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Rev Fac O<strong>do</strong>ntol Bauru2002; 10(4):257-62<strong>Avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>complicações</strong> <strong>tardias</strong> <strong>em</strong><strong>fraturas</strong> <strong>maxilares</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> FortEVALUATION OF LONG TERM COMPLICATIONS INLE FORT MAXILLARY FRACTURESMarcelo Silva MONNAZZIResi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara – UNESPEduar<strong>do</strong> HOCHULI-VIEIRAProfessor Assistente Doutor da Disciplina <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara – UNESPMarisa Ap. Cabrini GABRIELLIProfessor Assistente Doutor da Disciplina <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara – UNESPMario Francisco Real GABRIELLIProfessor Titular da Disciplina <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara – UNESPValfri<strong>do</strong> Antonio PEREIRA FILHOProfessor Assistente Doutor da Disciplina <strong>de</strong> Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara – UNESPOs autores avaliaram 36 pacientes trata<strong>do</strong>s cirurgicamente <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort I, II, III e associações, com um pós-operatório mínimo <strong>de</strong> 6 meses, procuran<strong>do</strong> enumerar as principais <strong>complicações</strong><strong>tardias</strong> <strong>de</strong>ste <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> fratura e as suas incidências, com o objetivo <strong>de</strong> expor valores e posteriormente atentaràs principais <strong>complicações</strong> e tentar reduzir a incidência das mesmas.UNITERMOS: Fraturas <strong>maxilares</strong>; Fraturas cominutivas; Complicações pós-operatórias.INTRODUÇÃOA etiologia das <strong>fraturas</strong> faciais variam <strong>de</strong> umlugar para outro e o número <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> faciais teraumenta<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação à última década, 1,6,17 têmsi<strong>do</strong> sugeri<strong>do</strong> que a violência pessoal v<strong>em</strong> toman<strong>do</strong>o lugar <strong>do</strong>s aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito como maior causa<strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> faciais 11 . Também se sabe que aspessoas jovens são particularmente maissusceptíveis a ter<strong>em</strong> <strong>fraturas</strong> faciais 1,8,11,15,16 , e queestas <strong>fraturas</strong> estão geralmente relacionadas ao usoexcessivo <strong>de</strong> álcool 16,17 .O tratamento das <strong>fraturas</strong> faciais sofreu umavanço consi<strong>de</strong>rável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o bloqueio intermaxilarou osteossíntese a fio, até a fixação interna rígida,usada nos dias atuais 2,3 . A redução aberta e fixaçãocom mini ou microplacas tornaram-se um meio maisseguro e eficaz <strong>de</strong> tratamento, favorecen<strong>do</strong> aestabilida<strong>de</strong> 2,3,14 .As <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> terço médio da face são bastantecomuns, assim como as <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> Tipo <strong>Le</strong> Fort.Diversos estu<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> diferentes lugares, t<strong>em</strong>po <strong>em</strong>éto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> avaliação, têm sugeri<strong>do</strong> incidênciasvariadas das <strong>fraturas</strong> <strong>Le</strong> Fort; Haug et al. 7 (1990)relataram uma porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 11% <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong><strong>maxilares</strong> <strong>em</strong> um estu<strong>do</strong> que avaliou 402 pacientes<strong>em</strong> cinco anos; Togersen et al. 16 <strong>em</strong> 1992encontraram 17% <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>maxilares</strong> <strong>em</strong> umestu<strong>do</strong> <strong>de</strong> três anos com 169 pacientes, jáSchortingbuys et al. 13 (1999) relataram umaincidência <strong>de</strong> 25 % <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort <strong>em</strong>44 pacientes no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> um ano.257


