52mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica eorganizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões dedesenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, porexemplo, um vasto movimento no emprego do chamado “setor serviços”, bem como conjuntosindustriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas (HARVEY, 1992, p.140).O autor em sua obra apreende desse processo vários aspectos que, a nosso ver,se, por um lado, adquirem maior dimensão com esse novo ciclo de acumulação docapital, por outro não se constituem em elementos de rompimento com a tendênciageral do trabalho sob o modo de produção capitalista. Iremos ressaltar a seguir, demaneira sintética, visto que essa análise pormenorizada não constitui objeto dessetrabalho, as principais características dessa atual fase do capitalismo monopolista. Umprimeiro aspecto enfatizado pelos autores citados, refutando análises apologéticas, é ofato de que essas novas formas de organização do processo de trabalho (como ochamado toyotismo) não se impuseram em todas as esferas do mundo do trabalho e, naprática, coexistem, mais ou menos complementarmente, com as formas do tipoTaylorista-Fordista.Outro aspecto importante é o fato de que o conceito de flexibilidade deve sertomado, em grande medida, como relacionado à esfera das relações de trabalho. Existeum movimento que tende a reduzir cada vez mais o número de trabalhadores ditos“centrais”, também chamados de “aristocracia do trabalho”, aqueles predominantes noregime Taylorista-Fordista, com vínculo formal de trabalho, vinculados diretamente àgrande indústria, com maior segurança no emprego, gozando de vantagens indiretasetc; Como compensação tende a aumentar progressivamente o número detrabalhadores “periféricos” que possuem como característica principal o fato depossuírem relações de trabalho mais precarizadas, com vínculo temporário ousubcontratados e com menores salários (ANTUNES, 1995).Um terceiro aspecto refere-se ao grande avanço tecnológico através doestabelecimento da automação de base microeletrônica, o que corrobora para atendência crescente de incorporação da composição orgânica do capital; Esse processotem duas conseqüências importantes. A primeira é o aumento do desempregoestrutural, servindo de fomento para aumentar as formas precarizadas de trabalho. A
53segunda característica é uma maior intensificação sobre a força de trabalho a partir dosubstrato propiciado pelas novas tecnologias (KATZ, 1996).Um quarto aspecto identificado é a entrada do capital em “nichos” até entãotidos como sem importância, como o caso do setor de “serviços” ou áreas tecnológicasmuito complexas e específicas (bioengenharia, química fina, etc.) com mercadoconsumidor mais restrito, que passam a constituir-se como fonte de extração de maisvalia.Um quinto aspecto bastante citado é o que refere à reconfiguração mundial dospólos industriais. Esse aspecto refere-se ao movimento que o capital executa na buscapor melhores condições para o processo de acumulação. Isso inclui, por exemplo,processos de desindustrializações em países do capitalismo central com a migração dastransnacionais para países que ofereçam condições “mais atraentes”, como, porexemplo: baixos níveis salariais; relações trabalhistas precarizadas; precária ou ausenteorganização sindical; políticas fiscais incentivadoras, entre outras.Um sexto aspecto também muito citado é o que se refere à globalização e àampliação do papel do sistema financeiro na vida social de maneira geral.Para COGGIOLA (1996) essas mudanças nos processos produtivos refletemmecanismos criados pelo capital como resposta à crise enfrentada a partir da década de70. Crise com grande participação de componentes estruturais como a queda da taxade lucro e a competitividade inter-capitalista levada a níveis extremos. Portanto, asnovas apresentações do mundo do trabalho seriam novas na forma, porém velhas deconteúdo, consistindo em novas formas encontradas pelo capital para aumentar aextração de mais-valia a fim de sobreviver frente às crises e a concorrência. A buscaincessante de melhores mecanismos para essa extração faz com que o capital crie umaestratégia com duas frentes simultâneas de atuação. Por um lado, com odesenvolvimento tecnológico amplia extração de mais-valia relativa e, por outro, coma precarização das condições de trabalho e a intensificação, volta a ampliar os níveisde extração de mais-valia absoluta. Ademais, concordando que o capital sempre buscanovas estratégias para garantir a dinâmica permanente de acumulação, pensamos quegrande parte do que muitos autores têm caracterizado como manifestações novas desse
- Page 2: 2Aos trabalhadores, em especial aos
- Page 7 and 8: 7RESUMOA partir do século XVII, co
- Page 9 and 10: 91 INTRODUÇÃOPassa uma borboleta
- Page 11 and 12: 11metáfora do bosque e das árvore
- Page 13 and 14: 13outros referenciais teóricos, po
