Microscopia de Varredura por Sonda
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Palavraschave: aço inoxidável dúplex; crescimento <strong>de</strong> filme; SPM;microestrutura.1. IntroduçãoAços inoxidáveis dúplex apresentam as fases ferrítica eaustenítica. Para otimizar as proprieda<strong>de</strong>s essas fases apresentamfrações volumétricas próximas a 50%. Pela combinação <strong>de</strong> excelentesproprieda<strong>de</strong>s mecânicas e alta resistência à corrosão, essesmateriais são utilizados em numerosas ativida<strong>de</strong>s industriais [1].Contudo, quando o inoxidável dúplex é envelhecido em condições<strong>de</strong> serviço em baixas temperaturas (em torno <strong>de</strong> 400ºC), ocorre uma<strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e <strong>de</strong> sua resistência àcorrosão, <strong>de</strong>vido à precipitação <strong>de</strong> fases ricas em Cr ou Mo [24].A microscopia <strong>de</strong> varredura <strong>por</strong> sonda (Scanning ProbeMicroscopy − SPM) utiliza uma sonda mecânica para obter imagens apartir <strong>de</strong> interações entre a ponta e a amostra. A SPM apresentaalta resolução espacial e po<strong>de</strong> ser utilizada em vários modos <strong>de</strong>operação, <strong>de</strong>ntre eles o modo contato (Atomic Force Microscopy –AFM) e a microscopia <strong>de</strong> força magnética (Magnetic Force Microscopy– MFM), que é uma ferramenta im<strong>por</strong>tante e avançada que possibilitaa <strong>de</strong>tecção das interações magnéticas [5].Este trabalho utiliza a microscopia <strong>de</strong> varredura <strong>por</strong> sonda,AFM e MFM, para analisar a estrutura <strong>de</strong> um aço inoxidável dúplex2205 nas condições solubilizada e envelhecida em baixastemperaturas <strong>por</strong> tempos prolongados. Além disso, foi feita umaanálise da superfície <strong>por</strong> AFM antes e após crescimento <strong>de</strong> filmepassivo sobre o dúplex na condição solubilizada.2. Material e MétodosO material analisado foi um aço inoxidável dúplex 2205 comcomposição química mostrada na Tabela 2.1.Tabela 2.1 – Composição química do aço inoxidável dúplex(<strong>por</strong>centagens em peso).Cr Ni Mo Mn Si C N S22,6 5,38 2,58 1,57 0,35 0,024 0,13 0,008
Foi feita uma solubilização a 1050ºC <strong>por</strong> 1 hora seguida <strong>de</strong>resfriamento em óleo. Algumas amostras foram envelhecidas a 400ºC<strong>por</strong> 7000 horas. Foi analisada a seção longitudinal <strong>de</strong> laminação.Utilizaramse dois tipos <strong>de</strong> amostras: polidas em alumina 1,0mm e atacadas com ácido oxálico eletrolítico a 1 A/cm 2 <strong>por</strong> cerca <strong>de</strong>20 segundos. Após limpeza com ultrasom em soluções contendo<strong>de</strong>sengordurante e acetona foram feitas as análises <strong>por</strong> MFM e AFM.O aço solubilizado, com a superfície polida, foi polarizadopotenciostaticamente a +400 mV SCE (na região passiva) em H 2 SO 4 0,1 M<strong>por</strong> 30 minutos, para crescimento <strong>de</strong> um filme passivo.Posteriormente, a superfície foi analisada <strong>por</strong> AFM antes e após ocrescimento <strong>de</strong> filme, para investigar alterações topográficas<strong>de</strong>vido à formação do filme anódico.As imagens <strong>de</strong> AFM e MFM foram obtidas utilizando ummicroscópio <strong>de</strong> força atômica, Dimension 3000 equipado com umcontrolador Nanoscope IIIa e um módulo <strong>de</strong> extensão eletrônica(Veeco Instruments, Santa Barbara, CA). As medidas topográficas e<strong>de</strong> MFM foram obtidas simultaneamente e em duas etapas (Lift Mo<strong>de</strong>).Na primeira etapa, a ponta (operando em TappingMo<strong>de</strong>) varre umalinha topográfica e então, utilizando o Interlive/Lift Mo<strong>de</strong>, aponta é afastada a altura pré<strong>de</strong>finida para a segunda varreduracom o objetivo <strong>de</strong> remover o efeito da rugosida<strong>de</strong> da superfície.Nesta segunda varredura <strong>de</strong>tectamse as variações <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong>oscilação do cantilever, registrando a influência das forçasmagnéticas, usando o princípio <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> gradiente <strong>de</strong> força.Em todas as análises utilizouse uma sonda MESP, recoberta <strong>de</strong>Co/Cr. A distância <strong>de</strong> separação entre a ponta e a amostra foi 75nm para minimizar os efeitos das forças <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Waals.3. ResultadosA Tabela 3.1 mostra como varia a dureza com o envelhecimento.Após o envelhecimento observase endurecimento da ferrita, o quenão ocorre na austenita.