Monnazzi M S, Hochuli-Vieira E, Gabrielli M A C, Gabrielli M F R, Pereira Filho V AAVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES TARDIAS EM FRATURAS MAXILARES DO TIPO LE FORTAs <strong>complicações</strong> e seqüelas têm si<strong>do</strong>reconhecidas como uma real ocorrência dascirurgias <strong>de</strong> correção <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> terço médio daface 8,9 . Apesar da ocorrência ser frustrante tantopara o paciente quanto para o profissional, oreconhecimento, avaliação, e a discussão aberta<strong>de</strong>stes probl<strong>em</strong>as são o único meio pelo qual osclínicos po<strong>de</strong>m tentar minimizar e prevenir tais<strong>complicações</strong> e seqüelas.MATERIAIS E MÉTODOSEste estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>O<strong>do</strong>ntologia <strong>de</strong> Araraquara (UNESP), <strong>em</strong> pacientesque sofreram <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort I, II, III e/ouassociações <strong>de</strong>stas, e que foram trata<strong>do</strong>scirurgicamente pela equipe <strong>de</strong> Cirurgia e TraumatologiaBuco-Maxilo-Facial <strong>de</strong>sta Faculda<strong>de</strong>. Este estu<strong>do</strong> foiaprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>.O estu<strong>do</strong> abrangeu exame clínico <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> econtrole radiográfico pós-operatório <strong>de</strong> rotina, <strong>em</strong>pacientes traumatiza<strong>do</strong>s com o mínimo <strong>de</strong> seis meses<strong>de</strong> controle pós-operatório. As <strong>fraturas</strong> forami<strong>de</strong>ntificadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a localização anatômica,ida<strong>de</strong>, sexo <strong>do</strong> paciente, causa <strong>do</strong> trauma, <strong>fraturas</strong>associadas e comprometimento sistêmico.Para o estu<strong>do</strong> proposto, foram seleciona<strong>do</strong>s 40pacientes, seguin<strong>do</strong> os critérios <strong>de</strong>scritosanteriormente, <strong>do</strong>s quais 36 compareceram para osexames propostos, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> seleciona<strong>do</strong>s pacientesque sofreram <strong>fraturas</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1993 a início<strong>de</strong> 2002. Estes pacientes foram avalia<strong>do</strong>s pelomesmo examina<strong>do</strong>r, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os seguintesaspectos clínicos e radiográficos:1 - Déficit sensitivo,2 - Déficit motor,3 - Visão dupla,4 - Má oclusão,5 - Pseu<strong>do</strong>artrose,6 - Cicatriz, <strong>de</strong>corrente das incisões utilizadas,7 - Sinusite,8 - Assimetria facial,9 - Alteração <strong>de</strong> movimentos oculares,10 - Enoftalmia,11 - Exoftalmia,12 - Epífora,13 - Ectrópio,14 - EntrópioOs pacientes foram opera<strong>do</strong>s seguin<strong>do</strong> as técnicasclássicas <strong>de</strong>scritas por autores tais como Peterson etal. 11 (1992) e Fonseca et al. 5 (1997), por meio <strong>de</strong>redução aberta das <strong>fraturas</strong> e fixação interna rígidapreconizada pela AO 12 . As incisões usadas para osacessos cirúrgicos foram as <strong>de</strong>scritas por Ellis et al. 4(1995), sen<strong>do</strong> as mais comuns a intra-oral, a sub-ciliar,o retalho coronal e a incisão supra-palpebral.RESULTADOSForam seleciona<strong>do</strong>s para a pesquisa quarentapacientes, <strong>do</strong>s quais apenas trinta e seiscompareceram para os exames programa<strong>do</strong>s. Dostrinta e seis pacientes, vinte e sete eram homens enove eram mulheres. O perío<strong>do</strong> pós-operatóriomédio foi <strong>de</strong> 3,4 anos, sen<strong>do</strong> seis meses o perío<strong>do</strong>mínimo e nove anos o pós-operatório mais tardio.A ida<strong>de</strong> média <strong>do</strong>s pacientes avalia<strong>do</strong>s foi <strong>de</strong> 35,6anos, ten<strong>do</strong> vinte anos o paciente mais jov<strong>em</strong> e setentae oito anos o mais i<strong>do</strong>so. Com relação à etiologia, 81%das <strong>fraturas</strong> foram causadas por aci<strong>de</strong>nteautomobilístico, 8% por agressão, 8% por queda daprópria altura e 3% por explosões (Figura 1).258FIGURA 1 - Etiologia das Fraturas <strong>Le</strong> Fort


