <strong>do</strong>final de 2003), todas vinculadas à Confederação <strong>Brasil</strong>eira deHipismo-CBH, filiada por sua vez ao Comitê Olímpico <strong>Brasil</strong>eiro-COB e, <strong>no</strong> exterior, à Féderation Equestre Internationale-FEI. Estarede de instituições estaduais possuía 8.857 atletas registra<strong>do</strong>sem 2002, sen<strong>do</strong> 7.035 de saltos; 1.185 de CCE; e 637 deadestramento (COB, 2002). Como havia um total de 541 atletasregistra<strong>do</strong>s em 1971 na CBH (DaCosta, 1971), os atletas filia<strong>do</strong>sforam multiplica<strong>do</strong>s 16 vezes nas últimas três décadas. Nestesnúmeros – “praticantes regulares”, segun<strong>do</strong> a FEI – não estãoincluí<strong>do</strong>s os praticantes não filia<strong>do</strong>s (“praticantes ocasionais”),geralmente mais volta<strong>do</strong>s para o hipismo de lazer e que totalizamquantitativos bem superiores aos de competição como constamdas estatísticas da FEI.Tal particularidade <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, em face aosesportes <strong>hípicos</strong>, lhe dá uma condição inusitada na comparaçãointernacional: o país destaca-se entre as 118 nações filiadas à FEIque possuem maior número de cavalos de competição, mas estáfora <strong>do</strong> grupo que possui maior número de praticantes ocasionais(ver gráficos e comentários adiante). Mesmo assim, arepresentatividade esportiva <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> aparece de forma positiva<strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s oficiais da FEI, que atribuem ao país um 13 0 lugar entreaqueles filia<strong>do</strong>s que organizam competições internacionais (Tabela1), sen<strong>do</strong> supera<strong>do</strong> em âmbito pan-america<strong>no</strong> apenas pelos EUA.Hiatos de informação à parte, há evidências que houve uma grandeexpansão nas atividades hípicas em perío<strong>do</strong>s recentes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Ea explicação primária deste fato reside <strong>no</strong> simples crescimento daatividade econômica: to<strong>do</strong>s os esportes, além das suas funçõeseducativas, recreativas e terapêuticas têm também significativoimpacto sobre a eco<strong>no</strong>mia de um país e vice versa.A capacidade <strong>do</strong>s esportes em dinamizar a indústria e gerarempregos faz deste setor um <strong>do</strong>s mais desejáveis de uma sociedademoderna. E sob o aspecto econômico nenhum outro esporte podese comparar com os esportes eqüestres, porque nenhum se des<strong>do</strong>braem tantas atividades diferentes. A Indústria Eqüestre, que ofereceos produtos e serviços para os esportes eqüestres Clássicos e Rural,reúne dezenas de setores da indústria, comércio, e serviços para aequitação. A Indústria Eqüestre pode ser dividida em <strong>do</strong>is setoresprincipais: a Indústria da Equitação, que abrange as empresas eprofissionais que fabricam produtos e oferecem serviços para oequita<strong>do</strong>r e o seu cavalo; e a Indústria <strong>do</strong> Cavalo que produz oscavalos para a equitação. A Indústria da Equitação reúne os clubes<strong>hípicos</strong>, centros eqüestres, escolas de equitação, federaçõeseqüestres, editoras de livros, revistas, jornais, programas detelevisão, selarias, alimentação, saúde eqüina, transportes, turismo,vestuário e produção de vídeos etc. Cada setor é des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> emramos de atividades. O ramo de serviços, por exemplo, é dividi<strong>do</strong>em empresas de eventos, empresas de leilões, empresas depublicidade, construtores de pistas, consultores agropecuário/científico/genealógico, pintores de placas, ferragea<strong>do</strong>res,treina<strong>do</strong>res, adestra<strong>do</strong>res, fotógrafos, hipoterapeutas, hospedagemde cavalos, laboratórios, leiloeiros, locutores, maquila<strong>do</strong>res, rodeios,seguros, shows, etc. Cada ramo da indústria da equitação pode<strong>no</strong>vamente ser des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> nas empresas especializadas que acompõe. Por exemplo, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> são 187 as Escolas de EquitaçãoClássica, Western e de Volteio; em 2001 promoveram cerca de 550competições; as principais escolas e centro de treinamento ficamem São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande <strong>do</strong> Sul, eParaná. O ramo de serviços cresceu cerca de 8% ao a<strong>no</strong> durante osúltimos sete a<strong>no</strong>s.A segunda parte da Indústria Eqüestre, a Indústria <strong>do</strong> Cavalo,também é dividida em setores: associações de registros, cria<strong>do</strong>res,alimentação <strong>do</strong> cavalo, clínicas veterinárias, produtos de limpeza,cosméticos, manejo, infra-estrutura <strong>do</strong> haras, empresas de leilões,lojas agropecuárias, máquinas, parques de exposições, selarias,clinicas de saúde eqüina, transporte de animais etc. Cada um destessetores pode ser des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> em seus ramos de atividades. Porexemplo, o Registro Genealógico é um ramo da Indústria <strong>do</strong> Cavalocom cerca de 30 associações que controlam as raças de cavaloscriadas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Cada