48diferentes máquinas, sendo que, a cristalização em uma tarefa parcelar por toda a vidaé substituída pela tarefa de servir a uma única máquina.Um primeiro aspecto importante, que cabe ser analisado, é o fato de que, com aintrodução da maquinaria, chega-se ao ápice de um movimento iniciado na transiçãodo artesanato para a manufatura que se caracteriza por uma simplificação progressivadas tarefas que cabem ao trabalho vivo. Com o artesanato, o trabalhador realizavatodas as etapas da produção da mercadoria, realizava o trabalho integralmente em todaa sua complexidade. Com a divisão manufatureira, passa a realizar uma ou algumasetapas desse mesmo processo, porém continua detendo em grande parte o controlesobre esse, continuando em muitos casos a ditar seu ritmo. Com a introdução dagrande indústria, a máquina passa a consubstancializar a totalidade do processo deprodução, definindo seu ritmo e etapas e fazendo do trabalhador um seu instrumento.Ao trabalhador, que inicialmente ainda completava algumas etapas do processo deprodução ou servia de força motriz, passa a caber o papel de vigiar, monitorar oualimentar o grande autômato. Portanto, as tarefas do trabalhador vão progressivamentese tornando mais simples, reservando-se a complexidade representativa da totalidadedo processo de produção à ciência consubstancializada na maquinaria, no trabalhomorto. Essa simplificação aparece como conseqüência da especialização progressivado trabalhador durante esse processo. Como vimos, o processo de perseguição doaumento da produtividade por parte do capital vai fragmentando o processo detrabalho e lhe dando maior racionalidade científica, fazendo com que o trabalhadorseja progressivamente destacado para tarefas cada vez mais específicas.Portanto, podemos dizer que o processo de transição do artesanato para o modode produzir do capital apresenta duas características fundamentais que impactamfortemente a questão da qualificação para o trabalho. São elas a especializaçãoprogressiva do trabalho e do trabalhador e a simplificação do papel que passa a caberao trabalhador manual. Posto isso, cabe ainda destacar alguns aspectos dessaqualificação para o trabalho sob a grande indústria. Se, por um lado, as tarefas quepassam a ser reservadas para o trabalhador manual tornam-se tecnicamente menoscomplexas, por outro a configuração da indústria passa a exigir outras qualificações do
49trabalhador. O fato, por exemplo, de não mais ser o trabalhador quem determina oritmo de produção, faz com que seja necessário um disciplinamento físico paraconseguir se adaptar ao ritmo imposto pela máquina, que exige grande concentração eatenção constante. Além desse disciplinamento físico, faz-se necessário um processode disciplinamento psicológico a fim de suportar, mantendo bom desempenhoprodutivo, um trabalho enfadonho, alienante, como é próprio da grande indústria.Portanto, se diminui a necessidade de investimento, por parte do capital, emqualificação técnica manual, ganha maior dimensão a característica superestrutural daqualificação para o trabalho. Com relação à qualificação técnica manual, ainda queesta diminua, continua sendo necessária. Na maioria das vezes, não é mais necessária –a destreza e habilidade etc. - como qualificação técnica prévia à entrada na atividadelaborativa, porém, ao desenvolver sua atividade, qualifica-se o trabalhador, agorasegundo as exigências da maquinaria e não mais da divisão do trabalho. Isso é de sumaimportância para o capitalista, pois, à medida que diminui a necessidade dequalificação técnica prévia, diminui o gasto com a formação da força de trabalho,diminuindo assim o valor da mesma. Essa é a principal conseqüência da introdução damaquinaria para o capitalista: a alteração da composição orgânica do capital, ou seja, adiminuição do capital variável (trabalho vivo) em relação ao capital constante(trabalho morto), levando à maior extração de mais-valia relativa.Outro aspecto fundamental que cabe destacar é a consolidação de uma categoriade trabalhadores responsáveis pelo trabalho técnico intelectual. Desde a manufatura,consolida-se o papel do controle, da gerência do processo produtivo a cargo,inicialmente, do capitalista e de seus capatazes. Porém, mesmo com a divisãomanufatureira do trabalho, ainda não se consolida uma categoria de trabalhadoresresponsáveis pelo planejamento técnico-científico do processo de trabalho nasdimensões na grande indústria. É quando o saber acerca do trabalho é apropriado pelocapital na forma de ciência – consubstancializada na maquinaria - que surge anecessidade de um corpo técnico-científico para “pensar” o processo produtivo econtrolar o trabalho morto. Compõem o grupo dos trabalhadores intelectuaisprodutivos – aqueles ligados ao processo de produção de mercadorias e de mais-valia -
- Page 2: 2Aos trabalhadores, em especial aos
- Page 7 and 8: 7RESUMOA partir do século XVII, co
- Page 9 and 10: 91 INTRODUÇÃOPassa uma borboleta
- Page 11 and 12: 11metáfora do bosque e das árvore