Rev Fac O<strong>do</strong>ntol Bauru2002; 10(4):257-62A incidência das <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort foi <strong>de</strong>25% para a <strong>Le</strong> Fort I isolada, 16,6% <strong>Le</strong> Fort II,2,7% <strong>Le</strong> Fort III, 41,6% <strong>de</strong> <strong>Le</strong> Fort I e II associadas,2,7% <strong>de</strong> <strong>Le</strong> Fort II e III associadas, 2,7% <strong>de</strong> <strong>Le</strong>Fort I e III associadas e 8,3% <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>Le</strong> Fort I,II e III associadas; sen<strong>do</strong> estas <strong>fraturas</strong> associadasou não a outras <strong>fraturas</strong> faciais (Figura 2).<strong>de</strong>stes casos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção <strong>do</strong> material<strong>de</strong> fixação se <strong>de</strong>u <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> exposição intraoral<strong>do</strong> material <strong>de</strong> fixação segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> infecção; e8,3% foi <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a queixas <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> localaumentada, por parte <strong>do</strong> paciente, sen<strong>do</strong> feita ar<strong>em</strong>oção por opção <strong>do</strong> mesmo.FIGURA 3 - Fraturas associadasFIGURA 2 - Incidência <strong>do</strong>s <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> Fratura <strong>Le</strong> FortAlém das <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort I, II, III e/ouassociações <strong>de</strong>stas, <strong>de</strong>ntre os trinta e seis pacientesavalia<strong>do</strong>s, ainda foram encontradas 9 <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong>complexo zigomático (29%), 7 <strong>fraturas</strong> <strong>de</strong> seiofrontal (22%), 6 <strong>fraturas</strong> <strong>de</strong> mandíbula (19%), 3<strong>fraturas</strong> <strong>de</strong> nariz(9%), 2 <strong>fraturas</strong> naso-orbitoetmoidais(6%),2 <strong>fraturas</strong> Blow-out (6%), 2 <strong>fraturas</strong><strong>de</strong> arco zigomático (6%) e 1 fratura <strong>de</strong> colunacervical (3%). Soman<strong>do</strong> um percentual <strong>de</strong> 58% <strong>de</strong>outras <strong>fraturas</strong> faciais ou <strong>do</strong> complexo crâniocervicalassociadas às <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort(Figura 3).O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> osteossíntese mais utiliza<strong>do</strong> foi afixação interna rígida, por meio <strong>de</strong> placas eparafusos <strong>em</strong> 94,5% <strong>do</strong>s casos, sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> <strong>em</strong>5,5% <strong>do</strong>s casos a associação <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> aço,juntamente com as placas e parafusos. A r<strong>em</strong>oção<strong>do</strong> material <strong>de</strong> fixação, quer seja <strong>de</strong> todas as placase parafusos ou ao menos <strong>de</strong> uma placa, ocorreu <strong>em</strong>30% <strong>do</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s. Sen<strong>do</strong> que <strong>em</strong> 91,6%As <strong>complicações</strong> <strong>tardias</strong> mais freqüent<strong>em</strong>enteencontradas (Figura 4), foram as seguintes:- Cicatrizes, <strong>em</strong> 16 casos (44,4%) , provenientesna totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> ferimento cortocontuso<strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> fator etiológico, e não dasincisões aplicadas para a correção das <strong>fraturas</strong>faciais,- Parestesia, <strong>em</strong> 15 casos (41,6%), aferidas pormeio <strong>de</strong> exame subjetivo e objetivo (teste <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> com algodão), <strong>em</strong> áreas inervadaspelo nervo infra e supra-orbital na maioria <strong>do</strong>scasos,- Anosmia, <strong>em</strong> 10 casos (27,7%), aferidas por meio<strong>de</strong> exame subjetivo (questionário) e objetivo (testecom essência <strong>de</strong> cravo),- Assimetria facial, <strong>em</strong> 10 casos (27,7%), sen<strong>do</strong>que <strong>em</strong> 70 % <strong>de</strong>stes casos a assimetria foi notadana região <strong>do</strong> seio frontal,- Dor, <strong>em</strong> 7 casos (19,4%), sen<strong>do</strong> na maioria dasvezes