Tabela 3.1 – Valores <strong>de</strong> Microdureza Vickers (HV 25 ) da ferrita eaustenita do aço inoxidável dúplex solubilizado e envelhecido, com10 medidas em cada fase.Condição Fase Microdureza (HV 25 )Ferrita 268 ± 19SolubilizadaAustenita 260 ± 22Envelhecida a Ferrita 403 ± 55400ºC <strong>por</strong> 7000 h Austenita 252 ± 31As Figuras 3.1 e 3.2 apresentam imagens topográficas dasamostras atacadas com ácido oxálico, nas condições solubilizada eenvelhecida à 400ºC <strong>por</strong> 7000 h, respectivamente.(a)Figura 3.1 – Imagens da superfície do aço inoxidável dúplexsolubilizado e atacado (60 mm ´ 60 mm ´ 1 mm): (a) 2D; (b) 3D.(b)(a)Figura 3.2 – Imagens da superfície do aço inoxidável dúplexenvelhecido e atacado (60 mm ´ 60 mm ´ 1,5 mm): (a) 2D; (b) 3D.A Figura 3.1 mostra que ocorreu maior dissolução da austenita,representada pelas regiões mais baixas e escuras. Além disso, épossível observar maclas na austenita.Na Figura 3.2 (a, b) observase dissolução preferencial daferrita, representada pelas regiões mais baixas e escuras,(b)
contrário ao observado nas imagens da amostra solubilizada (Fig.3.1).As Figuras 3.3 e 3.4 apresentam imagens <strong>de</strong> amostras polidas,nas condições solubilizada e envelhecida, respectivamente.(a)(b)Figura 3.3 – Imagens do aço inoxidável dúplex solubilizado epolido: (a) Topografia (15 mm ´ 15 mm ´ 0,25 mm); (b) Imagem MFM(15 mm ´ 15 mm ´ 200 Hz)(a)(b)Figura 3.4 – Imagens do aço inoxidável dúplex envelhecido epolido: (a) Topografia (15 mm ´ 15 mm ´ 0,2 mm); (b) Imagem MFM (15mm ´ 15 mm ´ 50 Hz).As imagens topográficas (Fig. 3.3(a) e 3.4(a)) mostramsuperfícies planas, não sendo possível observar a distribuição <strong>de</strong>fases. A Figura 3.4(a) mostra partículas <strong>de</strong> contaminação e algunsriscos. Observase que a ferrita apresenta domínios magnéticos,enquanto a austenita revelase mais clara e uniforme, <strong>de</strong>vido aoseu paramagnetismo.A Figura 3.5 apresenta imagens da superfície polida do dúplexsolubilizado, antes e após crescimento <strong>de</strong> filme anódico. NasFiguras 3.5 (a) e (b), as linhas <strong>de</strong>marcam regiões ao longo dasquais foram obtidos os perfis <strong>de</strong> topografia, mostrado na Figura3.5 (d).
