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16 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 18 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2013Socieda<strong>de</strong> EducaçãoMarrazes abriu portas à comunida<strong>de</strong>Mais <strong>de</strong> um milhar <strong>de</strong> pessoas participaram na 4ªedição do C.A.C.E Faz...a Festa na Escola, doAgrupamento <strong>de</strong> Escolas <strong>de</strong> Marrazes. A organizaçãosalienta que o dia aberto procura contribuir para aaproximação da escola à comunida<strong>de</strong>, fomentar atolerância e valorização do tecido multicultural.Indisciplina e insucesso dominam queixas“Tsunami” <strong>de</strong> casos inva<strong>de</strong> gabinetes<strong>de</strong> psicólogos escolareslisabete Cruzelisabete.cruz@jornal<strong>de</strong>leiria.ptRICARDO GRAÇAA crise económica é mais um factor que contribui para o aumento dos casos dos psicólogos escolares❚ “Se não houver amor pela camisolanão se po<strong>de</strong> ser psicólogo.” A fraseé <strong>de</strong> Cristina Marques, psicóloga daEscola Secundária Domingos Sequeira(ESDS), mas reúne o <strong>de</strong>sabafo dosseus colegas. Tradicionalmente, os casosque mais ocupavam os psicólogosrelacionavam-se com a orientaçãovocacional. Neste momento, com ainstabilida<strong>de</strong> que vivem muitas famílias,o número <strong>de</strong> solicitações invadiuos gabinetes, obrigando a umagran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação por parte dos especialistasem contexto escolar.A dificulda<strong>de</strong> em dar resposta àsinúmeras solicitações foi um dos problemasapontados durante o encontroSer Psicólogo em Contexto Escolar,promovido pelo Instituto Politécnico<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>.Luís Simões, psicólogo no Agrupamento<strong>de</strong> Escolas(AE) da Batalha,admite sentir-se “angustiado”, por ser“impossível respon<strong>de</strong>r a todas as solicitações”."Há um tsunami <strong>de</strong> casosque nos <strong>de</strong>ixa sufocados e preocupados."Também Inácio Castro, psicólogono AE <strong>de</strong> Marrazes, sente dificulda<strong>de</strong>em dar resposta. “O Serviço<strong>de</strong> Psicologia e Orientação [SPO] <strong>de</strong>Marrazes tinha dois técnicos. Nestemomento, tem apenas um <strong>de</strong>vido àmobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma psicóloga para outroagrupamento, o que provocouuma enorme diminuição da capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> resposta”, lamenta o técnico,que admite sentir “dificulda<strong>de</strong> nagestão do tempo” para respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong>forma “mais atempada” às várias solicitações.Insucesso escolar, problemas comportamentaise sócio-emocionais sãoas principais causas da ida dos alunosao psicólogo escolar. “Há uma fortepressão <strong>de</strong> professores e pais, que entendocomo um sinal da importânciaque dão ao eventual contributo do psicólogono processo educativo dosalunos”, diz Inácio Castro.“A relação que os miúdos têm comos professores e a importância que asdirecções, como a do AE da Batalha,dão ao SPO provocam uma enchentebrutal. São centenas <strong>de</strong> casos e é difícilfazer intervenção”, acrescentaLuís Simões.O psicólogo da Batalha constataque surgem “cada vez mais casoscomplexos <strong>de</strong> alunos que se mutilam,que chegam à escola sem comer,apresentam traços <strong>de</strong>pressivos cadavez maiores e um maior insucesso”.Luís Simões afirma que, por vezes,há um fenómeno <strong>de</strong> “mimetização”associado a problemas familiares“gravíssimos”. Aliás, a gran<strong>de</strong> diferençaencontrada é no “aumento dosproblemas familiares com violência físicae psicológica extrema”.Na ESDS também chegam ao gabinete<strong>de</strong> Cristina Marques “gran<strong>de</strong>sdisfunções familiares”. Quem procuraajuda “ainda tem esperança”. Pior sãoos “<strong>de</strong>sesperançados” que criam problemase escon<strong>de</strong>m-nos. Nestes casos,procura criar uma relação com osjovens, <strong>de</strong> forma a que se sintam àvonta<strong>de</strong> para a procurar. CristinaMarques revela que são as raparigasquem mais procura ajuda, por outrolado, são os rapazes que exibem comportamentosmais indisciplinados.“Ambos precisam <strong>de</strong> ajuda”, frisa.No AE D. Dinis, Emília Kumaradianta que o maior número <strong>de</strong> casosrelacionado com problemas <strong>de</strong> comportamentoe atitu<strong>de</strong>s inci<strong>de</strong> nos jovenscom 12 e 13 anos. Contudo, “começama aparecer também casos emalunos que frequentam o 1º ciclo”, revelaa psicóloga.Sendo uma escola <strong>de</strong> Território <strong>de</strong>Educação <strong>de</strong> Intervenção Prioritária,com unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autismo e turmasElogios não <strong>de</strong>vem ser esquecidosAlunos aceitam ralhetes quando justosElogiar os aspectos positivos emvez <strong>de</strong> criticar apenas as atitu<strong>de</strong>sina<strong>de</strong>quadas dos alunos é uma dasmedidas <strong>de</strong>fendida pela psicólogado Colégio Valsassina, em Lisboa,Raquel Raimundo."Muitas vezes, o nosso trabalhotambém é