crises <strong>de</strong> algia <strong>de</strong>correntes da mudança<strong>do</strong> t<strong>em</strong>po,- Epífora, <strong>em</strong> 6 casos (16,6%), sen<strong>do</strong> quase quena totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s casos transitória. Apenas <strong>em</strong>um caso a paciente teve que ser submetida auma dacriocistorrinostomia para a correçãocirúrgica <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a,- Sinusite, <strong>em</strong> 3 casos (8,3%), diagnosticadas pormeio <strong>de</strong> exame radiográfico e exame clínico comsintomatologia positiva,- Ectrópio, <strong>em</strong> 3 casos (8,3%), encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong>pequeno grau, com ligeira eversão e laxidão dapálpebra inferior, não acarretan<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>asfuncionais para o paciente, apenas <strong>de</strong>sconforto259


Monnazzi M S, Hochuli-Vieira E, Gabrielli M A C, Gabrielli M F R, Pereira Filho V AAVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES TARDIAS EM FRATURAS MAXILARES DO TIPO LE FORTestético. Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s a respeito <strong>do</strong><strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer correção cirúrgica, nenhumpaciente <strong>de</strong>monstrou interesse,- Extração <strong>de</strong>ntária, <strong>em</strong> 3 casos (8,3%), extração<strong>de</strong> um ou mais <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às <strong>fraturas</strong> faciais,- Diplopia, <strong>em</strong> 2 casos (5,5%), sen<strong>do</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s oscasos binocular e <strong>de</strong> pequeno grau, corrigidaspor meio <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> lentes corretivas,- Distopia, <strong>em</strong> 2 casos (5,5%), sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> grau levee não acarretan<strong>do</strong> prejuízo funcional para opaciente,- Má-oclusão, <strong>em</strong> 1 caso (2,7%), encontrada <strong>em</strong>apenas um caso, provavelmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à fraturamandibular associada, que apresentava extensacominuição, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à explosão <strong>de</strong> um pneupróximo ao rosto <strong>do</strong> paciente,- Enoftalmia, <strong>em</strong> 1 caso (2,7%), também presente<strong>em</strong> somente um caso (o mesmo <strong>do</strong> it<strong>em</strong> anterior),sen<strong>do</strong> <strong>em</strong> pequeno grau, não proporcionan<strong>do</strong>prejuízo funcional para o paciente,- Entrópio, <strong>em</strong> 1 caso (2,7%), apresentan<strong>do</strong> umaleve inversão da pálpebra inferior, responsávelpor uma ligeira irritação conjuntival.FIGURA 4 - Incidência das <strong>complicações</strong> <strong>tardias</strong>260DISCUSSÃOApesar <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s recentes <strong>de</strong>monstrar<strong>em</strong> umaumento crescente <strong>do</strong> número <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> faciais<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à violência interpessoal e às agressões físicas<strong>em</strong> geral 6,7,8,11,14 , a maior causa das <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><strong>Le</strong> Fort encontradas neste estu<strong>do</strong> estãorelacionadas a aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos (81%),seguidas da agressão física (8%), da queda daprópria altura (8%) e <strong>de</strong> um caso isola<strong>do</strong> <strong>de</strong>explosão.As <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> Tipo <strong>Le</strong> Fort no nosso Serviço,apresentaram incidência que variam <strong>de</strong> 6 a 12 %,aproximan<strong>do</strong>-se a valores <strong>de</strong>scritos por Haug et al. 7(1990) que relataram uma porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 11% <strong>de</strong><strong>fraturas</strong> <strong>maxilares</strong>, Togersen et al. 16 que <strong>em</strong> 1992encontraram 17% <strong>de</strong>ste <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> fratura, distoan<strong>do</strong>ligeiramente <strong>do</strong>s números encontra<strong>do</strong>s porSchortingbuys et al. 13 (1999) , ano no qual os autoresrelataram uma incidência <strong>de</strong> 