(a) (b) (c)9075Z (nm)604530austenitaferrita150Antes do crescimento do filmeApós o crescimento do filme0 6 12 18 24 30X (mm)(d)Figura 3.5 – Imagens da superfície do aço inoxidável dúplexsolubilizado e polido: (a) antes do crescimento do filme anódico(40 mm x 40 mm x 300 nm); (b) após crescimento <strong>de</strong> filme anódico (40mm x 40 mm x 400 nm). (c) Imagem da superfície do aço inoxidáveldúplex solubilizado atacado (40 mm x 40 mm x 1 mm). Perfistopográficos antes (d) e após (e) crescimento do filme.Observase pelo perfil topográfico uma região muito baixa,correspon<strong>de</strong>ndo à região próxima ao contorno <strong>de</strong> fase. A comparaçãodos perfis antes e após o crescimento <strong>de</strong> filme revela um maiorcrescimento do filme sobre a austenita.4. DiscussãoNa estrutura <strong>de</strong> ferrita e austenita dos aços inoxidáveisdúplex, é possível ocorrer dissolução preferencial da austenita ouda ferrita, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da composição do meio corrosivo e dopotencial eletroquímico [6]. A menor taxa <strong>de</strong> dissolução da ferritano aço solubilizado (Fig. 3.1) po<strong>de</strong> ser atribuída aos maiores
teores dos elementos ferritizantes Cr e Mo presentes nessa fase emrelação à austenita. Na amostra envelhecida, esse com<strong>por</strong>tamentoinvertese, com foi mostrado na Figura 3.2. A dissoluçãopreferencial da ferrita po<strong>de</strong> ser atribuída à diminuição dos teores<strong>de</strong> Cr e Mo da ferrita <strong>de</strong>vido à formação das fases a’ e G,<strong>de</strong>scritas na literatura [24]. O aumento <strong>de</strong> dureza da ferritamostrado na Tabela 3.1 é ocasionado <strong>por</strong> essas transformações <strong>de</strong>fase. Por serem muito finas, essas fases não foram observadas <strong>por</strong>AFM e MFM.A técnica <strong>de</strong> MFM é útil na visualização da distribuição <strong>de</strong>fases do aço inoxidável dúplex, uma vez que permitiu ai<strong>de</strong>ntificação das fases com um mínimo <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> amostra esem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque metalográfico. As imagens <strong>de</strong> MFM,mostradas nas Figuras 3.3 e 3.4, são similares àquelas obtidas comdúplex em trabalhos anteriores [78].Sobre a estrutura solubilizada, o filme passivo crescidopotenciostaticamente, pelo método ex situ, apresentou maiorcrescimento na austenita que na ferrita, como apresentado naFigura 3.5.5. Conclusões1. As técnicas <strong>de</strong> AFM e MFM foram utilizadas com sucesso paraobservar a distribuição <strong>de</strong> austenita e ferrita em aço inoxidáveldúplex; particularmente, a MFM não requer ataque metalográfico.2. Houve dissolução preferencial <strong>de</strong> uma das fases ferrítica ouaustenítica durante o ataque com ácido oxálico, sendo que atopografia resultante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tratamento térmico, invertendose<strong>de</strong> uma amostra para a outra.3. Foi possível observar diferenças <strong>de</strong> crescimento do filme passivosobre a estrutura bifásica do material solubilizado, com maiorcrescimento <strong>de</strong> filme sobre a austenita.6. Agra<strong>de</strong>cimentosÀ CAPES, FAPESP e CNPq pelo su<strong>por</strong>te financeiro imprescindívelpara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.
7. Referências Bibliográficas1. NILSSON, J.O. Super duplex stainless steels. Materials Scienceand Technology, v. 8, n. 8, p. 685700, 1992.2. DANOIX, F.; AUGER, P.; BLAVETTE, D. Har<strong>de</strong>ning of Aged DuplexStainless Steels by Spinodal Decomposition. Microscopy andMicroanalysis, v. 10, n. X, p. 349354, 2004.3. IACOVIELLO, F.; CASARI, F.; GIALANELLA, S. Effect of ”475ºCembrittlement” on duplex stainless steels localized corrosionresistance. Corrosion Science, v. 47, n. X, p. 909922, 2005.4. KURI, S. E.; MAY, J. E.; MORENO, J. R. S. Inducedsusceptibility to pitting corrosion in duplex stainless steeldue to long aging at low temperatures. Materials and Corrosion,v.52, n. 10, p. 785788, 2001.5. Neves, B. R. A.; Vilela, J. M. C.; Andra<strong>de</strong>, M. S. <strong>Microscopia</strong><strong>de</strong> varredura <strong>por</strong> sonda mecânica: uma introdução. Cerâmica, v.44, n. 290, 1998.6. SYMNIOTIS, E. Galvanic Effects on the Active Dissolution ofDuplex Stainless Steels. Corrosion, v. 46, n. 1, p. 212, 1990.7. FEMENIA, M. et alii. Scanning Kelvin Probe Force Microscopy andMagnetic Force Microscopy for Characterization of DuplexStainless Steels. Journal of The Electrochemical Society, v.150, n. 6, p. B274B281, 2003.8. DIAS, A.; ANDRADE, M. S. Atomic force and magnetic forcemicroscopies applied to duplex stainless steels. AppliedSurface Science, v. 161, n. X, p. 109114, 2000.Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Materiais – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>São Carlos Rod. Washington Luiz, Km 235, Cx. Postal:676, CEP:13565905, São CarlosSP, Brasil; Fone: (16)33518507; Fax:(16)33611404;(3) dsek@power.ufscar.br