- Page 13 and 14: 13outros referenciais teóricos, po
- Page 15 and 16: 15unidades produtivas da assistênc
- Page 17 and 18: 172 A QUALIFICAÇÃO DO TRABALHO -
- Page 19 and 20: 19discussão acerca do processo de
- Page 21 and 22: 21que os homens encontram “dispon
- Page 23 and 24: 23produtivas. A questão da qualifi
- Page 25 and 26: 25qualificação para o trabalho ac
- Page 27 and 28: 27para trabalhar sob suas ordens na
- Page 29 and 30: 29O sistema capitalista pressupõe
- Page 31 and 32: 31consolidação, desenvolvimento e
- Page 33 and 34: 33valorização. Contudo, essa ampl
- Page 35 and 36: 352.4 A DIVISÃO MANUFATUREIRA E SE
- Page 37 and 38: 37objeto de estudo: o trabalho em s
- Page 39 and 40: 39diferentes etapas, passa a ser fr
- Page 41 and 42: 41agora, por estarem desprovidos do
- Page 43 and 44: 43manufatura será um processo que
- Page 45 and 46: 45ferramentas e máquinas correspon
- Page 47: 47próprios pés” criando as ind
- Page 51 and 52: 51todas exigem práticas manuais, e
- Page 53 and 54: 53segunda característica é uma ma
- Page 55 and 56: 55fragmentação destas práticas o
- Page 57 and 58: 57microeletrônica é hegemônica,
- Page 59 and 60: 59produzir um sapato durante o feud
- Page 61 and 62: 61capitalismo, embora possam manife
- Page 63 and 64: 63movimento geral que subsume progr
- Page 65 and 66: 653 A QUALIFICAÇÃO DO TRABALHO EM
- Page 67 and 68: 67particular desse no real. Procede
- Page 69 and 70: 69serviços” mais instrumentaliza
- Page 71 and 72: 71Segundo o método que nos guia ne
- Page 73 and 74: 733.2 TRABALHO EM SERVIÇOS: IMPROD
- Page 75 and 76: 75trabalho ao processo de valoriza
- Page 77 and 78: 77mais diversos consumidores, sejam
- Page 79 and 80: 79simultaneamente. A peculiaridade
- Page 81 and 82: 814 O TRABALHO EM SAÚDE E AS RELA
- Page 83 and 84: 83funções que sempre existiram e
- Page 85 and 86: 85humanos estabelecem entre si e co
- Page 87 and 88: 87método, não se apresenta todo e
- Page 89 and 90: 89facilmente entre as ciências nat
- Page 91 and 92: 91fundamentais para a consolidaçã
- Page 93 and 94: 93corpo, como ente privado, advinda
- Page 95 and 96: 95direito à alimentação, saúde,
- Page 97 and 98: 97utópico, e no campo das ciência
- Page 99 and 100:
99hegemonicamente vinculado à ques
- Page 101 and 102:
101executores no período feudal. I
- Page 103 and 104:
103corporações de ofício, exerci
- Page 105 and 106:
105enfermagem que se constituirão
- Page 107 and 108:
107capitalista - através da extra
- Page 109 and 110:
109Como conseqüência dessa nova d
- Page 111 and 112:
111cientificidade e neutralidade qu
- Page 113 and 114:
113medicina manter-se-á ‘artesan
- Page 115 and 116:
115Veremos adiante que essa configu
- Page 117 and 118:
117realizado por diferentes trabalh
- Page 119 and 120:
119exemplo, é que passam a surgir
- Page 121 and 122:
121simplificado em relação ao tra
- Page 123 and 124:
123por um processo de formação t
- Page 125 and 126:
125o corpo? Não estamos evidencian
- Page 127 and 128:
127trabalhador parcelar, como conse
- Page 129 and 130:
1295.4 O PAPEL DA TECNOLOGIA E SEUS
- Page 131 and 132:
131atividade de trabalho) de uma ce
- Page 133 and 134:
133que é aquela consubstancializad
- Page 135 and 136:
135de “liberar” o trabalhador d
- Page 137 and 138:
137se consolida a medicina e seu m
- Page 139 and 140:
139“mecanizar” o trabalho em sa
- Page 141 and 142:
1415.5.1 O TRABALHADOR COLETIVO EM
- Page 143 and 144:
143produtivo, a assistência à sa
- Page 145 and 146:
145diagnósticas e terapêuticas, o
- Page 147 and 148:
147totalidade do processo produtivo
- Page 149 and 150:
149só muito difícil e restrita, m
- Page 151 and 152:
151sujeitos envolvidos nesse proces
- Page 153 and 154:
153seria exagero dizer que a grande
- Page 155 and 156:
155trabalho em saúde sob o capital
- Page 157 and 158:
157possibilidade de superação de
- Page 159 and 160:
159tecnologia (a normatização), p
- Page 161 and 162:
161ser abalada em sua hegemonia, el
- Page 163 and 164:
163mesmo. A sensação descrita no
- Page 165 and 166:
165Concordamos com CAMPOS (1992) qu
- Page 167 and 168:
167Nesse momento histórico, sob um
- Page 169 and 170:
169médico e os setores populares c
- Page 171 and 172:
171interligados, muitas vezes sem u
- Page 173 and 174:
173importante para o capital, pois
- Page 175 and 176:
175Saúde, por meio das quais a epi
- Page 177 and 178:
177maneira “tensa” e somente se
- Page 179 and 180:
179adquirida. Aqui acontecerá o pr
- Page 181 and 182:
181são em menor número e parecem
- Page 183 and 184:
183dos mesmos, ainda que em níveis
- Page 185 and 186:
185maquinaria, no trabalho em saúd
- Page 187 and 188:
187somos adeptos de um método, mé
- Page 189 and 190:
189REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALTH
- Page 191 and 192:
191DE MASI, D. A sociedade pós-ind
- Page 193 and 194:
193LIMA. V. V. Competência: distin
- Page 195 and 196:
195NEMES, M. I. B. Prática program
- Page 197:
197_____. O trabalho médico: quest