25 % <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong><strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort.A incidência das <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort dividida<strong>em</strong> seus sub<strong>tipo</strong>s revelou números diferentes <strong>do</strong>sencontra<strong>do</strong>s por Haug et al. 7 (1990), trabalho noqual os autores encontraram 20 <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LFI, 15 <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF II, 9 <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF III, 5 <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong><strong>tipo</strong> h<strong>em</strong>i <strong>Le</strong> Fort, 3 <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF II+III e somente 1caso <strong>de</strong> LF I+II. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> nossoestu<strong>do</strong> 9 casos <strong>de</strong> LF I, 6 <strong>de</strong> LF II, 1 <strong>de</strong> LF III, 15<strong>de</strong> LF I+II, 1 <strong>de</strong> LF II+III, 1 <strong>de</strong> LF I+III e trêscasos <strong>de</strong> fratura <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF I+II+III. Fato que revelaa tendência a um maior número <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> associadas<strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>Le</strong> Fort <strong>do</strong> que as isoladas.Com relação à presença <strong>de</strong> outras <strong>fraturas</strong> faciaisconcomitantes às <strong>fraturas</strong> <strong>maxilares</strong>, nós encontramosum percentual <strong>de</strong> 58% <strong>de</strong>sta associação, sen<strong>do</strong>na maioria das vezes <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> complexozigomático 29%, seguidas por <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> seio frontal22%, mandíbula 19%, nariz 9%, blow out 6%,NOE 6% e arco zigomático 6%, estan<strong>do</strong> ou nãoassociadas umas às outras. Aproximan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>síndices encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> trabalhos como o <strong>de</strong> Hauget al. 7 (1990) no qual 42% <strong>do</strong>s pacientes apresentaramassociação entre as <strong>fraturas</strong> <strong>maxilares</strong> e <strong>de</strong>mais<strong>fraturas</strong> <strong>de</strong> face.Dos pacientes envolvi<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>, 81% apresentaramalgum <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> complicação, sen<strong>do</strong> que<strong>de</strong>stes 21% apresentaram apenas um <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> complicação,enquanto 79% apresentaram <strong>do</strong>is ou mais<strong>tipo</strong>s. No entanto o maior índice <strong>de</strong> complicaçãoencontrada foi o <strong>de</strong> cicatrizes residuais (44,4%),<strong>de</strong>correntes na totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s casos, <strong>de</strong> extensos


Rev Fac O<strong>do</strong>ntol Bauru2002; 10(4):257-62ferimentos corto-contusos, com ou s<strong>em</strong> perda <strong>de</strong>substância, que representam <strong>complicações</strong> não <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> ato cirúrgico. Sen<strong>do</strong> que <strong>do</strong>s 16 pacientesque apresentaram cicatrizes residuais, 14 sofreram<strong>fraturas</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a graves aci<strong>de</strong>ntes automobilísticose apenas <strong>do</strong>is foram vítimas <strong>de</strong> agressão.Os <strong>do</strong>is itens avalia<strong>do</strong>s na seqüência que somam41,6% e 27,7%, sen<strong>do</strong> respectivamente a parestesia ea anosmia, também não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> ato cirúrgico e sim <strong>de</strong> lesões neurológicase <strong>fraturas</strong> extensamente cominutivas na regiãonasal ou naso-orbito-etmoidal, que lesam os ramos <strong>do</strong>primeiro par <strong>do</strong>s nervos cranianos no caso da anosmia,e lesões a outros nervos, tais quais o nervo infra-orbitalno caso da parestesia. 