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14 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 18 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2013Socieda<strong>de</strong> Ciência e TecnologiaNo Campelotrabalha-separa salvarpeixesportuguesesda extinçãoPreservação Há cinco peixes <strong>de</strong> águadoce e dois tipos <strong>de</strong> mexilhão <strong>de</strong> rio,em crítico risco <strong>de</strong> extinção, a seremreproduzidos no Posto Aquícola <strong>de</strong>Campelo, em Figueiró dos Vinhos. Oobjectivo passa por libertá-los nohabitat naturalOs dias são agitados no Campelo. Alexandrina Pipa, com Sandra Vieira, tem <strong>de</strong> colocar os abrigos para os exeMiguel Sampaiomiguel.sampaio@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚ Dia sim, dia não, lá faz AlexandraPipa os 80 quilómetros que separamOurém da pequena al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Campelo,no concelho <strong>de</strong> Figueiró dos Vinhos.E o que lá vai ela fazer? Salvarpeixes da extinção. Quer evitar queo mal que o Homem faz ao planetaseja irremediável. Pelo menos, naquiloem que po<strong>de</strong>, que os seus braçosalcançam e que o olhar atinge. OJORNAL DE LEIRIA meteu-se à estradae foi conhecer o que se faz noPosto Aquícola <strong>de</strong> Campelo, o projecto<strong>de</strong> conservação ex situ <strong>de</strong> organismosfluviais.“O principal objectivo <strong>de</strong>ste projectoé a manutenção e reprodução<strong>de</strong> populações em cativeiro <strong>de</strong> algumasdas espécies <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong>água doce mais ameaçadas do continenteportuguês, garantindo a manutenção<strong>de</strong> um número suficiente<strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong> forma a conservara diversida<strong>de</strong> genética intra-específica,através da manutenção em cativeiro<strong>de</strong> stocks a<strong>de</strong>quados até queas condições ambientais nos meios<strong>de</strong> origem mostrem melhorias significativasou prevenir eventuais fenómenosque possam colocar em riscoas populações existentes”, dizPaulo Lucas, dirigente da Quercus.Entre serras e vales, na pequenacomunida<strong>de</strong> que terá pouco mais <strong>de</strong>30 habitantes, na margem da ribeira<strong>de</strong> Alge, faz-se algo pela sustentabilida<strong>de</strong>do meio ambiente. O projectoiniciou-se em 2008, mas os peixessó chegaram em 2009. As instalaçõespertencem ao Instituto <strong>de</strong> Conservaçãoda Natureza e Florestas, queem protocolo com o Município <strong>de</strong> Figueiródos Vinhos ce<strong>de</strong>u a utilizaçãodo espaço. O programa, que resulta<strong>de</strong> uma parceira entre a associaçãoambiental Quercus, o Aquário Vascoda Gama, o Centro <strong>de</strong> Biociências doInstituto Superior <strong>de</strong> Psicologia Aplicadae da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina Veterinária<strong>de</strong> Lisboa, teve início em2008 e visa a reprodução <strong>de</strong> cinco espéciespiscícolas portuguesas <strong>de</strong>água doce consi<strong>de</strong>radas criticamenteem perigo <strong>de</strong> extinção.Estamos a falar do escalo-do--Ara<strong>de</strong>, do escalo-do-Mira, da bogado-Sudoeste,do ruivaco-do-Oeste eOs números7Número <strong>de</strong> espécies – cincopeixes e dois tipos <strong>de</strong> mexilhão –<strong>de</strong> água doce que estão a serreproduzidos ex-situ no PostoAquícola <strong>de</strong> Campelo, concelho<strong>de</strong> Figueiró dos Vinhos4.500Ao longo do <strong>de</strong>curso do projectojá foram libertados 4.500 peixesno seu habitat natural,sobretudo rios e ribeiros do Sul<strong>de</strong> Portugal, a sua esmagadoramaioria no último mêsda boga-portuguesa. “O que fazemosé capturar os peixes nos rios <strong>de</strong> origem,principalmente rios do Sul doPaís que no Verão têm caudais muitoreduzidos e com problemas <strong>de</strong> poluição.A água fica com pouca oxigenação,muitas vezes reduzida a pêgose os peixes acabam por morrer”,diz a técnica da associação ambientalista,responsável por aquelas instalações.“Depois, fazemos com quese reproduzam, para mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>volvera espécie ao local <strong>de</strong> on<strong>de</strong> osprogenitores foram retirados.”A “reprodução tem sido um sucessoem todas as espécies”, diz AlexandrinaPipa, a responsável pelagestão do espaço. Nos últimos dias <strong>de</strong>Março e nos primeiros <strong>de</strong> Abril, foramreintroduzidas as espécies no seumeio original: o escalo-do-Ara<strong>de</strong>,no ribeira <strong>de</strong> Alferce (afluente doAra<strong>de</strong>), o escalo-do-Mira e a boga-do-Sudoeste, no ribeira do Torgal(afluente do Mira), o ruivaco-do-Oeste, nos rios Alcabrichel e Sizandro,e a boga-portuguesa na ribeira daLaje e na ribeira <strong>de</strong> Gândola (afluentedo Sado). Foi a primeira vez que foifeita uma reintrodução <strong>de</strong>sta dimensão.Agora, é esperar pelos resultados.“É uma boa sensação, porqueé <strong>de</strong>volver os peixes à natureza.É, no fundo, o cumprir do nossoobjectivo. Mas é, também, um momento<strong>de</strong> preocupação, porque nãosabemos o que lhes vai acontecer”,<strong>de</strong>sabafa Alexandrina Pipa.As expectativas são, ainda assim,elevadas. A experiência, pelo menos,dá tranquilida<strong>de</strong>. Em 2012, a Quercusencontrou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>peixes que largou em 2011 – <strong>de</strong>ixamuma pequena marca na barbatanapara serem i<strong>de</strong>ntificados - pelo quea responsável tem esperança quetudo corra bem. ”Acredito que vãoconseguir sobreviver”, atira. No entanto,sabe que o trabalho que executaserá insuficiente para salvar asespécies se não for “complementadocom intervenção no local <strong>de</strong> origemdos peixes: a requalificação e arecuperação dos rios, a reflorestaçãodas margens e ao mesmo temposensibilizar a população e tentar eliminaros focos <strong>de</strong> poluição que existam”.Agora, é quase um começar <strong>de</strong>novo. Ficaram no Campelo apenas

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