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8 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 18 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2013EntrevistaJosélia Neves, coor<strong>de</strong>nadora daUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigação Inclusão eAcessibilida<strong>de</strong> em Acção do InstitutoPolitécnico <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, revela que nemtodas as pessoas querem a inclusão“Seriafundamentalintroduzir alíngua gestualcomosegundalíngua”Elisabete Cruzelisabete.cruz@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚ Coor<strong>de</strong>na a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> InvestigaçãoInclusão e Acessibilida<strong>de</strong>em Acção do IPL. De que forma osprojectos têm mudado a vida <strong>de</strong>quem não ouve ou vê?Não sei se os projectos têm mudadoa vida <strong>de</strong> alguém, porque, paraque mu<strong>de</strong> a vida <strong>de</strong> alguém, é precisoque esse alguém queira mudara sua própria vida. A gran<strong>de</strong> conclusãoque estou a chegar com oprojecto IPL (+) Inclusivo é quenão po<strong>de</strong>mos obrigar as pessoas ase incluírem. Apenas po<strong>de</strong>mos oferecere criar condições para queelas se incluam, se se quiseremincluir. No que toca aos projectosque temos <strong>de</strong>senvolvido, o objectivoé que criem condições <strong>de</strong> acessoà informação, à cultura, ao lazer,mas não sabemos até que ponto estãoa ser fruídos.Há quem não queira essa inclusão?Há e é um direito que cada umtem. Não po<strong>de</strong>mos exigir ou pensarque a socieda<strong>de</strong> se vai organizarà medida daquilo que nós queremosque ela seja. A socieda<strong>de</strong> éorgânica e vai-se alterar e reagir daforma como achar melhor. Inclusãoé respeitar essa diferença. Nãoserve <strong>de</strong> nada oferecermos qualquercoisa se a pessoa não quiserreceber. Eu posso oferecer, masnão posso obrigar a que usem,fruam e gostem, mas tenho <strong>de</strong>continuar a oferecer. Inclusão édar oportunida<strong>de</strong> a que qualquerpessoa possa, optar, ter liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> escolha e autonomia.Qual é a principal lacuna da investigaçãosobre questões ligadasà sur<strong>de</strong>z?É não termos investigadores surdos.Investigar a sur<strong>de</strong>z é complexo,porque estamos a investigaruma área que vai para além daacessibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> soluções técnicas.Po<strong>de</strong>mos estudar a sur<strong>de</strong>z portodos os ângulos possíveis. Aquiloque mais falta neste momento é aauto-investigação. Daremos umpasso à frente quando tivermosinvestigadores surdos. Isto implicaque os nossos surdos cheguemao ensino superior, que as escolasos preparem para lá chegar e queno ensino superior tenham tambémcondições para acompanharas aulas.Algumas escolas já possuem núcleospara alunos com <strong>de</strong>ficiênciassensoriais. O sistema educativogarante um percurso escolar igualpara todos?Nenhum percurso escolar é igualpara ninguém e nenhum serve a todos,quando todos somos diferentese com necessida<strong>de</strong>s diferentes.Para que a pessoa com <strong>de</strong>ficiênciaseja perfeitamente incluída no sistemaprecisamos <strong>de</strong> individualizarmuito o programa <strong>de</strong> ensino eaprendizagem, porque é impossívelencontrar a norma. Isso requertempo e dinheiro; requer um conhecimentoprofundo sobre estaspessoas; técnicos altamente especializadose, acima <strong>de</strong> tudo, umasocieda<strong>de</strong> aberta. Mas, nós nãosomos uma socieda<strong>de</strong> aberta e inclusiva.Temos muitos estigmas epreconceitos. O nosso sistema <strong>de</strong>ensino é muito estereotipado, oaluno não é um indivíduo, é umnúmero. É a turma 8.º B, número37. Dificilmente se po<strong>de</strong> falar numensino que está preparado paraacolher a diferença. O nosso ensinoainda está preparado para ensinare não para apren<strong>de</strong>r.A língua gestual <strong>de</strong>veria fazer partedo currículo escolar?Se apren<strong>de</strong>mos inglês, francês, alemãoe espanhol, por que não haveremos<strong>de</strong> ter a opção <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>ra língua gestual portuguesa? Tãoimportante é a pessoa surda apren<strong>de</strong>ra língua gestual quanto a ouvinte,porque se só um apren<strong>de</strong>r,acabamos por estar a segregar. Seriaabsolutamente fundamentalintroduzir a língua gestual como segundalíngua. Aliás, é a nossa segundalíngua nacional. Então vamosapren<strong>de</strong>r uma língua estrangeiraantes <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a nossa segundalíngua nacional?Seria mais fácil a inclusão se ascrianças apren<strong>de</strong>ssem a línguagestual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o pré-escolar e 1.º ciclo?Pelo menos nas escolas bilingues<strong>de</strong>veríamos ter o ensino bilinguepara todos. No momento em que seintroduzisse uma língua estrangeira,<strong>de</strong>veríamos oferecer tambéma língua gestual. É uma maisvalia,não só para comunicar comos surdos como para comunicarcom toda a gente. A língua gestualacaba por abrir uma série <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> comunicação que estãoadormecidas no nosso corpo.Por que razão ainda existe uma lacunatão gran<strong>de</strong> na legendagem <strong>de</strong>televisão para surdos ou audio<strong>de</strong>scriçãopara cegos?A acessibilida<strong>de</strong> na televisão portuguesafoi um problema <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mtecnológica, mas é ainda um problema<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m atitudinal. Durantemuitos anos via-se a acessibilida<strong>de</strong>como solução para alguns.Hoje começa-se a compreen<strong>de</strong>rque não são apenas as pessoascom <strong>de</strong>ficiência que usam os serviços.O enorme atraso não <strong>de</strong>ve-

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