5,12 Sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s 12 casos<strong>de</strong> parestesia na região inervada pelo nervo infra-orbitale 3 casos na região <strong>do</strong> nervo supra-orbital. Com relaçãoa anosmia, <strong>do</strong>s 10 casos encontra<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong>leshouve fratura <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF II associada, nos outros trêscasos houve 1 fratura cominutiva <strong>de</strong> nariz associada auma fratura <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF I e <strong>do</strong>is casos <strong>de</strong> afundamento<strong>de</strong> seio frontal associa<strong>do</strong> a <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF III e LFI+III.A assimetria facial apresentou índice <strong>de</strong> 27%<strong>de</strong> ocorrência, sen<strong>do</strong> que <strong>em</strong> 70% <strong>do</strong>s casos aassimetria residual foi encontrada na região <strong>do</strong> seiofrontal, <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> <strong>fraturas</strong> extensamentecominutivas, com perda <strong>de</strong> substância e realizadas<strong>em</strong> uma época na qual não tínhamos à disposiçãoos biomateriais existentes hoje <strong>em</strong> dia para a reconstruçãototal <strong>do</strong>s <strong>de</strong>feitos ósseos. Com relaçãoà etiologia das <strong>fraturas</strong> que causaram assimetriafacial residual, <strong>do</strong>s <strong>de</strong>z casos encontra<strong>do</strong>s, nove <strong>de</strong>lesforam <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a aci<strong>de</strong>ntes automobilísticos e um casofoi <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> explosão<strong>Le</strong>van<strong>do</strong> <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as seis <strong>complicações</strong>mais freqüentes, que são respectivamente as cicatrizes,parestesias, anosmia, assimetria facial, <strong>do</strong>r eepífora, t<strong>em</strong>os que as <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF I+II representam34,37% <strong>de</strong>stas <strong>complicações</strong>, seguidasdas <strong>fraturas</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> LF I que representam 21,87%;provavelmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> estas duasas <strong>fraturas</strong> mais encontradas neste estu<strong>do</strong>, representan<strong>do</strong>juntas aproximadamente 67% das <strong>fraturas</strong>encontradas, condizen<strong>do</strong> com trabalhos similaresencontra<strong>do</strong>s na literatura 6,7,9,11,15,17 .Com relação à <strong>do</strong>r, <strong>do</strong>s sete casos relata<strong>do</strong>s, trêsrelataram sentir <strong>do</strong>res esporádicas na região <strong>do</strong> seiofrontal, um na região <strong>do</strong> malar e os outros três pacientesnão souberam localizar corretamente a <strong>do</strong>r,sen<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> os mesmos uma <strong>do</strong>r difusa e <strong>em</strong> to<strong>do</strong>sos casos com perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> r<strong>em</strong>issão e perío<strong>do</strong>s<strong>de</strong> agudização, relaciona<strong>do</strong>s freqüent<strong>em</strong>ente a alteraçõesclimáticas.To<strong>do</strong>s os pacientes que apresentaram epífora noestu<strong>do</strong> receberam incisão sub-ciliar, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> haverrelação da incisão com o quadro clínico, sen<strong>do</strong> omais comum a lesão transitória ou permanente <strong>do</strong>canal naso-lacrimal no trauma 5,9,10,12 . No entanto,com exceção <strong>de</strong> um caso to<strong>do</strong>s os outros foramtransitórios e tiveram regressão espontânea.CONCLUSÕESApesar da incidência <strong>de</strong> <strong>complicações</strong> <strong>tardias</strong>encontradas neste estu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos constatar queas <strong>de</strong> maior índice, não são resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> tratamentocirúrgico estabeleci<strong>do</strong> e sim da violência <strong>do</strong> traumaao qual o paciente esteve exposto. D<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong>assim, a eficiência <strong>do</strong> tratamento aplica<strong>do</strong>, ealertan<strong>do</strong>-nos para as <strong>complicações</strong> <strong>de</strong> menor incidência,que apesar <strong>de</strong> infrequentes, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser