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Jornal de Leiria 18 de Abril de 2013 35LILIANA GONÇALVESCapital europeiaO que ficoudepois da FestaBiblioteca José SaramagoLeiria debateu Gestão CulturalNuma iniciativa do InstitutoPolitécnico e da Adlei- Associaçãopara o Desenvolvimento de Leiria,com apoio do Jornal de Leiria, aBiblioteca José Saramago recebeu,na passada sexta-feira, um debateintitulado Gestão Cultural,Desenvolvimento e Cidadania,cujo orador foi precisamente JoãoBonifácio Serra. José ChartersMonteiro, presidente da Adlei, dizque Guimarães veio provar que sepode progredir e ganhar massacrítica, sem necessidade degrandes e caras estruturas, quasesempre posteriormenteinsuficientemente utilizadas,dando antes destaque à culturaimaterial. O presidente da Adleirealçou ainda a importância de seultrapassar o isolamento entreadministração local e entidadesprivadas e associativas, no sentidode se obterem melhoresresultados. António José Teixeira,arqueólogo e comissário do MCCB– Museu da ComunidadeLILIANA GONÇALVESConcelhia da Batalha, defende porseu turno que no distrito de Leiriahá investimentos avultados nacultura, com projectos onde segasta muito dinheiro e mal. Emcontrapartida diz que há projectosonde se gasta pouco dinheiro ebem. E concretiza: Com poucomais de um milhão de euros deinvestimento, o MCCB (que estáentre os finalistas do prémio paramelhor Museu Europeu do Ano,cujo resultado será conhecido dia18 de Maio, na Bélgica) é um bomexemplo de como dialogar com aspessoas. Como mau exemploaponta o Centro de Interpretaçãoda Batalha de Aljubarrota, noconcelho de Porto de Mós, ondediz terem-se gasto cerca de 20milhões de euros, sem quehouvesse “preocupação de falarcom empresários e estruturaslocais” e onde até se “vendembrincos da Provença, numverdadeiro fetiche e travesti dacultura portuguesa”.gramação Autárquica 2012, na sequência do sucessoobtido com a Capital Europeia da Cultura, distinguiutambém Vila Nova da Barquinha, atribuindo-lhe o prémioArtes Visuais, pelo arrojo da construção do parquede escultura contemporânea de Almourol. Umareferência no meio artístico português é também oTeatro Virgínia, em Torres Novas, pela sua programaçãovariada e regular nas áreas do teatro, dança,música ou novo circo. O novo director artístico, TiagoGuedes, coreógrafo natural de Minde, é tambémo criador do Festival Materiais Diversos, com grandeenvolvimento da comunidade desta vila serrana.Estes são apenas três exemplos de autarquias emque a aposta na cultura está de acordo com as novasorientações de Bruxelas e com a Estratégia Europa2020, no que concerne a verbas disponíveis. “A ComissãoEuropeia deixou de privilegiar ou dar prioridadeàs candidaturas para novas estruturas ou equipamentosculturais. As áreas fundamentais são, nestemomento, a formação de produtos, a circulação decriadores através de bolsas ou as feiras de produtosculturais para apresentar o que cada região tem demais interessante para vender ao exterior”, continuaJoão Bonifácio Serra. Este trabalho deve ser desenvolvido,de preferência, através de comunidades intermunicipais,fortalecendo assim a capacidade deacertar os fundos estruturais com Bruxelas e tambémas parcerias público-privadas e o reforço técnicodas organizações.DRJoão BonifácioSerra, professore investigadorde Caldas daRainha, foi ogrande rosto deGuimarãesCapitalEuropeia daCultura, aopresidir àfundação com omesmo nome❚ Síndrome do bebé ao colo é comoJoão Bonifácio Serra diz ter recebidoo projecto Guimarães, CapitalEuropeia da Cultura. “E quandopeguei no bebé já chorava babae ranho”, diz em jeito de brincadeira.Para ultrapassar as circunstâncias,muniu-se então de “muitorealismo e boa vontade”, aplicandoa velha máxima que dizque não se deve gastar mais doque se tem para que não se deixemdívidas para o futuro. Entre os diversosproblemas que encontrouestava o do conceito, que teve deser mudado três vezes. Primeirofoi Em Guimarães tudo acontece,que aparecia com cartazes depraias desertas no Algarve e quegerou grande polémica. Depoisda substituição da equipa, Guimarãestambém recebeu com friezao slogan seguinte: E tudo setransforma. “Quando aceitei o desafio,a minha principal preocupaçãofoi precisamente o conceitoorganizacional. Até que abordeium amigo brasileiro que sugeriu oslogan Tu fazes parte. O spot passou1,5 minutos na televisão e revelou-seum verdadeiro sucesso”,explica.Além dos conteúdos, Guimarãesrecebeu também obras de regeneraçãoe de melhoria dos equipamentos.Cidade de raízes, fundiu-senuma cidade de arte contemporânea,vivendo uma experiêncianova de gestão em rede,que envolveu 69 freguesias, paróquiase escolas. Para a posterioridadedeixa não só criação culturale arte pública, como uma plataformade audio-visual e filmesque andam a circular pelo mundo.Com uma aposta fundamental najuventude e nos criadores portugueses,João Bonifácio Serra acreditaque os seus efeitos se vão fazersentir pelo menos nos próximos20 anos. O turismo foi outraalavanca positiva. O tempo médiode permanência dos turistas nestacidade aumentou, em 2012,para cinco dias e o turismo cresceumais de 100 por cento, colocandoGuimarães como um dos dez melhoresdestinos do mundo, emjornais como o Times e nos grandesguias internacionais.