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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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85humanos estabelecem entre si e com a natureza a fim de garantir sua existênciamaterial. É condicionado por essas relações “que o corpo se elabora e reelabora, demaneira tal a só realizar-se, mesmo como estrutura anatômica e fisiológica, através dasqualificações ou determinações que adquire no plano da existência material e social.”(<strong>DO</strong>NNANGELO, 1979: 24-5).Portanto, os critérios de normalidade estão necessariamente determinados pelouso atribuído ao corpo por essas relações e tomam a forma de normas, mas também desaberes e práticas, consubstancializados no que alguns autores denominam comonormatividade social (CANGUILHEM, 1995). E o papel principal que cabe ao corponesse processo de garantia da existência material dos homens é o de ser o elementofundamental que viabiliza a ação humana sobre a natureza. Portanto “o corpo sedispõe, antes de mais nada, como agente de trabalho”(<strong>DO</strong>NNANGELO, op. cit.: 25).Como a representação do corpo e seus diversos padrões de normalidade sãodeterminados pelo papel do corpo no trabalho, ou seja, na produção da vida material,serão diferentes essas representações na dependência das diferentes formas de seorganizar essa produção. Além disso, dentro de um mesmo modo de organizar aprodução há diferentes usos e significados atribuídos ao corpo, a depender de como sedá a inserção dos corpos nos diferentes espaços da estrutura da produção social.Podemos inclusive perceber como os diferentes modos de produção forjam concepçõese representações do corpo e de sua normalidade diferentes, justamente por inseri-lo noprocesso de trabalho de maneira diferenciada.Ao analisar, por exemplo, a compreensão/apreensão do corpo pelas diferentesclasses sociais sob o capitalismo, Boltanski pôde perceber queO interesse e a atenção que os indivíduos concedem ao próprio corpo, ou seja, à sua aparência,agradável ou desagradável e, por outro lado, às suas sensações físicas, de prazer ou desprazer,cresce quando eles se elevam na hierarquia social (...) ou seja, quando diminui a resistênciafísica dos indivíduos, que não é outra senão a resistência que são capazes de opor ao própriocorpo e sua força física, ou seja, o partido que podem tirar do corpo. (BOLTANSKI, op. cit.:135) 1010 Recorreremos nesse tema específico – o corpo e sua inserção social – à algumas elaborações de LucBoltanki em sua obra “As classes sociais e o corpo” (vide referências bibliográficas), por entendermosque o autor conseguiu reunir um dos mais ricos materiais empíricos acerca das representações dossujeitos acerca seu corpo. Embora Boltanski não tenha apreendido com tanta profundidade o papel das

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