estudadasa fim <strong>de</strong> evitá-las.Este <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> é a única maneira através daqual, po<strong>de</strong>mos quantificar e qualificar as <strong>complicações</strong>e/ou seqüelas <strong>de</strong>ste <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> trauma e <strong>do</strong> tratamentocirúrgico instituí<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> portanto fundamentalna tentativa <strong>de</strong> minorá-las cada vez mais.ABSTRACTThe authors evaluated 36 patients surgicallytreated of <strong>Le</strong> Fort I, II, III fractures, and associations,with a postoperative minimum of 6 months, trying toenumerate the main late complications of thisfracture´s type and its inci<strong>de</strong>nces. With the objectiveof exposing values and later on to att<strong>em</strong>pt to th<strong>em</strong>ain complications and to try to reduce the inci<strong>de</strong>nceof the same ones.UNITERMS: Maxillary fractures; Comminutedfractures; Postoperative complications.261


Monnazzi M S, Hochuli-Vieira E, Gabrielli M A C, Gabrielli M F R, Pereira Filho V AAVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES TARDIAS EM FRATURAS MAXILARES DO TIPO LE FORTREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Adi M, Og<strong>de</strong>n GR, Chisholm DM. An analysis of mandibularfractures in Dun<strong>de</strong>e, Scotland (1977 to 1985). Br J OralMaxillofac Surg 1990; 28:194-9.2. Cawood JI. Small plate osteosynthesis of mandibularfractures. Br J Oral Maxillofac Surg 1985; 23:77-91.3. Dodson TB, Perrot DH, Kaban LB, Gor<strong>do</strong>n NC. Fixationof mandibular fractures : a comparative study of rigid internalfixation and standard fixation techiques. J Oral Maxillofac Surg1990; 48:362-6.4. Ellis E, Zi<strong>de</strong> MF. Surgical aproaches to the facial skeleton.Phila<strong>de</strong>lphia: Williams & Wilkins; 1995.5. Fonseca RJ, Walker RV, Betts NJ, Barber HD. Oral andmaxillofacial trauma. 2º ed. Phila<strong>de</strong>lphia: WB Saun<strong>de</strong>rs;1997.6. Gwyn PP, Carraway JH, Horton CE, Adamson JE, MladickRA. Facial fractures- associated injuries and complications.Plast Reconst Surg 1971 Mar; 47(3):225-30.7. Haug RH, Prather J, Indresano AT. An epi<strong>de</strong>miologic surveyof facial fractures and concomitant injuries. J Oral MaxillofacSurg 1990; 48:926-32.8. Helfrick JF, Kelly JF. Parameters of care for oral andmaxillofacial surgery. J Oral Maxillofac Surg 1992; 50:1-3.9. Kaban LB, Pogrel MA, Perrot DH. Complications in oraland maxillofacial surgery. Phila<strong>de</strong>lphia: WB Saun<strong>de</strong>rs; 1996.10. Metzinger SE, Naughton MJ, Howe RE, Howard PS. Anepi<strong>de</strong>miologic study of maxillofacial trauma at CarrawayMethodist Medical Center, a level I trauma center. Ala Med1988 Jun; 57(12):23-31.11. Peterson LJ, Indresano AT, Marciani RD, Roser SM.Principles of Oral an Maxillofacial Surgery. Phila<strong>de</strong>lphia: WBSaun<strong>de</strong>rs; 1992.12. Prein J. Manual of internal fixation in the cranio-facialskeleton. Basel: AO Publishing; 1998.13. Schortingbuys J, Ru<strong>do</strong>lf RM, Vissink A. Complications ofinternal fixation of maxillofacial fractures with microplates. JOral Maxillofac Surg 1999; 57:130-34.14. Strom C. Criminal violence and maxillofacial injuries inSwe<strong>de</strong>n. A retrospective epi<strong>de</strong>miological study on criminalviolence and ensuing injuries. [Thesis master graduation,Departaments of Oral Surgery and Social and ForensicPsychiatry, Karolinska Institute. Suiça; 1992.15. Telfer MR, Jonest GM, Shepherd JP. Trends in theaetiology of maxillofacial fractures in the United King<strong>do</strong>m(1977-19878). Br J Oral Maxillofac Surg 1991; 29:250-5.16. Togersen S, Tornes K. Maxillofacial fractures in aNorwegian district. Int J Oral Maxillofac Surg 1992; 21:335-8.17. Vetter JD, Topazian RG, Gol<strong>de</strong>berg MH, Smith DG. Facialfractures occuring in a medium-sized metropolitan area: recenttrends. Int J Oral Maxillofac Surg 1991; 20:214-6.En<strong>de</strong>reço para correspondência:Marcelo Silva MonnazziRua Vicente Vespa, 954 – Bairro Olívio BenassiMatão – SP – CEP 15993-034Tel. (16) 2821470 – 2822815 – 2363677 - 97823532E-mail: monnazzi@ig.com.br262

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