associação pode ser <strong>no</strong>vamente des<strong>do</strong>brada<strong>no</strong> seu número de cria<strong>do</strong>res e <strong>no</strong> total de animais registra<strong>do</strong>s. Oscavalos das raças criadas <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> totalizam cerca de 800 milanimais. A indústria <strong>do</strong> cavalo cumpre com rara eficiência a suafunção social: cria empregos <strong>no</strong> campo, ajudan<strong>do</strong> a estancar aemigração campo/cidade; emprega uma proporção de mão de obrasuperior a pecuária leiteira: 1 funcionário para cada 6 cavalos; oharas é um empreendimento rural de produção intensiva que requerrelativamente pouca área para se tornar produtiva: cerca de 2cavalos por hectare; <strong>no</strong>s haras e nas fazendas o contratante oferececasa, luz e água para o contrata<strong>do</strong>, coisas que poucas indústriasurbanas fazem. Se, ou quan<strong>do</strong>, a Industria Eqüestre brasileiraapresentar um faturamento semelhante ao da indústria brasileirade carne, como ocorre <strong>no</strong>s EUA, a sua contribuição ao PIB seria decerca de 2.5 bilhões de dólares. Cifra importante para um país quesó agora está começan<strong>do</strong> a compreender o potencial educativo,social, e econômico <strong>do</strong>s seus esportes eqüestres. A IndústriaEqüestre brasileira tem excelentes perspectivas de faturamento ea Indústria <strong>do</strong> Cavalo começou a apresentar sinais de reaquecimentoem 2000, depois de um forte esfriamento em 1994.Fontes Reynal<strong>do</strong> Ferreira. História <strong>do</strong> Hipismo <strong>Brasil</strong>eiro, 1999(recupera<strong>do</strong> em 2003 <strong>no</strong> site da CBH, em www.cbh-hipismo.com.br);www.polobrasil.com.br; www.fph.com.br; COB. Diagnóstico eAnálise das Modalidades Olímpicas, RJ. 2001; DaCosta, L.P.Diagnóstico da Educação Física e Desportos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. MEC,Brasília, 1971; FEI World-Wide Survey, FEI, Lausanne, 1999.8.218 DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006


Tabela 1 / Table 1Número de eventos internacionaispor país organiza<strong>do</strong>r, 1994 – 2000Number of international events organized by NFs,1994 – 2000<strong><strong>Esporte</strong>s</strong> <strong>hípicos</strong>– Levantamento mundial da FEI, 19991999 FEI worldwide surveyCompetition Horses by Discipline<strong><strong>Esporte</strong>s</strong> <strong>hípicos</strong>- Levantamento mundial da FEI, 19991999 FEI worldwide surveyArgentina, Bolívia, <strong>Brasil</strong>, Chile, Paraguai e Uruguai – Group VICavalos de competição (n=14.000)Competition HorsesFonte / source: FEI Database 2003O levantamento da FEI revelou a existência de 5.054.000 cavalosde competição <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s quais 44% estavam relaciona<strong>do</strong>saos Saltos; 23% ao Adestramento; 15% ao CCE; 10% às provasde Rédeas; 7% ao Enduro; e 1% ao Volteio. Em conjunto, asmodalidades de Saltos e Adestramento ocupam 60% <strong>do</strong>s cavalosesportivos em escala mundial, ao passo que cerca de 30%dedicam-se ao CCE, Rédeas e Enduro. Em termos de países,Canadá, <strong>Brasil</strong>, Chile, África <strong>do</strong> Sul, Índia, China e Japão são,nesta ordem, os que possuem maior número de cavalos volta<strong>do</strong>spara provas hípicas. O Peru entre os países filia<strong>do</strong>s à FEI é o queapresenta me<strong>no</strong>r número de cavalos de competição. (Fonte /source: 1999 FEI World wide survey, Lausanne, 1999)O Grupo Geográfico VI da FEI define-se pelas nações <strong>do</strong> Cone Sul da AméricaLatina, isto é: Argentina, Bolívia, <strong>Brasil</strong>, Chile, Paraguai e Uruguai. Em conjuntoestes países possuem 6.250 cavalos <strong>no</strong>s Saltos (45% <strong>do</strong> total); 550 <strong>no</strong>Adestramento (4%); 1.150 <strong>no</strong> CCE (8%); 6.000 <strong>no</strong> Enduro (43%); 50 <strong>no</strong> Volteio(0,3%); e nulo em Rédeas. Nestas condições, a modalidade Saltos pre<strong>do</strong>mina<strong>no</strong>s países deste grupo, acompanhan<strong>do</strong> a tendência mundial. Contu<strong>do</strong>, as cifrasdas demais modalidades – excetuan<strong>do</strong>-se o Enduro – são bem me<strong>no</strong>res que aos<strong>do</strong>s demais Grupos FEI, sugerin<strong>do</strong> baixa competitividade esportiva. Nesteparticular, a pesquisa da FEI-1999 aponta o <strong>Brasil</strong> e o Chile como países queinfluenciam a elevada concentração <strong>no</strong> Enduro (43%) <strong>no</strong> Grupo VI, em oposiçãoà tendência mundial de 7% na mesma modalidade. Quanto ao <strong>Brasil</strong> emparticular, a FEI estima que haja cerca de 100 mil cavalos de competição <strong>no</strong> país(da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s em 1998 e publica<strong>do</strong>s em 1999), bem como registra osseguinte porcentuais de participação feminina em competições por modalidades:Saltos – 20%; Adestramento – 60%; CCE – 10%; Enduro – 50%; Volteio – 60%;Rédeas – 0%. (Fonte / source: 1999 FEI World wide survey, Lausanne, 1999)DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A TLAS DO ESPORTE NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 8.219

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