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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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70serviços” é o fato de seus produtos serem tanto de cunho “material” quanto“imaterial”. Como veremos no capítulo seguinte, a apresentação do moderno trabalhoem saúde advém da unificação de práticas, outrora isoladas, em um corpo técnicocientíficoúnico, representado hegemonicamente na figura do médico-artesão. Esseprocesso, que se deu sob o capitalismo, foi responsável por unificar práticasintelectuais e manuais em um mesmo processo de trabalho. Isso significa que essaunificação de práticas foi responsável por transformar o trabalho em saúde em umaforma de trabalho que possui em seu arcabouço tanto práticas manuais, quantointelectuais que, por sua vez, dão origem tanto a produtos “mais materiais” quanto aprodutos “menos materiais”. Ou seja, segundo a definição daqueles que julgam existirum trabalho não material, o trabalho em saúde pode resultar tanto em um produto“material” quanto em um produto “não material”. Peguemos um exemplo concreto quepode ilustrar melhor o que estamos argumentando. O resultado de uma consulta clínicade um psicólogo, por exemplo, não seria, via de regra, um produto material. Pelocontrário, geralmente é caracterizado por um conjunto de conhecimentos/saberes quese sistematizam em recomendações/normatizações transmitidas/socializadas peloprodutor (o trabalhador) na sua relação com o consumidor. Essas normas socializadaspodem ter resultados os mais diversos no plano subjetivo sem, necessariamente, haveruma relação com a constituição em um “objeto material” como definido pelos autoresdefensores desse conceito. Por outro lado, se a etapa do processo de trabalho agoraanalisado é uma intervenção cirúrgica, por exemplo, o seu resultado deve ser umproduto material; nesse caso tratar-se-á de uma alteração anatômica que pode servisível, palpável e poderá, inclusive, acompanhar o consumidor para o resto da vida.Citamos esses casos concretos para demonstrar como, a nosso ver, esse critérioda suposta “(i)materialidade” não ajuda a definir o campo do chamado “trabalho emserviços”. Mesmo que aceitássemos essa definição de material/imaterial, o que não é ocaso, ainda assim isso não contribuiria para chegarmos a uma definição sobre o“trabalho em serviços” que nos instrumentalizasse em sua compreensão, visto que emsuas mais diversas apresentações existiriam tanto trabalhos cujos produtos seriam“materiais”, quanto trabalhos cujos produtos seriam “imateriais”.

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