chamar a atenção dosprofessores para algo que fizerambem e do impacto que tal atitu<strong>de</strong>teve junto do aluno, para elesperceberem o quanto isso foi muitoimportante. É o reforço positivo dopsicólogo junto do professor <strong>de</strong>modo a que ele perceba o quãopositivo é utilizá-lo. Se funcionaconsigo, também funciona com osmiúdos", assegura. A indisciplina éuma das queixas frequentes dosprofessores. Raquel Raimundo dizque "não há receitas" para aplicar,mas aconselha os professores ainteressarem-se pelo aluno."Muitas vezes, não é chatear porchatear. Há aqui alguma intenção[do estudante]. O reforçar estecomportamento é ina<strong>de</strong>quado,porque estamos a reforçar ocomportamento negativo",salienta, lamentando, no entanto,que ainda seja "escassa" aformação <strong>de</strong> professores "no quediz respeito à gestão <strong>de</strong>comportamentos <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong>aula". Segundo Cristina Marques,“tem <strong>de</strong> haver assertivida<strong>de</strong>” <strong>de</strong>todos os agentes educativos, que<strong>de</strong>vem “dar um beijo quandocarece, dizer não quando émerecido e negociar o resto”. Paraa psicóloga, “faz falta elogiar, mastambém não se po<strong>de</strong> escamotear oque fazem <strong>de</strong> mal feito”. Alémdisso, “os alunos enten<strong>de</strong>m o que éjusto” e aceitam uma chamada <strong>de</strong>atenção se for justa. Aliás, a justiçaé “um dos elementosfundamentais na adolescência”.do Curso <strong>de</strong> Educação e Formação e<strong>de</strong> Percurso Curricular Alternativo, onúmero elevado <strong>de</strong> casos sinalizados<strong>de</strong> jovens oriundos <strong>de</strong> famílias em criselimitam ainda mais o acompanhamento<strong>de</strong> Inácio Castro, que viu o pedido<strong>de</strong> ajuda aumentar nos “alunosque eram acompanhados no privadoe <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ter disponibilida<strong>de</strong>económica para pagar as consultas”.Também Emília Kumar nota umaumento “sobretudo no que respeitaao 1.º Ciclo”, mas salienta que “não sepren<strong>de</strong> só com a situação <strong>de</strong> crise actual”.Relativamente aos 2.º e 3.º ciclos,a psicóloga diz ter “solicitaçõespara apoio psicológico por parte dospróprios alunos”, neste caso, “mais relacionadocom as condicionantes docontexto <strong>de</strong> crise”.Gerir os conflitos <strong>de</strong>ntro da sala <strong>de</strong>aulas é uma das principais dificulda<strong>de</strong>sdos professores. Adélia Lopes, directorado AE Rainha Santa Isabel, naCarreira, retira a pressão dos alunos.“Parece que a causa dos problemasestá centrada no aluno. Muitas vezes,a causa está na família, nos pares, nosprofessores ou nos funcionários. Senão se trabalhar a causa não há solução”,referiu. A professora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>,por isso, que as escolas <strong>de</strong>veriam“criar um espaço <strong>de</strong> atendimento apais e professores, on<strong>de</strong> também pu<strong>de</strong>ssemfalar dos seus problemas.”Adélia Lopes avisa que “não é sómandar o menino para o psicólogo” ,referindo que a escola tem <strong>de</strong> se reestruturar.“Se o menino se porta mal,se calhar, eu, enquanto professora,também posso mudar qualquer coisapara ajudar aquele aluno a mudarAs raparigas sãoquem maisprocura ajuda.Cristina MarquesParece que acausa dosproblemas estácentrada no alunoAdélia Lopeso seu comportamento.”Para Luís Simões, “as regras e a boaeducação são fundamentais e <strong>de</strong>vemser exigidas ao aluno”. No entanto,admite que a “personalida<strong>de</strong> ea forma mais rígida <strong>de</strong> alguns profissionaisda educação dificultam a relaçãocom os alunos”. O docentetem <strong>de</strong> ser “acessível”, “saber lidarcom a turma e com o aluno que temà frente” e dar “aulas positivas”,acrescenta o psicólogo.A gestão das relações humanas éuma das vertentes mais trabalhadaspor Cristina Marques, que acreditaque a solução para muitos problemas<strong>de</strong> comportamento po<strong>de</strong>rá estar na“gestão <strong>de</strong> dilemas e conflitos, faltas<strong>de</strong> comunicação, interpretações erradase atitu<strong>de</strong>s fora do contexto”.“Não consigo ser uma psicóloga <strong>de</strong>gabinete, o que é uma mais-valia, porqueconhecer a personalida<strong>de</strong> e maneirados alunos é tão importantecomo i<strong>de</strong>ntificar os seus interesses eaptidões. Por isso, frequento os intervalos,o bar, a sala <strong>de</strong> professores...”.Desta forma, a psicóloga vê “ascoisas no seu contexto naturalista”.A importância dos psicólogos noacompanhamento escolar, social e familiardos alunos levou o <strong>de</strong>putadodo PSD eleito por <strong>Leiria</strong> questionar oMinistério da Educação sobre falta <strong>de</strong>um especialista no AE <strong>de</strong> Alvaiázere.Paulo Batista Santos lembrou quehá cerca <strong>de</strong> três anos não existe psicólogono agrupamento, pelo queexige saber quando será garantida acolocação do psicólogo e quais as razõesque justificam a <strong>de</strong>mora na conclusão<strong>de</strong>ste processo.

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