- Page 15 and 16: 15unidades produtivas da assistênc
- Page 17 and 18: 172 A QUALIFICAÇÃO DO TRABALHO -
- Page 19 and 20: 19discussão acerca do processo de
- Page 21 and 22: 21que os homens encontram “dispon
- Page 23 and 24: 23produtivas. A questão da qualifi
- Page 25 and 26: 25qualificação para o trabalho ac
- Page 27 and 28: 27para trabalhar sob suas ordens na
- Page 29 and 30: 29O sistema capitalista pressupõe
- Page 31 and 32: 31consolidação, desenvolvimento e
- Page 33 and 34: 33valorização. Contudo, essa ampl
- Page 35 and 36: 352.4 A DIVISÃO MANUFATUREIRA E SE
- Page 37 and 38: 37objeto de estudo: o trabalho em s
- Page 39 and 40: 39diferentes etapas, passa a ser fr
- Page 41 and 42: 41agora, por estarem desprovidos do
- Page 43 and 44: 43manufatura será um processo que
- Page 45 and 46: 45ferramentas e máquinas correspon
- Page 47 and 48: 47próprios pés” criando as ind
- Page 49 and 50: 49trabalhador. O fato, por exemplo,
- Page 51: 51todas exigem práticas manuais, e
- Page 55 and 56: 55fragmentação destas práticas o
- Page 57 and 58: 57microeletrônica é hegemônica,
- Page 59 and 60: 59produzir um sapato durante o feud
- Page 61 and 62: 61capitalismo, embora possam manife
- Page 63 and 64: 63movimento geral que subsume progr
- Page 65 and 66: 653 A QUALIFICAÇÃO DO TRABALHO EM
- Page 67 and 68: 67particular desse no real. Procede
- Page 69 and 70: 69serviços” mais instrumentaliza
- Page 71 and 72: 71Segundo o método que nos guia ne
- Page 73 and 74: 733.2 TRABALHO EM SERVIÇOS: IMPROD
- Page 75 and 76: 75trabalho ao processo de valoriza
- Page 77 and 78: 77mais diversos consumidores, sejam
- Page 79 and 80: 79simultaneamente. A peculiaridade
- Page 81 and 82: 814 O TRABALHO EM SAÚDE E AS RELA
- Page 83 and 84: 83funções que sempre existiram e
- Page 85 and 86: 85humanos estabelecem entre si e co
- Page 87 and 88: 87método, não se apresenta todo e
- Page 89 and 90: 89facilmente entre as ciências nat
- Page 91 and 92: 91fundamentais para a consolidaçã
- Page 93 and 94: 93corpo, como ente privado, advinda
- Page 95 and 96: 95direito à alimentação, saúde,
- Page 97 and 98: 97utópico, e no campo das ciência
- Page 99 and 100: 99hegemonicamente vinculado à ques
- Page 101 and 102: 101executores no período feudal. I
- Page 103 and 104:
103corporações de ofício, exerci
- Page 105 and 106:
105enfermagem que se constituirão
- Page 107 and 108:
107capitalista - através da extra
- Page 109 and 110:
109Como conseqüência dessa nova d
- Page 111 and 112:
111cientificidade e neutralidade qu
- Page 113 and 114:
113medicina manter-se-á ‘artesan
- Page 115 and 116:
115Veremos adiante que essa configu
- Page 117 and 118:
117realizado por diferentes trabalh
- Page 119 and 120:
119exemplo, é que passam a surgir
- Page 121 and 122:
121simplificado em relação ao tra
- Page 123 and 124:
123por um processo de formação t
- Page 125 and 126:
125o corpo? Não estamos evidencian
- Page 127 and 128:
127trabalhador parcelar, como conse
- Page 129 and 130:
1295.4 O PAPEL DA TECNOLOGIA E SEUS
- Page 131 and 132:
131atividade de trabalho) de uma ce
- Page 133 and 134:
133que é aquela consubstancializad
- Page 135 and 136:
135de “liberar” o trabalhador d
- Page 137 and 138:
137se consolida a medicina e seu m
- Page 139 and 140:
139“mecanizar” o trabalho em sa
- Page 141 and 142:
1415.5.1 O TRABALHADOR COLETIVO EM
- Page 143 and 144:
143produtivo, a assistência à sa
- Page 145 and 146:
145diagnósticas e terapêuticas, o
- Page 147 and 148:
147totalidade do processo produtivo
- Page 149 and 150:
149só muito difícil e restrita, m
- Page 151 and 152:
151sujeitos envolvidos nesse proces
- Page 153 and 154:
153seria exagero dizer que a grande
- Page 155 and 156:
155trabalho em saúde sob o capital
- Page 157 and 158:
157possibilidade de superação de
- Page 159 and 160:
159tecnologia (a normatização), p
- Page 161 and 162:
161ser abalada em sua hegemonia, el
- Page 163 and 164:
163mesmo. A sensação descrita no
- Page 165 and 166:
165Concordamos com CAMPOS (1992) qu
- Page 167 and 168:
167Nesse momento histórico, sob um
- Page 169 and 170:
169médico e os setores populares c
- Page 171 and 172:
171interligados, muitas vezes sem u
- Page 173 and 174:
173importante para o capital, pois
- Page 175 and 176:
175Saúde, por meio das quais a epi
- Page 177 and 178:
177maneira “tensa” e somente se
- Page 179 and 180:
179adquirida. Aqui acontecerá o pr
- Page 181 and 182:
181são em menor número e parecem
- Page 183 and 184:
183dos mesmos, ainda que em níveis
- Page 185 and 186:
185maquinaria, no trabalho em saúd
- Page 187 and 188:
187somos adeptos de um método, mé
- Page 189 and 190:
189REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALTH
- Page 191 and 192:
191DE MASI, D. A sociedade pós-ind
- Page 193 and 194:
193LIMA. V. V. Competência: distin
- Page 195 and 196:
195NEMES, M. I. B. Prática program
- Page 197:
197_____. O trabalho médico: quest